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Tratamento

Endodôntico em
Capítulo 24
Dentes com
Rizogênese
Incompleta
Hélio Pereira Lopes
José Freitas Siqueira Jr.
Mônica Aparecida Schultz Neves
Carlos Estrela

Um dos grandes problemas encontrados pelo o problema tornar-se-á grave. Nesses casos, a forma-
endodontista é o tratamento endodôntico de dentes ção normal e fisiológica do ápice, que corresponde, em
permanentes com ápices incompletamente formados quase sua totalidade, à função pulpar, poderá ficar de-
(Fig. 24-1A a C). Embora os mesmos princípios que tida definitivamente e, com infecção ou não, com com-
norteiam a terapêutica endodôntica de dentes comple- plicação perirradicular ou não, o dente se não tratado
tamente desenvolvidos sejam também aplicados aos convenientemente permanecerá com o ápice divergen-
dentes com rizogênese incompleta, o objetivo, nesses te, sem terminar de formá-lo, em caráter definitivo.
casos, é mais complexo, porque são buscados o com- Embora a necrose pulpar possa deter o desenvol-
pleto desenvolvimento radicular nos casos de polpa vimento apical radicular, é importante ressaltar que o
viva e o fechamento do forame apical por tecido duro ápice deve ser visto como um tecido dinâmico, capaz
calcificado, nos casos de necrose pulpar. de crescer, desenvolver-se e reparar-se. Esses atributos
Denomina-se apicigênese a complementação radi- podem ser vistos como de grande valor quando usados
cular fisiológica em dentes que apresentam tecido pul- adequadamente33..
par ainda com vitalidade, pelo menos na porção apical No estudo do problema deve-se ressaltar que a
do canal radicular, com existência de viável bainha de complementação ou o fechamento do forame apical es-
Hertwing, e apicificação a indução do fechamento do tão relacionados com os seguintes fatores: estágio de
forame apical, em dentes com necrose pulpar12,28. desenvolvimento da raiz do dente, condições da polpa
O trauma ou a fratura coronária com envolvimen- dentária e dos tecidos perirradiculares no momento da
to pulpar, assim como a cárie dentária e restaurações intervenção e substância empregada20.
inadequadas, constituem-se geralmente nos fatores Várias técnicas, orientações e medicamentos têm
etiológicos. A perda prematura de dentes pode afetar, sido propostos com relação ao tratamento endodôn-
psicologicamente, o paciente, além de acarretar graves tico dos dentes com rizogênese incompleta1,16,27,29. Po-
alterações no plano estético e no fonético, bem como rém, alguns trabalhos, tanto radiográficos como histo-
prejudicar o desenvolvimento do arco dentário. lógicos, têm mostrado que os medicamentos não são
Quando as lesões pulpares não se estenderem até necessários para estimular o fechamento do forame
a porção radicular, poder-se-á conseguir a complemen- apical4,9,11,15,39.
tação apical, utilizando-se o tratamento conservador da Outros estudiosos, embora admitindo que a apifi-
polpa dentária. Entretanto, diante da necrose pulpar, cação seja um fenômeno natural, advogam técnicas que
inclusive com lesão perirradicular recente ou antiga, incluem o uso de diversas substâncias com o objetivo

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878 Capítulo 24  Tratamento Endodôntico em Dentes com Rizogênese Incompleta

de se obter a complementação ou fechamento do ápice


radicular. Porém, o hidróxido de cálcio, puro ou asso-
ciado a outras substâncias, tem sido o material de esco-
lha e de maior suporte científico usado no tratamento
endodôntico em dentes com rizogênese incompleta.
Desse interesse resultaram estudos clínicos13,16,49, bem
como histológicos17-19, que contribuíram para o melhor
conhecimento de sua atuação junto aos tecidos perir-
radiculares, mostrando a aparente supremacia desse
material sobre os demais.
Quando em contato direto com a polpa, o hidró-
xido de cálcio estimula a neoformação de dentina ou
cemento, respectivamente. Embora se reconheça a cita-
da propriedade do hidróxido de cálcio, seu mecanismo
de ação ainda não foi perfeitamente elucidado. Alguns
atribuem esse efeito aos íons hidroxilas, enquanto ou-
tros julgam que os íons cálcio sejam os responsáveis
A
pela indução do reparo. Algumas tentativas de expli-
car os efeitos do hidróxido de cálcio sobre os tecidos e
que resultam na deposição de tecido duro neoformado
são descritas no Capítulo 14, Medicação intracanal.
Outro material empregado no tratamento de den-
tes com rizogênese incompleta é o agregado de trióxi-
do mineral (MTA).
O MTA é um pó cinza ou branco composto de
trióxidos combinados com outras partículas minerais
hidrofílicas e que cristalizam na presença de umidade.
É disponível no mercado odontológico com as denomi-
nações ProRoot-MTA (Dentisply, Tulsa Dental, EUA) e
B MTA-Angelus (Angelus Odonto-Logika Ind. de Prod.
Odontológicos Ltda., Londrina, PR). O MTA é um ma-
terial cuja composição química é similar ao cimento
Portland agregado a outras substâncias. O ProRoot-
MTA é composto aproximadamente de 75% de cimen-
to Portland, 20% de óxido de bismuto e 5% de gesso. O
MTA-Angelus é composto de 80% de cimento Portland
e 20% de óxido de bismuto. A hidratação do pó com
água destilada, solução anestésica ou fisiológica resul-
ta em um gel coloidal, o qual solidifica em menos de
3 horas – ProRoot-MTA – e ao redor de 10 minutos –
MTA-Angelus6.
O MTA, além de estimular a neoformação den-
tinária, apresenta atividade antibacteriana satisfatória
e promove um selamento adequado, prevenindo a
microinfiltração. É um material biocompatível e não
tem potencial carcinogênico. É pouco solúvel e a mas-
sa obtida não se dilui quando em presença de líquidos
teciduais, sendo essa uma vantagem sobre as pastas e
C
cimentos à base de hidróxido de cálcio6.
Figura 24-1. Rizogênese incompleta. A. Corte histológico. B. Mi- Outra opção terapêutica proposta tem sido a re-
croscopia eletrônica de varredura. C. Radiografia. vascularização pulpar com o objetivo de permitir o
Tratamento Endodôntico em Dentes com Rizogênese Incompleta 879

