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Violencia Doméstica
Violencia Doméstica
Catarina Neves
Casa de Abrigo para homens
20.04.2023
Violência
Números; Definições e construtos
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02/05/2023
É o crime mais participado em Portugal, de acordo com dados do RASI 2021 e 2022:
Em 2020, os OPC registaram 27619 denúncias relativas ao crime de VD
Em 2021 foram registadas 26511 ocorrências relacionadas com o crime de VD
Em 2022 foram registadas 30488 participações (+3968 casos, correspondendo a um aumento de
15%)
Trata-se, em média, de 2.540 participações por mês, 84 por dia, mais três por hora.
Em 2021, a APAV recebeu 19846 pedidos de apoio por parte de VVD/Em 2022 foram
1684 (+7,7%)
Acolhimentos:
Acolhimentos 2020 2021 2022
Mulheres 1716 2877 3254
Crianças 1317 1421 2909
Homens 66 72
2
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RASI 9050 – 25% das vítimas 8937 – 25.1% das vítimas 11167 – 27.6% das vítimas
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02/05/2023
Violência
Violência - qualquer forma de uso intencional da força, coação ou intimidação contra terceiro –
pessoa ou objeto.
“Violência” ≠ “Crime”
Tipologia da violência
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02/05/2023
Trabalho prático
Leitura do texto
Resposta a questionário
Discussão
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02/05/2023
História de Luís….
Luís casou com Joana quando tinha 21 anos após cerca de 1 ano e meio de namoro.
Os primeiros problemas surgiram ainda durante o período de namoro mas o Luís foi
desvalorizando os mesmos devido ao facto da sua companheira ser oriunda de uma família onde
havia muita violência e maus tratos entre os pais.
Antes do namoro a Joana já tinha efectuado diversos tratamentos médicos devido ao fato de
apresentar alterações comportamentais e emocionais e inclusive já tinha estado internada no
serviço de psiquiatria.
Após o casamento os primeiros dois anos correram bastante bem mas os problemas surgiram
quando o casal pensou em engravidar. Nesta altura as discussões eram frequentes e a Joana
começou a apresentar comportamentos agressivos e controladores. O Luís acabava por desculpar
porque a seguir a Joana ficava muito meiga com ele e ele percebia que ela estava a sofrer muito
com o fato de não conseguir engravidar.
Iniciaram tratamentos de fertilidade mas o relacionamento entre o casal agrava-se cada vez mais,
embora o Luís continuasse a atribuir todos os acontecimentos ao período de stress que estavam a
vivenciar. Entretanto surgiu a ideia de se inscreverem para adoção mas a Joana acabou por
engravidar naturalmente, acontecimento que foi vivenciado pelo casal com grande alegria.
História de Luís
Após mais um período de desemprego acabou por integrar uma empresa de reboques automóveis mas
a situação repetia-se. Houve uma vez que a esposa foi insultar uma cliente a quem o Luís estava a
rebocar um carro após um acidente.
Entretanto a Joana engravidou novamente mas teve um aborto espontâneo. Sofreu bastante e o Luís
esteve sempre a apoiá-la. Tinha muita pena dela e acabava por perdoá-la de tudo.
Após algum tempo, surgiu nova gravidez mas era uma gravidez de risco e teve de ser realizada uma
amniocintése. O resultado demorou um mês a vir e durante esse período a Joana não conseguia
dormir, alimentar-se ou trabalhar. O Luís mais uma vez esteve sempre ao seu lado e apoiá-la.
Entretanto a filha nasceu. O comportamento da Joana foi se mantendo mas o Luís foi obrigado a ir
trabalhar para o estrangeiro uma vez que o casal estava com muitas dívidas. Quando estava fora
enviava todo o dinheiro que conseguia para a esposa, certo de que a mesma iria proceder ao
pagamento das dívidas. Nos meses mais complicados, em que ele não conseguia enviar tanto dinheiro
como habitual, a esposa recusava-se a falar com ele ao telefone e desligava-lhe constantemente o
telefone. Também não permitia que ele falasse com os filhos. E houve várias vezes em que ele chegou
a casa para passar férias mas a esposa não deixava que ele entrasse em casa, pelo que tinha de ficar
alguns dias em casa de familiares até a esposa se decidir a deixá-lo entrar. Acabou por deixar o trabalho
no estrangeiro porque percebeu que a esposa gastava o dinheiro todo e continuavam com as dívidas
todas por pagar. A situação só piorava com a sua ausência mesmo no que diz respeito aos cuidados que
a Joana prestava aos filhos.
