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Bombas e Ventiladores

Meta Apresentar as definições, os tipos e o comportamento de bombas de fluxo


e de ventiladores operando em rotação constante e variável.
Objetivos

Ao final desta aula você deverá ser capaz de:

 Analisar o comportamento da instalação de bombas de fluxo e


ventiladores, em relação à conservação de energia;
 Definir e classificar as bombas de fluxo e os ventiladores, de acordo
com a forma, modo de entrada de fluido, número de rotores, posição, etc;
 Examinar as curvas características, resultantes da instalação de
bombas de fluxo e ventiladores.
Bombas e Ventiladores

E assim se consegue energia...

O homem tem buscado controlar a natureza desde a antiguidade. O homem


primitivo transportava água em baldes ou conchas; com a formação de grupos maiores,
esse processo foi mecanizado. Assim, as primeiras máquinas de fluxo desenvolvidas
foram as rodas de conchas e as bombas de parafuso para elevar a água.

Figura 2 - Bomba Parafuso de Arquimedes

Figura 1 - A PICOTA é um aparelho rudimentar, de


elevar água dum poço para a superfície,
normalmente com fins de irrigação.

Figura 3 - Roda de pás

Os romanos introduziram a roda de pás em torno de 70 a.C. para obter energia


de cursos d’água. Mais tarde, foram desenvolvidos moinhos para extrair energia do
vento, mas a baixa densidade de energia ali presente limitava a produção a poucas

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centenas de quilowatts. O desenvolvimento de rodas d’água tornou possível a extração


de milhares de quilowatts de um único local.

Hoje, tiramos proveito de várias máquinas de fluxo. Num dia típico, obtemos
água pressurizada de uma torneira, usamos um secador de cabelos, dirigimos um carro
no qual máquinas de fluxo operam os sistemas de lubrificação, refrigeração e direção,
e trabalhamos num ambiente confortável provido com circulação de ar. A lista poderia
ser estendida indefinidamente. Porém, a recessão pela qual tem passado a sociedade
nos últimos tempos tem exigido a minimização dos custos, de maneira a otimizar os
investimentos, nos levando severamente à conservação de energia. Isto é feito
diminuindo-se as perdas de energia no processo produtivo, especificando os
equipamentos com eficiência máxima e operando os mesmos o mais próximo desta
condição.

No caso das bombas de fluxo e dos ventiladores, objetos de nossos estudos


neste capítulo, esse procedimento não é diferente, pois eles possuem um ponto melhor
de funcionamento para uma determinada vazão, altura e rotação, em que suas perdas,
inerentes do melhor escoamento, são mínimas. Entretanto, a maioria das instalações
exige da bomba ou do ventilador, operação fora desse ponto de melhor funcionamento
em função da necessidade de variação de vazão.

Normalmente na indústria, nas empresas de saneamento e em outras


aplicações, as instalações de bombeamento ou de ventilação operam suas máquinas
na rotação constante e, para obter a variação de vazão, principalmente na sua
diminuição, utilizam válvulas que estrangulam a tubulação, aumentando a pressão da
bomba ou ventilador com o aumento das perdas do sistema. Essa prática penaliza
energeticamente a instalação, se comparada com a variação de vazão por meio da
rotação variável.

Neste capítulo serão apresentadas, a você, as definições, os tipos, o


comportamento da bomba de fluxo e do ventilador operando com rotação constante e
variável, além da análise do comportamento da instalação, com o objetivo de dar
subsídios para a análise da conservação de energia.

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Conceitos e Definições

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 Máquina de Fluxo

As máquinas que fornecem ou extraem energia de um fluído de modo contínuo,


sob a forma de um conjugado de um eixo rotativo, são denominados máquinas de fluxo
e operam em transformações do tipo:

E mecânica  E cinética  E pressão

As máquinas de fluxo podem ser classificadas como:

o Motoras: o fluído cede energia à máquina, que transforma esta energia em


trabalho mecânico.

E pressão  Ecinética  Emecânica

Exemplos: turbinas hidráulicas, turbinas a gás, moinhos de vento, etc.

o Geradoras: a máquina cede energia ao fluído, resultando um aumento de


energia do fluído.

Emecânica  Ecinética  E pressão

Exemplos: compressor de fluxo, bombas de fluxo, ventiladores, etc.

