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4.tratamento Endodà Ntico em Dentes Com Rizogà Nese Incompleta
4.tratamento Endodà Ntico em Dentes Com Rizogà Nese Incompleta
Endodôntico em
Capítulo 24
Dentes com
Rizogênese
Incompleta
Hélio Pereira Lopes
José Freitas Siqueira Jr.
Mônica Aparecida Schultz Neves
Carlos Estrela
Um dos grandes problemas encontrados pelo o problema tornar-se-á grave. Nesses casos, a forma-
endodontista é o tratamento endodôntico de dentes ção normal e fisiológica do ápice, que corresponde, em
permanentes com ápices incompletamente formados quase sua totalidade, à função pulpar, poderá ficar de-
(Fig. 24-1A a C). Embora os mesmos princípios que tida definitivamente e, com infecção ou não, com com-
norteiam a terapêutica endodôntica de dentes comple- plicação perirradicular ou não, o dente se não tratado
tamente desenvolvidos sejam também aplicados aos convenientemente permanecerá com o ápice divergen-
dentes com rizogênese incompleta, o objetivo, nesses te, sem terminar de formá-lo, em caráter definitivo.
casos, é mais complexo, porque são buscados o com- Embora a necrose pulpar possa deter o desenvol-
pleto desenvolvimento radicular nos casos de polpa vimento apical radicular, é importante ressaltar que o
viva e o fechamento do forame apical por tecido duro ápice deve ser visto como um tecido dinâmico, capaz
calcificado, nos casos de necrose pulpar. de crescer, desenvolver-se e reparar-se. Esses atributos
Denomina-se apicigênese a complementação radi- podem ser vistos como de grande valor quando usados
cular fisiológica em dentes que apresentam tecido pul- adequadamente33..
par ainda com vitalidade, pelo menos na porção apical No estudo do problema deve-se ressaltar que a
do canal radicular, com existência de viável bainha de complementação ou o fechamento do forame apical es-
Hertwing, e apicificação a indução do fechamento do tão relacionados com os seguintes fatores: estágio de
forame apical, em dentes com necrose pulpar12,28. desenvolvimento da raiz do dente, condições da polpa
O trauma ou a fratura coronária com envolvimen- dentária e dos tecidos perirradiculares no momento da
to pulpar, assim como a cárie dentária e restaurações intervenção e substância empregada20.
inadequadas, constituem-se geralmente nos fatores Várias técnicas, orientações e medicamentos têm
etiológicos. A perda prematura de dentes pode afetar, sido propostos com relação ao tratamento endodôn-
psicologicamente, o paciente, além de acarretar graves tico dos dentes com rizogênese incompleta1,16,27,29. Po-
alterações no plano estético e no fonético, bem como rém, alguns trabalhos, tanto radiográficos como histo-
prejudicar o desenvolvimento do arco dentário. lógicos, têm mostrado que os medicamentos não são
Quando as lesões pulpares não se estenderem até necessários para estimular o fechamento do forame
a porção radicular, poder-se-á conseguir a complemen- apical4,9,11,15,39.
tação apical, utilizando-se o tratamento conservador da Outros estudiosos, embora admitindo que a apifi-
polpa dentária. Entretanto, diante da necrose pulpar, cação seja um fenômeno natural, advogam técnicas que
inclusive com lesão perirradicular recente ou antiga, incluem o uso de diversas substâncias com o objetivo
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878 Capítulo 24 Tratamento Endodôntico em Dentes com Rizogênese Incompleta
2. Abertura coronária, com remoção completa do teto so antigo, com exposição pulpar, a necrose da polpa
da câmara pulpar. poderá limitar-se às partes coronária e média do canal
3. Remoção da polpa coronária com curetas de inter- radicular, permanecendo sua porção apical inflamada,
mediário longo e bem afiadas. porém com vitalidade. Isso se deve, provavelmente, à
4. Abundante irrigação-aspiração da câmara pulpar drenagem dos produtos tóxicos, do interior do canal
com solução fisiológica. radicular ao meio bucal, à dissipação de parte da força
5. Descompressão pulpar por 5 minutos. traumática no traço de fratura, causando menor dano
6. Irrigação-aspiração com solução fisiológica, seca- à circulação vascular apical, e ao fato de a rizogênese
gem com bolinhas de papel absorvente esterilizadas incompleta possibilitar ampla circulação sanguínea, o
e exame da superfície do remanescente pulpar, que que aumentaria a capacidade de defesa orgânica do te-
deverá apresentar as características já mencionadas. cido pulpar à invasão infecciosa1.
