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A linguagem como meio de expressão teatral. Efeitos da ação, desempenho e linguagem sobre o espectador.
Símiles, metáforas, personificações e imagens na manifestação do pensamento e sentimento. A importância de
trocadilhos e palavras de duplo-sentido dentro do contexto. A linguagem poética complementando a sugestão
visual e a atmosfera emocional.
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Mestre em Teoria da Literatura
Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora
UFJF (aposentada)
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A genialidade de Shakespeare tem sido louvada através dos tempos, tanto em relação ao
desenvolvimento dos temas abordados, quanto à sua capacidade de desencadeamento da ação ou à habilidade de
atingir a vários tipos de audiência, aliados ao emprego adequado dos recursos cênicos de que dispunha na época.
Entretanto, é no uso da linguagem como meio de expressão teatral que reside seu
maior valor tornando-o uma figura proeminente não só na literatura inglesa mas na literatura
mundial.
Shakespeare foi capaz de através de símbolos, metáforas, imagens e personificações
crirar uma complexa expressão do pensamento, manipulando a linguagem de modo a torná-la
agradável e sugestiva aos ouvidos dos mais e dos menos letrados. Com a palavra supria tudo
aquilo que a percepção visual não teria condições de suprir pela falta de iluminação artificial
ou deficiências do palco, transmitindo ao espectador a possibilidade de perceber todas as
nuances com a imaginação suscitada pela adequação da linguagem.
O dramaturgo deve pensar não apenas em termos da fala, pois o texto não existe por si
só. Há uma ligação que o situa dentro do conjunto do teatro. Assim, linguagem, ação e
desempenho de um grupo no palco interagem de modo a atingir a audiência. Shakespeare
esteve sempre atento a esta interação e através das figuras e imagens aliadas às propriedades
do som, ritmo e intonação, criava a atmosfera adequada à peça e ao envolvimento com o
espectador.
Na cena de abertura da peça Hamlet, Shakespeare faz com que a audiência entenda
que é noite e perceba o silêncio e a austeridade do momento. Na troca da guarda, Francisco
fala de seu período de trabalho, afirmando que nada se ouviu, “Not a mouse stirring” (1).
Passa, com estas palavras, a sensação de silêncio total onde até o movimento de um
camundongo seria percebido.
Outras figuras usadas por Shakespeare asseguram a intensidade da emoção e o
suspense criado pela aparição do fantasma. Ao incrédulo Horatio, Barnardo insiste contando o
que viu e pelo uso da catacrese, sugestiona o espectador: “And let us once again assail your
ears, / that are so fortified against our story. / What we have two nights seen.” (H, I, 1, p.33).
Na mesma cena, Barnardo fala sobre o momento da aparição do espectro, usando a
elisão ou sinalefa para obter o efeito acústico desejado: “When yon same star that`s westward
from the pole, / Had made his course t’illume that part of heaven.” (H, I, 1, p.33).
Criador de palavras. Shakespeare combina “climate” e “temperature”, na fala de
Horatio: “... Have heaven and earth together demonstrated / Unto our climatues and
countrymen.” (H, I, 1, p.39).
Os pássaros e aves em geral, representam papel significativo na obra shakespeariana,
seja pela sua música, forma ou colorido. O galo traz em si a metáfora militar. É a trombeta
que anuncia a manhã, com sonoridade límpida e penetrante: “The cock, that is the trumpet to
the morn, / Doth with his lofty and shrill sounding throat / Awake the good of day,” (H, I, 1,
p.41).
A poesia no drama contribui para o enriquecimento da emoção e tanto mais poética a
linguagem, mais dramática ela se torna. O verso pode chegar a sutilezas que passariam
despercebidas numa linha em prosa.
A cena 2 começa com Claudius falando sobre os últimos acontecimentos do reino. Em
jogo antinômico contrapõe imagens de otimismo e de pessimismo: “an auspicious and
dropping eye”, “funeral and marriage”, “delight and dole” (H, I, 2, p.45) e outras.
