Você está na página 1de 32

Tesouros para as horas difíceis:

COMO
SUPERAR
AS DÍVIDAS
Por Isaías Lobão
Tesouros para as horas difíceis:
Como superar as dívidas
por
Isaías Lobão

L796t

Copyright by Isaias Lobão

Projeto gráfico, diagramação e capa


Marcele Eller Gusmão

Revisão
Lígia Alcântara

Contato com o autor:


isaiaslobao@hotmail.com

Marcele Eller Gusmão


marceleeller@gmail.com

2023
Impresso no Brasil
Tesouros para as horas difíceis:
Como superar as dívidas
por
Isaías Lobão¹

Olá, querido leitor!

Gostaria de me expressar que sinto honrado por você ter adquiri-


do meu livro.
Saiba que ele foi feito com muito amor e carinho para te ajudar
em seu aprendizado.
Trago nesta obra o fruto de anos de estudo, e, por isso, agradeço
sua confiança e preferência.

Obrigado!

1 Professor e pastor presbiteriano. Casado com Talita, pai da Ana Clara e do Daniel. Gosta
de pamonha de sal e de escutar músicas dos anos 1970.
-2-
Prefácio Ubiratan Jorge Iorio

“Quem começa a construir uma torre sem antes


calcular o custo e ver se possui dinheiro suficiente
para terminá-la? Pois, se completar apenas os alicerc-
es e ficar sem dinheiro, todos rirão dele, dizendo:
“Esse aí começou a construir, mas não conseguiu
terminar!”.

Lucas 14:28-30

Faço questão de iniciar estas breves linhas registrando que pouquíssi-


mas vezes recebi com tanta satisfação um convite para apresentar uma obra
como o que me fez o Professor Isaias Lobão, ao me perguntar se aceitaria
escrever o prefácio de seu E-book sobre a necessidade de procurarmos viver
sem acumular dívidas e o que devemos fazer para, uma vez contraídas, nos
livrarmos delas.
Duas são as razões que explicam minha alegria.
A primeira, de natureza profissional – já que sou professor de Economia
– é que o trabalho do Professor Lobão mostra com bastante clareza o quão
nocivo é viver atolado em dívidas para a economia individual e familiar. Ade-
mais, sua explicação, bastante didática, pode ser facilmente estendida para a
economia das empresas e para a do governo. Em outras palavras, a lição é que
a acumulação de dívidas é um vício, seja do ponto de vista do João
Marcos e de sua família, seja observando uma empresa cujos balanços se
apresentam permanentemente “no vermelho”, seja analisando orçamentos de
governos que gastam mais do que arrecadam com a chuvarada de impostos
que lhe pagamos.
Sem dúvida, uma das grandes lacunas em nosso sistema de ensino é a
inexistência de disciplinas que ensinem o básico sobre educação financeira.
Essa ausência, quando alimentada pelos apelos do mundo moderno - em que
se costuma priorizar o consumo, facilitando-o e estimulando-o de muitas
maneiras -, sem dúvida termina acarretando o surgimento de legiões de
pessoas que vivem endividadas, com todas as consequências adversas que
essa condição acarreta.
-3-
A Economia, como explica o E-book, é uma das ciências da ação
humana, ou seja, estuda todos os atos econômicos que praticamos ao longo
da vida, sempre com o objetivo de melhorar nosso estado de satisfação.
Trata-se de uma ciência de meios, e não de fins, de saber utilizar os recursos
de que dispomos para atingir da melhor maneira possível algum objetivo
predeterminado. Escrevendo de outra maneira, a Economia do mundo real é o
conjunto das escolhas que todos os indivíduos são levados a fazer durante as
suas vidas e quase sempre na presença de incertezas quanto ao futuro. Entre-
tanto, a Economia não considera os aspectos morais dessas escolhas: tanto
faz, para ela, se a escolha é, por exemplo, entre comprar comida para alimen-
tar crianças ou drogas para se envenenar em “baladas”. Ela é moralmente
neutra, é amoral.
E é aí que entra o segundo motivo para a minha alegria – como cristão
- ao prefaciar este E-book. É que, ao mostrar o quanto é errado levar uma vida
gastando acima das possibilidades de pagamento, o Professor Isaias está
ressaltando – inclusive com menções sempre cabidas aos textos bíblicos –
que, se a gastança é um pecado, a poupança é uma virtude. Sim, a
cigarra leva uma vida moralmente condenável, mas o comportamento da
formiga só merece elogios do ponto de vista moral, como, aliás, o fez o próprio
Rei Salomão em Provérbios.