completo desenvolvimento radicular em dentes com  DENTES COM VITALIDADE PULPAR


polpa necrosada com ou sem lesão perirradicular5.
Sempre que for diagnosticada a vitalidade pul-
par, um tratamento endodôntico conservador é o in-
 TRATAMENTO ENDODÔNTICO dicado, evitando-se intervenções no canal radicular.
Se a polpa radicular com vitalidade for mantida, a
Ao se realizar o tratamento endodôntico em den-
raiz a ser formada será mais organizada e mais bem
tes com rizogênese incompleta é fundamental que se
estruturada, em razão de os odontoblastos serem pre-
tenha conhecimento da área onde se irá intervir. A aná-
servados. Nesses casos, o tratamento indicado será a
lise radiográfica inicial revela o estágio de desenvolvi-
pulpotomia.
mento da raiz e as condições do segmento apical, que
A pulpotomia é um tratamento conservador, sen-
poderá se apresentar de forma divergente, paralela ou
do seu objetivo a remoção total da polpa coronária viva,
ligeiramente convergente. Contudo, o desenvolvimen-
sã ou inflamada, mantendo-se a porção radicular. Se o
to radicular no sentido vestibulopalatino é mais lento,
paciente manifestar dor pulpar espontânea ou estiver-
sendo consequentemente essas paredes mais curtas e
mos diante de uma polpa exposta, encontrar-nos-emos
o forame apical maior quando comparados ao plano
em face de situações em que a pulpotomia se presta
mesiodistal8,25.
adequadamente.
Outro aspecto a ser considerado e que define os
procedimentos endodônticos a serem empregados é o
estado patológico da polpa. Assim, visando a esse obje- Características clínicas favoráveis à
tivo, devemos realizar um exame clínico minucioso. A pulpotomia
inspeção, percussão/palpação e o emprego de agentes
• Hemorragia abundante quando da remoção da por-
térmicos e elétricos permitem que se chegue ao diag-
ção coronária pulpar;
nóstico correto.
• Sangue com uma coloração vermelho-rutilante;
Os testes térmicos e principalmente os elétricos
• Tecido pulpar (remanescente pulpar) com consis-
podem, algumas vezes, não fornecer respostas preci-
tência firme e coloração róseo-avermelhada.
sas. Isso porque, em dentes com rizogênese incomple-
ta, a camada parietal de nervos (plexo de Raschkow)
Diferentes materiais podem ser empregados como
não se encontra desenvolvida, e a polpa, sendo ainda
revestimentos biológicos pulpares. Destacando-se o hi-
pouco inervada, reponde menos a esses estímulos12,45.
dróxido de cálcio e o MTA.
Portanto, para diagnóstico e tratamento adequa-
Em dentes com rizogênese incompleta e que apre-
dos, devemos realizar uma sequência de exames, e os
sentam exposição pulpar, o tratamento de eleição é a
dados colhidos devem ser criteriosamente analisados.
pulpotomia, com o objetivo de se manter a polpa vital e
Quando ainda existirem dúvidas quanto à condi-
permitir a complementação radicular. Alguns profissio-
ção do tecido pulpar, é possível estabelecer um período
nais preconizam a realização do tratamento endodônti-
de espera com controle periódico cuidadoso, objetivan-
co convencional após constatada a complementação da
do obter dados mais conclusivos.
rizogênese de um dente submetido a pulpotomia. Ora,
Vale ressaltar que, após o traumatismo dentário
se houve a formação de ponte de dentina, a raiz teve
em dentes com rizogênese incompleta, onde o segmen-
seu desenvolvimento completo, há silêncio clínico e os
to apical da raiz ainda não está formado, podem ocorrer
tecidos perirradiculares se apresentam normais radio-
a revascularização e a reinervação do feixe vasculoner-
graficamente, parece-nos inoportuno e incoerente rea-
voso. Nesses casos, a revascularização ocorre entre 24
lizar a tal pulpectomia eletiva. Se, por ventura, houver
e 48 horas após o traumatismo dentário, mantendo-se a
indícios de fracasso ou necessidade de tratamento en-
polpa viva por um fenômeno conhecido em histologia
dodôntico por finalidade protética, a ponte dentinária
por embebição plasmática. A reinervação pode ocorrer
pode, na maioria das vezes, ser removida com o auxílio
após 40 dias na velocidade de 0,5mm por dia1,12,38,41.
de instrumentos endodônticos forçados contra a ponte
Diante de um dente com rizogênese incompleta
na entrada dos canais.
que necessite de intervenção endodôntica, três situa-
ções distintas da condição pulpar podem ocorrer: den-
tes com vitalidade pulpar, dentes com tecido pulpar
Técnica de pulpotomia
vivo apenas no segmento apical do canal radicular e 1. Anestesia, isolamento absoluto e antissepsia do cam-
dentes com necrose total do conteúdo pulpar. po operatório.
880 Capítulo 24  Tratamento Endodôntico em Dentes com Rizogênese Incompleta

