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Curso de Iniciação à Astrologia Tradicional

Parte 7
Interação O signo localizado na cúspide da Casa
caracteriza os assuntos dessa Casa. Através
Signo-Casa da natureza desse signo - polaridade,
elemento, modo, etc. - podemos avaliar os
comportamentos e o tipo de ação que
O signo da caracterizam a expressão da Casa.
cúspide Mesmo que exista outro signo com maior
número de graus a ocupar a Casa, a
caracterização principal é sempre
conferida pelo signo que se localiza na
cúspide. Repetimos: não importa se ocupa
mais ou menos graus que outro signo,
porque não estamos avaliando as
“quantidades de signo”, mas sim as
qualidades da cúspide.
Interação O signo na cúspide determina também um
outro fator fundamental da interpretação:
Signo-Casa o regente da Casa.
Este é o planeta regente do signo que se
O regente da encontra na cúspide. É denominado o
casa regente ou senhor da Casa.
Se, por exemplo, a Casa X de um
horóscopo tiver a sua cúspide a 22° de
Touro, Vênus, o planeta regente desse
signo, será o regente da Casa X.
Interação Como é óbvio, o planeta regente nem
sempre está localizado na Casa que rege;
Signo-Casa muitas vezes está noutra Casa e noutro
signo.
O regente da O posicionamento do planeta regente no
casa mapa indica:
• onde e como se vão realizar os temas
significados pela Casa;
• a área de vida (onde) é-nos indicada pela
Casa, e
• o modo de ação (como) pelo signo onde
o planeta regente se encontra
posicionado.
O regente da casa

No exemplo de Agatha Christie,


temos Vênus, regente da Casa X,
posicionada na III, em Escorpião.
Assim, os assuntos da Casa X
(carreira) serão direcionados para
as áreas da escrita e da
comunicação (Casa III), de uma
forma concentrada e tenaz
(Escorpião, signo fixo).
Vemos assim que o planeta regente
de uma Casa torna-se o significador
específico dos assuntos dessa Casa.
No caso de Agatha Christie, Vênus é
o significador específico de
profissão (porque rege a Casa X).
O regente da casa

Vejamos agora o mapa de Florbela


Espanca.
A cúspide da Casa II está a 17" de
Escorpião; Marte, o regente, está
posicionado em Áries na Casa VII.
Neste caso, Marte é o significador
específico de recursos.
Esta configuração indica que muitos
dos recursos (Casa II) da escritora
estão ligados aos seus
parceiros/casamentos (Casa VII); por
estar dignificado em Áries, Marte
sugere abundância de recursos, mas
a natureza ígnea e cardinal do signo
também implica alguma imprudência
na sua gestão.
O regente da Convém esclarecer que em ambos os
casos, o planeta regente que
casa apresentamos como exemplo encontra-se
posicionado numa casa que também rege.
• No mapa de Agatha Christie, Vênus rege
também a Casa III, que tem a cúspide em
Libra;
• no mapa de Florbela Espanca, Marte
rege também a Casa VII, cuja cúspide é
Áries.
Estes posicionamentos reforçam a
significação do planeta.
O regente da As outras dignidades essenciais podem
também “reger” as Casas de um mapa.
casa Assim, para além do seu regente, a Casa tem
também um “regente” por exaltação, três
por triplicidade, um por termo e um por
face.
Destes, destaca-se principalmente o
“regente” por exaltação, que pode em
determinados casos adquirir o estatuto de
co-regente da Casa. As triplicidades da Casa
(ou seja, os três regentes do elemento do
signo da cúspide) são usadas em
interpretações especializadas.
O termo é usado apenas em casos pontuais,
enquanto o “regente” por face é, regra geral,
ignorado, por ser considerado uma
dignidade muito “fraca”.
O regente da E também possível calcular um almuten
para a cúspide de cada Casa.
casa
Por vezes este almuten é um planeta
diferente do planeta regente, caso em que
será considerado um co-regente nos
assuntos da Casa.
O regente “normal” continua a ter a
prioridade na interpretação, mas o
almuten tem também algo a acrescentar.
Note-se que o almuten será sempre o
trono ou a exaltação do signo. Este fato
apenas reforça o papel de co-regente da
exaltação.
Signos É muito comum que uma Casa contenha
dois signos: aquele onde está a cúspide e
interceptados parte do seguinte.
Por vezes acontece que uma Casa tem
início num signo, prolonga-se por outro e
só acaba num terceiro.
Neste caso, o signo do meio tem os seus
30° totalmente contidos na Casa.
Este fenômeno denomina-se intercepção,
sendo o signo que fica inteiramente
contido na Casa um signo interceptado.
O signo interceptado tem co-participação
nos assuntos da Casa, e o mesmo acontece
com o planeta que o rege.
Signos
interceptados
Signos interceptados