7. Aplicação do cortecosteroide-antibiótico (Ostoporin Nesses casos, procuramos preservar o remanes-
otossolução), mantendo uma bolinha de papel ab- cente de tecido apical com vitalidade e, principalmen-
sorvente esterilizada embebida nesse medicamento. te, a bainha epitelial de Hertwing, com o objetivo de se
8. Selamento duplo com guta-percha e cimento. alcançar o desenvolvimento radicular2,50,51.
9. Decorridos 2 a 7 dias, são removidos o selamento e Sendo os elementos de diagnóstico imprecisos,
o curativo, irrigando-se fartamente com solução fi- não se deve anestesiar o paciente de imediato, até que
siológica e retirando-se qualquer coágulo presente. clinicamente se possa ter certeza da presença do tecido
10. Acama-se sobre o remanescente pulpar com suave pulpar vivo. Assim procedendo, evita-se danificar esse
pressão a pasta de hidróxido de cálcio pró-análise tecido ou mesmo retirá-lo da região apical, o que pre-
com solução fisiológica, em uma fina camada, adap- judicaria o desenvolvimento radicular.
tado por uma bolinha de papel absorvente esteri- O mesmo procedimento se aplica aos casos de
lizado. Remove-se o excesso da pasta das paredes lesões traumáticas. Nesses, os dentes se apresentam
laterais e coloca-se sobre esse revestimento biológi- insensíveis, por vários dias ou semanas após o trauma-
co uma fina camada de cimento com hidróxido de tismo, permanecendo, contudo, na porção terminal do
cálcio com a finalidade de protegê-lo. canal radicular, tecido vital – presença que é caracteri-
11. Coloca-se ionômero de vidro ou cimento de óxido zada pelo sangramento vivo e consistência firme1.
de zinco e eugenol como base protetora para a res-
tauração ou se realiza diretamente a restauração
coronária verificando-se a oclusão20.
Técnica mediata
1. Automatização da cavidade oral com solução antis-
Nos atendimentos ambulatoriais, que por impos- séptica e preparo do dente, que tem como objetivo
sibilidade de uma segunda sessão ou por insegurança a regularização da coroa (nos casos de fratura co-
quanto ao correto selamento coronário da cavidade se ronária), a remoção de toda a dentina cariada e de
realiza a pulpotomia em sessão única, deixa-se o cor- restaurações defeituosas, reconstituindo-se, quando
te costeroide-antibiótico por 10 a 15 minutos sobre o necessário, a coroa dentária com cimento ou resina,
remanescente pulpar e acama-se, a seguir, a pasta de bandas ortodônticas, coroas provisórias etc.
hidróxido de cálcio, mantendo-se todos os demais cui- 2. Isolamento absoluto, sempre que possível, com di-
dados. Contudo, o maior índice de sucesso é o obtido que de borracha e antissepsia do campo operatório.
com a pulpotomia realizada em duas sessões. É certo que, muitas vezes, devido a fatores psicoló-
O MTA também tem sido empregado como re- gicos do paciente ou a extensas fraturas coronárias,
vestimento biológico pulpar imediatamente após a não se consegue o isolamento absoluto. Nesses ca-
pulpotomia em dentes hígidos com excelentes resulta- sos, usamos o melhor isolamento relativo possível,
dos histológicos24. pois é melhor um bom isolamento relativo que um
mau isolamento absoluto.
3. Abertura coronária que, a princípio, deve ser ampla,
DENTES PORTADORES DE TECIDO
devido à largura do canal e ao volume da câmara
PULPAR VIVO NO SEGMENTO APICAL DO
pulpar. Para os dentes anteriores, a parede vestibu-
CANAL RADICULAR lar da cavidade deverá ser biselada para a extremi-
Geralmente, nos dentes em desenvolvimento dade incisal, a fim de permitir o adequado preparo
em que ocorrem fratura coronária ou processo cario- do canal radicular.
