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Disciplina - Governança Corporativa Professora - Rosely Gaeta
Disciplina - Governança Corporativa Professora - Rosely Gaeta
a – Introdução
“São três marcos históricos que destacamos como pilares da moderna governança corporativa:
o ativismo pioneiro de Robert Monks; o Relatório Cadbury e os princípios da OCDE.(...)
Robert Monks foi um ativista pioneiro que mudou o curso da governança nos Estados Unidos.
Ele focou sua atenção nos direitos dos acionistas e os mobilizou para o exercício de um papel
ativo nas corporações.
Já o Relatório Cadbury centrou-se nos dois outros valores da boa governança – accountability
(prestação responsável de contas) e disclosure (mais transparência), com foco nos aspectos
financeiros e nos papéis dos acionistas, dos conselhos, dos auditores e dos executivos.
Por fim, a OCDE – Organization for Economic Co-operation and Development - ampliou o
espectro da boa governança, evidenciando suas fortes ligações com o processo de
desenvolvimento econômico das nações. Ao justificar o envolvimento da instituição com a
proposição da boa governança, a OCDE evidenciou que a adoção, pelas corporações, de práticas
de gestão confiáveis atrai investidores para o mercado de capitais, reduz o custo de captação
de recursos e alavanca o desenvolvimento da economia.” (Andrade & Rossetti, 2009: 154)
b – Principios da OCDE
• Síntese dos princípios da OCDE: ver Andrade & Rossetti, 2009 – quadro 3.6 – p. 174.
“No primeiro triênio do século XXI., quatro caminhos se cruzaram, definindo novo cenário
para a governança corporativa em termos globais:
1. Adesão. A adesão mundial às práticas de boa governança [definição de códigos
nacionais, criação de instituições civis independentes com objetivos sociais centrados
no desenvolvimento e na difusão das boas práticas e a adoção de práticas contábeis e
financeiras internacionais]
2. Autoregulação
3. Sinais vermelhos (megafraudes e escândalos corporativos)
4. Regulação” (Andrade & Rossetti, 2009: 181)
“De todas as reações regulatórias, a mais notável e de maior extensão foi a Lei Sarbanes-
Oxley, aprovada em julho de 2002 pelo Congresso dos Estados Unidos (...) A nova legislação
promove grandes alterações nos procedimentos e no controle de administração das empresas,
órgãos reguladores responsáveis pelo estabelecimento de normas, comitês de auditorias e
firmas de auditoria independente. (...)Sob a infinidade de páginas da lei, (...) reside uma
premissa simples: a boa governança corporativa e as práticas éticas do negócio não são
mais requintes – são leis.” (Andrade & Rossetti, 2009: 182)
Lei Sarbanes-Oxley - valores e principais normas
Valores Principais normas
Compliance • Adoção pelas corporações de um código de ética para seus principais
Corformidade legal executivos, que deverá conter formas de encaminhamento de
questões relacionadas a conflitos de interesse, divulgação de
informações e cumprimento das leis e regulamentos.
• As corporações que não adotarem a explicitação de condutas em um
código de ética deverão explicar as razões da não-adoção.
• Uma cópia do código deverá ser entregue à Security Exchange
Comission (SEC) e ter divulgação aberta.
Accountability O principal executivo e o diretor financeiro, respectivamente, CEO e
Prestação CFO, na divulgação dos relatórios periódicos previstos em lei, devem
responsável de certificar-se de que:
contas • Revisaram os relatórios e não existem faltas declarações ou omissões
de dados relevantes.
• As demonstrações financeiras revelam adequadamente a posição
financeira, os resultados das operações e os fluxos de caixa.
• Divulgaram aos auditores e ao comitê de auditoria todas as
deficiências significativas que eventualmente existam nos controles
internos, bem como quaisquer fraudes evidenciadas, ou mudanças
significativas ocorridas após a sua avaliação.
• Têm responsabilidade pelo estabelecimento de controles internos,
pelos seus desenhos e processos e pela avaliação e monitoramento de
sua eficácia.
Constituição de um comitê de auditoria, para acompanhar a atuação dos
auditores e dos números da companhia, atendendo às seguintes
diretrizes:
• Presença de pelo menos um especialista em finanças
• Composto exclusivamente por membros independentes do Conselho de
Administração, não integrantes da Direção Executiva (...).
• Responsável pela aprovação prévia dos serviços de auditoria.
• Divulgação, por relatórios periódicos, dos resultados dos seus
trabalhos.
