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CINEMA E AUDIOVISUAL
Foz do Iguaçu
2020
"A TV, como a conhecemos, está morrendo” declarou, recentemente, um amigo, ao
constatar que as formas de assistir à televisão têm se tornado cada vez mais versáteis. Esse
movimento, propiciado pela popularização da Internet e a proliferação de dispositivos
eletrônicos, como os celulares, tablets, notebooks, etc. – itens indispensáveis na vida
pós-moderna – possibilitam o acesso de um mesmo conteúdo midiático em diferentes
mecanismos. Nesse sentido, as novelas, o produto audiovisual mais explorado e consumido da
televisão brasileira, podem ser assistidas a qualquer momento do dia pelos seus espectadores,
o que significa que essas pessoas não encontram-se mais atadas a uma programação linear de
um canal de TV. Essa autonomia, consequência de um desenvolvimento tecnológico em
constante processo, pode ser interpretada como um dos indícios mais aparentes de que a
hegemonia da televisão está ameaçada, o que não quer dizer que sua existência será extinta.
Para Henry Jenkins (2008), estudioso dos meios de comunicação, os meios antigos não estão
sendo substituídos mas tendo suas funções transformadas pelas novas tecnologias. Atentos a
isso, empresas como o Grupo Globo, maior conglomerado de comunicação da América Latina
e segunda maior emissora do mundo, apostam na convergência entre mídias para manter o
público interessado. Para a cineasta e dramaturga Rosane Svartman (2016), doutora em
Comunicação/Cinema pela Universidade Federal Fluminense (UFF), é inviável pensar em
televisão atualmente sem considerar a convergência entre mídias. Jenkins compreende o
termo “convergência” como:
Devido ao sucesso das temporadas, a dupla Svartman e Halm foi promovida para o
horário das 19 horas. Entretanto, a autora não abriu mão de inserir narrativas e/ou
personagens que poderiam gerar ações transmidiáticas para a emissora. “Totalmente Demais”
(2015/2016), que girava em torno de um concurso de beleza para encontrar uma new face com
características de uma “menina do lado”, como a protagonista da obra de Alberto Salvá, teve
diversas execuções interessantes. A primeira foi a produção de um “capítulo zero”, anterior ao
primeiro, postado no Globoplay e no perfil oficial da Globo no YouTube. Outra, tratava-se do
site da fictícia revista “Totalmente D+”, na história a responsável por promover a competição
que leva o mesmo título da trama, onde eram postados conteúdos exclusivos sobre os
bastidores do concurso. Ainda na novela, a personagem Lu, uma blogueira vivida pela atriz
Julianne Trevisol, possuía um Instagram bombado sobre dicas de beleza e moda. O perfil da
personagem, de fato, existia na rede social, gerando engajamento e interatividade. Por fim, a
produção de um spin-off sobre um dos núcleos mais benquistos da novela, exibida no
streaming da emissora. “Bom Sucesso” (2019/2020), trabalho seguinte de Svartman,
considerado um fenômeno do horário por obter críticas positivas e os melhores índices de
audiência desde “Cheias de Charme” (2012), também apresentou ações transmidiáticas, ainda
que menores quando comparadas com “Totalmente Demais”. A trama calcada na literatura
tinha como protagonista o personagem Alberto Prado Monteiro, interpretado por Antônio
Fagundes, um moribundo dono de uma editora em crise. Devido ao sucesso do personagem,
que lia trechos de livros para a sua acompanhante Paloma da Silva, vivida por Grazi
Massafera, um poadcast c hamado “Clube do Livro”, apresentado por Fagundes, foi lançado
no site de entretenimento da Globo, reproduzindo o louros que a trama conquistava
diariamente no ar.
Não é somente na TV que Svartman aposta em narrativas transmídias. Antes mesmo
de “Malhação – Intensa como a vida”, a cineasta colocou a cultura da convergência em
prática no longa-metragem “Desenrola” (2010), de sua autoria e direção. O filme, que nasceu
de uma websérie e durante o seu processo também se viu no formato de jogos interativos,
transformou-se em livro, publicado anos depois do lançamento do longa nos cinemas. Essa
experiência, claramente, impactou Svartman, que levou para a televisão medidas que, hoje,
são tomadas pela própria emissora, no caso, a Globo. As emissoras de TV já encaram grandes
desafios para manter o público ainda cativo, e, no geral, buscam medidas para acompanhar o
ritmo das novas tecnologias que a cultura da convergência traz. Afinal de contas, como reflete
Jenkins (2008), os velhos e novos meios de comunicação devem convergir entre si e não
competir ou promover o fim um do outro. O rádio e a televisão são exemplos disso.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GSHOW. A história das histórias que a gente conta. Disponível em: <
https://gshow.globo.com/ > Acesso em: 16 de dezembro de 2020.