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História de Luís…
O primeiro filho do casal nasceu e nessa altura os problemas entre o casal agravaram novamente. A Joana passou a
apresentar elevada desconfiança em relação ao Luís, perseguia-o e controlova-o. Ia espiá-lo ao trabalho, queria
saber com quem ele andava a falar e se soubesse que ele tinha falado com algum elemento do sexo feminino fazia
“cenas” estivesse onde estivesse e recusava manter relações sexuais com ele meses a fio, para o “castigar”. Para
evitar problemas, o Luís evitava falar com outras mulheres, ia para casa logo que saía do trabalho e não aceitava
horas extra. Acabou despedido do emprego.
Quando ficou desempregado a situação não melhorou porque surgiram os problemas económicos. A Joana sempre
teve alguma dificuldade em gerir a economia familiar mas exigia que o Luís lhe entregasse o seu salário por
completo. Ele cedia para evitar chatices mas quando ficou desempregado percebeu que a sua situação económica
era muito vulnerável.
Sentiu-se obrigado a aceitar o primeiro emprego que surgiu, embora o mesmo não o realizasse profissionalmente.
Contudo, também este trabalho sofreu interferência dos problemas gerados pelo comportamento da Joana. Houve
uma altura em que o patrão tentou contactar com o Luís mas não conseguia. Tratava-se de uma situação urgente e
o patrão fez imensas tentativas de contacto com o funcionário sem que este nunca tivesse respondido. Ao analisar
a situação perceberam que a Joana havia desviado as chamadas do telefone do Luís para o seu, de forma a poder
controlar todos os seus movimentos. Houve outra altura em que ela instalou uma aplicação que gravava os
telefonemas que o Luís fazia e depois diariamente tirava-lhe o telemóvel para poder ouvir as gravações. Além disso,
a Joana perseguia o Luís de carro quando este andava com o carro da empresa, por vezes durante dias inteiros. Por
tudo isto acabou novamente por ser despedido.
História de Luís…
Apesar da situação estar muito complicada, o Luís ia aceitando tudo isto porque não queria ter problemas com a
esposa. Esta tinha problemas e conflitos com toda a sua família, não falava com a sua própria mãe e com os
vizinhos.
Houve alturas em que a esposa o obrigava a ter relações sexuais 2 e 3 vezes por dia, para garantir que ele não
conseguia ter relações extraconjugais. Se ele recusasse, já sabia que a sua vida não seria fácil nas próximas
semanas.
A primeira agressão física ocorreu quando estavam casados há cerca de 10 anos. A partir dessa data as agressões
físicas passaram a ser regulares. Quando era agredido tentava fugir. Não se tentava defender por receio de magoar
a esposa ao fazê-lo e de que esta pudesse ficar com marcas físicas, sendo que nesse caso poderia ser ele acusado
de ser agressivo para ela. Também tentava não “levantar ondas”, pensou várias vezes em sair de casa e em fazer
denúncia mas sabia que, por ser homem, dificilmente seria validado pela polícia e pelos serviços. Sabia também
que num processo de regulação de responsabilidades parentais dificilmente ficaria com a guarda dos filhos, a quem
amava profundamente e a quem sentia necessidade de proteger.
A sogra do Luís faleceu há 3 anos e a partir dessa altura a situação tornou-se insustentável. A Joana passou a
agredir o Luís com grande frequência e chegou mesmo a bater-lhe violentamente com uma vassoura na rua e em
frente aos vizinhos que acabaram por chamar as entidades policiais. A polícia tomou conta da ocorrência e fez uma
sinalização à CPCJ que iniciou o acompanhamento aos filhos.
Nessa altura a esposa culpava-o constantemente da situação, humilhava-o e desprezava-o.
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História de Luís….
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02/05/2023
Questionário
Questionário
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Questionário
Questionário
Considera que a Joana deveria ser sujeita a medidas de coação? Que medida
considera mais adequada tendo em conta a avaliação do risco efectuada?