2. Abertura coronária, com remoção completa do teto so antigo, com exposição pulpar, a necrose da polpa
da câmara pulpar. poderá limitar-se às partes coronária e média do canal
3. Remoção da polpa coronária com curetas de inter- radicular, permanecendo sua porção apical inflamada,
mediário longo e bem afiadas. porém com vitalidade. Isso se deve, provavelmente, à
4. Abundante irrigação-aspiração da câmara pulpar drenagem dos produtos tóxicos, do interior do canal
com solução fisiológica. radicular ao meio bucal, à dissipação de parte da força
5. Descompressão pulpar por 5 minutos. traumática no traço de fratura, causando menor dano
6. Irrigação-aspiração com solução fisiológica, seca- à circulação vascular apical, e ao fato de a rizogênese
gem com bolinhas de papel absorvente esterilizadas incompleta possibilitar ampla circulação sanguínea, o
e exame da superfície do remanescente pulpar, que que aumentaria a capacidade de defesa orgânica do te-
deverá apresentar as características já mencionadas. cido pulpar à invasão infecciosa1.
7. Aplicação do cortecosteroide-antibiótico (Ostoporin Nesses casos, procuramos preservar o remanes-
otossolução), mantendo uma bolinha de papel ab- cente de tecido apical com vitalidade e, principalmen-
sorvente esterilizada embebida nesse medicamento. te, a bainha epitelial de Hertwing, com o objetivo de se
8. Selamento duplo com guta-percha e cimento. alcançar o desenvolvimento radicular2,50,51.
9. Decorridos 2 a 7 dias, são removidos o selamento e Sendo os elementos de diagnóstico imprecisos,
o curativo, irrigando-se fartamente com solução fi- não se deve anestesiar o paciente de imediato, até que
siológica e retirando-se qualquer coágulo presente. clinicamente se possa ter certeza da presença do tecido
10. Acama-se sobre o remanescente pulpar com suave pulpar vivo. Assim procedendo, evita-se danificar esse
pressão a pasta de hidróxido de cálcio pró-análise tecido ou mesmo retirá-lo da região apical, o que pre-
com solução fisiológica, em uma fina camada, adap- judicaria o desenvolvimento radicular.
tado por uma bolinha de papel absorvente esteri- O mesmo procedimento se aplica aos casos de
lizado. Remove-se o excesso da pasta das paredes lesões traumáticas. Nesses, os dentes se apresentam
laterais e coloca-se sobre esse revestimento biológi- insensíveis, por vários dias ou semanas após o trauma-
co uma fina camada de cimento com hidróxido de tismo, permanecendo, contudo, na porção terminal do
cálcio com a finalidade de protegê-lo. canal radicular, tecido vital – presença que é caracteri-
11. Coloca-se ionômero de vidro ou cimento de óxido zada pelo sangramento vivo e consistência firme1.
de zinco e eugenol como base protetora para a res-
tauração ou se realiza diretamente a restauração
coronária verificando-se a oclusão20.
Técnica mediata
1. Automatização da cavidade oral com solução antis-
Nos atendimentos ambulatoriais, que por impos- séptica e preparo do dente, que tem como objetivo
sibilidade de uma segunda sessão ou por insegurança a regularização da coroa (nos casos de fratura co-
quanto ao correto selamento coronário da cavidade se ronária), a remoção de toda a dentina cariada e de
realiza a pulpotomia em sessão única, deixa-se o cor- restaurações defeituosas, reconstituindo-se, quando
te costeroide-antibiótico por 10 a 15 minutos sobre o necessário, a coroa dentária com cimento ou resina,
remanescente pulpar e acama-se, a seguir, a pasta de bandas ortodônticas, coroas provisórias etc.
hidróxido de cálcio, mantendo-se todos os demais cui- 2. Isolamento absoluto, sempre que possível, com di-
dados. Contudo, o maior índice de sucesso é o obtido que de borracha e antissepsia do campo operatório.
com a pulpotomia realizada em duas sessões. É certo que, muitas vezes, devido a fatores psicoló-
O MTA também tem sido empregado como re- gicos do paciente ou a extensas fraturas coronárias,
vestimento biológico pulpar imediatamente após a não se consegue o isolamento absoluto. Nesses ca-
pulpotomia em dentes hígidos com excelentes resulta- sos, usamos o melhor isolamento relativo possível,
dos histológicos24. pois é melhor um bom isolamento relativo que um
mau isolamento absoluto.
3. Abertura coronária que, a princípio, deve ser ampla,
 DENTES PORTADORES DE TECIDO
devido à largura do canal e ao volume da câmara
PULPAR VIVO NO SEGMENTO APICAL DO
pulpar. Para os dentes anteriores, a parede vestibu-
CANAL RADICULAR lar da cavidade deverá ser biselada para a extremi-
Geralmente, nos dentes em desenvolvimento dade incisal, a fim de permitir o adequado preparo
em que ocorrem fratura coronária ou processo cario- do canal radicular.
Tratamento Endodôntico em Dentes com Rizogênese Incompleta 881

