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Guido Bonatti e a Sexta Consideração

Os dez Modos pelos quais os planetas estão Impedidos

A Sexta Consideração é observar outro modo segundo o qual os Planetas estão Debilitados ou
Enfraquecidos e Afligidos, não muito diferente da anterior o qual acontece de Dez Formas.

* O Primeiro, quando um Planeta está cadente dos Ângulos [1]


ou do Ascendente, de forma a
não o aspectar [2] .

* O Segundo, é quando um Planeta está Retrógrado [3]


.

* O Terceiro, se eles estão Combustos, isto é, dentro de 15 Graus antes ou depois do Sol [4]; os
Planetas Inferiores [5] estão mais Debilitados, estando atrás do Sol, e menos antes dele,
quando estão Directos, mas quando estão Retrógrados o contrário.

* O Quarto, quando qualquer deles está em Oposição, Conjunção Corporal ou Quadratura a


um dos Maléficos ou a ambos sem Recepção [6].

* O Quinto, quando estão Sitiados pelos Maléficos [7], separando-se de um e juntando-se a


outro, sem Recepção perfeita por Domicílio, Exaltação ou duas das menores Dignidades, as
quais são Termo, Triplicidade e Face [8].

* O Sexto, quando um Planeta está ligado a outro no seu Detrimento ou Queda, isto é, em
Oposição ao seu próprio Domicílio ou Exaltação [9].

* O Sétimo, quando está ligado a um Planeta Cadente do Ascendente, ou se separa de um


Planeta que o recebia e se aplica a outro que não o faz.

* O Oitavo, quando um Planeta está Peregrino, isto é, quando se encontra em um lugar onde
não tem qualquer Dignidade [10]; ou sendo um dos Superiores quando é seguido pelo Sol, ou
sendo um dos Inferiores quando segue o Sol.

* O Nono, quando um planeta está com o Nodo Norte ou com o Nodo Sul, sem latitude [11]
.

* O Décimo, quando um Planeta se enfraquece a si mesmo, isto é, quando está na Sétima


Casa a partir da sua [12], Feral [13] ou sem Recepção.

Estes são os Impedimentos dos Planetas que causam obstáculos, atrasos e danos
nas Natividades, Perguntas, Eleições, etc; de todos eles se devia estar bem
informado. Existem mais alguns que são necessários serem conhecidos, mas afim
de evitar o tédio e a confusão, eu devo no momento omiti-los.

As Casas Cadentes dos Ângulos são as Casas, III, VI, IX e a XII. Contudo a Casa III é uma
 [1]
boa casa para a Lua, pois é a Casa do seu Júbilo, assim como a Casa VI para Marte, a IX para
o Sol e a XII para Saturno.

[2]Ou seja, Planetas na II, VI, VIII e XII não têm qualquer ligação ao Ascendente por Aspectos
Ptolemaicos.

[3] Movimento aparente dos Planetas.

Na prática Astrológica um planeta está Combusto quando este se encontra a oito graus e
[4]
meio antes ou depois do Sol.
[5] Mercúrio e Vénus.

Exemplo de um dos tipos de Recepção: Júpiter no Domicílio do Sol (Leão) e o Sol no


[6]
Domicílio de Júpiter (Sagitário ou Peixes).

[7]Exemplo: Saturno a 16 graus de Gémeos, Marte a 20 graus de Gémeos e Vénus a 18 graus


de Gémeos; Vénus encontra-se Sitiada pelos dois Maléficos (Saturno e Marte).

[8] A ordem decrescente das Dignidades Menores seria a Triplicidade o Termo e a Face.

Exemplo: Júpiter Conjunto a Marte em Balança, aqui Júpiter estaria Debilitado por estar
[9]
Conjunto no Signo de Detrimento de Marte.

[10] Domicílio, Exaltação, Triplicidade, Termo e Face.

[11] Consulte o artigo: Os Nodos Lunares - Uma Perspectiva Medieval

[12] Quando se encontra no seu Detrimento.

[13] Sem qualquer Aspecto Ptolemaico.

Os Nodos Lunares

Uma Perspectiva Medieval

 Os Nodos Lunares são uma fonte de conhecimento muito rica no que consta à delineação dos
variados ramos da astrologia: Natal, Horária, Mundana, Electiva, etc. Retirando a parte técnica
deste pequeno estudo observa-se que os antigos tinham uma forma muito diferente de
determinar os efeitos dos Nodos, uma forma bastante diferente da que é hoje mais conhecida
e usada criando, creio eu, pontos de fricção entre a Astrologia Clássica e a Moderna, contudo
numa visão mais filosófica do tema acredito que possam existir pontos de convergência entre
ambas as abordagens.

Espero que este pequeno estudo sobre o significado dos Nodos Lunares numa
perspectiva medieval venha contribuir para uma visão diferente dos mesmos, e
quem sabe proporcionar-lhe algumas respostas a perguntas que até hoje não tenha
conseguido responder.

 Os Nodos Lunares (pontos de intersecção) são originados na intersecção entre a órbita
da Lua e a eclíptica (o percurso aparente do Sol), devido a um desfasamento de
aproximadamente 5º e 8’ existente entre ambos os percursos (o da Lua e o do Sol).

O Nodo Norte ou o Nodo Ascendente é aquele em que a Lua cruza a eclíptica ao passar
de Sul para Norte do percurso por ela definido.

O Nodo Sul ou o Nodo Descendente é aquele em que a Lua cruza a eclíptica ao passar
de Norte para Sul.

O sistema de cáculo que usualmente se designa por « True Node » é aquele que nos
indica a sua posição ‘exacta’. O  « True Node », devido às perturbações orbitais provocadas
pelas oscilações da Lua, pode estar em movimento retrógrado ou directo.
O que se designa por « Mean Node » é aquele que é calculado de acordo com a sua
velocidade média, excluindo as perturbações orbitais causadas pela oscilação da Lua o que faz
com que o seu movimento seja constantemente retrógrado.

Os Nodos Lunares estão sempre opostos um ao outro e movem-se em sentido inverso


através do Zodíaco. O ciclo dos Nodos é de 18.6 anos e o seu movimento diário aproximado é
de 3’ de arco.

 Al-Qabisi (Alcabitius): The Introduction to Astrology - Capítulo 2, Pág. 87

 A Cabeça do Dragão é benéfica. A sua natureza é composta pela natureza de Júpiter e


de Vénus. Ela indica domínio, boa fortuna e posse.

Alguns dizem que a sua natureza é aumentar. Se ela estiver com os benéficos ela
aumenta a boa fortuna deles; se ela estiver com os maléficos, aumenta a má fortuna deles.

A Cauda do Dragão é maléfica. A sua natureza é composta da natureza de Saturno e


Marte. Ela indica baixeza, queda e pobreza.

Alguns dizem que a sua natureza é diminuir. Se ela estiver com os benéficos ela diminui
a boa fortuna deles; se ela estiver com os maléficos ela diminui a má fortuna deles. Contudo
é dito que a Cabeça é benéfica com os benéficos e maléfica com os maléficos; a Cauda é
maléfica com os benéficos e benéfica com os maléficos.

Al-Biruni: The Book of Instruction in the Elements of the Art of Astrology - 383,
Pág. 233

Muitos astrólogos atribuem uma natureza clara ao nodo ascendente e descendente,


dizendo que o primeiro é quente e benéfico e denota um aumento em todas as coisas, e o
último frio, maléfico e acompanhado de uma diminuição de influências. É relatado que os
Babilónios defendiam que o nodo ascendente aumenta os efeitos de ambos os planetas,
maléficos e benéficos, mas nem todas as pessoas aceitam esta opinião, por a analogia
aparentar ser particularmente forçada.

Guido Bonatti: Liber Astronomiae - Segundo tratado, Parte 2, Capítulo XXX,


Pág. 35

Eles colocaram Gémeos como a exaltação da ‘Caput Draconis’, porque Gémeos é o


primeiro signo bicorpóreo e mutável depois de Carneiro, e ‘Caput Draconis’ é igualmente
bicorpórea porque é composta de duas naturezas, nomeadamente de Júpiter e Vénus, que
são as duas fortunas. Sagitário é colocado como a exaltação da ‘Cauda Draconis’ porque
Sagitário é oposto a Gémeos, como a ‘Cauda’ também o é para a ‘Caput Draconis’.

Capítulo XXXI, Pág. 35

‘Caput Draconis’ tem a sua queda em Sagitário e a ‘Cauda Draconis’ em Gémeos.

William Lilly: Christian Astrology - Livro I, Pág. 83

A Cabeça do Dragão é masculina, da natureza de Júpiter e Vénus, e por si mesma uma


fortuna; todavia os antigos dizem que estando em conjunção com os bons é boa, e em
conjunção com os planetas maus eles consideram-na má.
A Cauda do Dragão é feminina por natureza e totalmente contrária à Cabeça; por ela
ser maligna quando ligada com planetas bons, e benigna quando em conjunção com os
planetas malignos. Esta é a constante opinião de todos os antigos, mas sobre que razão é
fundamentada eu desconheço; eu sempre achei a Cabeça do Dragão equivalente a qualquer
uma das fortunas, e quando ligada aos planetas maus diminui o seu significado malévolo;
quando ligada aos bons aumenta o bem prometido por eles: em relação à Cauda do Dragão,
eu sempre verifiquei na minha prática que quando está ligada a planetas maus, a sua malícia
ou o mal intencionado por essa ligação era duplicado e triplicado, ou extremamente
aumentado, etc., e quando acontece estar em conjunção com qualquer das fortunas que são
significadoras da questão, apesar do assunto estar razoavelmente prometido pelo significador
principal e provavelmente levado à perfeição em pouco tempo; sucedem-se muitas
dificuldades e perturbações, muitas discussões e grandes controvérsias, que o assunto está
dado muitas vezes por perdido antes de se chegar a uma perfeita conclusão; e a não ser que
os principais significadores estejam angulares e bem fortalecidos em dignidades essenciais,
muitas vezes inesperadamente o assunto inteiro dá em nada.

John Partridge: Mikropanastron - Centilóquio de Hermes, Aforismo 66, Pág.


300

O Nó Norte com as infortunas denota desgraças terríveis, pois isso aumenta a sua
maldade; mas com as fortunas, promove o bem e aumenta a sua benignidade; mas as
significações do Nó Sul devem ser tomadas no sentido inverso.

Um primeiro ponto a realçar é que os Nodos sendo pontos espaciais que não têm luz
própria não podem aspectar outros Planetas, eles só influenciam outros Planetas por
Conjunção.

A prática leva-me a acreditar que Planetas Conjuntos ao Nodo Norte estão


acidentalmente dignificados (as características dos Planetas são aumentadas) e que
Conjuntos ao Nodo Sul debilitados (as características dos Planetas são diminuídas). Planetas
dignificados têm um maior poder de acção tanto para o bem como para o mal, contudo aqui é
preciso usar bom senso; um Júpiter a 14º de Peixes na Casa X, Conjunto ao Nodo Sul não
pode ter a sua capacidade de acção diminuída pela sua Conjunção ao Nodo, uma vez que está
essencialmente e acidentalmente dignificado, em Regência, Termo, Face e Angular;
igualmente o poder de acção de um Saturno Conjunto ao Nodo Norte a 17º de Balança na
Casa VII, na sua Exaltação, Triplicidade, Face e Angular, o que chamamos de um maléfico
tornado benéfico, pois possui muita dignidade essencial e acidental não pode ser malévolo
devido à Conjunção ao Nodo.

Apesar da necessidade de usar o bom senso no que diz respeito à interpretação dos
Nodos e também da necessidade de compreender bem os textos antigos, venho mais uma
vez reiterar que o grande conhecimento dos antigos mestres continua muito válido e de
grande utilidade para a compreensão de determinadas configurações celestes, o que se pode
verificar no que diz respeito aos Nodos Lunares.

Bibliografia:

Al-Biruni - The Book of Instruction in the Elements of the Art of Astrology, Kessinger

Al-Qabisi, Burnett, Yamamoto, Yano - The Introduction to Astrology, The Warburg Institute

Guido Bonatti, Robert Zoller - Liber Astronomiae, Spica Publications

John Partridge, MCMM - Mikropanastron, Biblioteca Sadalsuud


M. F., G. A. - Introdução à astronomia e às observações astronómicas, Plátano Edições

William Lilly - Christian Astrology, 1647

Traduzida e publicada por George Wharton, 1659.

Tradução da versão inglesa gentilmente realizada por Maria Carlota Machado


Mendes, QHP

BIBLIOTECA SADALSUUD

***
Não vou discutir o quanto os Astrónomos diferem entre si a respeito do Número, Localização,
Movimentos e Natureza dos Céus.  Nem vou aqui tratar de compor tal discórdia, nem censurar
o julgamento de seja quem for, pois pelo menos nisto muitos concordam (que existe um Céu
supremo e Primum Mobile que, pelo seu próprio movimento, de Leste para Oeste, realiza a sua
revolução em torno da Terra no espaço de 24 horas, e que é tal a força provocada pelo
assombroso movimento sobre os corpos subordinados, que arrasta manifestamente consigo,
de Leste para Oeste, tudo aquilo que se encontre entre ele e a Região do Ar média.)

 É verdade que Kepler (o Lynceus da última era), ao negar (com Copérnico) um tal Primum
Mobile, faz com que o Céu Estelar seja supremo e imóvel.  E sustenta que a Terra (apelidada
de planeta por Pitágoras e colocada entre as Esferas de Marte e Vénus) realiza pelo seu próprio
movimento, de Leste para Oeste, uma rotação inteira sobre o seu Eixo no espaço de 24 horas,
estando o Sol colocado no Centro do Mundo.  Admitido isto (como o é pelos mais eruditos
desta era) o Céu Estelar continua a realizar a função de Primum Mobile (já que a mesma parte
da Terra, pelo movimento de todo o seu corpo, entra continuamente em aspecto com as novas
partes do Céu Estelar, pelo qual aquela parte da Terra será alterada de novo, a não ser que lhe
neguemos qualquer poder de agir sobre ela.)

Por conseguinte, se não existirem outros Céus acima do das Estrelas Fixas (desconhecidos,
confesso-o, dos egípcios, caldeus, de Platão, Aritóteles, Hiparco e até do próprio Ptolomeu)  ou
se forem mais, de acordo com os Aphonsins, uma coisa é muito certa, não sendo contradita
por ninguém, que nos corpos mundanos, tais como a Terra, a Água, o Fogo e os Céus, há
algum Primeiro e Supremo, não podendo existir nenhum mais elevado, caso contrário seriam
infinitos na Operação.  E também que estes mesmos Corpos são as universais Causas de
Mutações Físicas, e que se subordinam umas às outras na Operação.  Portanto, nessa
Subordinação terá que haver igualmente uma causa Física primeira e suprema que age por si
só e que não toma nada emprestado de qualquer anterior poder de Operação, e a partir dela a
Média, e a partir desta a Menor, recebem a sua virtude de Acção.  De outro modo, esta
Subordinação das Causas seria ela própria profundamente arrasada.  Pois porque razão se
diria que a Média está Subordinada à Suprema e a Menor à Média na sua Operação, se aquela
que é inferior não recebesse qualquer influxo ou virtude daquela que lhe é Superior?  E como é
que, por si só, poderia a Inferior produzir qualquer efeito sem a Influência da Média, ou esta
sem a Influência da Superior?

Portanto, a Primeira Causa de todas as coisas não pode ser outra além do Céu Supremo, o
qual se (de acordo com a Doutrina dos Antigos) se mover, move também os Corpos que lhe
estão inferiores, mas ele próprio não é movido por qualquer outro Corpo que lhe seja
superior.  E se (de acordo com Kepler) estiver imóvel e cheio de estrelas, exerce influência
pelos menos sobre os Corpos que lhe estão subordinados, mas não recebe influência de
nenhum outro.  Portanto, de qualquer das formas, o Primeiro Céu será a Primeira Causa ou o
primeiro início Físico dos Efeitos e Alterações Físicas.  Pois não é conveniente que o Primeiro
início em todos os tipos seja o mais perfeito.  Portanto, o Primeiro Céu pertencerá à Linhagem
das Causas Eficientes, que têm a mais universal e poderosa virtude Activa (que é a maior
perfeição da Causa Eficiente) de modo que não existe nenhuma Causa Inferior Corpórea que
ele não mova, ou na qual ele não instile uma virtude de poder de Operação;  e nada de novo é
gerado no Mundo inteiro que não seja tocado por esta mesma virtude.  Admitindo isto, como
pode o ser humano duvidar que tudo o que é gerado e nascido de novo deva ser referido à sua
Primeira Causa?  Pois tem que ser referido a alguma parte daquele Céu ou àquele Céu inteiro. 
Mas deveria ser referido ao Céu inteiro.  Pois o Primeiro céu não é a Primeira e mais Universal
Causa, secundum aliquam sui partem, segundo alguma parte sua, mas secundum se totum,
segundo o seu Corpo inteiro.  Portanto, todos os Efeitos Sublunares, desde que possam ser
considerados secundum se totum, nomeadamente, no seu Início, Vigor, Declinação 
Destruição, têm que ser referidos ao céu inteiro;  no entanto, não confusamente, mas distinta
e ordeiramente, como o mais ordeiro movimento do Céu requer.

Pois, como todo o Efeito e tudo aquilo que sucede a partir do Céu durante o mesmo,
corresponde ao Céu inteiro, mas o Início não é o seu Fim;  de modo que o que estava no Céu,
sendo por si só a Causa do seu Início, esta mesma coisa não será por si só a Causa do seu
Final, (de outro modo, nenhum Efeito poderia continuar, nem nenhum seria produzido.)  Mas,
tal como o Início, o Vigor, a Declinação e o Final das coisas diferem entre si e se sucedem uns
aos outros, também as Causas Celestes destes diferem igualmente entre si e têm que se
suceder umas às outras.  Por conseguinte, no Céu há certas partes que são as Causas que
regem o Vigor, outras que regem a sua Declinação e, por fim, aquelas que governam o Final
ou a Destruição das coisas.

Então, a que parte do Céu (já que a própria Natureza nos guia e alcança) haveremos de
chamar a Primeira Causa do Início Natural de todas as coisas?  Certamente aquela que, no
exacto Início da coisa, ascende acima do seu Horizonte e, ao ascender, faz com que a própria
coisa surja.  Pois é seguro que de todos os lugares do Céu, o Leste é mais poderoso do que o
resto, como é atestado por todos os Astrólogos, no que respeita à Ascensão, Culminação e
Descensão das Estrelas;  e como a própria Experiência comprova, na Alteração do Ar.  Mas
uma Causa só é considerada mais Poderosa relativamente a um Efeito mais forte e mais
difícil.  Portanto, o Efeito mais forte e mais difícil tem que ser atribuído à Parte Ascendente do
Céu, o que ninguém negará, relativamente ao Aparecimento ou à Produção daquelas coisas. 
Mas sucessivamente, aquela Parte do Céu que está mais elevada acima do Horizonte e ocupa o
Meio do Céu, no aparecimento ou Início da coisa, terá o Governo do seu vigor e da sua virtude
Operativa.  Aquela que se põe nesse momento, a sua Declinação a partir do seu estado
perfeito.  E, por último, aquela que detém o Fundo do Céu será tomada como sendo a Causa
da sua Corrupção.

E esta é a simples e (de todas as outras) a primeira Divisão do Céu, pela qual esta pode ser
verdadeira e racionalmente adaptado para a Geração, o Aumento e a Alteração de todas as
coisas Físicas a partir da sua própria Natureza e, por último, para a sua Corrupção.  E a única
que os Astrólogos Antigos frequentemente usavam nas suas constituições do Céu, tanto Gerais
como Particulares, como se verifica por Haly na Figura do Cometa que apareceu na sua época. 
E isto porque uma Divisão mais escrupulosa do Céu era mais difícil naqueles dias por falta de
Tabelas Astronómicas, ou porque esta Divisão poderia conter genericamente tudo aquilo que
outra conteria mais especificamente.
Mas a partir do momento em que um Astrólogo observou que o Céu foi criado e se move mais
por causa do Homem do que por causa de qualquer outra criatura Animada ou Inanimada, e
quantas coisas concordam com o próprio Homem, devido à sua Natureza mais Divina, as quais
não concordam de nenhuma forma com Criaturas mais ignóbeis, ele supôs que por causa do
Homem também o Círculo inteiro do Céu deveria racionalmente ser dividido em Doze partes
(por grandes Círculos traçados através das intersecções do Horizonte e do Meridiano e que
cortam o Equador em igual número de partes) às quais chamou Casas;  colocou a primeira
delas no Leste e afirmou para a posteridade que governava a Vida do Homem e que a partir
dela se poderia deduzir um conhecimento conjectural e um julgamento sobre a Vida;  que a 2ª
(que se segue à primeira, de acordo com o Movimento dos Planetas) governava as Riquezas; 
a terceira, os Irmãos;  a quarta os Progenitores;  e assim por diante com o resto, tal como
estão Ordenadas e Nomeadas as casas na Figura subsequente.  E, a partir dele até aos dias de
hoje, esta divisão do céu e nomeação das Casas tem perdurado sem corrupção, apesar do
facto de Ptolomeu e dos seus Seguidores discordarem desta Antiga Tradição, parecendo
perverter a Divisão em muitos lugares, como quando (a respeito dos Filhos) julgam
principalmente, não a partir da 5ª casa, mas da 11ª que lhe está oposta.  Quando (a respeito
da Mãe) não julgam a partir da 4ª mas da 10ª, que lhe está oposta.  Também (a respeito dos
Criados e dos Animais) não a partir da 6ª mas da 12ª (a Casa oposta), ficando este aparente
Erro corrigido a partir daqui.

  A Ordem e os Nomes das Casas Astrológicas

Ora, entre todos os outros Fundamentos da Astrologia, este da divisão dos Céus em 12 Casas
é o primeiro e o mais importante, pelo facto de dele depender principalmente toda a Arte das
Predições.  E como as Causas, as Razões e os primeiros Inícios desta Divisão estão mais
distantes do nosso Entendimento e são muito mais difíceis de descobrir, através do raciocínio,
do que quaisquer outros, esta é a razão porque muito poucos (se é que algum) empreenderam
a sua defesa através de quaisquer Razões, verdadeiras ou prováveis, sendo o próprio Ptolomeu
(para dizer a verdade) muito deficiente neste particular.  Pois Lucius Bellantius (que tomou a
seu cargo a defesa da Astrologia contra Picus) no seu 10º Livro (escrito contra o cap. 5 do 10º
Livro de Picus) depois de ter enumerado diversas insignificâncias da sua própria autoria e da
autoria dos Antigos, indignas do nome de Razões, acaba por ser forçado a opôr-se a Picus com
base apenas na Experiência e a concluir a sua defesa a partir de Objectos muito ridículos e
impróprios para um Artista da sua Erudição e Gravidade, nestas palavras:  Querere igitur
quam ob causum haec vel illa domus hujus virtutis sit, est quaerere, quare Sol sit Lucidus, cur
Ignis calidus, Aqua frigida;  quae tamen ex principiis intrinsecis pendent nobis ignotioribus, aut
saltem minimè notioribus;  a que um pouco antes chamou Profunda Naturae secreta.

E, efectivamente, todos os outros que tentaram dar as Razões de ser destas Casas, não
produziram nada ordenado, nada de Verdadeiro, mas apenas meras ficções.  De modo que se
em algum lugar apresentavam uma razão que parecia defender uma Casa, a mesma destruía
todas as outras.  De modo que Alexander ab Angelis, lib. 4, cap. 19, depois da sua Revista de
todos os Argumentos apresentados por Julius Firmicus a respeito destas Casas, revende-as
com razão nas seguintes palavras:  Ridiculus sit quicunque ridiculas bas rationes nostra
refutatione egere existimaret.

Pelo que se torna evidente a facilidade e o à vontade com os Inimigos da Astrologia


escarnecem e se riem destas Casas, perguntando inoportuna e despudoradamente porque
razão o Céu não pode ser dividido em mais do que 12 Casas?  Por que é que a Primeira Casa é
chamada a Casa da Vida e colocada no Leste?  Por que é que a ordem e a sucessão numérica
das Casas é do Leste para o Oeste?  E por que é que a Segunda Casa é chamada a Casa das
Riquezas ou Ganhos, a doze dos Inimigos, Encarceramento e Desventura?  E também por que
é que as outras Casas são chamadas pelos seus Nomes, e dispostas por aquela ordem? 
Estudando-as (como fingem fazer), tanto pela sua Ordem como pelos seus Nomes, não
observam qualquer Ordem, encontrando apenas uma mera Quimera de Confusão, uma simples
mistura de ficção e tolice, como Picus (lib. 10) e Alexander ab Angelis (lib. 4, cap. 27) fazem
alternadamente, mas passando por aflitivos tormentos para o comprovar.

Ora bem, a Divisão do Céu em 12 casas (tal como apresentadas anteriormente na Figura) não
devem ser de todo consideradas como inventadas ou falhas de um Natural Fundamento.  Mas
para uma feliz concepção do mais sábio e arguto intelecto (desde que qualquer entendimento
humano o possa apreender e não se trate daquele universal conhecimento que Deus incutiu
em Adão na Criação) como aquele que, baseado num Fundamento real, declara o estado
universal do Ser Humano no Céu, maravilhosamente sombreado, tal como se encontra na sua
primeira Causa Física.  Pois esta Divisão foi pelo seu primeiro Autor, Cabalisticamente
conferida à Posteridade, a qual efectivamente nunca alterou a mesma;  no entanto, nunca
entenderam os seus Mistérios (o espírito da Cabala), não nos tendo ficado nada dito por
ninguém a seu respeito.

Primeiro, então, (para uma maior Ilustração) afirmo que a original, primeira e simples divisão
do céu em quatro partes Cardeais não é inventada, mas natural e sustentada por um
fundamento natural, como já foi demonstrado anteriormente.  E este é que cada uma destas
partes tem duas outras partes no céu da mesma Natureza, viz. aquelas com que faz um
Triângulo Equilátero no Equador (o principal Círculo do primeiro Movimento do Mundo) ou ao
qual pertence através de um Trígono partil no Equador.  Pois a Eterna Trindade é de Amor
infinito e a fonte e o alimento do Amor mais infinito e perfeito, em que a coisa Amante, que é
a primeira, a coisa Amada, que é a segunda, e o Amor resultante de ambas, que é a terceira,
são um só, não em Género ou em Espécie, mas em número;  e, por conseguinte, a mais
simples e Perfeita;  a sua Perfeição é tal e tão universal que irradia para dentro de qualquer
Trígono.  E, por conseguinte, pode-se dizer que todos os Trígonos são Perfeitos, não em
qualquer perfeição particular ou especial, mas naquela primeira e mais universal perfeição do
Primeiro Trígono, que vem no Amor e do qual todos os Trígonos participam de modo diverso,
de acordo com a Capacidade da Natureza.

Verificando, portanto, que as Estrelas Fixas e os Planetas se contemplam (por causa dos seus
vários movimentos) frequentemente entre si com Aspectos diferentes nos Círculos Celestes,
viz. um Sextil, uma Quadratura, um Trígono e uma Oposição, os primeiros e sábios Astrólogos
(tanto por razões tomadas a priori a partir da infinita e mui universal perfeição do primeiro
Trígono como a posteriori a partir de Efeitos extremamente evidentes) afirmam geralmente
que, de todos os Aspectos, o Trígono é o mais perfeito, e que nele a perfeição do primeiro
Trígono, viz. o Amor, é tão forte e vívida que é chamado por eles um Aspecto de perfeita
Amizade.  Ora, na medida em que isto não poderia suceder sem uma similitude de naturezas
ou, pelo menos, uma Identidade genérica, concluíram correctamente que as partes do Equador
que se contemplam entre si através de um Trígono Partil são, pelo menos, da mesma natureza
genérica e constituem uma Triplicidade da mesma natureza.

Pelo que, considerando que cada uma das Quatro Partes Cardeais do Céu anteriormente
mencionadas reclama para si uma Triplicidade peculiar da sua própria natureza, é por estas
quatro Triplicidades que o Céu é dividido em 12 partes, chamadas Casas.  Tampouco seria
divisível por mais ou menos partes pelo Quaternário Criado multiplicado pelo Ternário Divino. 
E, por conseguinte, esta Divisão é considerada como a mais absoluta e verdadeiramente
perfeita, já que contém dois Sextis, duas Quadraturas, dois Trígonos e também a oposição, os
quais são todos os Aspectos Celestes dos quais (não omitindo a Conjunção) todas as variações
das Influências Celestes gerais resultam.  E estes Aspectos concordam perfeitamente com
todas as partes do Número 12, que são 1. 2. 3. 4. 5. 6. onde o 1. é referido à União ou
Conjunção;  o 2. (a 6ª parte de 12) ao Aspecto Sextil;  o 3. (a sua 4ª parte) à Quadratura;  e
o 4. (a terça parte) ao trígono;  e o 6. (a metade) à Oposição.  E, tal como não há mais
Aspectos no Círculo, também no Número 12 não há mais partes.  Pois todas as coisas foram
efectivamente feitas por Deus, em Número, Peso e Medida.

Com esta premissa, afirmo que a Vida do Ser Humano consiste em 4 Idades:  a Infância, a
Juventude, a Idade Viril e a Velhice.  E que no Homem se podem observar quatro coisas
distintas, às quais todas as outras se podem reduzir como que ao seu primeiro início,
nomeadamente, Vida, Acção, Casamento e Paixão.  E estas concordam com o Início (ou
ascensão), o Vigor, o Declínio e o Fim ou a Morte;  insinuámos já que estas quatro são
geralmente concordantes com todos os efeitos da Natureza.  Pois considera-se que um Homem
Ascende no Mundo quando goza pela primeira vez de uma Vida Mundana.  Que é forte na
Acção quando age ou transforma o seu vigor em acção.  Que declina assim que uma
abundante dissipação do seu calor inato e humidade radical tem início, tal como no momento
do Casamento.  E a partir da Idade Viril (o melhor período do Casamento) declina a caminho
da Velhice, acabando por Morrer, altura em que sofre a última Paixão da Vida.  Por
conseguinte, a Vida do Homem, a Acção, o Casamento e a Paixão pertencem aos mesmos
Princípios Celestes, tal como acontece com o Nascimento, o Vigor, o Declínio e a Morte de
todas as outras coisas no Mundo, viz. a Vida ao Leste, a Acção ao Meio do Céu, o Casamento
ao Ângulo Ocidental e a Paixão ao Ângulo da Terra.

Daí resultam 4 Triplicidades da mesma natureza genérica e 12 Casas, como foi dito
anteriormente.

A Primeira Triplicidade é a do Ângulo do Leste (a que se chama a Primeira Casa e pertence à


Infância) chamada a Triplicidade do Ser e da Vida;  as outras casas desta Triplicidade são a
Nona e a Quinta, contemplando ambas a primeira casa através de um Aspecto Trino Partil no
Equador, onde é feita esta racional Divisão das Casas.

Pois o Homem vive dentro de um contexto triplo, em si mesmo, em Deus e na sua


Posteridade.  Mas a Primeira Vida é apenas dada a um Homem por outras Causas, viz. para
que ele possa Venerar a Deus e procriar um seu semelhante, sendo esta a completa intenção
de Deus na produção do Ser Humano.

1. Ora, no tocante à Vida do Homem propriamente dito (porque é a primeira de


todas as outras coisas na Ordem da Natureza e, sem ela, o resto não poderia
consequentemente existir) é justo que reclame a principal Casa da Triplicidade,
viz. O Ângulo do Leste.

2. A Vida em Deus (a segunda na lista) existe na casa da religião, viz. a Nona,


subsequente à Primeira Casa nesta Triplicidade, de acordo com o Movimento do
Equador.
3. E, finalmente, a Vida na sua Posteridade, conferida à casa dos Filhos, que é a
quinta.  Pelo que esta  Triplicidade inteira diz respeito à Vida.  Mas aqui há uma
coisa muito notável, viz. que pelo movimento do Equador (a medida do Tempo)
há um ingresso imediato da 9ª casa para a 8ª, que é a casa da Morte
Temporária:  pelo que o homem deve entender que terá que viver para si
mesmo em Deus, até à sua Morte Temporal, de modo que entre esta e a Vida
em Deus, não se interpõe nenhuma porção de tempo.

A segunda é a Triplicidade do Ângulo do Meio do Céu, a que chamam a 10ª casa e que
pertence à juventude.  Esta é também chamada a Triplicidade da Acção e do Ganho ou dos
bens mundanos que dele fluem, porque como todas as coisas agem Fisicamente, trabalham
para algum bem Físico.  Pois, tal como pelo Movimento do Equador, o progresso é feito a partir
do Ângulo do Leste na direcção do Ângulo do Meio do Céu, também existe um progresso feito
a partir da Infância no sentido da juventude, e do Ser, ou da Vida para a Acção.  As outras
duas casas desta Triplicidade são a 6ª e a 2ª.

Mas o Ganho ou o bem Físico que é conferido ao homem a partir das suas Ações é triplo.

1. O primeiro (por ordem de dignidade) é Imaterial, tal como são as Artes, a


Magistratura, as Dignidades e as Honras às quais um homem é elevado, assim
como o Poder e a Majestade, pelo que detém a principal casa desta Triplicidade,
viz. o Ângulo do Meio do Céu.

2. O segundo é Material e Animado, como o são os súbditos, servos e todas as


outras criaturas vivas, e está colocado na 6ª casa, de acordo com o Movimento
do Equador, na Triplicidade subsequente.

3. O último é Material e Inanimado, como o são o ouro, a prata, os objectos de


casa e até todos os outros Bens Imóveis obtidos pelo seu próprio trabalho, que
são atribuídos à segunda casa, sob o nome de Riquezas.  Portanto, esta
Triplicidade inteira é de Acção e do Ganho que dela resulta.

A terceira é a Triplicidade do Ângulo Ocidental, chamado a 7ª casa e pertencendo à Idade


Adulta.  Esta é chamada a Triplicidade do Casamento ou do Amor.  Pois, tal como pelo
Movimento do Equador, o progresso é feito do Ângulo do Meio do Céu para o Ângulo Ocidental,
também há um progresso da Juventude para a Idade Adulta, e dos actos famosos para os
casamentos e as amizades dos homens, que com eles são conquistadas.  As duas outras casas
desta Triplicidade são a 3ª e a 11ª.

Mas um ser humano é ligado a outro de um modo triplo.

1. A Primeira Conjunção (por ordem de dignidade) é a do corpo, à qual chamamos


Matrimónio, e portanto a principal casa desta Triplicidade, viz. o Ângulo
Ocidental, é-lhe dedicada.

2. A segunda é a do Sangue, que constitui os Irmãos e os Parentes, na Terceira


Casa, de acordo com o Movimento do Equador nesta Triplicidade seguinte.

3. A última é a da simples Benevolência ou patrocínio, da qual surgem os amigos,


na 11ª casa.  Por conseguinte, esta Triplicidade inteira é do Casamento e do
Amor.

A quarta Triplicidade é a do Ângulo escuro (no meio da noite ou no fundo do céu) chamada a
Quarta Casa e a Caverna ou o Esconderijo dos Planetas, atribuída à velhice e apelidada da
Triplicidade da Paixão, da Aflição e da Morte, à qual todos os homens estão sujeitos devido ao
pecado de Adão. As duas outras casas desta Triplicidade são a 12ª e a 8ª.
1. Mas a primeira Aflição do Homem, na ordem da natureza, é a triste espectativa
da Morte Natural dos seus Progenitores, ou antes (falando Cabalisticamente) é
aquela mancha do Pecado Original que os nossos Progenitores imprimem em nós
e através da qual somos, desde o nosso Nascimento, sujeitos a todos os
infortúnios, acabando na morte propriamente dita.  E, por conseguinte, os
Progenitores e a sua Condição, durante a vida do Nativo, assim como a Morte e
as heranças deixadas por eles ao Nativo, ocupam a casa principal desta
Triplicidade, viz. o Ângulo da quarta casa.

2. A segunda Aflição consiste nos Ódios, Dissimulações, Maquinações, Traições e


Prejuízos provocados pelos Inimigos, especialmente os Secretos.  Assim como
nas Prisões, Servidão, Pobreza e todos os outros Infortúnios que um homem
sofre durante a sua vida.  Ora, como todos eles são Inimigos da Vida, são por
isso contidos debaixo da única consideração de um Inimigo, na 12ª casa, que é
correctamente chamada o vale dos infortúnios, e que se segue imediatamente
nesta Triplicidade, de acordo com o movimento do Equador.

3. A última Aflição, habitando a 8ª Casa, é a Morte do Homem propriamente dito,


que é o Fim desta Vida Temporal e o Início de uma Vida Eterna, pelo que, de
acordo com o segundo movimento, ou o movimento dos Planetas, que é do
Oeste para o Leste, há uma entrada feita da 8ª casa para a 9ª, que é a casa da
Vida em Deus, pela qual ao homem é dado entender que deverá passar pelo
segundo movimento da Alma, que é atribuída à mente ou à razão (tal como o
primeiro movimento ou rapt é ao Corpo ou ao apetite sensitivo) de uma Morte
Temporária para uma Vida em Deus, que é Eterna.  Por conseguinte, nestas
Triplicidades, aquilo que é Primeiro na ordem ou dignidade da natureza ocupa
sempre as casas mais nobres, viz. as Angulares.  O que vem em segundo lugar,
as casas sucedentes, de acordo com o movimento do Equador.  E aquilo que
vem por último, nas Cadentes, que são também sucedentes de acordo com o
movimento da Eclíptica ou dos Planetas.

Agora, rogo-vos, quem poderá achar que esta Divisão das 12 Casas Celestes pelas
Triplicidades, apresentando-se nesta concórdia tão excelente, e em tão maravilhosa ordem,
poderia ser alguma vez inventada ou casual?  Ou que, por acaso, haja ausência de tais
concordâncias em coisas tão abstrusas e inter-mescladas?  Ou se fossem totalmente fictícias,
seriam portanto totalmente falhas de um Fundamento Natural, o que já provei claramente ser
falso e agora fiz com que as próprias Casas manifestassem pela sua concordância
extremamente ordenada.  Portanto, esta Divisão é Natural e ordenada por grande sapiência, já
que engloba (pelo menos genericamente) todas as coisas mundanas sobre as quais se pode
inquirir ou que dizem respeito ao Homem, já que o conhecimento dos Contrários é o mesmo e
se pode buscar uma afirmativa ou uma negativa sobre qualquer coisa pertencente a qualquer
casa.

Por exemplo, o Homem de Visão, graças à força da luz natural, sabe que há um Deus que
criou e governa o mundo e que deverá, por conseguinte, ser venerado e Amado acima de tudo
(como o aspecto Trino feito a partir da primeira casa (a causa de todas as inclinações) à 9ª,
que é a casa da Religião, pelos primeiros princípios da natureza insinua) a partir das Estrelas e
Planetas (ou os seus Aspectos) residentes na 1ª e especialmente na 9ª, poderá ser dado
julgamento sobre se o nativo terá tendência para a adoração de Deus e para a Religião, ou o
contrário.  E é assim no que respeita a outras coisas desta natureza.

Do mesmo modo se pode conjecturar a partir da 7ª casa, se ele levará uma vida casada ou
solteira.  A partir da 5ª se será fértil e terá filhos ou o contrário;  e é assim com o resto das
outras casas.

Além disso, esta luz das Triplicidades distingue muito claramente as coisas que pertencem a
cada Casa per se, e manifesta os Erros daqueles que julgam sobre os assuntos a partir de
Casas incovenientes ou Repugnantes.  Por exemplo, de certo modo, todos os Astrólogos
acham (mas erroneamente) que a saúde e a doença pertencem à 7ª e à 6ª Casas per se,
quando de fato dependem do Temperamento que é a Sede da Vida;  e, por conseguinte, o
julgamento a seu respeito deveria ser dado a partir da Primeira Casa, per se;  mas o
julgamento deduzido a partir de outras Casas é apenas per accidens, ou seja, há que
determinar os Planetas Malévolos ou os seus Raios, sobre os quais o horóscopo cai por
Direcção, ou que chegarão por Direcção ao horóscopo propriamente dito, ou à sua Quadratura
ou Oposição, durante a Vida do Nativo.  E, por conseguinte, se Saturno ou Marte se
encontrarem, no momento do Nascimento, na 2ª ou na 6ª Casas, a partir destas Casas será
dado julgamento (per accidens) de uma doença Saturnina ou Marcial que acontecerá quando o
horóscopo chegar por Direcção a Saturno ou a Marte na 2ª.  Ou quando Saturno ou Marte
chegarem por Direcção à oposição do horóscopo na 7ª.  Portanto, o julgamento per se é
sempre referido ao horóscopo.  O mesmo acontece com as outras Casas, que Ptolomeu parece
perverter especialmente;  mas diria outra coisa se conhecesse a Cabala das Casas, que
distingue tão perfeitamente a casa correcta para cada coisa.  Muito mais poderia ser dito sobre
estas Triplicidades, o que levaria à luz natural das Predições, que eu aqui abstenho-me,
presumindo que satisfarei abundantemente tanto os Amigos como os Inimigos da Astrologia se
a partir da Doutrina apresentada der uma Resposta cabal e clara às Perguntas inoportunas
mencionadas, colocadas aos Astrólogos, a respeito destas casas.

Portanto, à primeira Pergunta respondo que o céu está dividido em 12 Casas e não mais
porque cada uma das 4 partes Cardeais do céu, que governam o início, o vigor, o Declínio e a
Morte das coisas, contemplam por Aspecto Trino duas outras partes Celestes que são da sua
própria Natureza:  pelo que surgirão três lugares a partir de cada um dos 4 Cardeais, da
mesma natureza, pois três vezes 4 perfaz nem mais nem menos do que 12.

À segunda, respondo que a primeira Casa é chamada a Casa da Vida porque se diz que um
homem Sobe à Cena do mundo quando aspira pela primeira vez o Ar desta Vida;  e portanto,
considerando que o primeiro sopro desta Vida é o seu início, tem que ser colocada no Leste, tal
como o início de todas as coisas Físicas.

À terceira, respondo que não importa para a instituição dos Influxos Celestes ou Predições,
qual é o número por que uma Casa é chamada, seja ele o 2, o 3 ou o 4, desde que o céu
esteja dividido (como anteriormente) em quatro Triplicidades e a natureza delas não seja
alterada.  No entanto, a ordem Física das Casas é do Leste para o Sul, passando para o Oeste,
em conformidade com o Movimento da primeira e mais universal causa Física, de acordo com
cujas partes sucedendo-se uma à outra por esse movimento, se encontram os principais
Estágios ou Idades de todas as coisas generativas contidas (de acordo com a sua sucessão
anteriormente relatada) no Equador, o principal Círculo da primeira causa;  e assim,
Fisicamente, a Casa dos Inimigos é a segunda na ordem;  a Casa dos Amigos a terceira;  a
Casa da Magistratura, a quarta, e assim por diante.  Mas misticamente, ou Analogicamente, a
ordem Numérica começa no Leste, passando pelo Ângulo Norte a caminho do Oeste:  a razão
para isto é a seguinte.  Há dois Movimentos nos céus;  o primeiro é o Primum Mobile, chamado
o Movimento Rapt;  o segundo é o dos Planetas que (não obstante o Movimento Rapt pelo qual
são girados) observam inviolavelmente as Leis do seu próprio movimento Moderado, ordenado
ao contrário do anterior.  Há também dois Movimentos no Homem, que é chamado o
Microcosmo;  um é o do Apetite sensitivo, que é o movimento do homem, na medida em que
ele é uma criatura Viva, e a primeira na ordem da natureza, e também rápido;  o outro é o
apetite Racional, que é o Movimento do homem, na medida em que é homem, e é contrário ao
anterior, e é também muito moderado em si mesmo.  Mas, na medida em que o primeiro
destes Movimentos de um homem tem uma maior Analogia com o Movimento do Primum
Mobile e o segundo com o Movimento dos Planetas, considerou-se consequentemente
adequado que o céu devesse ser dividido de acordo com a Sucessão dos Signos, ou o
movimento directo dos Planetas (pois estes são também por vezes Retrógrados ou
Estacionários, tal como acontece com o apetite Racional no seu decorrer quando se submete a
ficar rapt ou pervertido pelo Apetite Sensitivo).  Mas isso foi apenas feito numa consideração
Analógica, e não por qualquer causa Física, como se o Movimento do Primum Mobile tivesse
influência, por si só, sobre o Apetite Sensitivo do homem, e o Movimento dos Planetas, por si
só, sobre o Racional;  pois os Planetas, na medida em que são levados pelo seu próprio
Movimento e também pelo Primum Mobile, não têm por si sós qualquer influência sobre o
Apetite Sensitivo, ou sobre o homem, já que este é uma criatura Viva, para além do que têm
sobre os outros Animais.  Mas nem os Planetas nem o Primum Mobile têm, por eles mesmos,
influência sobre o apetite Racional ou sobre o homem, na medida em que é Racional, já que a
razão resulta, não de um princípio Natural, mas de um princípio Sobrenatural.