Por que poupar é uma virtude? Por vários


motivos, mas o que me parece principal é que, ao poupar uma parte do que
ganhamos com nosso trabalho (seja o salário ou o lucro, quando se trata de
um empresário), estamos contribuindo para que o futuro seja melhor, tanto
para nós, como para a sociedade, uma vez que os valores que poupamos
serão emprestados para outras pessoas e empresas, que poderão usá-los
para gerar mais produção e mais empregos. Além disso, quando poupamos,
isto é, quando economizamos parte do que ganhamos e aplicamos em algum
instrumento financeiro, com o tempo ganharemos os juros dessas aplicações,
o que nos dará no futuro, maior capacidade de consumir do que possuímos no
presente.

-4-
O crescimento das economias depende de investimentos e só podem
existir investimentos se, antes, houver a fonte que os alimenta, que são as
poupanças privadas. Em suma, trabalhar duro, com esforço e retidão, cum-
prindo a missão que Deus nos deu neste mundo e poupar parte dos frutos
materiais desse trabalho. Isso é bom aos olhos de Deus.
Procurar ganhar dinheiro está longe de ser um pecado, mas deixar-se
escravizar pelo dinheiro, viver para ele e por ele, é uma atitude moralmente
condenável. O dinheiro é uma das mais importantes invenções da humani-
dade, porque facilita enormemente as transações econômicas, mas o que
devemos ter em mente é que ele não é nosso senhor, antes e pelo contrário,
devemos tratá-lo como nosso servo. E Deus quer que o utilizemos para
realizar coisas que são moralmente corretas.
Ao finalizar este pequeno prefácio, desejo enfatizar sua grande
utilidade, porque o Professor Lobão, de forma extremamente didática e
inteligível, mostra a importância de se evitar dívidas, ensina como livrar-se
desse estorvo e sublinha a importância do hábito de poupar, tanto do ponto de
vista econômico quanto sob o aspecto moral, razão pela qual recomendo viva-
mente este E-book, lançado em boa hora para os brasileiros.

Boa leitura!
Ubiratan Jorge Iorio

*Ubiratan Jorge Iorio é economista, escritor e torcedor do Fluminense. Doutor em Economia


pela Escola de Pós-Graduação em Economia da Fundação Getúlio Vargas (1984). Foi
professor associado do Departamento de Análise Econômica da Faculdade de Ciências
Econômicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Ele é autor de vários
livros, incluindo “Ação, Tempo e Conhecimento: a Escola Austríaca de Economia”, “Dos
Protoaustríacos a Menger: uma breve história das origens da Escola Austríaca de Econo-
mia” e “Dez Lições Fundamentais de Economia Austríaca”.
-5-
Prefácio do autor

“A economia não lida


com coisas e objetos
materiais tangíveis, trata
dos homens, suas ações
e propósitos.”

Ludwig von Mises

Este livro tem como objetivo ajudar aqueles que, porventura, estejam
enfrentando dificuldades financeiras decorrentes de dívidas. Espero que este
material seja uma ferramenta útil e valiosa para todos aqueles que desejam
melhorar sua situação financeira e alcançar a estabilidade econômica deseja-
da.
Ele surgiu a partir de um artigo que escrevi para um livro de devocio-
nais. Depois, foi adaptado para ser publicado no jornal Gazeta do Povo. Após
receber boas avaliações dos leitores, decidi expandir o artigo e o lancei como
um E-book. Agora, o texto passou por revisões e ampliações.
Essa experiência me fez perceber que o tema das dívidas é algo que
afeta muitas pessoas e que há uma grande demanda por informações e orien-
tações nessa área. Fico feliz em saber que um pequeno artigo teve um impac-
to tão positivo nos leitores, a ponto de ser adaptado para diferentes formatos.
O processo de expansão e aprimoramento do projeto é resultado do
meu desejo de fornecer um conteúdo de qualidade aos leitores. Espero que
esse novo formato possa alcançar um público ainda maior e ajudar mais
pessoas a lidar com suas finanças de forma consciente e saudável.
Os princípios que utilizei vieram de diversas fontes: da Bíblia — por
meio dos ensinamentos do rei Salomão, no livro de Provérbios, e de José do
Egito, no livro de Gênesis — e de Ludwig von Mises com o princípio da
Praxiologia.
-6-
Por tudo isso, eu quase intitulei o livro como “Supere suas dívidas
com o auxílio de antigos (e novos) sábios judeus”. Claro que isso é
uma brincadeira. Mises era de uma tradicional família judaica e, por isso, foi
perseguido pelos nazistas, mas não era religioso. E nem quero colocá-lo no
mesmo nível de autoridade do testemunho bíblico.
No entanto, a base principal para as ideias apresentadas neste livro é a
minha própria experiência pessoal. Como muitos outros, também enfrentei
dificuldades financeiras e dívidas em algum momento da minha vida. Foi por
meio dessa experiência que descobri os princípios que compartilho neste livro
e que me ajudaram a superar esses desafios.
Desejo expressar minha sincera gratidão ao professor Ubiratan por ter
gentilmente escrito o prefácio do meu livro e à Lígia Alcântara por ter realizado
uma revisão minuciosa do texto. Tenho a convicção de que a perspectiva do
professor Ubiratan enriqueceu ainda mais o conteúdo da obra, enquanto a
revisão detalhada da Lígia garantiu que o texto ficasse claro e conciso.
Sinto-me profundamente honrado por ter contado com o apoio e a orientação
deles durante todo o processo de escrita e edição.
Sou grato a vários leitores que leram os primeiros rascunhos deste
manuscrito e ofereceram críticas e sugestões construtivas, com destaque
para Samuel Camargos, Wendel Lessa, Rogério Portela, Alessandra Acosta
Santos e Neiva Meireles (um beijo, Mamis) e Talita Rodrigues. E, por fim,
agradeço ao estimado Jones Rossi por ceder gentilmente o espaço editorial
no jornal Gazeta do Povo e tornar o texto acessível a um público ainda maior.
Como é comum em casos assim, qualquer erro ou omissão é de minha
inteira responsabilidade.