4. Neutralização imediata do conteúdo séptico e ex- 8. Manipulação e colocação da pasta de hidróxido de


ploração do canal radicular, com a finalidade de cálcio: algumas fórmulas já se apresentam em forma
neutralizar e remover o conteúdo séptico, com solu- de pasta; outras são manipuladas usando-se placa
ção de hipoclorito de sódio a 1% de cloro ativo e li- de vidro e espátula estéreis, agregando-se o pó ao
mas Hedstrom, até as proximidades do tecido vivo, veículo usado, até se obter uma massa pastosa, ho-
bem como determinar, clínica e radiograficamente, mogênea e com consistência de trabalho (ver Capí-
o limite coronário do tecido pulpar vivo existente no tulo 14, Medicação intracanal).
segmento apical do canal radicular. Normalmente empregamos pasta de hidróxido
5. Anestesia adequada aos casos clínicos, removendo-se de cálcio com veículo hidrossolúvel aquoso ou vis-
ou não, momentaneamente, o isolamento absoluto. coso. Empregamos uma pasta constituída de hidró-
6. Pulpectomia, que deverá se estender em sentido api- xido de cálcio e iodofórmio (proporção de 3:1 em vo-
cal até atingir tecido pulpar vivo, de consistência fir- lume) veiculada ao propilenoglicol ou glicerina. Em
me e coloração róseo-avermelhada. Esse limite cer- função de razões cromáticas ou imunológicas pode-
vical de corte da polpa, todavia, varia em função da mos substituir o iodofórmio pelo óxido de zinco32.
dimensão e da condição do tecido vital existente no A adição de uma substância radiopacificadora
segmento apical e do grau de desenvolvimento do (iodofórmio ou óxido de zinco) permite que se cons-
ápice radicular. Contudo, de modo geral, deverá se tate, por meio de uma radiografia, o preenchimento
situar no início da divergência apical, ou seja, apro- total do canal radicular. A glicerina ou o propileno-
ximadamente 2 a 3mm aquém do ápice radiográfico. glicol são polialcoóis hidrossolúveis de aspecto vis-
A pulpectomia é realizada com limas Hedstrom de coso, que permitem a obtenção de uma pasta com
ponta truncada, adequadas ao caso. Jamais se deve boa fluidez e de fácil colocação e remoção do canal
utilizar extipar-polpas, pois, assim procedendo, po- radicular. Esses veículos, em 24 horas, possibilitam
dem ser removidos o remanescente de tecido apical à pasta de hidróxido de cálcio pH semelhante ao ob-
e a bainha epitelial de Hertwig, ocasionando sérios servado com veículos hidrossolúveis aquosos.
problemas à complementação radicular. Nesses casos, o hidróxido de cálcio tem como
7. Preparo químico-mecânico, constando de instru- objetivo causar uma zona de desnaturação protei-
mentação e irrigação-aspiração. A instrumentação ca superficial no tecido em contato com ele, o que é
deve ser realizada com limas Hedstrom ou tipo K, caracterizado por uma necrose de coagulação, com
providas de limitadores do comprimento de traba- espessura variável entre 0,3 e 0,7mm. Esse efeito pa-
lho determinado na pulpectomia, empregando-se rece ser o responsável pela indução do reparo por
pressão lateral e remoção vertical. Recomenda-se deposição de tecido calcificado. Outro objetivo é o
uma instrumentação cuidadosa, porém não vigo- de limitar a invaginação de tecido remanescente api-
rosa, principalmente nos casos de grande abertura cal para o interior do canal radicular (ver Capítulo
apical, onde as paredes do canal são finas e tênues. 14, Medicação intracanal)46.
O preparo visa, apenas, a regularizar as paredes A operação de preenchimento é acompanhada
dentinárias e a remover os resíduos pulpares, com auxílio de exame radiográfico. Preenchido o
criando espaço para colocação da pasta de hidró- canal radicular em toda a extensão, promovemos a
xido de cálcio. compactação da pasta com uma pequena mecha de
Antes, durante e após a instrumentação devem algodão esterilizado, de tamanho adequado, a qual
ser realizadas a irrigação-aspiração e a inundação da é colocada na embocadura do canal e comprimida
cavidade pulpar com solução irrigante citotofilática com as pontas de uma pinça clínica ou calcador en-
(soro fisiológico). Na sequência da instrumentação, dodôntico que funciona como um êmbolo, para asse-
sempre realizamos profusa irrigação-aspiração, pro- gurar o contato íntimo da pasta com o remanescente
curando remover raspas de dentina e resto pulpares. de tecido apical, bem como a remoção do excesso
A presença desses resíduos sobre o remanescente de de veículo. Se forem utilizadas expirais (Lentulo), é
tecido apical poderá impedir o contato direto do hi- conveniente que se adapte a elas um limitador de
dróxido de cálcio com o mesmo, levando a resulta- penetração, 3mm aquém do comprimento de traba-
dos que não os esperados19,22. A seguir, realizamos a lho, para evitar a agressão mecânica e a invasão da
secagem do canal radicular pela aspiração, comple- pasta no tecido remanescente29,30.
tada pelo uso de pontas absorventes estéreis, dentro Geralmente renovamos a pasta de hidróxido
do comprimento de trabalho estabelecido. de cálcio 7 dias após a colocação inicial. O primei-
882 Capítulo 24  Tratamento Endodôntico em Dentes com Rizogênese Incompleta

mentação e o selamento apical (simples, duplo ou to-


tal), normalmente 3 a 6 meses após o tratamento.
A renovação periódica da pasta está relacionada
com diversos fatores: composição química da pasta,
proporção pó/líquido (consistência), natureza química
do veículo, diâmetro da abertura do forame apical e
eficiência do selamento coronário.
O hidróxido de cálcio em contato com o tecido
C
pulpar promove uma necrose superficial, tendo iní-
cio a formação da barreira cálcica, que provavelmente
impede a diluição e a reabsorção da pasta. Nesse caso
não há necessidade da renovação da pasta. Todavia, o
A B hidróxido de cálcio pode ser diluído pelos fluídos teci-
duais perirradiculares inflamados, e, isso ocorrendo o
Figura 24-2. Representação esquemática do tratamento de dente material não aparece na radiografia ou a densidade ra-
portador de tecido pulpar vivo no segmento apical do canal radicu-
diográfica fica significativamente menor do que aquela
lar. A. Remanescente pulpar. B. Preparo químico-mecânico. C. Pre-
enchimento do canal com pasta de hidróxido de cálcio e selamento obtida no atendimento anterior. Em tais casos, a pasta
da cavidade de acesso. de hidróxido de cálcio deve ser renovada.
Não ocorrendo a complementação apical, deve-
mos repetir a técnica descrita, sendo possível, duran-
ro curativo pode entrar em contato com exsudato,
te o novo preparo químico-mecânico, remover restos
coágulo sanguíneo e fragmentos teciduais. Assim,
necróticos residuais. Completada a formação apical,
o segundo curativo encontrará condições microam-
procedemos à remoção da pasta do interior do canal
bientais mais favoráveis ao processo de reparo.
radicular até o limite da barreira de tecido duro e rea-
9. Selamento: removido o excesso da pasta existente na
liza-se, dentro da sequência de técnica, a obturação do
câmara pulpar, colocamos, no espaço criado, uma
canal, geralmente pela técnica da compactação lateral
porção de guta-percha, recobrindo-a com óxido de
ou da guta-percha termoplastificada (ver Capítulo 16,
zinco-eugenol presa rápida, ionômero de vidro ou
Obturação dos canais radiculares).
resina fotopolimerizável. Sobre esse selamento re-
A barreira apical de tecido duro quando não obser-
construímos a coroa dentária com os materiais obtu-
vada radiograficamente pode ser constatada clinicamen-
radores existentes (Fig. 24-2A a C ).
te por meio de um instrumento endodôntico introduzido
suavemente no interior do canal radicular. As radiogra-
Controle clínico-radiográfico fias podem não revelar a barreira apical do tecido mine-
Utilizamos, como rotina, exames clínico-radiográ- ralizado mesmo estando elas presentes. Isso ocorre em
ficos, 1, 3 e 6 meses após a execução da técnica descrita. razão da direção do feixe de raios X em relação a uma
Pelo exame radiográfico podemos observar a comple- barreira mineralizada muito delgada (Fig. 24-3A a C).