No entanto, há muitas coisas a ser percebidas nesta Analogia mística e que são dignas da
nossa consideração, já que são muito conducentes à cabal instrução da Mente e, entre outras,
esta especialmente, viz.:  Que há dois caminhos que ocorrem actualmente a um homem no
momento do seu Nascimento, na medida em que estão colocados na primeira Casa da sua
Ascensão.  Um é o Apetite Sensitivo, pelo qual ele é levado, pelo Movimento do Primum
Mobile, para dentro do vale dos infortúnios, viz. a 12ª Casa, que contém todas as desgraças
desta Vida, e é também a Casa dos Inimigos Secretos, do Mundo, da Carne e do Demónio,
sendo este o caminho do seu Orgulho, tendendo primeiro e em seguida para cima, até ao
Ângulo da Honra e da Majestade;  Casa esta que, saída da Triplicidade dos Progenitores e da
Morte, apresenta continuamente a ameaça de Encarceramentos na escura caverna da dor e do
horror.  Mas o outro caminho é o do Apetite Racional, pelo qual um homem é levado pelo
Movimento dos Planetas no percurso da Descensão e da humildade, até à Casa das Riquezas
ou dos Bens obtidos pelas virtudes do próprio homem, viz. a segunda, que brota da
Triplicidade do Ângulo Supremo ou Meio do Céu, em que estão assentes a Bondade, o Poder e
a Majestade;  pelo que nos é evidentemente manifestado qual destes caminhos é o melhor e
qual será melhor percorrer, o Movimento do Racional ou o do Apetite Sensitivo.

Por fim, às 4 Perguntas, respondo que a razão porque todas as Casas têm que ser chamadas
pelo seu próprio nome e não por qualquer outro surge mais clara do que o próprio brilho do
Sol na Constituição, Distinção e Explicação das Triplicidades anteriormente apresentada.  Pelo
que porei um fim a este discurso sobre as Casas Celestes, o qual, apesar de ser efectivamente
novo e nunca ter sido, até agora, ouvido, está no entanto firmemente fundamentado sobre
Razões Físicas e, tomando a sua Origem a partir das coisas mais Gloriosas, assim se vê
concretizado com a finalidade de que as coisas invisíveis de Deus desde a Criação do Mundo
possam ser claramente visionadas e entendidas através das coisas que Ele criou.

***
Fim

***
 
AS CASAS ASTROLOGICAS – OS SIGNIFICADOS AO LONGO DO TEMPO
 

         
       
Associações da Casa I

A vida e a formação do carácter; os primeiros anos; educação. O destino das crianças


e as preces dos pais. A posição para a qual o homem nasce; profissão; o sucesso dos
seus empreendimentos. Templo de Mercúrio.

Vida; corpo; carácter; espírito.

Vida e o Espírito Vital do homem. Carácter fundamental e o alicerce da natividade


completa. Cardinal.

Alma; vida; longevidade. Educação. A terra natal.

Vida; saúde e vitalidade; forma e figura do corpo.

Personalidade. A imagem que projectamos. Comportamento externo. Saúde;


disposição e maneiras.

Associações da Casa II

Desafortunada. A moradia de Thypon.

Sustento; lucro; herança; bens; fortuna; negócios; ganho. Ligação com mulheres.

Aumento de esperanças pessoais e posses materiais. Expectativa de herança e


saúde. Passiva e debilitada porque não aspecta o Ascendente. Chamada o 'Portal do
Inferno' (Anaphora).

Nutrição; sustento; assistentes. Profissão dos filhos.


Bens, fortuna, substância, riqueza e pobreza. Bens móveis.

Posses e assuntos financeiros. Recursos que suportam o corpo físico. Rendimento.


Sentimentos.

Associações da Casa III

A sorte e o destino dos irmãos. Templo da Lua.

Irmãos, amigos, parentes. Riqueza; mensagens. 'Deusa'; realeza, escravos,


viagens.

Irmãos, irmãs e amigos. Viajantes. Favorável porque aspecta o Ascendente por


um sextil. Chamada 'Dea'.

Irmãos, irmãs e parentes, parentes do cônjuge; jóias; amigos; mitigação;


pequenas viagens.

Família e vizinhos. Viagens pequenas ou no interior do país. Cartas, rumores,


informações e mensagens.

Família; vida escolar, educação; pequenas viagens, comunicações. Discursos,


mente, meio ambiente. Auto-expressão.

Associações da Casa IV

A fundação de todas as coisas; riqueza; extracção de metal e ganho por fontes


encobertas. Pais e a condição da velhice. O templo de Saturno.

Pais, crianças; espíritos; vida no templo; reputação.


Pais; bens familiares; substância; posses; objectos domésticos; tudo o que é
relacionado com riqueza escondida e não recuperada. Cardinal.

Pais; avós; descendentes; propriedades; campos; abastecimento de água. O que


se segue à morte e o que acontece ao morto.

Pais; terras; casas; inquilinos; heranças ancestrais (paternidade); lavoura e cultivo


da terra; tesouros escondidos; determinação ou o fim das coisas.

Início e fim da vida; pais; a mãe; o lar. Casas; terras. Vida privada. Emoções
reprimidas.

Associações da Casa V

Mudanças na saúde; doença. Uma região de incertezas.

Crianças, Boa Fortuna; amizade. Realizações.

O número de filhos e o seu sexo. Chamada a casa da Boa Fortuna porque é a casa
de Vénus. Favorável porque aspecta o Ascendente por um trígono.

Crianças, amigos, roupas, prazeres, alegrias, riqueza do pai.

Crianças, mulheres grávidas. Banquetes, tabernas, entretenimentos, jogo.


Embaixadores. 

Criatividade, crianças, prazer, férias, casos amorosos, jogos de azar, desporto,


ofertas, todas as coisas agradáveis.

Associações da Casa VI
Templo do mau augúrio, miséria, destruição e trabalho duro. Hostil para actividades
futuras. Amaldiçoado para a queda.

Escravos, trabalho duro; doenças, enfermidades; inimizades, 'má fortuna'.

Saúde, enfermidades físicas e doença. Chamada 'Mala Fortuna' porque é a casa de


Marte. Debilitada e passiva porque não aspecta o Ascendente.

Doença, defeitos do corpo, trabalho excessivo. Se desafortunada: perda de


propriedade, doença dos órgãos internos, escravos, empregadas e gado.

Doenças e enfermidades. Serventes, trabalhadores. Agricultores, agricultura e


gado. Pequenos animais.

Trabalho; subordinados. Tarefas domésticas. Saúde e bem-estar.

Associações da Casa VII

A consumação dos romances; a conclusão do trabalho duro; os anos finais e o fim da


vida; morte; adoração dos deuses; casamentos; lazer; eventos sociais; banquetes.

Casamento.

A natureza e o número de casamentos. Cardinal, mas em aspecto nocivo ao


Ascendente.

Mulheres, concubinas; festa de casamento. Disputas. Parcerias. Perdas. Processos

Casamento; parceiros; inimigos públicos (conhecidos); ladrões. A parte oposta no


amor, guerra, contendas ou processos litigiosos.

Aqueles com quem devemos partilhar as nossas vidas ou acções, ou aqueles que se
encontram numa relacionamento forte de natureza emocional ou de negócios. Inimigos
declarados. A projeção do 'não eu'.
 
 

Associações da Casa VIII

Desafortunada. A moradia de Thypon.

Morte e a sua natureza; julgamento; penalização; perda; fraqueza.

O tipo de morte. Nenhum planeta excepto a Lua rejubila nesta casa e mesmo assim, só
em mapas nocturnos. Debilitada e passiva porque não aspecta o Ascendente.
Chamado o 'Portal do Inferno' (Epicataphora).

Morte; assassinato; envenenamento. Herança. Propriedade do cônjuge. Despesa;

Morte; testamentos; dinheiro dos parceiros. Medo e angústia da mente.

Rendimentos, impostos, legados; sentimentos partilhados, sexo, nascimento e morte.


Grandes negócios. Seguros. Crime.

Associações da Casa IX

Destino e decretos dos deuses. Templo do Sol.

Viagens. Deus; manifestações dos deuses; revelações; profecias. Amizade e


benefícios vindos dos reis.

Religião. Viagens para fora do país. A classe social do homem. A casa do deus
Sol. Favorável porque aspecta o Ascendente por um trígono.

Viagens, religião, destino, obtenção de conhecimento pelas estrelas e pela


adivinhação. Filosofia, interpretação de sonhos.

Lugares estrangeiros; viagens longas. Religião; Sacerdócio. Sonhos, visões,


conhecimento.
Educação superior. Viagens; estrangeiros, linguagens. Ideias moralistas,
consciência, sonhos.

Associações da Casa X

Glória; distinção; honras; favores populares; poder; a regra da lei e justiça nos tribunais;
alianças com nações estrangeiras. Fama relativa à própria posição. Consumação do
sucesso. Laços matrimoniais. O templo de Vénus.

Carreira; realizações; honras; reputação. Esposa, crianças.

Vida e Espírito Vital; todas as nossas acções; lar, país. Carreira profissional, todos os
nossos relacionamentos com os outros. Enfermidades da mente. Cardinal e a maior

Governo com conselho de nobres; autoridade absoluta; sucesso nos negócios;


comércio; profissões. Liberalidade.

Honra, dignidade, realeza; comandantes; juízes; autoridade. Profissão. Mães.

Aspirações; carreira; profissão e status social.

Associações da Casa XI

Esperança, ambição, triunfo. Abençoada com o lote da Fortuna Feliz. O templo de


Júpiter. 

Boa sorte, esperança; realização dos desejos, pessoas liberadas, amigos, ofertas,
crianças.

Chamada Bom Espírito. Favorável porque aspecta o Ascendente por um sextil e é


a casa de Júpiter.
Felicidade, amigos, louvor, amor, amizade de mulheres, ornamentos, comércio,
longevidade.

Amigos e amizade; esperança, confiança, louvor, conforto, promoção por


recomendação de amigos; esperanças e desejos secretos.

Amigos e conhecidos, clubes e sociedades. Objectivos na vida, prazeres


intelectuais. Contactos superficiais feitos nos assuntos diários.

Associações da Casa XII

Templo do mau augúrio, miséria, destruição e trabalho duro. Hostil para actividades
futuras. Amaldiçoada para a ascensão.

Má sorte; autodestruição; escravos, inimizades; perigo; enfermidades; morte; países


estrangeiros.

Inimigos; escravos; defeitos e doenças. Chamada 'Malus Daemon' mau espírito.


Casa de Saturno. Debilitada e passiva porque não aspecta o Ascendente.

Inimigos; miséria; ansiedades; prisão; dívidas; multas; fianças; medo; adversidades;


doença; gado; asilo; escravos; serventes; exílio.

Inimigos secretos, bruxas, mágoa, autodestruição; aprisionamento. Gado grande


tais como cavalos, bois e elefantes. 

Isolamento. Serviço perante os outros; caridade. O inconsciente; auto-sacrifício;


escapismo; misticismo.

         

 
 
Texto gentilmente cedido por Deborah Houlding - Skyscript Astrology Pages.

Para um profundo estudo e conhecimento do significado das casas aconselho a leitura


do livro - " The Houses - Temples of the Sky por Deborah Houlding ".
 
Tradução da versão inglesa por Paulo Alexandre Silva, DMA
 

As Características dos Planetas Segundo Al-Biruni

NATUREZAS DOS PLANETAS E AS SUAS INDICAÇÕES


As características gerais dos planetas e as suas indicações de acordo com as
qualidades elementares; benéficos ou maléficos; sexo; se diurnos ou nocturnos;
cheiro e sabor; cor.

Saturno é extremamente frio e seco. O grande maléfico. Masculino. Diurno. Desagradável e


adstringente, ofensivamente ácido, fedorento. Da cor do azeviche, também negro misturado
com amarelo, cor de chumbo, escuro como breu.

Júpiter é moderadamente quente e húmido. O grande benéfico. Masculino. Diurno. Doce,


agridoce, delicioso. Cor de pó e branco misturado com amarelo e castanho, brilhante,
cintilante.

Marte é extremamente quente e seco. O menor maléfico. Masculino (alguns dizem feminino).
Nocturno. Amargo. Vermelho escuro.

O Sol é quente e seco, o calor predomina. Maléfico quando está próximo, benéfico à distância.
Masculino. Diurno. Penetrante. Pungente, amarelo avermelhado brilhante, a sua cor é dito para
ser a do senhor da hora.

Vénus é moderadamente fria e húmida, especialmente a última. O menor benéfico. Feminina.


Nocturna. Sabor gordo e doce. Branco puro, tendendo para a cor de palha, brilhante, de
acordo com alguns esverdeada.

Mercúrio é moderadamente frio e seco, o último predominante. Benéfico. Masculino e diurno


por natureza, mas recebe as características dos outros que lhe estão próximos. Complexo
sabor e cor, a última azul celeste misturada com uma mais escura.

A Lua é fria e húmida, às vezes moderada, variável. Benéfica e maléfica. Feminina. Nocturna.
Salgado ou insípido, um pouco amargo. Azul e branco, ou alguma cor profunda, não deixando
de ter a mistura de um avermelhado amarelo, resplandecência moderada.

CONTINUAÇÃO DAS INDICAÇÕES

Indicações de acordo com as propriedades das coisas, a sua forma, os dias e as


noites da semana, climas, a natureza dos solos.

Saturno: As coisas mais frias, mais duras, mais fétidas e mais poderosas. Pequenez, secura,
dureza, peso. Sábado (e Quarta-feira à noite). Primeiro clima. Montanhas áridas.

Júpiter: As coisas mais moderadas, completas, agradáveis, melhores e mais fáceis. Moderação,
solidez, suavidade. Quinta-feira (e Segunda-feira à noite). Segundo clima. Solos fáceis de
trabalhar.

Marte: Coisas quentes, duras, afiadas e vermelhas. Comprimento, secura e aspereza. Terça-
feira (e Sábado à noite). Terceiro clima. Terrenos gastos, duros e empedernidos.

Sol: As coisas mais hábeis, nobres, famosas e generosas. Revolução, minas, esgotamento,
lugares vazios e livres. Domingo (e Quinta-feira à noite). Quarto clima. Montanhas ricas em
minerais.

Vénus: As coisas mais pungentes, mais agradáveis e deliciosas, mais belas, suaves e maduras.
Forma quadrada, dispersão, brandura. Sexta-feira (e Terça-feira à noite). Quinto clima. Solos
com água abundante.
Mercúrio: Mistura de coisas moderadas. Composto de duas coisas desta natureza. Quarta-feira
(e Domingo à noite). Sexto clima. Solo arenoso.

Lua: Os objectos mais espessos, densos, húmidos e leves. Densidade, humidade, opacidade,
leveza. Segunda-feira (e Sexta-feira à noite). Sétimo clima. Planícies e terrenos planos.

EDIFÍCIOS E PAÍSES

Indicações de acordo com, os lugares e edifícios; países.

Saturno: Canais e catacumbas subterrâneas, poços, edifícios antigos, estradas desoladas,


covis de animais selvagens, desertos cheios deles, estábulos para cavalos, burros e camelos, e
casas para elefantes. Índia, Zanzibar, Abissínia, Egipto, Etiópia, entre o Ocidente e o Sul,
Yémen, Arábia e Nabateia.

Júpiter: Palácios reais, mansões da nobreza, mesquitas, púlpitos, igrejas Cristãs e sinagogas,
ciência, livros, vasilhas comuns, casas de professores, vilarejos dos que trabalham com
chumbo. Babilónia, Fars, Khurasan, o país dos Teviks e dos Berberes em África até ao
Ocidente.

Marte: (Templos de fogo), lareiras e lenha, fogos de beira de estrada e as vasilhas necessárias
à arte do oleiro. Síria, Grécia, Slavónia, países do Noroeste.

Sol: Palácios dos reis e sultões. Hijjaz, Jerusalém, Monte Líbano, Arménia, Alan, Dailam,
Khurasan até à China.

Vénus: Casas majestosas, vasilhas (caminhos) que contêm muita água, lugares de culto.
Babilónia, Arábia, Hijaz e a sua vizinhança, (ilhas e plantações de açúcar), e cidades da
Mesopotâmia e o meio do pântano.

Mercúrio: Bazares e divãs, mesquitas e casas de pintores e lavandarias, e aquelas que estão
perto de pomares, canais de irrigação e fontes. Meca, Medina, Iraque, Dilam, Gilan,
Tabaristan.

Lua: Lugares húmidos, fabricação de tijolos em lugares subterrâneos ou subaquáticos, lugares


para arrefecer a água, cursos de água e caminhos com árvores. Mosul, Azerbeijão, as ruas
estreitas do povo comum em qualquer lugar.

RELAÇÕES COM OS MINÉRIOS, METAIS E JÓIAS, SEMENTES E FRUTOS

Indicações de acordo com as minas; metais e pedras preciosas; sementes e frutos.

Saturno: Óxido de chumbo, escória de ferro, pedras duras. Chumbo. Pimenta, belérico,
mirobálano, azeitonas, nêsperas, romãs amargas, lentilhas, semente de linho, semente de
cânhamo.

Júpiter: Marcasite, tutty (substância obtida do zinco), enxofre, arsénico vermelho, todas as
pedras brancas e amarelas, pedras encontradas na vesícula do boi. Estanho, chumbo branco,
latão fino, diamante, todas as jóias usadas pelo homem. Romã selvagem, maçã, trigo, cevada,
arroz, durra, grão-de-bico, sésamo.
Marte: Ferro magnético, shadna (pedras em forma de lentilha), cinábrio, carmim e mosaicos
(fasifusa). Ferro e cobre. Amêndoas amargas, sementes da árvore da terebintina.

Sol: Zircónio vermelho, lápis-lazúli, enxofre amarelo, sulfureto de arsénico, vidro faraónico,
mármore, rosalgar, alcatrão. Ouro e tudo o que é cunhado a partir dele para os reis. Laranja e
milho.

Vénus: Magnésio e antimónio. Prata e ouro e jóias colocadas nestes, vasilhas usadas em casa,
feitas de ouro, prata e latão, pérolas, esmeraldas, conchas. Figos, uvas, tâmaras, orégão e
funcho.

Mercúrio: Depilatório, arsénico, âmbar, todas as pedras amarelas e verdes. Todas as moedas
cunhadas com nome e número, tais como os dinares, os dirames e as moedas de cobre, ouro
velho e mercúrio, turquesa, coral, árvore de coral. Ervilhas, feijões, cominho, coentro.

Lua: Vidro dos nabateus, pedras brancas, esmeraldas, pedra da lua. Prata e coisas feitas de
prata, tais como taças, pulseiras, anéis e coisas semelhantes, pérolas, cristal, contas
amarradas. Trigo, cevada, pepinos grandes e pequenos, melões.

RELAÇÕES COM AS ÁRVORES E AS COLHEITAS

Indicações de acordo com as árvores; pasto e colheitas.

Saturno: Árvore do bugalho do carvalho, árvore da cidra ou do mirobálano, a oliveira e


também o salgueiro, árvore da terebintina, planta do óleo de rícino e todas aquelas que
produzem frutos com gosto ou cheiro desagradável, ou de casca dura tais como as nozes e as
amêndoas. Sésamo.

Júpiter: Árvores que dão frutos doces sem pele dura, tais como o pêssego, o figo, o alperce, a
pêra e a ‘fruta de lótus’, companheiro de Vénus no que diz respeito aos frutos. Rosas, flores,
ervas de cheiro doce ou altas, aquelas plantas que são leves e cujas sementes voam com o
vento.

Marte: Todas as árvores amargas, pungentes e espinhosas, os seus frutos com pele áspera,
pungentes ou muito amargos, tais como, a romã amarga, a pêra selvagem, o espinheiro.
Mostarda, alho-porro, cebola, alho, arruda, rinchão, arruda selvagem, rabanete, beringela.

Sol: Todas as árvores altas que têm frutos oleosos e aquelas cujos frutos são usados secos,
tais como as tamareiras, amoreiras e vinhas. Cuscuta, cana do açúcar, maná, ‘tarangubin (de
angubin - Mel) e shir-khisht’.

Vénus: Todas as árvores suaves ao toque, de cheiro doce, suaves para a vista, como os
ciprestes e a teca, a macieira e o marmeleiro. Bagas doces e oleosas, ervas perfumadas e
coloridas, flores de Primavera e tem uma participação no algodão.

Mercúrio: Arvores pungentes e de mau cheiro. Ervas aromáticas e objectos de jardim, canas e
coisas crescendo na água.

Lua: Todas as árvores cujo caule é curto, tais como a vinha e a romã doce: Relva, juncos,
canas, linho, cânhamo, plantas rasteiras tais como o pepino e o melão.
RELAÇÕES COM OS ALIMENTOS E AS DROGAS, NECESSIDADES DO LAR, ESTADOS DO
SER, PODERES

Indicações de acordo com os alimentos e drogas; utensílios domésticos; estados do


ser; poderes.

Saturno: Drogas frias e secas no quarto grau, especialmente aquelas que são narcóticas e
venenosas. Residências. Sono. Poder retentivo.

Júpiter: Aqueles que são moderadamente quentes e húmidos, e que são proveitosos e
agradáveis. Frutos. Roupas. Faculdades vitais, crescentes e nutritivas e o ar no coração.

Marte: Tudo o que não é venenoso mas pungente e quente no quarto grau. Drogas. Negócio.
Paixão.

Sol: Tudo o que é quente para além do quarto grau, e que é salutar e de uso geral. Alimentos.
Comer e beber. Vigor juvenil.

Vénus: Alimentos moderadamente frios e húmidos, úteis e agradáveis ao paladar. Ervas


aromáticas. Coito. Sensualidade.

Mercúrio: Alimentos que são mais secos do que frios e que são agradáveis mas raramente
úteis. Grãos. Falante. A faculdade da reflexão.

Lua: Alimentos que são igualmente frios e húmidos, por vezes úteis, por vezes prejudiciais, e
não são de uso constante. Bebidas. Água potável. Poder natural.

INDICAÇÕES QUANTO AOS QUADRÚPEDES, ETC.

Indicações de acordo com quadrúpedes.

Saturno: Animais negros e aqueles que vivem em buracos no chão; bois, cabras, cavalos,
ovelhas; arminho, zibelina, doninha, gato, rato, gerbo, além disso, grandes cobras negras,
escorpiões e outros insectos venenosos e pulgas e escaravelhos.

Júpiter: O Homem, animais domésticos e aqueles com cascos rachados, tais como as ovelhas,
bois, corças, aqueles que têm pintas e lindas cores, e comestíveis, ou falantes, ou treinados,
tais como leões, chitas e leopardos.

Marte: Leão, leopardo, lobo, javali, cão, animais selvagens destrutivos ou furiosos, serpentes
venenosas.

Sol: Ovelhas, cabras de montanha, veados, cavalos árabes, leões, crocodilos, animais
nocturnos que ficam escondidos durante o dia.

Vénus: Todos aqueles animais selvagens que têm cascos brancos ou amarelos, tais como
gazelas, burro selvagem, cabra de montanha assim como grandes peixes.

Mercúrio: Burro, camelo, cão doméstico, raposa, lebre, chacal, arminho, criaturas nocturnas,
pequenos animais aquáticos e terrestres.

Lua: Camelo, boi, ovelha, elefante, girafa, todos os animais de carga obedientes ao homem e
domesticados.
INDICAÇÕES QUANTO AOS PÁSSAROS, ELEMENTOS E HUMORES, ÓRGÃOS DO CORPO,
ÓRGÃOS VITAIS

Indicações de acordo com pássaros e outros voadores, os elementos e os humores,


órgãos de natureza similar, órgãos vitais.

Saturno: Pássaros aquáticos e nocturnos, corvos, andorinhas e moscas. Terra, bílis negra e
ocasionalmente fleuma crua. Cabelo, unhas, pele, penas, lã, ossos, medula e chifre. Baço.

Júpiter: Pássaros com bicos direitos, comem grãos, não são negros, pombo, francolim, pavão,
aves domésticas, poupa e cotovia. Ar e sangue. Artérias, esperma e medula óssea. Coração
em parceria com o Sol.

Marte: Pássaros carnívoros com bicos curvos, nocturnos, galinhas de água, morcegos, todos os
pássaros encarnados, vespas. A parte superior do fogo e bílis amarela. Veias e as regiões
posteriores. Fígado juntamente com Vénus.

Sol: Águia, pombo torcaz, rola, galo e falcão. A parte inferior do fogo. Miolos, nervos e a
hipocondria, gordura e tudo o que é desse tipo. Estômago.

Vénus: Pombo torcaz, pombo bravo, pardal, bulbul, rouxinol, gafanhotos e pássaros não
comestíveis. -----. Carne, gordura e a espinal-medula. Rins.

Mercúrio: Pombo, estorninho, grilos, falcões, pássaros aquáticos e rouxinóis. Bílis negra.
Artérias. Vesícula biliar.

Lua: Patos, grous, corvos carnívoros, garças, pintos, perdiz. Fleuma. Pele e tudo o que está
relacionado com ela. Pulmões.

INDICAÇÕES QUANTO ÁS PARTES DA CABEÇA, SENTIDOS, MEMBROS DO CORPO,


TEMPO DE VIDA

Indicações de acordo com as partes da cabeça; órgãos dos sentidos; órgãos aos
pares e outros; período da vida.

Saturno: Ouvido direito. Audição. Nádegas, ânus, intestino, pénis, costas, altura, joelhos.
Velhice.

Júpiter: Ouvido esquerdo. Audição e tacto. Coxas e intestinos, útero e garganta. Meia-idade.

Marte: Narina direita. Olfacto e tacto. Pernas, púbis, vesícula biliar, rins. Juventude.

Sol: Olho direito. Visão. Cabeça e peito, costados, dentes, boca. Idade adulta.

Vénus: Narina esquerda. Olfacto e órgãos da inalação. Útero, genitais, mãos e dedos.
Juventude e adolescência.

Mercúrio: Língua, juntamente com Vénus. Gosto. Órgãos da fala. Infância.

Lua: Olho esquerdo. Visão e gosto. Pescoço, seios, pulmões, estômago, baço. Da infância para
a velhice, conforme os seus vários quadrantes.
RELAÇÕES E LIGAÇÕES. FIGURA E ROSTO

Indicações de acordo com as relações e ligações, figura e rosto.

Saturno: Pais, avôs, irmãos mais velhos e escravos. Feio, alto, seco, rosto azedo, cabeça
grande, sobrancelhas unidas, olhos pequenos, boca larga, lábios grossos, olhar abatido, muito
cabelo negro, pescoço curto, mão áspera, dedos curtos, figura desajeitada, pernas tortas, pés
grandes.

Júpiter: Filhos e netos. Bela figura, rosto redondo, nariz grosso e proeminente, olhos grandes,
olhar franco, pequena barba, abundante cabelo encaracolado e avermelhado.

Marte: Irmãos de meia-idade. Alto, cabeça grande, olhos e orelhas pequenas, e bela testa,
olhos cinzentos penetrantes, bom nariz, lábios finos, cabelo liso, avermelhado, dedos longos,
passos longos.

Sol: Pais e irmãos, escravos. Cabeça grande, compleição branca tendendo para o amarelado,
cabelo longo, o branco do olho amarelado, gaguez, grande barriga com pregas.

Vénus: Esposas, mães, irmãs, parentes uterinos, criança delicada. Belo rosto redondo,
compleição branca avermelhada, queixo duplo, bochechas cheias, não muito gordas, belos
olhos, a parte negra maior do que a branca; dentes pequenos, belo pescoço, altura mediana,
dedos curtos, parte inferior das pernas grossas.

Mercúrio: Irmãos mais novos. Bela figura, compleição castanha com uma tonalidade
esverdeada, formoso, testa estreita, orelhas grossas, bom nariz, sobrancelhas unidas, boca
grande, dentes pequenos, barba fina, belo cabelo longo, pés longos e bem feitos.

Lua: Mães, tias maternas, irmãs mais velhas, amas. Compleição clara e branca, modo de
andar e figura direita, rosto redondo, barba longa, sobrancelhas unidas, dentes separados e
tortos nas pontas, bom cabelo com cachos.

DISPOSIÇÃO E MODOS

Indicações de acordo com a disposição e os modos.

Saturno: Medroso, tímido, ansioso, desconfiado, avarento, um malévolo conspirador, taciturno


e orgulhoso, melancólico, dizendo a verdade, grave, digno de confiança, recusando acreditar
na bondade de alguém, absorto nos seus próprios assuntos e consequentemente indica
discórdia, e também ignorância ou inteligência, mas a ignorância é ocultada.

Júpiter: Boa disposição, inspirador, inteligente, paciente, altruísta, devoto, casto,


administrando a justiça, dizendo a verdade, erudito, generoso, nobre, cauteloso na amizade,
egoísta, amigo de um bom governo, ávido de educação, um guardião responsável e digno de
confiança e respeito, religioso.

Marte: Opiniões confusas, ignorante, imprudente, má conduta, desenfreado, ousado,


conflituoso, instável, indigno de confiança, violento, desavergonhado, impúdico mas
arrependendo-se rapidamente, um aldrabão, alegre, Brilhante, amistoso e de cara agradável.
Sol: Inteligente e conhecedor, paciente, casto mas sensual, ávido de conhecimento, poder e
vitória, procurando um bom-nome para ajudar os outros, amistoso, colérico mas rapidamente
recuperando o sossego.

Vénus: Boa disposição, rosto formoso, com bom temperamento inclinada para o amor e
sensualidade, amigável, generosidade, ternura para com as crianças e amigos, orgulho,
alegria, paciência.

Mercúrio: Viva inteligência e compreensão; afabilidade, gentileza, rosto aberto, elegância,


capacidade de ver longe, mutável, profundamente interessado nos negócios, ávido de prazer,
mantém segredos, procurando a amizade de pessoas, desejoso de poder, reputação e
aprovação, preserva os verdadeiros amigos e afasta-se dos maus, mantém-se longe das
trapaças, conflito, malevolência, perverso de coração e discórdia.

Lua: Simples, (puro de coração), adaptável, um rei entre reis, um servo entre servos, bom
coração, esquecido, loquaz, tímido, revela segredos (duplicados), um amante da elegância (e
do divertimento), respeitado pelas pessoas, alegre, um amante das mulheres, muito ansioso
(em respeito a elas), intelectualmente não é forte, muito pensamento e conversa.

ACTIVIDADES, INSTINTOS E MORALIDADE

Indicações de acordo com as condições de vida e actividades.

Saturno: Exílio e pobreza, ou riqueza adquirida através da sua própria trapaça ou da dos
outros, fracasso nos negócios, veemência, confusão, procurando a solidão, escravizando as
pessoas através da violência ou da traição, fraude, pranto e gemidos e lamentações.

Júpiter: Simpatia, um pacificador, caridoso, devotado à religião e às boas obras, responsável,


dedicado à esposa, jovial, eloquente, ávido de riqueza, em acréscimo à afabilidade, há alguma
leviandade e imprudência.

Marte: Casamento, viagens, litigio, negócios indo à ruína, falso testemunho, lascivo, um mau
companheiro, solitário, rancoroso e enganador.

Sol: Desejoso pelo poder e governo, desejando depois riqueza e gestão dos negócios
mundanos, e forçando a sua vontade sobre os ignorantes, reprovando os malfeitores, duro
com os opositores. Se o Sol estiver em exaltação, a posição é favorável para os reis, se estiver
em queda para aqueles em rebelião.

Vénus: Preguiçoso, jovial, jocoso, dançarino, apreciador de vinho, xadrez, do jogo das damas,
da batota, tem prazer em qualquer coisa, não é conflituoso, um sodomita ou dado a excessiva
actividade sexual, bem falante, apreciador de ornamentos, perfumes, música, ouro, prata,
finas roupas.

Mercúrio: Professor de boas maneiras, teologia, revelação e lógica, eloquente, bela voz, boa
memória para histórias, arruinando sucessos devido a excesso de ansiedade e azares, medroso
de inimigos, frívolo, ávido de comprar escravos e moças, intrometido, calunioso, ladrão,
mentiroso e falsificador.

Lua: Mentiroso, caluniador, excessivamente ansioso por riqueza e conforto, generoso na


distribuição de comida, excessivamente amoroso com a mulher (pouca felicidade conjugal,
demasiados casamentos), leviandade nos lugares apropriados, excelente estado de espírito. 
 
RELAÇÕES COM DOENÇAS E CLASSES

Indicações de acordo com as doenças, classes de pessoas.

Saturno: Doença, aflição, pobreza, morte, doença dos órgãos internos, gota. Donos de
propriedades, intendentes dos reis, religiosos de várias seitas, devotos, pessoas mal
intencionadas, maçadoras, trabalho em excesso (pessoas interessantes), eunucos, ladrões, os
moribundos, magos, demónios, vampiros e aqueles que os injuriam.

Júpiter: Doença, fadiga, febre, morte no parto, cesariana, separar por corte. Reis, vizires,
nobres, magnatas, advogados, mercadores, os ricos e os seus bajuladores.

Marte: Febre. Líderes, cavalaria, tropas, adversários, disputadores em assembleia.

Sol: ----- Reis, nobres, chefes, generais, oficiais, magistrado, médicos, sociedades.

Vénus: ----- Nobres, plutocratas, rainhas, cortesãs, adúlteras e os seus filhos.

Mercúrio: ----- Mercadores, banqueiros, conselheiros, cobradores de impostos, escravos e


lutadores.

Lua: Doenças de muitos tipos. Reis, nobres, nobres matronas abastadas (o plural correcto é
hamalah, mulheres grávidas), famosas e abastadas - aghniya'-, cidadãos. 

INDICAÇÕES QUANTO ÁS RELIGIÕES IMAGENS DOS PLANETAS

Indicações de acordo com as religiões, representações pictóricas dos planetas.

Saturno: Judeus e aqueles que se vestem de negro. Um velho sentado sobre um lobo, na sua
mão direita a cabeça de um homem e na esquerda a mão de um homem; ou, de acordo com
outra imagem, montado sobre um brilhante cavalo baio, na sua cabeça um capacete, na mão
esquerda um escudo e na direita uma espada.

Júpiter: Cristãos e aqueles que se vestem de branco. Um jovem com uma espada
desembainhada na mão direita e um arco e um rosário na esquerda, a cavalgar; outra
imagem: um homem num trono, vestindo trajes de cores variadas, um rosário na mão
esquerda.

Marte: Idólatras, bebedores de vinho, vestidos de vermelho. Homem jovem sentado sobre dois
leões, na mão direita uma espada desembainhada, na esquerda um machado de guerra; outra
imagem: montado num cavalo baio, capacete na cabeça, na mão esquerda uma lança
adornada com rosas vermelhas, bandeira de um grupo, na mão direita a cabeça de um
homem, vestido de vermelho.

Sol: Usando uma coroa; Magos, Mitraístas. Um homem sentado sobre alguma coisa parecida
com um escudo sobre rodas puxado por quatro bois, na sua direita uma bengala sobre a qual
descansa, na sua esquerda uma clava, rosário; outra imagem: homem sentado, o rosto como
um círculo, segurando as rédeas de quatro cavalos.

Vénus: Islão. Mulher sobre um camelo segurando um alaúde que está a tocar; outra imagem:
mulher sentada, o cabelo solto, os cachos de cabelo na sua mão esquerda, na direita um
espelho para o qual continua olhando, vestida de verde amarelado, com um colar, sinos,
braceletes e pulseiras de tornozelos.
Mercúrio: Disputadores em todas as seitas. Jovem sentado sobre um pavão, na sua mão
direita uma serpente e na esquerda uma tábua na qual ele continua a ler; outra imagem:
homem sentado num trono, na sua mão um livro que está a ler, coroado, manto amarelo e
verde.

Lua: Aderentes da religião prevalecente. Homem com uma lança na mão direita, na sua
esquerda trinta, fazendo pensar haver trezentas, na sua cabeça uma coroa, sentado numa
carruagem puxada por quatro cavalos.

INDICAÇÕES QUANTO AOS OFÍCIOS, PROFISSÕES, ETC.

Indicações de acordo com os ofícios, profissões, etc.

Saturno: Construção, pagador, agricultura, aproveitar terras e a distribuição de água,


(transacções fraudulentas), partilha de dinheiro e de heranças, coveiro; venda de coisas feitas
de ferro, chumbo, osso, cabelo, cobre; escravos negros; conhecimento usado para fins
maldosos, aqueles actos do governo que levam ao mal, à opressão, raiva, cativeiro, tortura.

Júpiter: Acções nobres, bom governo, religião, fazer o bem; interpretação dos sonhos;
trabalho de ourives, banqueiros; venda de ouro velho e prata, roupas brancas, uvas e cana-
de-açúcar.

Marte: Legislação, venda e fabrico de armaduras, arte dos ferreiros, moços de estábulos,
pastores, açougueiros, cirurgiões veterinários, cirurgiões, circuncisadores, vendedores de cães
de caça, chitas, javalis, lobos, cobre, foices, cerveja, vidro, caixas, taças de madeira, roubos,
conflitos, arrombamentos de casas, ladrões de estradas, ladrões de túmulos e prisão, tortura e
execução.

Sol: Recebendo, dando e vendendo brocados de ouro.

Vénus: Obras de beleza e magnificência, apreciador de bazares, comércio, medindo pelo peso,
comprimento e volume; negócios em pinturas e cores, trabalho de ourives, alfaiate,
manufactura de perfumes, negócios em pérolas, ornamentos de ouro e prata, almíscar, roupas
brancas e verdes, fabricante de coroas e diademas, acompanhando o canto, compondo
canções, tocando o alaúde, festas, jogos e jogos de azar.

Mercúrio: Mercadores, calculadores e avaliadores, astrólogos, necromantes e adivinhos,


geómetras, filósofos, controvérsia, poesia, eloquência, destreza manual e ansiedade pela
perfeição em tudo, venda de escravos, peles, livros, moedas; profissão de barbeiro,
manufactura de pentes.

Lua: Envolvido em questões de negócio, missões, agências, contabilidade; zeloso na religião e


na lei divina, habilidade em todos ramos; prática da medicina, geometria, as altas ciências,
medição de terras e água; cultivo e corte de abetos; venda de comida, anéis de prata e
virgens, também indica cativeiro e prisão para os adivinhos fraudulentos.

O texto acima foi extraído do livro 'The Book of Instruction in the Elements of the
Art of Astrology' de Al-Biruni (escrito em Ghaznah,1029 DC)(1934).
 

As Características dos Signos segundo William Lilly


A Natureza, Descrição e Doenças significadas pelos doze Signos
  Carneiro
Qualidade - Carneiro é um signo masculino, diurno, cardinal, equinocial; de natureza fogosa,
quente e seco, colérico, bestial, luxurioso, descontrolado e violento: a casa diurna de Marte da
triplicidade do fogo, e do Leste.

Doenças - Todas as erupções cutâneas, pústulas, borbulhas na face, bexigas, lábio leporino,
pólipos, lúpus, tinha, epilepsia, apoplexias, enxaquecas, dor de dentes, dor de cabeça e
calvície.

Lugares - Onde rebanhos e gado pequeno pastam ou costumam estar, terrenos arenosos e
montanhosos, um lugar de refúgio para ladrões, (como algum lugar não frequentado;) nas
casas, o telhado, tecto ou o seu estuque, um estábulo de pequenos animais, terras
recentemente tomadas, ou recentemente aradas, ou onde tijolos ou cal tenham sido
queimados.

Descrição - Um corpo seco, não excedendo em altura, magro ou pequeno, mas de ossos
robustos, e a parte dos seus membros fortes; o rosto longo; sobrancelhas negras, um pescoço
longo, ombros largos, a compleição castanha escura ou morena.

  Touro

Qualidades do Signo Touro - Touro é um signo terreno, frio, seco, melancólico, feminino,
nocturno, fixo, doméstico ou bestial, da triplicidade da terra, e do Sul, a casa nocturna de
Vénus.

Doenças - Escrófula, inflamações da garganta, quistos sebáceos, descargas de muco correndo


para a garganta, amigdalites, abcessos nessa região.

Lugares - Estábulos onde estão cavalos, casas baixas, casas onde são guardados os utensílios
do gado, pastos ou lugares de pastagem onde não existem casas perto, terrenos planos, ou
onde os arbustos tenham sido recentemente arrancados, e onde o trigo e o milho são
semeados, algumas pequenas árvores não muito distantes; nas casas, caves, salas baixas.

Forma e Descrição - Apresenta alguém de estatura baixa, mas cheia, forte e bem
constituída, uma testa larga, olhos grandes, face grande, largo, ombros fortes, boca grande e
lábios grossos; mãos grosseiras; cabelo preto áspero.

Gémeos
 

Qualidade e propriedade de Gémeos - É um signo aéreo, quente, húmido, sanguíneo,


diurno, mutável ou bicorpóreo e humano; a casa diurna de Mercúrio da triplicidade do ar,
ocidental, masculino.

Doenças - Ele significa todas as doenças ou enfermidades nos braços, ombros, mãos, sangue
corrompido, veias inchadas, distúrbios mentais.

Lugares - Salas forradas a madeira, estuque e paredes de casas, os salões ou onde se


costuma jogar. Colinas e montanhas, celeiros, armazéns para milho, cofres, arcas; lugares
altos.

Descrição - Um corpo direito, alto, aprumado: tanto no homem como na mulher, a


compleição sanguínea, não clara, mas obscura e morena; braços longos, mas muitas vezes as
mãos e os pés curtos e muito carnudos; um cabelo escuro, quase negro; um corpo forte e
activo, um bom olhar penetrante cor de avelã, sensual, e de visão perfeita, de excelente
entendimento, e inteligente nos assuntos mundanos.

Caranguejo
 

Qualidade e propriedade de Caranguejo - Caranguejo é a única casa da Lua, e é o


primeiro signo da triplicidade da água ou do Norte, é aquático, frio, húmido, fleumático,
feminino, nocturno, cardinal, um signo solsticial, mudo e lento de voz, fértil, setentrional.

Doenças - Ele significa imperfeições em todas as partes, ou no peito, estômago e mamilos;


digestão deficiente, estômago frio, tuberculose, mucosidades salgadas, tosses podres,
humores hidrópicos, úlceras no estômago, cancros que são sempre no peito.

Lugares - O mar, grandes rios, águas navegáveis; mas nos países interiores denota lugares
perto de rios, riachos, nascentes, poços, caves nas casas, lavandarias, terrenos alagados,
canais com juncos, carriços, bancos de areia, trincheiras, cisternas.

Forma e descrição - Geralmente uma estatura baixa e pequena, as partes superiores


maiores que as inferiores, uma face redonda; doentiamente pálida, uma compleição
esbranquiçada, o cabelo de um castanho baço, olhos pequenos, propensão para ter muitos
filhos se for mulher.

Leão
Qualidade e propriedade de Leão - Leão é a única casa do Sol, por natureza, fogoso,
quente, seco, colérico, diurno, comandante, bestial, estéril, do Leste e da triplicidade do fogo,
masculino.

Doenças - Todas as doenças das costelas e flancos, como pleurisia, convulsões, dores nas
costas, tremores ou paixão do coração, violentas febres ardentes, todas as fraquezas ou
doenças do coração, inflamações da vista, a peste, a pestilência, a icterícia amarela.

Lugares - Um lugar onde frequentam animais selvagens, bosques, florestas, lugares desertos,
lugares escarpados e rochosos, lugares inacessíveis, palácios reais, castelos, fortes, parques,
nas casas onde o fogo é mantido, perto da chaminé.

Aspecto e Forma - Cabeça grande e redonda, olhos grandes abertos ou fixos, ou


esbugalhados, visão rápida, um corpo grande e cheio, e é superior à estatura média, ombros
largos, tronco estreito, cabelo amarelo ou dourado escuro e ele é mais encaracolado ou
frisado, uma feição feroz, mas ruborizada, compleição altamente sanguínea, forte, valente e
activo.

Virgem
Qualidade e Propriedade de Virgem - É um signo terreno, frio, melancólico, estéril,
feminino, nocturno, do Sul; a casa e a exaltação de Mercúrio, da triplicidade da terra.

Lugares - Ele significa um escritório onde os livros estão, um armário, uma leitaria, campos
de milho, celeiros, casas de malte, montes de feno, ou de cevada, trigo ou ervilhas, ou um
lugar onde o queijo e a manteiga são preservados e guardados.

Doenças - Lombrigas, gases, cólicas, todas as obstruções nos intestinos e nas veias da
membrana que cobre o intestino, males nas tripas, enfermidades nos testículos, e doença no
ventre.
Aspecto e Forma - Um corpo magro de altura média, mas decentemente composto; uma
compleição morena ruborizada, cabelos negros, bem favorecido ou amável, mas não uma
criatura bela, uma voz pequena e aguda, todos os membros tendem para o pequeno; um
espírito arguto e circunspecto, ponderado e extremamente bem-falante, estudioso e dado à
história, quer seja homem ou mulher; ele produz uma rara inteligência, se Mercúrio estiver
neste signo, e a Lua em Caranguejo, mas um pouco instável.

Balança
Natureza e Propriedade de Balança - Balança é um signo aéreo, quente e húmido,
sanguíneo, masculino, equinocial, cardinal, humano, diurno, da triplicidade do ar, e ocidental,
sendo a principal casa de Vénus.

Doenças - Todas as doenças dos rins, ou cálculos ou areias, infecções e doenças da região
lombar ou dos quadris, úlceras nos rins ou bexiga, coluna fraca, corrupção do sangue.

