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Capítulo um

MAYA

Hoje eu vi meus pais morrerem.


Prendo a respiração quando recebo a notícia, estou desolada,
parece que arrancaram o coração do meu peito.
Por que eu não morri?
Por que aquele avião?
Por que justo eles?
Meus olhos estão cheio d’água, quando me viro lentamente e
percebo um jovem parado ao meu lado, em frente a cova dos
meus pais.
- Seus pais?
Ergo os olhos para um homem que me toca no braço e me
examina, tem uma expressão profundamente preocupada ao
olhar-me de alto a baixo.
- Precisa de ajuda?
Não respondo, engulo seco, não o conheço.
Ele senta ao meu lado e me abraça, me sinto reconfortada,
sinto que todos os problemas foram embora.
Ficamos ali por horas, sem dizer uma palavra.
Capítulo dois
EROS

Ela voltou.
A conheço de algum lugar.
Me aproximei dela novamente e perguntei seu nome:
- Maya, e o seu? – responde timidamente
- Me chamo Eros. Está confortável para conversar agora? –
digo apreensivo.
Noto sua hesitação em responder, mas me surpreendo quando
ouço sua voz.
- Não estou muito confortável, mas preciso desabafar. Eu e
meus pais fizemos uma viagem para Califórnia, onde criamos
memórias incríveis e fizemos passeios inesquecíveis. Na hora
da volta pegamos o voo 828, só não imaginávamos que pouco
antes da chegada ao aeroporto ele cairia, não pude fazer nada,
pois desmaiei.
Ainda tenho a sensação de que a conheço de algum lugar...
- Sinto muito pelo acontecido, mesmo em tantos anos aqui,
nunca vi um caso parecido. Agora entendo porque estava tão
desolada ontem, não imagino sua dor.
- Você trabalha aqui? - Pergunta ela pasma
- Por que a surpresa?
- Você é muito novo para trabalhar num lugar como esse.
Quantos anos você tem?
- Ah, só quem trabalha em cemitério é velho? – Perguntei em
tom de brincadeira.
- Não, só fiquei curiosa pois é um lugar incomum para se
trabalhar.
- Tenho 33 anos, comecei a trabalhar aqui aos 25 anos de
idade após perder o emprego.

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