-7-
CUIDADO
COM AS
DÍVIDAS!

-8-
Cuidado com as dívidas!

João Marcos sempre foi uma pessoa que gostava de viver a vida inten-
samente. Roupas e sapatos novos, viagens, restaurantes chiques, um carro
caro que transmitia a ideia de status e sucesso financeiro. Ele acreditava
piamente que o dinheiro era feito para ser gasto e que era melhor aproveitar o
presente do que se preocupar com o futuro.
No começo, João conseguia pagar suas contas com tranquilidade. Ele
tinha um emprego bem remunerado e nunca faltava dinheiro na sua conta
bancária. Com o tempo, porém, as coisas começaram a mudar.
Ele começou a gastar mais do que podia. Não conseguia resistir às
tentações do consumismo e acabou se endividando. No começo, João achou
que conseguiria lidar com as dívidas. Ele fez alguns cortes no seu orçamento
e tentou economizar um pouco mais. Mesmo assim, as dívidas só aumenta-
vam. João tentou conseguir empréstimos para pagar suas dívidas, mas logo
percebeu que isso só piorava a situação.
Ele pagava juros altíssimos e precisava arcar com as prestações men-
sais. A situação de João se tornou insustentável. Ele começou a receber
ligações de cobrança o tempo todo e sua conta bancária estava sempre no
vermelho. Percebeu que precisava tomar uma atitude antes que
fosse tarde demais.
Então, depois de conversar com um sábio amigo, que o ajudou a criar
um plano para sair das dívidas, João cortou todos os gastos supérfluos e
começou a viver de forma mais modesta. Não foi fácil, mas conseguiu sair
das dívidas aos poucos. Ele aprendeu a controlar seus impulsos de consumo
e a valorizar mais o dinheiro que tinha. Hoje, João é uma pessoa mais
consciente e equilibrada financeiramente, e sabe que viver com
moderação é a chave para a vida financeira saudável.

-9-
O RESULTADO
DE VIVER
ENDIVIDADO
O resultado de viver endividado

Pesquisas apontam o alto nível de endividamento das famílias brasilei-


ras. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consu-
midor (PEIC) divulgada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC)².

Cerca de 79,2% dos brasileiros possuem dívidas, e o pior: a maio-


ria delas no cartão de crédito, no cheque especial e em emprésti-
mos pessoais — dívidas com taxas de juros muito altas.

As sucessivas crises econômicas, falta de planejamento financeiro


pessoal, ganância do coração, que busca satisfazer os desejos rapidamente,
contribuíram para ampliar o quadro.
Em alguns casos, as dívidas podem estar relacionadas a situações
emergenciais, como o fato de alguém da família ter ficado doente, por
exemplo, e, por isso, você pode ter se endividado. No entanto, na maioria
dos casos, as dívidas decorrem de péssimos hábitos financeiros,
como gastar além da conta ou comprar por impulso em resposta aos apelos
do consumismo.
Geralmente, quem não está com as contas em dia vive estressado e
ansioso, pois teme as inúmeras ligações de cobradores, preocupa-se demais
com as contas atrasadas e sofre pressão por parte dos familiares. Em muitos
casos, as pessoas chegam a ter depressão, uma vez que a questão financeira
influencia a vida espiritual, a saúde mental, a rotina da família e os planos para
o futuro.