Lugares - Nos campos ele representa terrenos perto de moinhos de vento, ou algum celeiro
afastado ou arrecadação, ou serração, ou onde trabalham os tanoeiros, ou onde a madeira é
cortada, encostas de colinas, cumes de montanhas, terrenos onde se pratica a falcoaria e a
caça, terrenos arenosos ou cobertos de cascalho, ar puro, claro e penetrante; os quartos
superiores numa casa, câmaras, sótãos, um quarto dentro de outro.

Aspecto e Forma - Personifica um corpo rectilíneo bem composto, alto e mais delicado ou
magro do que grosseiro; um redondo, encantador e belo rosto, uma cor puramente sanguínea;
na juventude, não há abundância ou excesso quer de branco ou de vermelho, mas com a
idade, há geralmente algumas borbulhas, ou uma cor muito intensa, o cabelo amarelado,
macio e longo.

Escorpião
Qualidade e Propriedade de Escorpião - Escorpião é um signo frio, aquático, nocturno,
fleumático e feminino, da triplicidade da água, fixo e Norte, a casa e alegria de Marte,
feminino; geralmente ele representa homens argutos e falsos.

Doenças - Areias e cálculos nas partes secretas, bexiga, hérnias, fístulas, ou as hemorróidas
no ânus, gonorreia, priapismos, tudo o que afecta as partes privadas tanto no homem como na
mulher; defeitos na matriz.

Lugares - Lugares onde todo o tipo de animais rastejantes usam, como escaravelhos, etc. ou
aqueles que não têm asas e são venenosos; jardins, pomares, vinhas, casas arruinadas perto
de águas; terrenos lamacentos e pantanosos, lagos fétidos, atoleiros, pias, a cozinha ou
despensa, lavandaria.

Forma e Descrição - Um físico corpulento, forte e robusto, a face um pouco larga ou


quadrada, uma compleição morena terrosa, um cabelo baço e escuro, farto e encrespado; um
corpo peludo, pernas um tanto arqueadas, pescoço curto, atarracado e firme.

Sagitário
 

Qualidade e Natureza de Sagitário - Sagitário é da triplicidade do fogo, Leste, de natureza


fogosa, quente, seco, masculino, colérico, diurno, mutável, bicorpóreo ou corpo duplo, a casa e
a alegria de Júpiter.

Doenças - Rege as partes das coxas e nádegas no corpo do homem, e todas as fístulas ou
feridas que caiem nesses membros, e geralmente denota sangue quente, febres pestilentas,
quedas de cavalos, ou ferimentos vindos deles ou de bestas de quatro patas; também danos
pelo fogo, calor e falta de moderação nos desportos.

Lugares - Um estábulo de grandes cavalos, ou cavalos para as guerras, ou uma casa onde
geralmente grandes animais de quatro patas são guardados; ele representa nos campos,
colinas, e os lugares mais elevados das terras ou terrenos que se elevam um pouco acima dos
outros; nas casas os quartos superiores, perto do fogo.

Aspecto e Forma e Corpo - Ele representa um semblante bem parecido, uma face um tanto
longa, mas cheia e ruborizada, ou quase como queimada pelo sol; o cabelo castanho claro, a
estatura um pouco acima da média; conformidade nos membros, e um corpo forte e robusto.

 Capricórnio
Qualidade e Natureza de Capricórnio - Capricórnio é a casa de Saturno e é nocturno, frio,
seco, melancólico, terreno, feminino, solsticial, cardinal, doméstico, quadrúpede, Sul, a
exaltação de Marte.

Doenças - Ele possui o governo dos joelhos e todas as doenças relacionadas com esses
lugares, tanto por distensões ou fracturas; denota lepra, a tinha, a sarna.

Lugares - Ele mostra uma casa de bois ou vacaria, ou onde os bezerros são guardados, ou
instrumentos para o gado, ou onde a madeira velha é empilhada; ou onde se armazenam as
velas dos navios ou materiais semelhantes; também redis de ovelhas, ou terrenos onde
pastam ovelhas, terras devolutas, terrenos estéreis, cheios de arbustos e espinhosos; campos
onde se amontoa o estrume ou a terra; nas casas, lugares baixos e escuros, perto do chão ou
da soleira.

Físico - Geralmente corpos secos, não alto de estatura, face longa, magra e escassa, barba
rala, cabelo preto, um queixo estreito, pescoço longo e fraco e peito estreito. Eu notei muitas
vezes que quando Capricórnio estava a ascender, a pessoa tinha cabelo branco, mas na sétima
sempre preto; eu entendo que a brancura provinha da natureza da família mais do que do
Signo.

Aquário
Natureza e Propriedade de Aquário - Aquário é um signo aéreo, quente e húmido, da
triplicidade do ar, diurno, sanguíneo, fixo, racional; humano, masculino, a principal casa de
Saturno e a casa onde ele mais rejubila; ocidental.

Doenças - Aquário governa as pernas, tornozelos e todo o género de enfermidades que


incidem nesses membros, todos os gases melancólicos coagulados nas veias, ou perturbando o
sangue, cãibras, etc.

Lugares - Lugares com colinas ou irregulares, lugares recentemente cavados, ou onde há


pedreiras, ou quaisquer minerais tenham sido desenterrados; nas casas, os telhados, beirados
ou as partes superiores; vinhas, ou perto de alguma pequena nascente ou fonte.

Aspecto e Forma - Apresenta um corpo atarracado, grosso, ou alguém de corpo forte e


composto, não alto; face longa, compleição sanguínea; se Saturno que é o senhor desta casa,
estiver em Capricórnio ou Aquário, a pessoa tem cabelo preto e compleição sanguínea, com
dentes tortos; de outra forma,  eu tenho observado que a pessoa tem uma compleição clara,
branca ou loura, e cabelo cor de areia, ou muito dourado, e uma pele muito pura.

Peixes
 
Propriedades e Qualidades de Peixes - Peixes é um signo da triplicidade da água, Norte,
frio, húmido, fleumático, feminino, nocturno, a casa  de Júpiter e a exaltação de Vénus,
bicorpóreo, mutável ou de corpo duplo, um preguiçoso, efeminado, doentio, ou representa
alguém sem acção.

Doenças - Todas as doenças dos pés, tais como a gota, e todas as deficiências e dores que
incidem nesses membros, e geralmente eczemas, sarna, tinha, furúnculos, erupções cutâneas,
bolhas e úlceras procedentes de sangue putrefacto, constipações e doenças húmidas.

Lugares - Ele apresenta terrenos cheios de água, ou onde há muitas nascentes e muitas aves,
também lagos de peixes, ou rios cheios de peixe, lugares onde tenham existido eremitas,
fossos em torno das casas, moinhos de água; nas casas perto de água, como de algum poço
ou bomba, ou onde a água permanece.

Aparência - Uma estatura baixa, mal composto, não muito decente, uma face bastante
grande, compleição pálida, o corpo carnudo ou inchado, não muito direito, mas encurvando um
pouco a cabeça.

Texto extraído do livro Christian Astrology, William Lilly - Londres, 1647

Tradução parcial do capítulo XVI

Tradução da versão inglesa por Paulo Alexandre Silva, DMA


 

RECEPÇÃO – UMA DINÂMICA MUITO ÚTIL

A recepção é uma importante circunstância que ocorre entre Planetas. Mas a recepção é um
tema muito discutido entre os astrólogos modernos. Eu acredito que não é devido a
contradições, mas mais exactamente devido a um conflito de termos e aplicações.

Como forma de evitar algum conflito eu vou citar Abu Ma’shar. E isto porque todos os outros
astrólogos citam as suas definições nos seus trabalhos. Se eu começasse a citar todas as
fontes, elas tornar-se-iam muito repetitivas e desnecessárias.

Eu devo também enfatizar, que é precisamente todas as ‘circunstâncias dos planetas’ que são
provavelmente a grande diferença entre a abordagem puramente Helénica à astrologia, e a
abordagem posterior dos astrólogos Árabes. Eu digo de uma forma diferente, mas não
contraditória! A ‘pura’ perspectiva Grega dos planetas era bastante estática e encontrar-se-á
poucas menções às consequências derivadas das aplicações dos planetas entre si. Somente a
Lua era considerada quando era examinado o planeta do qual ela se separava e para o qual ela
se estava a aplicar. Os astrólogos da Era Árabe eram mais fiéis à abordagem Helénica do que
se julga. Mas talvez a sua maior contribuição para a ciência foi a introdução de um maior
dinamismo de circunstâncias dos planetas entre si. Isto não quer dizer que eles foram
‘inovadores’, mas os seus julgamentos foram as conclusões naturais para o profundo
entendimento dos princípios originais.

Os princípios originais de disposição que encontramos na tradição Grega, dizem que um planeta
posicionado num signo dá a sua disposição para o regente desse signo. Os Gregos afirmavam
que enquanto esse regente não “fall amiss [1]” então ele tinha a autoridade para dispositar os
assuntos do seu domicílio (e qualquer planeta posicionado no seu domicílio). O termo “falling
amiss” foi mais tarde de alguma maneira, talvez incorrectamente, traduzido do Grego para o
Latim como “Cadente”. O que os Gregos queriam dizer era que um planeta que cai
(literalmente) inconjunto no seu próprio domicílio, “fell amiss”. O que todos os astrólogos
Árabes fizeram foi comentar este princípio, trazendo o princípio à sua última conclusão.
Masha’allah declara isto no seu trabalho, “On Reception”. Nós podemos resumi-lo nesta citação
de Masha’allah:
Assim como, com os outros sete planetas, qualquer um destes esteve conjunto para o seu
associado desde o domicilio ou exaltação desse associado em [um dos] aspectos reconhecidos
ou em um signo, e projecta ou dá a sua disposição, e se esse planeta com o qual está
comprometido recebe a disposição, esse planeta levará à perfeição o seu assunto de acordo
com o desígnio de Deus.

O que os autores Árabes fizeram com a doutrina da recepção não foi mais do que voltar a
expressar a intenção original, de forma a ser aplicável às muitas facetas da astrologia! Estava
inerente à astrologia Grega e foi trazida à sua conclusão ‘racional’ pelos Árabes. Na sua forma
mais pura, a recepção é o compromisso da disposição dos planetas para com o seu regente,
desde que esse regente não esteja inconjunto, ou por outras palavras, mantenha um aspecto
com o planeta no seu domicílio. E aqui é extremamente importante perceber exactamente o
que é significado pelo aspecto. Como eu escrevi numa publicação anterior, os planetas tinham
aspectos porque os signos tinham aspectos. Assim um “aspecto reconhecido” era uma posição
em qualquer signo, que não caísse inconjunto (ou, fall amiss) para o signo em questão.

Para uma melhor compreensão da recepção, vejamos a definição dada por Abu Ma’shar:

Recepção é quando o planeta [A] se aplica ao planeta [B] da casa do planeta ao qual ele se
aplica [B] ou da sua exaltação, termo, triplicidade ou face [qualquer das dignidades de B onde
A está posicionado]: então ele [B] recebe-o [A]. Ou o receptor da aplicação [B] está na casa do
planeta que lhe confere a sua natureza e dignidade [A] ou em uma das suas outras dignidades,
as quais foram mencionadas antes, então ele [A] recebe-o [B]. O mais forte deles é o Senhor
da Casa ou da exaltação. O Senhor do termo ou <o da> triplicidade ou face são fracos, a
menos que dois ou mais deles estejam conjuntos. Um deles pode receber o outro também por
aspecto sem aplicação, embora a recepção por aplicação seja mais forte.

Abu Ma’shar está outra vez a reiterar a definição de Masha’allah, excepto que ele está a tornar
muito claro que há graus de força específicos relacionados com a recepção.

A demonstração de recepção mais simples é como dizer que, a Lua está em Leão e está a
aplicar-se a Júpiter em Touro. O planeta [A], a Lua ou o planeta que confere a sua natureza e
dignidade está a aplicar-se a Júpiter [B] ou o receptor da aplicação está na exaltação da Lua. A
Lua recebe Júpiter. Se a Lua estivesse a 4º de Leão e Júpiter a 14º de Touro, então não só a
Lua recebia Júpiter, mas também Júpiter recebia a Lua, uma vez que ela está no seu termo e
triplicidade. E uma vez que Júpiter está em seu termo ao 14º de Touro, ele não só executa a
sua disposição para ela, mas confere-lhe a sua virtude.

Agora este comprometimento e recepção da disposição dos planetas é muito importante no


qual um planeta que não seja necessariamente forte por si só, pode ser elevado e fortalecido
pelo planeta que lhe envia a sua disposição. Bonatti escreve,

Por exemplo, Júpiter estava no 9º de Carneiro, e Marte estava no 5º do mesmo Carneiro; agora
Marte está conjunto a Júpiter e Marte recebe Júpiter no seu domicílio, por conseguinte Marte
confere a Júpiter a sua própria força ou disposição e natureza; e Júpiter tem nesse lugar a
dignidade de triplicidade, logo Júpiter agora tem a dignidade de ambos, nomeadamente, o que
Júpiter tem de acordo com a triplicidade e o que Marte lhe deu de acordo com o domicílio, a
essa mistura que Marte faz com ele é chamada a recepção a que os filósofos chamam Alcobal.

Uma vez que Marte se está a aplicar a Júpiter, ele não só recebe Júpiter mas também confere
virtude para Júpiter e o objectivo de Bonatti aqui é dizer que Júpiter já não tem três virtudes [2]
de triplicidade, mas agora tem oito, com as cinco virtudes de Marte por domicílio. Rapidamente
se pode ver a utilidade da recepção. No meu exemplo, se a Lua estivesse a 4º de Caranguejo e
Mercúrio estivesse a 14º de Touro, a Lua estaria a aplicar-se a Mercúrio e a receber Mercúrio.
Contudo, Mercúrio está peregrino mas a Lua está em domicílio e triplicidade e confere a
Mercúrio a sua virtude porque Mercúrio também lhe confere a sua disposição. Assim ele
beneficia disto e agora tem esta virtude que ela lhe concede, que o eleva da sua peregrinação.
Tendo em mente o acima referido, podemos olhar de perto a definição de recepção de Lilly.

Recepção é quando dois planetas que são significadores em qualquer questão ou assunto estão
na dignidade um do outro; como o Sol em Carneiro, e Marte em Leão; aqui a recepção destes
dois planetas dá-se por casas; e certamente esta é a mais forte e a melhor de todas as
recepções. Pode ser por triplicidade, termo ou face, ou qualquer dignidade essencial; como
Vénus em Carneiro e Sol em Touro; aqui a recepção dá-se por triplicidade, se a questão ou a
natividade for diurna; então Vénus a 24º de Carneiro e Marte a 16º de Gémeos; aqui a
recepção dá-se por termo, estando Marte nos termos de Vénus e ela nos termos dele.

O uso disto é muito útil; muitas vezes quando a resolução do assunto é negado pelos aspectos,
ou quando os significadores não se aspectam, ou quando parece muito duvidoso o que é
prometido por quadratura ou oposição dos significadores, apesar disso se ocorrer uma recepção
mútua entre os principais significadores, o assunto é levado à perfeição, e isto sem grande
problema e rapidamente, para o contentamento de ambas as partes.

Segundo a instrução de Lilly, “Aqui há recepção destes dois planetas por casas e certamente
esta é a mais forte e a melhor das recepções”, convém esclarecer que esta não é a única forma
de recepção, mas é a recepção que tem o maior grau de força, levando à perfeição da coisa
inquirida sem obstáculos. Mas convém esclarecer também que não é exclusivamente a única
recepção que funciona para levar um assunto à perfeição. Ele não diz a única recepção, mas é a
mais forte e a melhor. Tenho a certeza que o interesse de Lilly era transmitir essa forma de
recepção aos seus estudantes, a qual sempre deveriam efectuar. Dos exemplos de recepção de
horária dados por Bonatti e Masha’allah, é claro que a recepção mútua não é a única recepção
que leva à perfeição. Uma simples recepção onde o receptor também confere virtude funciona
bastante bem.

Na sua forma mais fraca, a recepção é como Abu declara, quando um planeta recebe outro
“sem aplicação”. Quer dizer, se no meu exemplo acima a lua estiver no 3º de Leão e Júpiter no
25º de Touro, a Lua ainda recebe Júpiter, sem aplicação, mas é fraca.

A questão apresentou-se várias vezes na lista, podem dois planetas receberem-se um ao outro
não havendo aspecto entre eles. Por exemplo, Marte em Touro e Vénus em Carneiro. A
resposta creio eu é sim e não. No coração da recepção está o princípio que os signos devem
estar em aspecto. Houve contudo situações e condições que permitiram aos signos ter um
relacionamento que não o aspecto, apesar de estarem inconjuntos. Se Marte estiver em Peixes
e Vénus em Carneiro, então eu acredito fortemente que ocorra uma recepção, porque Carneiro
e Peixes têm uma relação que não aspectual, isto é, são signos de igual ascensão e poder. Se
Mercúrio estiver em Caranguejo e a Lua em Gémeos o mesmo acontece porque Gémeos e
Caranguejo são signos de poder igual (Antiscia). Se Marte estiver a 8º de Virgem (a triplicidade
e termo de Vénus) e Vénus estiver a 8º de Carneiro então a recepção acontece porque embora
Virgem e Carneiro não tenham nenhum aspecto reconhecido eles são signos de igual poder
(Antiscia). Al Biruni argumenta de forma convincente as condições que aliviam a inconjunção e
a sua utilidade.

A este tipo de recepção foi chamado “generosidade” e Ibn Ezra explica isto à sua maneira,

Generosidade é quando dois planetas estão no domicílio um do outro, ou exaltação ou outro


tipo de regência; mesmo que não estejam em conjunção ou aspecto um ao outro, ainda existe
recepção entre eles.

Abu Ma’shar na sua Grande Introdução, de facto entra em maiores pormenores.

Em generosidade (i.e. recepção) alguns são considerados mais fortes, alguns mais fracos,
alguns de fortaleza média. A grande generosidade está entre o Sol e a Lua. Por, a Lua a
receber do Sol em qualquer signo, excepto quando em oposição, na qual está debilitada. Assim
quando a Lua entra em um signo em que o Sol goza de alguma dignidade, os seus benefícios
são a dobrar: um benefício é dado pelo signo [a dignidade do Sol] o outro da natureza [a
natureza benéfica do Sol]. Quando outro planeta está em Virgem, Mercúrio concede-lhe dois
benefícios por isso. Mas um benefício médio é o que cada estrela recebe de outra, seja da sua
casa ou da sua exaltação ou da sua face ou da sua triplicidade ou do seu termo. Se duas destas
são concedidas será muito bom. Seja o que for, excepto o mencionado anteriormente, será
fraco.

Espero que esta informação não seja excessiva. A recepção é uma dinâmica muito útil em
horária, natal, mundana e electiva. Onde as diferenças de opinião ocorrem mais
frequentemente é habitualmente devido a diferenças de aplicação. Uma pergunta horária,
geralmente lida com o imediato, comparado a toda uma vida em uma natividade. As regras de
recepção são idênticas, mas é a expectativa que é muito diferente.

[1]
Estivesse inconjunto

[2]
Sistema de pontuação

Texto gentilmente cedido por Steven Birchfield, A.M.A.

 Divine Astrology

Tradução da versão inglesa por Paulo Alexandre Silva, DMA

AS PARTES ÁRABES

 Ao contrário do que se possa pensar, as Partes Árabes (Lotes) não têm a sua origem no
Período Árabe.

Marcus Manilius, em “Astronomica” já citava entre outras Partes (Lotes) a Parte (Lote) da
Fortuna,

 “The first lot has been assigned to Fortune. This is the name by which it is known in
astrology…” ( Astronomica - 3.96 ).

Outros autores como Dorotheus de Sidon, Vettius Valens e Firmicus Maternus já faziam um
extenso uso das Partes (Lotes) nas suas interpretações.

Entretanto, por volta do século VIII, o uso das Partes (Lotes) foi ampliado pelos árabes e nos
séculos seguintes difundido com a denominação de Partes Árabes, sendo assim conhecidas a
partir de então.

A utilização das Partes Árabes é fundamental na Astrologia Medieval já que podem participar
como significadores e fornecer informações suplementares na interpretação de assuntos
específicos.

A listagem apresentada a seguir foi compilada através da comparação entre vários autores.
Como em algumas obras foram encontradas descrições ou fórmulas  divergentes optei por
apresentar aquelas nas quais encontrei uma maior unanimidade entre os autores.

Al - Biruni no seu livro “The Book of Instruction in the Elements of the Art of Astrology”, a
propósito das divergências no cálculo das Partes escreveu,
477. Fahal mukhtalif ‘amal hadhihi al-siham wa hal yatafaqa ithnan minha.

Diferenças na prática

“Existem algumas pessoas que adoptam métodos que diferem dos…mencionados em certas
circunstâncias; por exemplo, no que diz respeito ao lote dos Pais, quando Saturno está Sob os
Raios do Sol, eles contam de Júpiter ao Sol de noite ou vice-versa de dia, e calculam-no a
partir do Ascendente. De novo no caso do lote para os Avós, se o Sol estiver em Leão, contam
do início de Leão até Saturno durante o dia e de noite na direcção oposta. E se estiver no
Domicílio de Saturno então do Sol a Saturno durante o dia e vice-versa de noite, em ambos os
casos calculado a partir do Ascendente, mesmo que Saturno esteja Sob os Raios do Sol ou de
outra forma aflito…”

 As Partes Árabes referentes aos Sete Planetas

Diurno
Nome das Partes Fórmula
Nocturno
Parte da Lua ou Parte da Fortuna ASC + Lua - Sol Inverte-se

Parte do Sol ou Parte do Espírito ASC + Sol - Lua Inverte-se

Parte de Vénus ou Parte da Amizade e do Amor ASC + Espírito - Fortuna Inverte-se

Parte de Mercúrio ou Parte do Desespero, Penúria e Fraude ASC + Fortuna - Espírito Inverte-se

Parte de Saturno ou Parte do Cativeiro, Prisões e Fuga das mesmas ASC + Fortuna - Saturno Inverte-se

Parte de Júpiter ou Parte da Vitória, Triunfo e Ajuda ASC + Júpiter - Espírito Inverte-se

Parte de Marte ou Parte da Coragem e Bravura ASC + Fortuna - Marte Inverte-se

As Partes Árabes referentes às Doze Casas

Partes referentes à Primeira Casa 

Parte da Vida ASC + Saturno - Júpiter Inverte-se

Pilar do Horóscopo, Natividades, Permanência e Constância ASC + Espírito - Fortuna Inverte-se

Parte do Raciocínio e Senso ASC + Marte - Mercúrio Inverte-se

Parte do Hyleg ou Parte da Raiz da Vida ASC + LUA - SAN Não se inverte

Partes referentes à Segunda Casa 

Parte da Substância ASC + Grau 2ª - Reg. 2ª Não se inverte

Parte das Dívidas  ASC + Mercúrio - Saturno Não se inverte

Parte dos Achados (Tesouros) ASC + Vénus - Mercúrio Inverte-se

Partes referentes à Terceira Casa 


Parte dos Irmãos ASC + Júpiter - Saturno Não se inverte

Parte do Número de Irmãos ASC + Saturno - Mercúrio Não se inverte

Parte da Morte dos Irmãos e Irmãs ASC + MC - Sol Inverte-se

Partes referentes à Quarta Casa 

Parte dos Pais (Progenitor) ASC + Saturno - Sol Inverte-se

Parte da Morte do Pai (Progenitor) ASC + Júpiter - Saturno Inverte-se

ASC + Saturno - Reg. Sol

se o Sol estiver em Leão, ASC


Parte dos Avós Inverte-se
+ Saturno - 1º grau Leão

se o Sol estiver nas Casas de


Saturno, ASC + Saturno - Sol

Parte dos Antepassados ASC + Marte - Saturno Inverte-se

Parte das Heranças ou da Propriedade ASC + Lua - Saturno Não se inverte

Parte das Heranças de acordo com os Persas ASC + Júpiter - Mercúrio Inverte-se

Parte da Lavoura ASC + Saturno - Vénus Não se inverte

Parte do Fim das Coisas ASC + Reg. SAN - Saturno Não se inverte

Partes referentes à Quinta Casa 

Parte dos Filhos ASC + Saturno - Júpiter Inverte-se

Parte da Data do nascimento do Número e do Sexo dos Filhos ASC + Júpiter - Marte Não se inverte

Parte da Condição do Filho (Masculino) ASC + Júpiter - Lua Não se inverte

Parte da Condição da Filha (Feminino) ASC + Vénus - Lua Não se inverte

Parte da concepção, se é Masculino ou Feminino ASC + Lua - Reg. Lua Inverte-se

Partes referentes à Sexta Casa 

Parte das Doenças, Acidentes e dos Vícios Inseparáveis ASC + Marte - Saturno Inverte-se

Parte das Doenças (separáveis e inseparáveis) ASC + Marte - Mercúrio Não se inverte

Parte dos Escravos ASC + Lua - Mercúrio Não se inverte

Parte do Cativeiro (Dia) ASC + Sol - Reg. Sol   (Dia)

Parte do Cativeiro (Noite) ASC + Lua - Reg. Lua  (Noite)

Partes referentes à Sétima Casa 


Parte do Casamento do Homem de acordo com Hermes ASC + Vénus - Saturno Não se inverte

Parte do Casamento do Homem de acordo com Valens ASC + Vénus - Sol Não se inverte

Parte do Adultério (Homem) ASC + Vénus - Sol Não se inverte

Parte do Coito ASC + Vénus - Sol Não se inverte

Parte do Casamento das Mulheres de acordo com Hermes ASC + Saturno - Vénus Não se inverte

Parte do Casamento das Mulheres de acordo com Valens ASC + Marte - Lua Não se inverte

Parte do Adultério (Mulher) ASC + Marte - Lua Não se inverte

Parte do Casamento do Homem e da Mulher de acordo com Hermes ASC + Cúsp 7ª - Vénus Não se inverte

Parte da Hora do Casamento de acordo com Hermes ASC + Lua - Sol Não se inverte

Parte da Honestidade das Mulheres ASC + Vénus - Lua Não se inverte

Parte dos Genros ASC + Vénus - Saturno Não se inverte

Parte das Disputas / Alegações ASC + Júpiter - Marte Inverte-se

Partes referentes à Oitava Casa 

Parte da Morte Saturno + Cúsp.8ª - Lua Não se inverte

Parte do Planeta que Mata ASC + Lua - Reg. ASC Inverte-se

Parte do Ano em que o nativo deve temer a Morte, Aflições, etc. ASC + Reg. SAN - Saturno Não se inverte

Parte do Lugar da Doença Mercúrio + Marte - Saturno Inverte-se

Parte do Perigo e da Violência ASC + Mercúrio - Saturno Inverte-se

Partes referentes à Nona Casa

Parte das Viagens ASC + Cúsp 9ª - Reg. 9ª Não se inverte

ASC + 15º Caranguejo -


Parte das Viagens por Água Inverte-se
Saturno

Parte da Religião ou Parte da Fé ASC + Mercúrio - Lua Inverte-se

Parte da Profunda Reflexão ASC + Lua - Saturno Inverte-se

Parte da Sabedoria e da Paciência Mercúrio + Júpiter - Saturno Inverte-se

Parte da Tradição e do Conhecimento dos assuntos ou das Histórias ASC + Júpiter - Sol Inverte-se

Parte dos Rumores, se são verdadeiros ou falsos ASC + Lua - Mercúrio Não se inverte

Partes referentes à Décima Casa 

Parte da Honra e da Nobreza do Nativo ASC + 19º Carneiro - Sol (Dia)


ASC + 3º Touro - Lua (Noite)

Parte da Realeza ASC + Lua - Marte Inverte-se

Parte dos Administradores, Vizires, etc. ASC + Marte - Mercúrio Inverte-se

Parte da Realeza e da Vitória ASC + Saturno - Sol Inverte-se

Parte daqueles que sobem de classe social subitamente ASC + Fortuna - Saturno Inverte-se

Parte dos Soldados  e dos Ministros ASC + Saturno - Marte Inverte-se

Parte da Profissão ou do tipo de trabalho do nativo ASC + Lua - Saturno Não se inverte

Parte dos Negociantes ou daqueles que fazem o trabalho com as mãos ASC + Vénus - Mercúrio Inverte-se

Parte do Comércio ou Parte da Compra e Venda ASC + Fortuna - Espírito Inverte-se

Parte do Trabalho que tem que ser feito ASC + Júpiter - Sol Inverte-se

Parte Filantropia ou daqueles que se tornam célebres entre os nobres ASC + Sol - Mercúrio Não se inverte

Parte das Mães (Progenitora) ASC + Lua - Vénus Inverte-se

Partes referentes à Décima Primeira Casa

Parte da Glória ou Parte da Excelência e Nobreza ASC + Espírito - Fortuna Inverte-se

Parte da Amizade ou da Inimizade ASC + Espírito - Fortuna Inverte-se

Parte de ser conhecido entre os Homens, Reverenciado e Constante nos


ASC + Sol - Fortuna Inverte-se
negócios

Parte da Prosperidade ou Sucesso ASC + Júpiter - Fortuna Inverte-se

Parte da Esperança e da Fé ASC + Vénus - Saturno Inverte-se

Parte dos Amigos ASC + Mercúrio - Lua Não se inverte

Parte do Louvor e da Gratidão ASC + Vénus - Júpiter Inverte-se

Parte da Violência ou da concórdia e discórdia entre Amigos, Maridos e


ASC + Mercúrio - Espírito Não se inverte
Mulheres

Partes referentes à Décima Segunda Casa

Parte dos Inimigos  ASC + Marte - Saturno Não se inverte

Parte dos Inimigos de acordo com Hermes ASC + Cúsp. 12ª - Reg. 12ª Não se inverte

Parte da Má Sorte ou das Aflições ASC + Fortuna - Espírito Não se inverte

  Bibliografia:
Libro de los Juicios de las Estrellas Tomo I por Abraham Ben Ezra [ Editorial Biblioteca de Sirventa ]
 
The Beginning of Wisdom por Avraham Ibn Ezra, Meira B. Apstein [ ARHAT ]
 
Astronomica de Manilius, G.P. Goold [ Loeb Classical Library - Harvard University Press ]
 
The Book of Instruction in the Elements of the Art of Astrology por Al-Biruni, R. Ramsay Wright [ Kessinger ]
 
The Abbreviation of the Indroduction to Astrology por Abu'Masar, Charles Burnett [ ARHAT ]
 
Al-Qabisi: The Introduction to Astrology por Al-Qabisi, C. Burnett, K. Yamamoto, M. Yano [ Warburg ]
 
Bonatti On The Arabic Parts por Guido Bonatti, R. Zoller [ New Library e-book, 2 nd Electronic Edition, 2002 ]
 
Liber Hermetis por Hermes Trismegistus,  Robert Zoller [ Spica Publications 1998 ]
 
Carmen Astrologicum por Dorotheus of Sidon, David Pingree [ Ascella 1993 ]

Os Filhos na Astrologia Medieval

 Século XXI ano de 2005, controle da natalidade difundido em diversas partes do mundo
através de métodos contraceptivos, fertilização in vitro aplicada amplamente gerando crianças
saudáveis e realizando o sonho de muitas famílias, terapias diversas visando tanto a
concepção como a contracepção. Dentro desta realidade o que a Astrologia Medieval nos pode
oferecer, através da interpretação do mapa natal, em relação à previsão da existência ou não
de filhos na vida de um indivíduo?

Os astrólogos medievais utilizavam diversos elementos para avaliar se o mapa indicava ou não
a existência de filhos [1] e, através da análise desses elementos, realizavam o julgamento
correspondente. Observamos na literatura referências gerais a “uma grande quantidade de
filhos”, “muitos filhos”, “pequena quantidade de filhos” e “nenhum filho”, de forma que este
parece ter sido, e ainda é, o objectivo principal destas interpretações.

Ao aplicarmos estas técnicas medievais devemos ainda ter em mente as diferenças sócio-
culturais actuais. Sociedades, grupos, culturas, povos, países, ou mesmo regiões diferentes
dentro de um mesmo país com grande extensão territorial, interpretam termos genéricos como
os acima de formas diferentes. A tendência nos grandes centros nas últimas décadas tem sido
a progressiva diminuição no número de filhos. O que na época medieval era considerado um
pequeno número de filhos pode ser um grande número nos dias actuais para determinadas
famílias.

Os Significadores

 Para os antigos mestres medievais, os filhos são avaliados pela existência de planetas ou de
determinadas Partes Árabes em locais específicos da Natividade, as casas 1, 11, 10, 7 e 5.
Alguns autores adicionam a casa 4 às mencionadas anteriormente. Todos os planetas
participam como significadores. Júpiter, Vénus e Lua propiciam filhos. Marte Saturno e Sol
dificultam a existência de filhos ou indicam um pequeno número deles. Mercúrio varia de
acordo com a relação que possui com outros significadores. Além dos planetas, devem ser
analisados outros pontos como a Parte da Fortuna [2] (pars fortunae), a Parte dos Filhos [3] (pars
filiorum), seus regentes, o regente da triplicidade de Júpiter e o regente da casa 5.

Os signos nos quais encontramos os significadores devem ser interpretados de acordo com sua
classificação em: muito férteis (Caranguejo, Escorpião e Peixes), moderadamente férteis
(Touro, Balança, Sagitário e Aquário), pouco férteis (Carneiro e Capricórnio) e estéreis
(Gémeos, Leão e Virgem), já que podem modificar as qualidades intrínsecas dos significadores.
Júpiter, que é essencialmente um planeta significador de filhos, se posicionado num signo
estéril passa a ser um impedimento. Saturno, um planeta que dificulta os filhos, se posicionado
num signo muito fértil, em casas adequadas e bem aspectado pelos seus regentes ou por
outros significadores pode possibilitar filhos.

Significadores dignificados, principalmente Júpiter e Vénus, em signos férteis, em casas que


indicam a existência de filhos, bem aspectados por benéficos e livres de impedimentos
propiciam muitos filhos. Significadores em detrimento ou queda, impedidos ou aflitos por
maléficos, diminuem a quantidade de filhos.

 Mapas de Estudo [4]


  [5]
Estudo nº 1 - Marlon Brando

 O número exacto dos filhos de Marlon Brando ainda é questionado, embora ele tenha
reconhecido oficialmente 11 filhos no seu testamento. Um deles, filho da sua assistente
Caroline Barret, foi adoptado por Brando, e deverá ser excluído do número total na nossa
avaliação.

Ascendente em Sagitário – Signo moderadamente fértil.

Parte da Fortuna – Conjunta ao Ascendente, em Sagitário, sem impedimentos e aflições.

Planetas na casa 1 – Júpiter em Sagitário, actuando tanto como regente do Ascendente como
da Parte da Fortuna, dignificado por domicílio e em sua própria triplicidade, aspectado por um
trígono de Lua e Sol. Esta configuração já indica a existência de muitos filhos.
Casa 11 – Ocupada por Saturno em Escorpião, signo muito fértil, retrógrado, mas livre de
outros impedimentos e sem aspectos. Um planeta que impede filhos localizado em um signo
de muita fertilidade e numa casa apropriada indica a existência de filhos, embora estes
possam ter dificuldades, vida curta ou atribulada. Em 1990, o filho mais velho de Brando
disparou e matou o namorado da sua meia-irmã Cheyenne, filha do terceiro casamento de
Brando. Foi julgado e considerado culpado de homicídio culposo, tendo sido sentenciado a 10
anos de prisão. Em consequência da tragédia, Cheyenne suicidou-se aos 25 anos de idade
após um longo período de depressão.

Parte dos Filhos – A 23º 28' de Capricórnio na casa 2, é dispositada por Saturno, este já
mencionado acima. A Parte dos Filhos encontra-se em um signo pouco fértil e sem relação
directa com a quantidade de filhos, já que não está posicionado em casas referentes aos filhos.

Casas 10 e 7 - Desocupadas.

Casa 5 - Ocupada por Mercúrio em Carneiro, signo pouco fértil, em trígono com Júpiter,
planeta de muitos filhos, posicionado em signo moderadamente fértil e seu regente por
triplicidade. Esta configuração reforça a existência de filhos, já que ambos os planetas são
significadores que propiciam filhos, estão em contacto através de um aspecto benéfico e
Júpiter recebe Mercúrio em sua triplicidade. Sol e Lua em Carneiro, a menos de 5º da cúspide
da casa 5, recebem um trígono de Júpiter e uma quadratura de Marte. A mútua recepção entre
o Marte e a Lua, por domicílio e triplicidade, alivia o aspecto de quadratura entre eles e
novamente o trígono de Júpiter à Lua, como mencionado acima em relação a Mercúrio, reforça
o tema da existência de filhos.

Regente da casa 5 – Marte em Capricórnio, na casa 2. Sem relação directa com a quantidade
de filhos, já que não está posicionado em casas referentes aos filhos.

Regente da triplicidade de Júpiter – É o próprio Júpiter em nascimento nocturno, já delineado.

Podemos concluir que o mapa apresenta indicações de muitos filhos. Entretanto, em virtude da
presença de Saturno em uma casa relacionada com filhos, embora não os impeça por estar em
um signo muito fértil, indica dificuldades, atribulações ou vida curta relacionada com os
mesmos.

Estudo nº 2 - Wallis Simpson [6] -  Nenhum filho

 
Ascendente Aquário – Moderadamente fértil.

Casas 1, 11, 10 e 7 – Desocupadas.

Casa 5 – Sol, planeta que impede filhos, na cúspide da casa 5, em Gémeos, signo estéril.

Regente da casa 5 – Mercúrio também em Gémeos, signo estéril, na casa 4, retrógrado e sob
os raios do Sol, recebe um sextil de Júpiter, significador de filhos, em Leão, signo estéril e
cadente na casa 6. Neste caso, o aspecto benéfico do sextil de Júpiter é nulo já que o planeta
está posicionado num signo estéril e numa casa cadente.

Parte da Fortuna – Em Balança na casa 8, conjunta à Lua. O signo moderadamente fértil e a


conjunção com a Lua, planeta significador de filhos, poderia ajudar se não estivesse localizada
na casa 8.

Regente da Parte da Fortuna – Vénus em Gémeos, signo estéril.

Parte dos Filhos – Em 14º 10’ de Escorpião, signo muito fértil, mas cadente na casa 9, não
relacionada aos filhos.

Regente da Parte dos Filhos – Marte em Carneiro, signo pouco fértil na casa 2, como já
mencionado anteriormente, não está posicionado em casas referentes aos filhos.

Regente da Triplicidade de Júpiter – O próprio Júpiter já que o mapa é nocturno, em Leão,


signo estéril, cadente na casa 6.
O único ponto que poderia favorecer a existência de filhos é o Ascendente em signo
moderadamente fértil. No entanto, todos os outros significadores apontam para a ausência de
filhos, por estarem em casas cadentes ou não relacionadas com filhos e em signos estéreis.

Estudo nº 3 - Meryl Streep [7] - 4 filhos

Ascendente – Em Leão, signo estéril.


 
Casa 1 – Desocupada.
 
Casa 11 – Marte, Mercúrio e Parte da Fortuna em Gémeos, signo estéril. Esta configuração de
Mercúrio em conjunção a Marte em signo estéril e a Parte da Fortuna também num signo
estéril impede os filhos.
 
Regente da Parte da Fortuna – Mercúrio em signo estéril, indicado acima.
 
Casa 10 – Lua em Touro, signo moderadamente fértil, dignificada por exaltação, em mútua
recepção com seu regente, Vénus, posicionada em Caranguejo, signo muito fértil e recebendo
dela o aspecto benéfico de um sextil. Esta configuração promete a existência de filhos.

Casa 7 – Júpiter a menos de 5º da cúspide, em Aquário, signo moderadamente fértil, livre de


aflições.

Casa 5 – Desocupada.
 
Regente da casa 5 – Marte na casa 11, em Gémeos signo estéril, impede os filhos como
mencionado acima.
 
Parte dos Filhos – Localizada em 3º 47’ de Peixes, signo muito fértil, contudo localizada na
casa 8.
 
Regente da Parte dos filhos – Júpiter a menos de 5º da cúspide, em Aquário, signo
moderadamente fértil, livre de aflições.

Regente da Triplicidade de Júpiter – Saturno posicionado na casa 2, uma casa não referente a
filhos, e em Virgem, um signo estéril.

Este é um excelente exemplo de significadores com configurações que, por um lado, propiciam
filhos e por outro diminuem o seu número, ou os impedem.

O Ascendente em signo estéril, Marte como significador posicionado na casa 11, e actuando
como regente da casa 5, Mercúrio como significador, e como regente da Parte da Fortuna e a
própria Parte da Fortuna na casa 11, todos em signo estéril, impediriam a existência de filhos.

Por outro lado observamos que a Lua encontra-se em signo moderadamente fértil, essencial e
acidentalmente dignificada, sendo o planeta mais elevado do mapa, recebendo um aspecto
benéfico de Vénus, dispositora da Lua, apoiada por uma mútua recepção com o seu regente,
Vénus, num signo muito fértil. Uma forte indicação da existência de filhos. Júpiter angular, em
signo moderadamente fértil, também favorece a existência de filhos. Os outros significadores
são neutros em relação ao assunto.

Conclusão

Embora muitos séculos nos separem da vida e dos costumes da época medieval, as obras dos
antigos mestres oferecem um material rico e abrangente para este género específico de
interpretações. Ao contrário do que possa parecer, a adição de significadores aos
tradicionalmente usados nos dias actuais, como casa 5 e seu regente, em lugar de dificultar a
análise, amplia e refina a interpretação. A cautela mostrada pelos astrólogos medievais, que
utilizavam termos genéricos nos seus julgamentos, deve também nortear nossos passos. As
profundas modificações nas áreas da concepção e da contracepção nos dias actuais fazem com
que seja prudente não quantificarmos os filhos muito rigidamente. Da mesma forma, ao nos
depararmos com mapas, como o de Wallis Simpson, de indivíduos jovens em idade fértil e
manifestando desejo de gerar filhos, será mais conveniente efectuarmos uma interpretação de
“muito poucos” ao invés de ceifar suas esperanças com o julgamento de “nenhum filho”.  É a
aplicação prática dos ensinamentos de Lilly que nos orienta a associar “Art with discretion”.

Bibliografia:
Abraham Ben Ezra, Libro de los Juicios de las Estrellas, Editorial Biblioteca de Sirventa

Abu’Ali Al-Khayyat, The Judgments of Nativities, AFA

Ali Ben Ragel, El Libro Conplido en los Iudicios de las Estrellas, Ediciones Índigo

Dorotheus of Sidon, Carmen Astrologicum, Ascella

Johannes Schoener, On the Judgments of Nativities, Book I, ARHAT

Omar of Tiberias, Three Books on Nativities, Project Hindsigh

Paulus Alexandrinus and Olympiodorus, ARHAT


Ptolemy, Tetrabiblos, Harvard University Press 

William Lilly, Christian Astrology, Regulus

[1]
Não são considerados filhos adoptados ou enteados.

[2]
Parte da Fortuna em mapas diurnos = ASC + Lua – Sol. Inverter para mapas nocturnos.

[3]
Parte dos Filhos em mapas diurnos = ASC + Saturno – Júpiter. Inverter em mapas nocturnos.

[4]
Em todos os mapas de estudo foi utilizado o sistema de casas de Alchabitius.

[5]
Fonte: Astrodatabank, rated AA.

[6]
A mulher pela qual Eduardo VIII de Inglaterra abdicou do trono. Fonte: Astrodatabank, rated AA.

[7]
Fonte: Astrodatabank, rated AA.

A Astrologia Clássica e os Indicadores de Orientação

 Sexual na Sociedade Contemporânea


 
 Um breve estudo de algumas regras da astrologia clássica referentes à orientação sexual e a
sua válida aplicação em natividades contemporâneas.

 Desde o início dos meus estudos o tema da orientação sexual sempre me suscitou interesse.
Como poderia ser revelado numa natividade as influências astrais da orientação sexual de um
indivíduo? Que disposição planetária teria a natividade de um indivíduo homossexual? Ao longo
dos meus estudos, consultando as obras dos grandes mestres, fui tropeçando em regras de
delineação de carácter sexual. Com o intuito de verificar se as regras dos mestres clássicos
teriam uma aplicação válida na sociedade de hoje, reuni algumas natividades célebres de
orientação homossexual às quais apliquei essas mesmas regras.

 Aqui fica um exemplo de um dos mapas que analisei e onde vim a verificar a validade de
algumas das regras.

George Michael
 
 

Verifica-se que na natividade de George Michael Vénus está num dos signos de Mercúrio
(Gémeos) e que apesar de Mercúrio estar em Regência encontra-se mal localizado na Casa XII.
Segundo Firmicus Maternus (Cap. XV, pág. 240),

“…quando Vénus está num signo de Mercúrio, e Mercúrio está mal localizado, os nativos são
compelidos com desejo monstruoso para a cama de rapazes. Para ser exacto: isto ocorre
quando Vénus está num signo de Mercúrio e Mercúrio está no IC ou no Descendente, ou na VI,
VII, IX ou XII Casa…”

Outro indicador de homossexualidade nesta natividade é a posição de Marte em Virgem


dispositado por Mercúrio com Mercúrio a fazer-lhe uma quadratura. Segundo Firmicus
Maternus (Cap. XV, pág. 241),

“… se Marte estiver num signo de Mercúrio e Mercúrio estiver em oposição ou quadratura a


ele, isto indica os mesmos vícios lascivos.”

