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Conceitos de

cabeamento
estruturado
Fabricio Machado da Silva

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

>> Reconhecer a importância do cabeamento estruturado em redes de com-


putadores.
>> Analisar os modos de transmissão de dados entre dois equipamentos.
>> Definir a linha do tempo do cabeamento estruturado.

Introdução
Quando começaram a ser utilizados, os sistemas de cabeamento para transmissão
de dados nas organizações não seguiam padrões e, muitas vezes, eram instalados
e mantidos pelos próprios fabricantes. Esses sistemas não suportavam a neces-
sidade de evolução de que os ambientes organizacionais necessitavam. Assim,
surgiu a necessidade de organizar e estruturar um padrão para infraestrutura
de cabeamento; nesse sentido, empresas como a Xerox e a Intel começaram a
trabalhar no desenvolvimento de um padrão.
Neste capítulo, você vai entender a importância do cabeamento estruturado
para as redes de computadores. Você também vai analisar o modo de transmis-
são de dados entre dois equipamentos e, por fim, vai analisar a linha do tempo
do desenvolvimento do cabeamento estruturado como fator primordial para a
organização e a padronização das redes.
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Origem e importância do cabeamento


estruturado para as redes de computadores
O cabeamento estruturado surgiu no final dos anos 1980, a partir da neces-
sidade de estruturação e padronização das redes de computadores, que
estavam sendo implementadas em larga escala. Desde então, a infraestrutura
de cabeamento foi se tornando cada vez mais fundamental nas estruturas
empresariais. É fato que, no atual cenário de constantes avanços tecnológicos,
nenhuma organização sobrevive se sua infraestrutura estiver suscetível a
panes e problemas, conforme leciona Lima Filho (2015).
O cabeamento estruturado pode ser entendido como todo sistema de
infraestrutura que interliga os equipamentos de telecomunicações necessários
para o funcionamento de uma organização. Este também define elementos
padronizados a serem aplicados, que podem ser considerados como seus
subsistemas.
O principal objetivo da adoção do conceito de cabeamento estruturado
é a possibilidade de se definir um padrão de instalação e conexão entre os
dispositivos, bem como permitir uma vida útil à infraestrutura, que suporte
alterações de leiaute que venham a ocorrer ao longo do tempo em qualquer
organização.
O sistema de cabeamento estruturado está dividido em seis subsistemas:

„„ entrada de facilidades (entrance facilities);


„„ sala de equipamentos (equipment room);
„„ cabeamento vertical (backbone ou backbone cabling);
„„ sala de telecomunicações (telecommunications rooms);
„„ cabeamento horizontal (horizontal cabling);
„„ área de trabalho (work area components).

A Figura 1 ilustra o sistema de cabeamento estruturado com seus


subsistemas.
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Figura 1. Infraestrutura de cabeamento estruturado.


Fonte: Feitosa ([2016], documento on-line).

O projeto de cabeamento estruturado é muito importante se desejamos


ter uma rede de computadores funcionando adequadamente, sem apresentar
problemas. Nesse sentido, existem etapas que nunca devem ser descartadas
quando estamos projetando uma rede. Existem diversas redes que sofrem
inúmeros problemas por não terem sido corretamente projetadas no início
de seu funcionamento e se tornam obsoletas e suscetíveis a problemas, de
acordo com Lima Filho (2015).
Quando esse sistema passou a ser utilizado, cada fabricante de computador
estabelecia os cabos para seus computadores e periféricos. Ou seja, não existia
uma padronização, e, às vezes, colocar em uma mesma rede de computadores
máquinas de diferentes fabricantes se tornava um desafio enorme. As coisas
evoluíram pouco até a chegada das redes de áreas locais (LANs), que estavam
sendo definidas por acordos de padrões abertos no início dos anos 1980.
Pela primeira vez, podia-se esperar que equipamentos de comunicação de
dados de diferentes fabricantes se comunicariam entre si. A primeira LAN a ser
aceita mundialmente foi o padrão Ethernet. O padrão Ethernet foi desenvolvido
pela companhia Xerox, com o início do seu desenvolvimento em meados da
década de 1970. Houve, na mesma década, a adesão de outras companhias,
como a Intel, que uniram suas forças para desenvolver um padrão para o sistema
Ethernet que possibilitasse a sua utilização universalmente. A primeira grande
publicação do padrão Ethernet foi o chamado “Livro Azul Ethernet”, em 1980.
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Inicialmente, o padrão Ethernet era também conhecido como padrão


DIX, em função das iniciais das três empresas que começaram a
desenvolvê-lo: DEC, Intel e Xerox.