Figura 24-3. Caso clínico. In-


cisivo central superior. Técnica
imediata. A. Radiografia inicial.
B. Após preparo, preenchi-
mento do canal com pasta de
hidróxido de cálcio. Controle
de 1 ano. Selamento apical
simples. Seleção do cone de
guta-percha. C. Obturação do
A B C canal até a barreira mineraliza-
da. (Gentileza de Aires Pereira.)
Tratamento Endodôntico em Dentes com Rizogênese Incompleta 883

1. Automatização da cavidade oral, preparo do dente,


isolamento, antissepsia do campo operatório e aber-
tura coronária, conforme já descritos.
2. Neutralização imediata do conteúdo séptico com so-
lução de hipoclorito de sódio. O instrumento usado
para desalojar o conteúdo séptico e favorecer a pene-
tração da solução de hipoclorito de sódio é uma lima
Hedstrom. É importante que esse instrumento esteja
provido de um cursor, delimitando o comprimen-
to, baseado na radiografia de estudo, sempre com
alguns milímetros aquém do forame, como medida
de segurança. Inundadas a câmara pulpar e a entra-
da do canal radicular com solução de hipoclorito de
sódio a 2,5% de cloro ativo (NaOCI), inicia-se, com
a lima, um discreto movimento de penetração e ro-
tação para deslocar os restos necróticos neutraliza-
dos pelo contato com o agente químico e que, em
seguida, serão removidos pela irrigação e aspiração.
Essa sequência será repetida várias vezes, aprofun-
Figura 24-4. Caso clínico. Incisivo central superior. Técnica imedia- dando-se, gradativamente, o instrumento até que se
ta. Tampão de pasta L&C. Controle após 2 anos.
chegue a alguns milímetros da região apical. Essa
porção final será neutralizada e removida após a de-
terminação do comprimento de trabalho. Nos casos
Técnica imediata
de ampla comunicação do canal com os tecidos pe-
Nessa técnica, imediatamente após o preparo do rirradiculares devemos usar solução de hipoclorito
canal radicular ou após o uso de um curativo intra- de sódio de menor concentração (1%).
canal com pasta de hidróxido de cálcio, realizamos a 3. Para se determinar o comprimento de trabalho, ado-
escolha clínica e radiográfica do cone de guta-percha ta-se uma medida que fique, aproximadamente, a
principal, aproximadamente 2mm aquém do compri- 1mm aquém do ápice radiográfico.
mento de trabalho. A seguir, realizamos a obturação 4. Preparo químico-mecânico, constando de instru-
do canal radicular pela manobra do tampão apical, mentação e irrigação-aspiração. A instrumentação
utilizando como material obturador permanente do deve ser feita com limas Hedstrom ou tipo K, provi-
segmento apical radicular (tampão apical) a pasta das de cursores ao nível do comprimento de traba-
L&C (hidróxido de cálcio com veículo oleoso) ou o lho. O preparo deve ser feito até que todas as irregu-
MTA. Esse tampão apical, além de servir como bar- laridades das paredes dentinárias tenham sido reti-
reira mecânica, estimula o fechamento apical (ver radas e alisadas. Mesmo se tratando de dentes com
Capítulo 16, Obturação dos canais radiculares) (Fig. polpa necrosada, a instrumentação deve ser comedi-
24-4). Essa técnica é indicada nos casos em que o seg- da e metódica, evitando-se a dilaceração da extremi-
mento apical apresentar paredes paralelas ou ligeira- dade radicular. Deve-se aplicar, aos instrumentos, o
mente convergentes. movimento de limagem (penetração, pressão lateral
e remoção vertical) e jamais a dinâmica do vaivém,
porque essa, devido à grande abertura do forame,
 DENTES COM NECROSE TOTAL DO
pode levar restos necróticos à região perirradicular,
CONTEÚDO PULPAR dificultando o processo de reparo.
Nos casos de rizogênese incompleta de dentes A solução química auxiliar da instrumentação
com necrose pulpar e infectados, com ou sem reação empregada é a solução de hipoclorito de sódio a
perirradicular, a reparação e a complementação da raiz 2,5% de cloro ativo, porque essa concentração apre-
estão na dependência do combate à infecção, desde senta estabilidade química, possui todas as proprie-
que nunca seja observada a deposição cementária em dades favoráveis das soluções de hipoclorito de só-
um caso ainda infectado1,50 (ver Capítulo 8, Fundamen- dio e é bem tolerada sob condições clínicas de uso. A
tação filosófica do tratamento endodôntico). instrumentação deverá ser sempre intercalada com
884 Capítulo 24  Tratamento Endodôntico em Dentes com Rizogênese Incompleta

a irrigação/aspiração e inundação da cavidade pul-


par. A irrigação-aspiração final deverá ser feita com
soro fisiológico. A seguir, realiza-se a secagem do
canal radicular, conforme já descrito.
5. Medicamento intracanal: considerando que a apicifi-
cação somente ocorre após a eliminação ou redução
dos micro-organismos em termos de números e vi-
rulência, há a necessidade, nesses casos, de usar um
medicamento intracanal com efetiva ação antimi-
crobiana e de preenchimento. Utilizamos uma pasta C
de hidróxido de cálcio e iodofórmio (proporção de
3:1 em volume), tendo como líquido uma gota de
paramonoclorofenol canforado (PMCC) e uma de
glicerina. A mistura obtida deve apresentar aspecto A B
homogêneo e consistência cremosa. Em função de
razões cromáticas ou imunológicas podemos substi-
Figura 24-5. Representação esquemática do tratamento de dente
tuir o iodofórmio pelo óxido de zinco. com necrose total do conteúdo pulpar. A. Esvaziamento do canal.
B. Preparo químico-mecânico. C. Preenchimento do canal com pas-
Essa pasta, empregada como medicamento in- ta de hidróxido de cálcio associado a paramonoclorofenol canfora-
tracanal, é efetiva contra os micro-organismos encon- do e glicerina (HPG).
trados no canal radicular. O hidróxido de cálcio reage
com o PMCC formando o paramonoclorofenolato de
químico-mecânico e o medicamento (pasta). A seguir,
cálcio, um sal fraco que libera, progressivamente, o
realiza-se o selamento coronário de maneira semelhan-
paramonoclorofenol e o hidróxido de cálcio. Assim, o
te à já descrita (Fig. 24-5A a C).
PMCC aumenta o espectro da atividade antimicrobiana
do hidróxido de cálcio. Por sua vez, o amplo espectro
antimicrobiano do PMCC não interfere no efeito bioló-
Controle clínico-radiográfico
gico do hidróxido de cálcio, provavelmente em razão Recomenda-se o primeiro exame 30 dias após a
de aquele não afetar o pH desse32. colocação da pasta de hidróxido de cálcio (HPG) no in-
Tem sido reportado que o PMCC é um medica- terior do canal radicular, seguido de controles trimes-
mento fortemente citotóxico. Entretanto, sabe-se que trais. Embora, em alguns casos, a apicificação possa
uma substância pode apresentar efeitos benéficos ou ocorrer em 6 meses, é normal o processo de fechamen-
deletérios em função da sua concentração. Quando as- to apical demorar 18 meses ou mais, tempo esse apa-
sociado ao hidróxido de cálcio, o paramonoclorofenol é rentemente relacionado com o tamanho da lesão perir-
liberado lentamente do paramonoclorofenolato de cál- radicular inicial e com o estágio de desenvolvimento
cio. Além do mais, a glicerina associada à pasta reduz radicular1.
a concentração do PMCC, que era de 35% (porção de A renovação da pasta está relacionada com di-
6,5:3,5), para cerca de 17,5%. Assim, a redução da con- versos fatores: composição da pasta, proporção pó/lí-
centração e a liberação controlada do PMCC permitem quido (consistência), natureza do veículo, abertura do
uma maior biocompatibilidade da pasta, sem interferir forame e deficiência do selamento coronário.
em sua atividade antimimicrobiana32. Quanto menor a consistência da pasta, maior será
A pasta deve ter a consistência de um creme e a sua diluição junto aos líquidos tissulares. Em relação
preencher homogeneamente todo o canal radicular. ao forame, quanto maior ele for, maior a possibilidade
Geralmente o preenchimento é acompanhado de um de a troca ser necessária. Uma ampla área de contato
extravasamento perirradicular. entre a pasta e os tecidos perirradiculares pode acele-
Normalmente renovamos a pasta de hidróxido rar a velocidade de neutralização ou de sua diluição.
de cálcio 7 dias após a colocação inicial. A renovação Microinfiltração da saliva via selamento coronário
da pasta permite que o hidróxido de cálcio entre em também pode diluir a pasta de hidróxido de cálcio.
contato com um tecido conjuntivo desenvolvido que Alguns autores têm observado melhores resul-
poderá favorecer o processo de reparo22. Persistindo a tados com a sua renovação mensal12,45. Nos controles
tumefação apical e/ou exsudato, renovamos o preparo periódicos se a pasta permanecer no interior do canal
Tratamento Endodôntico em Dentes com Rizogênese Incompleta 885

