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M A G A Z I N E

PRIVACIDADE EM FOCO
COMITÊ DE PROTEÇÃO E PRIVACIDADE DE DADOS DA ANACO

A LGPD E A SENTENÇA
DO DATAPREV EM
R$500 MILHÕES:
Uma Análise da Jurisprudência
em Defesa dos Dados Pessoais

WWW.ANACOBRASIL.COM.BR
O caso do vazamento de dados de
beneficiários do Programa Auxílio Brasil
trouxe à tona diversas questões
pertinentes relacionadas à proteção de
dados no Brasil. Esta situação, além de
explicitar os perigos do manejo
inadequado de informações sensíveis,
demonstrou como o Judiciário brasileiro
(em partes) está posicionado em relação
à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD)
e as responsabilidades inerentes à
mesma.

SOBRE A DEFINIÇÃO DA
SENTENÇA
A sentença apontou um vazamento
significativo de dados, incluindo
informações como endereço, número de
celular, data de nascimento, e outros
registros. Mais preocupante ainda, o
vazamento foi associado a tentativas de
manipulação eleitoral, ampliando a
gravidade do incidente. A decisão
judicial, embasada em um corpo robusto
de evidências e testemunhos, reiterou a
responsabilidade das entidades
envolvidas - DATAPREV, CEF, e União
AUTOR: PETERSON BATISTA Federal - em proteger tais dados.

Comitê de Proteção e Privacidade da Anaco Uma coisa bastante importante a


salientar nesta situação, é que a Caixa
Econômica Federal (CEF) é uma
EMPRESA pública e com fins
econômicos, portanto não se isenta das
sanções pecuniárias (multas).
FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA
A sentença se apoia fortemente em várias
disposições legais:

1 - Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD)


- Lei nº 13.709/2018: A LGPD, que tem por
objetivo proteger os direitos fundamentais
de liberdade e de privacidade, foi um pilar
central na decisão. Especificamente, o art.
38 da LGPD, que exige que controladores
de dados preparem relatórios de impacto à
proteção de dados pessoais, foi
referenciado como um mecanismo de
garantir a integridade e segurança dos
dados processados.

2 - Código de Defesa do Consumidor e


Marco Civil da Internet: A sentença
3 - Lei da Ação Civil Pública - Lei n. também levou em consideração o dano
7.347/1985: A isenção de honorários coletivo, baseando-se no art. 6º, VI, do
advocatícios, conforme mencionado no art. Código de Defesa do Consumidor e no art.
18 desta lei, também foi aplicada, 12, inc. II, do Marco Civil da Internet. Estas
demonstrando a importância de incentivar leis reforçam os direitos dos consumidores
ações de interesse público. e usuários da internet, especialmente
quando sujeitos a práticas ilícitas.
REFLEXOS NA ATUAL SITUAÇÃO
DA LGPD NO BRASIL
A sentença é um claro reflexo de como o
Brasil, através de seu sistema judiciário, está
tratando questões relacionadas à LGPD. A
decisão demonstrou:

a) Rigor na Aplicação da LGPD: As entidades


que falharem em proteger os dados pessoais
dos cidadãos podem enfrentar severas
penalidades, inclusive financeiras (sendo elas
públicas ou privadas, pessoas naturais ou
pessoas jurídicas).
b) Valorização da Privacidade dos Cidadãos: A
gravidade da sentença sublinha a importância da
privacidade e proteção de dados no cenário jurídico
brasileiro (lembrando que é um direito garantido pela
Constituição Federal, nossa carta magna, que
nenhuma outra lei pode estar acima ou subjugar).

c) Responsabilização de Entidades: Não basta


apenas cumprir a lei no papel. As entidades devem
garantir a segurança dos dados em prática
(evidenciando as medidas técnicas e administrativas
adotadas), sob pena de serem responsabilizadas.

No contexto da sentença fornecida sobre o


vazamento de dados do Programa Auxílio Brasil, a
Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD)
desempenha um papel crucial como órgão
regulatório, fiscalizador e consultivo.

O QUE ACONTECEU
COM A ANPD:
A ANPD foi mencionada no
contexto do vazamento por ser
o órgão regulatório incumbido
de tutelar, implementar e
fiscalizar o cumprimento das
normas de proteção e sigilo de
dados. Na prática, a ANPD atua
como uma entidade supervisora DECISÃO EM RELAÇÃO À ANPD E
e orientadora na aplicação da
Lei Geral de Proteção de Dados
BASE LEGAL:
(LGPD) no Brasil. Não foi especificado que a ANPD tenha cometido
alguma falha ou tenha sido o agente do vazamento.
Porém, diante da sua função regulatória e
supervisora, é de se esperar que a ANPD tome
medidas consequentes ao vazamento, estabelecendo
diretrizes para evitar futuros incidentes e
assegurando que os infratores sejam
responsabilizados, o que não aconteceu até o
momento.
A base legal para a atuação e
responsabilidades da ANPD é a própria
LGPD (Lei nº 13.709/2018). A lei
estabelece a ANPD como autoridade
responsável por zelar, implementar e
fiscalizar o cumprimento da LGPD em todo
o território nacional.

Embora a sentença não estipule uma


penalização direta à ANPD, a existência e
menção do órgão reforça a sua
importância na estrutura de proteção de
dados do país. A expectativa é que, após
incidentes como esse, a ANPD intensifique
seus esforços de supervisão e orientação
para prevenir futuros vazamentos e
garantir a devida aplicação da LGPD.

Em conclusão, a sentença proferida no


caso do vazamento de dados do
Programa Auxílio Brasil solidifica a
posição do Brasil em prol da proteção de
dados pessoais. É uma clara mensagem
de que a privacidade dos cidadãos é uma
prioridade e que violações à LGPD terão
consequências significativas.

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