Figura 4 – Funcionamento de máquina geradora

As máquinas de fluxo podem ser térmicas ou hidráulicas. Nas máquinas de fluxo


térmicas, o fluido é compreensível, enquanto que, nas hidráulicas, o fluido é

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incompreensível. Nesse capítulo, serão estudadas as máquinas de fluxo hidráulicas


geradoras.

 Bombas de Fluxo

São máquinas nas quais a movimentação do líquido é produzida por forças que
se desenvolvem na massa líquida, em consequência da rotação de rotor com certo
número de pás especiais. A distinção entre os diversos tipos de bombas de fluxo é
feita, fundamentalmente, em função da forma como o rotor cede energia ao líquido,
bem como pela orientação do líquido ao passar pelo rotor.

Classificação

De acordo com a norma NBR – 10131, Nov/ 1987, Bombas Hidráulicas de Fluxo,
têm-se a seguinte classificação:

De acordo com a forma do rotor:

o Centrífuga ou radiais: aquelas em que o formato do rotor impõe um


escoamento predominantemente segundo planos perpendiculares ao eixo;

Figura 5 – Rotor radial

o Fluxo misto: aquelas em que o formato do rotor impõe um escoamento


simultaneamente nas direções axial e perpendicular ao eixo;

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Figura 6 – Rotor misto

o Axiais: aquelas em que o formato do rotor impõe um escoamento


predominantemente na direção paralela ao eixo.

Figura 7 – Rotor axial


Importante

É importante ressaltar que o rotor radial opera vazões pequenas e grandes alturas; o
rotor misto, médias vazões e médias alturas; e o axial, grandes vazões e pequenas
alturas. Isto quer dizer que existe a bomba certa para o lugar certo. Em outras palavras, a
escolha correta da bomba para uma determinada instalação favorecerá um melhor
rendimento.

De acordo com o modo de entrada do líquido no rotor:

o Simples Sucção: tem a entrada do líquido em um lado do rotor.

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Figura 8 – Rotor de simples sucção

o Dupla Sucção: tem a entrada do líquido nos dois lados do rotor.

Figura 9 – Rotor de dupla sucção


Fique sabendo

O rotor de dupla sucção, também conhecido como rotor gêmeo tem a finalidade de
dobrar a vazão para a mesma pressão.

De acordo com o número de rotores em uma mesma carcaça:

o Um estágio: a bomba possui apenas um rotor, e


o Vários estágios: a bomba possui mais de um rotor.

A finalidade da bomba de vários estágios é aumentar a pressão com a mesma


vazão. Normalmente, a bomba de vários estágios apresenta rendimentos inferiores à
de um estágio.

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Abaixo são apresentadas as figuras de duas bombas; a primeira com um rotor


radial e a segunda com vários rotores ou estágios.

Figura 10 – Bomba radial, simples sucção, um estágio e eixo horizontal (Sulzer)

Figura 11 – Bomba radial, simples sucção, quatro estágios e eixo horizontal (Sulzer)

De acordo com a posição da bomba:

o Eixo horizontal;
o Eixo vertical → de eixo prolongado
→ bomba submersa

As figuras anteriores mostram bombas de eixo horizontal, enquanto a figura que


virá na sequência mostra uma bomba de eixo vertical prolongado. Nas bombas de eixo
vertical prolongado, o motor de acionamento encontra-se externo ao líquido, enquanto
nas bombas submersas o conjunto moto-bomba opera no interior do líquido. Estas
últimas são utilizadas para poços profundos.

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Saída

Entrada

Figura 12 – Bomba de eixo vertical, rotor radial e 1 estágio (Sulzer)

De acordo com a posição das pás no rotor:

o Rotor fechado: possui dois discos, o traseiro e o dianteiro;


o Rotor semiaberto: possui apenas um disco, onde são fixadas as pás, e
o Rotor aberto: não possui nenhum disco, e as pás são fixadas no cubo do
mesmo.

Você poderá observar na figura seguinte os rotores fechado, semiaberto e


aberto. Normalmente o rotor fechado é utilizado para líquidos limpos, enquanto os
rotores semiabertos e abertos são utilizados para líquidos sujos e viscosos. Existem
ainda outros rotores de bombas de fluxo com desenhos diferentes, que visam às
aplicações específicas e que, portanto, não se enquadram dentro dessa classificação.