No caso de Nietzsche, o signo de


Sagitário está interceptado na Casa I
(que começa a 29° de Escorpião e
termina a 5° de Capricórnio).
Por esta razão, Júpiter, o regente de
Sagitário, torna-se co-regente da Casa I,
juntando-se a Marte (regente de
Escorpião), que é o regente principal.
Note-se que o Escorpião, apesar de
ocupar apenas um grau da Casa I, é mais
importante que o Sagitário, pois como já
referimos, não é a quantidade de graus
que conta, mas o signo da cúspide.
Por outro lado, o Capricórnio não tem
qualquer significação nos assuntos da
Casa I, sendo contudo determinante da
II.
Signos Importa reter que a situação de co-
regência só ocorre quando existe um signo
interceptados interceptado na Casa; noutros casos, as
qualidades do segundo signo transferem-
se para a Casa seguinte.
Observando o mapa torna-se também
óbvio que a intercepção afeta sempre dois
signos opostos e duas Casas opostas.
No exemplo de Nietzsche, se Sagitário está
interceptado na I, Gêmeos, o signo oposto,
está interceptado na Casa VII, oposta à I.
Interação As Casas são fundamentais para aquilo que
se designa determinação específica ou
Casa-Planeta acidental, isto é, a função particular do
planeta num dado horóscopo.
Esta determinação pode ocorrer de duas
formas:

1. por posicionamento;

2. por regência.
Interação Por posicionamento
Casa-Planeta Ao estar posicionado numa determinada
Casa, um planeta tem como principal foco
de expressão a área de vida representada
por essa Casa.
O planeta passa a caracterizar a atividade
da Casa, determinando com a sua natureza
(e qualidades) comportamentos,
personagens, acontecimentos, etc.
Interação Por regência
Casa-Planeta Ao reger uma ou mais Casas, um planeta
fica determinado como representante dos
assuntos das Casas que rege,
independentemente da sua posição no
mapa astrológico.
Esta determinação acidental é a chave-
mestra para a delineação e interpretação
astrológica, pois vai definir com maior
precisão os significados dos planetas.
Associa-se assim o significado natural (ou
universal) do planeta à sua função
específica no horóscopo.
Interação Casa-Planeta

No mapa de Florbela Espanca, Mercúrio está


posicionado na Casa II, pelo que se considera que
atua na área dos recursos (determinação por
posicionamento); por outro lado, Mercúrio rege
também a Casa IX neste mapa, o que faz deste
planeta um significador específico de estudos,
religião e viagens (determinação por regência).
Podemos dizer que os recursos de Florbela
Espanca estão relacionados com atividades da
natureza de Mercúrio (escrita, comunicação,
linguagem, etc.) e também estão associados aos
assuntos da Casa IX, regida por Mercúrio
(estudos, etc.).
Esta interpretação vai juntar-se à que foi dada
num exemplo anterior, no qual se relacionavam
os recursos desta poetisa aos seus
parceiros/casamentos (Marte, regente da II, na
VII). Numa interpretação astrológica, estas
informações combinam-se para descrever a
dinâmica de recursos representada neste mapa.
Os planetas Antes de interpretar, há que determinar
em que Casa se encontra o planeta. De
nas Casas uma forma “matematicamente” rigorosa,
um planeta localiza-se numa Casa quando
está posicionado entre a cúspide dessa
Casa e a cúspide da Casa seguinte.
No entanto, a grande maioria dos autores
considera que a Casa estende a sua
influência até cerca de 5° antes da cúspide.
Assim, se um planeta estiver a menos de
5° da cúspide da Casa seguinte, considera-
se que atua nessa Casa.
Esta é a conhecida regra dos 5°.
Os planetas nas Casas

