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DESONESTIDADE NA IGREJA

“P orque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males” (1Tm 6:10).


Alguns que professam a verdade não suportam a tentação nesse
ponto. Entre mundanos nesta geração, os maiores crimes são perpetra-
dos devido ao amor ao dinheiro. Se a riqueza não pode ser assegurada
por meio de trabalho honesto, os homens recorrerão à fraude, ao
engano e ao crime a fim de obtê-la. A taça da iniquidade está quase
cheia, e a justiça retributiva de Deus está para descer sobre os culpa-
dos. Viúvas são roubadas em seus escassos recursos por advogados e
professos amigos interessados, e pobres são levados a sofrer pela falta
de coisas indispensáveis à vida, por causa da desonestidade que é pra-
ticada a fim de satisfazer a extravagância. O terrível registro de crime
em nosso mundo é suficiente para gelar o sangue e encher o coração de
pavor; mas o fato de que os mesmos males estão avançando até entre
aqueles que professam crer na verdade, os mesmos pecados praticados
em maior ou menor grau, apela a uma profunda humilhação do ser.
O ser humano que sinceramente teme a Deus preferiria traba-
lhar noite e dia, sofrer privação e comer o pão da pobreza do que
condescender com a obsessão pelo ganho que oprimiria a viúva e
o órfão ou destituiria o estranho de seu direito. Os crimes que são
cometidos por causa do amor à exibição e ao dinheiro transformam
este mundo em um covil de ladrões e salteadores e fazem os anjos
chorarem. Mas os cristãos são peregrinos na Terra; estão em terra
estranha, parando, por assim dizer, por apenas uma noite. Nosso lar
está nas mansões que Jesus foi preparar-nos. Esta vida é apenas um
vapor que se desfaz. […]
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A incredulidade e os pecados do antigo Israel foram apresentados


perante mim, e vi que erros e iniquidade semelhantes existem entre
o moderno Israel. A pena da Inspiração registrou seus crimes para o
benefício daqueles que vivem nestes últimos dias, para que possam
evitar seu mal exemplo. Acã cobiçou e escondeu uma barra de ouro
e uma boa veste babilônica, que foram tomados como espólio do ini-
migo. Mas o Senhor havia declarado a cidade de Jericó amaldiçoada
e ordenado que as pessoas não tomassem despojos de seus inimigos
para seu próprio uso. “Quanto a vocês, cuidem para não ficar com
nenhuma das coisas condenadas, para não acontecer que, depois de
as terem condenado, vocês as tomem para si. Neste caso, tornariam
maldito o arraial de Israel e trariam confusão a ele. Porém toda prata,
ouro e utensílios de bronze e de ferro são consagrados ao Senhor; irão
para o seu tesouro” (Js 6:18, 19).
Entretanto, Acã, da tribo de Judá, tomou o objeto amaldiçoado, e a
ira do Senhor acendeu-se contra os filhos de Israel. Quando os exércitos
de Israel saíram para combater o inimigo, foram repelidos e tiveram de
recuar, e alguns deles foram mortos. Isso trouxe grande desânimo sobre
o povo. Josué, seu líder, ficou perplexo e confuso. Na maior humilha-
ção, ele caiu sobre seu rosto e orou: “Ah! Senhor Deus, por que fizeste
este povo passar o Jordão, para nos entregares nas mãos dos amorreus,
para sermos destruídos? Antes tivéssemos nos contentado em ficar do
outro lado do Jordão! Ah! Senhor, que direi? Pois Israel virou as costas
diante dos seus inimigos! Quando os cananeus e todos os moradores
da terra ouvirem isto, nos cercarão e apagarão o nosso nome da face da
terra; e, então, que farás ao teu grande nome?” (Js 7:7-9).
A resposta do Senhor a Josué foi: “Levante-se! Por que você está
assim prostrado sobre o seu rosto? Israel pecou. Quebraram a minha
aliança, aquilo que eu lhes havia ordenado, pois tomaram das coi-
sas condenadas, furtaram, mentiram e até debaixo da sua bagagem
o puseram” (v. 10, 11). Acã havia roubado aquilo que era reservado
por Deus e colocado em Seu tesouro; e também dissimulou, porque,
quando viu o acampamento de Israel perturbado, não confessou sua
culpa, pois sabia que Josué havia repetido as palavras do Senhor ao

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povo, que se o povo se apoderasse daquilo que Deus havia separado,