Devido ao avanço de sua utilização a partir do padrão Ethernet, vamos


utilizar a rede LAN como base para tratar dos modos de transmissão entre
equipamentos, tema da próxima seção.

Modos de transmissão entre equipamentos


Em qualquer transmissão de dados, um fator determinante é a direção em
que o sinal é transmitido. Segundo Marin (2010), se a transmissão do sinal se
dá em apenas uma direção, ela é chamada transmissão simplex. Um exemplo
de transmissão simplex é uma pessoa falando no microfone e ouvindo sua
própria voz por meio de um alto falante; nesse exemplo, o sinal está sendo
transmitido apenas na direção do microfone para o alto-falante. A transmissão
simplex também é chamada de transmissão unidirecional.
Quando existe a possibilidade de transmissão do sinal em ambas as
direções, mas com o sinal sendo transmitido em apenas uma das direções
por vez, temos a transmissão half-duplex. Um exemplo de transmissão half-
-duplex é a comunicação por meio de rádios amadores; nesse caso, apenas
um dos lados pode enviar a comunicação, enquanto o outro somente escuta.
Já o tipo de transmissão de dados mais comum e facilmente encontrado é
a transmissão full-duplex. No padrão full-duplex, assim como no half-duplex,
a transmissão ocorre nos dois sentidos, porém, com a grande vantagem de
ser ao mesmo tempo. O exemplo mais comum desse tipo de transmissão é a
comunicação por telefone, em que duas pessoas podem falar ao mesmo tempo,
e ambas se escutam. O padrão full-duplex também é chamado de padrão
bidirecional, ou simplesmente duplex, conforme leciona Lima Filho (2015).
A Figura 2 traz a representação desses três tipos de transmissão.
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Figura 2. Representação dos tipos de transmissão simplex, half-duplex e full-duplex.


Fonte: Defining... (2013, documento on-line).

Muitas redes de dados podem se utilizar de diferentes canais ao longo


do meio em que se realiza a conexão entre o transmissor e o receptor de
dados. Em casos de canais de transmissão físicos, podem ser utilizados fios
separados para a transmissão e a recepção de dados. Essa estrutura utiliza o
tipo half-duplex em cada um dos canais que interliga os fios transmissores e
os fios receptores. Porém, como existem fios específicos para a transmissão
e a recepção de dados, esse conjunto possibilita um tipo de comunicação
full-duplex, pois fica possível enviar e receber dados ao mesmo tempo pelos
diferentes canais.

O cabeamento estruturado também é conhecido pela sigla KET e


consiste na padronização de um sistema de disposição que define
conectores, que são utilizados em meios de transmissão de dados para redes
de computadores e sistemas de telefonia. Esse padrão possibilita que a infra-
estrutura suporte transformações de leiaute ao longo da sua vida útil, bem
como a conexão entre diferentes dispositivos, como: servidores, computadores,
impressoras, telefones, switches, hubs, roteadores, entre outros. O tipo de
conector mais utilizado no cabeamento estruturado é o padrão RJ45, e, para
transmissão de dados, o cabo UTP.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio de sua norma


NBR 16264:2016 (ABNT, 2016), estipulou procedimentos e recomendações
para instalação de redes domésticas. Estes são adotados por empresas e
profissionais da área de tecnologia como referência para a construção de
infraestruturas de transmissão de dados.
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A evolução da infraestrutura dependente


do cabeamento estruturado
A infraestrutura de rede e transmissão de dados é um dos itens mais impor-
tantes no quesito tecnologia e comunicação nas empresas. A necessidade
de agilidade exige que os sistemas de transmissão de dados sejam eficazes,
afinal, há grande necessidade de transmissão de vídeo, voz e dados de forma
rápida e sem gerar impacto nos negócios. Existem, atualmente, muitas empre-
sas que utilizam a tecnologia de comunicação VoIP (voz sobre IP — do inglês
Internet protocol); em alguns casos, esse tipo de comunicação é utilizado em
conjunto com a comunicação tradicional.
É claro que, para oferecer agilidade, além da infraestrutura de cabea-
mento, os sistemas de transmissão de dados necessitam de computadores
rápidos. Porém, se a conexão entre estes não suportar a sua capacidade, o
sistema como um todo sofrerá. Para isso, é obrigatória a adoção de práticas
e políticas para a infraestrutura de TI, especialmente para o seu sistema de
cabeamento estruturado.