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02/05/2023
Violência doméstica
1 - Quem, de modo reiterado ou não, infligir maus tratos físicos ou psíquicos, incluindo castigos corporais,
privações da liberdade e ofensas sexuais:
a) Ao cônjuge ou ex-cônjuge;
b) A pessoa de outro ou do mesmo sexo com quem o agente mantenha ou tenha mantido uma relação de
namoro ou uma relação análoga à dos cônjuges, ainda que sem coabitação;
c) A progenitor de descendente comum em 1.º grau; ou
d) A pessoa particularmente indefesa, nomeadamente em razão da idade, deficiência, doença, gravidez
ou dependência económica, que com ele coabite
e) A menor que seja seu descendente ou de uma das pessoas referidas nas alíneas a), b) e c), ainda que
com ele não coabite;
Violência doméstica
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Violência doméstica
4 - Nos casos previstos nos números anteriores, podem ser aplicadas ao arguido as penas acessórias
de proibição de contacto com a vítima e de proibição de uso e porte de armas, pelo período de seis
meses a cinco anos, e de obrigação de frequência de programas específicos de prevenção da
violência doméstica.
Violência doméstica
5 - A pena acessória de proibição de contacto com a vítima deve incluir o afastamento da residência
ou do local de trabalho desta e o seu cumprimento deve ser fiscalizado por meios técnicos de
controlo à distância.
6 - Quem for condenado por crime previsto no presente artigo pode, atenta a concreta gravidade do
facto e a sua conexão com a função exercida pelo agente, ser inibido do exercício de
responsabilidades parentais, da tutela ou do exercício de medidas relativas a maior acompanhado
por um período de 1 a 10 anos.
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Tipos de violência
Violência física
Engloba os atos de agressão física.
Exemplos: bofetadas, pontapear, empurrar ou estrangular.
Tipos de violência
Violência sexual
Obrigar, coagir, ameaçar ou forçar a vítima a práticas sexuais contra sua vontade.
Violência económica
Privação do património, acesso às informações financeiras ou uso sem consentimento dos
recursos financeiros da vítima.
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“O marido tem direito ao corpo da mulher. Ela tem de receber o marido sempre que ele quiser”
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“Os homens são fortes, logo não podem ser vítimas de VD”
“As mulheres quando estão agressivas é porque os homens lhes fizeram mal”
“As mulheres são irritáveis por causa das hormonas e por isso às vezes descontrolam-se”
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Dinâmicas e processos
associados
Ciclo da violência
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Coação e Abuso
ameaças emocional
A manutenção do poder e do
controlo sob a vítima está na base
da relação conjugal violenta.
Abuso Poder e
Isolamento
económico controlo
Fazendo ou cumprindo ameaças no sentido de magoá-la, Desmoralizando-a, fazendo com que se sinta mal
ameaçando abandoná-la, suicidar-se, apresentar queixa consigo própria, chamando-lhe nomes, fazendo com
contra ela, obrigando a vítima a retirar as queixas, que a vítima se considere louca, utilizando jogos
obrigando a vítima a praticar atos ilegais mentais, humilhando a vítima e fazendo com que esta
se sinta culpada
Impedindo que a vítima procura ou mantenha, Controlando o que a vítima faz, com quem se
um emprego, dando-lhe uma mesada, encontra e fala, o que lê, onde vai, limitando as
retirando-lhe o dinheiro, não a informar dos suas atividades fora de casa, usando o ciúme
rendimentos familiares ou impedir-lhe o acesso para justificar as ações
aos mesmos
Tratando-a como uma criada, tomando todas as Minimizando o abuso, não levando a sério as
decisões importantes, agir como “um rei”, sendo o preocupações da vítima sobre o assunto, dizendo que o
único a definir o papel do homem e da mulher. abuso não aconteceu, transferindo a responsabilidade
pelo comportamento abusivo, dizendo que fi ela que
causou a situação
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Violência cruzada
Ocorre normalmente quando a vítima fica “saturada” da vitimação e passa a usar a violência como
estratégia de defesa/resposta.
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Perfis e características
psicossociais
Características do agressor
Antecedentes criminais;
Problemas relacionados com consumos;
Personalidade imatura ou impulsiva;
Perturbação ao nível da saúde mental e/ou física;
Antecedentes de maus tratos infantis ou presenciado violência conjugal na infância;
Dificuldades socioeconómicas.