com contraste e nível apical adequados, a renovação canal radicular. Após o preparo do canal radicular e do
não é recomendada. Segundo Felipe et al.14, a renova- uso da medicação intracanal (HPG) por um tempo mí-
ção da pasta de hidróxido de cálcio não é necessária nimo de 3 dias, estando o dente livre de sinais e sinto-
para ocorrer a apecificação. mas de infecção observáveis sobretudo pela inspeção,
Na renovação da pasta após 7 dias, podemos palpação e percussão, a pasta de hidróxido de cálcio é
usar veículo oleoso (pasta L&C). Acredita-se que, nos removida e a seguir procede-se à imediata colocação do
tratamentos endodônticos em dentes com rizogêne- MTA. O material será inserido na região apical com o
se incompleta e necrose pulpar, o uso do hidróxido emprego de instrumentos especiais (seringas) ou mes-
de cálcio com veículo oleoso é melhor do que com o mo levado com auxílio de instrumentos endodônticos
aquoso23,29,30,32. Provavelmente aquele diminui a dilui- de ponta truncada (compactadores). O material deve
ção do material nos fluidos orgânicos da região perir- ser colocado numa extensão de até 3mm e seu limite
radicular, tornando-o menos facilmente absorvível, apical comprovado pelo exame radiografico.
criando melhores condições para a deposição de tecido Para prevenir o extravasamento do MTA durante
duro no fechamento apical23. sua colocação em casos de forames muito abertos, proce-
Obtida a apicificação, a pasta de hidróxido de cál- demos à criação de uma barreira apical de hidróxido ou
cio deverá ser removida do interior do canal radicular sulfato de cálcio junto aos tecidos perirradiculares. Em
até o limite da barreira calcificada, nem sempre visível seguida, o MTA é colocado conforme já descrito, com me-
em nível radiográfico, mas clinicamente comprovada nores riscos de sobreobturação. Sobre o MTA é colocada
pelo instrumento endodôntico junto do ápice. uma bolinha de algodão umedecida em água destilada
O canal radicular geralmente permanece amplo por um período mínimo de 3 a 4 horas, protegida por
com a forma de bacamarte, o que pode tornar a obtu- selamento coronário provisório. Esse procedimento tem
ração um procedimento técnico difícil. As técnicas re- como objetivo manter a hidratação e permitir a solidifi-
comendadas são do cone de guta-percha moldado, do cação do material. O MTA em contato com os tecidos pe-
cone invertido, do cone pré-fabricado, da guta-percha rirradiculares estimula a formação de um selamento bio-
termoplastificada e da compactação lateral. lógico junto ao forame apical24,48,49. Todavia, Sluyk et al.44
Embora investigações clínicas e histológicas te- não recomendam esse procedimento, acreditando que
nham certamente comprovado que as barreiras forma- a umidade advinda do tecido no local é suficiente para
das são resistentes, pode ocorrer seu rompimento se a manter as necessidades hidrofílicas do MTA.
pressão exercida durante a compactação da guta-per- A proposta terapêutica do tampão apical tem como
cha for demasiadamente exagerada, principalmente vantagem não retardar a restauração definitiva do den-
em canais amplos28. te, o que favorece a não contaminação do canal radicu-
Dependendo do estágio de desenvolvimento lar, reduz a possibilidade de fratura do dente e permite
apical do dente com rizogênese incompleta, podemos prontamente o restabelecimento da função mastigatória
empregar o MTA como tampão apical na obturação do e da estética (Figs. 24-6A a C, 24-7A a C e 24-8A a C).

Figura 24-6. Caso clíni-


co. Incisivo central supe-
rior. Manobra do tampão
apical. A. Radiografia ini-
cial. B. Preparo do canal
e uso da pasta HPG. Sete
dias após obturação do
canal. Manobra do tam-
A B C pão apical de pasta L&C.
C. Controle de 1 ano.
886 Capítulo 24  Tratamento Endodôntico em Dentes com Rizogênese Incompleta

A B C

Figura 24-7. Caso clínico. Incisivo central superior. Manobra do tampão apical. A. Radiografia inicial. B. Após preparo, uso da pasta HPG
como medicação apical. Manobra do tampão apical de pasta L&C. C. Obturação do canal. Controle de 6 meses. (Gentileza de G. Venanzoni.)