Tratamento Endodôntico em Dentes com Rizogênese Incompleta 881
com contraste e nível apical adequados, a renovação canal radicular. Após o preparo do canal radicular e do
não é recomendada. Segundo Felipe et al.14, a renova- uso da medicação intracanal (HPG) por um tempo mí-
ção da pasta de hidróxido de cálcio não é necessária nimo de 3 dias, estando o dente livre de sinais e sinto-
para ocorrer a apecificação. mas de infecção observáveis sobretudo pela inspeção,
Na renovação da pasta após 7 dias, podemos palpação e percussão, a pasta de hidróxido de cálcio é
usar veículo oleoso (pasta L&C). Acredita-se que, nos removida e a seguir procede-se à imediata colocação do
tratamentos endodônticos em dentes com rizogêne- MTA. O material será inserido na região apical com o
se incompleta e necrose pulpar, o uso do hidróxido emprego de instrumentos especiais (seringas) ou mes-
de cálcio com veículo oleoso é melhor do que com o mo levado com auxílio de instrumentos endodônticos
aquoso23,29,30,32. Provavelmente aquele diminui a dilui- de ponta truncada (compactadores). O material deve
ção do material nos fluidos orgânicos da região perir- ser colocado numa extensão de até 3mm e seu limite
radicular, tornando-o menos facilmente absorvível, apical comprovado pelo exame radiografico.
criando melhores condições para a deposição de tecido Para prevenir o extravasamento do MTA durante
duro no fechamento apical23. sua colocação em casos de forames muito abertos, proce-
Obtida a apicificação, a pasta de hidróxido de cál- demos à criação de uma barreira apical de hidróxido ou
cio deverá ser removida do interior do canal radicular sulfato de cálcio junto aos tecidos perirradiculares. Em
até o limite da barreira calcificada, nem sempre visível seguida, o MTA é colocado conforme já descrito, com me-
em nível radiográfico, mas clinicamente comprovada nores riscos de sobreobturação. Sobre o MTA é colocada
pelo instrumento endodôntico junto do ápice. uma bolinha de algodão umedecida em água destilada
O canal radicular geralmente permanece amplo por um período mínimo de 3 a 4 horas, protegida por
com a forma de bacamarte, o que pode tornar a obtu- selamento coronário provisório. Esse procedimento tem
ração um procedimento técnico difícil. As técnicas re- como objetivo manter a hidratação e permitir a solidifi-
comendadas são do cone de guta-percha moldado, do cação do material. O MTA em contato com os tecidos pe-
cone invertido, do cone pré-fabricado, da guta-percha rirradiculares estimula a formação de um selamento bio-
termoplastificada e da compactação lateral. lógico junto ao forame apical24,48,49. Todavia, Sluyk et al.44
Embora investigações clínicas e histológicas te- não recomendam esse procedimento, acreditando que
nham certamente comprovado que as barreiras forma- a umidade advinda do tecido no local é suficiente para
das são resistentes, pode ocorrer seu rompimento se a manter as necessidades hidrofílicas do MTA.
pressão exercida durante a compactação da guta-per- A proposta terapêutica do tampão apical tem como
cha for demasiadamente exagerada, principalmente vantagem não retardar a restauração definitiva do den-
em canais amplos28. te, o que favorece a não contaminação do canal radicu-
Dependendo do estágio de desenvolvimento lar, reduz a possibilidade de fratura do dente e permite
apical do dente com rizogênese incompleta, podemos prontamente o restabelecimento da função mastigatória
empregar o MTA como tampão apical na obturação do e da estética (Figs. 24-6A a C, 24-7A a C e 24-8A a C).
A B C
Figura 24-7. Caso clínico. Incisivo central superior. Manobra do tampão apical. A. Radiografia inicial. B. Após preparo, uso da pasta HPG
como medicação apical. Manobra do tampão apical de pasta L&C. C. Obturação do canal. Controle de 6 meses. (Gentileza de G. Venanzoni.)