O rei menciona Fortinbras, o príncipe da Noruega, que, segundo Claudius, supõe estar
a Dinamarca “disjoint and out of frame” (H, I, 2, p.45), imagem que sugere algo fora do lugar,
com funcionamento precário. Tomando providências contra isto, o rei dá incumbências a
Cornelius e Voltemand, usando a figura da enálage ou transposição: “Giving to you no further
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personal power / To business with the king more than the scope / Of these delated articles
allow” (H, I, 2, p.45).
Ao se dirigir a Hamlet, o rei refere-se ao duplo parentesco que há entre os dois. O
príncipe replica: “A little more than a kin, and less than a kind” (H, I, 2, p.47), deixando clara
a incompatibilidade entre ambos. Esta conversa trocadilhesca continua até que Hamlet, ao ser
chamado de filho, responde: “I am too much i’ th’ sun” (H, I, 2, p.47), o que pode ser uma
reação ao fato de ter ficado exposto, sem abrigo, já que o trono lhe fora tomado.
As metáforas militares vão aparecer novamente na fala de Claudius quando procura,
junto com Gertrude, convencer o príncipe a reagir ao pesar pela morte do pai. Ele diz: “It
shows a will most incorrect to heaven, / A heart unfortified, a mind impatient”. (H, I, 2, p.47)
O primeiro grande solilóquio é rico em imagens que fluem naturalmente dos
acontecimentos que são narrados pelo príncipe. À carne poluída, manchada pelo incesto
materno, contrapõe a imagem do orvalho renascedor: "O that this too too solid flesh would
melt, / Thaw, and resolve itself into a dew.” (H, I, 2, p.51).
A degradação do homem, que é sobretudo de caráter moral, é apresentada pela
degradação fisica, pela doença, e se estende à degradação do mundo. As antíteses se
apresentam com frequência. O mundo é um jardim, mas de ervas daninhas, isto é, vil,
corrupto e vergonhoso: "Fie on't, ah, fie- 'tis an unweeded garden / That grows to seed."(H, I,
2, p.53). Hamlet não exclui nem a sua mãe, que é retratada em imagens de sensualidade e
amor físico: "Why she would hang on him / As if increase of appetite had grown / By what it
fed on". Continuando fala das falsas lágrimas da mãe que são imediatamente seguidas pela
alegria do casamento e exclama: O most wicked speed to post / With such dexterity to
incestuous sheets!" (H, I, 2, p.53 ).
O conhecimento que tinha Shakespeare, da mitologia grega, se evidencia em algumas
das imagens por ele escolhidas. O rei Hamlet é Hyperion e tambem Hércules, contrastando
com Claudius que é uma Sátiro, companheiro de Dionisius, deus do vinho e dos prazeres
carnais. A rainha, pelas lágrimas copiosas que chorou, é comparada a Níobe, rainha de Tebas.
Deste solilóquio, tornou-se f amosa a frase: "Frailty, thy name i s woman - " (H, I, 2, p.53).
Horatio visita Hamlet e diz ter vindo a Elsinore para os funerais. Sarcasticamente, o
príncipe responde que ele poderia ter vindo para as bodas, já que foram tão próximas que o
banquete de um foi servido no outro: "The funeral baked meats / Did coldly furnish forth the
marriage tables" (H, I, 2, p.55). 0 alimento se apresenta, muitas vezes, como a imagem da
podridão, neste mundo corrupto que tudo contamina.
A terceira cena é toda constituída de preceitos e conselhos, de Laertes para a irmã, de
Polonius para Laertes e de Polonius para Ophelia. Todos eles prescrevem, minuciosamente,
atitudes a serem tomadas, caracterizando a figura de retórica denominada diatipose, que
consiste na representação de um acontecimento e suas consequências. Dentro destes preceitos
encontram-se diversas metáforas, como quando Laertes compara a afeição de Hamlet por
Ophelia a uma violeta: "A violet in the youth of primy nature, / Forward, not permanent;
sweet, not lasting, / The perfume and suppliance of a minute, / No more." (H, I, 3, p.61).