A B

Figura 24-8. Caso clínico. Molar inferior. Raiz mesial. Rizogênese


incompleta. A. Radiografia inicial. B. Após preparo, uso da pasta
HPG por 7 dias. Remoção da pasta. Tampão apical de pasta L&C.
C Obturação dos canais radiculares. C. Controle após 6 anos. Sela-
mento apical.
Tratamento Endodôntico em Dentes com Rizogênese Incompleta 887

Andreasse et al.3 concluíram, por meio de um tra- com ou sem lesão perirradicular e vários trabalhos
balho com incisivos mandibulares imaturos de ovelhas, vêm demonstrando clinicamente resultados bem-
que a resistência à fratura em dentes imaturos tratados sucedidos de revascularização pulpar5,7,26,47. Esse mé-
com hidróxido de cálcio será de 50% em 1 ano devi- todo de tratamento utiliza o coágulo sanguíneo como
do ao tratamento de canal, constatando o porquê de substância de preenchimento do canal radicular. O
frequentes relatos de fraturas de dentes tratados com coágulo atua como uma matriz (malha) para o cres-
hidróxido de cálcio por longo período. cimento de um novo tecido dentro do espaço pulpar,
Simon et al.43 realizaram um teste para substi- similar à polpa necrosada de um dente reimplantado
tuir o hidróxido de cálcio por MTA em apicicações de após um trauma dental. Antes porém, é fundamental
dentes imaturos com polpa necrosada. O hidróxido uma criteriosa desinfecção do canal por meio de co-
de cálcio tem muita eficiência até mesmo na presença piosa irrigação, utilizando-se solução de hipoclorito
de lesão periapical, porém tem muitas desvantagens, de sódio (1,25 a 5,25%). A instrumentação nesses casos
tais como a variação no tempo de tratamento (média é contraindicada, pois agravaria a fragilidade das pa-
de 12,9 meses), a dificuldade de retorno de pacientes redes dentinárias. Segundo alguns autores5,26,47, após a
e a demora no tratamento com hidróxido de cálcio desinfecção com uma solução irrigadora, o canal deve
por períodos extensos. Como alternativa para o tra- ser preenchido inicialmente com uma pasta à base da
tamento com hidróxido de cálcio, sugeriram a técnica associação de três antibióticos (ciprofloxacin + metro-
de tampão apical com o MTA, observando as seguin- nidazol + minociclina) a fim de promover a elimina-
tes vantagens: redução do tempo de tratamento, pos- ção de micro-organismos que sobreviveram à desin-
sibilidade de restaurar o dente com o mínimo atraso fecção com a irrigação. Após 4 semanas, constatado o
e, assim, prevenir a fratura de raiz e também evitar desaparecimento de sinais e de sintomas clínicos de
mudanças nas propriedades mecânicas da dentina infecção, remove-se a pasta através de irrigação e es-
por causa do uso prolongado do hidróxido de cálcio. timula-se um sangramento apical, utilizando-se uma
Além disso, por causa da atoxicidade, o MTA tem sonda endodôntica exploradora. O sangramento deve
boas propriedades biológicas e estimula a reparação. ser mantido a 3mm da junção cemento-esmalte e, após
Os resultados do estudo indicaram sucesso de 81%, 15 minutos, se forma o coágulo sanguíneo nesse local.
porém novos estudos devem ser feitos para confirmar O selamento coronário deve possuir dupla camada a
esses resultados. fim de assegurar um meio sem penetração bacteria-
na. Em contato com o coágulo se coloca uma camada
de MTA, seguida de uma bolinha de algodão estéril
 REVASCULARIZAÇÃO PULPAR umedecida com água destilada e, por último, um se-
A possibilidade de regeneração de uma polpa lador temporário com profundidade adequada. Duas
necrosada tem sido considerada apenas em casos de semanas após, mantendo-se os sinais e sintomas clí-
avulsão de dente permanente com rizogênese incom- nicos normais, são substituídos o algodão e o selador
pleta. A vantagem de uma revascularização pulpar está temporário, por uma restauração de resina adesiva. A
no fato de serem obtidos o completo desenvolvimen- prosservação deve ser mantida por 2 anos por meio do
to radicular e a deposição de dentina nas paredes do exame clínico e radiográfico. Durante esse período po-
canal e, consequentemente, a raiz dentária terá maior dem ser observados o crescimento radicular, o aumen-
resistência à fratura. A condição de um dente jovem to da espessura da parede do canal e o fechamento do
com ápice aberto e raiz curta favorece a invaginação forame apical. Em alguns casos pode haver resposta
de um novo tecido para dentro do espaço pulpar. A pulpar positiva ao teste frio. Nos casos em que após
polpa necrosada, porém não infectada, pode funcionar 3 meses não se observar o desenvolvimento radicular
como uma matriz na qual um novo tecido poderá se deve-se optar pela apicificação tradicional5,8.
desenvolver5. Segundo alguns autores5,7,26,47, a revascularização
Tem sido considerado impossível a regeneração em canais previamente necrosados e infectados só é
pulpar em dentes necrosados e infectados. Contudo, possível desde que haja uma eficaz desinfecção. Vale
se for possível criar um meio como descrito no caso ressaltar que, embora o desenvolvimento radicular e
de avulsão, a regeneração poderá ocorrer5. Nos últi- o aumento na espessura das paredes do canal sejam
mos anos, novos métodos de terapia têm sido propos- observados, não se pode afirmar que o novo tecido
tos com o objetivo de permitir o completo desenvol- formado seja polpa dentária10. Alguns trabalhos em
vimento radicular em dentes com polpa necrosada animais36,37 demonstraram a presença de fibras do tipo
888 Capítulo 24  Tratamento Endodôntico em Dentes com Rizogênese Incompleta