Figura 13 – Rotores fechado, semiaberto e aberto

É importante salientar que, no caso da figura anterior, o rotor fechado apresenta


maior rendimento que o semiaberto que, por sua vez, apresenta maior rendimento que
o aberto. Testes foram feitos em bombas com rotor fechado e rotor aberto, operando
com água misturada com areia. A bomba de rotor fechado obteve menos desgastes
que a de rotor aberto, com consequente queda de rendimento mais acentuada para o

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rotor aberto. Em função disto, recomenda-se que, se as condições de obstrução no


rotor não forem severas, escolher bombas de rotor fechado que possuem naturalmente
rendimento melhor que o rotor aberto e ainda, caso haja desgastes, o rendimento do
rotor fechado cai menos que o aberto.

Características

o Vazão: A vazão é definida pela NBR- 10131, Nov., 1987 como sendo o volume
de líquido bombeado em um segundo, excluindo a fuga pelas vedações e
tubulações de equilíbrio de empuxo axial (quando houver). A vazão nominal da
bomba é definida como sendo aquela para qual a bomba é especificada.
Entende-se, nessa especificação, a vazão para o rendimento máximo. No
sistema internacional, a vazão é dada em m3/s.

Figura 14 – Vazão

o Altura: Alturas geométricas da instalação.


 Altura geométrica de sucção: diferença de elevação entre o centro do eixo da
bomba e nível de líquido do reservatório de sucção;
 Altura geométrica de recalque: diferença de elevação entre o centro do eixo
da bomba e o nível líquido do reservatório de recalque;
 Altura geométrica total: diferença de elevação entre os níveis de líquido dos
reservatórios de recalque e sucção, e
 Altura total de elevação da bomba: por definição, é a diferença entre a altura
total na saída e altura total na entrada da bomba.

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Figura 15 – Altura da elevação da bomba

No caso da altura total de elevação nominal da bomba é definida como sendo


aquela para qual a bomba é especificada. Neste caso considera-se esta altura para o
rendimento máximo. A altura total em metros de coluna d’água de uma posição
qualquer do escoamento é dada pelo somatório das alturas de pressão, de velocidade
e de posição. A equação seguinte representa a altura total em um ponto de um
escoamento.

p v2
Ht   z (1)
  g 2g

Onde:

p
 pressão
g
v2
 velocidade
2g
z  posição

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H t  Altura total de uma posição qualquer em escoamento

 
p N / m 2  Pressão manométrica no ponto considerado

 kg / m   Massa específica da água


3

g m / s   Aceleração da gravidade
2

vm / s   Velocidade média de escoamento


z m  Cota da posição (normalmente em relação ao nível do mar)

A figura que será mostrada a seguir apresenta uma instalação de bombeamento


com suas cotas e nomenclaturas. Com a definição de altura total de elevação da
bomba, obtém-se a equação seguinte:

p3 v 2  v22
 z 3  z 2 
p
H  2  3 (2)
g g 2g

Figura 16 – Instalação de Bombeamento

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H (m)  Altura total de elevação da bomba

p3
m   Altura referente à pressão na saída da bomba (medida em um
g
manômetro)
p2
m   Altura referente à pressão na entrada da bomba (medida em um
g
mano-vacuômetro)
v32  v22
m  Variação de altura referente à energia cinética entre entrada e saída
2g
da bomba
z 3  z 2 m  Diferença entre a cota de posição de entrada e saída da bomba

A definição da altura total de elevação pode ser analisada pelo aspecto da


instalação ou do sistema. Desta forma, tem-se a seguinte equação:

p 4  p1 v42  v12
H  H0    Hp (3)
g 2g

H m  Altura total de elevação da bomba


H 0 m   Altura entre os níveis do líquido dos reservatórios de recalque e sucção

p4
m   Altura referente à pressão manométrica no nível do líquido no
g
reservatório de recalque
p1
( m)  Altura referente à pressão manométrica no nível do líquido no
g
reservatório de sucção
v4 m / s   Velocidade do líquido no nível do reservatório de recalque
v1 m / s   Velocidade do líquido no nível do reservatório de sucção
H p m   Altura referente às perdas de carga na linha de sucção e recalque, que
é uma função da vazão ao quadrado Q 2 

As equações que foram apresentadas representam, respectivamente, a curva de


uma bomba de fluxo para uma rotação constante e a curva da instalação, como mostra
a figura anterior. O ponto de interseção entre as duas curvas representa o ponto de
funcionamento da bomba e da instalação.