Na cena 4 dá-se o encontro de Hamlet com o espectro e daí surge o silogismo
disjuntivo. O espectro é um espírito de luz ou é um demônio. Se é um anjo, traz aragens
celestiais e tem intenções caridosas, logo, não virão com ele os malefícios do inferno: "Be
thou a spirit of health or goblin damned, / Bring with thee airs from heaven or blasts from hell
/ Be thy intents wicked or charitahle," (H, I, 4, p.73).
A imagística referente a animais, que já aparecera anteriormente, vai reaparecer aqui,
reforçando a idéia de pavor que causaria ao jovem o conhecimento dos males do purgatório:
"... each particular hair to stand on end / Like quills upon the fretful porpentine." (H, I, 5,
p.79). Tambem reaparecem as imagens relativas a pássaros, como na afirmação de Hamlet
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sobre a rapidez com que pretende agir, "with wings as swift / As meditation or the thoughts of
love, / May sweep to my revenge" (H, I, 5, p.79).
Claudius é identificado com a serpente que representa a dissimulação pois é aquela
que muda várias peles, assumindo diferentes aspectos. Em sua forma ofídica atinge a
Dinamarca como a um corpo humano, envenenando todos os seus órgãos. A descrição do
crime apresenta uma imagem que aparece vigorosamente por toda a peça: a doença que se
propaga por todo o corpo. O organismo saudável que é destruído de dentro para fora, sem
oportunidade de se defender, é o reino da Dinamarca, destruído pelo veneno da corrupção.
Este nrocesso de destruição torna-se o "leit-motif" da imagística e é bem exemplificado neste
trecho:
"... it goes so heavily with my disposition that this goodly frame the earth seems to
me a sterile promontory. (...) it appeareth no other thing than a foul and pestilent
congregation of vapours. What a piece of work is a man. How noble in reason, how
infinite in faculties. (...) Man delights not me - no, nor woman neither."
(H, II, 2, p.120-121)
comprovar a culpa de Claudius através de sua reação à peça e pede-lhe que se mantenha
observando o rei. Pela figura denominada metalepse estabelece uma relação de antecedente e
consequente. Isto é, o efeito presente (resultado da encenação) definirá a causa remota e daí
ficará claro se o rei é culpado ou se o espectro é demoníaco e mentiu. Na proposição
hipotética, muitas vezes se declara um importante problema do enredo: "If his occulted guilt /
Do not itself unkennel in one speech, / It is a damned ghost that we have seen", (H, III, 2,
p.157).
Observe-se que neste mesmo trecho aparece mais uma vez a imagística referente a
animais. Para expressar a probabilidade da culpa do rei aparecer, Hamlet usa “unkennel”,
equivalente a “sair do canil". A personificação do mal, sob a forma de animais,
principalmente, de cães, é muito frequente em Shakespeare.
A reação de Claudius no decorrer da peça é de evidente auto acusação, o que justifica
o fato de Hamlet ter se referido à peça como se o título fosse The Mouse-trap em vez de The
Murder of Gonzago.
Cônscio de que Hamlet o considera culpado, Claudius toma providências para se livrar
do príncipe. Conversa com Rosencrantz sobre a necessidade de enviar o príncipe a Inglaterra,
afastando-o da Dinamarca por considerar sua loucura prejudicial ao reino. As imagens
representativas de queda reaparecem e constituem um significativo prenúncio de desgraça:
A força poética de Shakespeare aumenta quando ele leva uma palavra, mais
frequentemente verbo ou adjetivo, de sua aplicação própria para outra, numa metáfora
implicada a que chamamos de catacrese: "For we will fetters put about this fear / Which now
goes to freefooted" (H, III, 3, p.l79).
Usando termos legais - process, warrant, tax, audience, numa forma metafórica,
Polonius combina com o rei espionar a conversa da rainha com Hamlet. Percepções olfativas,
gustativas e auditivas também são muito usadas pelos personagens da peça, como quando o
rei, num breve momento de arrependimento, reflet,e: "O, my offense is rank, it smells to
heaven.” (H, III, 3, p.181)
Wolfgang Clemen nota que as imagens usadas por Hamlet são mais espontâneas
enquanto que as usad.as por Claudius são mais elaboradas, dando um tom acentuadamente
formal às falas do rei. Isto vai ajudar a cercá-lo de uma aura de falsidade bastante adequada ao
seu caráter .
