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02 Hillman Et Al Alma e Dinheiro Soul - Crop
02 Hillman Et Al Alma e Dinheiro Soul - Crop
Russell A. Lockhan
James Hil/mall
Arwind Vasavada
JoeI Covitz
Adolf GuggenbühI-Craig
_.
.;.;ta rradu -'::l() 1'01 rC:Llli zada Ct ll I1}9711 998 e foi patrocinada pela socied<lue
pela Jemocrarizaçào do saber.
Moedas e M udanças Psicológicas
Um :: tarde f:;U tin lia voltado para casa depOIS da escola e C0n1 o
r" c u enl usl sm 1 usual fUi para o meu armário e as rninhas moCddS
~b..(e à S . Eu tlq uel chocado co m o que acheI. O chão do armari a
tos t va vazio. li mpo e varrido Eu procurei freneticamente pelas 1111-
nh S moedas e não pude encontrá-Ias Minhas moedas secretas
h Jiam sumido Eu corri para as latas de lixo lá fora, mas elas esta-
vam vazIas r,'l lnhas moedas eram de um tal segredo que eu não
c.on segui perguntar sobre elas. Eu nunca voltei para o meu arm Elrio
í,ovamellte para passar aquelas horas imaginárias. Alguma cOisa se
quebrara em mim com esta perda. Pouco tempo depois eu tive um
côso severo de sara mpo que se transformou em mastoidite e eu fui
hospitalizado. Mesmo então, eu conectei a perda das minhas moe-
das secretas com a minha doença. O resultado desta experiência
foi que eu quis me tornar um médico. Eu esqueci sobre as moedas
Eu esqueci sobre a imaginação . Eu direcionei minha atenção para o
mundo e deixei para trás as coisas de criança. A partir desta época
até me graduar na escola eu não tive sonhos. Minhas moedas, mi-
nha imaginação, até mesmo os meus sonhos tinham partido.
1
bre dinheiro me assusta tanto quanto uma grande inflação Mas eu
aceitei o desafio em parte como uma maneira de honrar o r tar o
das min has moedas de infância.
O que seguiu a isto então, não foi uma composição escolar sobre
~ a psicologia do dinheiro. Nem tampouco tentei uma aproximação
t junguiana para o significado do dinheiro em uma prática analítica ou
na vida do dia-a-dia em qualquer maneira formal ou teórica apropri-
ada. Todas estas coisas são, é claro, assuntos vitais para n6s, di-
gnos de busca. Mas aqui, nestas poucas páginas, tenho de seguir o
comando das minhas moedas, deixando-as ser psico-ostentações
; novamente.
I
1'1 0111ano tenho téndid o frequen temente a focalizar na form a redorl
I .... elas nict;; das S las ualiJ ades mand álicas iner nles, sua r l<:Ieão
Ll lr I er,cr ia e V' lores, e seus ímbolos próprios. Este p rove l~blo
éS::üces roi um choque par a meu pensamento preguiçoso . "Dtn llel-
r " iz o escocés "é plan e foi fe ito para ser empilha do" Tão tl pl
c; n ente esco 'ês notar as ca racterísticas esq u cidas e rel embr3r '-i
uti lidad d' 5 COisas!
4
Imediatamente eu fiquei perplexo p la extraardinaria dificul ade
quando se fala sobre dinheiro, o qual parece est r fi rme nte ca-
racterizado por duas alternativas de ganho e perda, ter e não ter,
gastar e guardar, como é difícil achar a sabedoria de ta te ira po-
sição .
5
I • .).1\ n,] sul J a E cocla O Lee P nny 5 enco ntra 8g ora em mãos
~k -.- il lun rv1acu ' .l l all_ock i r 11 , pro ri tário t la l das te rras de Lef: .
' I" .... urte.:. i ,18nlc (nê de ' ll(lU com o convid a du r nte ('(linha r- cent e
.... 1.:>1 éJ í:I 11, 8 deli a cl.ance de fie r sozinho com a jóia
II
6
Dick. A imagem me pren dia a a enção. Constrangedoramt l e tal11
bérn havia esta figura, un a moeda de ou ro e o Lee Pen ny, encrava
das j untas. Eu sabia que él moeda e ouro era uma iI a m própné:.i
como Moby Dick. Mas a similar imagens a um conceito próprio nao
era muito sed utor. Eu percebo pouca vida nisto . Mas f eqli ente
mente acho vid a na conexão entre image ns, na ma neira u~
estas se encontram conectadas , no que eu chamo de "E 'osbond "
(Vinculo erótico) entre imagens. Na estória de Melville , as imagens
de moeda e balela estão ligadas através da imagem do tali smã . Era
esta ligação que começou a dançar na minha mente junto com o
talismã do Clã Lockhart .
•
I
.\
Eu encontrei no comentário de mestre do Dr. Edinger em Moby
.~ Dick uma observação excitante e comprovadora . Ele disse que esta
j ligação era "uma conexão orgânica entre o significa do simbólico da
.. moeda e da baleia" . Para mim, Edinger fazer uso da palav ra "org â-
~
I nica" fora crucial, porque apontou para a qualidade vital da ligação
entre moeda e baleia. A idéia de que a moeda e a baleia eram sím-
bolos próprios, era para mim sem vida, pois isto eu já sabia . Mas a
imagem da moeda como um talismã próprio, isto eu não sabia e
1
parecia-me cheio de vida e um presságio.
7
~ ..
8
mânico pode ser investido a qualq uer obJeto, isto significa que qual
quer objeto pode se tran sfonnar em dinheiro.
I)
I- IlICl I ~. I trlla VeL,
f ra ap Ihad ) pe la minha própria fasClw\..~ I
C," dS al",vrCls Ent du ê!:i l evi
II
qlJando nos gira , nus força , nos move para denlro da con-
...I11:" ln ã
Iru l, ?jrj'ão cor I o nosso I los . f\losso leias , nosso final, nosso propó-
siI" c::: parZ:l detel minar nosso valor Quando nos pergullla m l "O qUe
vuce vale ?" não vem l am bém a imagem do di nheiro conectada COin
tuJ a s as outras co nsiderações? i"-Jeste sentido nào é surpreerld en te
4l <:. ' lavra "valor" ven ha de uma raiz Indo-Européia que significa
"y ll ar" e "torcer" , reve lando palavras tais como wyrd do Inglês ,A,I'cai-
co sl gn l icand "fad o" e "destino" e que se torn ou no inglês aluai na
pâl.JI/r "we ird" (d esti no), Assim também é writhan do Inglês Arca i-
Cv, que significa "entrelaçar" e "torturar", e se tornou a palavra "wri-
hc" (contorcer- se ) Bem como a palavra do Inglês Arcaico wyrgan
qUe significa "estrangular", que tornou-se em Inglês "worry" (preocu-
pação). Encaixa-se aqui a palavra grega rhombus que significa roda
rnág ica e em Inglês Arcaico wyrm significando "worm" (verme ), as-
sim como a palavra vermis do Latim significa "verrnin" (animais dani-
nll s).