2 Estadão Conteúdo. Famílias de alta e baixa renda entram 2023 mais endividadas, diz
CNC. Disponível em: https://www.infomoney.com.br/minhas-financas/famili-
as-de-baixa-e-de-alta-renda-entram-em-2023-mais-endividadas-diz-cnc/. Acesso em 23 de
abril de 2023.
- 11 -
E agora?
Quem poderá me
defender?
Se você estiver endividado, de quem você gostaria de receber um con-
selho? De uma pessoa que está na mesma situação que você ou de uma
pessoa rica e sábia?
Atente para o que diz Salomão, rei de Israel: “Na casa do sábio, há
tesouros preciosos e o suficiente para viver, mas o tolo desperdiça
tudo o que tem” (Provérbios 21:20, NAA). Aqui, são apresentados dois
princípios sobre dívidas e como deve ser feita a administração da vida finan-
ceira: o contentamento e a moderação.
Por outro lado, a segunda parte do versículo destaca a imprudência e a
falta de sabedoria do “tolo”, aquele que age de maneira insensata e sem
qualquer reflexão. Dessa forma, Provérbios 21:20 é visto como um alerta para
que você seja sábio e prudente na gestão de suas finanças, evitando o desper-
dício e buscando sempre viver de forma responsável e equilibrada.
Portanto, a sabedoria financeira é uma virtude crucial, que pode ser
aplicada em diversas áreas da vida, e deve ser cultivada para melhorar a quali-
dade de vida.

- 12 -
APRENDA OS
PRINCÍPIOS
Aprenda os princípios

Em primeiro lugar, aprenda o princípio do contentamento. O sábio


confia que Deus irá prover o necessário para sua vida. Como diz a Bíblia: “Que
a vida de vocês seja isenta de avareza. Contentem-se com as coisas que
vocês têm, porque Deus disse: “De maneira alguma, deixarei você,
nunca jamais o abandonarei’” (Hebreus 13:5).
O dinheiro é útil e devemos trabalhar para sustentar a nossa família,
mas não devemos deixar o dinheiro nos dominar. O desejo de riquezas ou
bens materiais nunca deve se tornar mais importante que o desejo de agradar
a Deus.
Todo sucesso, segurança e bênçãos da vida dependem da providência
de Deus. A Bíblia diz: “Quanto ao homem a quem Deus conferiu rique-
zas e bens e lhe deu poder para deles comer, e receber a sua
porção, e gozar do seu trabalho, isto é dom de Deus” (Eclesiastes
5:19). O texto sagrado ensina que a riqueza honesta é conferida aos homens
como uma dádiva divina.
Tudo o que precisamos vem de Deus: a casa que nos traz proteção, a
cidade que nos dá segurança e estabilidade, os alimentos e as provisões diári-
as de que precisamos para nosso sustento. Portanto, para ser feliz e se sentir
satisfeito, você não precisa responder aos constantes apelos do consumis-
mo.
Entretanto, devemos nos lembrar de que a promessa de suprir nossas
necessidades não significa que Deus irá nos cobrir com bens materiais, como
anunciam os pregadores da teologia da prosperidade ³.

3 Segundo essa teologia, a riqueza é um sinal da bênção de Deus e, portanto, os crentes


devem buscar a prosperidade material como uma forma de demonstrar sua fé e receber as
recompensas divinas. Seus proponentes ensinam que os dízimos e as ofertas são uma
forma de demonstrar a fé e atrair a bênção divina. Entretanto, essa doutrina é contrária ao
ensinamento cristão tradicional de que a salvação não está relacionada ao sucesso finan-
ceiro, e de que a riqueza material não é um sinal de bênção divina. Além disso, ela pode levar
a uma mentalidade egoísta e materialista, que se preocupa mais com o sucesso financeiro
do que com questões espirituais mais profundas.
- 14 -
O texto bíblico é claro: teremos o suficiente para viver e devemos ser
gratos por isso. “Digo isto, não porque esteja necessitado, porque
aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Sei o que é
passar necessidade e sei também o que é ter em abundância;
aprendi o segredo de toda e qualquer circunstância, tanto de estar
alimentado como de ter fome, tanto de ter em abundância como
de passar necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece”
(Filipenses 4:11-13).
O segundo princípio aprendido aqui é o princípio da moderação. O
tolo vive gastando e se endividando. Desperdiça tudo que tem. Consome tudo
que possui, comprando o que não precisa, com o dinheiro que não tem, para
impressionar pessoas, a fim de tentar ser uma pessoa descolada e moderna.
Portanto, seja moderado nos gastos. A imprudência financeira pode acarretar
consequências graves para a vida, incluindo o endividamento, a pobreza e a
perda de recursos importantes.
Vale, ainda, reiterar que todos os princípios aqui relatados para o
indivíduo são igualmente válidos para a família e para o Estado.
Quando uma família enfrenta dificuldades financeiras, isso pode afetar
negativamente a qualidade de vida de todos os seus membros. Da mesma
forma, quando o Estado gasta mais do que arrecada, isso pode levar a crises
econômicas e sociais que afetam toda a população.
Em resumo, a gestão financeira responsável é essencial para garantir a
estabilidade financeira e evitar consequências graves, como endividamento,
pobreza e perda de recursos importantes. Esses princípios são igualmente
válidos para o indivíduo, a família e o Estado, e devem ser seguidos de forma
diligente para garantir um futuro financeiro estável e próspero.