A B
Andreasse et al.3 concluíram, por meio de um tra- com ou sem lesão perirradicular e vários trabalhos
balho com incisivos mandibulares imaturos de ovelhas, vêm demonstrando clinicamente resultados bem-
que a resistência à fratura em dentes imaturos tratados sucedidos de revascularização pulpar5,7,26,47. Esse mé-
com hidróxido de cálcio será de 50% em 1 ano devi- todo de tratamento utiliza o coágulo sanguíneo como
do ao tratamento de canal, constatando o porquê de substância de preenchimento do canal radicular. O
frequentes relatos de fraturas de dentes tratados com coágulo atua como uma matriz (malha) para o cres-
hidróxido de cálcio por longo período. cimento de um novo tecido dentro do espaço pulpar,
Simon et al.43 realizaram um teste para substi- similar à polpa necrosada de um dente reimplantado
tuir o hidróxido de cálcio por MTA em apicicações de após um trauma dental. Antes porém, é fundamental
dentes imaturos com polpa necrosada. O hidróxido uma criteriosa desinfecção do canal por meio de co-
de cálcio tem muita eficiência até mesmo na presença piosa irrigação, utilizando-se solução de hipoclorito
de lesão periapical, porém tem muitas desvantagens, de sódio (1,25 a 5,25%). A instrumentação nesses casos
tais como a variação no tempo de tratamento (média é contraindicada, pois agravaria a fragilidade das pa-
de 12,9 meses), a dificuldade de retorno de pacientes redes dentinárias. Segundo alguns autores5,26,47, após a
e a demora no tratamento com hidróxido de cálcio desinfecção com uma solução irrigadora, o canal deve
por períodos extensos. Como alternativa para o tra- ser preenchido inicialmente com uma pasta à base da
tamento com hidróxido de cálcio, sugeriram a técnica associação de três antibióticos (ciprofloxacin + metro-
de tampão apical com o MTA, observando as seguin- nidazol + minociclina) a fim de promover a elimina-
tes vantagens: redução do tempo de tratamento, pos- ção de micro-organismos que sobreviveram à desin-
sibilidade de restaurar o dente com o mínimo atraso fecção com a irrigação. Após 4 semanas, constatado o
e, assim, prevenir a fratura de raiz e também evitar desaparecimento de sinais e de sintomas clínicos de
mudanças nas propriedades mecânicas da dentina infecção, remove-se a pasta através de irrigação e es-
por causa do uso prolongado do hidróxido de cálcio. timula-se um sangramento apical, utilizando-se uma
Além disso, por causa da atoxicidade, o MTA tem sonda endodôntica exploradora. O sangramento deve
boas propriedades biológicas e estimula a reparação. ser mantido a 3mm da junção cemento-esmalte e, após
Os resultados do estudo indicaram sucesso de 81%, 15 minutos, se forma o coágulo sanguíneo nesse local.
porém novos estudos devem ser feitos para confirmar O selamento coronário deve possuir dupla camada a
esses resultados. fim de assegurar um meio sem penetração bacteria-
na. Em contato com o coágulo se coloca uma camada
de MTA, seguida de uma bolinha de algodão estéril
REVASCULARIZAÇÃO PULPAR umedecida com água destilada e, por último, um se-
A possibilidade de regeneração de uma polpa lador temporário com profundidade adequada. Duas
necrosada tem sido considerada apenas em casos de semanas após, mantendo-se os sinais e sintomas clí-
avulsão de dente permanente com rizogênese incom- nicos normais, são substituídos o algodão e o selador
pleta. A vantagem de uma revascularização pulpar está temporário, por uma restauração de resina adesiva. A
no fato de serem obtidos o completo desenvolvimen- prosservação deve ser mantida por 2 anos por meio do
to radicular e a deposição de dentina nas paredes do exame clínico e radiográfico. Durante esse período po-
canal e, consequentemente, a raiz dentária terá maior dem ser observados o crescimento radicular, o aumen-
resistência à fratura. A condição de um dente jovem to da espessura da parede do canal e o fechamento do
com ápice aberto e raiz curta favorece a invaginação forame apical. Em alguns casos pode haver resposta
de um novo tecido para dentro do espaço pulpar. A pulpar positiva ao teste frio. Nos casos em que após
polpa necrosada, porém não infectada, pode funcionar 3 meses não se observar o desenvolvimento radicular
como uma matriz na qual um novo tecido poderá se deve-se optar pela apicificação tradicional5,8.