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Características da vítima
Presença de vulnerabilidades;
Perturbação ao nível da saúde mental e/ou física;
Personalidade com características “dependentes”;
Fraca rede de suporte social;
Fraca autoestima com tendência a assumir culpa da situação;
Fraca capacidade de perspetiva para o futuro;
Dependência emocional do agressor;
Dificuldades socioeconómicas.
Negação
Culpa
Clarificação
Responsabilidade
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A ver….
Perspectiva do agressor:
https://www.youtube.com/watch?v=6uKcEXCfZAU
Perspectiva da vítima:
https://www.youtube.com/watch?v=lWQh45Ejy1w
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02/05/2023
Relação abusiva
Fatores explicativos para a sua manutenção
A manutenção da relação abusiva não é resultado de uma psicopatologia tipificada, mas sim de uma
complexidade de diferentes fatores:
Sociais
Interacionais
Económicos
Psicológicos
Psicopatológicos (por vezes)
Relação abusiva
Fatores explicativos para a sua manutenção
Dinâmicas que promovem a manutenção:
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Avaliação do Risco
Fatores de risco
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Fatores de risco
Fatores de proteção
Comportamento resiliente/autoajuda:
Postura ativa;
Autoeficácia;
Autoimagem positiva.
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Avalia-se também o risco iminente nos próximos 2 meses, para além dos 2 meses, risco de extrema
violência ou morte, e risco de intensificação da violência (previsão de surgimento ou aumento de
fatores de tensão: separação, desemprego, doença).
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02/05/2023
Processo crime
Processo crime
Etapas do processo:
Medidas de
Denúncia proteção à vítima Fase de inquérito Fase de instrução1 Julgamento Recurso2
e coação
Arquivamento Acusação
Liminar
Arquivamento
Suspensão do
1 facultativo processo
2 eventual
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02/05/2023
Processo crime
Denúncia
Processo crime
Denúncia
Pode ser efetuada pela vitima ou por qualquer cidadão que tenha conhecimento do evento, por se
tratar de um crime público.
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02/05/2023
Processo crime
Estatuto de vítima - Lei n.º Lei n.º 112/2009 de 16 de Setembro, alterada pelas
leis 130/2015, de 04 de Setembro e pela Lei 57/2021, de 16 de Agosto (Estatuto
de VVD para crianças que sejam vítimas de VD ou de exposição da VD)
Após a apresentação da denúncia, a entidade judicial (órgão de polícia criminal ou MP) deverá
atribuir o “Estatuto de Vítima”, caso aquela assim o deseje.
Processo crime
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02/05/2023
Processo crime
Medidas de coação
São medidas de restrição da liberdade aplicadas ao agressor, que podem ser aplicadas logo após a
denuncia ou após a acusação, quando se considera que existe:
Perigo de fuga;
Contaminação ou destruição de provas;
Continuação de atividade criminosa.
Processo crime
Medidas de coação
No crime de violência doméstica, as medidas de coação devem ser aplicadas no prazo máximo de
48 horas após a constituição do arguido:
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02/05/2023
Processo crime
Fase de inquérito
Fase obrigatória da investigação que se inicia sempre que há notícia da prática do crime. Pode
demorar semanas a meses, dependendo da quantidade de prova a recolher e complexidade da
investigação.
Processo crime
Fase de instrução
Fase facultativa que pode ser requerida pela vítima ou pelo agressor.
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02/05/2023
Processo crime
Fase de instrução
Como resultado desta fase é emitida a decisão instrutória (decisão do juiz) que tem como desfecho:
Despacho de pronúncia
(o processo avança para julgamento);
Processo crime
Fase de julgamento
Ocorre quando há acusação na fase de inquérito ou
despacho de pronuncia na fase de instrução.
Nesta fase, debate-se e apura-se a matéria de facto (i.e., saber o que se passou, produção de prova)
e discute-se a questão jurídica em sede de audiência.
Posteriormente é proferida uma decisão condenatória ou absolutória, que pode ser passível de
recurso.
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02/05/2023
Processo crime
Fase de recurso
Recorre-se de decisão que saiu do julgamento por não se concordar com a mesma ou com a pena
aplicada.
Pode ser requerida pelo Ministério Público, pela vítima (caso se tenha constituído assistente, no
caso dos crimes públicos ou nos crimes privados), ou pelo réu.