- 15 -
UMA TEORIA
COM
APLICAÇÕES
PRÁTICAS
Uma teoria com aplicações práticas

Estou fundamentando minha perspectiva econômica na teoria chama-


da de Praxiologia ou conceito de Ação Humana. Ele foi desenvolvido pelos
diversos pesquisadores da Escola Austríaca de Economia. O conceito é sim-
ples: como seres humanos, fazemos escolhas, e elas são motivadas pelos
interesses pessoais.
Agimos, de forma proposital, buscando sair da situação de menor con-
forto para a de maior conforto. A pessoa perfeitamente satisfeita com sua
situação não se sente incentivada a mudar o estado de sua vida.
Ludwig von Mises definiu a Ação Humana como um comportamento
propositado, que visa passar de um estado de menor para um estado de maior
satisfação. O aumento da satisfação é o lucro propiciado pela ação. As
pessoas só agem para aumentar a satisfação4 ou diminuir o desconforto — e
essa conclusão é essencial para a ciência econômica. Eis a razão da existên-
cia do progresso e do desenvolvimento econômico. Em todos os casos, há
escolha individual (nunca coletiva): o homem escolhe um meio e renuncia a
outros para atingir a maior satisfação. Para que exista a Ação Humana, faz-se
necessário:

- Existir o desconforto;

- Visualizar a situação mais favorável


(sempre no futuro);

- Ter condições de remover ou aliviar a


situação desconfortável mediante o
comportamento propositado.

4 MISES, Ludwig von, Ação Humana, São Paulo: Instituto Ludwig von Mises Brasil, 2010.
- 17 -
Em decorrência desse axioma da Ação Humana, surge o conceito de
preferência temporal. O tempo é considerado um bem escasso. Por isso, as
pessoas tendem a escolher a satisfação no menor tempo possível. A maioria
das pessoas prefere os bens presentes em detrimento dos futuros. O conceito
se relaciona ao fato de as pessoas preferirem eliminar um dissabor futuro o
quanto antes, por meio de ações às quais é atribuído um maior valor, e, assim,
elas poupam seu tempo.

Para concluir a parte teórica, para você pagar suas dívidas,


é preciso desistir de uma satisfação presente, a partir da qual
geralmente alcançamos uma recompensa imediata, por uma
satisfação no futuro.

- 18 -
APRENDA A
POUPAR
Aprenda a poupar

Guardar dinheiro é uma importante estratégia financeira. Traz muitos


benefícios, desde a paz financeira até a realização de sonhos e objetivos. A
Bíblia nos incentiva a economizar e não acumular tesouros: “Vá
ter com a formiga, ó preguiçoso! Observe os caminhos dela e seja
sábio. Não tendo ela chefe, nem oficial, nem comandante, no
verão, prepara a sua comida, no tempo da colheita, ajunta o seu
mantimento” (Provérbios 6:6-8). A passagem bíblica nos ensina que o
dinheiro deve ser gasto com prudência e controle.
Gênesis registra a história de José, filho de Jacó, no Egito. Ele utilizou o
princípio da moderação para resolver o problema das vacas magras. Deus
anunciou que viria um tempo de fome e carestia e determinou que 20% de
toda produção fosse poupada. José seguiu à risca as determinações divinas.
Durante 7 anos, o povo do Egito foi obrigado a poupar 20% da produção. E,
quando chegou o período de calamidade, eles tinham recursos suficientes
para alimentar toda a população do Egito e ainda vender o excedente para os
povos que viviam ao seu redor.
Por isso, adote esse princípio e seja moderado nos gastos. É como as
pessoas dizem: “O dinheiro não aceita desaforo”. Isso significa que ninguém
consegue viver gastando mais do que ganha. Portanto, devemos ser
prudentes com os gastos, até mesmo poupando recursos para as horas
difíceis ou emergências. Além disso, a pessoa que costuma poupar pode
adquirir à vista bens de maior valor, sem a necessidade de pagar juros exorbi-
tantes.
Saiba que existem inúmeras opções para guardar dinheiro além da
tradicional caderneta de poupança. A caderneta de poupança ainda é um
investimento popular no Brasil; em parte, porque, historicamente, foi
considerada uma opção segura e simples de investimento, que oferece liqui-
dez diária e isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas. Além disso, a
poupança é uma opção oferecida por quase a totalidade de bancos e institu-
ições financeiras, o que a torna acessível e conhecida por muitos brasileiros.