A imagem do sangue que mancha as mãos do criminoso aparece geralmente seguida
pela imagem de limpeza transmitida pela água, que sob diferentes formas, é sempre um
símbolo de purificação. É o que acontece quando o atormentado Claudius clama:
A angústia do rei por compreender a vileza de seus crimes e ao mesmo tempo querer
usufruir daquilo que conseguiu, o poder e a rainha, aumentam o seu conflito. Sabe que o
arrependimento e o perdão não são para ele e em sua aflição usa a imagem do pássaro cativo
na agonia de se debater tentando permanecer livre, enquanto ajoelha-se para tentar rezar:
Hamlet vendo o rei ajoelhado, supõe-no arrependido, o que equivaleria à sua salvação
se fosse morto naquele momento e assim a vingança é adiada pela prece salvadora.
Indo aos aposentos da rainha, o príncipe procura despertar-lhe a consciência para seus
erros. Algo se move atrás da cortina, e num impulso, Hamlet atinge o espião e o mata.
Identificando o velho conselheiro Polonius, lamenta que não fosse alguém de mais
importância, e logo esquece a sangrenta ação.
Quando a rainha pergunta o que fez para ser tão censurada, Hamlet mantém a linha
imagística pela qual um tumor é indicativo de degradação moral e como fez anteriormente em
conversa com Ophelia, vai por meio de antíteses, contrapor castidade X depravação.
Esta conversa faz com que Gertrude se conscientize do pecado. Hamlet fala na
corrupção e na imoralidade representando-as pela imagem da úlcera corrosiva que vai se
propagando por todo o corpo ou pela erva daninha que destrói o terreno no qual lança raízes.
Esta é sua visão do mundo.
O ato V consta de sete pequenas cenas que serão abordadas em conjunto. Várias
imagens se repetem estabelecendo uma ligação que lhes dá unidade. A imagística relativa a
doenças aparece novamente neste ato, seja enunciada por Claudius referindo-se a Hamlet ou
pelo príncipe falando da doença da ambição que ele observa não só em seu caso pessoal como
pela maneira como atinge a humanidade, com os homens se destruindo e as nações se
devorando umas às outras. Daí, sua hesitação quanto à natureza do homem que o leva a
perguntar: "... What is a man, / If the chief good and market of his time / Be but to sleep and
feed? A beast, no more" (H, IV, 4, p.213). Neste solilóquio ele se refere ao passado e ao
futuro, à sua dilação em cumprir as ordens do espectro e à sua determinacao de vingança.
Neste momento Hamlet se acha a caminho da Inglaterra, retornando contra a vontade do rei e
disposto a cumprir seus sangrentos desígnios: "... O, from th.is time forth, / My thoughts be
bloody, or be nothing worth." (H, IV, 5, p.215)
Gertrude, tocada pela censura do filho mostra seu arrependimento falando de sua alma
doente e retratando seus temores por meio de fatos cotidianos, às vezes por meio de
provérbios.
Ophelia, atingida pela morte do pai, enlouquece. Em canções desconexas fala sobre
Polonius e sobre um amor perdido. Claudius, referindo-se à insanidade diz que, o homem fora
da razão se reduz a meio animal: "Divided from herself and her fair judgement, / Without the
which we are pictures, or mere beasts." (H, IV, 5, p.223)
Laertes, ao saber da morte do pai, retorna da França e, conseguindo aliados, insufla a
revolução e pensa em matar o rei para se vingar até saber que não era ele o culpado. A rainha,
revoltada com a atitude de Laertes e seu bando, chama-os de "Danish dogs", mantendo a
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imagem do cão, como símbolo teriomorfo, em oposição ao cão doméstico, isto é, com
valorização negativa e considerado devorador do tempo humano,
Ao presenciar a loucura de 0phelia, Laertes faz um discurso em que o uso excessivo
de apóstrofes dá um tom de insinceridade, não deixando que a emoção se transmita ao
espectador. Depois, com uma pergunta retórica afirma o absurdo da perda da razão. A
afirmação através da pergunta ganha em vivacidade e é isto que acontece quando ele diz: "O
heavens! isn't possible a young maid's wits / Should be as mortal as an old man's life?” (H, IV,
5, p.229).