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Rotação Específica

A rotação específica é uma grandeza que define a geometria ou o tipo de rotor


da bomba de fluxo mais adequado. Assim, tem-se:

o Sistema internacional

103  n  Q
nq A 
H  g 3 / 4 (4)

nrps - Rotação
 
Q m 3 / s - Vazão
H m - Altura total de elevação
 
g m / s 2 - Aceleração da gravidade

o Sistema técnico (unidades métricas)

n Q
nq t 
H 3/ 4 (5)

nrpm  Rotação
 
Q m 3 / s  Vazão
H m  Altura total de elevação

o Sistema técnico (unidades inglesas)

n Q
nqt inglês   (6)
H 3/ 4

nrpm  Rotação
Qgpm  Vazão
H  pés  Altura total de elevação

As relações entre as rotações específicas estão mostradas a seguir:

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n qA  3  nqt (7)

nqt inglês  51,6  nqt


(8)

A figura a seguir mostra um gráfico com o rendimento em função da rotação


específica de várias faixas de vazões de bombas de fluxos. As curvas apresentadas
mostram o comportamento da altura total de elevação (H), potência de eixo (P e) e
rendimento total em função da vazão para as bombas centrífugas, mistas e axiais. As
bombas de pequena potência (abaixo de 100 gpm) apresentam rendimentos máximos
da ordem 68%. São bombas centrífugas de passagens de fluxo estreitas, de difícil
construção e, normalmente, têm seu rotor fundido em uma peça só, o que dificulta seu
acabamento. Entretanto, bombas centrífugas com rotações específicas um pouco
maiores da ordem de 3000 e com vazões entre 3000 gpm e 10000 gpm atingem
rendimentos de 90% ou mais. As bombas de fluxo mistos e axiais possuem
rendimentos entre 80% a 87%.

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Figura 17 – Rotação específica das bombas de fluxo (Karassik)

No aspecto de curvas características, nota-se que o comportamento da potência


de eixo, em função da vazão, na rotação constante, é diferente para as bombas
centrífugas mistas e axiais. No caso das centrífugas, a potência aumenta com o
aumento da pressão e, para as mistas, a potência é praticamente constante com o
aumento da vazão, enquanto que, para as axiais, a potência decresce com o aumento
da vazão. Conclui-se que, para a partida de uma bomba de fluxo, para a proteção do
motor elétrico, deve-se verificar se a válvula de saída da bomba está:

o Bomba centrífuga – válvula fechada


o Bomba mista – válvula aberta ou fechada
o Bomba axial – válvula aberta

É importante também enfatizar que mesmo que o motor de acionamento tenha


proteção ou esteja em condições de se ter uma sobrecarga, o consumo de energia na
partida torna-se maior, caso não se obedeça a essas regras de operação.

A comparação do comportamento do rendimento de uma bomba centrífuga e


uma bomba axial, versus vazão, foi caracterizada na figura apresentada, onde a
primeira tem um patamar mais achatado que a segunda. Isto quer dizer que a bomba
centrífuga pode operar com certa variação de vazão, com pouco decréscimo do
rendimento, enquanto a bomba axial opera praticamente em um ponto no rendimento
máximo e fora deste há um decréscimo acentuado de rendimento.

As curvas características de uma bomba centrífuga e de uma instalação serão


mostradas na figura seguinte. Nesta figura o ponto do funcionamento F da instalação
coincide com o rendimento máximo da bomba. Este ponto caracteriza-se por ponto
nominal ou condições nominais de funcionamento. Caso a instalação não solicitasse da
bomba uma alteração da vazão, o projetista deveria selecionar a bomba para operar no

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ponto de máximo rendimento. Quando existe variação de vazão, este ponto varia e
cabe ao projetista, antes da seleção da bomba, analisar as solicitações da instalação e
qual será o ponto de vazão que estará mais tempo em operação.

Neste caso, deve-se selecionar a bomba, no seu rendimento máximo, para


atender esta vazão. Esta é uma preocupação de um consumo menor de operação.