- 20 -
Outro fator que contribui para a popularidade da poupança é o
desconhecimento de outras opções de investimento disponíveis no mercado.
Muitas pessoas podem não estar acostumadas com outros produtos finan-
ceiros e, por isso, preferem manter o dinheiro na poupança, mesmo que isso
signifique uma rentabilidade menor.
Entretanto, a poupança tem tido uma rentabilidade baixa nos últimos
anos, principalmente em relação à inflação. Isso significa que o dinheiro inves-
tido na poupança tem perdido valor em termos reais, e não tem sido suficiente
para proteger o poder de compra dos investidores.
Portanto, é importante que você busque informações sobre
outras opções de investimento disponíveis, como: renda fixa e
renda variável5. Esses investimentos podem oferecer retornos significativa-
mente maiores do que a poupança, embora, em alguns casos, apresentem
riscos maiores. É importante estudar sobre o mercado em que se pretende
investir antes de tomar uma decisão.
Partindo desse conceito, é crucial que você entenda que o maior inves-
timento que você precisa fazer é em seu conhecimento. Estude bastante
sobre o tema. Se desejar trabalhar com ações, por exemplo, você vai precisar
ter uma conta numa corretora. Existem diversas opções. Em algumas situ-
ações, você pode fazer o investimento sozinho; noutras, você vai precisar de
um consultor. Um corretor vai apresentar a você diversos produtos que ele
tem no portfólio. Lembre-se, porém, de que ele também tem interesse de lucro
nas transações, porque é o seu trabalho. Obviamente, isso não é ruim nem um
impedimento, mas deve ser considerado.
O mais importante: você precisa de autoconhecimento. Precisa desco-
brir se tem o perfil de um investidor conservador, que busca ganhos em longo
prazo. Se for um investidor moderado, aceita alguns riscos e busca rendimen-
tos no médio prazo ou no longo prazo. E você ainda pode ser um investidor
arrojado, aquele que se arrisca para alcançar os resultados em curto prazo.
Essas são apenas algumas das opções disponíveis para quem quer
guardar dinheiro além da poupança. É importante pesquisar e entender as
características de cada uma delas antes de decidir onde investir.

5 Para maiores informações, visite o site: https://clubedospoupadores.com


- 21 -
O QUE FAZER
SE VOCÊ ESTÁ
ENDIVIDADO?
O que fazer se você está endividado?

Faça um plano de pagamento

Normalmente, não é possível pagar todas as dívidas de uma só vez.


Por isso, é importante criar um plano de pagamento, visando quitar as dívidas
dentro de certo prazo. Um plano bem elaborado é valioso e pode
evitar muita confusão.
Quando você conta com um plano de pagamento, é possível criar um
orçamento e organizar quanto é possível gastar com suas necessidades e
outras despesas. Assim, você terá mais noção de quanto dinheiro é gasto e
poderá até colocar um pouco de lado para poupar. O objetivo é viver nos
limites do orçamento, sem contrair mais dívidas.

Aqui, estão algumas dicas para ajudar você a desenvolver um plano


eficaz:

- 23 -
Dez princípios eficazes
para superar as dívidas:

1.
Não ignore as dívidas: Ignorar as dívidas não as fará desapare-
cer. É importante enfrentar a situação e desenvolver um plano
de ação para lidar com as dívidas. Ignorá-las só as fará
crescer e as tornará mais difícil de pagar.

2.
Liste suas dívidas: O primeiro passo para desenvolver um
plano de pagamento das dívidas é listar todas as suas dívidas,
incluindo o saldo, a taxa de juros e o pagamento mínimo
mensal. Ao listar suas dívidas, você pode ter uma visão clara
de suas obrigações financeiras e começar a planejar como
pagá-las.

3.
Priorize as dívidas: Depois de listar as dívidas, é importante
priorizá-las. Você pode classificá-las com base na taxa de
juros, no valor da dívida ou no tempo de atraso nos pagamen-
tos. Priorizar as dívidas ajuda a identificar a mais urgente —
como a Receita Federal — capaz de comprometer seu
patrimônio ou sua liberdade, e indicar por onde começar a
pagar.

4.
Determine um orçamento: É importante determinar o orça-
mento mensal que permita o pagamento das dívidas e rela-
cione as despesas diárias. Será preciso equilibrar as despesas
diárias com o pagamento de dívidas para garantir que o plano
de pagamento de dívidas seja sustentável.

- 24 -
5.
Reduza suas despesas: Para criar um orçamento equilibrado,
é essencial reduzir as despesas desnecessárias. Isso inclui
reduzir gastos com refeições fora de casa, entretenimento e
compras de luxo. Reduzir as despesas pode liberar mais
dinheiro para o pagamento das dívidas.

6.
Considere uma consolidação das dívidas: A consolidação das
dívidas é uma opção para simplificar o pagamento de várias
dívidas em uma única parcela mensal com uma taxa de juros
menor. Isso pode ajudar a reduzir o pagamento mensal e a
facilitar o gerenciamento das dívidas.