Dorotheus de Sidon em Carmen Astrologicum (pág. 64) diz,

“Se Vénus estiver numa casa de Mercúrio e Mercúrio estiver mal localizado, então o nativo não
amará mulheres, mas o seu prazer estará nos rapazes … o aspecto de Marte para com
Mercúrio por uma quadratura ou oposição indica o mesmo.”

Outras regras mencionadas pelos grandes mestres utilizadas para delineação de carisma
homossexual.

Schoener (Cap. XII, pág. 171),

 
“Se Marte estiver com Vénus sozinho ou com Júpiter sozinho sem aspectos de
Saturno, ele desejará ter grandes prazeres devassos  e viver luxuriosamente.
Mas se um for uma estrela da tarde e o outro uma estrela da manhã, o nativo
desejará copular com homens e mulheres…e se ambos Vénus e Júpiter forem
estrelas da manhã, ele cometerá o acto só com indivíduos masculinos.”

Ali Ben Ragel ( Cap. VI, pág. 460),

“Se Vénus estiver no Domicílio de Saturno  e Saturno em Domicílio de Vénus,


significa que o nativo aborrecerá as mulheres e gostará dos homens…Quando
Vénus está em Domicílio de Mercúrio e Mercúrio no Domicílio de Vénus,
significa que aquele nativo também amará os rapazes e deixará as mulheres e
não se ocupará delas...e quando Vénus está em um signo masculino e o
Regente do seu Domicílio também se encontra em um signo masculino,
significa também que o nativo amará os homens e aborrecerá as mulheres…
Quando Vénus e Mercúrio estão conjuntos no Domicílio de Saturno quer dizer
também que o nativo amará os homens e aborrecerá as mulheres.”

Omar of Tiberias (Livro 3 - Secção 5, pág. 67),

“…Mas se Vénus estiver em conjunção corpórea para Marte ou na sua


oposição ou quadratura por aspecto, e se Marte estiver em Carneiro,
Escorpião ou Capricórnio, significa que o nativo será um dos quem abusa de
uma forma vulgar (Vil) e por meios de copulação imundos, e mais ainda se
Vénus estiver em um signo masculino porque então a copulação será
degradante para ele com o odiável vício de sodomia…”

 Espero que este pequeno estudo venha ajudar e motivar outras pessoas para pesquisas
futuras sobre um tema ainda tabu na sociedade portuguesa. Limitei-me à apresentação de um
único mapa natal por não ser minha intenção fazer várias delineações, mas sim suscitar o
interesse sobre o assunto.

 É importante salientar que nem todos os nativos com esta configuração astrológica
apresentam inclinações homossexuais.

 Bibliografia:
 

Carmen Astrologicum, Dorotheus of Sidon - David Pingree, Publicações Ascella


1993
   
El Libro Conplido en los Iudizios de las Estrellas, Ali Ben Ragel, Edições Índigo
1997
   
Matheseos Libri VIII, Julius Frimicus Maternus - Jean Rhys Bram, Publicações
Ascella
   
On the Judgments of Nativities, Three Books, Johannes Schoener - R. Hand,
ARHAT
   
Three Books on Nativities, Omar of Tiberias - R. Hand, R. Schmidt, Project
Hindsight
Profecção e Firdaria

Frida Kahlo
 
 “Surrealismo é a surpresa mágica de encontrar um leão num guarda-roupa, onde tínhamos a
certeza que encontraríamos camisas”

Frida Kahlo

1907 – 1954
Magdalena Carmen Frieda Kahlo Calderón nasceu a 6 de Julho de 1907 em Coyoacán, terceira
das quatro filhas de Matilde e Guillermo Kahlo.

1913: 6 Anos de idade

Firdaria: Sol - Saturno

Casa activa por Profecção: 7


Kahlo contrai poliomielite aos seis anos de idade. Durante os noves meses que esteve em
convalescença, teve os cuidados e o apoio do seu pai que se esmerou para que ela recebesse o
melhor tratamento possível. Como consequência da poliomielite a perna e o pé ficaram
deformados para sempre.

Kahlo encontrava-se no período da Firdaria regido pelo Sol e sub-período regido por Saturno.
O Sol é Regente e Almuten da casa 1, (casa associada à vida e ao corpo físico do nativo
‘Anatole’) e recebe uma oposição de Marte, Almuten da casa 6 (casa associada a doenças e
defeitos do corpo ‘Cace Tyche’). Saturno o grande maléfico, é o Regente e Almuten da casa 7,
activa por profecção, e Regente do sub-período da Firdaria e encontra-se posicionado na casa
8 (casa associada à morte, a medos e a perdas ‘Epicataphora’).

A interacção entre os regentes das casas 1, 6 e 7 e os planetas Sol, Marte e Saturno indica
problemas físicos, relacionados a doenças de carácter infeccioso e de consequências
duradouras.

1925: 18 e 19 Anos de idade

Firdaria: Mercúrio - Mercúrio

Casas activas por Profecção: 7 e 8

Kahlo fica gravemente ferida no dia 17 de Setembro de 1925, numa colisão entre um eléctrico
e o autocarro em que seguia da escola para casa em Coyoacán. Os múltiplos traumatismos
sofridos por Kahlo foram tão graves que os próprios médicos duvidaram que ela sobrevivesse.
Devido a este acidente ficou um mês hospitalizada e mais três meses imobilizada em casa.
Aproximadamente um ano depois, em função das fortes dores na coluna e no pé direito, foi
descoberto que tinha várias vértebras deslocadas. Durante os nove meses seguintes teve que
usar vários coletes de gesso, permanecendo imobilizada. Nesta fase começa a pintar e com a
ajuda de um espelho inicia a série de auto-retratos, uma constante em sua obra. É a partir
deste acidente que a saúde de Kahlo fica seriamente comprometida.

Período e sub-período da Firdaria regido por Mercúrio. Considerando Mercúrio como Regente e
Almuten das casas 2 e 11 neste mapa, ele não seria indicador deste trágico episódio na vida
de Kahlo. Mas, por estar posicionado na casa 12 (casa associada a doenças graves,
hospitalizações, encarceramentos e adversidades ‘Cacos Daemon’) torna-se bastante
revelador. A casa activa por Profecção na altura do acidente é a 7. O Regente da 7 é Saturno,
planeta indicador de limitações e encontra-se posicionado na 8 (casa associada à morte, a
medos e a perdas) e co-Almuten da 6 (casa associada a doenças e defeitos do corpo). Na
altura em que esteve de cama usando os vários coletes de gesso a casa activa por Profecção é
a 8. O Regente da casa 8 é Júpiter, conjunto à cúspide da casa 12, mencionada acima. Júpiter
é um planeta benéfico por natureza, mas no caso da natividade de Kahlo apesar de se
encontrar em Exaltação e em Termo, está Cadente, Combusto, afligido por uma oposição de
Marte e é o Regente de uma má casa ‘Epicataphora’. Saturno o co-Almuten da casa 6 está
posicionado na casa 8.

Novamente encontramos indicadores dos acontecimentos acima descritos nas relações entre
os planetas Mercúrio, Saturno, Júpiter e as casas 6, 12 e 8.

 1930: 22 Anos de idade

 
Firdaria: Mercúrio - Saturno

Casa activa por Profecção: 11

No início do ano, Kahlo teve interrompida a sua primeira gravidez devido à posição incorrecta
do feto.

Período da Firdaria regido por Mercúrio e sub-período regido por Saturno, ambos os planetas e
suas posições acima mencionados. A casa activa por Profecção é a 11, cujo Regente e Almuten
é Mercúrio, posicionado na casa 12, também esta já mencionada acima.

 1932: 24 Anos de idade

Firdaria: Mercúrio - Júpiter

Casa activa por Profecção: 1

 No dia 4 de Julho de 1932 a segunda gravidez de Kahlo é interrompida com um aborto no
Hospital Henry Ford. Este acontecimento veio abalar imenso Kahlo, o que se pode ver nas suas
obras, especialmente na «O Hospital Henry Ford» ou «A Cama Voadora».

O período da Firdaria é regido por Mercúrio e o sub-período por Júpiter. Mercúrio como dito
anteriormente está posicionado na casa 12 (casa associada a doenças graves, hospitalizações,
encarceramentos e adversidades). Júpiter o Regente da 8 (casa associada à morte, a medos e
a perdas), está posicionado na cúspide 12 e também é Regente e Almuten da 5 (casa
associada à gravidez e a crianças ‘Agathe Tyche’). A oposição de Marte, posicionado na casa 5,
para Júpiter, indica as dificuldades de Kahlo em ter filhos e confere a este assunto um carácter
violento, próprio da natureza de Marte. A casa activa por Profecção é a 1, o Sol é Regente e
Almuten da casa 1, (casa associada à vida e ao corpo físico do nativo) e recebe uma oposição
de Marte, Almuten da 6 (casa associada a doenças e defeitos do corpo) e como mencionado
acima, posicionado na 5. Se a oposição de Marte para Júpiter já nos indica as dificuldades de
Kahlo em ter filhos e a violência que Marte confere às circunstâncias das mesmas, a oposição
ao Regente e Almuten da 1, vem em muito incapacitar Kahlo de levar adiante o seu desejo de
ter filhos, uma vez que a 1 é por natureza a casa associada à vida.

1938: 31 Anos de idade


 

Firdaria: Lua - Lua

Casa activa por Profecção: 8

 Em Outubro/Novembro Kahlo faz a sua primeira exposição individual na Galeria Julien Levy
em Nova York, alcançando um grande êxito e tendo recebido várias encomendas das suas
obras.
Período e sub-período da Firdaria regido pela Lua. No mapa de Kahlo a Lua rege por exaltação
o Meio do Céu e está praticamente conjunta ao mesmo, em Exaltação e Triplicidade,
dispositada por Vénus, na cúspide da 11 (casa associada a esperanças, grupos, organizações e
amigos ‘Agathos Daemon’). Esta configuração é um indicador de sucesso, tanto para a
exposição como para o prestígio de Kahlo entre o círculo social da época, Vénus na casa 11.

Em Janeiro de 1939, durante o mesmo período da Firdaria, Kahlo embarca para Paris para
levar a cabo uma exposição, esta não tão bem sucedida como a anterior devido a vários
factores.

Kahlo estava na Profecção da casa 8 (31 anos), regida por Júpiter (delineado acima), mas com
o maléfico Saturno posicionado na mesma. Além disso, Vénus dispositora da Lua recebe uma
quadratura de Saturno, justificando assim as limitações e atrasos da exposição em Paris.

 1950: 42 – 43 Anos de idade


 

Firdaria: Saturno - Júpiter e Saturno - Marte

Casas activas por Profecção: 7 e 8

 Kahlo passa nove meses no Hospital ABC, na cidade do México, onde foi submetida a um total
de 7 operações à coluna. “Estive doente durante um ano…ainda estou numa cadeira de rodas e
não sei quando é que poderei andar de novo. Tenho um colete de gesso que, em vez de ser
horrivelmente maçador, me ajuda a suportar melhor a coluna. Não sinto dores, só um grande
cansaço…, e, como é natural, por vezes desespero. Um desespero indescritível. No entanto
quero viver…”

Na época em que Kahlo foi submetida às operações estava na Firdaria de Saturno - Júpiter
iniciada em 30-1-1949, passando para a Firdaria de Saturno - Marte em 26-8-1950. Saturno é
Regente e co-Almuten da casa 6 (casa associada a doenças e defeitos do corpo), posicionado
na casa 8 (casa associada à morte, a medos e a perdas) e Júpiter, Regente da casa 8,
posicionado na cúspide da 12 (casa associada a doenças graves, hospitalizações,
encarceramentos e adversidades). Marte regente do sub-período da Firdaria (26-8-1950),
Almuten da casa 6, faz uma oposição ao Sol, Regente e Almuten da casa 1 (casa associada à
vida e ao corpo físico do nativo). As casas activas por Profecção durante este período
conturbado da vida de Kahlo são a 7 e a 8. A casa 7 é regida por Saturno posicionado na 8. A
casa 8 é regida por Júpiter posicionado na cúspide da 12, todas estas configurações já foram
acima delineadas.

 1954: 47 Anos de idade


 

Firdaria: Saturno - Vénus

Casa activa por Profecção: 12

 Gravemente doente com pneumonia, Kahlo morre durante a noite de 12 para 13 de Julho de
1954, sete dias depois do seu 47º aniversário.
Kahlo encontrava-se no período de Saturno e sub-período de Vénus. Vénus é Almuten da casa 8, casa
associada à morte e recebe uma quadratura de Saturno, Regente e co-Almuten da 6 (casa associada a
doenças e defeitos do corpo), este posicionado na  8, o que vem reiterar o significado da casa 8, a morte. 
Apesar de existir uma mútua recepção por Triplicidade entre Vénus e Saturno, ambos estão Peregrinos, não
melhorando em nada esta configuração. Além das aflições mencionadas acima e apesar de Vénus ser um
planeta benéfico por natureza, também se encontra afligida por estar Sucedente e em Triplicidade e Termo
do grande maléfico Saturno. Júpiter, regente da casa 8, a casa associada à morte, está conjunto à
casa activa por Profecção, a casa 12 (casa associada a doenças graves, hospitalizações,
encarceramentos e adversidades). Como foi dito anteriormente, Júpiter é um planeta benéfico
por natureza, mas no caso da natividade de Kahlo, apesar de se encontrar em Exaltação e em
Termo, está Cadente, Combusto e afligido por uma oposição de Marte e é o Regente de uma
má casa ‘Epicataphora’. É de reparar que o regente da casa activa por profecção, a Lua,
encontra-se Fora de Curso.

Em 1958 é aberto o Museu Frida Kahlo, na «Casa Azul» onde nasceu e morreu Kahlo, e é
apresentado à nação Mexicana, de acordo com os desejos de Diego Rivera, que morrera em
1957.

Conclusão
A finalidade deste estudo não é uma delineação aprofundada mas sim a abordagem de alguns
acontecimentos importantes na vida de Frida Kahlo, utilizando técnicas predictivas Medievais como Firdaria e
Profecção. É necessário ter em consideração que estas técnicas não são suficientes para uma delineação
exaustiva de uma natividade, no entanto, estas duas técnicas são ferramentas de um imenso valor
predictivo. Para um estudo completo seria necessário aplicar outro tipo de técnicas, tais como trânsitos,
revoluções solares e direcções primárias, que complementariam as técnicas predictivas da Firdaria e
Profecção.

Como se pode verificar pela delineação acima as técnicas empregues neste estudo proporcionam uma
análise clara e objectiva de alguns pontos-chave na vida da artista.

 Bibliografia:

 Christian Astrology, Book Three, William Lilly - Astrology Center of America

Classical Astrology for Modern Living, J. Lee Lehman - Whitford Press

 Kahlo, Andrea Kettenmann - Taschen


 Matheseos Libri VIII, Julius Firmicus Maternus, Jean Rhys Bram - Ascella
 The Book of Instruction in the Elements of the Art of Astrology, Al-Biruni - Kessinger
 Three Books on Nativities, Omar of Tiberias, R. Hand, R. Schmidt - Project Hindsight

 
O Hyleg e o Alcocoden

 É possível que métodos medievais que visam determinar a expectativa de vida de um


indivíduo através do seu mapa natal tenham ainda aplicação no mundo moderno?

Vivemos uma era de novas conquistas tecnológicas alcançadas a cada dia. Os avanços na área
da biotecnologia, nos métodos de diagnóstico e de tratamento na medicina moderna nos
surpreendem a todo momento. Sob este pano de fundo até onde os métodos medievais de
identificação do Hyleg e do Alcocoden continuam válidos?

Na época medieval os astrólogos, geralmente a serviço de monarcas, de nobres e da


aristocracia, eram frequentemente também médicos, habituados a conviver com a vida, as
doenças e a morte. Iniciavam a leitura do mapa de um recém nascido pela avaliação da sua
viabilidade física e longevidade. Era extremamente importante saber se o recém nascido,
frequentemente o herdeiro do trono ou de um nobre, seria saudável, se a sua vida seria longa
e produtiva trazendo prosperidade ao reino ou se, ao contrário, morreria na infância ou teria
uma vida curta e atribulada.

Para isso contavam com um arsenal de regras, que eram aplicadas metódica e
sequencialmente, para verificar se aquele nativo atingiria a idade adulta ultrapassando, após o
nascimento, as etapas compreendidas pelo período de amamentação, infância e adolescência.
Tais regras classificariam os mapas como pertencendo a uma das quatro “Differentia”. Com a
identificação do Hyleg e do Alcocoden no mapa natal, o nativo era considerado como
pertencendo à 4ª “Differentia” significando que atingiria a idade adulta.

O Hyleg é o planeta ou ponto no Zodíaco que vai indicar a força vital do indivíduo, é
habitualmente chamado de doador da vida. O Alcocoden é o planeta que tendo dignidades no
local onde se encontra o Hyleg, e fazendo aspecto com ele [1], determinará os anos de vida do
nativo.
Uma rápida revisão na literatura medieval sobre o assunto revela-nos um emaranhado de
regras, muitas vezes conflituosas, e uma diversidade de opiniões entre autores sobre como
identificarmos o Hyleg e o Alcocoden e como aplicar os cálculos correctos para obtermos os
anos de vida dados pelo Alcocoden. Apesar das dificuldades descritas acima, apresenta-se
abaixo um resumo das práticas mais utilizadas pelos astrólogos medievais que em alguns
pontos divergem das orientações dadas por Ptolomeu.

É de salientar que a aplicação dos métodos e regras de forma mecânica pode e


frequentemente induz a erros, pois é necessário uma avaliação rigorosa dos candidatos a
Hyleg e Alcocoden e das dignidades e debilidades que cada planeta possui nos mapas de
estudo.

Identificação do Hyleg segundo Ptolomeu

I. Os locais onde o Hyleg deve ser pesquisado, por ordem de prioridade, são:

1. A casa 10.

2. O Ascendente, desde 5 graus acima até 25 graus abaixo do horizonte.

3. A casa 11.

4. A casa 9.

5. A casa 7.

II. Os candidatos a Hyleg são:

1. Sol. 

2. Lua.

3. Ascendente.

4. Parte da Fortuna [2].

5. Os regentes dos itens acima.

III. Em mapas diurnos, tomar como Hyleg:

1. O Sol se estiver em algum dos locais hilegíacos.

2. Se o Sol não estiver em nenhum desses locais, verificar a Lua.

3. Se a Lua também não estiver em locais hilegíacos, verificar se existe algum planeta que
possua pelo menos uma (ou mais) dignidades [3] em cada um dos locais onde estão o Sol, a
conjunção dos luminares imediatamente anterior ao nascimento e o Ascendente, e que esteja
ele mesmo convenientemente posicionado.

4. Se nenhum planeta obedecer ao critério anterior, tomar o Ascendente como Hyleg.

IV. Em mapas nocturnos, da mesma forma, tomar como Hyleg:

 1. A Lua se estiver em locais hilegíacos.


2. Se a Lua não estiver em locais hilegíacos, verificar o Sol.

3. Se nem a Lua ou o Sol estiverem em locais hilegíacos, verificar se existe algum planeta que
possua pelo menos uma (ou mais) dignidades em cada um dos locais onde estão a Lua, a
oposição dos luminares anterior ao nascimento, e a Parte da Fortuna, e que esteja ele mesmo
convenientemente posicionado.

4. Se nenhum planeta obedecer ao critério anterior,

 1.  considerar o Ascendente como Hyleg se a lunação anterior ao nascimento [4] tiver sido a
conjunção dos luminares [5] ou,
 2.  considerar a Parte da Fortuna como Hyleg se a lunação anterior ao nascimento tiver sido a
oposição dos luminares [6].

5. Se ambos os luminares ou o Almuten [7] do próprio “sect” [8] estiverem em locais hilegíacos
escolher o luminar que estiver no local de maior autoridade. Quando o Almuten possuir mais
dignidades em ambos os “sects” e estiver em melhor posição, preferir o Almuten.

Observa-se que Ptolomeu não admite como Hyleg nenhum planeta abaixo do horizonte,
excepto nos 25 graus que se seguem ao grau do Ascendente.

Seguindo Ptolomeu, a duração da vida do nativo é determinada pelas direcções primárias entre
o significador da vida e os significadores da morte, assunto que foge ao propósito deste
estudo.

Identificação do Hyleg pelo Método Medieval

Como mencionado anteriormente, os métodos usados pelos astrólogos medievais para a


identificação do Hyleg apresentam alguns pontos conflituosos entre os autores. Contudo,
existe concordância em relação a algumas regras básicas.

Os candidatos a Hyleg que devem ser avaliados são o Sol, a Lua, o grau do Ascendente, a
Parte da Fortuna e a Lunação imediatamente anterior ao nascimento (SAN). É importante
também observar se o mapa é diurno ou nocturno e se a lunação anterior ao nascimento é
uma Lua Nova ou uma Lua Cheia. A maioria dos autores exige que o planeta ou ponto a ser
escolhido como Hyleg seja aspectado [9] por um de seus regentes.

Em mapas diurnos, o Sol será Hyleg se posicionado no Ascendente, nas casas 10 ou 11


independente do signo ou nas casas 7, 8 e 9 em signos masculinos. Se o Sol não obedecer a
estes critérios verificar a Lua. Se estiver posicionada em casas angulares ou sucedentes em
quadrante e signo feminino, ou pelo menos em signo feminino, aspectada por um de seus
regentes, ela será Hyleg. Alguns autores aceitam a Lua em signo masculino em mapas de
homens e em signo feminino em mapas de mulheres.

Em mapas nocturnos iniciar a pesquisa pela Lua. Se ela estiver posicionada como mencionado
acima ela será Hyleg. É aceitável que a Lua na casa 3 actue como Hyleg, pois é a casa do seu
júbilo. Se a Lua não obedecer aos critérios acima, pesquisar o Sol. Se o Sol estiver no
Descendente, nas casas 4 ou 5 em qualquer signo ou nas casas 1 e 2 em signo masculino
poderá ser o Hyleg.

Se nenhum dos luminares puder ocupar a posição de Hyleg, verificar, tanto em mapas diurnos
como em mapas nocturnos, se a SAN é a conjunção ou a oposição dos luminares.
 
1.1. Se o mapa for conjuncional o grau do Ascendente será o Hyleg, desde que aspectado por
um de seus regentes. Se o grau do Ascendente não puder ser Hyleg verificar a Parte da
Fortuna. Se ela estiver localizada em casas angulares ou sucedentes poderá ser o Hyleg. 

1.2. Se o mapa for prevencional, verificar inicialmente a Parte da Fortuna que, se estiver em
casas angulares ou sucedentes, poderá ser o Hyleg. Se a Parte da Fortuna tiver que ser
descartada, verificar o Ascendente.

1.3. Se nenhum dos candidatos acima preencher as condições necessárias verificar finalmente
a SAN em casas angulares e sucedentes.

Se após todas as tentativas, o Hyleg não puder ser identificado, considera-se o mapa como
pertencendo à Terceira “Differentia”, ou seja, o indivíduo terá vida curta.

Considerações Adicionais

Sol e Lua em domicílio e exaltação (Sol em Leão ou Carneiro e Lua em Caranguejo ou Touro)
podem ser Hyleg e Alcocoden ao mesmo tempo.

Alguns autores seguindo Ptolomeu descartam um Hyleg posicionado na casa 8.

Outros utilizam apenas 4 regências: domicílio, exaltação, triplicidade e termo, iniciando a


pesquisa privilegiando o regente do termo.

Um planeta combusto não pode ser Hyleg.

A Lua sob os raios do Sol não pode ser Hyleg nem Alcocoden.

Identificando o Alcocoden

O planeta que faz aspecto com o Hyleg, e que tem mais dignidades no grau do Hyleg será o
Alcocoden, aquele que vai indicar, por sua posição e aspectos, a expectativa de vida de um
indivíduo. É necessário que exista o Hyleg para que se identifique o Alcocoden.

Na escolha do Alcocoden podemo-nos deparar com mais de um planeta que obedeça aos
critérios de estar em aspecto com o Hyleg e ter dignidades no local do Hyleg. Nestes casos,
devemos observar algumas orientações gerais sobre a escolha a ser feita. Preferir o planeta
que:

1. Tiver mais dignidades no local do Hyleg


2. Estiver em casa angular ou sucedente
3. Estiver mais próximo da cúspide da casa angular ou sucedente
4. Estiver mais dignificado no seu próprio grau
5. Estiver mais próximo do Sol sem estar combusto
6. Estiver oriental
7. Estiver em aspecto mais exacto ao Hyleg (com menor orbe)

As orientações acima são apresentadas pelos autores com prioridades diferentes, isto é, se
dois planetas em aspecto ao Hyleg estão igualmente dignificados, a sequência a ser
pesquisada de forma a identificar o Alcocoden varia dependendo da interpretação de cada
autor. No entanto, todos são unânimes em que devemos escolher o planeta melhor
posicionado, com mais dignidades no local do Hyleg e em si mesmo.

Os anos que são dados pelo Alcocoden são directamente proporcionais a quanto poder ele
possui em determinado mapa. Quanto mais dignificado estiver o Alcocoden mais tempo de
vida é por ele concedido nas diversas combinações possíveis, em anos, meses e dias. A Tabela
a seguir indica os anos correspondentes de cada planeta.ANETÁRIOS

 
Menores Médios Maiores Máximos
Saturno 30 43.5 57 256
Júpiter 12 45.5 79 426
Marte 15 40.5 66 284
Sol 19 69.5 120 1461
Vênus 8 45 82 1151
Mercúrio 20 48 76 461
Lua 25 66.5 108 520                      

De acordo com a posição do Alcocoden no mapa natal, a correspondência dos anos planetários
é:

1. Alcocoden angular = anos maiores


2. Alcocoden sucedente = anos médios
3. Alcocoden cadente = anos menores 

Alguns autores citam a relação entre o Alcocoden e os Nodos Lunares, e também aí as opiniões
são divergentes. Para alguns, se o Alcocoden estiver a 12 graus da Cabeça do Dragão, deverá
ser adicionado mais ¼ dos seus anos. Se o Alcocoden estiver a 12 graus da Cauda do Dragão
deverá ser subtraído ¼ dos anos adicionados anteriormente. Outros autores ignoram a regra
relativa à Cabeça do Dragão e apenas subtraem ¼ dos anos se o Alcocoden estiver a 12 graus
da Cauda do Dragão. 

Adicionando ou Subtraindo Anos ao Alcocoden

Os planetas que fazem aspecto ao Alcocoden podem aumentar ou diminuir anos, meses ou
dias aos anos concedidos pelo Alcocoden, dependendo do tipo de aspecto e das suas próprias
dignidades. Quanto maiores as dignidades do planeta em aspecto mais forte é a capacidade do
planeta de adicionar tempo de vida ao tempo dado pelo Alcocoden, ao contrário, quanto
menos dignificado, menor tempo é adicionado, ou mais tempo é subtraído, em anos, meses,
dias ou até horas.

De forma geral, encontramos as seguintes referências, com inúmeras variações:

1. Planetas benéficos, dignificados, em aspectos benéficos (sextil ou trígono) ou em conjunção


adicionam seus anos menores, ou seus anos menores mais seus anos médios como meses, ou
seus anos menores mais seus anos maiores como dias, dependendo da qualidade deles.
Benéficos afligidos adicionam seus anos menores como meses. Benéficos em aspectos de
quadratura e oposição não adicionam nem subtraem.

2. Planetas maléficos, em aspectos maléficos (quadratura e oposição) ou em conjunção,


subtraem seus anos menores. Maléficos essencialmente dignificados subtraem 1/3 dos seus
anos menores. Maléficos em aspectos benéficos não adicionam nem subtraem.

3. Mercúrio, cuja natureza é dependente de sua posição e aspectos, irá adicionar seus anos
menores se estiver ligado aos benéficos e irá subtrair seus anos menores se ligado aos
maléficos.

 Considerações Finais

 Asdivergências existentes entre os autores parecem indicar que o método de identificação do


Hyleg e do Alcocoden não tem como propósito apontar exactamente o dia da morte de um
indivíduo e sim fazer uma estimativa da capacidade vital, da força da vida num determinado
corpo físico. Como todos os seres vivos, o homem tem um ciclo fisiológico de nascimento,
crescimento e morte e o Hyleg e o Alcocoden indicariam o ciclo natural da vida de cada um. O
total dos anos determinado pelo Alcocoden, com variações para mais ou para menos, significa
um período de perigo, de enfraquecimento funcional e diminuição da vitalidade. Os autores
medievais são unânimes ao considerar que direcções primárias, aliadas a outros métodos, são
indispensáveis para efectivamente determinar o final da vida.

Mapa de Exemplo - Método Medieval


 Marlon Brando
 

 Como o mapa é nocturno (Sol abaixo do horizonte), iniciamos a pesquisa do Hyleg pela
posição da Lua.

De acordo com as regras acima, se a Lua estiver em casas angulares ou sucedentes, em signo
feminino ou pelo menos em quadrante feminino (casas 1, 2 e 3 e casas 7, 8 e 9) ela poderá
ser Hyleg, desde que esteja aspectada por um dos seus regentes (domicílio, exaltação,
triplicidade, termo ou face).

No caso do Mapa de Marlon Brando encontramos a Lua em Carneiro, signo masculino, na casa
5 [10], em quadrante masculino e combusta. Como a Lua não obedece aos critérios básicos,
devemos passar ao próximo candidato que é o Sol.

O Sol em 14º09’ de Carneiro, na cúspide da casa 5, em signo e quadrante masculinos, está em


exaltação, triplicidade [11] e face, portanto essencialmente muito dignificado. De acordo com
diversos autores se os luminares estiverem em seu signo de domicílio ou exaltação eles podem
acumular as funções de Hyleg e Alcocoden.

O Sol como Alcocoden, em casa sucedente e essencialmente dignificado, dará seus anos
médios, 69 anos e 6 meses.

O Sol recebe um trígono de Júpiter em Sagitário, na casa 1. Como Júpiter também está
essencial e acidentalmente dignificado, em domicílio e triplicidade, oriental ao Sol, e angular,
adicionaremos aos anos do Sol os 12  anos menores de Júpiter acrescidos de seus anos médios
como meses, 45 meses e meio.

O Sol recebe ainda uma quadratura de Marte em Capricórnio, em exaltação e face, na casa 2,
oriental ao Sol. Pelas suas dignidades Marte só vai subtrair 1/3 de seus anos menores, ou seja,
5 anos.

O último aspecto recebido pelo Sol, é uma conjunção da Lua, peregrina, combusta, regente e
Almuten da casa 8 e co-Almuten da casa 6. Pela sua condição, a Lua torna-se um maléfico
acidental e pela aflição ao Sol podemos subtrair seus anos menores como dias, ou 25 dias.

Sol como Alcocoden 69 anos 6 meses

Júpiter          + 12 anos 45 meses 15 dias

Subtotal = 81 anos 51 meses 15 dias


 

Marte             -  5 anos

__________________________

Subtotal = 76 anos 51 meses 15 dias ou

76 anos 50 meses 45 dias

Lua                 - 25 dias ou

____________________________

76 anos 50 meses 20 dias

 80 anos 2 meses 20 dias


  

Marlon Brando morreu com 80 anos, 2 meses e 28


dias 

Bibliografia:
Abraham Ben Ezra, Libro de los Juicios de las Estrellas, Editorial Biblioteca de Sirventa

Abu’Ali Al-Khayyat, The Judgments of Nativities, AFA

Ali Ben Ragel, El Libro Conplido en los Iudicios de las Estrellas, Edições Índigo

Antonius de Montulmo, On the Judgement of Nativities, Project Hindsight


Johannes Schoener, On the Judgments of Nativities, Book I, ARHAT
Johannes Schoener, Opusculum Astrologicum, Project Hindsight
Omar of Tiberias, Three Books on Nativities, Project Hindsight
Ptolemy, Tetrabiblos, Harvard University Press
R. Zoller, T & T of the Medieval Astrologer, Book I, New Library, 2 nd Electronic Edition
 

[1]
  Em situações excepcionais, pode existir um Alcocoden que não aspecte o Hyleg.

[2]
  A fórmula usada é ASC + Lua - Sol, tanto para mapas diurnos quanto para nocturnos. 

[3] 
Ptolomeu usava as dignidades de regência por domicílio, exaltação, triplicidade e termo. A
quinta dignidade para Ptolomeu é o aspecto e não a regência de face que é usada pelos
astrólogos medievais.

[4]
  Syzygy Ante Nativitatem = SAN

[5]
  Mapa “conjunctional”

[6] 
Mapa “preventional”

[7]
  Planeta com mais dignidades em determinado grau do Zodíaco

  “Sect” - grupo de planetas diurnos em mapas diurnos e planetas nocturnos em mapas


[8]

nocturnos

[9] 
Utilizar apenas aspectos ptolomaicos: conjunção, sextil, quadratura, trígono e oposição.

[10] 
Planetas a 5 graus da cúspide de uma casa são considerados nesta casa.

[11] 
Triplicidades de Dorotheus

Cronologia da Astrologia

Os Autores e as Obras

 Afimde saber em que Época determinadas obras foram escritas pelos nossos Mestres, reuni
alguns autores e algumas das suas obras por ordem cronológica.

Os nomes das obras e dos autores serão aqui apresentados como são actualmente conhecidos.

Hermes Trismegistus { Século II ? AC }  «Liber Hermetis»


Marcus Manilius { Século I DC }  «Astronomica»
Dorotheos of Sidon { Século I DC, provavelmente antes do Ano 65 } «Carmen Astrologicum»
Claudius Ptolomaeus { Século II DC, 100 - 178 }  «Tetrabiblos»
Vettius Valens { Século II DC, 150 ? - 185 }  «Anthology»
Antiochus of Athens { Século II DC }  «The Thesaurus»
Paulus Alexandrinus { Século IV DC, 378 }  «The Introductory Matters»
Firmicus Maternus { Século IV DC }  «Mathesis», escrito por volta de 334
Hephaistio of Thebes { Século V DC, 415 }  «The Apotelesmatics»
Masha’Allah { Século VIII DC 770 - 815 }  «The Book of Nativities, On Reception»
Omar of Tiberias { Século VIII DC, parece que o Ano da sua morte terá sido por volta de 815 -
816 }  «Three Books on Nativities»
Abu’Ali Al-Khayyat { Século VIII DC, 770 - 835 }  «The Judgements of Nativities»
Al-Kindi { Século IX DC, Ano da sua morte por volta de 870 }  «On the Stellar Rays»
Abu’Mashar { Século VIII - IX DC, 787 - 886 }  «On Historical Astrology - The Book of
Religions and Dynasties (On the Great Conjunctions), The Abbreviation of the Introduction to
Astrology»
Al-Qabisi (Alcabitius) { Século X DC }  «The Introduction to Astrology»
Al-Biruni { Século X DC, 973 - 1048 }  «The Book of Instruction in the Elements of the Art of
Astrology»
Ali Ben Ragel { Século XI DC }  «El Libro Conplido en los Iudizios de las Estrellas»
Avraham Ibn-Ezra { Século XI DC, 1089 - 1164 }  «The Beginning of Wisdom, Libro de los
Juicios de las Estrellas»
Guido Bonatti { Século XIII DC }  «Liber Astronomiae»
Antonius de Montulmo { Século XIV DC }  «On the Judgement of Nativities»
Marsilio Ficino { Século XV DC, 1433 }  «Three Books on Life»
Johannes Schoener { Século XV DC, 1477 }  «On the Judgements of Nativities, Opusculum
Astrologicum»
Henricus Cornelius Agrippa { Século XV DC, 1486 }  «Three Books of Occult Philosophy»
Junctin de Florence { Século XVI DC, 1523 ? - 1590 }  «Speculum Astrologiae»
Claude Dariot { Século XVI DC, 1533 - 1594 }  «A Brief and Most Easy Introduction to the
Judgement of the Stars»
Robert Fludd { Século XVI DC, 1574 - 1637 }  «Traité D’Astrologie Générale, DE
ASTROLOGIA»
Jean Baptiste Morin (Morinus) { Século XVI DC, 1583 - 1656 }  «Astrologia Gallica»
William Lilly { Século XVII DC, 1602 - 1681 }  «Christian Astrology»
Placidus de Titus { Século XVII DC, 1603 - 1668 }  «Primum Mobile»
Nicholas Culpeper { Século XVII DC, 1616 - 1654 }  «Astrological Judgement  of Diseases from
the Decumbiture of the Sick, Culpeper’s Complete Herbal»
William Ramesey { Século XVII DC, 1626 }  «Astrologia Restaurata»
Henry Coley { Século XVII DC, 1633 - 1707 }  «Key to the Whole Art of Astrology»
John Partridge { Século XVII DC, 1644 }  «Mikropanastron»

Para quem pretende aprofundar o conhecimento na Cronologia e História da Astrologia desde o


seu início até aos dias de hoje recomendo a leitura de,
A History of Horoscopic Astrology - From the Babylonian Period to the Modern Age, J. H. H. [ AFA ]

Chronology of the Astrology of the Middle East and the West by Period, Robert Hand [ ARHAT ]

Abû Ma'sar, Libri mysteriorum

As Metáforas Astrológicas

Tradução italiana por Giuseppe Bezza de Angelicus 29, fo. 62ss. Laurentianus Plut. 28, 33, fo.
123ss.

Tradução inglesa por Daria Dudziak

Tradução da versão inglesa por Paulo Alexandre Silva, DMA

II, 167. Sobre a Oposição dos Signos e sobre a amizade das Estrelas.

Todos os Signos estão opostos a outros Signos: Touro e Capricórnio, por exemplo, estão
opostos a Virgem uma vez que prejudicam as Estrelas que estão em Virgem; e Leão está
oposto a Carneiro, pois Leão verdadeiramente come o Carneiro; e Sagitário está oposto a
Leão, uma vez que Sagitário significa o tiro do arco. Aquário é oposto a Gémeos, assim como a
Balança: de facto, Gémeos e Balança, significam as escritas e a arte de calcular e a lealdade e
a justiça, enquanto que Aquário significa a injustiça e a impostura; por fim, Peixes está oposto
a Caranguejo e o Caranguejo está oposto a Escorpião e também as Estrelas que estão nestes
Signos estão opostas umas às outras. A amizade está baseada em três condições, das quais a
maior é aquela que se produz por essência, a qual é a do Sol e a de Marte, uma vez que
ambos são quentes e secos, ou aquela de Vénus e da Lua, porque ambas são húmidas e frias e
também porque a Exaltação da Lua é o Domicílio de Vénus. A segunda condição da amizade é
quando uma Estrela partilha parcialmente a essência de outra, como é o caso de Vénus e
Júpiter ou de Mercúrio e Marte: Vénus, de facto, tem a humidade e a inclinação para fazer
coisas boas em comum com Júpiter, assim como para o que é belo e correcto, mas discorda
em calor e conhecimento.

No que diz respeito a Mercúrio, este tem a secura e o calor em comum com Marte, com o qual
discorda em educação e em conhecimento. A última condição da amizade é dada pela união de
uma Estrela com outra num local em que tem algum direito de domínio: Saturno, por exemplo,
quando desce em latitude torna-se frio e húmido e, portanto, fica em consonância com a Lua e
com Vénus e é esta a razão pela qual não as ofende nem prejudica; e a Lua, quando a sua luz
aumenta e tem um número aditivo, fica em consonância com o Sol e com as Estrelas mais
brilhantes. Há também alguns signos que, embora estejam configurados segundo um aspecto
de quadratura, estão em concordância uns com os outros, como é o caso de Touro e de
Aquário ou de Leão ou de Escorpião já que nascem ao mesmo tempo; ou também de Touro e
de Leão, de Escorpião e de Aquário que nascem nos mesmos pontos do horizonte. Mais ainda,
outros signos estão em concordância, embora não tenham a mesma configuração: este é o
caso de Gémeos e de Capricórnio, de Caranguejo e de Sagitário que estão em concordância
pelo mesmo tempo de ascensão. Assim, no que se refere a Touro e a Balança, a Carneiro e a
Escorpião, eles prosseguem ao longo de uma mesma via (ou eles só têm um senhor).

II, 169. Sobre o significado de Vénus quando se junta a Marte ou Saturno ou Júpiter
ou ao Sol e o significado de Júpiter quando está conjunto a eles.

Quando Vénus está com Marte é semelhante a uma mulher que procura prazer e que se une a
um homem que é perverso e libertino, ela teme-o, lisonjeia-o e tem uma atitude amorosa para
com ele, e de qualquer forma estas coisas são pretexto, ela fá-las por medo. Quando Vénus
está com Saturno, é semelhante a uma jovem mulher com uma boa figura que se mantém na
companhia de um homem velho e impotente. Ela sente-se angustiada por este motivo e a
maneira como leva a sua vida parece-lhe insuportável. Quando está com Júpiter é semelhante
a uma mulher que está na plenitude da vida e que se une a um homem honesto e há afeição
entre eles. Quando está com conjunta com o Sol, é semelhante a uma mulher magoada e
sofredora que está sempre subjugada ao marido. Quando as Estrelas de Júpiter, de Saturno
estão juntas, são semelhantes a dois companheiros que, no entanto, são completamente
diferentes e cada um deles aspira a lesar o outro e a traze-lo à ruína. Então, se encontrarmos
Júpiter com Marte, é similar a um homem honesto que se junta a outro homem que é perverso
e dissoluto. Se encontrarmos Júpiter com o Sol, em vez disso, é semelhante a um homem de
origem e estilo de vida modestos que não consegue fazer nada. Se encontramos Júpiter com
Vénus, é semelhante a um homem forte, rico e generoso. Finalmente, se Júpiter estiver com
Mercúrio, é semelhante a um homem que mostra cuidado em levar por diante o seu dever com
êxito.

II, 170. Sobre a operação das Estrelas.

As duas Estrelas maléficas significam inimizades e aversões; além disso, muitas vezes elas
prejudicam-se uma à outra e graças a uma ofensa deste tipo o homem torna-se livre, como
acontece ao homem que durante a sua viagem encontra dois assaltantes que lutam um contra
o outro para lhe roubarem os seus pertences e, devido a esta luta, o viajante fica livre; as
duas Estrelas maléficas produzem fúria, loucura, decepções e descaramento e outras coisas
semelhantes; as benéficas produzem despreocupação e uma condição de serenidade, coisas
que perduram, amizades e adulação. Quando uma Estrela benéfica viaja com uma maléfica, a
virtude da Estrela maléfica junta-se à virtude da Estrela benéfica, de um modo semelhante a
uma pessoa sensata que viaja com um louco: a pessoa sensata tem cuidadosamente em
consideração o que ele ou ela tem a dizer, o louco acrescenta coisas à toa, sem ter em
consideração o resultado. A Estrela de Marte é semelhante a um leão e a uma cobra e é
necessário evitá-la. A Estrela de Saturno é semelhante a um ladrão louco e covarde. Além
disso, quando encontramos uma Estrela bastante maléfica, ela causa um dano enorme que
ninguém, excepto Deus, consegue evitar; de facto, é semelhante a um cão perdido enraivecido
que morde a pessoas sem sorte ou semelhante a um ladrão desesperado armado com uma
espada e que mata todas as pessoas que encontra.

II, 171. Sobre a maneira como as Estrelas maléficas provocam dano.

É também necessário saber que quando as Estrelas maléficas estão no seu local próprio ou
num local no qual têm o direito de domínio, a sua maldade falha. É por isso que se diz que
Marte, durante a noite, sob o horizonte, não provoca dano, nem Saturno, durante o dia. De
facto, as Estrelas maléficas nos seus próprios locais são semelhantes a um leão fiável;
contudo, as Estrelas maléficas causam dano quando são senhoras dos locais maus como o
sexto, o oitavo, o quarto e o sétimo.

II, 177. Sobre a grande virtude das Estrelas.

As Estrelas, quando matutinas e se afastam da luz solar, mostram claramente a sua operação
e têm uma grande força. Então, quando Marte se liberta do Sol, é semelhante a uma lâmina
afiada e infalível e a ferida causada por ela é incurável; e quando Saturno se afasta dos raios
de sol é como um leão que se lança para fora do seu covil e mata todos os que encontra; mas
quando Júpiter se liberta dos raios do sol é como um homem que ama a justiça, que é honesto
e que se libertou de qualquer elo, razão pela qual ele ou ela se torna brando e bem disposto
para com tudo, afável e misericordioso; quando Vénus está livre dos raios do sol, é como uma
mulher que tendo estado sujeita a necessidades e tormentas e doenças, recupera a saúde; e
quando Mercúrio se afasta dos raios, se nesse momento se colocar perto de uma Estrela
benéfica ou para tal configurada, significa algo de bom, mas se estiver conjunto a uma Estrela
maléfica, significa um dano muito sério.

II, 178. Sobre a virtude das Estrelas que estão no coração.