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02/05/2023
A prevalência da VRI contra os homens tem sido reportada por vários estudos
internacionais, que revelam que entre 25 % a 50 % das vítimas de VRI são
homens.
Cada vez mais homens reportam serem vítimas de VD. Neste momento cerca de
10% das denúncias são realizadas por homens.
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02/05/2023
Homicídios em contexto de VD
2020
Das vítimas, 27 foram mulheres, três homens e duas eram crianças (uma do sexo
masculino, outra do sexo feminino), de acordo com os dados disponibilizados
pela Polícia Judiciária, GNR e Procuradoria Geral da República.
Homicídios em contexto de VD
2021
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02/05/2023
Homicídios em contexto de VD
2022
Pela primeira vez em vários anos não há vítimas masculinas adultas, a registar.
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02/05/2023
Importância da correta
tipificação do crime de forma
a serem garantidos os
direitos das vítimas e o
conhecimento do fenómeno…
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02/05/2023
38
02/05/2023
E ainda…
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02/05/2023
Dezembro de 2022
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02/05/2023
Março de 2023
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02/05/2023
Pais/Padrastos
Mães/Madrastas
Irmãos
Filhos
Os homens não pedem ajuda para abandonar a relação e o fenómeno é pouco conhecido porque:
Não se percecionam como vítimas;
Vergonha;
Desconfiança do sistema de apoio;
Receio de não acreditarem na história;
Medo;
Estereótipos.
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02/05/2023
Escassez de informação
Ausência de campanhas inclusivas de prevenção/sensibilização/intervenção
Menor reconhecimento nos media e reduzida consciencialização pública – a
violência contra os homens não é encaradas como um problema sério
Esteriótipos sociais e papéis de género – masculinidade hegemónica
Os próprios homens – cultura do masculino
Tratamento diferencial pelo sistema de apoio de homens e mulheres vítimas
Falta de investimento e sistematização dos dados estatísticos acerca dos homens
vítimas
(APAV,2019)
Como são conotados como agressores ou como o “sexo forte”, sentem que serão tratados de forma
diferenciada e receiam ser desacreditados pelos serviços de apoio, familiares, ou policiais no auto
da denuncia.
Além disso, a feminização da violência doméstica contribuiu para a invisibilidade da violência contra
os homens:
Falta de reconhecimento do fenómeno pela sociedade;
Inexistência de redes de apoio;
Inexistência de campanhas de prevenção.
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02/05/2023
Ameaças;
Agressões psicológicas;
Abuso económico;
Intimidação;
Outing – casais homossexuais;
Revitimização….
https://www.youtube.com/watch?v=-htcQWATNwA
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02/05/2023
Intervenção
Intervenção
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02/05/2023
Saúde;
Emprego e formação;
Habitação;
Segurança Social;
Autonomia financeira;
…
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02/05/2023
O plano de segurança consiste num conjunto de orientações e estratégias que visam a promoção e
segurança da(s) vítima(s). Deve ser sempre realizada após a Avaliação de Risco.
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02/05/2023
Estratégias:
Identificar áreas da casa que possam ser seguras. Preferencialmente espaços abertos com saídas.
Evitar cozinha (acesso a armas);
Criar códigos de emergência com vizinhos (sinal, gesto, palavra, objetos à janela…);
Procurar ter dinheiro disponível e os documentos pessoais, caso seja necessário. (recorrer
transportes públicos para fuga);
Ter uma mala preparada com bens essenciais e documentos importantes para usar em caso de
fuga em situação de emergência.
Estratégias:
Andar sempre com o telemóvel e as chaves de casa e/ou do carro;
Proteger as zonas mais vulneráveis do corpo;
Instruir as crianças a pedir socorro/sair de casa no caso de ouvirem a vítima a pedir socorro;
Procurar um lugar seguro ou pedir auxilio a familiares ou amigos;
Pedir a vizinhos para telefonarem para as forças de segurança sempre que ouçam barulhos
suspeitos;
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02/05/2023
Estratégias:
Sair apenas quando a vítima sentir-se segura, preferencialmente quando o agressor não estiver
por perto;
Evitar locais previsíveis que o agressor possa conhecer (casa de familiares);
Preparar documentos importantes ou objetos que considere importantes.
