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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE DOIS VIZINHOS


Vara Cível e Anexos
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DECISÃO

Vistos até o mov. 50.0.


1. Vieram os autos conclusos em razão do contido no item 48.1. Pois
bem.
Assevera a jurisprudência que: “os honorários periciais devem ser
fixados em patamares razoáveis e proporcionais no que diz respeito ao objeto da
perícia, tanto em face do trabalho a ser executado, quanto ao proveito econômico
que se almeja na ação, não podendo se mostrar como fator de inviabilidade da
prova”. (TJPR - 11ª C.Cível - AI 818772-2 - Foro Central da Comarca da Região
Metropolitana de Curitiba - Rel.: Gamaliel Seme Scaff - Unânime - J. 07.12.2011).
Também, sabe-se que os honorários periciais devem ser fixados tendo
como base o zelo profissional; o lugar da prestação do serviço; a natureza e a
complexidade do trabalho a ser desenvolvido; e o tempo exigido para sua
finalização.
A tabela anexa à Resolução nº 232/2016, do Conselho Nacional de
Justiça, estabelece o importe de R$370,00 (trezentos e setenta reais) para a
remuneração do perito médico em processo cuja parte seja beneficiária da
gratuidade. Já o artigo 2º, §4º, da mesma Resolução, dispõe que: “o juiz, ao fixar os
honorários, poderá ultrapassar o limite fixado na tabela em até 5 (cinco) vezes,
desde que de forma fundamentada”.
Portanto, para que se chegue a um valor justo, deve-se verificar se há
proporcionalidade entre a atividade a ser realizada e a remuneração proposta pelo
expert, cabendo ao juízo dirimir eventual controvérsia, aumentando ou reduzindo a
verba, se assim se mostrar necessário.
No caso, entendo que a proposição emanada pelo perito se mostra
excessiva se considerado o objeto da prova e os pontos controvertidos.
É porque, a perícia não se mostra com complexidade exacerbada,
visto que o objeto do trabalho é a identificação de possíveis
traumas/fraturas/sequelas ortopédicas que, em tese, causaram incapacidade ao
trabalho (ou que derivam deste), se amoldando a perícia ao que os demais peritos já
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desenvolvem em feitos semelhantes nesta Vara e na Vara de Competência


Delegada deste Juízo.
Assim, com base no princípio da proporcionalidade, com base na
Resolução citada do CNJ, com base na complexidade da perícia e com base nos
quesitos unificados da Recomendação Conjunta n. 1 de 2015 do CNJ, arbitro os
honorários periciais no quantum de R$ 500,00, que já engloba a correção monetária
prevista na Resolução nº 232/2016 do CNJ.
1.1. Intime-se às partes e o perito do presente arbitramento.
1.2. Caso haja discordância, haverá substituição, devendo a escrivania
diligenciar até encontrar perito que aceite, nos termos da presente decisão.
2. Em caso de aceite do perito, deverá agendar data para a realização
da perícia, comunicando este Juízo e as partes com antecedência mínima de 30
(trinta) dias.
2.1. Encerrada a perícia, o expert terá o prazo máximo de 30 (trinta)
dias para a entrega do laudo, contados da data informada para o início dos trabalhos
periciais.
2.2. Com a juntada do laudo, intimem-se as partes para manifestação,
pelo prazo de 15 (quinze) dias.
3. Após, cientes as partes dos pontos que restaram incontroversos,
decorrente da apresentação de resposta, esclareçam, no prazo de 15 dias, as provas
que efetivamente pretendem produzir, explicando sua relevância e pertinência, sob
pena de indeferimento.
Na mesma oportunidade, e diante da nova previsão normativa que
alarga o conteúdo da decisão de saneamento e organização (art. 357/CPC) promova
também a delimitação das questões de fato sobre as quais recairá a prova, com o
apontamento dos meios de prova específicos para cada fato, além do apontamento
do ônus que entende recair sobre cada parte, para cada fato.
Ainda, apresente as questões de direito relevantes para o mérito, com
as teses debatidas, apresentando, objetivamente, os argumentos que entendem
compreendidos no que dispõe o art. 489, IV do CPC, bem como os precedentes ou
enunciados de súmula que quer ver aplicado.
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Desde já ficam as partes esclarecidas de que o não apontamento dos


itens acima militam como indicativo de que entende não ser essencial o
pronunciamento judicial expressamente sobre ele (art. 489, IV do CPC).
Esclareçam, por fim, se pretendem a designação de audiência de
conciliação, ou para organização conjunta do feito ou apresentem, em petição
conjunta, saneamento consensual.
4. Cumprido o contido nos itens supra, voltem conclusos.
5. Intimações e diligências necessárias.
Dois Vizinhos/PR, datado e assinado digitalmente.
MICHELI FRANZONI
Juíza de Direito

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