12
neta - também um su bstan tivo feminino. Apesar de que não é o
momento para discutir sobre o significado do gênero da p lavra, e
surpreendente que a palavra para din heiro, tão freq Lientemente c 11-
siderada masculina, seja no entanto um substantivo femin ino. E
ainda, existe uma coisa mais profundamente femi nina sobre est
palavra. É o orne em Lati para a mãe das Musas que em Gr
I era ch amada Mnemosyne. Ela era a deusa da memória. Portanto
; fora da matriz ou útero da memória vêm essas criativas invenções
'i que nós chamamos de Musas, as quais entram no nome como cu-
nhar, inventar moedas e dinheiro. Dinheiro esconde dentro do seu
nome as musas criativas e a fonte delas na sua memória
13
~ " "': LlIII,JO cm ::. l 18Ilunla , pC lq ue la advel1iu a população sobre um
I..,I~I ...-;I.j C t le t,d éll/ r.lpara QCQ tece r. Então , em conju nto com u
1,,,,,I-Il/loJ ''t linll elrú' es tdo Ir n'lgens de lembran a, onse lh éll, nto .
... i~u s se r,ti tJ ens inar e inst rui r atravé das lem branças do
I)'" - vad Esquece i d p gar a conta de algué!,l , ou esq uecer de
Ji s" uti sobr rem un ra ção , podem agora ser vist tJS con I palie de
1I1 i'1 ÍL:nVI1ê /l I ~ ia do dinheiro em seu cará ter como mem6ri a Jll-
110 C:-": Vld lece <:; / _. eu tributo se alguma coisa não era lembl - da. e
n6", u ~ os somo s con scien te s do tipo de ret ri bu ição que Juno 11 go-
,[Vd Esquece r- se sobre o dinheiro , não aprender com o mesmo e
não prE: sldr atenção nos avisos dele , isto é esquecer-se de Juno .
.A. raiz de moneo era men que fez com que surgissem as pal avras
en , Latim memlni, men s, e mentia. Memini significa "lembrar", "re-
I rnbra r", "pensar sobre", "ser atento" e "mencionar algo". De novo
n . s I vados a lemb rar das imagens de lembra nças, de preenche r a
11 l; lIl e com algo. Se dinheiro se origina de um tal ninho verbal , de-
Vêl " '" prestar atenção nesta ênfase extraordinária nas lembranças
e na memória. Com relação a isto, talvez seja o motivo pelo qual tão
pouco é lembrado , tão pouco é mencionado sobre dinheiro na lite-
ratura do nosso campo, e provavelmente nos nossos próprios con-
sultórios .
I'"
ção ao dinheiro. As bolsas de valores do n undo sti mul m-se c I
profecias, presságio e prognósticos. Os corr tores e consclt e i(o~
obre dinheiro estão cheios de aviso, con elhos e lembrança
Juno Moneta está trabalhando aqui.
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~e e ve dade qUe: o Jinh elro é o tali smã do u. p de ser qLl e
qL,oil o ful,m ús sobre dinll Ir con eçam os a revel r nossa relaçã u
COIII I) ElI e dl :, uma maneira que é ext ra rd ina ri ame n t real . tal ve z
11. i :" real do que qu alqu er uma das outra maneiras que mais f cil-
mel t r :\,' lamos r os mesmos - e talvez mais reveladora . Ent -
devemos consi ra r como a palavra "Ética" mescla .. se com o Eu e o
s ~ gred o Como deveríamos on siderar os problemas de dinh iro
er" terr os d etica do Eu? Eu me recordo da afirma ção de Jun .
ljue traz uma Idéia bril hante so bre a natureza de Imagens prop IdS
' o;:: U 13 pe oa que devem ser convertidas em obrigações éticas . e
'-1 e hom em tem "uma deficiência para entendê-Ias ou se esqui va
da responsabilidade ética, privando-o da sua totalidade e impond o
uma fragmentaridade dolorosa em sua vida". Imagens de dinheim e
no ssas trans ações com o nlesmo; ambos na nossa prática e na
II 5a vida diá na não podem escapar desta ligação ética . Como se
ude notm da palavra - trab alho, Eu, ética e segredo estão entrcl:J-
çaJos Eu vejo agora que a proposta mais profunda do segredo é
flão cobrir o que o ego quer esconder, mas trazer o ego para se co-
nectar com o Eu onde , em segredo se aprende sobre suas obriga-
ções éticas.
16
tro tipo de sangue" e qu ando circula atravé das n os ~ a s mãos VE:I
tal vez com mais do qu e nós nos importamos em s ber.
111
Ausência de conteúdo
Não contém nada
.~
Nenhum ocupante, nenhum habitante
Sem carga, sem carregamento
Ausência de propósito, ausência de substància
Desocupado
Necessitando de alimento
Com fome
Destituído e necessitado
Vazio
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u ~ f , !llJ Jc, , Ide:! dt! l a ~t:r P.. falZ IndO-elJlOpéia para vazIo e med
- li '
",IZ :: lgll lt lC.d " [8111 I med id as apro priadas". Estava na hora, eu
dis",;::: drd Sê I-Jrnar aprop riada men te "cui ar" , "sarar" e "curéi r" qll e
\~ d ülige:m (as pól vr· 5 "me di cina" e "remédio". Pa recia urn pOllCO
peU JiI.:l f ue UrTI.] fJa lJv r lal qual "vazio" perten cesse a mesrn a 0 11-
y2 ,n \e lbêJ i ele l illla pala ra ql lê significava "sarar' e "curar". Eu dl')-
. ,0:;; qll e d meJ luna e o r~m éd i o devéíiarn ser encontrados no va "1lc• .
Outl a I) ' lavra uriglnária desta raiz é a palavra latina medltarl _ue
ói ~ji ,i f l c d
"pensar sobre", "considerar profundamente" e "refletií" E a
rig E:rn da palavra "meditar". A palavra pedia ao meu paciente no
s nilo, para que ele meditasse e refletisse sobre o vazio. Uma outra
palavra latina que segue a mesma origem é modus significando
"medidas", "limite", "maneira", "harmonia" e "melodia". O trabalho
2H ,aiítico dele deve ser da medida dele mesmo, achando seus liml-
..; achando suas maneiras, encontrando a harmonia e melodia em
;:iUa vida Estava tudo lá no vazio. As palavra modo, modelos, mo-
dificar, molde, cômoda, confortável e comodidade vem originalmente
da palavra latina.