Figura 18 – Curvas de uma bomba centrífuga e de uma instalação

As instalações de bombeamento são as mais variadas possíveis. Desta forma, a


figura que virá a seguir apresenta algumas instalações, bem como as curvas da altura
total de elevação da bomba e da instalação versus vazão. Cada caso foi analisado
baseado na seguinte equação da instalação:

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p 4  p1 v42  v12
H  H0    Hp
g 2g (9)

Na sequência, a ilustração a apresenta uma instalação de bombeamento de uma


fonte luminosa ou de um sistema de irrigação. A figura b, que é mais comum de
encontrar, representa uma bomba succionando líquido de um reservatório inferior e
recalcando para um reservatório superior. No caso da figura c poderia ser uma bomba
alimentando uma caldeira, enquanto a figura d representa uma bomba succionando
líquido de um reservatório e recalcando para outro reservatório bem distante, não tendo
desnível a ser vencido. Os valores de Hps e Hpr representam, respectivamente, as
perdas na linha de sucção e recalque.

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Bombas e Ventiladores

Figura 19 – Exemplos de instalação de bombeamento

 Ventiladores

Figura 20 – Ventiladores

Os ventiladores são definidos como geradores de fluxo que trabalham com fluido
no estado gasoso, provocando uma diferença de pressão inferior a 0,20 (kgf/cm 2).

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Portanto, com essa diferença de pressão, a massa específica do fluido


praticamente não se altera. Desta forma, os ventiladores são considerados máquinas
de fluxo hidráulicas.

Classificação

De acordo com a forma do rotor:

o Centrífugos ou radiais
o Fluxo misto
o Axiais

Da mesma maneira que as bombas, os ventiladores centrífugos operam


pequenas vazões e grandes pressões; os mistos operam médias pressões e médias
vazões; as axiais grandes vazões e pequenas pressões.

A figura seguinte ilustra os rotores de ventiladores radial, misto e axial.

Figura 21 – Rotores de ventiladores

Modo de entrada do fluido no rotor:

o Simples sucção
o Dupla sucção

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Importante

No caso dos ventiladores, não existe a classificação de ventiladores de vários estágios


como na bomba.

A próxima ilustração mostra um ventilador centrífugo de simples sucção e um


ventilador axial, ambos de eixo horizontal.

Figura 22 – Ventiladores axial e centrífugo de simples sucção

Características

o Vazão: É o volume de ar ventilado em um segundo. No sistema


internacional, tem-se a unidade m3/s. A vazão nominal é aquela para a qual
o ventilador foi especificado e considera-se, neste caso, o ponto de máximo
rendimento.
o Pressão
 Pressão estática: é a pressão manométrica em um determinado ponto
de escoamento.
 Pressão dinâmica: é a pressão devido à velocidade média de
escoamento em uma determinada posição.

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Bombas e Ventiladores

 Pressão total: é a soma algébrica da pressão estática mais a dinâmica.

A pressão total pode ser:

pt  p e  p d ( 10 )

 
p t N / m 2  Pressão total

p N / m   Pressão estática
e
2

 

pd N / m 2

Pressão dinâmica  p
 d   
v2

 2 

Para os ventiladores, as pressões podem estar na unidade em milímetros de


coluna d’água (mmcA) ou em metros de coluna d’água (mcA) em vez de N/m 2.

o Diferença de pressão total de ventilador

É a diferença de pressão total na saída e na entrada do ventilador. A diferença


de pressão total nominal de um ventilador é aquela pela qual o ventilador é
especificado e considera-se, neste caso, o ponto de máximo rendimento.

A figura seguinte ilustra uma instalação com ventilador, com as posições 1 e 2,


representando a entrada e saída do ventilador, enquanto as posições 0 e 3, a entrada e
saída da instalação.

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Bombas e Ventiladores

Figura 23 – Instalação com ventilador

Da instalação do ventilador que foi apresentado anteriormente, podem-se


determinar as equações do ventilador, sob o ponto de vista de ensaio (entre os pontos
1 e 2) e sob o ponto de vista da instalação (entre os pontos 0 e 3). As equações
seguintes ilustram, respectivamente, a equação de ensaio e da instalação em N/m 2.

pt  pt1  p d ( 11 )

v32
pt     gHp ( 12 )
2

 
pt N / m 2  Diferença de pressão total do ventilador

 
pt1 , p t 2 N / m 2  Pressões totais na entrada e na saída

 
p e N / m 2  Diferença de pressão estática entre saída e entrada do ventilador

p N / m   Diferença de pressão dinâmica entre saída e entrada do ventilador


d
2

 kg / m   Massa específica do ar


3

v3 m / s   Velocidade média de escoamento em 3

 
g m / s 2  Aceleração da gravidade
H p m   Perda de carga na linha de sucção e pressão da instalação