7.
Faça pagamentos adicionais: Faça pagamentos adicionais
das dívidas prioritárias. Isso ajudará a reduzir o saldo das
dívidas e, consequentemente, diminuir o tempo que levará
para pagá-las. Além disso, quanto menos dívidas, menor será
o pagamento mínimo mensal.

8.
Renegocie com os credores: No processo de renegociação,
você pode obter uma redução da taxa de juros ou um plano de
pagamento mais realista. Algumas empresas estão dispostas
a negociar para evitar que você deixe de pagar a dívida com-
pletamente.

- 25 -
9.
Acompanhe e comemore seu progresso: Acompanhe
seu progresso e faça ajustes no plano de pagamento
de dívidas, se necessário. Monitore as dívidas e
verifique se está pagando o valor correto a cada mês.
Se necessário, ajuste o plano para garantir o progresso
relativo à quitação das dívidas. Comemore suas
pequenas vitórias. Isso dará a você motivação extra
para continuar em frente.

10.
Evite fazer novas dívidas: Antes de fazer uma compra,
pense se você realmente precisa do item ou se é
apenas um desejo momentâneo. Evite compras por
impulso e estabeleça um prazo para decidir se você
realmente precisa daquilo que está comprando. Con-
trair novas dívidas pode piorar ainda mais a sua situ-
ação financeira.

Vejamos como isso funciona na prática.


Sabrina trabalhava como vendedora em uma loja de roupas. Ganhava
um bom salário. No entanto, sempre quis viver um estilo de vida mais luxuoso.
Inicialmente, conseguiu pagar suas contas em dia, mas com o tempo estava
gastando mais do que podia e não conseguia mais cumprir suas obrigações
financeiras.
Ela se viu em uma situação desesperadora. Não dormia bem, preocu-
pada com as contas e sentia-se pressionada por seus credores. Naquele
momento, percebeu que estava endividada além de suas possibilidades e que
precisava mudar seus hábitos financeiros com urgência para sair dessa situ-
ação difícil.
Sabrina tentou várias estratégias para se livrar das dívidas. Cortou
gastos desnecessários, renegociou dívidas com credores e buscou uma renda
extra.
Descobriu que tinha um talento especial para a produção de doces para festas
e decidiu investir nessa área. Ela começou a produzir seus doces em casa e,
aos poucos, foi conquistando clientes e aumentando sua renda.

- 26 -
Determinada, decidiu buscar alternativas e acabou pegando um
empréstimo de R$ 12.500 em 48 vezes para quitar suas dívidas. Com o
empréstimo em mãos, Sabrina se dedicou ao máximo para fazer a renda extra
necessária e amortizar as parcelas o mais rápido possível.
Com muito planejamento financeiro e dedicação, conseguiu amortizar
as parcelas do empréstimo e, aos poucos, reduzir o saldo devedor. Ela sabia
que, quanto mais rápido amortizasse a dívida, menor seria o valor
total dos juros a serem pagos. Sabrina manteve-se disciplinada e com-
prometida com seus objetivos, e logo viu seu negócio prosperar.

Observe a seguinte tabela:

Saldo Saldo devedor


Parcela devedor Juros Pagamento Amortização final

1 R$ 12.500,00 R$ 187,50 R$ 324,72 R$ 137,22 R$ 12.225,56


2 R$ 12.225,56 R$ 183,38 R$ 324,72 R$ 139,28 R$ 11944,94
3 R$ 11944,94 R$ 179,17 R$ 324,72 R$ 141,37 R$ 11658,03
4 R$ 11658,03 R$ 174,87 R$ 324,72 R$ 143,49 R$ 11364,69
5 R$ 11364,69 R$ 170,47 R$ 324,72 R$ 145,68 R$ 11064,76
6 R$ 11064,76 R$ 165,97 R$ 324,72 R$ 147,81 R$ 10758,20
7 R$ 10758,20 R$ 161,37 R$ 324,72 R$ 149,99 R$ 10444,86
8 R$ 10444,86 R$ 156,67 R$ 324,72 R$ 152,52 R$ 10124,57
9 R$ 10124,57 R$ 151,87 R$ 324,72 R$ 154,52 R$ 9797,19
10 R$ 9797,19 R$ 146,96 R$ 324,72 R$ 156,82 R$ 9462,61
11 R$ 9462,61 R$ 141,94 R$ 324,72 R$ 159,16 R$ 9120,67
12 R$ 9120,67 R$ 136,81 R$ 324,72 R$ 161,53 R$ 8771,23
13 R$ 8771,23 R$ 131,57 R$ 324,72 R$ 163,93 R$ 8414,15
14 R$ 8414,15 R$ 126,21 R$ 324,72 R$ 166,37 R$ 8049,27