Ele meditou sobre o vazio do cofre mas como não estava acos-
tumado a um tal esforço introspectivo, nada ocorreu. Naquela noite
ele teve um sonho no qual um jovem abandonado veio até ele en-
quanto entrava na sua limousine. O jovem disse: "Eu vou achar isto
para você por um penny". Ele procurou no seu bolso e puxou um
maço de notas dando ao garoto uma nota de 50 dólares. "Não" dis-
se o jovem, "por um penny". Mas nem ele ou o motorista tinham um
penny e o garoto partiu correndo. Ele acordou em pânico. Aqui en-
contramos o típico tema do conto de fadas, a coisa de menor Irn-
,urtância ter o maior valor. Mas focalizei minha atenção no tema
Inais sutil que era a moeda requerida para por em movimento a pro-
Cd a pelo "isto". Meu paciente entendeu que o "isto" era a sua cone-
;.;.áo com a alma, sem a qual sua fortuna havia se tornado sem senti-
d:.i. Era o cam in ho, o remédio, a medicina para o vazio.
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a realidade da relação de quem s nha com o di \hei r
pen nie ? Ou rn sonhou, revelou que tiv era um hábito
anos de rejeitar pennie::; em qualquer transação. Ele sin1 pl s \ ntt:!
não aceitaria pennies como troco. Na busca do porque ele rej it,.lVd
pennies , des'" bíimos que não era porque eles tinham um valor tã
p qll eno (como o conto de fada s nos leva ra a acredit n, n as por -
que eles eram de cobre, ele apenas aceitava as r oedas de ratá
~; corno troco. Compreendi, pelo menos enfaticamente , pelo fato de
h que na minha própria caixa de moedas de infância, penn ies não er -
" travam, elas tinham que ser de prata. O homem, detestando o co-
'.
llÍ Ele não conseguia se lembrar do que o havia colocado tão contra
o cobre, tão contra pennies. Ele também disse que sentia que se
~ aceitasse pennies, alguma coisa terrível aconteceria. Ele escrupulo-
~ samente afastou tais medos, continuando a não tocar em pennies
> Exatamente aqui se percebe aquela teia de interconexões, entre
dinheiro, memória e práticas espirituais das quais falei anteriormen-
te. Uma pessoa pode ver claramente como o destino deste homem
está intrincadamente conectada com estas moedas, como o penny é
requerido como uma taxa para achar a conexão com a alma e como
a relação dele com o cobre produz o vazio de não se estar completo:
como esta "reviravolta de eventos" o transformou, e quanto a irônica
"mudança" imprevista de um homem rico não ter um penny, o con-
I
~ frontou com seu destino, colocando dentro de preocupação destor-
cida.
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J,! pélciente qu e costumava me paga r com um cheque logo no
C,; Il JeÇ O Je cadd t ora , enqu IIto escrevia o ch eque, ativid ade que
t...fé Imen te era f ita em silê l cio , dissera , "O que aconteceu com
I!uct: es! semalla?" De i'epen te I ão consegui lemb ar de nada so-
bra a minha sema na , enquanto me esforçava para rel em brar al guma
c is . el e disse. "t~ ão , espere até que eu lhe dê o cheque , se com e-
ç I I os· ntes e pagar, os Dellse s podem não gostar" Cl aramen te
p i ste paCiente, o pagamento não tinha a ver somente comig o
ma com os Deuses e embora ele tenha dito isto de uma maneira
britlcalhona , eu também ouvira seu sério propósito. O pagamento
e a uma oferenda espiritual para aplacar os Deuses e assegurar
s u" bons conselh os Ele me deu o cheque que havia sido feito
par mim e que era, no entanto, também para os Deuses . O que
alguém deve fa zer com tal oferta? Alguma coisa aceita como parte
d um ritual sagrado que deveria ser usado para propósitos sagra-
dus . Não seria esta uma das maneiras na qual o dinheiro consagra-
riá o trabalho? Eu comecei a me intrigar sobre qual uso particular
poderia dar a este dinheiro . Fiquei imaginando se gastar este di-
n~leiro com alguma outra coisa, que não um propósito sagrado, afe-
taria de alguma forma o insinuante processo. No fim da hora , já
havia esquecido minhas meditações, coloquei seu cheque junto aos
outros e mandei-os todos para o banco.
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pacto s bre o proce so analítico? Você tem um agamel 10 hipote-
cário merecido no próximo mês. Ou talvez alguma di v 1sã secreta
req ueira dinheiro. Você poderia cons cientement escoll1 -1 o dlll l ei-
ra de qual paci ente usar desta maneira? Claramente . nl ais ál.il
quebrar todas conexõe e tre pacientes individu ais e o pagamen l
de nossas próprias despesas. O que nós fazemos co lOCdn do ju nto o
dinheiro de todos os nossos pacientes . Mas poderiamos tomar tal
• decisóes? Sobre qual base tais decisões deveriam ser tomad as?
Ou seria melhor manter esta impossibIlidade inconscient total e não
~ intermesclar o destino do dinheiro de nossos pacientes , tão intrinca-
~ damente e individualmente dentro da nossa vida pessoal? Mas i to
,~ é apenas uma máscara. Não podemos evitar de mesclar nossos
pacientes em nossas vidas pessoais porque a base financeira da
, nossa vida pessoal - pelo menos para a maioria de nós - é constituí -
l;
da pelos nossos pacientes . Embora esta questão levante tão enor-
mes dificuldades, não há tempo para lidarmos adequadamente com
ii elas. Eu devo me satisfazer simplesmente com o levantamento do
assunto . E, além do mais, como toda boa hora analítica, o tempo
acabou exatamente no momento crítico, deixando-nos não com res-
postas , mas espero que com questões que ainda vão se desenvol-
ver.
23
nheiro. Eu percebi que seria atormen tado por esta imagem do di-
nheiro carregando alguma coisa da alma dos meus pacientes, e pela
noção de que como o uso deste dinheiro pode afetar não ap n s
minha próplia alma mas a alma deles também. Alguma coisa conti -
nuava gritando para mim "Não tem importância, não tem imporiân
cia", mas agora já não podia acreditar naquilo De alguma maneira
devena importar. "Tolice" as vozes ecoavam.
21
)e fX:l !S . t:: ouvir atenl;los mente a esta narrativa Perguntei lhe
e ç té1\1d Jag Ilda o r este caso. Ele estava, é cla ro l E de onde
' Ili"'; 11
w Il l ll ei o vmlla ? Bem, qu ase todo seu rendimento provinha de pél-
... 1- ntes r1i ,ul ares . Discutimos então , sobre o rea l valor pago para
~1I lent r a ou tra mul her. O valor era de 1000 a 1500 dóla res por
mé s e crescendo Pedi pa ra que ele imaginasse a fonte exa la do
mheiro EI não entendeu Ele pagava com dinheiro, economias e
c m SUEI conta b I cá na Sim, disse, mas este dinheiro tem urn a
CiI igem exa ta . Paciente "A" paga a você 400 dólares por mês , pdci-
cl te "B" paga 200 dólares por mês e assim por diante. Estas são as
'u mas concreta s que vêm de pessoas individuais na sua prát ica
V cê poderia especificar quais dos seus pacientes estão pagan do
pm este ca so?
