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LACHESIS

(Láquesis)

A serpente é um dos nossos mais antigos


motivos mitológicos.
Ela estava presente desde o Éden, seduzindo
Eva a morder a
maçã. O bastão de Esculápio apresenta uma
serpente enrolada
em torno do bastão central. Simbolicamente
falando, a serpente é
a imagem da energia vital, autônoma,
criadora da existência. É a
vontade de viver instintiva, o desejo, a
ânsia pela vida, a libido. É a
força da serpente que nos conduz a querer
não apenas "provar" a
vida, mas querer sorvê-la até a última
gota. É a mesma força que
nos expulsa do Paraíso, mas ao mesmo tempo
é o poder que
cura, presente no bastão de Esculápio.

"Lachesis", no caso, é o veneno extraído de


um tipo específico de
serpente. Também é o nome de uma das três
Moiras do Destino:
Átropos, Clotho, Lachesis. Elas eram a
força por detrás da vida,
que giravam a Roda do Destino e teciam,
mediam e cortavam o fio
da vida do homem. Estão associadas à
fatalidade. Num nível mais
mundano, Lachesis é o "desejo" - outra
fatalidade.

Na tradição gnóstica cristã, vemos a


serpente na cruz, ao invés de
Cristo. É o que leva o homem à queda, mas
que também o tira do
lodo. A serpente, no caso, deve ser elevada
a níveis mais altos,
como no mito hindú da serpente do
Kundalini, que deve ser
ascendida para que o ser se ilumine. A
libido, ao invés de ser
escoada apenas pelos canais sexuais, se
expressaria pelos
"chakras" superiores.

Temos também a imagem de Ouroboros, a cobra


que engole o
próprio rabo, símbolo da infinidade da
vida. No processo de
desenvolvimento, a vida se vira contra si
mesma. O
desenvolvimento do ego demanda, ao menos em
algum nível, uma
repressão dos anseios primitivos. Caso
contrário, viveremos como
animais. E Lachesis tem a ver com esta
dicotomia "instintos"
versus "controle".

A patologia de Lachesis é muito clara: o


impulso da vida não
integrada, a vida que se divide, que luta
contra si mesma. A
paralisia da ânsia de viver, a paralisia ou
repressão da libido.
Afirma-se que o distúrbio de Lachesis
decorre de uma vida não-
vivida, que se revolta e assume formas
destrutivas, retaliativas, até
mesmo violentas e com fantasias de
esquartejamento, de cortar,
de estrangular ou ser estrangulada. Cabe
aqui lembrar um caso
bem grave, estudado pela dra. Roseane
Debatin em matéria para a
revista virtual "Constelar", onde ela
relata a imensa possibilidade
do maníaco do parque ter como simmilimum o
medicamento
Lachesis. Situação rara, um homem ter
Lachesis como remédio
de fundo, mas de todo modo é possível. De
todo caso, vale lembrar
que nem todo Lachesis é um maníaco do
parque, afinal nem todos
que têm fantasias destrutivas e
retaliativas decorrentes de conflitos
instintivos e sexuais saem por aí matando
gente!

"Esquartejar" é uma fantasia que em verdade


é uma projeção do
próprio sentimento de esquartejamento
interior, do "eu
desintegrado", do instinto que é mais
poderoso do que eu mesmo,
e que chega a me amedrontar, mas que eu
reprimo e depois me
frustro pela vida não-vivida, pelo desejo
não-respeitado.

O principal ponto patológico de Lachesis é


repressão das forças
vitais, que decorre numa revolta sexual
selvagem. Tema altamente
escorpiano. O maníaco do parque tem a Lua
em Escorpião, por
sinal. A atmosfera geral de Lachesis é a de
uma poderosa
sensualidade e emoção - ambas reprimidas.

Lachesis é outro tipo que apresenta


"lateralidade esquerda":
canhotismo, ou tendência a apresentar
distúrbios no lado esquerdo
do corpo. Em Lachesis, o lado esquerdo está
sempre
sobrecarregado emocionalmente, só que em
Lachesis a emoção é
fortemente reprimida, enquanto que em
Phosphorus ela sangra
voluptuosamente.

"Sensação de constrição na garganta" é um


tema fortemente
"Lachesis". Pode haver debilidade sanguínea
e dificuldade no
controle dos nervos autônomos. Entretanto,
a desordem número
um do tipo Lachesis, resultante de uma vida
não-vivida, é o câncer.
Segundo Whitmont, "na patologia do câncer
sempre será
encontrada uma sensação de desesperança,
desapontamento,
amargura, severidade, ressentimento para
com a vida, sejam
esses acontecimentos precipitados por
sentimentos ou não".

