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CARIOLOGIA E PREVENÇÃO EM

ODONTOPEDIATRIA
CONCEITOS INICIAIS

CARIOLOGIA
Cárie
Dentária

Doença Sinais Sintomas

Prevenção Controle Tratamento

Bonecker et al, 2010


CONCEITOS INICIAIS

Origem
infecciosa Multifa
-torial

CÁRIE
Progressão
DENTÁRIA
lenta
Crônica

Caufield, 1997; Caulfield et al, 2005


INTRODUÇÃO

Doença crônica mais comum na infância

PH neutro- incorporação de íon cálcio e fosfato pelo esmalte

Ph ácido- 5,3 a 5,5 meio subsaturado em relação aos minerais


CÔRREA, 2017
CONCEITOS INICIAIS

Des/remineralização

DESMINERALIZAÇÃO

Perda mineral

Cavitação
CONCEITOS INICIAIS

Doença Lesões de
cárie cárie
• Condição crônica • Sinais do desequilíbrio
• Desequilíbrio entre as • Predominância da
constantes trocas perda de minerais do
minerais entre os esmalte e da dentina
tecidos dentários e o
meio fluido bucal
Caulfield et al, 2005; Pitts, 2004
Featherstone, 2004
CONCEITOS INICIAIS

As lesões de cárie podem ser classificadas em uma

escala que inclui desde perdas minerais em nível

molecular até a destruição total do dente.

O momento a partir do qual a perda mineral é

considerada lesão depende do tipo de avaliação.

Pitts, 2004
CONCEITOS INICIAIS

Lesão não-cavitada em esmalte (mancha branca) –


Primeira manifestação clínica visível da perda de
minerais do esmalte

• A lesão não é considerada por ser passível de reversão


Epidemio
-logista

Bioquí • A lesão passa a existir a partir de alterações moleculares


-mico
• A lesão é considerada a partir do momento em que as
manifestações são possíveis de ser detectadas visualmente ou
Clínico por métodos auxiliares convencionais

Bonecker et al, 2010


ETIOPATOGENIA
ETIOPATOGENIA

Uma das mais importantes características da


doença cárie é seu fator multifatorial

TEMPO
HOSPEDEIRO
CÁRIE

MICROBIOTA SUBSTRATO

Tríade de Keyes (1962)


ETIOPATOGENIA
O conhecimento atual permite relacionar uma série de
outros fatores biológicos, químicos e sociais à etiologia
da doença

Classe social

Secreçã0 salivar

Educa- Atitu-
Flúor Biofilme Dente Dieta
ção de
Tempo
Composição salivar

Comportamento

Adaptado de Fejerskov, Manji (1990)


HOSPEDEIRO

• Dentes - morfologia, tempo de irrupção


• Saliva- função protetora
• Remoção e neutralização de ácidos capacidade tampão- íons
bicarbonato e íons fosfato
• Maturação pós-eruptiva- conato com a saliva adquire íons , mais
mineralizado
• Formação da película adquirida- barreira no esmalte
• Função antibacteriana- agentes antimicrobianos, lisozima,
lactoferrina, lactoperoxidase
BIOFILME DENTAL

Matriz extracelular composta por


glicoproteínas e polissacarídeos que
envolvem colônias bacterianas

CÔRREA, 2017
ETIOPATOGENIA

Biofilme
dental
Complexidade
e diversidade
da microbiota
da cavidade
bucal
300 espécies de
microrganismos
ETIOPATOGENIA

Expostos a

Biofilme Matriz Fontes


dentário extra- de
celular água e
nutriente

É constituído por Imersos em uma

Comunidades Superfície
de dentária
microrganismos
Aderidos à

Marsh e Bradshaw, 1995


FLORA

• Streptococus mutans
• S .mutans e S. sobrinus
ETIOPATOGENIA

O estabelecimento dessas bactérias na cavidade


bucal só ocorre a partir da irrupção dos dentes
decíduos.

❑ A mãe é considerada a principal fonte de


transmissão de microrganismos
cariogênicos;
❑ O principal veículo de transmissão entre
a mãe e o bebê é a saliva.