22
Uma Contribuição para Alma e Di nheiro
James Hillman
•
1
1 Qualquer coisa que digamos a respeito do dinheiro com relação à
pràtica analítica, qualquer coisa que venhamos a dizer sobre dinhei-
~ ro estarà condicionada pelos valores de nossa tradição cultural.
Primeiro, falamos num nível irrefletido, com a voz da consciência
•
, coletiva, para usar o termo junguiano, de forma que , para comprar-
mos a questão do dinheiro em anàlise, temos primeiro que examinar
; nossa consciência coletiva, as próprias atitudes profundas, antigas e
~ imperceptíveis que, digamos, arquetipicamente já fixararn o dinheiro
i dentro de uma estrutura definida, especialmente no que toca a alma.
25
t.: • .=.11 ~t..I II .... S que gos! ria de rel embrar antes de tirar ól!jurllds corl-
d.I _- ,':.:-
''I" .Ic hlll l II" ICIIII)I,) ,1, 'IUC \'Clldi,11ll b O I S, c ovcll l,l o C 1"1111-
bn>, l' n, ,; dI 11 11l a d UlCs d;,scmados (kollllbl::;[CS, lilcralmcllk
"losl.jllIJdores de mocdas ") E, tendo feito um azorraguc dc
cordeis. lançou todos fora do templo, também os bois e ovc-
lhas, e espalhou o dinheiro dos cambiadorcs, e derrubou as
me,,, , I disse aos qllC vendiam pombos. Tirai daCJui c:>tco. e
niío td çals da casa de It1CU Pai casa de venda (um mercado) "
16
1
m na, as, significava um pedaço do assado, uma lasca de carn O
voto de pobreza está vinculado ao voto de cas idade ; Llin l1ei o e vid.J
animal são expulsos do templo juntos.
I CI' Df:S MO OC, W . H Ma glc , m )' lh " til] 1l1 0[lCY (ik:l1 w ; . hcc 1'. ""'\ . 1'11 111').1'1
27
11-- <:f':urd(,., C;",f): aS.scnh r[Js , p'3rece ciaramen te v,ue é rnelll(l i
I,,,l() ,01 pob r'e, do ~ ue te r dinheir
IfltH:::I!'U dté r n eSr 11 0 Sf::f (._ isso
.l c:'P5 IhJ de .JOSE: de ,Anrnaté ia 8 outros se gui(j ole q ue eralrl
11.,,-;: ,.,1 0<;) Po 2:.:elripic, :3 hIstória da viúva pobre; (Lucas 21 Ma i-
CO _ 1..2 ) llue é iUI ;Jô d a fJür su a m agra doaç;3o - de onde Jes us til,
w !, a liçdo para:; lJS discíp ulos no templo, '\1'-18 estava amaci e de
i0rm es as pe Ir ~ s e dádivas" Ou, num outro e. em plo , quando a f-! ()-
ur ': : d S (; tornE! obrig8tó ria quando tod os os d ze são 8il viadus em
S 1- 5 nlis _ões , dO IS <: dOIS, com autoridade so t[ ê espíritos não pl!Jifl-
-': 3 U IS Oll dairn ones (Marcos 6, Lucas 9, Mateus 10), eles sã o ex'
pt t:;;5 S mente instruidos para não carregarem dinheiro , Ou , em Lu-
ca 12 , (.;nde riqueza e alma são diretarnente relacionadas, I'Juma
passagem sobre herança (a parábola do rico insensato) Jesus diz
" a vi da de quaiqUeí homem não COllsiste nó.! abundância do que
p O ", 3 U(, ao faiar de um homem rico que decide edificar e en che r
:.. ê!,; i( 15 ue r(, iii'lo cada. VCL máiores pam que em sua vel!llce pudes-
,, ~ 8::,can Sa r !; foi gar sua alma, aima esta (psiqlie) que foi charnélda
po,' Deu s naquela mesma noite, Ou , ainda, em Mate us 25 e Marcos
B: ' Puis que apíovettaria 80 homem ganhar todo o mundo e perder a
sua alma (psique)?"
IS
qu anto mais nos concentramos no dinheiro mais nos envolve "I s
com o mundo, e, quanto maIs o rejeitamos ou on g m , , ais pu
demos nos afastar dele.
.z C)
"'L.inl de tll UO.
tnheiro e plural : dinheiros Porta nto, o di nh iro
i i ":' ", ~t:: e 1 ivale
nenhum a id éia i",olada: troca, ene gia, valo r, r ali-
dL" lt, Ú ITlal, ê: . ar ai afoca Ele te m muitas raízes, é incert o, poli-
r, 0rfO [\]lIm momento , o on Iplexo monetá rio convida Danae, qlJe
", ti i Z L1S r' seu colo como uma chuva de n oeda ; num Ou tlO,
_18 é u ouro qu e hama Midas; ou Hermes , o lad rão, pat rono do
fll_rca Ll re , do com ércio fácil ; ou pode ser o velho avaren to S- tllr-
hJ , ' ue, P' ra ü l ntçO de c 1V rsa, Inventou a moed a e a pOupél lH.,:a
CUr,I J aconte ce nas moeda originais que os gregos inventaram, ha
diferentes Deus s e animais - corujas , búfalos , carneiros , ca ran-
gu ejos - cada vez que o complexo é passado de mão em mão.
30
rança, fa ntasias sobre um carro novo e casas antigas , batalllas ma-
tri mon iais sobre gastos, assaltos, sonegação de impos tos, S 8CIl-
laçõe s do mercado , medo de ir à bancarrota , pobreza, cari dade -
quer esses complexos apareçam em sonhos, nas salas-de- star, 011
em medidas económicas. Pois aqui nos fatos do dinheiro e tá o
• grande oceano, e talvez, enquanto passamos o arrastão ness fun-
do do mar durante uma hora de análise, possamos pesca r um ca
") ranguejo louco ou um peixe com um sh ekel em sua boca
31
• <7,) vi i ~e la efl e la Llispo nivel para a con sciência e~ o i ca Ell -
1.:2<- lei n I c~!M t;r ,urio, Gu ia das Almas, tem que apa recer co rno o
L ,li "J t: no nosso sentido de pe rda (de dinheiro, ele en rüié.l, de
Ilk IIIJadE; ) am que r torne a equação "din heiro = psique" V po-
j,j €:Za 2 . mI lesrl nle um can inho para fora do ego , não um cami-
nl lú l1erméti co) Po rque Hermes, o Ladrão , é também Hermes o
r-i ~ u i-'o r pu, o qu ~ implicd que , da perspectiva hemleti ca, é ju sta
111:::1 .: - tle la. onel e o dinh eiro não está mais dlsponivel para a cons-
c ":'lI c.i à góica, que Hermes o roubou para o bem da alma . No tra -
I III ue alm a, perder e ganhar assumem significados diferentes,
l" iél ~ ,,;; n s ibilidade em que Cl linguagem prometeana sobre "en ergia"
é dt,;\l18sia el o ativa e objetivada para poder apreender.