desenvolver5. Segundo alguns autores5,7,26,47, a revascularização
Tem sido considerado impossível a regeneração em canais previamente necrosados e infectados só é
pulpar em dentes necrosados e infectados. Contudo, possível desde que haja uma eficaz desinfecção. Vale
se for possível criar um meio como descrito no caso ressaltar que, embora o desenvolvimento radicular e
de avulsão, a regeneração poderá ocorrer5. Nos últi- o aumento na espessura das paredes do canal sejam
mos anos, novos métodos de terapia têm sido propos- observados, não se pode afirmar que o novo tecido
tos com o objetivo de permitir o completo desenvol- formado seja polpa dentária10. Alguns trabalhos em
vimento radicular em dentes com polpa necrosada animais36,37 demonstraram a presença de fibras do tipo
888 Capítulo 24 Tratamento Endodôntico em Dentes com Rizogênese Incompleta
do ligamento periodontal e cemento dentro do canal antes do ápice. Histologicamente, nesses casos, a
radicular. barreira é constituída de cemento, há deposição
A pasta L&C também pode ser empregada como lateral desse tecido, e o ápice, inicialmente, per-
material obturador permanente do segmento apical ra- manece aberto, ocorrendo ampla comunicação en-
dicular como tampão apical (ver Capítulo 15, Materiais tre o periodonto e o tecido conjuntivo existente no
obturadores). Após, o espaço do canal radicular deve ser interior das paredes radiculares (Fig. 24-9B). Com
obturado com cone de guta-percha e cimento endodôn- o tempo, o aspecto radiográfico tende a se asseme-
tico pela técnica convencional ou termoplastificada. lhar ao descrito em A.
C) Calcificação total da porção apical. Há o desenvolvi-
mento radicular, porém ocorre a calcificação maciça
FORMAS DA ZONA APICAL APÓS A da porção terminal da raiz (Fig. 24-9C).
COMPLEMENTAÇÃO OU FECHAMENTO
DO ÁPICE Em dentes com necrose total do
As condições histopatológicas dos tecidos pulpar conteúdo pulpar
e perirradicular, em nível de localização do processo A) Fechamento em semicírculo. O ápice se calcifica, to-
de reparação, parecem influenciar as características mando a forma de semicírculo, porém o canal per-
morfológicas do tecido duro depositado17,18,28,45, o qual, manece com a forma de bacamarte. Histologicamen-
radiograficamente12,52, poderá apresentar as seguintes te, o selamento ocorre com cemento ou com tecido
formas: osteocementoide. Radiograficamente não há comu-
nicação entre o canal e a área perirradicular12,17,18,20,52
Em dentes portadores de tecido pulpar vivo (Fig. 24-10A).
B) Calcificação tênue. Não há evidência radiográfica
no segmento apical do canal radicular
do fechamento apical, porém uma delgada barrei-
A) Selamento duplo. Radiograficamente há formação de ra cálcica pode ser comprovada pelo instrumental
barreira de tecido duro, alguns milímetros antes do junto do ápice. Não há mudança na divergência das
ápice. Histologicamente, nesses casos, a barreira é paredes do canal radicular12,17,18,20,52 (Fig. 24-10B).
constituída de dentina, há deposição lateral desse
tecido e selamento apical com cemento, restando, Essas duas últimas configurações morfológicas
todavia, comunicação entre o periodonto e o tecido não promovem o alongamento radicular, permanecen-
conjuntivo semelhante à polpa existente na região do o dente mais curto do que o seu homólogo. Entre-
apical (Fig. 24-9A). tanto, radiograficamente, em alguns casos podem não
B) Selamento simples. Radiograficamente há forma- ser encontrados os padrões descritos, apresentando a
ção de barreira de tecido duro, alguns milímetros região apical morfologia atípica.
A B
A B C
Figura 24-9. Representação esquemática das formas da zona api- Figura 24-10. Representação esquemática das formas da zona
cal após complementação do ápice. Dentes com tecido pulpar vivo apical após selamento do ápice. Dentes com necrose total do con-
no segmento apical. A. Selamento duplo. B. Selamento simples. C. teúdo pulpar. A. Fechamento em semicírculo. B. Barreira tênue de
Calcificação total da porção apical. tecido mineralizado.
Tratamento Endodôntico em Dentes com Rizogênese Incompleta 889
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