Falar de Lachesis como "reprimido" é uma


coisa superficial, uma
vez que todo mundo é mais ou menos
reprimido em alguma coisa.
Mas, no tipo Lachesis, a repressão é
dirigida para questões
sexuais e de agressividade: violenta
intensidade interior, mas
totalmente controlada. Assim sendo, a
personalidade Lachesis é
desconfiada quase ao nível da paranóia,
além de ser tensa,
controladora e tendente à depressão. Querem
algo mais
escorpiano do que isso? E há também o
ciúme, mas não o ciúme
normal, que todos sentimos... a condição
aqui é a de uma cobra
que rasteja imóvel, pronta para dar o bote
e morder.

Estas características escorpianas


negativas, tais quais ódio e uma
criativíssima crueldade, derivam na verdade
não de uma ou outra
circunstância negativa, mas da frustração
de uma vida não-vivida.
Isso pode se manifestar de forma sutil,
através de uma lingua
ferina e cruel, que fala de tudo e de
todos, mas sempre
desconfiada, sempre paranóica, acha que
estão tramando contra
ela. O fluxo da vida é reprimido,
estancado, e isso ocorre também
no corpo: os líquidos ficam "entupidos",
como a menstruação, por
exemplo. Lachesis melhora muito após
descargas emocionais
e/ou físicas.

Um outro ponto altamente plutoniano se


refere ao agravamento de
Lachesis em situações de mudança, qualquer
que seja a
mudança. Pode até ser uma mudança de
estação.

Há também o agravamento pelo sono, porque


no sono os controles
conscientes relaxam, de modo que o
inconsciente vem à tona para
se vingar do férreo controle exercido pelo
consciente.

Uma característica típica de Lachesis,


fortemente escorpiana, é o
agravamento pelo toque. "Não me toque" é
uma frase comum
neste tipo. O toque evoca sentimentos,
emoções, e agrava
tendências reprimidas. Há também uma
extrema sensibilidade a
tudo o que aperta - roupas e lugares
apertados, etc.

Em geral, não tenho encontrado apenas


pessoas Lachesis com
Plutão fortemente marcado, mas também com
dificuldades na
expressão da Lua e de Vênus. Várias vezes,
encontrei Vênus
tenso a Plutão, ou a Lua, e quase sempre ou
Vênus ou a Lua
encontravam-se debilitadas - em exílio ou
queda, ou cheias de
aspectos tensos.

Há um evidente agravamento dos sintomas na


estação da
Primavera: quando a vida floresce, a defesa
consciente de
Lachesis diminui e o inconsciente vingativo
aflora. Ao contrário,
situações de frio, movimento e atividade
alerta estimulam o
controle mental consciente.

A região mais sensível de Lachesis é o


aparelho sexual, o que
fecha com chave de ouro a associação ao
signo de Escorpião.

Certa feita, eu identifiquei uma senhora


Lachesis com facilidade,
tia de um grande amigo. Era um caso típico,
pena que não houve
jeito de fazê-la procurar um homeopata:
Era uma senhora de uns 50 e poucos anos que
só se vestia com
roupas escuras e estava sempre com o rosto
austero, vincado.
Parecia sempre zangada. Detestava
manifestações de felicidade:
os filhos, todos crescidos, muito felizes e
vivendo suas vidas, eram
o motivo principal de sua amargura e ódio -
"vivi tanto para eles, dei
a minha vida por nada". Repelia toques, os
abraços eram
superficiais, e os beijos eram dados no ar,
meio centímetro de
distância do rosto da pessoa. Achava todo
mundo falso.
Lia os jornais em busca de desgraças, e
parecia ter orgasmos
secretos com notícias desastrosas. Quando
alguém morria na
família, era ela a dar a notícia a todos os
parentes, usando voz
solene.
Adorava preparar comida, o que estranhei.
Entendi então, ao vê-la
em ação, que seu grande tesão era cortar a
carne, degolar
galinhas, etc.
Vivia falando na falta de pudor dos tempos
de hoje, e quando via
um homem bonito, fechava a cara e empinava
o nariz. Dizia-se
"temente a Deus" e que nunca mais se
casaria - viúva há dez
anos, nunca mais fez sexo com ninguém. As
outras pessoas, em
sentido pejorativo, diziam que o caso dela
era "falta de p..."
Falava mal de todos, pelas costas.
Tinha dores de garganta recorrentes e
apresentou um mioma, anos
atrás, que a fez retirar o útero.
Quando alguém morria, ela dizia quase tendo
orgasmos:
"Tudo retorna ao pó".
Era uma bruxa!
Meu tesão secreto era dar para ela uma dose
única de Lachesis
200CH sem ela saber, mas pra comprar na
farmácia era preciso
uma receita.
Em tempo: Lua em Escorpião, Vênus em Áries,
Plutão em cima
do Ascendente em Câncer, em quadratura a
Vênus.

Quando der vontade eu falo um pouco mais de


outros
medicamentos.
Se alguém quiser colocar suas percepções ou
estudos, sinta-se
mais do que à vontade!

Abraços,

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