" 'r :,,11111.\ dl. ~ II ~~ àd:; .b lC mo..:.Ja ~I11 "Silver and Lhe whi!\': earth", in Spnng, 19W, pp. 35"
7
32
En Cjuanto nosso sistema de valores inerentemente de eciar o
dinheiro , ele sempr ameaçará a al ma com distorções de valor. Dt;;-
pressão, inflação, falta de crédito, bai xos lucros - eSS éJS i11 e t áfo rd~
psicológicas se tomaram jargões econômicos inconscientes. T en do-
se "des-Iocad o" o dinheiro de suas fundações arquetípicas na reali-
dade psíquica, ele tenta lima nova fundação para si, litera l e eculal ,
corno o "básico". Mas essa base nào sustenta, por ue qualqu r
realid ade psíquica que tenha sido fundamentalmente depreciada se
torna sintomática, "enlouquece", com o intuito de garantir sua auto·
nomia arq uetí pica fundamental.
.H
1I1pa de ele ter sido se parado e destituido dos Deuses de onde ele
!::>~uriglr1U u
' ixem-me agOla ligar esse terna com outro deste COllgre sso
forn a ão de analistas. Em algumas ocasiões, candidatos explica-
r 11 -me que um das razões de quererem ser treinados como ana-
listas é que a prática analitlca oferece uma maneira nobre de se
gi:ll har dmheiro Enquanto há tantos traball10s desalmados no
nlundo, dizem eles, a análise ihes paga para ficar com a alma, sem
ter 4ue abrir uma lOjinha mística , ensinar violão, ou plantar abóboras
t:: tomates em casa . Não é preciso ser economicamente marginal
O analista combina alma e dinheiro; o dinheiro analítico é dinheiro
bem , limpo e bem pago. Os cursos de formação seduzem porque,
evidentemente , resolvem o dilema cristão do shekel versus alma,
St:;rn ler que seguir a solução espiritual da pobreza.
34
pequenas bolsas femininas como símbolos genitais poderiam des-
cobrir ainda mais coisas se fi zessem a redução na direção oposta
Mas, afinal, o que faz o dinheiro pela alma: qual sua função espe-
cífica ao possibilitar a imaginação? Faz com que a imaginação seja
possível no mundo. A alma precisa do dinheiro para se refrear de
I. voar para o reino do Bardo, a realidade "somente-psíquica" . O di-
nheiro segura a alma no vale do mundo, na poesia do concreto, em
contato com o mar como fotos, aqueles duros e escorregadios fatos,
tão perduráveis, irritantes, e limitantes, que, sem cessar, envolvem-
I~ nos em necessidades econômicas . Pois economia significa origi-
ti nalmente "doméstico", fazer a alma no vale do mundo, cobrando e
sendo cobrado, ostentando , trocando, barganhando , avaliando, pa-
'I
gando, devendo, especulando ...
J5
LH .. I-lr fl d1!e p as ~ ado até o In odelo médico abstraIo de rec l l)() ~ e
'; I , t.ql l~ tle s Erso ~ II d 5 Contin ua ve rdadei a a velha pi ad a.
'l..lu ando urn ii Ine,n diz. '~~ ã o é pelo dinh ei 0 , é pelo principio' - é
Jc! -J ,JIflI It:iro" É no dinheiro qu e está a questão real. O dinh eiro é
um prin cipIo in edutivel
3&
Pratica Sem Honorários e Trabalho C om a Ahna
37
lu xurias que o outros têm e sinto que os mere ,o como
L. ,/ : l fú '! .JS t:!
,_,.:i uu tros também sentem
39
I rti::; Lk: IE::ClélrrI-Se p ra tra aH1ar, tais como limpeza , repara cão de
I I..IJf'~ () I fazer urn a esta te de livros
40
prestados não pode ser ignorado. Mas esta necessid ade não impii-
! ca em insistência no pagamento de uma soma fi xa de dinli eiro . Al-
guém que deseja conseguir ajuda sem pagar por ela, está privando,
a si mesmo, dos recebimentos da natureza de suas atitudes. Ele
está cortando a si mesmo da tendência da vida. Vida é um todo
interdependente e inter-relacionado. Cada pessoa torna-se isolada
do mundo, cessando de ser alimentada, renovada e reabastecida
pela vida. Ele cessou de participar no Yajna, sacrifício, da vida
Vida é Yajna, como lindamente descrito por Sri Krishna em Gita.
41
Como pode se esperar, ambos rende e o número de clientes au-
men tõ e cai. Um mês não é o mesmo que outro; nenhum ano se
parece com o ano que acabou de passar. Algumas vezes, senti
agudarnente os impactos destas fiutuações. Sempre que a renda e
cli entes diminuíam, meu estômago sentia-se oco e um senso de
insegurança dava pancadas no meu coração. Com dor retirava di-
nheiro das minhas poupanças para pagar os impostos e outras
contas. Minha insegurança intensificava-se quando tais períodos
vinham regularmente.
42
queria repetir as palavras e sentimentos gastos (muito usados) nas
horas analíticas. Eu me sentia desatualizado e não servia para
nada. A existência parecia fútil.
Eu não sou nada se não puder trabalhar? Não sou nada se todo
, o conhecimento adquirido me deixar? O que é precisamente o tra-
I balho? É analisar e ganhar dinheiro ou é um acontecimento na alma
conseguido através de uma interação ativa com clientes e o mundo?
..l A obliteração de uma pessoa a qual podia trabalhar me assustava
mais e mais.
43
...
me consciente do fato que estava identificado com o conhe cimento,
u conflecimento que se tornara base do meu trabalho. Qu ndo o
cOl lt,ecimento e foi, a seguran ça no trabalho o seguiu Ti nha sido
ural ara mim squecer de mim mesmo no faze r da terapia Um a
v mais estava envolvido. a hora da sessão progredia espontane-
a ente e g8fal mente com a satisfação de ambos, analista e cliente .
A ora eu não era nad a. E tava fortemente assustado com a face do
Nada. Incapaz de fic ar inteiro , com pleto com a experiência , conse-
guia ape nas enxergar o nada de mim mesmo , enquanto Sr. Nin-
guém, Sri Shu nyata , apresentou-se como urna pessoa baseada no
Nada e cujo trabalho na minha alma surgiu não do conhecimento,
nem mesmo do seu trabalho , mas da própria alma . Eu havia achado
uma nova base para o trabalho com a alma .
44
ganhar alguma coisa. Mas ele estava zangado com a pessoa erra-
da. Eu o aj udei a ver o médico dentro dele mesmo, e ver através da
projeção o médico em mim. Este médico era a pessoa certa para se
estar zangado. Se o cliente realmente colocasse suas queixas di-
ante Dele clara e abertamente, uma resposta certamente surgiria.