Estudos confirmam que a criança apresenta


microrganismos com a mesma carga genética da mãe.
ETIOPATOGENIA

Janela de infectividade:

➢ São os momentos de maior suscetibilidade para contaminação


por microrganismos cariogênicos.

Primeira janela Segunda janela


• Primeiros e • Primeiros molares
segundos molares permanentes
decíduos
SUBSTRATO (DIETA)

• Nutrição
• Dieta
• Sacarose
• Metabolismo da sacarose
• Produção de ácidos
• Cariogenicidade e propriedade física dos alimentos
TEMPO

• tempo biofilme espesso tempo ph baixo

• Após 3 dias de depósito – queda mais pronunciada

GUEDES-PINTO,2016
ASPECTOS CLÍNICOS E HISTOPATOLÓGICOS

Lesão de cárie inicial –esmalte


• Zona superficial
• Corpo da lesão
• Zona escura
• Zona translúcida

GUEDES-PINTO,2016
LESÃO DE CÁRIE EM DENTINA

Lesão de cárie em dentina


• Zona de esclerose dentinária
• Zona de desmineralização profunda
• Zona de invasão bacteriana
• Zona de desmineralização superficial ou avançada
• Zona de destruição

GUEDES-PINTO,2016
DIAGNÓSTICO DE CÁRIE
DENTÁRIA
DIAGNÓSTICO DE CÁRIE DENTÁRIA

O processo de diagnóstico requer a avaliação dos fatores


envolvidos na etiologia da doença, especialmente ligados
ao comportamento do indivíduo com relação a:

Todos os fatores que possam interferir no


desenvolvimento ou na evolução da condição

Bonecker et al, 2010


DIAGNÓSTICO DE CÁRIE DENTÁRIA

Higiene bucal

O quê? Como?
Presença de placa Exame clínico: índices de
(biofilme) visível placa
Sangramento gengival Exame clínico: índice de
sangramento gengival
Instrumentos utilizados Solicitação para que a
criança traga sua escova
de dentes, fio dental e
dentifrício
DIAGNÓSTICO DE CÁRIE DENTÁRIA

Dieta

O quê? Como?

Composição

Frequência Relatório da dieta: Diário


alimentar
Horários de consumo
DIAGNÓSTICO DE CÁRIE DENTÁRIA

Diário
alimentar de
05 dias

Diário
alimentar de
03 dias

Recordatório
de 24 horas
DIAGNÓSTICO DE CÁRIE DENTÁRIA

Comportamento

O quê? Como?

Uso de medicamentos

Exposição a fluoretos Questionário de saúde,


anamnese, conversa
informal
Valorização da saúde
DIAGNÓSTICO DE CÁRIE DENTÁRIA

ETAPAS INFORMAÇÕES
Anamnese História médica; Fatores
socioeconômicos; Uso de
medicamentos
Hábitos de Higiene Índice de placa, Índice de
sangramento gengival; Instrumentos
utilizados
Hábitos dietéticos Alimentos e guloseimas; Horário de
consumo; Frequência de consumo
Exames clínicoeeradiográfico
Exames clínico radiográfico Presença de lesões e restaurações;
Atividade das lesões
Exames complementares Fluxo salivar; Contagem de
microrganismos

Bonecker et al, 2010


DIAGNÓSTICO DE CÁRIE DENTÁRIA

Exame visual

Limpeza Secagem

- Escovas
-Taças de borracha
-Escova dental
Ekstrand, 2004
DIAGNÓSTICO DE CÁRIE DENTÁRIA

Exame radiográfico

As lesões em superfícies
oclusais são de difícil
detecção clínica (exame
visual) em razão da
própria morfologia da
superfície e também do
peculiar padrão de
progressão da lesão em
superfícies oclusais
Yassin, 1995;
Verdonschot et al,1999
DIAGNÓSTICO DE CÁRIE DENTÁRIA

Exame radiográfico

A técnica interproximal
é um importante auxiliar
ao exame visual para
identificar lesões em
superfícies proximais e
para estimar a
profundidade das lesões
em superfícies oclusais

Hopcraft e Morgan, 2005


LESÕES DE CÁRIE DENTÁRIA

Características clínicas da lesão e sua atividade


LESÃO CARACTERÍSTICAS ATIVIDADE
ESMALTE Coloração esbranquiçada; Ativa
Superfície opaca e rugosa