Um sistema de cabeamento estruturado é um grande sistema com-


posto por subsistemas. Cada um desses subsistemas pode funcionar
independentemente e integrado com os demais, para, assim, formar uma rede
maior. Muitas organizações passaram a adotar um padrão de cabeamento estru-
turado, com o objetivo de administrar com mais facilidade a sua infraestrutura
de transmissão de dados. Além disso, deseja-se que esse sistema consiga
suportar os avanços dos negócios da empresa. Nesse sentido, a divisão em
subsistemas possibilita que apenas algumas partes precisem ser remodeladas,
quando necessário.

Ao pensarmos no futuro da infraestrutura de cabeamento de dados, é


interessante lembrarmos da evolução desse sistema ao longo do tempo, desde
a sua adoção, na década de 1980. No início, os sistemas de fiação para suportar
a transmissão de dados, em sua grande maioria, eram desorganizados, sendo
implantados sem planejamento e sem preocupação com a necessidade de
evolução da infraestrutura para suportar o negócio.
Além disso, no início, os requisitos relacionados à performance da rede
eram mínimos, se comparados aos que são exigidos atualmente. Em grande
parte, os sistemas eram implantados nos lugares pelos próprios fornecedo-
res — principalmente por empresas de telefonia, que faziam a instalação e,
depois, a manutenção desses sistemas, conforme leciona Tanenbaum (1997).
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Com a chegada do cabo de fibra óptica, a infraestrutura de transmissão


apresentou um enorme salto tecnológico. A adoção dos cabos de fibra óptica
praticamente deixou os cabos de cobre em segundo plano. Considerando-se
toda a linha do tempo, desde o início da adoção dos sistemas de cabeamento
estruturado, quando as organizações perceberam a necessidade de organizar
e padronizar a sua infraestrutura de comunicação, pode-se afirmar que a
chegada do cabo de fibra óptica foi um dos grandes marcos da evolução
desses sistemas.
Todos percebemos que a transmissão de dados e voz é uma das ferramen-
tas mais importantes para o sucesso de empreendimentos e organizações.
Em uma organização, diversos elementos dependem dessa ferramenta, como
aplicativos para voz, alarmes, sistemas de segurança, dentre outros, que
fazem parte do universo de qualquer organização. No futuro, surgirão muitas
aplicações que necessitarão trabalhar com essa infraestrutura; isso, é claro,
exigirá que a infraestrutura de cabeamento se torne mais complexa, e seus
subsistemas, mais sofisticados, para atenderem aos requisitos tecnológicos.

Faça uma busca pela matéria "Gestor de TI: como está o padrão de
cabeamento estruturado na sua empresa?" do site NSB e leia sobre
padrões de cabeamento estruturado e algumas normas relacionadas a eles.

Referências
ABNT. NBR 16264: cabeamento estruturado residencial. Rio de Janeiro, 2016.
DEFINING: simplex, half-duplex, and duplex. Blog Fiberbit, 2013. Disponível em: https://
www.slideshare.net/leuguimaraes/cabeamento-estruturado-redes-de-computadores.
Acesso em: 12 ago. 2019.
FEITOSA, E. L. Cabeamento estruturado. [2016]. Apresentação. Disciplina de Redes de
Computadores. Disponível em: https://www.slideshare.net/leuguimaraes/cabeamento-
-estruturado-redes-de-computadores. Acesso em: 12 ago. 2019.
LIMA FILHO, E. C. Fundamentos de redes e cabeamento estruturado. São Paulo: Pearson,
2015.
MARIN, P. S. Cabeamento estruturado: desvendando cada passo: do projeto à instalação.
3. ed. São Paulo: Editora Érica, 2010.
TANENBAUM, A. S. Redes de computadores. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
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Leituras recomendadas
ABNT. NBR 14565: cabeamento de telecomunicações para edifícios comerciais. Rio de
Janeiro, 2007.
COMER, D. E. Redes de computadores e internet. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2016.
DERFLER, F. J.; FREED, L. Tudo sobre cabeamento de redes. Rio de Janeiro: Campus, 1994.
MORIMOTO, C. E. Redes: guia prático. São Paulo: GDH Press e Sul Editores, 2008.
SCRIMGER, R.; LASALLE, P.; PARIHAR, M. TCP/IP: a bíblia. Rio de Janeiro: Campus, 2002.
SOARES NETO, V.; SILVA, A. P. C. JUNIOR, M. B. Telecomunicações: redes de alta velocidade:
cabeamento estruturado. São Paulo: Editora Érica, 2002.

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