Inquirido a respeito de sua não reação contra o crime de Hamlet, Claudius explica a
Laertes que sua atitude era justificada por dois motivos: em consideração à rainha e devido ao
grande afeto que o povo devotava ao príncipe e que poderia causar uma reação contra si
mesmo:
fast, woo't tear thyself, / Woo't drink up eisel, eat a crocodile?". (H, V, 1, p.267) e suas
palavras finais "Let Hercules himself do what he may, / The cat will mew, and dog will have
his day". (H, V, l, p.269), vem confirmar suas palavras, da cena 1, sobre a igualdade do ser
humano, independentemente de sua condição.
Hamlet conta a Horatio o destino de Rosencrantz e Guildenstern, que levando-o de
encontro à Morte, tiveram a Morte ao seu encontro, refletindo sobre a inutilidade de nossas
intenções quando algo já esta traçado: "There's a divinity that shapes our ends, / Rough-hew
them how we will". (H, V, 2, p.269). Nesta reflexão filosófica, ele demonstra a crença em um
poder superior que define os nossos destinos.
Chega Osric, afetado cortesão, que fala em estilo empolado com vícios de linguagem e
redundâncias. Hamlet, propositadamente, fala no mesmo estilo, o que traz comicidade ao
diálogo: "Sir, his definement suffers no perdition in you; though, I know, to divide him
inventorially would dozy th'arithmetic of memory..." (H, V, 2, p.277), e zombeteiramente, diz-
lhe que pode transmitir sua mensagem ao rei, com palavras próprias: "To this effect, sir, after
what flourish your nature will". (H, V, 2, p.279). Em sua observação final, Hamlet compara
Osric às bolhas produzidae na fermentação da cerveja: têm bom aspecto mas nenhum
conteúdo: "a kind of yesty collection..." (H, V, 2. p.281).
No decorrer da peça, Hamlet tem sempre se mostrado capaz de pensamento e de ação,
alternadamente. Em seus momentos de reflexão, nos solilóquios, na peça dentro da peça é
admirável o uso que o personagem faz da linguagem, mas a ação desenvolve-se lentamente.
Neste ato e, principalmente, nesta cena, a ação sobrepuja as palavras.
Claudius tramando a morte de Hamlet combina com Laertes de modo que este fique
com uma espada envenenada. Assim, certamente, o príncipe será ferido mortalmente. Além
disto coloca poderoso veneno na taça de vinho destinada a Hamlet. Ao mesmo tempo
incentiva sua vítima à luta usando várias imagens militares: "... And let the kettle to the
trumpet speak, / The trumpet to the cannoneer without, / The cannons to the heavens, the
heaven to earth," (H, V, 2.p.270).
Tendo sido ferido por sua própria espada, I.aertes se considera "a woodcock", a mais
estúpida das aves, pois como diz "I am justly killed with mine owm treachery". A ação parece
voltar-se contra aquele que a planeja e é isto que Laertes reforça mais uma vez: "The foul
practice / Hath turned itself on me," (H, V, 2, p.291). O mesmo acontece com Claudius que foi
obrigado a beber do veneno que preparou além de ser ferido pela espada que foi envenenada
por ele mesmo.
Hamlet, também ferido e prestes a morrer, recomenda a Horatio que esclareça os fatos
para que seu nome não fique manchado e escolhe Fortinbras para seu sucessor. Naquele
momento já se ouve o barulho das tropas e o príncipe da Noruega entra em cena. Reconhece-
se com direitos sobre o trono e, numa homenagem àquele que não foi, mas que, de direito,
deveria ter sido o rei da Dinamarca, ordena que Hamlet seja enterrado com honras militares:
BIBLIOGRAFIA
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NOTAS
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(1) SHAKESPEARE, William. (1975) p.31. A partir daqui, todas as citações desta peça
serão indicadas no próprio trabalho, pela abreviatura H, seguida da indicação do
ato, cena e número da página.