Algumas pessoas dizem que quando uma Estrela está no coração do Sol, se torna mais forte;
contudo, eu digo que nesse momento a Estrela é similar a um homem que se purifica e, por
consequência, não tem força na purificação, mas ele depois recupera a sua saúde. Quando
Saturno está combusto é similar a um miserável homem velho que não consegue suportar as
dores, sofrimentos e castigos; e quando Júpiter está combusto é semelhante a um homem
posto à prova e que, contudo, consegue suportar as dores e sofrimentos, pois espera tirar
vantagem disso. Assim, quando Vénus está combusta torna-se absolutamente fraca e sem
força e não consegue realmente aguentar a combustão; mas quando Mercúrio, que aguenta a
combustão, se torna combusto, é semelhante a um homem acostumado às dificuldades e à
miséria e à pobreza e que suporta tais coisas uma vez que lhe são familiares; depois, diz-se
que quando Marte se torna combusto é semelhante a um homem perverso, cuja perversidade
e ofensa aumentam.

II, 179. A razão pela qual as pessoas que dizem que uma Estrela que se torna
combusta no seu próprio domicílio ou elevação não causa dano estão erradas.

Algumas pessoas dizem que quando uma Estrela se torna combusta no seu próprio domicílio
ou na sua própria elevação não causa dano. Contudo, quando Saturno, que é frio e seco se
torna combusto, é semelhante à pedra que sendo queimada pelo fogo, se deteriora e se parte.
Quando Júpiter se torna combusto é semelhante ao ouro que derrete e quando se move nos
raios do sol a sua substância pura fica vermelha. Então, quando Vénus e a Lua se tornam
combustas são semelhantes ao mercúrio que se atirarmos para o fogo, o fogo foge dele como
se fosse algo diferente da sua natureza e que não conseguisse tolerar.

II, 180. Sobre as Estrelas que têm movimento directo e sobre as Estrelas que têm
movimento retrógrado.
Tem de saber que estas cinco Estrelas têm dois sistemas diferentes no seu movimento: elas
param para depois retrogradarem e depois param novamente para depois prosseguirem em
movimento directo; e cada um destes sistemas tem o seu próprio significado. Na verdade, a
Estrela que atinge a primeira estação, com isto eu pretendo dizer a estação da qual ela depois
começará a retrogradar, é semelhante a um homem doente, cuja força está a falhar, o seu
vigor e energia enfraquecidos pela doença. Quando a Estrela chega à sua segunda estação, é
semelhante a um homem que já começou a recuperar a sua saúde e, finalmente, quando se
move em movimento directo, é como um homem recuperado de uma doença. Vénus, em
particular, é debilitada pelo retrogradamento: na verdade, quando ela retrograda, torna-se
combusta, é por isso que temos uma espécie de duplo infortúnio: um é dado pelo
retrogradamento, o outro pela combustão. Mercúrio é, também, afligido quando retrograda
uma vez que também se torna combusto, mas não é afligido pelo seu retrogradamento e pelo
facto de estar combusto tanto como Vénus. Também no que se refere às Estrelas superiores,
podemos dizer que o dano do seu retrogradamento é menor do que o dano do
retrogradamento das Estrelas inferiores, especialmente quando retrogradam de um local não
familiar para um local no qual têm algum direito de domínio ou também se enquanto
retrogradam se movem de uma Estrela maléfica para uma benéfica. Depois, elas são
semelhantes a um homem que viaja e que quer passar pelas feiras e que depois de ter sido
obrigado a parar por alguém que encontrou no seu caminho, volta atrás e é salvo. Contudo, as
Estrelas superiores são diferentes no seu retrogradamento e nas suas estações assim como na
sua combustão e noutros infortúnios: de facto, quando Júpiter retrograda é semelhante a um
homem rico subjugado a muita escravidão e, assim, ao infortúnio ou a um homem sensato,
sensível e cuidadoso que se submete às ansiedades medíocres da parte racional da sua mente;
no que se refere a Saturno, ele humilha-se completamente no seu retrogradamento e é similar
a um escravo que foge e que é apanhado novamente pelo seu dono e acorrentado; finalmente,
Marte, quando retrograda é similar a um filho de um fugitivo que foge do pai e depois regressa
contando com o afecto do pai. As Estrelas causam particularmente dano se no seu
retrogradamento estiverem num local estranho ou nas suas adversidades ou nas suas
humilhações e especialmente se estiverem aflitas com uma Estrela maléfica no seu
retrogradamento: então, elas são semelhantes a um homem doente, cuja força está a falhar
ou que é apanhado de repente por outra coisa má. Na verdade, as Estrelas que retrogradam
alteram a sua natureza e, assim, completam as suas operações de uma maneira fraca.

II, 181. A razão pela qual algumas Estrelas nas suas humilhações ofendem muito e
outras ofendem pouco.

Há diferenças nas humilhações das Estrelas assim como no que se refere aos danos: Marte
ofende muito na sua humilhação ou em Caranguejo, uma vez que é um signo frio e húmido,
enquanto Marte é quente e seco como a natureza do fogo e, assim, quando se humilha a si
próprio, a sua aflição é dupla: ambas porque está na sua própria humilhação e porque está
num signo diferente da sua própria natureza.

O Sol aflige-se na sua própria humilhação que é Balança, por um lado aproxima-se do hipogeu,
por outro Balança é um signo húmido, enquanto o Sol é seco. Júpiter aflige-se na sua própria
humilhação que está em Capricórnio, o domicílio de Saturno que é oposto à natureza de
Júpiter, já que Saturno é maléfico, enquanto Júpiter é benéfico e está oposto a Saturno no que
se refere à essência. Saturno aflige-se na sua própria humilhação que é Carneiro uma vez que
é quente e seco, enquanto Saturno é frio e seco, mas uma vez que Saturno tem a secura em
comum com Carneiro, o dano não é grande. A Lua e Vénus não são muito prejudicadas nas
suas humilhações: de facto, a Lua humilha-se em Escorpião e Escorpião está no seu triângulo
e partilha a natureza da Lua e tem um trígono com Caranguejo que é domicílio da Lua. No que
se refere a Vénus, humilha-se em Virgem, mas concorda com este signo devido à natureza
feminina e, além disso, quase toda a gente sabe que Virgem significa dança, cantos
harmoniosos, liras e outros instrumentos musicais e a procura do casamento, todas as coisas
que são típicas de Vénus. Além disso, Vénus tem a sua humilhação no grau XXVII de Virgem
que não é distante de Balança, o seu domicílio; podemos, por isso, dizer que é similar a um
homem preocupado e aflito que num instante vai da aflição ao contentamento e à alegria. Se
uma Estrela que está na sua própria humilhação é, além disso, observada pelas Estrelas
benéficas é similar a um homem que é vítima do infortúnio, mas é, apesar disso, ajudado
pelos amigos e parentes e o seu coração torna-se mais forte com a ajuda deles. Contudo, se
uma Estrela que está na sua própria humilhação é observada pelas Estrelas maléficas, é
similar a um homem sem sorte que tem muitos inimigos e oponentes no seu infortúnio e que
fazem tudo o que podem para que ele perca.

II, 185. O que as Estrelas que têm movimento directo e as que retrogradam
significam.

A Estrela que retrograda significa falsidades e decepções, a Estrela que tem movimento directo
significa a verdade e tudo o que é correcto, mas se estiver combusta é como um homem
doente e estúpido que não tem confiança e não tem a certeza de nada excepto da sua própria
fraqueza.

II, 186. A razão pela qual as Estrelas que retrogradam ou que estão em signos lentos
trazem os resultados lentamente e as Estrelas que estão em movimento directo são
rápidas em trazer os resultados.

Quando as Estrelas têm um movimento subtractivo levam a resultados lentos, assim como
quando estão em signos lentos. Os signos que têm a natureza de Saturno e Júpiter, tais como
Capricórnio e Aquário, Sagitário e Peixes são lentos; mas quando as Estrelas têm um
movimento directo, o que elas significam chega rapidamente, em especial, se estiverem num
signo tropical.

II, 201. O que significam as Estrelas matutinas e ocidentais.

Tem de se saber que quando uma Estrela é matutina é similar a um rapaz que está na flor da
juventude e à altura dos seus incentivos, enquanto a Estrela vespertina é como um homem
velho oprimido, cujo vigor lhe está a faltar.

II, 202. Sobre a configuração da Lua com as Estrelas.

Tem de saber que a Lua é como que o mensageiro das Estrelas: de facto, ela transmite as
virtudes delas de uma Estrela para outra.

Texto gentilmente cedido pela associação Cielo e Terra, que tem como intenção promover um
sério e completo estudo da Astrologia Clássica.

Para consulta do texto na versão italiana, visite - Metafore astrologiche

Para consulta do texto na versão inglesa, visite - The astrological metaphors

Hieronymus Cardanus

Os Cem Aforismos Respeitantes a Natividades

 1.Diz-se, então, que uma criança nasceu quando inspira o ar através da sua boca, estando
fora do útero materno.

 2.Aqueles que têm os luminares desafortunados nos ângulos têm predisposição para cometer
o suicídio.
3. Aqueles que têm Saturno em oposição a Júpiter, nunca gozarão de paz, e aqueles que
tiverem a Cauda do Dragão com Júpiter, raramente serão ricos.

4. Aqueles que têm Saturno e Marte na mesma parte do Zodíaco serão sujeitos, durante o
decurso das suas vidas, a muitos infortúnios; e, se ambos estiverem em Touro, e colocados
na quarta casa, quando o ascendente, por direcção, chegar aos seus raios, os nativos
sofrerão algumas quedas severas, ou estarão em perigo devido à queda sobre eles de
edifícios em ruínas.

 5.Os signos fixos dão conhecimento, à excepção de Escorpião; os signos mutáveis, modos e
conversação, à excepção de Virgem; e os signos cardeais, riqueza, à excepção de
Capricórnio; assim, parece que serão más as natividades que têm todos os planetas em
Virgem, Escorpião ou Capricórnio.

 6.Se o ascendente for um daqueles signos chamados “mudos” e Mercúrio estiver num que
não seja humano, e com qualquer estrela fixa da natureza de Saturno, o nativo nunca falará
bem, emitindo as suas palavras com dificuldade.

 7.Aquele que tiver a Lua em Touro na segunda, separando-se de uma quadratura ou


oposição a Júpiter e aplicando-se a um trígono ao Sol, obterá riquezas muito consideráveis.

 8. Quando o Abcisor, o que corta a vida, ou o planeta assassino, está na eclíptica, e uma
infortuna está num ângulo, o nativo terá uma morte violenta.

 9. Quando uma infortuna está colocada na cúspide da sétima casa, o nativo será sujeito a
grandes calamidades e, se uma infortuna estiver em aspecto com o Sol ou com a Lua e
afligida no mesmo lugar, o nativo, mesmo que seja um príncipe, sofrerá uma infinidade de
desgraças.

 10. Carneiro a ascender significa que o nativo será belo e terá um temperamento grave e
tranquilo, mas Escorpião no horóscopo adverte que serão grandes mentirosos.

 11.Quando a Lua estiver em Escorpião, em quadratura a Saturno em Leão, ou em sua


oposição quando este estiver em Touro, o nativo raramente terá mulher ou filhos. Se
Saturno estiver em Aquário, será simplesmente um homem que aborrece as mulheres.

12. Se a Cauda do Dragão estiver com Saturno, em quadratura à Lua, e esta cadente, o
nativo será tuberculoso, especialmente se for a partir de um ângulo; mas se, além disso,
estiver em quadratura ao regente do ascendente, será doente e enfermo todos os dias da
sua vida, e, se tal aspecto acontecer na sexta casa, ou a partir dela, tanto pior.

13. Quando Júpiter está na sexta casa, retrógrado, e o regente da segunda peregrino, e não
houver nenhuma estrela fixa para ajudar, o nativo será muito pobre e necessitado.

 14. Aquele que tiver Marte no ascendente será exposto a muitos perigos, e geralmente
recebe, em algum momento, uma grande cicatriz ou golpe no seu rosto.

 15. Mercúrio misturando os seus raios com Marte é um grande argumento de uma morte
violenta.

 16. Se Júpiter e a Lua, em qualquer natividade, estiverem muito fracos e afligidos, mesmo
que as outras posições pareçam mais prometedoras que nunca, o nativo será, apesar disso,
extremamente infeliz.
 17.Quando Vénus está com Saturno e aspecta o regente do ascendente, o nativo tem
tendência para a sodomia ou, pelo menos, apreciará mulheres velhas e feias, ou
meretrizes pobres e sujas.

 18. Quando Vénus e Júpiter estiverem na sétima, a Lua a aspectá-los nas suas próprias
dignidades, e a Cabeça do Dragão ligada a eles ou com Mercúrio, o nativo obterá um grande
património por meio das suas mulheres.

19. A Lua cheia de luz, em conjunção a Marte, faz com que o nativo seja considerado um
tolo; mas, se ela estiver vazia de luz e com Saturno, é-o de facto.

20. Vénus no coração do Sol dá vastas honras e dignidades, o mesmo sendo de esperar se
um planeta, com a estrela fixa chamada "Cor Leonis", aspectar a Lua.

 21. A Lua na sétima casa e, algumas vezes, quando está no ascendente, torna os nativos
sujeitos à epilepsia mas, geralmente, se estiver afligida, faz com que sejam tolos.

 22.Bastardos e supostos filhos têm, frequentemente, o ascendente em aspecto à Lua, e não


ao significador do pai; e, na maioria das vezes, acompanhado de indicações de algumas
grandes desgraças e, ou não há concordância entre o regente da quarta, o regente da
segunda e a Lua, ou então, Vénus está ligada a Marte ou a Mercúrio.

 23.Quando Júpiter estiver na décima, em trígono a Marte, e forte; e o Sol com a


Cabeça do Dragão, e a Lua com Cor Leonis; tal nativo será maravilhosamente exaltado,
mesmo que seja filho do mais humilde camponês.

24. Quando qualquer planeta estiver partil com a cúspide da sétima, no seu próprio
domicílio, a morte do nativo terá a natureza daquele planeta e posição.

25. As infortunas nos ângulos denotam uma morte pública ou súbita; o Sol lá colocado,
afligido, será através de alguma arma ou queimadura; a Lua, por enforcamento, ou
afogamento, conforme as circunstâncias.

26. Sol e Marte peregrinos, ou a Cauda do Dragão na segunda, significam que o nativo
dissipará imprudentemente os seus bens ou o seu património.

 27. Quando a Lua, em oposição ao Sol, estiver ligada a estrelas nebulosas, o nativo terá
algum defeito na sua vista; se a Lua, na sétima, estiver afligida por ambas as infortunas,
e se os seus raios forem muito fortes, será cego.

 28. Os raios combinados de Júpiter, Vénus, Mercúrio e da Lua, dão a maior graça e doçura à
linguagem e, portanto, quando Júpiter está em Virgem e a Lua em Peixes, é um momento
oportuno para o nascimento de um poeta. Os poetas são-no sempre de nascença, não se
constroem.

29. A pessoa que não tiver o apoio e a ajuda de algumas das genituras dos seus ancestrais,
raramente chegará a um final próspero, nem permanecerá por muito tempo em qualquer
condição superior.

 30. O quinto signo a partir do ascendente significa os filhos do nativo, porque tem a
mesma natureza do signo no ascendente e, se houver dois signos no ascendente, os
filhos serão de humores e de modos extremamente diferentes um do outro; pela mesma
razão, a nona casa significa netos.

 
 31. A Lua com a Cauda do Dragão, numa natividade, faz suspeitar da honestidade da
mãe e insinua que a criança não foi gerada pelo suposto pai; demonstrará, contudo, ser
mal-educada e, na maior parte das vezes, desventurada.

 32. Quem quer que tenha Júpiter em aspecto ao Sol será orgulhoso e arrogante, tendo
contudo pouca razão para tal, a não ser que aconteça estarem em recepção.

 33.As natividades das mulheres, nos assuntos relativos à vida, são iguais às dos, homens
mas, no respeitante à fortuna, totalmente diferentes e, no tocante aos modos, de forma
média, nem completamente concordantes, nem totalmente contrárias.

 34. Uma mulher que tenha Marte com a Lua está certa; eu afianço-a.

 35.Nas natividades completas, a Lua regressa ao signo ascendente na concepção, ou ao


seu oposto, ou ao corpo ou aspecto de algum planeta com o qual ela estava na concepção,
ou ao seu próprio signo e, geralmente, o ascendente no nascimento é o lugar da Lua na
concepção, ou o seu oposto, ou o lugar do regente da Lua Nova anterior à concepção,
havendo contudo sóbrias genituras em, que o Sol toma o lugar do ascendente, ou do seu
regente, etc.

36. Quando Marte, ou a Lua, estiver com a Cabeça ou Cauda do Dragão na doze, e o Sol e
Júpiter estiverem na quarta casa, o nativo será corcunda.

 37.Quando Marte é regente do ascendente de uma mulher e Vénus estiver colocada nele,
ou Vénus for senhora dele e Marte estiver nele, ou Marte, regente do ascendente, estiver no
meio-do-céu; é mais do que provável que ela será infiel ao seu marido.

 38.O regente do ascendente na via combusta mostra que o nativo será muito enredado e
atormentado pelos negócios.

 39.Se as infortunas estiverem na décima casa, peregrinas e não favoráveis ao ascendente,


o nativo será sempre cheio de suspeitas e invejas.

 40. Todos os planetas acima do horizonte tornam um homem ilustre e, geralmente,


conhecido por toda a parte e, estando todos rápidos de movimento, tomam-no destro e ágil
no despacho dos assuntos.

 41. Aqueles que têm a Lua, senhora do ascendente, abaixo do horizonte com a "Cauda
do Leão" (1) e com a "Cabeça da Virgem” (2), o Sol na sexta e Saturno ou Marte nas suas
próprias dignidades nos ângulos da sétima, serão sempre muito enfermos e fracos.

 42.Mercúrio em Peixes cria um impedimento na língua, tomando um homem absurdo na


sua fala e pronunciando inadvertidamente o que não concebeu na sua mente; o mesmo
acontece se ascender aquele signo.

 43. Quem quer que tenha nascido no dia do Equinócio Vernal ao meio-dia será, por esse
único testemunho, grande no mundo.

 44. As mulheres que tiverem o seu ascendente, a Lua, Marte, Vénus e Mercúrio em signos
bicorpóreos, têm geralmente qualidades muito malévolas.

 45. Júpiter muito potente numa genitura promete sempre alguma felicidade extraordinária,
e se ele estiver no meio-do-céu perto da cúspide, em Capricórnio, dá grande quantidade de
sorte através da violência e do poder, sob pretexto de justiça, mas o mesmo terá um
resultado infeliz.
 46. São famosas aquelas pessoas em cujas natividades a Lua recebe a luz de muitos
planetas, ou está ligada a alguma poderosa estrela fixa régia.

 47. Quando o Sol e Júpiter regem a nona e as posições de Mercúrio, da Lua e do


ascendente, as palavras de tal nativo serão consideradas como oráculos.

 48.Júpiter e o Sol na segunda casa dão um espírito galante, nobre e livre; mas Saturno e
Marte, ou Saturno com Mercúrio na sétima, tornam um homem sordidamente ganancioso.

 49. Quando o regente da figura de uma natividade estiver retrógrado, e cadente de ambas
as formas, o nativo será um tipo fraco, pobre de espírito e abatido, que não levará nada à
perfeição.

 50.Um artista poderá, mais fácil e correctamente, julgar sobre a natividade de um homem
do que sobre o tempo meteorológico, porque sabe a hora do nascimento mas não conhece a
da acumulação dos vapores.

51. Sol em Leão eleva, por si só, um homem, pelo menos quase nunca o deixa necessitar ou
pedir; e, se o mesmo signo ascender, anima o seu espírito com esperanças e torna-o senhor
de uma inteligência superior ao comum.

 52.Se Caranguejo ascende e a Lua estiver em signos cardeais ou mutáveis, especialmente


longe de um ângulo, o nativo é crédulo, superficial e inconstante.

 53. Vénus no domicílio ou exaltação de Marte é sempre sinal de lascívia sórdida.

 54. A Lua em Aquário ou Peixes torna o nativo antipático aos príncipes, aos grandes do
reino e à classe mais rica da sociedade.

55. Quando o regente do meio-do-céu se separa, por retrogradação do regente do


ascendente, o príncipe, rei ou governador será adverso ao nativo, mas se, por outro lado, o
regente do ascendente, estando retrógrado, se separa do regente da décima, então o nativo
odiará o seu príncipe, rei ou governador; o mesmo deve ser entendido acerca das outras
casas conforme os seus respectivos significados.         

56. Um nativo de uma cidade, tendo o mesmo signo e grau ascendendo que aquela cidade,
tornar-se-á nela, só por isso, grande e eminente.

 57. Quando o regente da segunda se aplica ao regente do ascendente, especialmente se


aquele regente do ascendente for Júpiter, o nativo será feliz toda a sua vida na aquisição de
riquezas, a ponto de causar admiração.

58. Quando o regente do ascendente aspectar o Sol com um aspecto favorável, ou for
oriental em relação ao Sol, ou estiver ligado ao regente da décima, o nativo será muito
amado pelos reis e pelas grandes personalidades; para saber a causa desse favor;
considerar a natureza do dito regente do ascendente e a sua posição.

59. Quando várias crianças têm os mesmos acidentes e fortuna, se estes acontecerem na
sua infância, podem ser evidenciados pelas genituras dos seus pais; ou, se acontecerem na
sua velhice, podemos concluir que as natividades dos seus pais eram tão poderosas que eles
assimilaram as suas natividades entre si e as ajustam à disposição dos filhos na figura
paternal.

 60. Marte em signos cardeais torna as pessoas precipitadas e coléricas, mas em nenhum
outro mais do que em Caranguejo, nem menos do que em Virgem, mas no primeiro ele
geralmente torna a língua mais tola e impertinente.
 61.Saturno nas doze significa ameaça de gota; na seis alguma doença duradoura, ou
encarceramentos enfadonhos.

 62.Se a Lua estiver entre Marte e o Sol, ou com eles, o nativo quase trocará o berço pela
tumba, tão curta será a sua vida.

 63. Se a Lua se separa de uma infortuna, o nativo sofrerá muitas doenças na mais tenra
infância, e muitas aflições depois.

 64.Quem tiver Vénus mal colocada, dentro dos raios de Marte, desafortunada, sofrerá
seguramente uma infinidade de danos e dificuldades através do amor.

 65. Signos de água mas, especialmente e acima de todos os outros, Escorpião, faz
traidores; e, portanto, se a Lua, senhora do ascendente, estiver nesse signo viperino, o
nativo trairá ou provará ser um traidor ao seu amo; e, se a mesma posição acontecer no
radix de uma cidade, os seus habitantes serão rebeldes contra os seus príncipes ou
governadores.

 66. Marte raramente se junta a Mercúrio para o bem, pois torna as pessoas arrogantes e
despudoradas, mas industriosas na arte, daí acontecer que os melhores artistas são muito
frequentemente os piores homens.

 67. Marte desafortunado na nona significa mentirosos e ateus.

 68. Aquele que tem Mercúrio bem posicionado, mas a Lua afligida, compreenderá bem mas
deliberará mal, e portanto esses, apesar de poderem aconselhar os outros excelentemente,
administrarão contudo os seus próprios assuntos de forma tola.

 69. Quando Vénus estiver demasiadamente poderosa numa genitura, e nos lugares das
infortunas, devem-se temer embaraços devido a amores ilegais.

 70. Quando a Lua e Mercúrio e o regente do ascendente estiverem todos em signos


bicorpóreos, o nativo será naturalmente dado a opiniões antigas e a curiosas noções
religiosas.

 71. Quando Saturno e Marte se aspectam entre si, e os luminares estão colocados nas casas
seis, oito ou doze, o nativo sofrerá de uma doença incurável e levará uma vida
completamente miserável.

 72. Quando a Lua está no meio-do-céu em Capricórnio, e Saturno ou Marte na quarta, o


nativo será abominável e, mais ainda, se Marte estiver em Touro e a Lua em Escorpião, pois
então muitas dificuldades o acompanharão durante toda a sua vida.

 73.Quando Vénus está com Saturno e Marte, e em oposição ao lugar da Lua, o nativo será
apenas um néscio, apesar de se considerar um filósofo.

 74. Para a profissão ou arte do nativo, devemos considerar o planeta que, estando oriental,
é o primeiro a fazer o seu regresso debaixo dos raios do Sol, e se com este houver outro no
meio-do-céu que aspecte a Lua, devemos tomá-lo como um assistente, mas se não houver
tal planeta a sair debaixo dos raios do Sol, tomar aquele que estiver no meio-do-céu e, se
não houver nenhum lá colocado, então o seu regente e das posições de Marte, Vénus e
Mercúrio, mas quando estes são muitos, o nativo praticará várias artes; a arte que um
nativo pratica é muito afectada pela série de revoluções; se estas concordarem com a sua
natividade, ele deleitar-se-á nela; se não, ele praticá-Ia-á contra a sua vontade.
 75.Uma das principais causas para que os homens levem vidas celibatárias é a combustão
da Lua nas suas natividades com Saturno, ou eminentemente afligida por ele, assim como,
nas mulheres, se um planeta está combusto ou o Sol em Touro grandemente afligido.

 76. Marte e Mercúrio mal dispostos e em conjunção com a Lua, significam ladrões mas, se
Saturno os aspectar, ou estiver na sétima, sofrerão de acordo com os seus merecimentos, e
portanto sempre que se virem indicações de crimes penosos, considerar se as infortunas
estão fortes ou não, e se oprimem o Sol, a Lua ou o regente do ascendente; ou se o regente
do ascendente está combusto, ou é um inimigo da Lua, pois então o nativo sofrerá
indubitavelmente pela sua vilania.

 77.Quando a Lua está ligada a Saturno num ângulo; mesmo que o nativo seja um
magnata, será reduzido à pobreza.

 78.Deverá aquele que tem Marte na segunda casa acautelar-se contra envolvimentos em
mercadorias.

 79.Aquele que tem uma natividade desafortunada quanto a riquezas e a honras, mas a Lua
em conjunção com uma estrela fixa eminente e propícia, tomar-se-á inesperadamente
poderoso e cairá de novo na miséria mas, para julgar da grandeza do evento, considere-se o
estado da Lua.

 80.Quando Vénus está na onze, Mercúrio na doze, o Sol no horóscopo, Júpiter na segunda,
Saturno na sexta e a Lua na nona, tantos e tão grandes serão os acidentes que acontecerão
ao nativo que a sua vida poderá justamente ser considerada prodigiosa.

 81. Saturno, Marte e a Cabeça do Dragão na quarta indicam morte súbita.

 82.Quando a Lua, numa genitura nocturna, transfere os seus raios de Marte para Saturno,
sucederão muitos incómodos ao nativo, principalmente provocados por mulheres.

 83. As pessoas em cujas natividades Saturno, Vénus, Júpiter e a Lua aspectam exactamente
Mercúrio demonstrarão ser muito sábias, desde que nem Saturno nem a Lua estejam
colocados no ascendente, e que não haja nenhum planeta num ângulo, pois qualquer planeta
forte num ângulo é um impedimento à sabedoria.

 84. Quando o Sol peregrino em "Corde Coeli" estiver em quadratura à Lua na sétima, o
nativo chegará a ser o chefe da sua família ou facção, mas morrerá subitamente.

 85. Em todas as natividades, observar exactamente todas as condições da Lua em relação


às três formas em que ela está exaltada, pois é muito necessário.

 86. Quando as infortunas estão angulares e as fortunas estão em casas sucedentes, ou a


Lua combusta e o seu regente forte e feliz, ou Júpiter cadente e o seu dispositor bem
dignificado: - o nativo sairá de uma condição triste e humilde e de grande miséria e
alcançará uma considerável grandeza e felicidade, o inverso sendo verdadeiro.

 87. Quando a Lua, Vénus e Marte estão todos em conjunção, é a hora apropriada para
trazer ao mundo os Neros e os outros amaldiçoados monstros da humanidade como ele: os
modos do nativo são prodigiosamente malvados.

 88. Júpiter elevado e um pouco desafortunado destrói os filhos do nativo mas preserva o
seu património: - se estiver descendente, baixo e não afortunado, dá filhos mas não dá
património.
 89. Quando Saturno não ameaça com uma morte violenta, se estiver contudo na sétima ou
oitava casas ou for delas regente, (desde que seja Anareta) significa que o nativo morrerá
de desgosto mental.

 90.As infortunas peregrinas na sétima casa, tendo domínio no ascendente, denotam a


morte das mulheres do nativo ou dos seus inimigos.

 91. É praticamente impossível que aqueles que não têm nenhum planeta acima do
horizonte, nem no ascendente das suas natividades, possam viver muito ou realizar alguma
coisa importante no mundo.

 92. O número das mulheres do nativo (onde seja legal apenas uma de cada vez) deve ser
determinado, não só a partir da confluência dos planetas ou signos mutáveis mas,
adicionalmente, deve-se considerar se as aplicações apropriadas da Lua aos planetas em
anos maduros, e os testemunhos da morte do cônjuge também concordam.

 93. Quando Marte e Mercúrio afligem o regente da sétima, estando elevados acima dele, o
nativo matará a sua mulher ou o seu inimigo, mesmo que seja com veneno, especialmente
se qualquer deles tiver poder no ascendente.

 94. Se, na natividade de uma mulher, Marte estiver sob os raios do Sol, ela terá disposição
para se comportar como uma meretriz com os seus criados e tipos baixos mas, se Vénus for
sincera, então ela negociará discretamente com nobres e homens galantes de qualidade.

 95.As infortunas afligindo o lugar dos filhos, se estiverem apenas um pouco fracas, o nativo
poderá ter filhos; se estiverem muito debilitadas, os filhos que tiver morrerão; se estiverem
muito fracas, será totalmente estéril.

 96.
Quando o senhor da genitura é uma infortuna e não aspecta o lugar dos filhos ou, sendo
uma fortuna, lhe faz um aspecto odioso, o nativo nunca amará os seus filhos como deveria.

 97. Quando Mercúrio está abaixo do horizonte tem mais eficácia em relação a dar artes e
ciências mas, no respeitante à eloquência, ele é melhor quando está acima do horizonte.

 98. Quando Marte está exactamente na cúspide do meio-do-céu e não tem domínio no
ascendente, se o nativo viver até qualquer idade considerável, é muito de temer que seja
assassinado.

 99. Quando acontece que os significadores das pessoas de qualidade bem posicionados nas
suas próprias genituras são aqueles que estavam desafortunados nas natividades dos seus
pais, significa que eles prolongarão fastidiosamente a sua vida de trabalho no respeitante a
riquezas e honras até uma idade considerável, e depois, por aumentos sucessivos,
alcançarão grandes patrimónios e eminência, pelo que é evidente que nenhumas vidas
podem ser tão diferentes entre si como as daqueles que nasceram ao mesmo tempo.

 100. As natividades que não podem jamais ser boas são aquelas que têm ambas as
infortunas no mesmo lugar ligadas a um dos luminares, ou quando as infortunas singulares
estão individualmente ligadas aos luminares, ou quando a Lua está sob os raios do Sol com
Saturno ou Marte, ou onde todos os planetas estão nas casas três, seis, oito ou doze; ou
quando as infortunas estão angulares, e os luminares e as fortunas cadentes, ou quando só
os luminares estão cadentes e todos os outros planetas estão retrógrados, ou quando ambos
os luminares e ambas as fortunas estão afligidos, ou quando apenas Marte se encontra
acima do horizonte, não estando os outros planetas mutuamente ligados nem angulares.
(1)
  Deneb, da natureza de Saturno e Vénus, dá desventura e desgraça pública.

(2)
Vindemiatrix, da natureza de Saturno, Vénus e Mercúrio, tem efeito nocivo e desventurado.

Centiloquium Ptolomei

Os Cem Aforismos de Ptolomeu

   
   
1. Abs te & à Scientia, a partir de Vós e da ciência; pois é impossível que o Artista possa prever a
ideia específica das coisas; tampouco podem os sentidos receber uma noção particular, mas
apenas geral, da questão sensível; pelo que ele deverá usar a conjectura, pois ninguém pode
prever os particulares a não ser aquele que está inspirado.
   
2. Quando aquele que faz a pergunta a considerar melhor, verificará que há pouca diferença entre
a coisa perguntada e a ideia dela na sua mente.
   
3. Aquele que deseja estudar qualquer arte, tem na sua natividade, indubitavelmente, alguma
estrela da mesma natureza muito bem fortificada.
   
4. Aquele cuja mente tenha uma natural inclinação para qualquer ciência alcançará maior
perfeição nela do que alguém que se esforce arduamente e se afadigue no estudo para a
alcançar.
   
5. Aquele que for hábil nesta ciência pode evitar muitos dos efeitos das estrelas, quando conhece
as suas naturezas, e diligentemente se prepara para receber os seus efeitos.
   
6. Uma eleição de dias ou horas torna-se eficaz quando concorda com a natividade, pois de outro
modo, a eleição, mesmo que seja bem feita, não trará proveito.
   
7. Ninguém pode conhecer as misturas das estrelas a não ser que conheça primeiro as suas
naturais diferenças e as misturas de uma com a outra.
   
8. Sapiens, um homem sábio coopera com as operações celestiais e ajuda a natureza, tal como o
lavrador ao arar e preparar o solo.
   
9. As formas que são geradas e corrompidas, estão sujeitas aos corpos celestes e são movidas
por eles; portanto, aqueles que criam imagens fazem uso delas, observando quando os
planetas entram nessas constelações e formas.
   
10. Na eleição de dias e horas, as duas infortunas são muito úteis e têm que ser usadas como o
médico usa o veneno, habilmente, para a cura do ser humano.
   
11. Não façam qualquer eleição de dias e horas antes de conhecerem a qualidade da coisa
pretendida.
   
12. O amor e o ódio provocam erros no julgamento, pois o afecto aumenta as ninharias e a inveja
abusa igualmente das coisas importantes.
   
13. Quando a posição do céu significar que qualquer coisa terá lugar, fazer uso no assunto dos dois
malévolos, Saturno e Marte, mesmo que na natividade não fossem amistosos.
   
14. O Astrólogo mergulha em muitos erros quando a cúspide da sétima e o seu regente estão
desafortunados ou afligidos.
   
15. Os ascendentes dos inimigos de um reino são aqueles signos que declinam do ascendente do
reino. Os ascendentes dos amigos de um reino são os signos dos ângulos e os signos que se
seguem àqueles ângulos; o mesmo é de considerar no início de opiniões cismáticas.
   
16. Quando planetas benevolentes regerem a oitava casa, aquele que nascer nessa altura sofrerá
danos vindos de pessoas boas, mas se esses planetas estiverem bem afectados, o contrário
acontecerá.
   
17. Quando forem dar o vosso julgamento a respeito da duração da vida de um homem idoso, não
dêem julgamento antes de terem considerado quanto tempo poderá viver, de acordo com a
sua natividade, i.e. considerando o Hyleg, o Alcocoden e as direcções assassinas.
   
18. Quando ambos os luminares estiverem no mesmo grau e minuto de um signo, no momento do
nascimento de qualquer pessoa, e um planeta benevolente estiver no horóscopo, a pessoa que
nascer nesse momento será afortunada em todos os seus actos. O mesmo acontecerá se as
duas luzes se contemplarem entre si por oposição a partir da primeira e da sétima, qualificadas
como anteriormente; mas, se uma infortuna estiver no horóscopo, julgar o contrário.
   
19. Quando a Lua está em conjunção com Júpiter e nessa altura for tomado um medicamento
purgativo, este toma-se inválido e ineficaz.
   
20. Não se toque em qualquer parte do corpo com um instrumento para retirar sangue quando a
Lua estiver no signo que governa esse membro.
   
21. Quando a Lua estiver em Virgem ou em Peixes, e o regente do ascendente em aspecto a um
planeta sob a Terra, ajuda muito à actuação do medicamento purgativo; mas, se ela estiver
em aspecto a um planeta acima da Terra, o paciente será sujeito ao vómito.
   
22. Não se corte nem se vista uma roupa ou um fato novo se a Lua estiver em Leão; e se ela aí
estiver desafortunada, será ainda pior.
   
23. A Lua em aspecto ou conjunção com os planetas toma o nativo vacilante na sua disposição; e
se esses planetas estiverem fortes, será activo e ágil; mas se estiverem fracos, indolente e
incapaz.
   
24. Um eclipse de qualquer dos luminares nos ângulos de uma natividade ou revolução anual é
prejudicial; mas a hora dele é tomada da distância entre o grau a ascender e o grau do eclipse
e, tal como num eclipse solar tomamos para cada hora da sua duração um ano, assim também
para um eclipse da Lua, tomamos para cada hora um mês.
   
25. Façam com que o M.C. e qualquer significador perto dele seja dirigido pelas tábuas de
ascensão recta, mas no horóscopo pelas tábuas de ascensão oblíqua sob a elevação do
nascimento.
   
26. Qualquer coisa sobre que se pergunte é muito obscurecida quando o planeta que significa o
assunto está combusto, sob a Terra, ou numa casa nefasta do céu; mas o assunto toma-se
extremamente evidente quando esse planeta está a ir das suas debilidades para as suas
dignidades, e para a sua própria casa.
   
27. A parte do corpo que é governada pelo signo em que se encontra Vénus no nascimento é
proporcionalmente torneada e belamente formada; entenda-se o mesmo sobre os outros
planetas.
   
28. Se não conseguirem colocar a Lua (nas eleições) em boa configuração com dois planetas,
façam com que fique perto de alguma estrela fixa da natureza de que deveria ser o planeta.
   
29 As estrelas fixas (quando designam apenas promoções) dão admiráveis e incríveis promoções,
que geralmente terminam em incrível miséria.
   
30. Considerem bem a coroação do primeiro rei de qualquer país ou religião, se o ascendente a
coroação concordar com o ascendente daquele que tem esperanças de lhe suceder, ele
suceder-Ihe-á nesse reino.
   
31. Quando o significador de um reino for dirigido aos pontos anaréticos, o rei ou algum grande
príncipe nesse reino morrerá.
   
32. Um aspecto amistoso das estrelas contribui muito para a amizade de duas pessoas; mas a
qualidade da coisa em que concordam é conhecida pelas suas natividades.
   
33. A partir da concordância dos luminares e dos horóscopos de duas pessoas, conhece-se o amor
e o ódio entre eles; e os signos chamados obedientes aumentam a amizade.
   
34. O planeta que tiver a maioria das dignidades no lugar da Lua Nova, se nessa altura estiver
angular, governará os assuntos principais desse mês.
   
35. Quando o sol transitar o lugar de qualquer significador principal (no ingresso) dá então a esse
planeta força e poder para alterar o ar.
   
36. Nas fundações das cidades, tenham respeito pelas estrelas fixas; mas na construção das casas
observem apenas os planetas, e as cidades que, na sua fundação, tinham Marte no seu M.C.,
os seus príncipes morrem geralmente pela espada.
   
37. Aqueles que têm os signos de Virgem ou Peixes a ascender, alcançarão honra e reputação
através da sua própria indústria; mas aqueles que têm Carneiro ou Balança a ascender serão a
causa da sua própria morte; o mesmo pode ser também observado noutros signos.
   
38. Quando Mercúrio estiver em qualquer das casas de Saturno na natividade de qualquer pessoa,
e forte, o nativo tem grandes talentos naturais; capaz de aprender qualquer coisa; mas se
estiver em qualquer das casas de Marte, dá então ao nativo uma língua eloquente, e isto dá-se
especialmente em Carneiro.
   
39. Se a casa onze estiver desafortunada na coroação de qualquer rei, significa que os criados da
sua casa serão pobres; mas se a segunda casa estiver desafortunada, ameaça os seus súbditos
com prejuízos no seu património.
   
40. Quando o ascendente está sitiado pelos corpos ou raios malignos das infortunas, o nativo
deleitar-se-á em actos vis, e os perfumes fedorentos serão os mais gratificantes para o seu
olfacto.
   
41. Quando derem início a qualquer viagem, certifiquem-se que a oitava casa e o seu regente não
estão desafortunados; mas no regresso, prestem atenção à segunda casa e ao seu regente.
   
42. Uma doença ou enfermidade começando quando a Lua está num signo em que uma infortuna
se encontrava no radix, ou em sua quadratura ou oposição, provará ser muito grave, e se ela
estiver nessa altura em mau aspecto a uma infortuna, será perigosa; mas, se na altura em que
se fica doente, ela estiver sobre o lugar radical de uma fortuna, não haverá perigo.
   
43. Os aspectos maléficos de uma nação ou reino sobrepõem-se aos aspectos temporais
contrários, visto eu os entender assim: Que nas predições gerais, o destino do reino deve ser
considerado primeiro, -depois o das cidades, opiniões, etc. Por fim, os dos seres humanos, o
principal dos quais é a natividade do príncipe daquele país a ser considerado.
   
44. Ao levantar uma figura na decumbitura, se for contrária à do radix, a pessoa doente estará em
perigo, especialmente se nenhum bom planeta ajudar.
   
45. Aquele que tem os principais regentes da sua natividade fora dos signos humanos, não será
sociável com a humanidade.
   
46. Grande felicidade é prometida nas natividades a partir das estrelas fixas, e a partir do ângulo
da conjunção anterior, e a partir do grau da Parte da Fortuna, quando o grau ascendente no
nascimento sucede ser o mesmo.
   
47. Quando, na natividade de qualquer pessoa, um planeta maligno estiver colocado onde uma
fortuna se encontrava na natividade de outra pessoa, aquele que tiver a fortuna assim
colocada, sofrerá prejuízo a partir da outra.
   
48. Quando o M.C. da natividade de um rei for o ascendente de um súbdito, ou os principais
regentes estiverem em boas configurações, eles permanecerão inseparáveis; julgar o mesmo
quando a sexta casa de um criado for a mesma do seu amo.
   
49. Quando o horóscopo de um súbdito estiver a culminar na natividade do seu príncipe, o seu
senhor instrui-lo-á de tal forma que será governado por ele.
   
50. Não se esqueçam das 119 conjunções dos planetas, pois é delas que é conhecida a gestação e
a corrupção das coisas no mundo.
   
51. Seja qual for o signo em que se encontra a Lua no momento do nascimento, façam desse signo
o ascendente na concepção, e no signo em que ela se encontrar na concepção, façam dele ou
do seu oposto o ascendente no nascimento.
   
52. Os regentes das natividades dos homens altos estão nas suas sublimidades, e os seus
horóscopos nos inícios dos signos; mas nas natividades dos homens baixos, podem ser
encontrados nas suas quedas, e considerem também se os signos a ascender são de longa ou
curta ascensão.
   
53. Os regentes das natividades dos homens magros não têm nenhuma latitude; mas dos homens
gordos têm-na; se a latitude for Sul, o nativo é mais ágil; mas se for Norte, é mais lânguido e
inerte.
   
54. Quando o principal significador nos edifícios estiver ligado a planetas sob a Terra, estes
dificultam a erecção do edifício.
   
55. A nefasta influência de Marte contra navios é muito diminuída quando não está colocado na
décima nem na décima primeira casas do céu; pois em qualquer destes lugares destrói o navio,
mas se uma estrela fixa da natureza de Marte estiver no ascendente, o navio será incendiado.
   
56. Desde a Lua Nova até à Cheia, a humidade e a seiva dos corpos aumenta; mas da Lua Cheia
até à Nova, diminui.
   
57. Mudem de médico quando a sétima casa e o seu regente estiverem afligidos.
   
58. Considerem o lugar da conjunção, em que parte do céu cai a partir do ascendente do ano; pois
quando a profecção chegar a esse ponto, o acontecimento surgirá.
   
59. Não julguem precipitadamente que a pessoa ausente está morta, antes de considerarem se
não estará bêbado, nem digam que sofreu um ferimento antes de inquirirem se não terá sido
sangrado; nem julguem que ele encontrará um tesouro escondido antes de terem investigado
se ele não terá aceitado recentemente alguma coisa como penhor; visto as figuras de todas
estas perguntas serem tão parecidas.
   
60. Ao julgar o estado de pessoas doentes, observem os dias críticos e o lugar da Lua nos ângulos
de uma figura de 16 lados; pois se esses ângulos estiverem bem afectados, tudo correrá bem
com o doente; mas se estiverem afligidos, julguem o contrário.
   
61. A Lua significa as coisas que pertencem ao corpo, porque são as mais parecidas com ela,
conforme a sua natureza.
   
62. Se começarem o vosso trabalho a partir do minuto da conjunção, poderão dar julgamento a
respeito da mutação do ar naquele mês; pois, conforme for a natureza do principal regente do
ângulo de qualquer figura, assim será o efeito que terá; pois esse planeta superintenderá a
constituição do ar. Considere-se também, além destas coisas, a estação do ano.
   
63. Quando Saturno e Júpiter chegarem a uma conjunção, verificar qual deles está mais elevado, e
julgar em conformidade com a sua natureza; fazer o mesmo na conjunção dos outros planetas.
   
64. Quando tiverem considerado o regente da pergunta, verifiquem qual é a dignidade essencial
que ele tem na revolução do querente, ou no ascendente da Lua Nova anterior, e julgar em
conformidade.
   