45
ser u _lue sou se m estes confortos? Porque estou aqui neste pais
razendo seja lá o que for que esteja faze ndo? Não é porque isto
m,::lrtlcm meu amo r aos confo rtos? Eu sei que posso ser o que real-
rn nte sou ape ar des tes confortos, no entanto um medo espreita
a rás disto tudo. Privar-me d estes confortos e devo encarar a po-
b eza. Eu não posso e não quero encará-Ia .
Eu também vejo uma divisão mais profunda dentro de mim; atra- f"
vés da identificação de mim mesmo com o trabalho que faço, me
encontro dependente das faculdades que tornam o trabalho possí-
vel. Mas o trabaiho que faço ocupa somente parte do dia. Eu sou
46
eu mesmo quando em sono profundo, quando estou sonhando , cr
men do ou descansando. Identificar a mim mesmo somente com o
trabalho , me reduz a poucas horas, e como se achasse que tudo de
mim fosse apenas isto. Eu isolo a mi mesmo do Eu total e do
mundo . É natural, portanto, me sentir ansioso e amedrontado quan-
do descubro que meu trabalho pode ser perdido a qualquer mo-
mento. É claro que posso tentar fazer com que aquela parte isolada
apareça completa adicionando a ela futuras partes do mesmo mun·
do, juntando grupos, ganhando dinheiro, aprendendo mais técnicas ,
etc., para me sentir seguro e salvo. Mas isto apenas faz com que
me identifique mais com meu trabalho. E ainda, sem trabalho perco
minha identidade .
C
).
47
·
l
;
A Psique, Riqueza e Pobreza
Por John Weir perry
1j Com tudo isto, sentia que não teria muito o que dizer sobre o tó-
pico, até que finalmente havia forçado a mim mesmo a refietir sobre
isto. Logo tornou-se óbvio que meus "pecados" não surgem pura-
49
• t: nt", de desconsideração desatenta , mas antes de atitudes que
estáo rofunda ente arraigadas. Minha inten ção é expressar os
l.t ... ri.Js pensamentos que aparecem e ca pturar suas bases filo sófi -
(; s . O pon to de apoio 5 0 re o qual eles giram, parece se r o de não
fd:"'8r-dm heiro , mas qu estões sobre o valor da pobreza .
50
Bem longe das bases da minha atitude com dinheiro, encontra-se
clara con sciência de antigos ensinamentos difundi os que ti nha
relação com o cultivo espiritual para a pobreza voluntária: em out as
palavras, para desenvolver-se espiritualmente, é importante privar a
pessoa de preocupações demasiadas com o bem estar mundial.
(Cristianismo, Taoísmo, Budismo e Islamismo compartilham a mes-
ma visão) Nós não devemos minimizar o fato de que o cultivo espi-
ritual tem sido freqüentemente associado com pobreza voluntária,
porque fazendo assim deixamos de fora nossas enraizadas conside-
t~,rações de contas nos séculos ~e experiência espiritual.
51
. 1, ( ,,- f);,e ql lc Jlt tm E:ilte a adm oestação Cnstã , "Você não pode Se r-
II -'III Lu:. CJ':\ I::; t:: Mâmmon (Deus da Ri uez ·)" , o u "E I is fá ci l
I'c:.. .... I1II I 1f1ldo passa r pelo bu raco de uma ag ulh a do que um 110-
r,l'- I , III .• e il l ar fiO ~ie i no dos Céus" . Ainda, er pobre em esp írito , e
~, /, c:s l~ I oliva abe: çoado , não necessita s r obre em sub t5n cia,
111 <.1" ..J ,(tos a lJlln ! aminho para uma epa ração como um ln epen-
lt; f, e e::;t- do Il lte nor de condições ex em s . O fina l nest direyão
dI;,; ~c SeU t é II a ta l enú ncia do mu do qu e um a pe oa não
ti >Jc;; ia vive r nde e precisaria de UIll monastério para resolver o
dl l ,~ lll f l.
52
do, apesar da inclinação americana de con siderar a doação de (JI-
nheiro camo uma expressão de sentime to . Se um arq u2tipo de
, riqueza prevalece sobre nosso tra balho , e cen tra mos uln a dlvi daLle
I do escuro subm undo qu e pode nos levar a rela ções plu tôillcas, s .
53
16.,{es prúj eto vi a divisão que o dinheiro pode criar. Os mem-
UI 5 U3 equ i e que faziam todo o trabalho pesado de terapia e CUI-
Jav' 111 da casa era os que menos recebiam, enq uanto que a admi- '
I Istréiçã, 5 pe oas do fun io namento dos Sistemas de Saúde
Me tdl, recebiam salários respeitáveis. Eu me encontrava em uma
posição incómoda , recebia três vezes a taxa da hora da equipe de
linl , e no entanto apenas um terço dos honorários profissionais da
prática particular A desigualdade do sistema causava muitos con-
fm ntus e objeções ; foi necessário muito esforço para se manter Jun-
tos em fa ce destas divergências potenciais.
54
Mito e Dinheiro
56
se pagar a escola, ele não deveria ir. Ralph tornou-se uma pessoa
arruin ada fi sica e financeiramente, ele nunca consegui u achar uma
carreira significativa . Anos mais tarde, sua mulher o deixou. Ele
queria casar novamente , mas ele não encontrava nenhum jeito de
ganhar a vida . Então ele entrou para a análise.
57
t:ies podem passar adiante dinheiro, eles também pa ssam ad iante
al ltu ;:, ambivalente s e paradoxais com relação ao dinheiro . É po -
sível que algumas das tendências destrutivas de crianças de fa míli -
as rie s tem como base esta inconsciente identicação-escurecida
EIE:s tem a tarefa de chegar a um acordo sobre a obtenção de dl-
I h iro, mesmo qu and o eles próprios nunca tiveram que obtê-lo
58
Mas pelo menos um puritano, Sen Franklin, disse sobre "Obter ri-
quezas e por meio disso assegurar a virtude; isto é mais difícil para
um homem que sempre quis agir honestamente , como ... é difícil
para um saco vazio fica r de pé."(Franklin, 92)
59
t1 ermes e ra o tllho de Leus e da Ninfa Maia
\ , I.IfllU VUU:: ::'êlUC:: ,
I . ~(l . f~()
SE; II I ascimento , Hermes sentiu-se Irrequieto na ca ve rn a
.
f lermes er
ontrara o gado sagra do dos deuses e havia tirado 50
VdIJdS o leba nho Ele queria encobrir sua pista, para tanto inventa-
ra um pa r de sandálias mágicas, para que suas pegadas não pudes-
sem ser reconhecidas. Depois revertera as pegadas das vacas,
"vi ando as patas da frente para trás e as patas de trás para frente,
en quanto que ele mesmo andava para trás."(23). '·1
60
nos que meu pai me conceda isso, reunirei coragem - e isto posso
fazer! - e me tornarei um príncipe dos ladrões. Keneyi , 165).