Discloure • Detentores de informações privilegiadas deverão seguir as exigências
Mais transparência da lei nos casos de mudanças em suas participações acionárias,
• Quaisquer informações complementares aos relatórios exigidos pela
lei, relativas às condições financeiras e operacionais da companhia,
deverão ser divulgadas com rapidez
Fairness • A remuneração do executivo principal deverá ser aprovada pelo
Senso de justiça conselho de administração
• Aprovação pelos acionistas dos planos de stock options
• Definição de penas historicamente inusitadas para fraudes. As multas
podem chegar a US$ 5 milhões e a prisão a 20 anos.
Fonte: Adaptado de Andrade & Rossetti. 2009: 183/185
Referências bibliográficas
Andrade, A., Rossetti, J.P. Governança corporativa: fundamentos, desenvolvimento e tendências. 4.a ed. –
São Paulo: Atlas, 2009
Há um artigo sobre o assunto em http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/marcos-
historicos-da-governanca-corporativa/58630/
Os grandes Marcos Construtivos da Governança
Corporativa
Resumo do Capítulo págs 195 a 198. disponibilizado pela Editora Atlas.
São notáveis as diferenças entre estes quator marcos históricos. O primeiro marco foi
iniciativa pioneira de Robert Monks, um franco atirador, ativista de resultados,
inconformado com a passividade dos acionistas e com práticas oportunistas dos
executivos das corporações dos EUA. O segundo, fiel à cultura britânica, foi a
constituição de um comitê de alta representatividade, envolvendo corporações,
mercado acionário e órgãos reguladores. O terceiro foi de maior abrangência
institucional, resultando no interesse de uma organização multilateral pelo tema de
governança. E o quarto focaliza a importância da regulação e conformidade legal no
processo de Governança.
O Relatório Cadbury encorajou o papel mais ativo nas corporações por parte
de investidores institucionais, o fortalecimento dos canais de comunicação entre
acionistas, conselheiros e diretores executivos e o envolvimento maior do governo no
mercado, junto com uma nova era de autorregulamentação.
Os Princípios da OCDE , originaram-se dos elos entre os objetivos de
desenvolvimento dos mercados, das corporações e das nações, que se
fortalecem por melhores práticas de governança corporativa. O código de melhores
práticas da OCDE, resultou de recomendações de shareholders, de órgãos reguladores
e de comitês nacionais cosntitiuidos por representantes de diferentes grupos de outros
stakeholders. Tornou-se referência internacional, proporcionando orientações gerais
sobre seis pontos cruciais:
1. O enquadramento das empresas;
2. Os direitos dos shareholders;
3. O tratamento equânime de minoritários, independentemente de suas participações;
4. Os direitos dos stakeholders;
5. A divulgação responsável e transparente dos resultados e dos riscos das
corporações; e
6. A responsabilidade dos Conselhos de administração.
A partir dos princípios da OCDE, acelerou-se a difusão dos códigos nacionais de
boas práticas de governança corporativa. Os códigos não ficaram limitados aos
países de economia avançadas. Estenderam-se também a países emergentes de todos
os continentes e também aos que se encontram em transição institucional, como os
que viveram sob o regime coletivista que se estabeleceu até o fim dos anos 80 na
Europa Central e na ex- URSS.
A disseminação das boas práticas de governança não impediu, todavia, que o início do
século XXI fosse marcado por escândalos e fraudes corporativas. Em respostas a
essas ocorrências, as leis que regulam os mercados têm-se tornado mais
severas, bem como as punições dos envolvidos. Um dos exemplos é a lei
Sarbanes- Oxley, nosso quarto marco, sancionada em 2002 nos Estados Unidos.
Sua premissa maior é notória: a boa governança corporativa e as práticas éticas do
negócio não são mais requintes – são leis.
Estabeleceu-se , assim, nos primeiros doze anos do século XXI, um novo cenário de
governança: de um lado, adesão às boas práticas e autorregulação; de outro, sinais
vermelhos e regulação legal contundente. Estes dois lados parecem contraditórios.
Mas não são. Em vez de contradições históricas são a conjugação de indutores
voluntáriso e regulatórios, convergindo para a adoção dos princípios de governança
pelas companhias. Neste sentido, os quatro princípios da boa governança
(compliance, accountability, disclosure e fairness) estão presentes tanto em
disposições legais quanto em códigos de conduta adotados pelas empresas.
Referências bibliográficas
Andrade, A., Rossetti, J.P. Governança corporativa: fundamentos, desenvolvimento e tendências. 4.a ed. –
São Paulo: Atlas, 2009 págs 195-198