65. Na conjunção menor, a diferença da média, e na conjunção média a diferença da maior. Se
Ptolomeu refere o sentido deste aforismo ao anterior ou se fala dele directamente, para que
seja entendido por si só, não sei; e por isso deixo-o assim.
   
66. Não usem nenhuma profecção sozinha, mas considerem também a concordância das outras
estrelas, quer estas confiram, quer subtraiam.
   
67. Os anos do nativo são diminuídos por causa da imbecilidade do dador da vida.
   
68. Quando um planeta malévolo está oriental, significa dano externo para o corpo; mas quando
está ocidental, significa doenças.
   
69. Quando a Lua estiver em oposição ao Sol, perto da, estrelas fixas Nebulosas, o nativo sofrerá
danos na sua visão; mas, se a Lua estiver na sétima casa, e Saturno e Marte no horóscopo, e o
Sol num ângulo, será cego.
   
70. Aqueles que adivinham através de uma espécie de fúria ou ira, não têm Mercúrio em
conjunção com a Lua nas suas natividades, nem nenhum deles se encontra nos ascendentes
daqueles que são demoníacos; nas natividades desses homens, de noite Saturno ocupa esse
ângulo, mas de dia Marte, especialmente em Caranguejo, Virgem ou Peixes.
   
71. Quando as duas luzes estiverem em signos masculinos nas natividades dos homens, os seus
actos surgirão de acordo com a sua natureza; mas nas natividades das mulheres, estas coisas
são mais ampliadas; julgar o mesmo de Marte e Vénus, pois estando eles orientais, tornam o
nativo mais varonil; mas ocidentais, mais efeminado.
   
72. As coisas que dizem respeito à educação do nativo devem ser deduzidas dos regentes da
triplicidade e do ascendente; mas o que diz respeito à vida deve ser deduzido dos regentes da
luminária condicional.
   
73. Se o Sol estiver com Caput Algol e não estiver aspectado por um planeta benevolente, ou um
planeta benevolente na oitava casa, e o dispositor da luz condicional (que é a luz do momento)
estiver em quadratura ou oposição a Marte, aquele que nascer desse modo será decapitado;
mas se aquela luz estiver a culminar, ou estiver na décima casa, o seu corpo será ferido; se
esta cópula se der em Gémeos ou Peixes, as suas mãos e pés serão cortados ou feridos.
   
74. Aquele que tiver Marte no seu horóscopo, terá seguramente uma cicatriz no seu rosto.
   
75. Quando o Sol está ligado ao regente do ascendente em Leão e não tem nenhuma dignidade no
ascendente e não há nenhum planeta benevolente na oitava casa, aquele que assim nascer
será queimado.
   
76 Saturno no M.C. em oposição à luz do momento, e um signo terreno na cúspide da quarta
casa, o nativo perecerá devido à queda de um cavalo ou de alguma coisa lá do alto; mas se
um signo aquático estiver na quarta, afogar-se-á; se um signo humano estiver na quarta, será
assassinado ou enforcado; mas se um planeta afortunado estiver na oitava casa, correrá
perigo devido a estas contingências, mas conseguirá escapar-lhes.
   
77. Dirijam o ascendente para as coisas que dizem respeito ao corpo, a Parte da Fortuna para as
coisas externas; a Lua para as coisas tanto do corpo como da mente; o M.C. para as acções,
magistratura ou profissão do nativo.
   
78. Muitas vezes um planeta opera naquela parte do céu em que não tem qualquer dignidade,
dando ao nativo riqueza inesperada, a qual pensa-se ser resultante dos antíscios dos planetas.
   
79. Aquele que tiver Marte na sua casa onze ao nascer, nunca prevalecerá contra o seu amo.
   
80. Quando Vénus está ligada a Saturno, tendo ele domínio na sétima casa, aquele que nascer
nessa altura sentir-se-á desejoso de coito sórdido.
   
81. Os acontecimentos futuros são revelados de sete maneiras diferentes: Primeira, pela distância
dos dois significadores. Segunda, pelos seus aspectos uns aos outros. Terceira, pelo seu
progresso um ao outro. Quarta, pela distância entre eles ou de um deles em relação ao lugar
que significa a coisa desejada. Quinta, pelo pôr da estrela que ajuda ou dificulta o assunto.
Sexta, pela mutação do principal significador. Sétima, pela entrada de um planeta nas suas
próprias dignidades.
   
82. No julgamento, quando as coisas estão igualmente equilibradas, então levem em consideração
o ascendente da Lua Nova ou Cheia e, se isso for também igual, deferir o julgamento nessa
ocasião.
   
83. A hora em que qualquer pessoa implora alguma coisa do rei mostra a afeição entre o rei e o
suplicante; mas a hora em que é conferida mostra a incompetência da acção que dela
depende.
   
84. Quando Marte é o regente do ascendente na hora em que se toma posse de qualquer coisa e
está na segunda, ou ligado ao regente da segunda, dá grande prejuízo e perda.
   
85. Quando o regente do ascendente está em aspecto com o regente da segunda, o príncipe
consumirá muito tesouro por sua própria iniciativa.
   
86. O Sol é a fonte do vigor vital, a Lua do natural.
   
87. As revoluções mensais são concluídas em 28 dias, duas horas e 1 minutos; no entanto, alguns
julgam essas coisas a partir dó progresso do Sol, quando ele chega ao mesmo grau e minuto
em que se encontrava no princípio do mês.
   
88. Quando dirigimos a profecção da Parte da Fortuna para a totalidade da revolução do ano,
tomamo-la do Sol para a Lua, e projectamo-la a partir do ascendente.
   
89. Aquilo que diz respeito ao avô é requerido da sétima casa mas, para o tio, recorram à sexta.
   
90. Quando o principal regente contempla o ascendente, a coisa que permanece por descobrir é da
natureza do ascendente; se não contemplar o ascendente, a sua qualidade será de acordo com
a natureza do lugar em que o regente do horóscopo se encontra, o regente da hora mostra a
cor da coisa, o lugar da Lua a idade, pois se estiver acima da terra, indica que a coisa é nova,
mas se estiver abaixo, é velha; a Parte da Fortuna mostra a sua quantidade ou amplitude, os
regentes dos termos da quarta e da décima casas e a Lua mostram a sua substância.
   
91. É mau quando o regente da pessoa doente está combusto e pior ainda se a Parte da Fortuna
estiver desafortunada.
   
92. Saturno não aflige muito o doente quando está oriental, nem Marte quando está ocidental.
   
93. Nas perguntas, não dêem julgamento antes de considerar a Lua Nova seguinte, pois o início
das coisas é alterado a cada conjunção, portanto considerem-nas conjuntamente e não
errarão.
   
94. O lugar do céu em que o principal significador está colocado mostra a intenção do querente.
   
95. As imagens que surgem com os vários decanatos mostram a inclinação do nativo para a
profissão que pratica.
   
96. As significações de um eclipse serão mais visíveis quando o eclipse se encontra perto de um
ângulo; considerem também as estrelas em aspecto umas às outras, e não apenas os planetas,
mas também as estrelas fixas, as constelações que ascendem juntamente com os signos, e de
tudo isto enquadrem o vosso julgamento.
   
97. As coisas são subitamente levadas a efeito quando o regente da Lua Nova ou Cheia anteriores
estiver angular na pergunta.
   
98. As estrelas cadentes e chamejantes, etc., têm uma força secundária sobre os assuntos
comuns.
   
99. As estrelas cadentes e outras aparições desse tipo mostram grandes deslocações no ar e, se
surgirem só de uma parte mostram que haverá igualmente grandes ventos produzidos a partir
daquele quadrante; mas se forem levadas para várias partes, mostram escassez de águas, um
ar perturbado e incursões de soldados.
   
100. Os cometas cuja distância do Sol é de onze signos, se aparecerem num ângulo, o rei ou um
homem importante em algum reino morrerá; mas, se surgirem numa casa sucedente, os
ajudantes dos príncipes dar-se-ão bem, mudando contudo algum reino de governador, mas se
aparecerem numa casa cadente, seguem-se doenças e mortes súbitas; se andarem do Oeste
para o Leste, um inimigo estrangeiro invadirá vários reinos; mas, se o cometa não se mover,
os inimigos serão do mesmo reino, nele nascidos e criados.
 
 
Aqui terminam os cem Aforismos de Ptolomeu
Centiloquium de Ptolomeu retirado do livro "Mikropanastron"
 

Almutem Figuris

O Cálculo do Almutem Figuris de acordo com Ibn Ezra


Em Astrologia Medieval o cálculo do Almutem Figuris [1] é um dos mais importantes, se não mesmo o mais
importante, uma vez que representa a qualidade do Espírito particular, revelando os vários aspectos da
vida do indivíduo a vários níveis, como o emocional ou o físico. Pode-se dizer que o Planeta que assume a
posição de Almutem será aquele que tem o poder de exercer o domínio sobre a pessoa, como que se
tratasse do próprio Anjo da Guarda pessoal e que através dele se possa alcançar o conhecimento e ser
resgatado do próprio destino.

O Cálculo

Em “Libro de los Juicios de las Estrellas”, Abraham Ben Ezra, diz o seguinte:

Deves saber que os lugares da vida são 5: um é o lugar do Sol; o segundo o da Lua; o terceiro, o grau
da conjunção da Lua ou da oposição da Lua, a que se produziu antes do nascimento; [2] o quarto, o grau
do Ascendente; o quinto, a Parte da Fortuna.

Deves averiguar que planeta tem mais poder sobre estes 5 lugares e o que tiver mais força será o
regente do nativo. [3]

Para saber qual tem mais força farás desta maneira:

O regente do Signo do grau que queres saber tem 5 forças;


   
O regente da Exaltação, 4 forças;
   
O regente da Triplicidade, 3 forças;
   
O regente do Termo, 2 forças;
   
O regente da Face, 1 força

Além disso tens que saber em que casa está cada Planeta:

  O planeta que está na casa I tem 12 forças;


   
Na X, 11 forças;
   
Na VII, 10 forças;
   
Na IV, 9 forças;
   
Na XI, 8 forças ;
   
Na V, 7 forças;
   
Na II, 6 forças;
   
Na VIII, 4 forças; [4]

   
Na IX, 5 forças; [5]

   
Na XII, 2 forças;
   
Na III, 3 forças;
   
Na VI, 1 força.

 Outras forças são dadas aos regentes do Dia e da Hora, o que parece ter sido omitido nesta tradução,
talvez devido ao manuscrito consultado. Mas torna-se bastante clara a atribuição de forças aos regentes
do Dia e da Hora no “Liber de Nativitatibus” por Abraham Ben Ezra; onde se pode ler:

“Computa quot virtutes … in die nativitatis r hora … Attribue domino diei septez … hore: sex virtutes …”. [6]

“Calcula o número de virtudes … do dia da natividade e da hora … Atribui sete ao regente do dia … hora:
seis virtudes ... ”.

Pelo que Ibn Ezra deixou claro em seu “Liber de Nativitatibus” atribui-se:

Regente do Dia, 7 forças;


   
Regente da Hora, 6 forças.

Uma vez enunciados os factores para o cálculo do Almutem Figuris tomar-se-á a


natividade de Frida Kahlo [7] para calcular o seu Almutem Figuris.

Frida Kahlo

 
Consulte a tabela de dignidades utilizada na elaboração da tabela seguinte - Click aqui

TABELA PARA CÁLCULO DO ALMUTEM DO MAPA

  Lua Mercúrio Vénus Sol Marte Júpiter Saturno


Domicílio (5) 5            
Exaltação (4)           4  

Sol Triplicidade (3) 3   3   3    


Termo (2)   2          
Face (1)   1          
Domicílio (5)     5        
Exaltação (4) 4            

Lua Triplicidade (3) 3   3   3    


Termo (2)         2    
Face (1)             1
Domicílio (5)       5      
Exaltação (4)              

ASC Triplicidade (3)       3   3 3


Termo (2)   2          
Face (1)         1    
Domicílio (5) 5            
PoF
Exaltação (4)           4  
Triplicidade (3) 3   3   3    
Termo (2)     2        
Face (1)     1        
Domicílio (5)             5
Exaltação (4)         4    

SAN  Triplicidade (3) 3   3   3    


Termo (2)   2          
Face (1)           1  

Regentes Dia (7)             7


Dia e Hora Hora (6)         6    
I (12 )              
II (6)              
III (3)              
IV (9)              
V (7)         7    

Dignidades VI (1)              
Acidentais VII (10)              
VIII (4)             4
IX (5)              
X (11) 11            
XI (8)     8 8      
XII (2)   2       2  

TOTAIS 37 9 28 16 32 14 20

Pode-se verificar pela tabela acima que o Almutem Figuris de Kahlo é a Lua. Uma vez
que esta Lua está em boa qualidade Zodiacal, Angular na casa X em Exaltação e
Triplicidade era de esperar que Kahlo obtivesse uma grande reputação na sua carreira
como pintora, contudo por a Lua reger a casa XII, a casa das restrições,
hospitalizações e limitações, não seria de esperar outra coisa se não a busca de
inspiração para as suas obras dentro desta temática.

Kahlo ao aceitar o seu próprio destino foi de encontro às designações da sua Lua, o seu
Almutem Figuris, canalizando as suas emoções e os seus conhecimentos para a pintura
e assim talvez se possa dizer que esta foi a maneira de Kahlo ser resgatada do seu
próprio destino.

Foram aqui utilizadas as Triplicidades de Dorotheus, atribuindo-se 3 forças a cada.


Os Termos utilizados foram os Egípcios.
Planetas a 5º da cúspide de uma casa são considerados nesta casa.
A SAN de Frida Kahlo encontra-se a 3º 8' de Capricórnio.

 
 

[1]
Almuten ou Almutem deriva da palavra Árabe Almutez que significa o Victorioso.

[2]
SAN - Syzygy Ante Nativitatem

[3]
Almutem Figuris.

Na minha edição de “Libro de los Juicios de las Estrellas” é atribuído à casa VIII, 5
[4]

forças; o que deve ser um erro de revisão.

Aqui também se verifica o mesmo erro, pois a casa IX tem 5 forças e não 4 forças e a
[5]

casa III tem 3 forças e não 2 como consta na obra citada.

Deparei-me com algumas dificuldades em entender o conteúdo do parágrafo devido à


[6]

qualidade do texto.

A Arte da Profecção e da Firdaria - um estudo da natividade de Frida Kahlo na secção


[7]

de estudos deste site. Para visitar o artigo - Click aqui

Bibliografia:
 

Ben Ezra, Libro de los Juicios de las Estrellas, Tomo II - Editorial Biblioteca de Sirventa
   
Abraham Ben Ezra, Liber de Nativitatibus

O Uso das Triplicidades na Astrologia Tradicional

 O motivo que me leva a escrever este esclarecimento sobre o uso das Triplicidades na
Astrologia Tradicional deve-se ao facto de que muitos dos estudantes fazem um uso incorrecto
da aplicação dos regentes das Triplicidades na Astrologia Natal e em outros ramos da
Astrologia.

Antes de prosseguir nesta tentativa de esclarecer o uso das Triplicidades ou ‘Trigons’ vou
mencionar as suas características.

“Uma vez ordenado o círculo Zodiacal por diferença e por propriedade, nós achamos dois
grupos – um grupo diurno e um nocturno, do Sol e da Lua respectivamente…” [1]

Sobre a primeira Triplicidade, Carneiro – Leão – Sagitário [2]

“Carneiro, Leão, e Sagitário compõem a primeira triplicidade. Carneiro é um signo ígneo,


quente e seco, e assim há um signo quente e seco. Leão, igualmente, é um signo quente e
seco, e assim há dois signos quentes e secos. E Sagitário é um signo quente e seco, e deste
modo os signos quentes e secos são triplicados. Assim há três signos que concordam em uma
natureza. Esta triplicidade é chamada quente e seca porque cada um dos três signos é ígneo,
quente, seco, masculino, oriental, diurno, colérico, e amargo em relação ao gosto. E esta
triplicidade é chamada oriental; os seus regentes são de dia o Sol, e de noite Júpiter, Saturno
compartilha [no domínio] tanto de dia como de noite.”

Sobre a segunda Triplicidade, Touro – Virgem – Capricórnio [3]

“Touro, Virgem, e Capricórnio compõem a segunda triplicidade porque cada um destes signos
é térreo, frio e seco, feminino, nocturno, melancólico, do Sul, e intenso ou picante com
respeito ao gosto. E esta triplicidade é chamada do Sul. Os seus regentes são de dia Vénus, a
Lua à noite, e Marte que compartilha [no domínio] tanto de dia como de noite.”

Sobre a terceira Triplicidade, Gémeos – Balança – Aquário [4]

“Gémeos, Balança, e Aquário compõem a terceira triplicidade porque cada um destes signos é
aéreo, quente e húmido, masculino, diurno, sanguíneo, ocidental, e doce com respeito ao
gosto. E esta triplicidade é chamada ocidental; seus regentes são de dia Saturno, e Mercúrio
de noite, e Júpiter que compartilha [no domínio] tanto de dia como de noite.”

Sobre a quarta Triplicidade, Caranguejo – Escorpião – Peixes [5]

“Caranguejo, Escorpião, e Peixes compõem a quarta triplicidade porque cada um destes signos
é aquático, frio e húmido, feminino, nocturno, fleumático, e salgado com respeito ao gosto, no
entanto alguns dizem insípido. E esta triplicidade é chamada do norte. Seus regentes são de
dia Vénus, Marte de noite, e a Lua que compartilha [no domínio] tanto de dia como de noite.”

 ***
 Para a Triplicidade do fogo: “…seus regentes de dia são o Sol, depois Júpiter, depois Saturno;
seus regentes de noite são Júpiter, depois o Sol, depois Saturno.”  [6]

Para a Triplicidade da terra: “…seus regentes de dia são Vénus, depois a Lua, depois Marte; de
noite, a Lua, depois a Vénus, depois Marte.” [7]

Para a Triplicidade do ar: “…seus regentes de dia são Saturno, depois Mercúrio, depois Júpiter;
de noite Mercúrio, depois Saturno, depois Júpiter.” [8]

Para a Triplicidade da água: “…seus regentes são Vénus, depois Marte, depois a Lua; de noite
Marte, depois a Vénus, depois a Lua.” [9]

***
Talvez, e esta é uma suposição minha, o uso incorrecto das Triplicidades se tenha enraizado
nas nossas ‘crenças’ astrológicas devido (mas não só, obviamente) à enorme influência do
grande astrólogo Inglês William Lilly quando no seu “Christian Astrology” escreveu,

“Triplicidade – Se estiver em qualquer dos signos que são atribuídos à sua triplicidade, são
lhe dadas três dignidades; mas aqui há de ser-se muito cauteloso; como por exemplo: numa
pergunta, natividade, ou semelhante, se se encontrar o Sol em Carneiro, e a pergunta, ou
natividade ou o esquema levantado for nocturno, e se se examinar as fortalezas do Sol, ele
terá quatro dignidades por estar na sua exaltação, o que acontece em todo o signo; mas não
terá nenhuma dignidade por estar na sua triplicidade, pois durante a noite não é o Sol que
rege a triplicidade do fogo, mas sim Júpiter, o qual, se tivesse estado no lugar do Sol, e
durante a noite, teria recebido três dignidades; fazer assim com todos os planetas em geral,
exceptuando Marte que rege a triplicidade da água de noite e de dia.” [10]
 ***
É comum a alguns estudantes de Astrologia Tradicional atribuir unicamente três dignidades ao
regente da Triplicidade correspondente ao ‘Sect’ ao qual o nativo pertence, isto é, se o nativo
nasceu de noite ou se nasceu de dia.

Um exemplo do que mencionei acima seria encontrar em uma natividade o Sol, Júpiter e
Saturno no signo de Sagitário numa natividade nocturna, o que provavelmente sucederia nesta
situação é que o estudante de Astrologia iria atribuir as três dignidades única e exclusivamente
a Júpiter, uma vez que é Júpiter que rege a Triplicidade nocturna do fogo e não iria atribuir as
outras três dignidades a cada um dos restantes regentes, nomeadamente, ao Sol e a Saturno
como regente participante da Triplicidade do fogo.

***
 Dorotheus de Sídon em seu livro “Carmen Astrologicum” também escreveu,
“…Quanto às triplicidades: Carneiro, Leão e Sagitário são uma triplicidade; Touro, Virgem e
Capricórnio são uma triplicidade; Gémeos, Balança e Aquário são uma triplicidade; e
Caranguejo, Escorpião e Peixes são uma triplicidade. Conhecer os regentes das triplicidades
dos signos: os regentes da triplicidade de Carneiro de dia são o Sol, depois Júpiter, depois
Saturno, de noite Júpiter, depois o Sol, depois Saturno; os regentes da triplicidade de Touro de
dia são Vénus, depois a Lua, depois Marte, de noite a Lua, depois Vénus, depois Marte … os
regentes da triplicidade de Gémeos de dia são Saturno, depois Mercúrio, depois Júpiter, de
noite Mercúrio, depois Saturno, depois Júpiter; os regentes da triplicidade de Caranguejo de
dia são Vénus, depois Marte, depois a Lua, de noite Marte, depois Vénus, depois a Lua. Afirmo
que tudo o que é decidido ou indicado o é pelos regentes das triplicidades, e quanto a tudo o
que são aflições e angústias que atingem as gentes do mundo e a totalidade dos homens, são
os regentes das triplicidades quem o decide…” [11]

 ***
Podemos concluir que de todos os textos mencionados acima, nenhum, à excepção do de
William Lilly nos fornece instruções para atribuir dignidades única e exclusivamente ao regente
da triplicidade que esteja unicamente a reger o ‘Sect’ da natividade. Devido a um maior acesso
aos ensinamentos de outros astrólogos da antiguidade, hoje, em Astrologia Tradicional atribui-
se três dignidades a cada um dos regentes da Triplicidade, seja a natividade diurna ou
nocturna.

Relembrando o exemplo acima, Sol, Júpiter e Saturno receberiam 3 dignidades cada por
estarem na Triplicidade do fogo.

*** 
Os regentes das Triplicidades não se aplicam somente aos signos mas também às casas.

Os regentes das triplicidades também agem como significadores e fornecem-nos um útil


manancial de ajuda para delinear uma natividade.

As Casas e as Triplicidades [12]


 

Casa 1 – "O primeiro regente da triplicidade do ‘Sect’ indica a vida e a natureza do nativo, os
seus prazeres e desejos, o que gosta e desgosta, e o que ele obtém de bom e de mau no início
da sua vida."

Casa 1 – "O segundo regente da triplicidade do ‘Sect’ indica vida, corpo, força e o meio da
vida."
Casa 1 – "O regente da triplicidade participante indica o que os primeiros dois regentes do
lugar significam e o fim da vida perto da morte."

 ***

Casa 2 – "O primeiro regente da triplicidade do ‘Sect’ concede bens no início da vida."

Casa 2 – "O segundo regente da triplicidade do ‘Sect’ concede bens no meio da vida."

Casa 2 – "O regente da triplicidade participante concede bens no fim da vida."

***
Casa 3 – "O primeiro regente da triplicidade do ‘Sect’ significa os irmãos mais velhos."

Casa 3 – "O segundo regente da triplicidade do ‘Sect’ significa os irmãos do meio."

Casa 3 – "O regente da triplicidade participante significa os irmãos mais novos, e as suas
condições estão de acordo com a posição dos regentes."

***
Casa 4 – "O primeiro regente da triplicidade do ‘Sect’ significa os pais."

Casa 4 – "O segundo regente da triplicidade do ‘Sect’ significa países e terras."

Casa 4 – "O regente da triplicidade participante significa o final das coisas e prisões."

***
Casa 5 – "O primeiro regente da triplicidade do ‘Sect’ significa crianças e vida."

Casa 5 – "O segundo regente da triplicidade do ‘Sect’ significa prazeres."

Casa 5 – "O regente da triplicidade participante significa mensageiros."

***
Casa 6 – "O primeiro regente da triplicidade do ‘Sect’ significa doenças e a recuperação das
aflições."

Casa 6 – "O segundo regente da triplicidade do ‘Sect’ significa escravos brancos e negros."

Casa 6 – "O regente da triplicidade participante significa o que se recebe dos escravos, a sua
importância e as suas acções."

***
Casa 7 – "O primeiro regente da triplicidade do ‘Sect’ significa esposas."

Casa 7 – "O segundo regente da triplicidade do ‘Sect’ significa controvérsias."

Casa 7 – "O regente da triplicidade participante significa a entrada em negócios (contratos)."


***
Casa 8 – "O primeiro regente da triplicidade do ‘Sect’ significa morte."

Casa 8 – "O segundo regente da triplicidade do ‘Sect’ significa coisas antigas."

Casa 8 – "O regente da triplicidade participante significa heranças."

***
Casa 9 – "O primeiro regente da triplicidade do ‘Sect’ significa viagens e os seus objectivos."

Casa 9 – "O segundo regente da triplicidade do ‘Sect’ significa religião e práticas religiosas, a
eminência que se obtém nelas e a forma que a eminência toma."

Casa 9 – "O regente da triplicidade participante é significador de ciência, visões, estrelas


(astrologia) e presságios e verdade e falsidade nisto."

***
Casa 10 – "O primeiro regente da triplicidade do ‘Sect’ significa governadores, honra e altos
níveis."

Casa 10 – "O segundo regente da triplicidade do ‘Sect’ significa fama e bravura (no acima
mencionado)."

Casa 10 – "O regente da triplicidade participante significa estabilidade e continuidade."

***
Casa 11 – "O primeiro regente da triplicidade do ‘Sect’ significa esperança."

Casa 11 – "O segundo regente da triplicidade do ‘Sect’ significa amigos."

Casa 11 – "O regente da triplicidade participante significa a utilidade dos amigos."

***
Casa 12 – "O primeiro regente da triplicidade do ‘Sect’ significa inimigos."

Casa 12 – "O segundo regente da triplicidade do ‘Sect’ significa desgraça."

Casa 12 – "O regente da triplicidade participante significa montaria e animais domésticos."

Espero que a apresentação deste estudo venha elucidar e ajudar os estudantes desta Arte que
tem por nome Astrologia Tradicional.
“The Anthology” by Vettius Valens – translated by Robert H. Schmidt © Project Hindsight –
[1]

Livro II, Capítulo 1

“Liber Astronomiae” by Guido Bonatti – Translated by Robert Zoller and Robert Hand ©
[2]

Spica Publications 1998 – Capítulo XXXII, Página – 36

[3]
Ibid

[4]
Ibid

[5]
Ibid

“Al – Qabisi (Alcabitius): The Introduction to Astrology” – Charles Burnett, Keiji Yamamoto,
[6]

Michio Yano © The Warburg Institute – Nino Aragone Editore 2004 – Capítulo 1, Página – 25,
27

[7]
Ibid

[8]
Ibid

[9]
Ibid

“Astrologia Cristã” por William Lilly – Tradução MCMM, QHP © Biblioteca Sadalsuud –
[10]

Capítulo XVIII, Página – 102  

“Carmen Astrologicum” por Dorotheus de Sídon – Tradução MCMM, QHP © Biblioteca


[11]

Sadalsuud – Capítulo 1, Página – 2

“Al – Qabisi (Alcabitius): The Introduction to Astrology” – Charles Burnett, Keiji Yamamoto,
[12]

Michio Yano © The Warburg Institute – Nino Aragone Editore 2004 – Capítulo 1, Página – 51 a
55

O Centilóquio de Hermes

O Centilóquio de Hermes, ou os seus Cem Aforismos apresentados em Inglês

 1.O Sol e seguidamente a Lua são, abaixo de Deus, a vida de todas as coisas vivas; no
entanto, muitas natividades não têm hyleg; contudo, pelo facto do Sol e da Lua
contemplarem amistosamente o ascendente, ou lá estarem livres de aflição, as suas vidas
serão tanto mais prolongadas.

2. Todas as natividades diurnas são fortalecidas pelo Sol, quando está bem aspectado
pelas fortunas. As nocturnas pela Lua, quando ela está assim fortalecida; se tal não
suceder, mas se encontrarem, contudo, bons planetas nos ângulos, a natividade será boa.

3. Quando Marte for o regente do ascendente e estiver colocado na décima, confere ao


nativo dignidade e poder que serão acompanhados de injúria e crueldade, e poderão ser,
por conseguinte, chamados um infortúnio em vez de uma felicidade.

 
 4. Júpiter em bom aspecto às infortunas transforma a sua malevolência em bem; Vénus
não pode efectivar tal coisa a não ser que Júpiter a ajude; portanto, ao promover o bem e
ao proibir o mal, Júpiter é considerado muito melhor do que Vénus.

5. Um Artista não pode fazer uma mistura dos significados das estrelas antes de conhecer
as suas amizades e inimizades, as quais são de três tipos: Primeiro, de acordo com a sua
natureza. Segundo, de acordo com as suas casas. E, terceiro, de acordo com os seus
aspectos.

6. Vénus é oposto ao Mercúrio, ele abraça os idiomas e a disciplina, ela os deleites e os


prazeres, Júpiter é o mesmo relativamente a Marte, ele ama a misericórdia e a justiça,
Marte a impiedade e a crueldade.

7. Façam com que o Sol ou um dos superiores signifiquem príncipes e grandes homens. Os
escribas e os rústicos são significados pelos planetas inferiores e, principalmente, pela
Lua. 

8. O significado de uma conjunção não é diminuída por um aspecto, mas um aspecto é-o
por uma conjunção, visto ter menor força.

9. Não dêem qualquer julgamento nem elejam nada enquanto Escorpião estiver a
ascender; nem quando os ângulos forem oblíquos ou tortos; ou se Marte estiver no
ascendente, o acontecimento resultará num revés e a questão não chegará a qualquer
bom fim, pois Escorpião é um signo de falsidade.

10. Bons planetas afligidos pelas infortunas a partir da sexta ou décima segunda casas
auguram o mal.

11. Os rumores postos a circular quando a Lua está na primeira face de Escorpião são
falsos e velhacamente forjados.

12. Os julgamentos dos astrólogos não são muitas vezes verdadeiros por causa do erro
nos seus instrumentos ou da ignorância do querente, ou quando o Sol está perto do M.C.,
ou quando os argumentos de promessa e negação da coisa são iguais na figura.

13. Quando a Lua estiver a Sul, a descender em Escorpião ou Peixes, não se deve começar
a construir, pois um edifício que seja levantado nessa altura entra rapidamente em ruína.

14. Mercúrio estando forte e em lugares correctos dos céus, bem configurado
relativamente às outras estrelas ou planetas nas natividades, denota com isso uma
dignidade conveniente para o nativo; mas, Mercúrio por si só é um planeta fraco.

15. Aquele que contender com outro e vencer quando os significadores estiverem num
signo bicorpóreo, obtém uma grande vitória mas, se for vencido, perde muito; pois, nessa
altura, o bem e o mal são duplicados.

16. Não dêem qualquer julgamento antes de conhecerem o propósito do querente, pois
muitos perguntam nem eles sabem o quê, e tampouco conseguem exprimir o que
pretendem.

17. Quando forem interrogados acerca de um pai, olhem para a quarta casa; acerca de um
irmão, para a terceira casa; acerca de um filho, para a quinta casa; acerca de uma mulher,
para a sétima; mas, se for acerca de uma pessoa doente, contemplem apenas o
ascendente.
18. Quando a Lua chegar à quadratura das fortunas ou das infortunas, e os testemunhos
das ajudas ou dos impedimentos da questão forem duvidosos, deve-se desconfiar que a
força dos planetas nefastos impedirão mais do que os outros poderão ajudar.

19. No início das viagens e do regresso delas, a Lua não deve estar no ascendente, na
quarta ou na nona casas, mesmo que não esteja afligida; ao entrar numa cidade, não deve
ser colocada no ascendente, na segunda ou na quarta casas.

20. Existem três maneiras para descobrir os acidentes próprios dos seres humanos, i.e. a
partir da natividade, do nascimento do seu primeiro filho, ou através da apresentação de
uma pergunta com a qual a mente esteja preocupada e afligida.

21. Todos os inícios em que a Lua esteja ligada a um planeta retrógrado serão
rapidamente destruídos e, se ela estiver impedida de outra forma, a desgraça acontecerá
ainda mais cedo.

22. Fazer do Saturno e do Sol os significadores dos reis e dos príncipes, com o planeta ou
planetas na décima; mas os seus ajudantes são tomados da onze e os ajudantes das
pessoas vulgares da segunda.

23. Quando um rei ou príncipe dá início a uma viagem, assegurem-se de rejeitar a hora
em que ascende Caranguejo.

24. Gémeos e Sagitário obedecem à Cabeça e Cauda do Dragão mais do que os outros
signos, por isso fazem mais mal nestes signos do que em qualquer outro.

25. Quando Touro ou Balança ascendem nas natividades das mulheres, e Marte estiver
neles, ela não será modesta nem casta, o mesmo acontecendo se Capricórnio ascender.

26. As virtudes dos planetas são recebidas pelo Sol quando este está colocado no
ascendente ou no M.C. em conjunção com eles; a Lua durante a noite recebe-os também,
se nos lugares mencionados ela estiver ligada a eles.

27. Júpiter dissolve a malícia de Saturno e Vénus dissolve a de Marte.

28. Quando uma pergunta é apresentada sobre uma mulher, tomar Vénus como a sua
significadora natural mas, mais especificamente, a sétima casa; no entanto, se uma
pergunta for feita sobre um inimigo, respeite-se a casa doze mas, mais especificamente
ainda, a sétima casa também.

29. Quando alguém vai para a guerra, especialmente um rei, o ascendente deve ser uma
das casas dos planetas superiores ou do Sol; e o regente do ascendente e do Sol devem
estar poderosos na figura, mas o regente da sétima fraco e desafortunado.

30. A Lua a aumentar de luz e movimento, e em conjunção com Saturno e Júpiter, é


geralmente bom em todas as coisas; mas, se ela estiver a diminuir de luz, é mau;
entenda-se exactamente o contrário quando ela estiver em conjunção com Vénus ou
Marte.

31. Júpiter não deve estar sob os raios do Sol ou ter outro tipo de impedimento quando se
penhorarem ou emprestarem coisas, pois se estiver assim e não for recebido pelos
planetas impeditivos, haverá pouca ou nenhuma esperança de resgate.

32. Os planetas afortunados aplicando-se à conjunção ou aspecto das infortunas em


qualquer figura diminuem a sua influência nefasta; se a figura for boa, fazem ainda um
bem maior; se for má, um bem menor; mas os malévolos em quadratura ou oposição aos
benévolos diminuem e abatem a sua virtude, os outros aspectos não as impedindo.

33. Saturno saindo de um signo e entrando noutro provoca estranhas aparições nos céus,
às quais os árabes chamam Assub, ou alguns outros sinais de natureza fogosa.

34. A conjunção de Júpiter e do Sol produzem um ar temperado, principalmente quando


estão em signos aéreos, de uma conjunção de Saturno e do Sol vem o frio, e da conjunção
de Marte e do Sol, num signo bicorpóreo, e na época da primavera, vem um ar enevoado,
do qual resultam doenças muito frequentemente.

35. No Verão, quando o Sol entra nos termos de Marte, provoca o calor; no inverno, a seca
e a escassez de chuva e de águas.

36. Nas natividades e nas questões dos homens, determinar o Hyleg e o Alchocoden e as
suas direcções, principalmente nas perguntas que dizem respeito aos reis e a homens
importantes, através dos quais se conhecem principalmente os seus acidentes, quer sejam
bons ou maus.

37. Se o ascendente estiver afortunado e o seu regente desafortunado, mostra um corpo


saudável mas uma mente afligida; mas, se o contrário acontecer, julgar o contrário.

38. Notem-se sempre as configurações das estrelas, não pelos seus signos mas pelas
orbes.

39. A Lua deve estar a aumentar de luz e livre dos aspectos das infortunas quando se
quiser curar os olhos inflamados.

40. A Parte da Fortuna com maus planetas na quarta, nona ou décima casas, denota a
morte para os doentes.

41. Quando os significadores do bem ou do mal estiverem estacionários e angulares, será


mais duradouro; mas será mais mutável e variável se o significador estiver cadente dos
ângulos e retrógrado.

42. O regente da segunda tem a mesma capacidade de danificar que o regente da oitava,
o regente da sexta a mesma que o regente da décima segunda.

43. Marte ocidental em Caranguejo, não contemplado por Saturno, Júpiter, Vénus ou pelo
Sol faz um bom flebotomista; mas, se Marte estiver em Capricórnio, faz um destruidor de
homens e alguém que se deleita em fazer correr o sangue.

44. O melhor Artista do mundo pode errar, se errar em relação ao significador.

45. Quando Saturno estiver elevado acima de Vénus e em quadratura a ela, toma o nativo
num desavergonhado que tem verdadeiro ódio às mulheres; mas, se Vénus estiver elevada
acima de Saturno, ele será um grande amigo das mulheres.

46. Se, em qualquer natividade, Mercúrio estiver no ascendente, oriental e rápido, o nativo
será eloquente e erudito nas ciências liberais, o mesmo acontecendo se estiver em
Sagitário nos seus próprios termos.

47. O primeiro dos ângulos é o ascendente, o segundo o M.C., o terceiro a sétima casa e o
quarto o I.C., mas quanto ao resto, a onze é a primeira, depois a segunda, depois a
quinta, depois a nona, depois a terceira; mas as casas seis, oito e doze são consideradas
as piores.
48. A influência de Marte nunca é abatida a não ser pela interposição de um planeta
benevolente.

49. Façam com que o vosso significador concorde como o da pessoa a quem pretendem
apresentar uma súplica.

50. Sendo o ascendente ou um planeta encontrado no último grau de um signo, a


significação tem que ser tomada do signo seguinte; mas nos 29 graus do mesmo signo, a
força de um planeta deve ser considerada de três maneiras, viz. no grau em que se
encontra, no que lhe está imediatamente antes e no seguinte.

51. Aquele que quiser considerar as contingências futuras, deve fazê-lo a partir da
conjunção dos planetas, mas as passadas ou presentes a partir das suas separações.

52. Quando Júpiter estiver em Caranguejo, longe do ascendente e sem o impedimento de


qualquer outra estrela, o nativo será racional e muito especializado na ciência mas,
deleitando-se em levar uma vida de reclusão, não gozará do aplauso pelo seu
conhecimento.

53. No mundo acontecerão muitas desgraças quando, num mês, houver um eclipse de
ambos os luminares; principalmente naqueles lugares sujeitos aos signos em que se
encontram.

54. Quando a Lua estiver na Via Combusta ou peregrina no início de uma viagem, a pessoa
ficará doente na sua viagem ou será gravemente perturbada e molestada de outra forma.

55. Convém que o Astrólogo considere a data nas direcções dos planetas, mas nas estrelas
fixas não é tão necessário.        

56. O património do pai passará para o filho, se Saturno estiver afortunado e em aspecto
amistoso com o regente do ascendente; mas isto será mais livremente se Saturno for o
regente da quarta.

57. Estando os planetas afortunados nos signos em que não têm qualquer dignidade, a sua
benignidade é transladada noutro sentido.

58. Marte como Almuten de uma natividade e não ligado a bons planetas, significa que o
nativo sofrerá devido à inveja e ao ódio.

59. As estrelas afortunadas conferem grande felicidade quando forem recebidas umas
pelas outras nas suas próprias casas; e quando os planetas nefastos são assim recebidos,
abstêm-se de fazer muito mal.

60. O nativo será enfermiço e fraco quando Saturno estiver elevado acima de Marte; mas,
se Marte estiver elevado acima de Saturno, será gordo e vigoroso.

61. Nas natividades dos homens, se a Parte do Casamento cair em signos obedientes, e
nas mulheres em signos imperativos, a mulher mandará no homem e este obedecerá; se
caírem inversamente, dizer o contrário.

62. Se os regentes da triplicidade da conjunção das luzes se respeitarem amistosamente


uns aos outros, o primeiro ao segundo, o segundo ao terceiro, augura prosperidade
eminente e uma liberdade em relação ao sofrimento.

63. Mercúrio em Peixes em graus profundos ou corroídos toma o nativo tolo e lento no
falar, e se Júpiter estiver nas casas de Marte, será sórdido e necessitado, e sofrerá danos
provocados por soldados; mas, se estiver nas casas de Saturno, principalmente
Capricórnio, e nesses graus, será taciturno, rígido e odioso para com todos os homens.

64. Mercúrio em recepção com Marte por casa, ou se estiver em aspecto a ele, cadentes
de um ângulo, o nativo será um amante da caça e jogará aos dados e nas mesas; mas, se
não estiverem cadentes, provará ser um excelente soldado.

65. Os planetas sob os raios do Sol ou a uma distância de 12 graus dele são
desafortunados, a não ser que estejam no mesmo grau com ele; mas, quando já passaram
dos 13 graus de distância dele, estão afortunados.

66. O Nó Norte com as infortunas denota desgraças terríveis, pois isso aumenta a sua
maldade; mas com as fortunas, promove o bem e aumenta a sua benignidade; mas as
significações do Nó Sul devem ser tomadas no sentido inverso.

67. Mercúrio na sexta casa de uma natividade, o nativo mudará de uma religião para
outra, e terá a sua felicidade parcialmente impedida por causa da sua inconstância.

68. O primeiro signo tem preeminência na questão quando dois signos tiverem a ver com o
assunto.

69. Aceitem o início de todas as coisas a partir da Lua, mas o seu final a partir do seu
dispositor.

70. Se Júpiter numa revolução do mundo estiver na sua casa, exaltação, ou oriental num
ângulo, e de qualquer outro modo livre de mal, significa abundância de todas as coisas.

71. Quando a Lua e o regente do ascendente estiverem impedidos pelo regente da oitava,
a pessoa enferma tem razões para ter medo.

72. É mau começar qualquer processo legal ou outras controvérsias quando a Lua estiver
mal dignificada; o queixoso será indubitavelmente vencido.

73. Todas as rebeliões que rebentem no início do ano não serão facilmente reprimidas.

74. A Lua em signos ruminantes, ligada a planetas retrógrados, não é boa para as purgas
nesse período, pois o trabalho do médico aumentará o dano do paciente.

75. Os planetas orientais, quer signifiquem o bem ou o mal, realizam a sua obra
rapidamente; os ocidentais mais lentamente.

76. A duração média de um eclipse solar é calculada a partir do grau da conjunção das
luzes.

77. Dar-se-ão muitas guerras e dificuldades quando, numa figura revolucional do mundo,
Saturno e Júpiter estiverem nas suas exaltações.

78. Sejam cautelosos e circunspectos no vosso julgamento quando uma fortuna estiver
com um malévolo, nem sejam excessivamente confiantes de que a malícia da infortuna
será evitada.

79. Existem doze signos, um dos quais está constantemente a ascender, o ascendente
significa o corpo e o seu regente a mente; não deixem que o signo que ascende para o
vosso intuito seja aquele cujo regente está impedido.
80. Os planetas em signos fixos mostram que o assunto é duradouro, nos signos
bicorpóreos duvidoso e nos signos cardeais, conversível no bem ou no mal.

81. Nas questões secretas, não deixem que a Lua esteja combusta, mas a sair da
combustão.

82. Quando a Lua estiver num signo fixo, não cortem nem vistam qualquer roupa nova,
principalmente em Leão, pois é extremamente perigoso; é o mesmo se ela estiver em
conjunção ou oposição ao Sol, ou impedida pelas infortunas.

83. A Lua tem grande poder em todas as questões, excepto quando Leão, Sagitário ou
Aquário ascendem, pois qualquer destes signos abate a sua significação, principalmente
Leão e Aquário.

84. Saturno está sob os raios do Sol até ter 15 graus de distância dele; entenda-se o
mesmo de Júpiter.

85. Recusem a Lua em Caranguejo ou Virgem para os casamentos, a não ser que seja
para casar com viúvas.

86. Uma infortuna na sua própria casa ou exaltação e oriental, é melhor do que uma
fortuna que esteja retrógrada ou impedida.

87. Haverá algum impedimento na parte do corpo representada pelo signo afligido no
nascimento.

88. Imensa prosperidade é augurada quando os regentes da triplicidade dos luminares têm
virtude num ângulo ou numa casa sucedente, e se encontram nos seus próprios lugares,
longe dos aspectos das infortunas; e, se o regente do ascendente também estiver bem
colocado, a felicidade será ainda mais e maior.

89. Os aspectos sextis e trígonos têm a mesma qualidade no efeito; mas o sextil é menos
forte do que o trígono, quer para o bem quer para o mal.

90. Saturno realiza o mal lentamente, mas Marte é rápido e, por conseguinte, Marte tem a
reputação de fazer mais mal do que Saturno.

91. Quando os três planetas superiores estiverem juntos num signo régio, é chamada uma
grande conjunção e quando o Sol os contempla, fazem reinos extremamente poderosos e
florescentes.

92. São rapidamente resolvidas as dúvidas que são propostas quando a Lua e o planeta a
quem ela se aplica estão em signos que têm voz, e na quinta ou terceira casas, ou em
oposição a elas.

93. As infortunas na oitava casa têm a sua maldade aumentada; mas os benevolentes lá
colocados não auguram nem o bem nem o mal.

94. Não será realizado qualquer bem ou mal a não ser que os bons ou maus planetas
numa natividade ou revolução aspectem a Lua através de uma quadratura.