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Bombas e Ventiladores

Como no caso das bombas de fluxo, as instalações com ventiladores podem


também ser variadas e, desta forma, em função da modificação do arranjo, modifica-se
a equação a seguir:

v32
pt     gHp ( 13 )
2

o Rotação Específica

Para os ventiladores, a rotação específica no sistema internacional é:

103  n  Q
nq A  ( 14 )
 pt 
 
  

nrps  Rotação
 
Q m 3 / s  Vazão

 
pt N / m 2  Diferença de pressão total

 kg / m 3   Massa específica

As rotações específicas no sistema internacional de rotores dos ventiladores e


bombas estão ilustradas a seguir.

Figura 24 – Rotações específicas no sistema internacional de rotores de bombas e ventiladores

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Bombas e Ventiladores

o Curvas Características

As curvas características dos ventiladores têm o mesmo comportamento das


bombas de fluxo. No caso dos ventiladores, a curva da instalação não possui parte
estática, pois eles operam com fluido gasoso. Portanto, a curva da instalação para a
vazão zero tem pt zero. As curvas dos ventiladores centrífugos e axiais para a rotação

constante e a curva de uma instalação estão mostradas na figura a seguir:

Figura 25 – Curvas características dos ventiladores e da instalação para n = constante

Como no caso das bombas de fluxo, os ventiladores, em sua partida, devem ter
a válvula na saída fechada para os radiais e aberta para as axiais. Esta operação deve
ser seguida em função do menor consumo na partida e para proteger o motor elétrico
de acionamento.

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Bombas e Ventiladores

Comportamento das Bombas


de Fluxo e Ventiladores

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Bombas e Ventiladores

Fatores que Modificam a Curva da Bomba e do Ventilador

 Curvas da Bomba e do Ventilador com Rotação Variável

As equações seguintes, que valem para pontos homólogos (de mesmo


rendimento), representam a variação da vazão (Q), da altura total de elevação (H) e da
potência de eixo (Pe) de uma bomba de fluxo, em função da variação da rotação (n).

2 3
Q2 n 2 H 2  n2  Pe2  n2 
 ;   ;  
H 1  n1  Pe1  n1 
( 15 )
Q1 n1

A figura seguinte mostra o gráfico da altura total de elevação, rendimento e


potência de eixo da bomba em função da vazão para a variação da rotação.

Figura 26 – Influência da rotação nas curvas características de uma bomba centrífuga

Para os ventiladores, as equações mostradas anteriormente são substituídas


pelas equações que virão na sequência, em que pt representa a diferença de pressão
total entre entrada e saída do ventilador. O comportamento de variação de rotação é o
mesmo no ventilador se comparado com a bomba.

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Bombas e Ventiladores

2 3
Q2 n2 p t 2  n2  Pe 2  n2 
 ;   ;  
p t 1  n1  Pe1  n1 
( 16 )
Q1 n1

Dentro de certos limites de variação de rotação, as equações apresentadas para


pontos homólogos, e a citada anteriormente, podem prever o comportamento da
bomba e ventilador, considerando que o rendimento não varia de ponto para ponto,
como foi mostrado na figura. Entretanto, no projeto de bombas e ventiladores, a
alteração da rotação acarreta a mudança da velocidade tangencial em qualquer raio
entre entrada e saída do rotor dos mesmos. Esta modificação faz com que outras
velocidades envolvidas no escoamento sejam alteradas e que a queda de rendimento
exista. Desta forma, para se ter um resultado de uma bomba ou ventilador com
variação de rotação, ele deve ser obtido por meio de ensaios em bancadas de testes
em laboratórios especializados. Os diagramas obtidos em laboratório representam o
campo de uma determinada bomba ou ventilador com uma faixa de rotação, mostrando
as curvas de mesmo rendimento. Esses diagramas são denominados campos básicos
de funcionamento. As figuras seguintes representam, respectivamente, o campo básico
de uma bomba centrífuga e o campo básico de um ventilador axial.

Figura 27 – Campo básico de funcionamento de uma bomba centrífuga

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Bombas e Ventiladores

Figura 28 – Campo básico de funcionamento de um ventilador axial

Nas figuras anteriores as curvas n1, n2 ... n5 representam as curvas de mesma


rotação, enquanto as curvas de t1, t2 ... t5 representam as curvas de mesmo
rendimento. O rendimento máximo ocorre no centro da elipse. Este ponto representa o
melhor ponto de operação da bomba ou do ventilador.