61
suas propnas maos e extravasara sua rica fantasia . Quando se viu
de fre n c.. com a armadilha da pobreza, percebera seu sonho de ri-
queza enquanto estava na companhia dos deuses. Ele dissera a
sua mãe "Tentarei qualquer tipo de plano, tentarei o melhor, para me
alimentar e a você continuamente!"(Hesiod) Ele desenvolveu uma
visão positiva, um sistema para tornar- se rico, começando com nada
mais do que sua prese nça de espírito e a inveja.
63
lo.
dos ; de nunCd lealmente recebeu o que precisava Ele havia sido
engal lau n3 troca com seus pais. Entender que dar-pre entes é
.:.11 Ilda! a sa bt:r corn o lidar com dinheiro; e o pai de John não conse-
uui lidar 'om nenhtJm do dois. A visão sentimental, claramente , é
e Ull Individu o distribui abnegação e amor. Mas re alm ente o dar-
pj sentes fre üentemente estabelecer a possibilidade de uma troca
ma r ão no cu to real para cada parte. O presente é uma troca de
oder. A partir do po nto de vista Hermético, dar é receber Dar-
pr~sen te s pode ser visto, então como um investimento.
***
Então a próxima questão é, como podemos aplicar os principias
Herméticos no trabalho analítico? Como podemos encorajar nossos
clientes a desenvolver o lado malandro em suas próprias psiques?
A proposta Hermética promove a auto-ajuda, engenhosidade, inde-
pendência e flexibilidade. Encorajar a aquisição de técnicas sutis e
ousadas em um paciente não é anti-ético. Além de promover o lado
malandro no paciente, o próprio analista deve tornar-se uma figura
malandra. Norman O. Brown diz, "Na visão moderna ... relaciona-
- mos malandragem com a antítese da boa habilidade. Portanto alu-
nos modernos sentiram-se obrigados a negar o culto de Hermes
como o "malandro" imoral... mas sua função é promover o bem
estar social" , (23) como a análise deve promover o bem estar de
seus pacientes .
6
·1 dade s, está claramente visível no coração do pensament Jungiano.
Quand o meu paciente John tinha 8 anos, ele en contro u urna nota de
20 dólares no estacionamento do Aeroporto Kenne dy, e fica ra muito
alegre com seu "achado de sorte". Mas seu avô, que não estava em
'contato com o seu lado malandro , instrui-o de maneira repree ndedo-
.ra que John colocasse o dinheiro de volta no lugar que o havia
~ ac hado , dizendo , "Vo~cê talvez nã~ s?iba ~e quem é este dinheiro,
t~ mas com certeza voce sabe que nao e seu.
~
~' paz de proporcionar a si mesmo o seu correto lugar no Olimpus com
,., 8 família dos Deuses, Hermes dissera, "Se meu pai não prover, en-
' tão eu posso e sou capaz de fazer isto". A falta de dinheiro está
freqüentemente correlacionada com a falta de flexibilidade na vida;
' além de diminuir a mobilidade geog r'; fica , pode provar ser u f ll tipo
de paralisia psíquica.
•
a si próprio? O artista que não resolveu seu dilema da manutenção !
de dinheiro pode ser um gênio, mas ele está também doente num
senso de arquétipo de dinheiro. Se você acha que não pode sus-
tentar a si próprio como artista, talvez você devesse considerar o
fato de desistir de ser al1ista. O problema do artista, se ele vê seu
dinheiro vind o da prática da sua arte, é para compreender como
ganhar dinheiro t:om a arte. Muitos artista neuróticos não são flexí-
66
I. "eis ... "Eu posso somente trabalhar com este tamanho de tela,
neste meio .. . "Este tipo de pensamento é freq üentemente rígido e
limitante, uma vez que os artistas verdadeiros são geralmente flexí -
. veis. Muitos dos grandes mestres da pintura, ao long o da Hist' ria,
trabalh avam sob comissões, a parte poucos artistas que estavam
• muito a frente de seu tempo, o artista sem sucesso e neurótico ge-
ralmente não possui talento ou é muito inflexível. Jung previne con-
: tra O "artistas de hobby" que tentam fazer profissões dos seus ho-
'ti .
bbles."
.l
67
lyU l !II\ fJ~IU UlCCI11ÇW e Icaliz r seu pl6prio potencial
II Il.. olllivu d
, ~aspalavras de Jung, isto também pode diminuir o senso de viabili-
lade da pessoa . Um analista não quer que seus pacientes sejam
")egos pelas suas próprias armadilhas; se ele pode encorajá-los a
serem engenhosos , flexíveis e ousados, muito mel hor.
Jung respondeu,
Não está tudo tão mal no que diz respeito ao meu ganhar-
dinheiro ... Eu preciso de mais práticas a fim de ganhar experi-
ência, por que não penso que saiba muito. Também, tive que
demonstrar para mim mesmo que sou capaz de ganhar dinhei-
ro para que me livrasse do pensamento de que não sou viável
Estas são todas estupidezes assustadoras que apenas podem ser
ultrapassadas se as utilizarmos na vida real (436-437)
68
o que o ponto de vista Hermético significa para o próprio analista.
Hermes que era o Deus dos artesões, dos homens que ganhavam
dinheiro através do seu labor e, em alguns mitos, de médicos, é um
arquétipo significante para analistas, Lopez Pedraza diz que "apesar
dos aspecto marginal, desonesto, malandro, ladrão e trapaceiro de
Hermes, paradoxalmente, podemos dar-lhe completo recon heci-
mento em seu papel como protetor da psicoterapia" desde "roubo
psicológico" que qualquer analista freqüentemente condescende - é
a natividade natural e básica de Hermes na psique".(31) Médicos
através da história tem sido muito bem pagos. Plínio uma vez re-
,
clamou que os médicos ganhavam "enormes quantias de dinheiro"
\ (Magno, 348) como médicos temos sorte de ter o deus do comércio
• do nosso lado.
69
(:11' l U' i "I_li ~_FlliI,cl /UU Iluflll S na s man a passada , por exemplo,
e você 11 ~JO g3nl13 Isto em troca de nada"(192) Mas ele acrescentou,
" eve ser muito dificil enriquecer".(192) Ele manteve-se "preocu-
pando-se e economizando", (218) corno ele mesmo dissera.
70
j
do no livro de C.A. Meier, Incubação Antiga e Psicoterapia Moder-
na
I
i tas ." Freqüentemente sinto que a mesma verdade pode ser aplicada
para um analista.
'Se rv iços psiquiátricos ..' são ine limáveis se bem suced ido (lll
sem valor se eles falham . É através destas tentati vas todavia, lue
terapeuta ganha sua vida, para que o ajuste sobre seus noranos
seja dete rm inado pelo valor do mercado de se rv iços psiC"j ui átri co~
num tempo e área determin ados.... Se o paciente [aJ repet i,jalllen1p
perde as consultas por razões inválidas , ele deve ser a veltic10 e
depois disso a cob rança dos honorá rios deve spr feita (67)
71
Mas na página seguinte do mesmo livro, ela aparentemente con-
tradiz a si mesmo: "Não é um privilégio do psiquiatra estar isento dos
costumes geralmente aceitos na nossa cultura, no qual um indivíduo
não é pago por serviços que não foram prestados"(68). Eu sugiro
que a proposta Hermética é um primeiro som para a resolução deste
problema malicioso, mas percebi que muitos analistas, podem não
se sentir confortável com isto.