95. Se Mercúrio estiver afligido na sexta casa, o nativo morrerá na prisão; se Saturno
estiver na doze e a Lua na oito, ele terminará os seus dias por precipitação.

96. Quando o Sol durante o dia e a Lua durante a noite estiverem impedidos, a pessoa
deve ter medo.
97. As significações das estrelas são sempre variadas, conforme variam nas suas
configurações e latitude.

98. A Lua na quatro, sete, nove ou doze mostra a verdadeira razão da pergunta
apresentada, o mesmo é conhecido pela sua separação de Mercúrio; e, se o ascendente e
a Lua estiverem em signos bicorpóreos, a razão da pergunta é confirmada.

99. Uma infortuna na sua casa ou exaltação denota que a questão significada por ele
chegará a um bom termo, mas com atrasos; mas, se estiver impedido no ascendente,
apesar de estar na sua própria casa ou exaltação, o assunto será obstruído e chegará a um
final infeliz.

100. O resultado de qualquer empreendimento que seja duvidoso, é definido por estes
significadores, viz. pela quarta casa e pelo seu regente, e pelo planeta forte na mesma;
assim como pela luz do momento, e pelo seu regente, e pelo planeta e seu dispositor a
quem a luz do momento estiver ligada.

 AQUI TERMINAM OS AFORISMOS DE HERMES TRISMEGISTUS


 

Centiloquium de Bethem

Centiloquium de Bethem, ou os seus Cem Aforismos apresentados em Inglês

 1. Começaremos este livro conforme o costume usado no julgamento das estrelas.

2. Fiquem a saber que, quando um planeta está retrógrado, é como um homem enfermo,
estupidificado e ansioso.

3. Se um planeta estiver cadente, é como um homem morto e não tem movimento.

4. Se um planeta estiver combusto, é como um homem na prisão, sem esperança de


liberdade.

5. Se estiver estacionário a entrar na retrogradação, é como um homem saudável


afastando-se da saúde; mas ainda há esperanças de recuperação.

6. Se estiver estacionário, é como um homem doente que se está a restabelecer.

7. Se estiver sitiado, é como um homem cheio de medo entre dois inimigos (e não sem
razão) quando está sitiado pelas infortunas.

8. Um planeta entre Júpiter e Vénus é como um homem em agradável companhia, livre de


preocupações e de necessidades.

9. Se estiver aspectado pelas infortunas a partir da quarta casa, é como um homem a


quem a morte está a chegar.

10. Um planeta em aspecto ao seu inimigo é como um homem temendo ser traído.

11. Um planeta em conjunção com uma infortuna, é como alguém lutando com um
inimigo.

12. Um planeta em conjunção com uma fortuna é como alguém sendo abraçado pelos seus
amigos.
13. Um planeta na casa de outro que rege o mesmo trígono é como um homem na casa ou
no castelo do seu amigo.

14. Se estiver cadente da sua casa ou exaltação, é como alguém ausente da sua
residência.

15. Um planeta na sua casa ou exaltação, é como alguém no seu castelo ou fortaleza.

16. Se estiver na sua casa ou exaltação retrógrado, é como um homem doente em casa.

17. Se estiver combusto na sua própria casa, é como um homem que lá está confinado
pelo seu rei.

18. Na sua própria dignidade e cadente, é como um homem vexado e temeroso.

19. Os planetas afortunados retrógrados são desafortunados; se estiverem cadentes dos


ângulos ou das suas casas, etc. são como alguém que tem esperança de alcançar o bem
mas não lhe acerta.

20. Uma fortuna retrógrada com uma infortuna, fortalece a natureza da infortuna; mas
abate o valor da sua própria natureza.

21. Uma infortuna na sua própria casa, directa, e estando lá ligada a uma fortuna, a sua
malignidade transformar-se-á em bem.

22. Um planeta nos últimos graus de um signo é como um homem caindo do seu estatuto
anterior.

23. Um planeta nos primeiros graus de um signo é sempre comprovado ser de significação
muito fraca.

24. Do primeiro grau até ao décimo quinto, um planeta está a ascender; mas do décimo
quinto ao vigésimo quinto está completo no seu poder.

25. Um planeta nos últimos cinco graus de um signo é como um homem deixando a sua
casa.

26. Um planeta terreno forte no ascendente, é argumento do bem em qualquer coisa, (ou
seja) um planeta regendo o trígono da terra.

27. Um planeta que não esteja na sua própria casa é como um homem batendo à porta de
outro homem, e a sua significação deve ser desdenhada, como não tendo qualquer poder
naquele lugar.

28. Quando os planetas estão com o Sol, os seus poderes e significações são tomados
menores.

29. Quando os planetas estão nos últimos graus de um signo retrógrados, os seus
julgamentos são transferidos, a sua luz diminuída e a sua força e glória abatida.

30. Um planeta a sete graus de distância do Sol e na sua própria casa, retrógrado, é como
um homem no seu castelo, em poder do seu inimigo, esforçando-se por escapar à
escravidão.

31. Um planeta na casa do seu inimigo, é como um homem numa condição idêntica;
seriamente prisioneiro.
32. Um planeta na sua própria casa, livre de aflições, declara a perfeição da pergunta ou
da coisa interrogada.

33. A Lua a separar-se de um planeta declara sempre aquilo que já aconteceu, seja bom
ou mau.

34. Mas a Lua a aplicar-se a um planeta, pronuncia sempre aquilo que se vai passar, do
mesmo modo.

35. Quando a Lua em qualquer pergunta se separa de Saturno, declara desgosto, discórdia
e problemas.

36. Quando se verifica que se está a separar de Júpiter, intima boa fortuna, alegria e
prazer.

37. Quando se separa de Marte, significa conflito, briga, derramamento de sangue, falsos
testemunhos, etc.

38. Quando a Lua se separa do Sol, significa preocupações, receio de doenças e de


encarceramentos.

39. Se ela se separa de Vénus, então é a luxúria, a diversão, o riso, a dança, o canto, etc.
que são denotados.

40. Quando ela se separa de Mercúrio, as suas significações devem ser interpretadas de
acordo com a sua posição, pois Mercúrio é conversível.

41. A Lua a aplicar-se a um planeta mostra as coisas que estão para vir, conforme a
natureza da sua aplicação a eles; assim, se for a bons planetas, é bom; se for a maus
planetas é o contrário.

42. A Lua afortunada de manhã, o negócio do querente prospera ainda mais durante o dia
que se segue; uma pessoa que nasça quando ela está assim, será afortunada.

43. A Lua desafortunada de manhã mostra a corrupção da pergunta, etc., e aquele que
nascer nessa altura morrerá rapidamente; ou então é muito enfermiço.

44. A Lua em conjunção com Saturno, verifica-se ser um mau dia para qualquer obra.

45. A Lua em conjunção com Júpiter, verifica-se ser um bom dia para todos os assuntos
humanos.

46. A Lua em conjunção com Marte, verifica-se ser desafortunada para qualquer propósito.

47. A Lua em conjunção com o Sol só é adequada para negócios privados; aquele que
nessa altura ficar doente, morre.

48. A Lua em conjunção com Vénus mostra um bom dia, principalmente em assuntos
amorosos.

49. Quando a Lua está em conjunção com Mercúrio, é bom; mas principalmente em
contratos e escritos.

50. A Lua em oposição a Saturno denota um mau dia em todos os tipos de negócios.
51. A Lua em oposição a Júpiter denota um bom dia em todos os tipos de coisas. - Mas eu
tenho as minhas dúvidas.

52. A Lua em oposição a Marte, sois aconselhados a não dar início a nada de importante
nesse dia.

53. A Lua em oposição ao Sol não é boa em nenhuma espécie de assunto.

54. A Lua em oposição a Vénus mostra um louvável dia em todos os tipos de negócios. -
Acredite nisso quem quiser. -

55. A Lua em oposição a Mercúrio mostra um bom dia para todas as coisas, excepto
escritos e contratos.        

56. A Lua em quadratura a Saturno mostra um mau dia, principalmente nos encontros com
reis, pessoas importantes, nobres, etc. As pessoas eminentes não devem fazer viagens
nessa altura, pois comprovar-se-á serem nefastas; aquele que ficar doente, dificilmente
escapará.

57. A Lua em quadratura a Júpiter mostra um bom dia no acesso a homens importantes,
para obter amigos.

58. Quando a Lua está em quadratura a Marte, esse dia é desafortunado para todas as
coisas; principalmente nos conflitos com homens importantes, comandantes, etc. O
mesmo acontecendo nos casamentos; assim como as pessoas doentes, ou morrem ou
sangram.

59. Quando a Lua está em quadratura ao Sol, é um mau dia para pessoas doentes, assim
como para ir obter o favor ou a amizade de pessoas importantes.

60. A Lua em quadratura a Vénus é boa em todas as coisas, principalmente para fazer a
corte e se divertir.

61. A Lua em quadratura a Mercúrio é um bom dia para mercadejar, estudar ou conversar
com reis.

62. A Lua em sextil a Saturno é bom para conversar com pessoas idosas ou para iniciar
qualquer obra de natureza saturnina.

63. A Lua em sextil a Júpiter é um bom momento para resolver coisas, para fazer obras de
caridade e justiça.

64. A Lua em sextil a Marte é um bom dia para travar batalha com um inimigo, para
reduzir ou dividir um exército.

65. A Lua em sextil ao Sol mostra uma boa ocasião para gerir os negócios dos reis ou das
pessoas importantes.

66. A Lua em sextil a Vénus mostra um excelente momento para todas as coisas,
principalmente as do amor.

67. A Lua em sextil a Mercúrio é um bom dia para contratos, acordos, para mercadejar e
selar escrituras, etc.

68. A Lua em trígono a Saturno é um bom dia para construir, arar, etc., e para falar com
magistrados e pessoas graves.
69. A Lua em trígono a Júpiter declara um bom dia em todas as coisas; mas
principalmente para encontros com reis, juízes, etc.

70. A Lua em trígono a Marte é um bom dia para começar a guerra, para terminar as
controvérsias, para caçar, para discursar perante soldados, etc.

71. A Lua em trígono ao Sol é um dia bom para encontrar ou falar com reis, príncipes e
nobres.

72. A Lua em trígono a Vénus denota um excelente dia para todas as coisas,
principalmente para os assuntos de casamento ou de amor.

73. A Lua em trígono ao Mercúrio é um dia bom para conversar com advogados, escribas,
secretários.

74. Quando Saturno está no ascendente, prejudica a questão; quando lá está retrógrado,
destrói-a.

75. Quando Saturno está na décima, quer seja nas natividades ou nas perguntas, destrói
as coisas mais esperançosas.

76. Quando Saturno está na sétima, altera frequentemente o negócio e traz muito
prejuízo.

77. Quando Saturno está na quarta casa, declara um final infeliz para todos os negócios ou
empreendimentos.

78. Em qualquer genitura, eleição ou pergunta, tudo o que Saturno restringe, Júpiter
dissolve.

79. Tudo aquilo que Marte em qualquer altura restringe, Vénus liberta.

80. Quando a Lua se separa de Júpiter ou de Vénus, desfaz aquilo que parece estar cingido
por Mercúrio.

81. Os três planetas superiores em oposição ao Sol são observados como não só
impedindo a questão, mas também a corrompendo.

82. Quando Saturno está em quadratura ao Sol, parece haver um bom progresso, mas um
mau final da coisa.

83. Saturno em quadratura ou oposição a Júpiter dissolve a opressão e a violência


ameaçadas.

84. Saturno em conjunção, quadratura ou oposição a Marte proíbe a alegria e impede ou


destrói a pergunta.

85. Saturno em conjunção, quadratura ou oposição a Vénus, principalmente na décima,


declara que a questão que é apresentada nessa altura está a ser pretendida
desonestamente.

86. Saturno em conjunção, quadratura ou oposição a Mercúrio destrói a questão e faz com
que as coisas que já são impertinentes de si, se tomem ainda mais impertinentes e vãs.

87. Júpiter em conjunção, quadratura ou oposição ao Sol, verifica-se que impede o mal
ameaçado; e não só, mas que também transforma esse mal em bem.
88. Júpiter em conjunção, quadratura ou oposição a Marte, impede a força da procriação e
da corrupção.

89. Júpiter em conjunção, quadratura ou oposição a Vénus mostra a aptidão da questão e


o seu bom final.

90. Júpiter em conjunção, quadratura ou oposição a Mercúrio mostra que o negócio


inquirido chegará a um final feliz e além disso com uma ampliação daquilo que o querente
espera.

91. As infortunas na segunda casa, fortes, declaram que o património ou fortuna do


querente se transformará, de má em boa; tanto nas natividades como nas perguntas.

92. Mas, se as infortunas lá estiverem desafortunadas, o seu património será então


transformado de bom em mau.

93. Pode-se dar o mesmo julgamento quando se encontrarem colocados em qualquer dos
outros ângulos.

94. Quando se encontrar o regente do ascendente na Via Combusta, a pergunta é


normalmente corrompida; a Via Combusta é de 15° de Balança a 15° de Escorpião.

95. Uma infortuna na décima ou na quarta a partir do ascendente da pergunta obscurece o


assunto ou a coisa inquirida, e o querente tremerá (diz o meu Autor) só de pensar sobre o
mal que o espera.

96. Uma infortuna no ascendente ou na segunda casa, afortunada, augura que o negócio
em questão corresponderá ao desejo do querente; mas mostra que ele lucrará pouco com
ele.

97. Mas, se lá estiverem desafortunadas, então declaram que o assunto ou coisa inquirida
nunca chegará a qualquer bom fim.

98. Quando se encontrarem poucos graus horoscópicos e o regente do ascendente estiver


na sexta ou na nona casas, a descender, o querente nunca obtém a coisa que espera; as
fortunas cadentes e as infortunas angulares, o mesmo.

99. Um planeta a significar qualquer assunto ou coisa, se estiver mal disposto no momento
em que o querente o apresenta pela primeira vez, denota um final infeliz e vexatório para
a coisa; mas se estiver bem disposto, dizer o contrário.

100. Quando o significador de uma coisa está em recepção ou bom aspecto com uma
infortuna num ângulo, o negócio do querente pode então ser realizado; mas geralmente,
no final, retira todas as esperanças que deu no início; o reconhecimento da: recepção é
quando um planeta está na casa ou exaltação de outro e este na dele, e ambos livres dos
raios das infortunas.

FIM DOS CEM AFORISMOS DE BETHEM

 
O Cálculo do Temperamento

A apresentação deste estudo não tem como finalidade uma abordagem teórica do
Temperamento ou mesmo uma apresentação histórica do desenvolvimento da teoria dos
Quatro Humores, que mais tarde veio a gerar a do Temperamento, o que me levaria às
Qualidades e aos Elementos e a traçar a rota desde muito antes de Empédocles
passando então por Hipócrates, Aristóteles, Galeno até chegar a fontes bem mais
recentes. A finalidade a que me proponho é a de uma apresentação técnica do cálculo do
Temperamento seguindo a fórmula apresentada por Robert Zoller [1]. Gostaria de salientar
que a minha escolha por esta forma de cálculo em detrimento de outras, como as de,
Ptolomeu, Montulmo, Schoener, Garcaeus, Lilly ou Coley se deve à simplicidade da
mesma e à sua exactidão.

Temperamento – s.m. (Do Lat. Temperamentum ‘combinação’). Carácter de um


indivíduo que corresponde ao conjunto dos seus traços psicológicos e que o distingue dos
outros, condicionando-lhe a constituição física, o comportamento e as emoções. [2]

Os quatro tipos de Temperamento são conhecidos como - Colérico (Bílis Amarela),


Melancólico (Bílis Negra), Fleumático (Fleuma) e Sanguíneo (Sangue).

Como foi mencionado acima, “Temperamentum = Combinação”, pois cada um dos


quatro Temperamentos é composto pela combinação das quatro Qualidades primitivas,
ou seja:

Colérico – Quente e Seco

Melancólico – Frio e Seco

Fleumático – Frio e Húmido


Sanguíneo – Quente e Húmido
 

Por sua vez as Qualidades Primitivas dão lugar aos Quatro Elementos, ou seja:

Quente e Seco – Fogo

Frio e Seco – Terra

Frio e Húmido – Água

Quente e Húmido – Ar

O Cálculo

Os significadores que participam na fórmula de cálculo do Temperamento são os


seguintes:

1. O Signo Ascendente

2. O Almuten do Ascendente

3. Os Planetas que fazem aspecto ao Ascendente


 

Afim de calcular o Temperamento é necessário:

1. Conhecer as Qualidades Primitivas dos Planetas e dos Signos

2. Calcular o Almuten ascendentis


 

Qualidades Primitivas dos Planetas Qualidades Primitivas dos Signos


Saturno – Frio e Seco
Carneiro – Quente e Seco
Júpiter – Quente e Húmido
Touro – Frio e Seco
Marte – Quente e Seco
Gémeos – Quente e Húmido
Sol – Quente e Seco
Caranguejo – Frio e Húmido
Vénus – Quente e Húmida [3]
Leão – Quente e Seco
Mercúrio – Quente e Seco [4]
Virgem – Frio e Seco
Lua – Fria e Húmida
Balança – Quente e Húmido
Escorpião – Frio e Húmido  
Sagitário – Quente e Seco
Capricórnio – Frio e Seco
Aquário – Quente e Húmido
Peixes – Frio e Húmido
 
O Cálculo do Almuten ascendentis:
 

Para calcular o Almuten ascendentis vou tomar como exemplo a natividade apresentada
para este estudo. O Ascendente desta natividade encontra-se a 11º e 11' de Sagitário,
que é o grau que se torna imprescindível para achar o  Almuten ascendentis.
 

Cálculo do Almuten ascendentis para a Natividade do Exemplo


  
Saturno
Júpiter
Marte
Sol
Vénus
Mercúrio
Lua

ASC - 11º Sagitário 11'

 
 
 
 
 
 
 
 
 
Domicílio (5)
 
5
 
 
 
 
 

Exaltação (4)
-
-
-
-
-
-
-

Triplicidade (3)
3
3
 
3
 
 
 

Termo (2)
 
2
 
 
 
 
 

Face (1)
 
 
 
 
 
 
1
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Total
 
3
10
 
3
 
 
1

Consulte a tabela de Dignidades utilizada na elaboração da tabela acima - Click


aqui
 

Mapa de Exemplo
 
 

Uma vez que já está apresentada a fórmula do Cálculo do Temperamento, as Qualidades


Primitivas dos Signos e dos Planetas e já se procedeu ao cálculo do Almuten ascendentis,
vou então apresentar como se calcula o Temperamento.

Os Significadores para o Cálculo do Temperamento são os seguintes:

1. O Signo Ascendente: Sagitário


 
2. O Almuten do Ascendente: Júpiter
 
3. Os Planetas que fazem aspecto ao Ascendente:
 
3.1 O Mercúrio faz um aspecto de Sextil ao Ascendente, contudo, Mercúrio faz um Trígono a
Marte, logo, devido a este aspecto torna-se um Planeta - Quente e Seco
 
3.2 O Marte faz um aspecto de Oposição ao Ascendente
 
3.3 O Sol faz um aspecto de Quadratura ao Ascendente

Tabela dos Significadores para Cálculo do Temperamento


 

Significadores
Quente
Frio
Húmido
Seco
 
 
 
 
 
ASC - 11º Sagitário 11'
1
 
 
1
Almuten do ASC - Júpiter 23º Carneiro 51'
1
 
1
 
Mercúrio - 09º Balança 01'
1
 
 
1
Marte - 13º Gémeos 09'
1
 
 
1
Sol - 13º Virgem 20'
1
 
 
1
 
 
 
 
 

Total

5
0
1
4

Como se pode verificar na tabela acima temos uma grande predominância das
Qualidades Primitivas, Quente (5) e Seco (4), o que dá ao nativo um Temperamento
Colérico.

Nem em todas as Natividades se encontra um Temperamento tão 'definido', pois em


muitas Natividades pode-se encontrar uma mistura de dois Temperamentos.

Palavras-Chave para cada tipo de Temperamento

Colérico: Vontade forte, Ambição, Irascível, Fisicamente bem definidos, Robustos,


Brigão, Vingativo, Inoportuno, Arrogante, Ousado, Imprudente,  Engenhoso, Sedutor,
Tirano, Optimista, Inesgotável, Agressivo, Afirmativo, Gosto por comandar, Impaciente,
Odeia detalhes, Exige demasiado e dá demasiado, Extremista, Gosto por reconhecimento
público, Muito inquieto, Excessivo, Brincalhão, Mordaz, Nervoso e Astuto.

Sanguíneo: Sociável, Amigável, Não se mantêm no mesmo sítio por muito tempo,
Fisicamente bem proporcionados, Alegre, Generoso, Dedicado, Afável, Pacificadores,
Honesto, Modesto, Religioso, Superficial, Distraído, Optimista, Fiel, Liberal, Cortês,
Misericordioso e Confiável.
Melancólico: Detalhado, Ponderado, Lógico, Tendências depressivas, Fisicamente
magro, Estatura média, Prudente, Lentos a resolver assuntos, Fraudulento, Teimoso,
Invejoso, Duvidoso, Triste, Temeroso, Insubordinado, Inexorável, Ambicioso, Taciturno,
Anti-social, Analítico, Pessimista, Conhecedor, Estudioso, Desconfiado e Solitário.

Fleumático: Emoção controlada, mas de sentimentos fortes, Fisicamente cheios e


baixos, Cobardes, Indolentes, Dedicado, Inconstante, Linguarudo, Maçador, Preguiçoso,
Contemplativo, Reservado, Tímido, Resignado, Lento, Profundo estudioso, Caseiro,
Hesitante, Invejoso, Mesquinho, Egocêntricos, Envergonhados, Ganancioso e Sóbrios.

Para um profundo estudo do Temperamento sugiro o curso avançado de Astrologia


[1]

Medieval - para mais informações visite - Robert Zoller - Medieval Astrology

Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, Academia das Ciências de Lisboa - ©


[2]

Academia das Ciências de Lisboa e Editorial Verbo, 2001

Seguindo a fórmula de Robert Zoller para o Cálculo do Temperamento vou usar Quente
[3]

e Húmido para Vénus ao invés de Fria e Húmida

A Mercúrio são atribuídas as Qualidades, Quente e Seco sendo a última predominante,


[4]

contudo as Qualidades de Mercúrio mudam de acordo com os aspectos que recebem de


outros Planetas

Texto retirado do livro Astrologia Cristã de William Lilly

Texto gentilmente cedido por Maria Carlota Machado Mendes, QHP

Conforme foi dito, há doze signos e também doze casas do céu, de forma que vamos agora
referir a natureza dessas doze casas; o seu conhecimento é tão necessário que aquele que
aprenda a natureza dos planetas e signos sem o exacto julgamento das casas é como um
homem imprevidente que se abastece de uma variedade de objectos para casa, não tendo
lugar para os colocar.

Não há nada que diga respeito à vida do homem neste mundo que de uma forma ou de outra
não tenha relação com uma das doze casas do céu e, tal como os doze signos dizem respeito
aos diferentes membros do corpo humano, assim também as doze casas representam não só
as várias partes do ser humano, mas também os seus actos, qualidade de vida e vivência, e a
curiosidade e o critério dos nossos antepassados na astrologia era tal, que deram a cada casa
um significado particular, e assim distinguiram os acontecimentos humanos através das doze
casas, de forma que àquele que entenda as perguntas pertencentes a cada uma delas não
faltarão suficientes bases sobre as quais julgar ou dar uma resposta razoável sobre qualquer
eventual incidente e sobre o seu sucesso.
 

 Da primeira casa e do seu significado

A primeira casa contém toda a parte do céu desde a linha em que o número um se
encontra, até ao número dois, em que começa a segunda casa.

Tem significação sobre a vida do homem, a sua estatura, cor, tez, forma e feitio daquele
que faz a pergunta, ou que nasceu; nos eclipses e grandes conjunções, e aquando do
ingresso anual do Sol em Carneiro, significa o povo, ou o estado geral do país onde a
figura foi levantada.

E como é a primeira casa, representa a cabeça e o rosto do homem, de forma que se


Saturno, Marte ou o Nó Sul estiverem nessa casa, quer no momento da pergunta, quer
no momento do nascimento, observar-se-á algum defeito na cara, ou no membro
correspondente ao signo que está então na cúspide da casa; assim, se Carneiro estiver
no ascendente, a marca, verruga ou cicatriz está com certeza na cabeça ou na cara; e se
ascendem poucos graus do signo, a marca está na parte superior da cabeça; se o meio
do signo estiver na cúspide, a verruga, marca ou cicatriz está no meio da cara ou perto
dela; se ascendem os últimos graus, a cara está marcada perto do queixo, junto ao
pescoço. Isto verifiquei ser verdadeiro em centenas de exemplos.

Das cores, pertence-lhe o branco; ou seja, se um planeta estiver nesta casa, que tem o
significado de branco, a tez da pessoa é mais pálida, branca ou sem cor; ou se se
pergunta sobre a cor das roupas de qualquer homem, se o seu significador estiver na
primeira casa, e num signo correspondente, a roupa da pessoa é branca ou cinzenta, ou
próxima dessa cor, o mesmo acontecendo se a pergunta for sobre gado; quando os seus
significadores se encontram nesta casa, denotam que são dessa cor ou próxima. A casa
é masculina.

Os co-significadores desta casa são Carneiro e Saturno; pois tal como esta casa é a
primeira casa, assim também Carneiro é o primeiro signo e Saturno o primeiro dos
planetas, e portanto quando Saturno está apenas moderadamente bem fortificado nesta
casa, e em aspecto benevolente com Júpiter, Vénus, Sol ou Lua, promete uma boa e
sóbria constituição física e normalmente longa vida; Mercúrio tem também alegria nesta
casa, porque ela representa a cabeça e ele a língua, a imaginação e a memória; quando
está bem dignificado e posicionado nesta casa, produz bons oradores; é chamada o
ascendente, porque quando o Sol chega à cúspide desta casa, ascende ou levanta-se e
toma-se visível no nosso horizonte.

Perguntas respeitantes à segunda casa

 Desta casa pede-se julgamento respeitante ao património ou fortuna daquele que faz a
pergunta, à sua riqueza ou pobreza, a todos os seus bens móveis, dinheiro emprestado,
ao lucro ou ganho, perda ou prejuízo; em processos legais, significa os amigos ou
ajudantes da pessoa; em duelos privados, os padrinhos do querente; num eclipse ou
grande conjunção, a pobreza ou a riqueza do povo; na entrada do Sol em Carneiro,
representa as munições, os aliados e o apoio que o Estado receberá; indica as suas
reservas.

Num ser humano, representa o pescoço e a sua parte posterior até aos ombros; nas
cores, o verde.

Assim, se alguém perguntar sobre qualquer coisa especificada acima como desta casa,
deve-se procurar o significado a partir dela. É uma casa feminina e sucedente, chamada
por alguns autores latinos Anaphora.

Tem como co-significadores Júpiter e Touro; pois se Júpiter estiver colocado nesta casa,
ou for seu regente, é indicação de património ou fortuna; o Sol e Marte nunca estão bem
posicionados nesta casa, qualquer deles mostrando dispersão de bens, conforme a
capacidade e a qualidade daquele que nasce ou que faz a pergunta.

A terceira casa

Significa os irmãos, irmãs, primos ou familiares, vizinhos, pequenas viagens, ou viagens


por terra, mudanças frequentes de um lugar para outro, epístolas, cartas, rumores,
mensageiros. Rege os ombros, braços, mãos e dedos.

Das cores, governa o encarnado e o amarelo, ou castanho encarniçado. Tem como co-
significadores o signo de Gémeos e o planeta Marte, que é uma razão porque Marte
nesta casa, a não ser que esteja junto a Saturno, não está muito desafortunado; é uma
casa cadente e é a alegria da Lua, pois se ela lá estiver posicionada, especialmente num
signo cardeal, é indicação de muitas viagens para aqui e para ali, ou de que raramente
se estará parado. A casa é masculina.
A quarta casa

Dá julgamento sobre os pais em geral, e sempre sobre o pai de quem pergunta; sobre
terras, casas, edifícios, heranças, o cultivo da terra, tesouros escondidos, a decisão ou o
final de qualquer coisa; todas as antigas habitações, jardins, campos, pastagens,
pomares; a qualidade e natureza dos terrenos que a pessoa compra, se são vinhas,
campos de milho, etc., diz se o terreno será florestado, pedregoso ou estéril.

O signo na quatro denota a cidade, o seu regente representa o governador. Rege o peito
e os pulmões.

Das cores, o encarnado. O seu co-significador é Caranguejo e o planeta Sol; chamamos-


lhe o ângulo da terra, ou Imum Coeli; é feminino e é o ângulo Norte. Nas natividades ou
perguntas, esta quarta casa representa o pai, tal como o Sol durante o dia e Saturno
durante a noite; contudo, se o Sol lá estiver colocado, não está mal, mostrando antes
que o pai tem uma nobre disposição, etc.

A quinta casa

Por esta casa julgamos sobre os filhos, as embaixadas, o estado de uma mulher grávida,
os banquetes, as cervejarias, tabernas, divertimentos, mensageiros ou agentes de
repúblicas; sobre o património do pai, as munições de uma cidade sitiada; se a mulher
grávida dará à luz uma pessoa do sexo masculino ou feminino; da saúde ou doença do
filho ou filha daquele que faz a pergunta.

Rege o estômago, fígado, coração, costelas e costas, e é masculina.

Das cores, o preto e o branco, ou a cor de mel, e é uma casa sucedente; os seus co-
significadores são Leão e Vénus, que tem a sua alegria nesta casa, por ser a casa do
prazer, deleite e divertimento; é completamente desafortunada por Marte ou Saturno, e
estes lá colocados mostram filhos desobedientes e perversos.

A sexta casa

Diz respeito aos criados e criadas, escravos, porcos, ovelhas, bodes, lebres, coelhos,
todo o tipo de gado menor e o lucro ou perda deles resultante; à doença, a sua
qualidade e causa, o humor principal que a provoca, se tem cura ou é incurável, se a
doença será curta ou longa; jornaleiros, rendeiros, lavradores, pastores, guardadores de
porcos, vaqueiros, guardas de caça; e significa tios ou irmãos e irmãs do pai. 

Rege a parte inferior da barriga e intestinos até às nádegas; esta casa é feminina e
cadente, desafortunada por não fazer aspecto ao ascendente.

Das cores, o negro. Marte alegra-se nesta casa, mas o seu co-significador é o signo
Virgem e o planeta Mercúrio; geralmente verificamos que Marte e Vénus em conjunção
nesta casa são indicações de um bom médico.

A sétima casa

Dá julgamento sobre o casamento e descreve a pessoa sobre quem se pergunta, quer


seja homem ou mulher, todo o tipo de perguntas de amor, os nossos inimigos públicos;
o arguido num processo litigioso, na guerra define a parte oposta; todas as desavenças,
duelos, processos legais, na astrologia o próprio artista; na medicina o médico; ladrões e
roubos; a pessoa que rouba, quer seja homem ou mulher, esposas, namoradas; o seu
aspecto, descrição, condição, nobre ou ignobilmente nascidas; num ingresso anual, se se
deve esperar guerra ou paz; da vitória, quem vence e quem perde; fugitivos, homens
banidos ou fora da lei.

Tem como co-significadores Balança e a Lua; Saturno ou Marte desafortunados nela,


indicam desventura no casamento.

Da cor, uma cor negra escura.

Rege as ancas, e do umbigo às nádegas; é chamada o ângulo do ocidente e é masculina.

A oitava casa

O património de homens falecidos, a morte, a sua qualidade e natureza; as últimas


vontades, legados e testamentos de homens falecidos; dote da mulher, dote da donzela,
quer seja muito ou pouco, de obtenção fácil ou difícil. Nos duelos representa o padrinho
do adversário; nos processos legais, os amigos do arguido. Que tipo de morte terá um
homem. Significa medo e angústia mental. Quem usufruirá ou será herdeiro do falecido.

Rege as partes privadas. Das cores, o verde e o preto.

Dos signos, tem Escorpião e Saturno como co-significadores, as hemorróidas, os cálculos


renais, a estrangúria, os venenos e a bexiga são regidas por esta casa; é uma casa
sucedente e feminina.

A nona casa

Por esta casa damos julgamento sobre as viagens ou longas travessias além-mar, sobre
homens religiosos, ou clérigos de qualquer tipo, quer sejam bispos ou sacerdotes
inferiores; sonhos, visões, países estrangeiros, livros, estudos, subsídios da Igreja ou
benefícios eclesiásticos, colações; sobre os familiares da mulher da pessoa, & sic e
contrario.

Das cores, pertencem-lhe o verde e o branco.

No corpo humano, rege as nádegas, as ancas e as coxas, Sagitário e Júpiter são co-
significadores desta casa, pois se Júpiter lá estiver colocado, significa naturalmente um
homem devoto na sua religião, ou alguém dado à modéstia; tenho frequentemente
observado que quando a Cauda do Dragão, ou Marte, ou Saturno estão
desafortunadamente colocados nesta casa, o querente é pouco melhor do que um ateu,
ou um fanático furioso; o Sol rejubila nesta casa, que é masculina e cadente.

A décima casa

Geralmente personifica reis, príncipes, duques, condes, juízes, oficiais superiores,


comandantes em chefe, quer de exércitos ou de cidades; todo o tipo de magistrados e
oficiais de autoridade, mães, honra, promoção, dignidade, posição, advogados; a
profissão ou ofício que qualquer pessoa tem; significa reinos, impérios, ducados,
províncias.

Pertencem-lhe as cores encarnada e branca e rege os joelhos e as coxas.

É chamado o Medium Coeli, ou meio-do-céu e é feminino. Os seus co-significadores são


Capricórnio e Marte; tanto Júpiter como o Sol afortunam muito esta casa quando lá
estão posicionados, Saturno e o Nó Sul geralmente negam honra a pessoas de distinção
ou dão escasso apreço público a uma pessoa comum e pouca alegria na sua profissão,
ofício ou mister, se for um artífice.
A casa onze

Representa naturalmente os amigos e a amizade, a esperança, a confiança, a segurança,


o louvor ou a crítica de qualquer pessoa; a fidelidade ou a falsidade dos amigos; quanto
aos reis, personifica os seus favoritos, conselheiros, servidores, os seus associados ou
aliados, o seu dinheiro, finanças ou tesouro; representa cortesãos, etc. num Estado
governado por uns poucos Nobres e Comuns, personifica a sua ajuda no Conselho;
assim, em Londres a casa dez representa o Lord Mayor; a onze o Conselho dos Comuns;
o ascendente representa a generalidade do povo da dita cidade.

Dos membros, rege as pernas até aos tornozelos.

Das cores, rege o açafrão ou amarelo.

Tem o signo Aquário e o planeta Sol como co-significadores; Júpiter rejubila


especialmente nesta casa; é uma casa sucedente e masculina e em virtude é equivalente
à sétima ou quarta casas.

A casa doze

Significa os inimigos ocultos, bruxas, grande gado, tal como cavalos, bois, elefantes, etc.
Tristeza, tribulação, encarceramento, todo o tipo de aflições, destruição da própria
pessoa, etc., e significa aqueles homens que maldosamente minam os seus vizinhos, ou
informam secretamente contra eles.

Tem como co-significadores Peixes e Vénus; Saturno alegra-se muito nessa casa, pois
Saturno é naturalmente o autor de desgraças; e rege os pés no corpo humano.

Na cor representa o verde.

É uma casa cadente, feminina, e por vezes vulgarmente chamada Cataphora, como se
pode chamar a todas as casas cadentes. Este é o verdadeiro carácter das várias casas,
de acordo com a doutrina Ptolomaica, e a experiência que eu próprio tenho tido durante
vários anos. Devo confessar que os Árabes fizeram várias outras divisões das casas, mas
na minha prática nunca pude verificar qualquer veracidade nelas, portanto não digo nada
sobre elas. 

Astrologia Cristã em português disponível em - BIBLIOTECA SADALSUUD

A Quinta é considerar de quantas maneiras a Lua chega a ficar tão mal afectada, as quais são
geralmente contadas como dez mas, na minha opinião, podem ser adicionadas mais sete,
como resultado das quais acontecem impedimentos e danos em todas as perguntas,
natividades, eleições e acções, sejam elas quais forem;

O 1º – é quando a Lua está combusta, quer isto dizer sob os raios do Sol, o que é contado a
partir dos 15 graus do corpo do Sol enquanto ela se lhe aplica, até aos 12 graus de distância
dele quando ela se separa dele; e o impedimento é maior quando ela se dirige ao Sol do que
quando ela se afasta dele; porque quando ela se afasta e já dista dele 5 graus, diz-se que
escapou, apesar de não estar completamente livre. É como quando um homem deixou de ter
febre, diz-se que está recuperado, apesar de estar fraco e desfalecido, porque ele tem agora
a certeza de que recuperará a sua saúde.

O 2° – é quando ela está nos graus das suas descensões, ou seja no 3° grau de Escorpião, ou
em qualquer parte de Escorpião ou Capricórnio, ou ligada a qualquer planeta que esteja nas
descensões dela ou nas suas próprias descensões, tal como quando ela está ligada ao Sol,
estando este em Escorpião ou Capricórnio, ou nas suas próprias descensões, viz. em Aquário
ou Balança, viz. no seu 19° grau, ou em qualquer parte de Balança; ou quando está ligada a
Marte e ele está em Balança ou Touro, ou no 28° grau ou em qualquer outra parte de
Caranguejo; e é assim com qualquer outro planeta ou planetas respectivamente.

O 3° – é quando ela está colocada em qualquer dos graus combustos, dos quais os piores são:
aqueles 12 graus que estão antes do grau que fica directamente oposto ao grau em que se
encontra o Sol, onde quer que isso seja.

O 4° – é quando ela está em conjunção, oposição ou quadratura a qualquer das infortunas,


"Saturno" ou "Marte", sem uma recepção perfeita; pois havendo uma, impede apenas um
pouco, mas em todos os outros lugares é um grande impedimento, tanto no dito aspecto como
na conjunção física, salvo apenas onde a infortuna tenha duas das suas dignidades menores,
como quando Saturno está nos 4 últimos graus de Carneiro ou Gémeos, em cada um dos quais
ele detém o termo e a triplicidade; ou quando Marte está nos últimos 10 graus de Peixes, onde
ele tem o decanato e a triplicidade; e é assim em qualquer outro signo e lugar.

O 5° – é quando ela está com a Cabeça ou a Cauda do Dragão, ou seja, dentro dos doze graus
de distância de cada um, porque esse é o lugar em que ela se eclipsa.

O 6° – é quando ela está em Gémeos, que é o 12° signo a partir do seu próprio domicílio.

O 7° – é quando ela está no final dos signos, que pertencem todos aos termos das infortunas,
excepto os últimos 6 graus de Leão, os quais pertencem a Júpiter; mas, nos primeiros oito ela
está enfraquecida, porque estes são os termos de Saturno. Se for objectado que, pela mesma
razão, ela deve estar igualmente impedida nos primeiros 6 graus de Caranguejo, visto estarem
nos termos de Marte, respondo que não porque Caranguejo é o seu próprio domicílio e sua
maior fortaleza.

O 8° – é quando ela está nas 6ª, 8ª, 9ª ou 12ª casas (sem recepção com o ascendente), ou
ligada a qualquer planeta que esteja em qualquer delas, ou colocada na 3ª casa, porque é
cadente dos ângulos; contudo, como se diz que esta é a sua alegria (ou que ela se deleita
nela), ela não está tão afligida aí como nas outras casas cadentes.

O 9° – é quando ela está entre o 15° grau de Balança e o 15° grau de


Escorpião, sendo estes 30 graus chamados Via Combusta.

O 10° – é quando ela está vazia de curso, ou seja, não está ligada a nenhum
planeta fisicamente ou por aspecto, ou naquela condição em que a chamam de
feral ou deserta, ou seja, num lugar em que não tem qualquer dignidade.

O 11° – é quando ela está lenta, porque então pode ser comparada com um
planeta retrógrado.

O 12° – é quando está com falta de luz, de forma que não se vê, ou vê-se
apenas muito pouco dela, coisa que acontece perto do fim do mês lunar.

O 13° – é quando ela está sitiada por duas infortunas que a impedem.

O 14° – se ela estiver em graus Azimene.

O 15° – se ela estiver em graus Encurralados.

O 16° – se ela estiver em graus Esfumados.


O 17° – e último é quando ela está colocada naqueles graus que são chamados
escuros. Para conhecer e distinguir todos eles, geralmente existem tábuas na
maior parte dos livros de astrologia.

  

Os Fundamentos Clássicos da Antiscia & Contra-antiscia

 Um dos primeiros astrólogos que nos deixou uma demonstração detalhada de antiscia na
prática foi o astrólogo romano Firmicus Maternus do 4º século, que dedicou várias páginas
para a descrição dos seus efeitos no segundo livro do seu Matheseos Libri VIII [1]. A técnica e
a filosofia é evidentemente muito mais antiga e há boas razões para acreditar que foi
introduzida numa fase muito anterior ao desenvolvimento do Zodíaco. Firmicus diz-nos que é
Grega em sua origem [2] e foi ensinada por Hipparchus no 2º século a.C. [3]. Referências às
técnicas são encontradas nos textos astrológicos de Manilius, Ptolomeu, Dorotheus [4],
Antiochus, Palchus, Paulus Alexandrinus, e muitos outros.

A teoria subjacente à antiscia parece ter sido influenciada pela filosofia Pitagórica que
reivindicou que toda a força no universo tem uma contra força de equilíbrio, a qual
também coloca grande ênfase na importância simbólica dos números. Os Pitagóricos
consideraram o número dez, o Decad, como o mais importante e perfeito de todos os
números e as suas convicções eram que o universo consistia em dez esferas celestes.
Junto com os sete planetas visíveis, a Terra e a esfera das estrelas fixas, os Pitagóricos
mantiveram a presença de uma ‘contra Terra’, um oposto paradoxal que equilibrou os
movimentos da Terra e permaneceu invisivelmente localizado no lado oposto do Sol. Isto
era conhecido como o 'antiscion' de anti-cthon que significa ‘terra-oposta’.

O termo Grego 'scia' significa sombra [5]. Em alguma data desconhecida a filosofia de
‘sombras opostas’ ou ‘graus reflectivos’ estava incorporada na astrologia na convicção
que cada grau do Zodíaco tem o seu próprio contra grau, reflectindo a sua distância a
partir do eixo do solstício no lado oposto do mapa. O eixo do solstício vai de 0° de
Caranguejo a 0° de Capricórnio; assim, um planeta a 20° de Sagitário lançará o seu
antiscion a 10° de Capricórnio, ambos os planetas estando a uma distância igual a partir
do ponto do solstício do Sol a 0° de Capricórnio.
 

Reflexos das Antiscia: imagine que o mapa está dobrado na metade ao longo do eixo do solstício
– os planetas ligados pelas antiscia cairão um sobre o outro. Por exemplo, 15° de Caranguejo terá
seu grau contrário a 15° de Gémeos; 3° de Touro o terá a 27° de Leão. Além das experiências
comuns destes graus acima descritos, o relacionamento de dois planetas conectados desta forma
recebem uma potência extra, pelo facto do seu ponto médio cair sobre um grau do solstício.

Manilius descreve este esquema em Astronomica, onde declara que os signos que se
opõem um ao outro no eixo do solstício são capazes de se “verem” um ao outro – sua
terminologia derivou do facto de que ambos nascerão e se porão na mesma parte do
horizonte. Entretanto, a descrição de Manilius difere da de Firmicus, porque ele usa o
meio de Caranguejo e Capricórnio como seus pontos de referência, ligando o signo de
Gémeos a Leão, Touro a Virgem, Carneiro a Balança, Peixes a Escorpião e Aquário a
Sagitário [6]. A explicação óbvia para esta mudança de referência é que o uso das
antiscia como uma técnica astrológica tem uma história muito longa, tendo a sua origem
no tempo em que os 15° de Carneiro marcava o Equinócio Vernal, e os graus do meio de
Caranguejo e Capricórnio correspondiam aos solstícios [7]. O esquema de Manilius é
certamente o mesmo de Firmicus, porque ambos criaram uma associação entre os
períodos iguais do nascer e pôr-do-sol. Manilius denomina-os de signos que se
confrontam, e diz que eles apreciam um ‘princípio de semelhança’ porque o dia é
nivelado com a noite em cada um [8].
 

O esquema como descrito por Manilius. Este eixo do solstício estava


bastante desactualizado na sua época, revelando que Manilius o
retirou de fontes muito mais antigas.

Ptolomeu também descreve este esquema, onde ele diz que ‘os signos que se
contemplam um ao outro’ são também signos de igual poder, desde que igualmente
distantes dos trópicos. Ele explica que eles se ‘contemplam’ mutuamente em parte
porque eles nascem e se põem na mesma parte do horizonte, e em parte porque:

“…quando o Sol entra em qualquer um deles, os dias são iguais aos dias, as noites às
noites, e a duração das suas próprias horas é a mesma.” [9]

Naturalmente, uma vez que os solstícios representam os pontos sobre a eclíptica onde o
Sol alcança a máxima declinação Norte (a 0° de Caranguejo) e Sul (a 0° de Capricórnio),
a sua declinação é paralela nos graus que são igualmente distantes em ambos os lados
(veja o diagrama abaixo).
 