Coloração esbranquiçada Inativa


ou pigmentada; Superfície
lisa e brilhante

DENTINA Coloração amarelada, Ativa


alaranjada; Tecido
amolecido
Coloração amarronzada, Inativa
enegrecida; Tecido duro
LESÕES DE CÁRIE DENTÁRIA

CÁRIE DE ESMALTE
ATIVA

CÁRIE DE ESMALTE
INATIVA
LESÕES DE CÁRIE DENTÁRIA

CÁRIE DE DENTINA
ATIVA

CÁRIE DE DENTINA
INATIVA
ICDAS
International Caries Detection and
Assessmet System

IMPARATO,2013
Lesão ativa- tratamento
não operatório

Lesão ativa- tratamento


não operatório ou
operatório

Lesão ativa- tratamento


operatório

IMPARATO,2013
CÁRIE SEVERA DA INFÂNCIA
CÁRIE SEVERA DA INFÂNCIA

DEFINIÇÃO

A American Academy of Pediatric Dentistry (AAPD) classifica cárie

precoce na infância (CPI) como a presença de um ou mais dentes

decíduos cariados (lesões cavitadas ou não), perdidos (devido à cárie) ou

restaurados antes dos 71 meses de idade. Para crianças de até 3 anos,

qualquer sinal de cárie em superfície lisa é considerado severe early

childhood caries – cárie severa na infância (CSI) CAMARGO et al, 2018


CÁRIE SEVERA DA INFÂNCIA

Constitui-se em uma doença única da infância, por ser a


doença mais comum que não é auto-limitante, ou seja, a intervenção
profissional é necessária para o controle.

À medida que o tratamento para a CSI atrasa, a condição da


criança piora, aumenta a dificuldade prevista para o atendimento, os
custos aumentam e o número de profissionais que podem realizar os
procedimentos mais complexos diminui.

Vargas; Ronzio, 2006


CÁRIE SEVERA DA INFÂNCIA

GRAVIDADE

A presença de uma ou mais superfícies lisas, nos incisivos

superiores, com cavitação, restauração, ou ainda, perda do

elemento dentário, é classificada como Cárie Severa da Infância “

Drury et al, 1999


CÁRIE SEVERA DA INFÂNCIA
CÁRIE SEVERA DA INFÂNCIA

ETIOLOGIA

Doença fortemente ligada à influência de fatores

comportamentais, com ênfase para a participação da

dieta no processo cariogênico.

Newbrun, 1988.
CÁRIE SEVERA DA INFÂNCIA

ETIOLOGIA
CÁRIE SEVERA DA INFÂNCIA

IDENTIFICAÇÃO DOS FATORES DE RISCO

A identificação de fatores, como a dieta, pode

diminuir a prevalência da doença, que causa dor e

sofrimento às crianças, bem como prevenir o

estabelecimento da doença na dentição permanente.


Chibinski e Wambier, 2005.
CÁRIE SEVERA DA INFÂNCIA
CÁRIE SEVERA DA INFÂNCIA
CÁRIE SEVERA DA INFÂNCIA

TRATAMENTO

• Educação e orientação da família


• Exodontia
• Tratamento pulpar
• Restauração
• Instrução e adequação da higiene bucal
• Fluorterapia
• Reabilitação estética e funcional
Importância do
diagnóstico completo da
doença e da lesão para
permitir tomadas de
decisão acertadas com
relação às possíveis
abordagens terapêuticas
disponíveis.

Bonecker et al, 2010


A investigação cuidadosa
de fatores biológicos,
sociais e comportamentais,
aliada à associação de
métodos de identificação
de lesões, em especial a
inspeção visual e o exame
radiográfico, comumente
disponíveis e ainda efetivo
aos propósitos a que se
propõe, se faz necessária.

Bonecker et al, 2010


São necessárias a formação de
profissionais voltados à
prevenção das doenças da
cavidade oral e, sobretudo, a
conscientização dos
pais quanto aos cuidados,
desde o primeiro ano de
vida da criança, com
higienização, aleitamento e
dieta, a fim de reduzir a
incidência da cárie dentária e
manter o estado de saúde até
a idade adulta.
CAMARGO et al, 2018

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