Jung também era um tipo malandro de pessoa; ele disse uma vez
que ele entrara na prática da psicanálise porque acreditava que po-
deria ganhar mais dinheiro nela do que poderia ganhar no seu pri-
meiro amor que era a Arqueologia. "Eu não tinha o dinheiro" ele
disse "para ser um arqueologista ... nunca achei que tivesse qual-
quer chance de chegar a algum lugar, porque nós não tínhamos
dinheiro mesmo ... [mas] um médico pode desenvolver ... ele pode
escolher seus interesses cientiflcos"(McGuire, 428). Contudo Jung
não tinha que ganhar a vida com sua prática, e como resultado, al-
gumas pessoas reclamavam que ele muitas vezes cobrava menos
dos seus pacientes. Isto enfurecia alguns de seus colegas analistas
por que, desta forma, inadvertidamente ele fazia com que o valor
das análises fosse avaliado em menos do que o valor real e isto
também os embaraçava no que se referia aos seus próprios honorá-
rios. Jung parecia a eles insensível a obtenção de dinheiro com a
prática analítica. Ele talvez não tenha percebido isto plenamente,
freqüentemente, os analistas eram médicos que estavam vendendo ,
sua perícia a fim de ganhar dinheiro para o seu próprio sustento.
Seu Hermeticismo parecia não alcançar até o reino do dinheiro.
Fico imaginando porque. Será que ele conservava uma velha idéia
de medicina como caridade cristã? Ou talvez ele se sentisse culpa-
do sobre a origem do seu próprio dinheiro?
72
valo vermelho e o cavalo estava perto de uma plataforma impura."
Seu amigo lhe dissera, "isto significa que você morrerá rapidamente
em sua cama". E então o interpretador de sonhos disse a ele, "Se
você me der algo para beber, eu compro o sonho de você ." Ele res-
pondeu "Sob esta condição vou lhe dar água - e meu sonho será
seu." E ele deu ao interpretador de sonhos algo para beber e este
morreu dois dias depois.
J
J
1
I
73
Projeções: alma e dinheiro
Adolf Guggenbühl-Craig
75
Que relacionamos dinheiro com força vital é óbvio . Pessoas ido-
sas que negarn a si qualquer luxo e reclamam amargamente do pre-
ço do aquecimento, eletricidade, comida, etc. às vezes deixam gran-
des fortunas para trás quando morrem. A consciência de que a vida
ou a energia está se esgotando leva-os a compensar acumulando
dinheiro, isto é, energia. c.-
~
Apesar dos economistas freqüentemente presumirem que o lucro
to I.
é um impulso fundamental que anima o comportamento humano, I
nós psicólogos sabemos que poucas pessoas, especialmente as C' ~
que têm sucesso, realmente trabalham por dinheiro. Por exemplo,
-- \
.'I
eu conheço um fabricante de tintas muito bem sucedido que acredita
que trabalha para fazer muito dinheiro. E ainda assim quando voc€. -': 1
fala com ele por mais de dez minutos, você vê que o que de fato o
fascina é a tinta, as diferentes cores e seu efeito nas pessoas.
-I.'
força e poder são projetados no dinheiro. Os estrangeiros falam dos
'gnomos de Zurique'. Eles imaginam os banqueiros de Zurique
como manipuladores todo-poderosos que controlam as altas e bai-
xas da economia do mundo inteiro. Houve até um ministro Inglês I
que culpou os gnomos sulços pela queda da libra! No entanto esses
banqueiros suíços são tão incapazes de entender ou manipular o
-i
.: '
mercado financeiro quanto nós analistas às vezes somos diante de I
um paciente altamente psic6tico.
SI
t
78
t
I
I
•
terapeuta devia ser uma tela em branco na qual o paciente pode
projetar toda sua psique. No entanto, nós analistas não somos telas
I em branco! O paciente não apenas projeta em nós; o que ele vê e
experimenta conosco é influenciado pelo que somos.
t
O dinheiro, entretanto, é uma tela em branco. Todos projetamos
•• não olhamos para esta tela com mais freqüência? Apenas recente-
mente percebi que uma autêntica análise deve incluir uma ampla
contemplação das projeções do paciente e do analista sobre dinhei-
•• ro. Acho que somos um pouco cautelosos com relação a este tópico
porque ele nos toca muito profundamente como analistas. Não s6 o
••
paciente, mas também nós projetamos nossa alma específica no
dinheiro sem face.
'I..•
I
•
I
: nós analistas freqüentemente nos recusamos a responder perguntas
à queima-roupa sobre nossa renda, ou mentimos.
79
MUito pode ser visto em nossa relação com o dinheiro : nosso tipo
de cobiça e generosidade, o modo como amamos e odiamos, o que
tememos e o que esperamos alca nçar na vida . Psicopatolog istas
sabem que a depressão psicótica freqüentemente tem uma ligação
com dinheiro. Um homem muito rico que se !orna depressiv2mente
psicótico pensa que logo vai morrer de fome porque seu dinheiro
não vai durar. Isto obviamente é um extremo . Mais interessantes e
mais importantes em nossas práticas diárias são as projeçães sutis
que todos temos sobre o dinheiro .
80
,.
li nos individualizamos através deles. O objetivo da análise não é o de
•"
impedir alguém de se apaixonar, mas o de amar mais apaixonada-
mente com alguma 'reflexão. O objetivo é o de viver nossas proje-
ções , nos agarrarmos a elas, percebendo que são projeções, que
muitos de nossos atos são apenas rituais simbólicos.
•••
A resposta é óbvia: certamente não devemos eliminar e destruir
as projeções da alma que nós temos e nossos pacientes têm sobre
o dinheiro. Nós devemos até mesmo estimulá-Ias se o paciente não
.!.••
através do dinheiro, o que projetamos sobre o dinheiro é muito cla-
:-~mente uma projeção, um fato sabido e profundamente gravado na
psique coletiva. As projeções da alma sobre o dinheiro são mais
,
II..
fáceis de se reconhecer - muito mais fáceis que as projeções da
Ii alma nos relacionamentos ou na arte. De algum modo é desejável
'.
Em uma variante um tanto deturpada do provérbio bíblico sobre o
; homem rico, eu diria que um homem ou uma mulher que pode pro-
jetar sua alma no dinheiro tem uma chance tão' boa quanto qualquer
t. outra pessoa de ir para O céu.
I. ~~
I.
t.
1.
1.
I,· .
l-
I-
1: 81
•
• \,;o.
•• r , >
[
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I•
I.
•
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I
I
..-
:
I
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I ,t
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•,
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1
11
.