 Curvas da Bomba e do Ventilador com Variação do Diâmetro do Rotor

Para bombas centrífugas, operando com rotação constante e com variação de


diâmetro, têm-se as seguintes relações obtidas experimentalmente.

2 3
Q2 d 2 H2  d2  Pe2  d 2 
 ;   ;  
H1  d1  Pe1  d1 
( 17 )
Q1 d1

Para ventiladores centrífugos, tem-se:

2 3
Q2 d 2 p t 1  d 2  Pe 2  d 2 
 ;   ;  
p t 2  d1  Pe1  d1 
( 18 )
Q1 d1

Nas equações, os diâmetros d1 e d2 referem-se aos diâmetros na saída do rotor


da bomba ou do ventilador centrífugo.

Os fabricantes de bombas de fluxo ou ventiladores aproveitam a mesma


carcaça, de tal forma que possa receber rotores de vários diâmetros, sem afetar
sensivelmente a hidráulica do conjunto. Desta forma, os rotores são fornecidos pelo

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Bombas e Ventiladores

fabricante, em diâmetros padrões, cobrindo uma faixa operacional da bomba ou


ventilador. A figura seguinte mostra um campo básico de funcionamento, de uma
bomba centrífuga de um determinado fabricante, com rotores de diâmetro variável
operando dentro de uma mesma carcaça na rotação constante.

Figura 29 – Curva do fabricante para uma série de bombas centrífugas

Fatores que Modificam a Curva da Instalação da Bomba ou Ventilador

Neste item, será considerada a variação da parcela estática, seja o nível do


líquido variando, as pressões nos reservatórios variando ou até ambas. Outras
variações serão mostradas, como por exemplo, a abertura de uma válvula na saída da
bomba. Apesar de os exemplos, que serão mostrados, serem de bombas, alguns casos
acontecem também na instalação com ventiladores.

 Variação de níveis de líquido nos reservatórios de sucção e recalque (parcela


estática variável)

A figura na sequência mostra uma instalação de bombeamento que apresenta


variações de níveis nos reservatórios de sucção e de recalque. Neste caso, a parcela
estática, representada por H0, varia.

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Bombas e Ventiladores

Figura 30 – Variações de níveis nos reservatórios de sucção e recalque

 Variação de pressão nos reservatórios de sucção e recalque

A próxima figura mostra uma instalação de bombeamento que apresenta


variações de pressão nos reservatórios de sucção e recalque. Um caso prático desse
tipo de instalação é uma bomba alimentando uma caldeira.

Figura 31 – Variação de pressão nos tanques de sucção e recalque

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Bombas e Ventiladores

 Abertura e fechamento de válvula na rotação constante da bomba

A figura da sequência mostra uma instalação de bombeamento utilizando a


abertura e fechamento de uma válvula para variar a vazão. A variação da abertura faz
variar a perda de carga na válvula.

Figura 32- Abertura e fechamento de válvula

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Bombas e Ventiladores

Utilização de by-pass para variar vazão na rotação constante da bomba

A figura apresenta uma instalação de bombeamento com by-pass.

Figura 33 – By-pass em instalação de bombeamento

A instalação com by-pass pode ser utilizada para variar a vazão. Entretanto, este
tipo de instalação é prejudicial à operação da bomba, pois consome mais energia,
como será mostrado no próximo item. A bomba opera com a vazão Q, enquanto a
instalação opera com vazão Q1, sendo Q Q1.

Análise da Bomba Operando com Rotação Constante e Variável

Como foi visto, para atender a solicitação da instalação, em se tratando de uma


diminuição de vazão, com a bomba operando com rotação constante n, é comum
estrangular a válvula na saída da mesma, alterando o ponto de funcionamento com o
aumento da perda de carga. A figura a ilustra esse arranjo. Outro método utilizado para
diminuir a vazão em uma instalação é a colocação de um by-pass na saída da bomba
para o reservatório de sucção. A figura b ilustra uma instalação com by-pass,
mostrando as curvas características da instalação e da bomba operando com rotação
constante n. A equação H  H 0  H p representa a equação da instalação da figura.