do ligamento periodontal e cemento dentro do canal antes do ápice. Histologicamente, nesses casos, a
radicular. barreira é constituída de cemento, há deposição
A pasta L&C também pode ser empregada como lateral desse tecido, e o ápice, inicialmente, per-
material obturador permanente do segmento apical ra- manece aberto, ocorrendo ampla comunicação en-
dicular como tampão apical (ver Capítulo 15, Materiais tre o periodonto e o tecido conjuntivo existente no
obturadores). Após, o espaço do canal radicular deve ser interior das paredes radiculares (Fig. 24-9B). Com
obturado com cone de guta-percha e cimento endodôn- o tempo, o aspecto radiográfico tende a se asseme-
tico pela técnica convencional ou termoplastificada. lhar ao descrito em A.
C) Calcificação total da porção apical. Há o desenvolvi-
mento radicular, porém ocorre a calcificação maciça
 FORMAS DA ZONA APICAL APÓS A da porção terminal da raiz (Fig. 24-9C).
COMPLEMENTAÇÃO OU FECHAMENTO
DO ÁPICE Em dentes com necrose total do
As condições histopatológicas dos tecidos pulpar conteúdo pulpar
e perirradicular, em nível de localização do processo A) Fechamento em semicírculo. O ápice se calcifica, to-
de reparação, parecem influenciar as características mando a forma de semicírculo, porém o canal per-
morfológicas do tecido duro depositado17,18,28,45, o qual, manece com a forma de bacamarte. Histologicamen-
radiograficamente12,52, poderá apresentar as seguintes te, o selamento ocorre com cemento ou com tecido
formas: osteocementoide. Radiograficamente não há comu-
nicação entre o canal e a área perirradicular12,17,18,20,52
Em dentes portadores de tecido pulpar vivo (Fig. 24-10A).
B) Calcificação tênue. Não há evidência radiográfica
no segmento apical do canal radicular
do fechamento apical, porém uma delgada barrei-
A) Selamento duplo. Radiograficamente há formação de ra cálcica pode ser comprovada pelo instrumental
barreira de tecido duro, alguns milímetros antes do junto do ápice. Não há mudança na divergência das
ápice. Histologicamente, nesses casos, a barreira é paredes do canal radicular12,17,18,20,52 (Fig. 24-10B).
constituída de dentina, há deposição lateral desse
tecido e selamento apical com cemento, restando, Essas duas últimas configurações morfológicas
todavia, comunicação entre o periodonto e o tecido não promovem o alongamento radicular, permanecen-
conjuntivo semelhante à polpa existente na região do o dente mais curto do que o seu homólogo. Entre-
apical (Fig. 24-9A). tanto, radiograficamente, em alguns casos podem não
B) Selamento simples. Radiograficamente há forma- ser encontrados os padrões descritos, apresentando a
ção de barreira de tecido duro, alguns milímetros região apical morfologia atípica.

A B
A B C

Figura 24-9. Representação esquemática das formas da zona api- Figura 24-10. Representação esquemática das formas da zona
cal após complementação do ápice. Dentes com tecido pulpar vivo apical após selamento do ápice. Dentes com necrose total do con-
no segmento apical. A. Selamento duplo. B. Selamento simples. C. teúdo pulpar. A. Fechamento em semicírculo. B. Barreira tênue de
Calcificação total da porção apical. tecido mineralizado.
Tratamento Endodôntico em Dentes com Rizogênese Incompleta 889

 HISTOPATOLOGIA DA REPARAÇÃO câmara coronária e radicular quando em contato com


hidróxido de cálcio. No entanto, na maioria dos casos,
Radiograficamente, o processo de reparo de den-
o crescimento da raiz se dá às expensas da deposição
tes com rizogênese incompleta tem sido caracterizado
de cemento12,17,18.
pelo aparecimento de substância radiopaca obstruindo
A maioria dos autores acredita que a bainha epite-
a abertura apical ou, então, por um crescimento apical,
lial de Hertwig é de importância básica na complemen-
após haver deposição de barreira de tecido duro.
tação apical e, apesar de outrora se admitir sua destrui-
É provável que o quadro morfológico do processo
ção pelas lesões perirradiculares, hoje se acredita que,
de reparo da região apical, de dentes com rizogênese
depois de um período de inatividade, ela pode se tor-
incompleta, deva manter estreitas relações com dife-
nar vital e reiniciar sua função, uma vez desaparecida a
rentes fatores, tais como: estágio de desenvolvimento
infecção2,51. Entretanto, autores que estudaram, em ní-
da raiz do dente; condições da polpa dentária e dos te-
vel histológico, o processo de reparação de dentes com
cidos perirradiculares, no momento da intervenção; e
rizogênese incompleta não observaram a presença da
substância utilizada como material obturador.
bainha de Hertwig, nada opinando sobre sua impor-
A reparação apical e perirradicular dos dentes
tância na complementação ou fechamento apical15.
com rizogênese incompleta pode ser assim efetuada:
Outros investigadores têm opinado que, melho-
radas as condições do periápice, a bainha epitelial de
• à custa de odontoblastos: quando alguns fragmen-
Hertwig pode continuar sua função com consequente
tos pulpares são preservados na região apical;
formação radicular. Porém, tem sido demonstrado que,
• à custa de papila dentária e bainha de Hertwig:
uma vez produzida a formação de abscesso, é pouca ou
quando preservadas, mesmo que desorganizada-
nula a atividade odontogênica posterior. O fechamen-
mente e na ausência de lesão perirradicular. Nesse
to do forame apical seria, então, o resultado de uma
caso, haverá células se diferenciando em odonto-
proliferação do tecido conjuntivo apical, com sua calci-
blastos para promover a formação de dentina;
ficação posterior, e não uma continuação da função da
• à custa de cementoblastos e células mesenquimais
bainha de Hertwig34.
indiferenciadas e jovens do ligamento periodontal,
Histologicamente é obscuro o mecanismo de com-
cuja diferenciação e atividade levam à produção de
plementação ou fechamento apical. Todavia, pode-se
matriz cementoide e osteoide para complementar a
afirmar que o básico e importante é que todo esse meca-
formação da raiz12.
nismo de reparação funciona nos dentes com rizogêne-
se incompleta, desde que não haja micro-organismos,
Entretanto, deve-se ressaltar que há duas corren-
toxinas, nem substâncias estranhas que hostilizem ou
tes com relação ao fenômeno biológico do processo
perturbem o tecido da região apical ou perirradicular
de reparo da região apical de dentes com rizogenêse
e que o canal esteja devidamente preenchido com um
incompleta: não é a colocação de uma substância no
material obturador.
interior do canal radicular que irá estimular ou desper-
tar a memória genética das células e provocar o desen-
volvimento ou fechamento apical. O processo de re-  REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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890 Capítulo 24  Tratamento Endodôntico em Dentes com Rizogênese Incompleta

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