Antes de interpretar, há que


determinar em que Casa se encontra o
planeta. De uma forma
“matematicamente” rigorosa, um
planeta localiza-se numa Casa quando
está posicionado entre a cúspide
dessa Casa e a cúspide da Casa
seguinte.
No entanto, a grande maioria dos
autores considera que a Casa estende
a sua influência até cerca de 5° antes
da cúspide. Assim, se um planeta
estiver a menos de 5° da cúspide da
Casa seguinte, considera-se que atua
nessa Casa. Esta é a conhecida regra
dos 5°.
Regra dos 5° Podemos comparar um planeta nesta
situação a alguém que está à porta de uma
casa, mas no lado de fora. Nessa situação,
a pessoa pode ter alguma atuação nos
assuntos da casa, embora ainda esteja no
exterior.
Esta condição é mais acentuada se o
planeta se localizar no mesmo signo que a
cúspide.
Nota: a regra dos 5° aplica-se apenas às
Casas, não aos signos. Considera-se que
um planeta está posicionado num signo
desde os 00°00'00" até aos 29°59'59"
desse signo. No caso dos signos não há
qualquer "margem de manobra".
Os planetas Signos e Casas são dois referenciais
diferentes e têm regras distintas.
nas Casas O posicionamento dos planetas nas Casas
dá-nos duas informações distintas: por um
lado, diz-nos em que área da vida o
planeta atua (como vimos anteriormente),
por outro, diz-nos qual a sua intensidade
no contexto geral do horóscopo.
Com efeito, a colocação por Casa é a chave
para o nível de expressão de um planeta,
podendo intensificá-la ou diminui-la.
Neste caso há duas situações a considerar:
• a angularidade e
• os júbilos.
Grau de angularidade
Os planetas
nas Casas O grau de angularidade do planeta é sem
dúvida o fator mais determinante da sua força
de expressão. Como já referimos neste capítulo,
um planeta pode ter três graus de
angularidade: angular, quando posicionado nas
Casas I, X, VII ou IV; sucedente, nas Casas XI,
VIII, V ou II; cadente, nas Casas XII, IX, VI ou III.
Um planeta com posição angular ganha um
destaque muito grande no contexto geral do
mapa, sobrepondo-se muitas vezes a todos os
outros fatores. Inversamente, um planeta
cadente é considerado muito fraco, tendo
pouca representação no contexto geral do
mapa. Os planetas em posições sucedentes
têm, obviamente, uma força intermédia entre
estes dois extremos.
Os planetas nas Casas

Se observarmos o mapa de Florbela


Espanca verificamos que existem três
planetas angulares: Saturno 11ª Casa I e
uma conjunção da Lua e Marte na Casa
VII.
É notório na vida desta poetisa o
contraste entre uma vertente depressiva
e introvertida (Saturno em Escorpião na
Casa I) e uma componente muito fogosa
e agitada (Lua e Marte em Carneiro na
VII).
Estes fatores, apesar de muito genéricos,
evidenciam-se no comportamento de
Florbela Espanca e na sua obra. Os
outros planetas, embora igualmente
importantes, expressam-se de forma
menos visível.
Os planetas nas Os júbilos
Casas Para além da angularidade, existe um
outro tipo de posicionamento que confere
ao planeta uma relevância especial: o
júbilo.
Diz-se que um planeta está em júbilo
quando se encontra numa Casa cuja
significação tem grande afinidade com a
sua natureza.
Quando localizados nessa Casa, o planeta
adquire maior força de expressão.
Cada planeta tem o seu júbilo numa única Casa,
sendo esta conhecida como a “moradia” ou
“templo” do planeta:
• Mercúrio, significador da mente, tem o seu
Os planetas nas júbilo na Casa I, da persona, do indivíduo.
Casas • A Lua, planeta mais rápido e mutável, tem o seu
júbilo na Casa III, pois esta é a Casa do
movimento, das pequenas deslocações e da
comunicação.
• Vênus, planeta do amor e do prazer, expressa o
seu júbilo na Casa V, dos amores, jogos e
romances.
• Marte, planeta da guerra e do esforço tem o
seu júbilo na Casa VI, das doenças e da
servidão.
• O Sol, senhor dos céus, fonte de luz e vida, tem
o seu júbilo na Casa IX, da fé, religião e visão.
• Júpiter, a benéfica maior, tem o seu júbilo na
Casa XI, dos aliados, amigos e esperanças.
• Saturno, portador de limitações e maléfico
maior, tem como júbilo a Casa XII, das
tribulações, condicionamentos e prisões.
Os Júbilos Planetários