Estratégias:
Guardar fotografias com conteúdo que possa ser utilizado como prova (ferimentos);
Procurar usar dinheiro em vez de cartões;
Alterar rotinas e percursos;
Evitar andar sozinho na rua;
Não deixar que pessoas não autorizadas possam ir buscar os filhos à escola;
Não revelar nova morada;
Ter atenção ao uso das redes sociais e o risco de ser localizado;
Certificar-se de que está sempre contactável e que existem sempre pessoas com conhecimento
do paradeiro/localização.
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Estabilização emocional
Escuta ativa;
Validação dos receios da vítima;
Intervenção sobre a sintomatologia apresentada em consequência direta do trauma;
Promoção do bem-estar e da segurança da vítima;
Promoção da segurança das vítimas secundárias ou indiretas;
Explicação do ciclo da violência e da dinâmica do poder e controlo;
Explicação dos fatores de manutenção;
Psicoeducação acerca do desenrolar do processo crime
e possíveis desfechos do mesmo.
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02/05/2023
Ser vítima de violência doméstica mesmo que sem apresentação formal de denúncia;
Ser do sexo masculino;
Aceitar, de forma livre e devidamente expressa, as regras do Regulamento Interno
(descritas de forma resumida no documento com os Direitos e Deveres do utente,
enviadas em anexo);
Ser autónomo;
Estar orientado no espaço e no tempo;
Não apresentar consumos ativos de substâncias psicoativas/estar estabilizado do ponto
de vista dos consumos;
Estar compensado do ponto de vista da saúde mental;
Não apresentar doença/limitação física incompatível com as condições da Casa de Abrigo
(condições físicas e logísticas);
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02/05/2023
a) Alojamento e higiene;
b) Alimentação;
c) Proteção e segurança;
d) Apoio psicológico e social;
e) Informação e apoio jurídico;
g) Articulação com outras entidades ou serviços da comunidade, vocacionados para a
prestação dos apoios adequados às necessidades dos utentes, designadamente nas áreas
da justiça, da saúde, da educação, da administração interna, da segurança social, do
emprego, da formação profissional e do sistema de promoção dos direitos e proteção
das crianças e jovens;
g) Definição de um Projeto de Vida com vista à reinserção social dos utentes e
encaminhamentos/articulação necessárias ao seu cumprimento.
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02/05/2023
Horários
Levantar:
Durante a semana: até às 8:30
Fim-de-semana: Até às 10h
Deitar:
Durante a semana: Até às 00h
Fim-de-semana: até às 01h (máximo 01h30m)
Refeições:
Pequeno-Almoço: 8:30 – 9:30 (ao fim-de-semana até às 10h)
Almoço: 12:30 – 13:30
Lanche: 17:15 – 17:30
Jantar: 20:00 – 21:00
Saídas:
9:30 – 10:00
13:30 – 14:30
17:30 – 19:30
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02/05/2023
45% solteiros
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02/05/2023
86 % apresentavam perturbação mental, sendo que 14% era doença mental grave
Apenas 36% dos utentes acolhidos apresentavam autonomia plena, todos os restantes apresentavam
limitações que dificultavam os processos de autonomização de auto-determinação
Associação de Mulheres Contra a Violência (ed.). (2013). Avaliação e Gestão de Risco em Rede: Manual para profissionais.
Comissão para a Cidadania de Igualdade e Género. (2016). Guia de requisitos mínimos de intervenção em situações de violência doméstica e
violência de género.
Comissão para a Cidadania de Igualdade e Género. (2021). https://www.cig.gov.pt/
Direção Geral da Saúde. (2014). Violência interpessoal: abordagem, diagnóstico e intervenção nos serviços de saúde.
Krug, E. G., Mercy, J. A., Dahlberg, L. L., & Zwi, A. B. (2002). The world report on violence and health. The Lancet, 360(9339), 1083-
88. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(02)11133-0
Manita, C., Ribeiro, C., & Peixoto, C. (2009). Violência doméstica: compreender para intervir. Guia de Boas Práticas para Profissionais de Saúde.
Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género.
Redondo, J., Pimentel, I., & Correia, A. (2012). Manual SARAR - sinalizar, apoiar, registar, avaliar, referenciar: Uma proposta de Manual para
profissionais de saúde na área da violência familiar / entre parceiros íntimos. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.
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