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Bombas e Ventiladores

Figura 34 – Instalações com válvula e by-pass

Os dois casos analisados na figura apresentada, com a bomba operando com


rotação constante, variando - se a vazão por meio de estrangulamento da válvula ou
por um by-pass, podem ser analisados com rotação variável, enfocando principalmente
o aspecto da potência elétrica consumida. Desta forma, a figura a mostra a bomba
centrífuga operando com rotação constante n no ponto de funcionamento F 1 (Q1, H1).
Por meio do estrangulamento da válvula, a bomba passa a operar no ponto F 2 (Q2, H2).
A diminuição da vazão solicitada pela instalação poderia ser realizada pela diminuição
da rotação de n para n’, que proporcionaria a bomba funcionar em F 3 (Q2, H3).
Considerando o rendimento do motor elétrico el e da bomba 't , no ponto F3, a
potência elétrica economizada está mostrada na próxima equação.

 .g .Q2 .( H 2  H 3 )
Pel 
 t . el
( 19 )

No caso da figura b a bomba funciona com rotação constante n e diminui a


vazão por meio de um by-pass. Neste caso, a bomba opera no ponto F(Q, H),
consumindo uma potência maior do que a necessidade da instalação, pois a mesma
solicita uma vazão Q1. Caso utilizasse a diminuição da rotação de n para n’, a bomba
funcionaria no ponto F1 (Q1, H), deixando de consumir a potência elétrica mostrada na
equação seguinte.

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Bombas e Ventiladores

 .g .(Q  Q1 ).H
Pel 
 t . el
( 20 )

Os arranjos convencionais mostrados anteriormente, com a bomba operando


com rotação constante, penalizam energeticamente o sistema. As análises realizadas
refletem sobre o aspecto da conservação de energia. Todavia, sobre o ponto de vista
da bomba, a mesma, apesar de ter características flexíveis de operação, possui limites
aceitáveis de funcionamento, sobre o aspecto de rendimento e também sobre
fenômenos hidráulicos que ocorrem quando há variações amplas de vazão. Este
assunto deverá ser analisado caso a caso.

A seleção de bombas, operando com velocidade variável, muitas vezes é


preterida pelos projetistas pelo alto custo do acionador, se comparado com um sistema
de rotação constante. Entretanto, trata-se de um custo inicial, com necessidade de
análises dos custos operacionais e de manutenção do equipamento relativos,
respectivamente, ao menor consumo de energia e menor desgaste da bomba. Devem
ser analisadas, também, as solicitações do sistema no que se referem às variações de
vazão e o tempo de permanência de um determinado ponto de operação,
principalmente na diminuição da vazão.

Balanço de energia no conjunto moto-bomba ou moto-ventilador

A figura seguinte mostra um conjunto moto-bomba ou moto-ventilador, com


potência elétrica de entrada Pel e potência hidráulica de saída Ph. Assim devem-se
calcular as potências e rendimentos envolvidos.

 Potências

As potências são:

Pel - potência elétrica do motor


Pem - potência no eixo do motor
Peb(v) - potência no eixo da bomba ou ventilador
Ph - potência hidráulica da bomba ou ventilador

o Bomba:

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Bombas e Ventiladores

Ph  .g.Q.H .103 ( 21 )

Ph [kW]
 [Kg]
g [m/s2]
Q [m3/s]

o Ventilador:

Ph   p t .Q.10 3 ( 22 )

Ph [kW]
pt [N/m2]
Q [m3/s]

 Rendimentos

Os rendimentos serão:

o Rendimento do motor elétrico

Pem
 el  ( 23 )
Pel

o Rendimento do acoplamento da bomba ou do ventilador

Peb ( v )
 ac  ( 24 )
Pem

o Rendimento da bomba ou do ventilador

Ph
 b(v)  ( 25 )
Peb

o Rendimento do conjunto moto-bomba ou moto-ventilador

Ph
 mb ( v )  ( 26 )
Pel

No caso do acoplamento, o rendimento é 100 % para acoplamento direto. Para


outros, o rendimento dependerá do tipo de acoplamento. O ideal, quando possível, é

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Bombas e Ventiladores

executar o acoplamento direto, pois o grupo moto-bomba ou moto-ventilador terá um


rendimento maior. É muito importante também que o rendimento da bomba ou do
ventilador e o rendimento do motor sejam máximos possíveis e que o motor não seja
sobredimensionado, o que acarretaria aumento de consumo operacional.

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Bombas e Ventiladores

BIBLIOGRAFIA

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