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Batem os sinos

Manhattan
Dezembro de 2019

Quando dezembro chegava, Manhattan se transformava numa cidade que


Maggie nem sempre reconhecia. Os turistas lotavam os musicais da
Broadway e inundavam as calçadas diante das lojas de departamento em
Midtown, num uxo lentíssimo de pedestres. Butiques e restaurantes
transbordavam com clientes agarrados a sacolas de compras. Músicas
natalinas soavam de alto-falantes disfarçados. Os saguões de hotéis
ganhavam decorações cintilantes. A árvore de Natal do Rockefeller Center
era iluminada por luzes multicoloridas e pelos ashes de milhares de
celulares. O trânsito na cidade, que não chegava a ser veloz nem nos dias
mais tranquilos, cava tão congestionado que muitas vezes era mais rápido
caminhar do que pegar um táxi. Mas caminhar trazia seus próprios desa os.
O vento gélido costumava soprar entre os edifícios, exigindo roupas
térmicas, vários agasalhos e casacos com zíper fechados até o pescoço.
Maggie Dawes, que se considerava um espírito livre consumido pelo
desejo de viajar, sempre adorara a ideia de um Natal em Nova York, apesar
de parecer um tanto clichê. Na verdade, como muitos nova-iorquinos, ela se
esforçava para evitar Midtown no m do ano. Preferia permanecer perto de

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