o acampamento de Israel seria perturbado.
Enquanto se alegrava em seu ganho adquirido impiamente, sua segu-
rança foi despedaçada; ele fica sabendo que uma investigação deve ser
feita. Isso o torna inquieto. Repete vez após vez para si mesmo: “O que
eles têm a ver com isso? Eu sou responsável por meus atos.” Ele, apa-
rentemente, assume um semblante corajoso e da maneira mais convin-
cente condena o culpado. Se tivesse confessado, teria sido salvo, mas
o pecado endurece o coração, e ele continua a afirmar sua inocência.
Em meio a tão grande multidão, pensa que escapará da investigação.
Sortes são lançadas para descobrir o ofensor; a sorte cai sobre a tribo
de Judá. O coração de Acã começa a pulsar com temor de culpa, pois
ele é dessa tribo, mas ainda se vangloria de poder escapar. A sorte é
lançada novamente, e a família à qual pertence é apontada. Josué pode
ver estampada a culpa no pálido semblante. A sorte novamente é lan-
çada e identifica o ser humano infeliz. Ali está ele em pé, apontado pelo
dedo de Deus como o culpado que causou toda aquela perturbação.
Se, quando Acã se deixou levar pela tentação, tivesse sido indagado
se desejava provocar tal derrota e morte no acampamento de Israel, ele
teria respondido: “Não, não! É seu servo um cão para fazer tão grande
maldade?” Mas ele se deteve na tentação para satisfazer a própria
cobiça e, quando a oportunidade se apresentou, foi além daquilo que
havia proposto em seu coração. É exatamente dessa maneira que mem-
bros individuais da igreja são imperceptivelmente levados a ofender o
Espírito de Deus, a defraudar seus semelhantes e acarretar o desagrado
de Deus sobre a igreja. Ninguém vive para si mesmo. Vergonha, der-
rota e morte foram levadas sobre Israel pelo pecado de um só homem.
Aquela proteção que lhes havia abrigado a cabeça no dia da batalha
foi retirada. Vários pecados que são praticados e acariciados por pro-
fessos cristãos causam o desagrado de Deus sobre a igreja. No dia em
que o livro de registro do Céu for aberto, o Juiz não expressará em
palavras ao ser humano sua culpa, mas lançará um olhar profundo e
convincente, e todo ato e toda transação da vida estarão vividamente
gravados sobre a memória do malfeitor. A pessoa não precisará, como
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no tempo de Josué, ser procurada da tribo à família, mas os próprios


lábios confessarão sua vergonha, seu egoísmo, sua cobiça, desonesti-
dade, dissimulação e fraude. Seus pecados, ocultos ao conhecimento
do homem, serão então proclamados, por assim dizer, do alto dos
telhados […]
As igrejas populares estão cheias de homens que, embora apresen-
tando uma pretensão de servir a Deus, são ladrões, assassinos, adúl-
teros e fornicadores; aqueles, porém, que professam nossa humilde fé
reivindicam um padrão mais elevado. Eles devem ser cristãos bíblicos;
devem ser diligentes no estudo do Manual da vida. De maneira cuida-
dosa e com oração devem examinar os motivos que os levam à ação.
Aqueles que desejam colocar sua confiança em Cristo devem começar
a estudar as belezas da cruz agora. Se desejam ser cristãos vivos, devem
começar a temer e obedecer agora. Se quiserem, podem livrar sua vida
da ruína e ter êxito em obter a vida eterna.
O costume de enganar nos negócios, que existe no mundo, não é
exemplo para os cristãos. Eles não devem desviar-se da perfeita integri-
dade, mesmo nas mínimas questões. Vender um artigo por preço maior
do que seu valor, tirando vantagem da ignorância dos compradores, é
fraude. Ganhos ilegais, pequenos truques em negócios, exagero, com-
petição, oferecer uma quantia inferior a um irmão que está procurando
fazer um negócio honesto – essas coisas estão corrompendo a pureza
da igreja e são prejudiciais à sua espiritualidade.
O mundo dos negócios não está fora dos limites do governo de
Deus. O cristianismo não deve ser meramente mostrado no sábado e
exibido na igreja; é para todos os dias da semana e todos os lugares.
Suas exigências devem ser reconhecidas e obedecidas na oficina de tra-
balho, no lar, nas transações comerciais com os irmãos e com o mundo.
Para muitos, o mundanismo atrativo obscurece o verdadeiro sentido
da obrigação cristã. A religião de Cristo terá uma influência sobre o
coração que controlará a vida. Homens possuindo o genuíno artigo da
verdadeira religião revelarão em todas as suas transações comerciais
tão clara percepção do que é correto como quando oferecem suas
súplicas diante do trono da graça. A vida, com todo o seu potencial,

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pertence a Deus e deve ser usada para promover Sua glória em vez de
ser pervertida ao serviço de Satanás no defraudar nossos semelhantes.
Satanás tem sido o conselheiro de alguns. Ele lhes diz que se desejam
prosperar devem atender ao seu conselho: “Não sejam excessivamente
confiantes a respeito de honra e honestidade; procurem dedicadamente
seu próprio interesse e não sejam levados pela piedade, suavidade e gene-
rosidade. Não precisam cuidar da viúva e do órfão. Não os encorajem a
procurá-los e a depender de vocês; que eles cuidem de si mesmos. Não
perguntem se têm alimento ou se vocês podem beneficiá-los com bon-
dosa e prudente atenção. Cuidem de si mesmos. Peguem tudo quanto
puderem. Roubem a viúva e o órfão e tirem do estrangeiro seu direito, e
terão recursos para suprir suas várias necessidades.” Alguns têm acatado
este conselho e desprezado Aquele que disse: “A religião pura e sem
mácula para com o nosso Deus e Pai é esta: visitar os órfãos e as viúvas
nas suas aflições e guardar-se incontaminado do mundo” (Tg 1:27).
Satanás oferece aos seres humanos os reinos do mundo se lhe conce-
derem a supremacia. Muitos fazem isso e perdem o Céu. Antes morrer
do que pecar; é melhor passar necessidade do que defraudar; melhor
passar fome do que mentir. Que todos os que são tentados enfrentem
Satanás com as palavras: “Bem-aventurado aquele que teme o Senhor
e anda nos seus caminhos! Você comerá do fruto do seu trabalho, será
feliz, e tudo irá bem com você” (Sl 128:1, 2). Aqui está uma condi-
ção e uma promessa que serão inegavelmente cumpridas. Felicidade e
prosperidade serão o resultado de servir ao Senhor (T4, p. 424-428).

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