O sistema de júbilos reflete também a


simetria natural dos planetas.
Assim, os planetas noturnos (Lua, Vénus e
Marte) têm o seu júbilo em Casas abaixo
do horizonte (III, V e VI), enquanto os
diurnos (Sol, Júpiter e Saturno) o têm
acima do horizonte (IX, XI e XII).
Este sistema realça também a afinidade
entre os planetas da mesma natureza, que
são posicionados em casas opostas. Assim,
o par Sol-Lua, os luminares, estão
colocados nas Casas IX e III,
respectivamente; o par Júpiter-Vênus, os
benéficos, no eixo XI-V, reforçando a
natureza afortunada destas Casas; o par
Saturno-Marte, os maléficos, no eixo XII-
VI, sublinhando a faceta menos agradável
destas Casas.
Júbilos Note-se também que as posições de júbilo
favorecem as Casas consideradas menos
Planetários “fortes”: há júbilos nas quatro Casas
cadentes (Lua na III, Marte na VI, Sol na IX
e Saturno na XII) e em duas das
sucedentes (Vénus na V e Júpiter na XI).
Das Casas angulares, que por si só são
consideradas as mais fortes, apenas a
primeira (Casa I) é júbilo de um planeta
(Mercúrio).
Interação Importa referir que o destaque conferido
ao planeta pela condição de angularidade
entre ou júbilo não modifica o seu estado
dignidade essencial (dignidade ou debilidade).
essencial, Estas condições podem combinar-se ou
angularidade reforçar-se, mas nunca se anulam.
e júbilo Assim, mesmo que esteja debilitado por
posição zodiacal (queda, detrimento, etc.)
um planeta pode ainda assim estar
destacado no mapa, por estar angular ou
em júbilo.
Inversamente, um planeta em excelentes
condições zodiacais (em trono ou
exaltação) pode ver a sua força diminuída
por estar numa Casa cadente.
Interação entre dignidade essencial, angularidade
e júbilo

Vejamos primeiro a interação entre o


júbilo e o estado essencial do planeta.
No mapa de Karl Marx, por exemplo,
vemos dois planetas em júbilo - a Lua
na III e Júpiter na XI - mas com estados
zodiacais bem diferentes, pois a Lua
está exaltada em Touro, enquanto
Júpiter está em queda em Capricórnio.
A Lua em júbilo e exaltada é,
obviamente, um planeta muito forte
neste horóscopo. Representa uma
grande capacidade em concretizar
(Touro) as suas ideias (nomeadamente
através do jornalismo e dos livros,
assuntos naturais da Casa III).
Interação entre dignidade essencial, angularidade
e júbilo

Quanto a Júpiter, a situação é


diferente: por um lado está
fortalecido pelo júbilo, por outro
está enfraquecido pela queda.
Estes dois fatores, aparentemente
contraditórios, combinam-se,
contribuindo para a interpretação.
O posicionamento de Júpiter por
júbilo sugere que o indivíduo tem
aliados (Casa XI) com bastante
poder; contudo, como o planeta
está debilitado, podemos deduzir
que estes aliados, ainda que fortes,
são inconstantes e prometem mais
do que podem cumprir.
Interação Uma situação semelhante pode ocorrer
com planetas debilitados mas angulares:
entre embora um planeta angular tenha sempre
dignidade uma expressão evidente, se a sua natureza
essencial, essencial estiver debilitada, tenderá a
expressar o seu lado mais difícil.
angularidade
Quanto aos planetas dignificados mas
e júbilo cadentes, ocorre a situação inversa: a
expressão do planeta, ainda que discreta,
é estável, equilibrada e de boa qualidade.
O textos foram extraídos do livro:

Créditos “Tratado das Esferas”,


de Helena Avelar e Luís Ribeiro

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