No final das contas, a determinação e o esforço de Sabrina foram


recompensados. Ela conseguiu quitar o empréstimo mais cedo do que o
previsto e, com a renda extra proveniente de seu negócio, pôde investir ainda
mais em sua carreira empreendedora e deixou o emprego na loja de roupas.
Sabrina aprendeu que, com planejamento financeiro e muita dedicação, é pos-
sível superar os desafios financeiros e transformar seus sonhos em realidade.
- 27 -
Procure um bom aconselhamento
financeiro

Uma das lições mais importantes que podemos aprender é que não
precisamos fazer tudo sozinhos. Como diz Provérbios 19:20, "Ouça os
conselhos e receba a instrução, para que você seja sábio a partir
de agora". Com a ajuda de outros, você pode aprender a administrar melhor
suas finanças e viver dentro de seus meios, evitando mais empréstimos e,
finalmente, se livrando das dívidas que o preocupam.
Muitas vezes, Deus usa outras pessoas para nos abençoar e nos ajudar
em momentos difíceis. Quando se trata de finanças, é especialmente impor-
tante pedir ajuda e aconselhamento de pessoas sábias e experientes.
Se você está lutando com dívidas e finanças, pode ser tentador tentar
resolver tudo sozinho. No entanto, a verdade é que existem muitos recursos e
organizações sociais disponíveis para ajudar. Se você não sabe por onde
começar, procure grupos ou organizações que possam oferecer aconselha-
mento financeiro e assistência.
Além disso, se você conhece alguém que é bom em gerir dinheiro, não
tenha medo de pedir ajuda. Muitas vezes, essas pessoas ficarão felizes em
compartilhar suas dicas e truques com você e ajudá-lo a gerenciar suas
finanças.
Lembre-se de que receber ajuda de outras pessoas não é
sinal de fraqueza - é uma demonstração de sabedoria. Às vezes,
precisamos da perspectiva e do conselho de outros para superar nossos
desafios e alcançar nossos objetivos financeiros.

- 28 -
CONCLUSÃO
Conclusão

Compreendo que superar as dívidas pode parecer uma tarefa difícil e


intimidadora, mas não é impossível. Com a ajuda dos princípios descritos
neste livro, você pode controlar seus gastos e evitar novas dívidas,
independentemente da sua atual situação financeira.
É fundamental ter em mente que, para superar suas dívidas,
é necessário planejamento, persistência e determinação. Embora o
caminho possa ser desafiador, é importante lembrar que os resultados valerão
a pena. Com esforço e dedicação, você pode alcançar seus objetivos financei-
ros e ter uma vida mais tranquila e realizada.
Lembre-se de que a chave para superar as dívidas é mudar seus hábi-
tos financeiros e adotar um estilo de vida mais consciente e responsável. Ao
fazer escolhas financeiras inteligentes e aprender a lidar com suas finanças
de forma saudável, você estará no caminho certo para alcançar a estabilidade
financeira e desfrutar da vida sem se preocupar com dívidas e obrigações
financeiras.

Referências
BÍBLIA SAGRADA. Tradução Nova Almeida Atualizada. Sociedade Bíblica do Brasil: Barueri,
2017.

Estadão Conteúdo. Famílias de alta e baixa renda entram 2023 mais endividadas, diz CNC.
Disponível em: https://www.infomoney.com.br/minhas-financas/famili-
as-de-baixa-e-de-alta-renda-entram-em-2023-mais-endividadas-diz-cnc/.

MISES, Ludwig von. Ação Humana. São Paulo: Instituto Ludwig von Mises Brasil, 2010.
- 30 -
Tesouros para as horas difíceis:
Como superar as dívidas
Autor
Professor no Instituto Federal do Tocantins e pesquisador do GPGIM
(Grupo de Pesquisa em Gestão, Inovação e Mercados) do Instituto Federal de
Goiás e do GAT-UnB (Grupo de Estudos da Antiguidade Tardia).
Doutor em História pela Universidade Valência. Mestre em Teologia
pela Faculdade EST, tendo bacharelado e licenciatura em História pela Univer-
sidade de Brasília. Especialista em Gestão Pública pela Faculdade Metropoli-
tana de Ribeirão Preto, Licenciado em Filosofia pela Faculdade Única de Ipat-
inga, Bacharel em Teologia pela Faculdade Cristã Evangélica de Brasília, Diplo-
mado em Teologia pelo Seminário Hispano Reina Valera (Houston, TX/EUA), e
Licenciatura em Ministério de Juventude pela Escola de Liderança e Ministério
(ELIM), Belo Horizonte-MG.
Fez parte da Summer School 2019 do Instituto Mises Brasil. Membro
da World Reformed Fellowship, do Instituto Brasileiro de Direito e Religião
(IBDR) e da Society of Biblical Literature.

Você também pode gostar