Declinação: A distância norte ou sul do equador de um planeta.

Latitude Celestial: A distância norte ou sul da eclíptica de um


planeta.

A Eclíptica (trajecto do Sol) atravessa o equador a 0º de Carneiro e


Balança, dando ao Sol 0º de declinação nestes pontos.

 
Isto não significa, naturalmente, que dois planetas ligados entre si por um
relacionamento de antiscion irão partilhar o mesmo grau de declinação, como só o ciclo
solar é restringido à eclíptica não pode ter latitude. Contudo, alguns autores modernos
têm admitido que Ptolomeu estava descrevendo nesta passagem um relacionamento
dependente de dois planetas que têm o mesmo grau de declinação, e eles, dessa forma,
usam o termo ‘antiscia’ para se referirem a isto. O que é bem diferente do conceito
tradicional de antiscia. Muitos têm sido influenciados pelo verbete ‘antiscion’ de Nicholas
de Vore, em sua Enciclopédia de Astrologia (1947), onde ele declara (incorrectamente)
que o reflexo ao longo do eixo do solstício é uma aplicação moderna, como a usada na
‘Astrologia Uraniana’, mas que a definição original por Ptolomeu

“...é aplicada para dois planetas que têm a mesma declinação no mesmo lado do
equador. Um na mesma declinação no lado oposto era designado um contra antiscion.”
[10]

Aqui, De Vore interpretou Ptolomeu de modo incorrecto, e referências a outros autores


antigos varrem quaisquer dúvidas que o reflexo através do eixo do solstício é a base
original e tradicional da técnica. Quando olhamos bem de perto o que Ptolomeu escreveu
podemos ver que a afirmação de De Vore não é o ponto que Ptolomeu estava fazendo,
em absoluto; nem Ptolomeu, na verdade, usou o termo antiscion, embora ele
reconhecesse claramente que a relação dos signos que se ‘vêem um ao outro’ era
baseada em uma distância mútua do eixo do solstício. Firmicus, ao mover o ponto de
referência para o reflexo do antiscion de 15° dos signos tropicais para 0°, estava
meramente corrigindo o erro que se tinha acumulado com o movimento do ponto vernal
– um problema que a implantação do Zodíaco tropical erradicou.

Firmicus escreveu a respeito das antiscia,

“Deste modo, Gémeos e Caranguejo enviam antiscia um ao outro. Pois um grau,


qualquer que seja o grau de que recebe um antiscion, envia um antiscion para aquele
grau. Assim Touro e Leão enviam um antiscion um contra o outro, assim Virgem e
Carneiro, Balança e Peixes, Escorpião e Aquário, Sagitário e Capricórnio.” [11]

Firmicus prossegue para sugerir, que quando os planetas não se aspectam entre si,
deveríamos considerar se eles estão unidos pela relação de antiscia:

“…Pois, quando eles enviam um antiscion de uma tal forma que eles estão em aspecto
através do antiscion, em trígono, quadratura, sextil ou oposição, eles auguram tal e qual
como se estivessem assim colocados na disposição normal…”. [12]

Como prova da efectividade das antiscia, Firmicus oferece detalhes de um mapa no qual
ele diz poder ser plenamente compreendido apenas por referência às suas influências.
Sabendo que a identidade do homem por detrás do mapa é bem conhecida do seu
patron, ele o deixou anónimo no livro – um desafio por demais tentador para os
estudantes clássicos que têm usado esses factos fornecidos em sua descrição para
concluir que este era o mapa de Ceionius Rufius Albinus, um famoso escritor em lógica,
geometria, história e poesia, e chefe de prefeitura da cidade de Roma de 30 de
Dezembro de 335 d.C., até ser enviado para o exílio em 10 de Março de 337 [13].
Firmicus registou que o pai de Rufius Albinus, após duas funções sucessivas como
cônsul, tornou-se um ‘exilado escandaloso’, o mesmo sucedeu ao seu filho pelo crime de
adultério, embora mais tarde ele tenha regressado às suas funções. Ele argumenta que
os detalhes da queda do pai de Rufius Albinus, o exílio, e as constantes conspirações
contra ele apenas são revelados se voltarmos as nossas atenções para a teoria das
antiscia.

Firmicus não fornece nenhuma posição dos graus, mas entre muitos dos pontos que ele
faz em relação aos efeitos debilitantes das ligações das antiscia no mapa, ele afirma que
a Lua está posicionada em Caranguejo, o Ascendente em Escorpião e Marte em Aquário.
Apenas por aspecto não haveria nenhuma relação reconhecida entre a Lua e o Marte,
porque seus signos estão inconjuntos. Contudo, o antiscion da Lua em Caranguejo cai
em Gémeos, o qual aspecta Marte por trígono. O antiscion de Marte em Aquário cai em
Escorpião, no Ascendente e, então, em trígono com a Lua. Firmicus viu este
relacionamento entre Marte e Lua como indicador de problemas e disputas:

“E assim a Lua Crescente, atacada por todos os lados pelas várias influências de Marte,
tornou este homem, fisicamente enfraquecido, finalmente num exilado.” [14]
 
 

Geralmente é dito que as antiscia expressam uma simpática relação, mas Firmicus
demonstra que se elas se ligam a um planeta maléfico ou desafortunado, elas podem ser
prejudiciais.

Um método semelhante de averiguar familiaridade é considerar planetas igualmente


colocados a partir dos equinócios. É dito que estes são de uma natureza semelhante,
porque – nas palavras de Ptolomeu – “…eles ascendem em períodos de tempo iguais e
estão em paralelos iguais.” Ptolomeu também diz a respeito destes, que os signos de
Carneiro a Virgem são chamados Comandantes (porque o Sol torna o dia mais longo
quando nestes signos), e os signos de Balança a Peixes são chamados Obedientes
(porque quando o Sol se move através deles o dia é mais curto que a noite) [15]. Um
planeta num signo comandante é assim considerado capaz de exercer um efeito
dominante sobre o planeta na posição obediente.

Manilius e outros autores antigos designaram tais signos de audentia ‘signos que se
ouvem uns aos outros’. William Lilly refere-se a signos que são ‘comandantes e
obedientes’ na página 92 da Astrologia Cristã, mas não fornece uma descrição dos seus
significados. O astrólogo Grego Paulus Alexandrinus percebeu que os signos que se
‘ouvem uns aos outros’ se dispõem bem a uma fuga de fugitivos, para o exterior, e para
acusações, sugerindo que há algum elemento de desarmonia atribuído ao seu significado
[16].

Pode parecer que esta técnica caiu em descrédito na tradição posterior, mas de facto ela
nos dá as contra-antiscia, as quais Lilly nos diz para encontrarmos olhando
simplesmente para o ponto oposto ao antiscion. Isto é correcto porque o reflexo de um
grau pelo eixo equinocial encontra-se oposto àquele que reflecte ao longo do eixo
tropical. O diagrama abaixo demonstra isso.
As linhas verticais mostram os ‘signos que ouvem uns aos outros’, e
inseri no diagrama as posições da Lua e de Marte do exemplo de
Firmicus, com as suas antiscia (A) marcadas em azul, e as contra-
antiscia (CA) marcadas em vermelho. Note como as contra-antiscia,
enquanto opostas às antiscia, também caem directamente no
relacionamento designado pela noção clássica de signos ‘audentia’.
 

Podemos ver novamente porque Nicholas de Vore e os subsequentes astrólogos


modernos têm erroneamente definido as contra-antiscia como um relacionamento entre
dois planetas “na mesma declinação no outro lado [ie., do equador]” – é porque esta
definição se aplicará ao Sol e à posição na qual estará quando atingir a sua própria
posição de contra-antiscion; mas isto apenas se aplica ao Sol. As contra-antiscia
associam planetas a uma distância igual dos equinócios, como por exemplo, 15º de
Peixes corresponderá a 15º de Carneiro. Em tais pontos o Sol tem tanta declinação sul
do equador a um ponto, como tem ao norte do equador a outro. Isso traz a similaridade
dos tempos de ascensão que Ptolomeu considera relevante. Mas esta definição não é
válida para os planetas, os quais, naturalmente, podem permanecer nos pontos das
contra-antiscia, enquanto estão em níveis variados de declinação ou latitude celestial.

Em astrologia tradicional, a conjunção por latitude celestial (a qual ocorre quando dois
planetas estão no mesmo hemisfério e igualmente colocados a norte ou sul da eclíptica)
é importante; mas não fazia parte da técnica de antiscia, e não deveria ser confundida
com os modernos ‘paralelos de declinação’, que, ao contrário, são medidos a partir do
equador. Para os antigos astrólogos, a direcção e latitude de um planeta era muito
significativa, usada para revelar muito a respeito da força e fortaleza de um planeta. A
melhor posição planetária é estar no hemisfério norte, ascendendo em latitude; a pior no
sul, descendendo. Esta consideração é especialmente relevante para a Lua, que é mais
afortunada quando está no norte, ascendendo, e ao mesmo tempo aumentando em luz.

O antiscion nos dá, ao invés, uma noção de ‘semelhança’ [17] baseada na similaridade do
grau do Zodíaco, relacionando os tempos de ascensão e igualdade dos dias e noites. A
contra-antiscia é baseada em um reflexo inverso porque os dias de um são reflectidos
pelas noites do outro. Com o antiscion, um factor mais imediatamente equivalente está
envolvido; com o contra-antiscion é um princípio oposto, assim o relacionamento é mais
difícil, ou antipático. Estes princípios filosóficos concordam com as apreciações de
William Lilly:

“…e tal como há antiscia, as quais sendo de bons planetas consideramos iguais a sextis
ou trígonos, também há contra-antiscia, as quais consideramos como sendo da natureza
de uma quadratura ou oposição” [18].

Lilly não deixou nenhuma evidência do uso de aspectos de ou para as antiscia. Ou seja,
ele usa as antiscia onde elas caem directamente sobre um planeta ou cúspide de casa,
mas não onde elas caem sobre o trígono ou quadratura de um planeta ou cúspide, como
fez Firmicus. (Excepto a oposição, naturalmente, a qual revela o contra-antiscion).

A partir das referências que encontramos em Astrologia Cristã, podemos ver que ele
exigiu uma correspondência exacta ou uma orbe [19] muito próxima e tomou os
contactos das antiscia com planetas favoráveis como um apoio, mas contactos com
planetas impedidos como destrutivos, com os contactos de contra-antiscia a serem
julgados menos úteis. Por exemplo, a conjunção da Lua com o antiscion do Regente do
Ascendente é um factor promissor em assuntos de vida ou morte [20], mas a conjunção
do regente do ascendente com o antiscion do Regente da oitava casa favorece a morte
[21], como faz a conjunção do Sol com o antiscion de um planeta maligno [22].

[1] Firmicus Maternus, Matheseos Libri VIII, (‘Eight Books of the Mathesis or Theory of
Astrology’), 334 a.C., traduzido por Jean Rhys Bram, Noyes Press, 1975. Disponível numa
versão actualizada com observações e notas adicionais por David McCann, da Ascella
Publications, London.

[2] Matheseos, II. XXIX.II

[3]II. Praefatio.II: "Nosso Fronto, que publicou as regras para prognosticar pelas
estrelas, seguiu a teoria das antiscia de Hipparchus".

[4]É descrito por Dorotheus em seu quarto livro, onde ele se refere a contactos
planetários ‘através da revolução dos anos’, (o trânsito do Sol sobre os pontos do
solstício traz a mudança das estações). Dorotheus de Sidon, Carmen Astrologicum,
trad. David Pingree.

[5] Antiscia é plural; o singular é antiscion (grego) ou antiscium (latim).

[6]Manilius, Astronomica, Harvard Heinemann, (trad. G.P. Goold); Loeb Classical


Library. Intro. p.XLVI; 2,466-519.

[7]Referências ao ponto vernal a 15º de Carneiro está preservada nos escritos de


Achilles e Eudoxus. O ponto vernal cai próximo a 15º de Carneiro por volta de 800
a.C.; assim, é a partir deste período que podemos presumir que o Zodíaco (12 signos
igualmente espaçados de 30°) começou a surgir como substituição para as
constelações visíveis em medição astronómica. Os diários astronómicos babilónicos,
datados da metade do século VI a.C., mostram que o Zodíaco estava a ser usado
naquela época para o registo de informações astronómicas, apesar de as constelações
ainda serem referidas, havia uma extensa sobreposição do uso dos signos zodiacais e
das constelações visíveis antes do Zodíaco estar igualmente definido e firmemente
estabelecido. Para uma análise dos vários pontos vernais veja Studies in the History of
Mathematics and Physical Sciences, Vol. I, por O. Neugebauer; p.593 ff.

[8] Manilius, 2.425-435.

[9] Tetrabiblos, 1.15 (Loeb p.77)


Nicholas de Vore, Encyclopedia of Astrology, (Philosophical Library, New York,
[10]
1947); pp.8-9.

[11] Matheseos, II,XXIX.6

[12] Matheseos, II.XXIX.9

[13]Firmicus Maternus, The Error of the Pagan Religions; traduzido e anotado por C.A.
Forbes, (Newman Press, New York, 1970) intro. p.5.

Em 1894 Theodore Mommsen chamou a atenção que os factos históricos só se


poderiam ter ajustado a Albinus, o que foi verificado por Otto Neugebauer que
demonstrou que as informações astronómicas confirmavam este candidato, nascido em
14 de Março de 303 d.C. – por volta das 21h00, de acordo com os seus escritos, The
horoscope of Ceionius Rufius Albinus, AJPh, 74 (1953) 418-420.

[14] Matheseos, II.XXIX.16.

[15] Tetrabiblos, I.14

Paulus Alexandrinus, Introductory Matters, Séc.378 d.C.; traduzido por Robert


[16]
Schmidt, (Golden Hind Press, Berkeley Springs, USA, 1993); p.18-22.

[17] Este é um termo usado por Palchus em referência ao grau do antiscion de um


significador num antigo mapa horário datado de 478 – Greek Horoscopes, (American
Phil. Soc., 1957); p.143.

[18] Christian Astrology, pp.91-92.

[19]“Pouco uso pôde ser feito das antiscia dos planetas nesta figura, porque nenhuma
delas caiu exactamente na cúspide de qualquer casa importante, ou no grau exacto de
qualquer planeta; observei apenas que o contra-antiscion de Saturno cai perto do grau
de Júpiter; de onde eu julguei, …” (CA., p.186: O contra-antiscion de Saturno está
dentro de 3° de Júpiter.)

[20] Ibid., p.255.

[21] Ibid., p.257.

[22]Ibid., p.258. Outras referências podem ser encontradas nas p.164; pp.186-187;
p.263 e p.288.

A FIRDARIA

 Desde o começo da astrologia, é evidente virtualmente em todas as fontes (Ex. Persas,


Gregas, Hindus e Egípcias) que divisões de tempo e espaço foram conferidas aos planetas e
signos em quantidades semelhantes. Uma vez que o tempo não é nada mais que um sistema
de contagem, porque não poderemos usar divisões de arco ou os anos distribuídos de acordo
com os signos e planetas para contar o tempo ou vice-versa? O que poderia ser mais natural
que criar algum género de esquema para relacioná-los? Algo como este tipo de raciocínio deve
ter dado origem aos cronocratores e às direcções, como nós as conhecemos. Assim, em
direcções primárias um grau do equador celeste equivale a um ano; em profecções um signo
(30 graus de longitude da eclíptica) equivale a um ano, um mês, um dia ou grupo de dias.
Como os Dasas Indianos, ou os cronocratores de Valens baseados no tempo ascensional dos
signos, ou os decénios de Firmicus, e as “Idades do Homem”: a Firdaria é um certo número de
anos regido pelos planetas em uma certa ordem que depende do sect do mapa, i.e. se o mapa
é de um nascimento diurno ou nocturno.

Haviam cronocratores, i.e. regentes do tempo gerais onde uma específica duração de tempo
era conferida a um signo ou planeta baseada no tempo ascensional do signo ou do período
planetário regido pelo planeta. E então existiam regentes de um tempo específico indicado por
alguma medida de arco, quer da eclíptica ou do equador celeste. A Firdaria é da primeira
categoria, a dos cronocratores.

A Firdaria foi introduzida por Abu Ma’shar. Não existe nenhuma referência a ela antes dele.
Não existe nada no registo histórico que tampouco confirme ou negue a sua existência
anterior a Abu Ma’shar. A Firdaria é uma técnica de atribuição de cronocratores (regentes
do tempo) entre muitas técnicas ensinadas durante a Era Helenística e Árabe. Não existe
nenhum registo escrito da astrologia praticada na metade da Era Persa (os Sassanianos)
mas encontramos certas doutrinas introduzidas na Era Arábe por astrólogos com um pé em
ambas as escolas. Estes astrólogos foram Kankah al-Hindi, Masha'allah, 'Umar ibn al-
Farruhan at-Tabari e obviamente Abu Ma’shar que veio da Pérsia (Balh). E.S. Kennedy no
seu livro “The Sassanian Astronomical Handbook”, cita Al-Biruni como que dizendo que
Masha’allah e ‘Umar estão “a meio caminho entre os Persas e Abu Ma'shar”.

É supostamente no livro de Abu Ma’shar, “The Thousands” que a Firdaria é discutida em


maior detalhe; com interesse nas suas origens e uso. Porém, este Livro não é mais
existente excepto em extractos nos escritos de outros. Abu Ma’shar menciona a Firdaria na
sua “Great Introduction”, contudo o uso específico e orientações para o seu uso são mais
claramente apresentados na sua obra “On Solar Revolutions”.

Irá ser útil para nós examinarmos este ensinamento na fonte, Abu Ma’shar. [1]
 
“Cada uma das sete estrelas, e os Nodos Ascendente e Descendente, têm
certos tempos determinados, e cada estrela governa para o nativo em
concordância com a sua própria firdar. A firdar do Sol, então, é 10 anos;
de Afrodite, 8; de Hermes, 13; da Lua, 9; de Kronos, 11; de Zeus, 12; de
Ares, 7; do Nodo Ascendente, 3; do Nodo Descendente, 2 – no conjunto,
eles são 75. [2]
 
 
No caso de uma natividade diurna, o Sol assume a regência [3] da primeira
firdar, onde quer que esteja presente, depois Afrodite, depois Hermes,
depois a Lua, depois Kronos, em concordância com a ordem das suas
zonas. [4] No caso de natividades nocturnas, a Lua assume a primeira
firdar, depois Kronos, depois Zeus, depois Ares, conforme a ordem
anterior. [5] A não ser que quando uma das estrelas é a regente, ela
mesma rege [6] um sétimo dos seus próprios anos; depois as restantes
estrelas participam com ela em um significado para coisas boas ou ruins
de acordo com um sétimo da sua própria firdar. E o começo será a partir
da estrela que possui a firdar, enquanto que a estrela situada logo abaixo
dela participará primeiro, depois a estrela seguinte a esta. --- a razão para
a participação das estrelas restantes com a primeira estrela é que os anos
da firdar de cada estrela foram extraídos daquelas que têm uma relação
para com os doze zoidia; mas de uma forma peculiar, os Nodos
Ascendente e Descendente, uma vez que eles não participam mais com
nenhuma estrela, assumem a regência somente após a conclusão dos anos
das sete estrelas e após o nativo ter completado setenta anos, porque eles
não têm domicílios.” [7]
 
 
No final deste Tratado na Secção 7, Abu Ma’shar continua a sua instrução nas suas
próprias distribuições acrescentando;
 
 
“E no caso de natividades diurnas, os nodos distribuem-se depois de Ares;
mas no caso de natividades nocturnas, depois de Hermes. Quando os
setenta e cinco anos tiverem terminado, a divisão da firdar retorna ao
luminar do qual ela começou no início da natividade, em concordância com
a ordem da qual falámos anteriormente. No segundo período [de vida], os
efeitos irão resultar tal como explicámos antes para o primeiro período.
Mas se a vida do nativo for além dos setenta e cinco anos ou for inferior
aos setenta e cinco anos, a sua morte irá ser na Firdaria da estrela na qual
[a distribuição] chegou de acordo com o método estabelecido
anteriormente. [8] E os significados das estrelas nas suas firdarias são
ambas tão peculiares para elas mesmas e em parcerias com outras. Em
acréscimo a estes assuntos, é necessário examinar se os significados
destas estrelas na determinação da natividade estavam também
beneficiados ou corrompidos, e para também fornecer uma opinião relativa
aos efeitos particulares em relação à disposição das estrelas no
nascimento.” [9]
 
Firdaria – de acordo com Abu Ma'shar – Clique aqui
 
 
Quando estas técnicas foram introduzidas na Europa no século 13, elas vieram através
de Abu Ma'shar “Greater Introduction” e de Alchabitius “Introduction to Astrology”
as quais foram traduzidas primeiramente em Latim por dois tradutores na Espanha
medieval no século 12. É através destas traduções que Bonatti explica as Firdarias no
seu “Liber Astronomiae”. “On Solar Revolutions” só foi traduzido mais tarde no
século 15.
 

A razão pela qual eu explico isto é porque existem duas escolas de pensamento no que
diz respeito à ordem da série nocturna da Firdaria. Existe alguma ambiguidade na
explicação de Bonatti quanto à ordem nocturna da Firdaria. Bonatti, ao parafrasear Abu
Ma’shar explica a Firdaria deste modo;
 
 
“Os sábios antigos consideravam certos anos nas natividades que não
eram chamados maiores ou médios ou mesmo menores, [10] mas eles
chamavam-lhes os anos da Firdaria, isto é, anos determinados. Pois cada
planeta determina a sua própria parte da vida do nativo de acordo com a
sua parte de anos da Firdaria neste método.

 
Qualquer que seja o tipo de natividade, a distribuição dos anos da Firdaria
começa a partir do luminar cujo domínio lhe pertence [11] e esse luminar
determina a vida do nativo em concordância com o domínio dos seus anos
da Firdaria, porém não sem a participação dos outros planetas.

 
Pois se a natividade for diurna, começará a partir do Sol, que é o luminar
diurno, o qual dispõe da vida do nativo de acordo com a quantidade de
anos da Firdaria, os quais são 10, com a participação de todos os outros
planetas, mas ele mesmo irá obter o domínio especialmente na primeira
sétima parte desses anos.”

 
Portanto Bonatti apresenta a ordem da distribuição dos planetas exactamente como Abu
Ma’shar faz para a série diurna da Firdaria. Eu não as irei repetir. Quando chega à série
nocturna, Bonatti continua,
 
 
“Mas se a natividade for nocturna a distribuição começará a partir da Lua
que é o luminar nocturno e irá ser em todos os aspectos como foi
explicado quando começava a partir do Sol tanto no que respeita à
participação dos planetas com a Lua como no que respeita à sucessão dos
mesmos na ordem do círculo.

 
E todos os significadores ou dispositores acima mencionados se estiverem
bem colocados aumentarão o bem e diminuirão o mal.

 
E se eles estiverem mal colocados aumentarão o mal e diminuirão o bem.
Este é um assunto laborioso, contudo, deverá ser bem examinado porque
alguns astrólogos, evitando o labor, nem sequer consideram isto [a
Firdaria] nos seus julgamentos, por isso eles caiem em erro.” [12]
 
 
Eu direccionaria a atenção dos leitores particularmente para estas palavras de Bonatti, “Mas se
a natividade for nocturna a distribuição começará a partir da Lua que é o luminar nocturno e irá
ser em todos os aspectos como foi explicado quando começava a partir do Sol tanto no que
respeita à participação dos planetas com a Lua como no que respeita à sucessão dos mesmos
na ordem do círculo.”
 
A ambiguidade desta afirmação é a de que a Firdaria da Lua deveria seguir “em todos os
aspectos” a ordem da Firdaria do Sol. Embora Bonatti estipule isso ao dizer “no que respeita à
sucessão dos mesmos na ordem do círculo”, no qual ele claramente se refere à sucessão
planetária da ordem Caldaica. Porém, a vaga ambiguidade levou alguns astrólogos modernos
contemporâneos medievais, a colocar os nodos da Lua a seguir à Firdaria de Marte na série
nocturna; exactamente como na ordem da sequência diurna. De acordo com este entendimento
de Bonatti, devemos colocar os nodos no mesmo lugar tanto na série diurna como na nocturna,
depois da Firdaria de Marte.
 
Deve-se dizer que esta mesma ambiguidade existe na curta introdução de Abu Ma’shar quando
ele afirma, “No caso de natividades nocturnas, a Lua assume a primeira firdar, depois Kronos,
depois Zeus, depois Ares, conforme a ordem anterior.” Se esta afirmação fosse tudo o que
alguém tivesse para trabalhar ela levantaria muitas questões e muita ambiguidade, apenas
quanto ao que Abu Ma’shar afirma.

 Firdaria – como entendida por Bonatti – Clique aqui


 
 Contudo, em “On Solar Revolutions”, Abu Ma’shar não limita a sua explicação a esta breve e
ambígua afirmação. Em vez disso, ele afirma claramente, “…mas de uma forma peculiar, os
Nodos Ascendente e Descendente, uma vez que eles não participam mais com nenhuma
estrela, assumem a regência somente após a conclusão dos anos das sete estrelas e após o
nativo ter completado setenta anos, porque eles não têm domicílios… E no caso de natividades
diurnas, os nodos distribuem-se depois de Ares; mas no caso de natividades nocturnas, depois
de Hermes.”
 
Que Bonatti quisesse dizer que a Firdaria nocturna devesse em todos aspectos seguir a diurna,
excepto que ela começaria a partir da Lua em vez do Sol, é em si questionável. Não o é com
Abu Ma’shar que é quem introduziu a Firdaria na prática medieval. Se Bonatti está a errar aqui
é porque poderá existir alguma ambiguidade nas palavras de Abu Ma’shar, tal pode lhe ser
perdoado visto que ele não estava por perto quando “On the Solar Revolutions” foi traduzido
após a sua morte. Montulmo muito provavelmente terá possuído a obra final de Abu Ma’shar
pois no século 15 ele reitera a ordem correcta de Abu Ma’shar.
 
 
Aqueles que seguem este entendimento ambíguo das palavras de Bonatti têm encontrado
alguma justificação visto que muitas natividades nocturnas têm sofrido coisas nesta idade, a
partir dos 42 anos, que poderiam facilmente ser atribuídas ao período do Nodo Sul. Contudo,
investigação recente também revela outras causas possíveis deste período o qual se relaciona
com a “crise da meia-idade”. Robert Zoller, por exemplo, tem sugerido uma relação deste
período com “os Anos Críticos” tal como é explicado no Liber Hermetis. Naturalmente existe o
facto de que 42 é metade de 84 (ciclo de Urano) e também de 3.5 ciclos de Júpiter. É a
Profecção do Ascendente na sétima casa e relaciona-se com o ciclo da conjunção Saturno-Marte
e o ciclo de 2 anos nominais das oposições de Marte. Abu Ma’shar sugere que a severidade e
sofrimento destes anos são o resultado de Marte assumir a regência natural deste período que
se inicia aos 41 anos. Estes eram denominados “as Idades do Homem” onde cada planeta tinha
um significado natural para um determinado número de anos no desenvolvimento de um
nativo.
 
A questão é que enquanto esta ambiguidade no texto de Bonatti poderá ser uma sorte
“acidental” e correcta, poderá provavelmente “não” ser, uma vez que existem indicadores
igualmente interessantes que podem explicar este período ainda melhor que o período nodal
mal colocado na série nocturna.
 
Quando trabalhando com a Firdaria, talvez seja sábio ainda não gravar nada em pedra, mas
usar ambas as séries da Firdaria nocturna, mantendo uma mente aberta e testar ambas. Nós
precisamos de abordar estas técnicas anciãs preditivas, quer seja Firdaria, Profecções,
Direcções Primárias, Revoluções Solares etc. com humildade e deixando-nos abertos para a
possibilidade de que o nosso entendimento possa por vezes ser imperfeito ou mesmo carecer
completamente de aconselhamento sobre o assunto. Nós ainda estamos no processo de
aprendizagem e de recuperação de uma boa quantidade de coisas do passado e é por isso
muito perigoso gravar algo em pedra.
 
Lentamente aprendemos,
 
Steven Birchfield
 
[1] Tratado IV – “On Solar Revolutions” – por Abu Ma’shar, traduzido e anotado por Robert
Schmidt e publicado por Project Hindsight ©1999
 
[2] É importante notar que 70 anos (a soma da Firdaria planetária sem a Firdaria nodal)
igualam 3650 semanas regulares, ou o equivalente a um “ano” em “semanas” consistindo de
70 dias cada.
 
[3] kebernësis. O texto em Latim traduz isto como disposito.
 
[4] Isto é, em ordem Caldaica descendente.
 
[5] Como é claro no parágrafo final neste tratado sobre Firdaria, os nodos continuam a ser
colocados em último na sequência das natividades nocturnas.
 
[6] diepõ. Na tradição helenística, este verbo também é usado para a regência de uma hora de
um dia de acordo com o sistema de horas planetárias. O texto em Latim traduz esta palavra
grega como dispono, não fazendo qualquer distinção entre este e o verbo kubernaõ que
usualmente se aplica ao regente da Firdaria, não ao regente de uma das suas subdivisões.
 
[7] Os nodos desta forma têm um papel de certa maneira especial. Eles têm determinados
períodos de tempo ou Firdaria associados a eles, tal como os planetas. Contudo, eles não
podem assumir a regência das subdivisões da Firdaria planetária – isto é, eles não podem
participar com os planetas que governam a Firdaria; nem os seus próprios períodos são
subdivididos e partilhados pelos outros planetas. No final da série de futuras delineações, os
nodos são de facto anexados no final da lista de planetas participantes e distribuidores de
tempo na Firdaria de Ares, sem títulos de capítulos separados ou especial anúncio, de
qualquer forma sem dizer que eles distribuem tempo dentro da Firdaria de Ares. Então Abu
Ma’shar aqui considera-os como tendo um papel semelhante ao dos planetas participantes,
eles apenas não têm nenhum planeta com o qual participar; por outro lado, eles são tratados
como se pudessem ter a regência (kebernësis) de uma Firdaria como os planetas, no entanto
ele aqui diz que eles têm a regência (diepõ) de um período de tempo, o qual é o verbo que
parece ser reservado para o papel dos planetas participantes.
 
[8] O verbo katëntëse aqui não tem um sujeito óbvio nesta frase. Na suposição de que “o
método estabelecido anteriormente” se refere aos procedimentos directivos dispostos no
precedente Tratado III, eu forneci “a distribuição” como sujeito, a ideia sendo que se a
distribuição e distribuidor indicam a morte em um certo momento, a morte não será certa a
menos que o distribuidor para esse momento esteja na sua própria Firdaria.
 
[9] Esta última frase diz-nos como especificar os regentes da Firdaria e os seus planetas
participantes para um determinado mapa natal, examinando ambos os factores que os
beneficiam ou os corrompem, assim como as suas posições por casa e regências de forma a
fazer delineações gerais da Firdaria mais específicas.
 
[10] Isto claramente se refere aos maiores, médios e menores anos associados aos planetas.
Ex., os anos maiores do Sol são 120 anos, os seus anos médios são 69.5 anos e os seus anos
menores são 19 anos.
 
[11] I.e., o luminar do mapa é determinado se a natividade é diurna (dia) ou nocturna (noite).
O Sol rege as natividades do dia e a Lua as da noite.
 
[12] Tractus de nativitatibus, Capítulo III – “Liber Astronomiae” – por Guido Bonatti,
traduzido por Robert Zoller e publicado em ”Tools and Techniques II” 3ª edição © Robert
Zoller e New Library Limited 2003.

 Os 120 Aforismos de Ibn Ezra

Julgamentos Gerais Aplicáveis às Cartas Natais ou Horárias

 O capítulo VIII fala das conclusões que se devem observar nos Julgamentos, e que são 120

1. A Lua A primeira afecta a Lua, posto que ela dá a sua força a todos os planetas quando se
junta com eles. Por outro lado, nenhum planeta dá a sua força à Lua, e ela translada a luz de
um e cede-a ao outro. A Lua significa qualquer classe de pensamentos e o começo de todas as
coisas.

Quando a Lua se encontra na sua fortaleza significa qualquer classe de bem que começa nesse
momento. Quando está débil, significa qualquer classe de mal que vai começar então.

A 2ª é que quando a Lua está sozinha [1] significa que não vão seguir um bom rumo todas as
coisas sobre as quais nos perguntam nesse momento.

A 3ª é que o planeta que se junta à Lua por conjunção ou aspecto significa o que vai acontecer
e o que se vai passar com quem pergunta. Se este planeta for bom, mostra ventura, e se for
mau significa desventura.
A 4ª é que quando a Lua se afasta de algum planeta significa coisas já sucedidas. Se o planeta
for bom mostra coisas boas, se for mau, coisas más.

A 5ª é que se a Lua dá a sua força a um planeta e este também se encontra na sua força, em
qualquer interrogação, resultará tudo na perfeição.

A 6ª é que o dia em que a Lua for com os planetas maus, todas as coisas serão danificadas e
nada poderá resultar na perfeição.

A 7ª é que se houver um planeta mau dentro do Ascendente e a Lua se encontrar em algum


dos ângulos, significa o mal em qualquer coisa perguntada naquele momento, medo e dor
física. Se a Lua estiver numa Casa cadente, significa medo mas não dor.

2. Os Planetas Benéficos e Maléficos

A 8ª é que há planetas benéficos e maléficos.

Onde se encontrarem planetas benéficos, o significado é bom, e os planetas maléficos


significam o mal.

A 9ª é que os planetas bons, quando estão directos, o seu significado é bom, tanto se recebem
alguma força como se não.

Se a receberem, é muito melhor.

Os maus causam dano e se receberem alguma força de um planeta bom, diminuem a malícia e
o dano não será tanto.

A 10ª é que um planeta não recebe dano até que a luz o afecte na orbe da força do seu corpo.

Se, todavia, não tiver entrado, só mostra dano escasso e, depois do daninho se afastar dele um
grau, significa medo, mas a coisa já começa a diminuir. No entanto, se o planeta significador da
pergunta não formar aspecto ao Ascendente, significa que não se satisfazem perfeitamente as
esperanças de quem apresenta a pergunta.

A 11ª é que os planetas bons, quando formam aspecto aos maus, diminuem a sua capacidade
de causar dano.

A 12ª é que os planetas bons significam o bem de qualquer modo; e os planetas maus, o dano
em qualquer momento, a menos que o planeta mau esteja na sua força maior, o que significa o
bem, mas nesse caso este virá com esforço e tristeza.

A 13ª é que se os planetas bons estão no contrário à sua semelhança [2], no signo da sua
Vergonha[3], no oposto da sua amizade, na Casa VI ou na XII, não causam nenhum benefício,
tal como o deveriam fazer por princípio.

A 14ª é que quando os planetas maus estão no signo contrário à sua semelhança, na sua
Vergonha, numa Casa cadente ou no oposto da sua amizade, causam pouco dano.

A 15ª é que se um planeta bom estiver na sua força e for regente único do nativo, nesse
momento constitui o maior bem.

A 16ª é que se Júpiter formar aspecto ao mau, transforma a sua malícia em bem.

Vénus não pode tirar o mal de Saturno, mas sim o de Marte, em maior medida do que Júpiter.
A 17ª é que se os planetas bons e os maus estiverem num mau lugar, ou se estiverem
combustos, significam coisas de pouco valor e não fazem nem bem nem mal.

A 18ª é que se o planeta mau estiver antes do sol e se se encontrar num signo em que tenha
alguma senhoria, estiver na sua força e não formar aspecto com ele outro planeta mau, será
melhor do que o planeta bom quando está combusto ou retrógrado.

A 19ª é que se um planeta mau for o significador de uma interrogação e entrar em conjunção
com ele o regente do Ascendente e, além disso, a Lua lhe fizer uma quadratura ou oposição, se
pelo seu esforço se realizar o pedido, o final será mau.

A 20ª é que se um planeta mau for o regente do Ascendente e estiver num signo em que
tenha alguma dignidade essencial, diminui o seu dano, mas se estiver retrógrado acumula mal
sobre mal.

A 21ª é que quando um planeta mau está em conjunção com algum planeta bom, ou há um
aspecto de quadratura ou oposição entre eles, diminui a sua bondade.

A 22ª é que se um planeta mau está na sua senhoria e se encontra numa Casa angular ou
sucedente, tem força como se fosse bom.

A 23ª é que quando um planeta maléfico está num grau onde não tem senhoria alguma,
significa nessa altura maior mal.

A 24ª é que se um planeta mau está num dos ângulos e outro mau forma com ele um aspecto
de quadratura ou oposição, nessa altura será muito mais daninho; mas, se o aspecto for de
trígono ou sextil, afastá-lo-á da sua maldade.

A 25ª é que se um planeta mau for significador de alguma interrogação, mostra que a coisa
não virá se não ao cabo de muito tempo, com esforços e tristezas.

A 26ª é que quando um planeta mau dá a sua força a um planeta mau, nessa altura acumula
mal sobre mal.

Quando um planeta bom dá a sua força a outro bom, significa o bem sobre o bem.

Quando um planeta mau dá a sua força a outro bom, transforma a coisa em má.

A 27ª é que quando um planeta, quer seja bom ou mau, se encontra na sua Casa ou no signo
da sua Honra[4], o significado é bom.

A 28ª é que se um planeta se encontra no começo de algum signo, não adquire grande força
até que entre 5º no seu interior.

Igualmente, um planeta a menos de 5º de distância da cúspide de uma Casa influi também


sobre essa Casa.

A 29ª é que um planeta que se encontre entre os graus 1 e 15 de uma Casa terá muita força
na dita Casa.

A 30ª é que se o significador de uma pergunta tiver tido aspecto com um planeta mau e já se
tiver afastado dele um grau, assinala temores, mas que não se realizam.

A 31ª é que um planeta no signo da sua Vergonha significa ira.


A 32ª é que um planeta retrógrado significa amargura e destruição de tudo aquilo sobre o que
tem regência.

A 33ª é que um planeta no seu primeiro estacionamento é como um homem que está
perturbado, sem saber o que fazer de si mesmo e cujo final é mau.

No segundo estacionamento, é como um homem que espera algum bem e, no final, cumpre-se
a sua esperança.

A 34ª é que se um planeta estiver lento, também atrasará aquilo que significa, seja bom ou
mau.

Se Saturno ou Júpiter estiverem num signo cardeal, anunciam que o feito se cumprirá
prontamente.

A 35ª é que um planeta no final de um signo perdeu a sua força aí, e já a tem no signo onde
vai entrar.

Mas, se se encontrar a 29º ainda tem força naquele signo, já que cada planeta tem força em
três graus: aquele em que se encontra, um grau para a frente e outro para trás.

A 36ª é que se existirem dois planetas num signo e o rápido se aproximar do lento, mas antes
de culminar a conjunção, este último sai do signo e o rápido corre atrás dele e fazem a
conjunção no novo signo, significará que se verá cumprida a interrogação depois de ter sido
abandonada.

A 37ª é que se um planeta formar aspecto ao lento que tiver saído do signo antes de fazer a
conjunção com o outro mais rápido, o planeta que forma aspecto não tira nenhuma força ao
rápido, já que tem mais força a conjunção do que os aspectos.

A 38ª é que se um planeta estiver numa Casa que é da sua natureza, terá mais força do que
se se encontrar num lugar contrário a ela, já que aí a sua natureza fica diminuída.

A 39ª é que se um planeta bom for recebido, aumenta a sua bondade, se se tratar de um
planeta mau, diminui a sua maldade.

A 40ª é que se um planeta não estiver num lugar onde tenha senhoria e se encontra na Casa
VI ou XII, não tem nenhuma bondade.

A 41ª é que se houver algum planeta soberano sob os raios do Sol, não tem força alguma.

Se se tratar de um planeta inferior e estiver retrógrado, é o pior que pode dar-se.

A 42ª é que se um planeta for o significador da interrogação e se se encontrar retrógrado, mas


for virar directo; ou se encontra sob os raios do Sol, mas estiver a sair deles, significa que se
verificará uma parte daquilo sobre o que se pergunta.

A 43ª é que se um planeta bom estiver caído no poço [5] diminui a sua bondade; se se tratar de
um planeta mau, aumenta a sua maldade.

A 44ª é que quando um planeta se encontra na Casa VIII não significa nem bem nem mal;
mas se se tratar de um planeta mau, significa um mal completo.

A 45ª é que quando um planeta se encontra no seu primeiro estacionamento, significa perda e
diminuição sobre aquilo que se pergunta.
Se se encontra no segundo estacionamento, o seu significado é bom e indica fortaleza para
quem faz a pergunta.

A 46ª é que se a força da duodenária[6] de algum planeta estiver em bom lugar, aumenta os
bons augúrios.

A 47ª é que quando há um planeta num signo fixo, significa uma coisa firme.

Se o signo for cardeal significa uma coisa móvel.

E se se trata de um signo mutável, significa que a coisa se cumprirá em parte, ou que se


alterará duas vezes.

A 48ª é que quando o planeta que recebe a força se encontra em mau lugar, o seu significado
é mau.

A 49ª é que se o regente do Ascendente estiver na Casa da sua Inveja [7], significa que o
homem que interroga não tem vontade de fazer nessa altura aquilo que por se interessa.

A 50ª é que se um planeta se une a planetas bons e maus, Recebe a Força do mais forte que
há entre eles.

A 51ª é que se o senhor do Ascendente Dá a sua Força ao da Casa da pergunta, significa que
deseja a coisa com toda a sua vontade.

E se o senhor da pergunta Dá a sua Força ao do Ascendente, mostra que a coisa virá sem
esforço.

A 52ª é que se um planeta fica retido entre o regente do Ascendente e o da pergunta, significa
que haverá um homem intrometido que bloqueará a coisa.

A 53ª é que se o regente do Ascendente se estiver a separar do da pergunta, significa que ele
tirará a coisa da cabeça.

A 54ª é que se nenhum planeta forma aspecto à Lua, significa preguiça.

A 55ª é que se vários planetas formarem aspecto à Lua, haverá muitos que ajudam a ver
cumprido aquilo sobre que se pergunta.

A 56ª é que se algum planeta Toma a Luz do senhor do Ascendente e a dá ao senhor da


pergunta, significa que a coisa virá pela intervenção de terceiros.

A 57ª é que se o regente do Ascendente se encontra no signo da sua força e os planetas


regentes dessa triplicidade formam aspecto com ele, significa que os seus parentes o ajudarão
a ver cumprida a coisa.

A 58ª é que se o regente da interrogação se encontra em condições de Devolver a Luz,


significa que a coisa se cumprirá depois de a ter esquecido.

A 59ª é que o planeta regente da interrogação se chama significador; se este se encontra em


condições de Dar a Força, significa que a coisa se cumprirá à sua vontade.

A 60ª é que se o significador está em condições de dar Senhoria [8], significa que destruirá a
coisa a outro.
A 61ª é que se o significador pode Dar Natureza[9], significa muita alegria na coisa.

A 62ª é que se o significador pode Dar Duas Naturezas [10], significa alegria para aquele que faz
a pergunta, e para aquele a quem se faz a petição.

A 63ª é que se o significador estiver em condições de Direitura [11], significa o bom fim da
pergunta.

A 64ª é que se o significador estiver em condições de Torcedura [12], significa que abandonará a
coisa.

A 65ª é que se o significador sofrer Retenção, significa que depois de ter havido grande
esperança na coisa, esta se perderá.

A 66ª é que se o significador estiver em condições de Devolver a Luz para o Mal, significa que
aquele que pergunta se arrependerá de ter feito a pergunta.

A 67ª é que se o significador estiver em condições de Destruição, mostra que a coisa se


malogrará.

A 68ª é que se o significador estiver em condições de Acontecimento [13], sucederá alguma coisa
que se perderá por causa daquilo que é o objecto da Pergunta Horária.

A 69ª é que se o significador estiver em condições de Perda, significa que abandonará aquela
demanda por outra.

A 70ª é que se o significador estiver de tal forma que outro Corta a sua Luz, significa que o
outro homem lhe fará perder aquilo por que pergunta.

A 71ª é que se o significador se encontra em Prazer, significa que alguém lhe fez o bem.

A 72ª é que se o demonstrador estiver em Recompensa [14], significa que fará um favor a
alguém.

A 73ª é que se os significadores estão em Recepção Mútua significa que sucederá algo que
encaminhará a sua demanda por roteiros que não estavam nas suas intenções.

A 74ª é que se o significador se encontra em Franqueza [15], significa que quem interroga ama
muito aquilo por que pergunta, e se a pergunta for sobre outra pessoa, indica que o afecto é
correspondido.

A 75ª é que se o significador se encontra em Semelhança, significa todo o bem que se pode
dar naquilo por que inquire.

A 76ª é que se o significador se encontra no meio de dois maus (Assédio [16]), significa prisão e
tormento.

Se o demonstrador se encontra no meio de dois planetas bons, significa toda a classe de coisas
boas.

A 77ª é que se o significador se encontra em Senhoria, significa a fortaleza daquela coisa pela
qual se pergunta.

A 78ª é que é necessário saber que os planetas dão testemunho nas interrogações.
E se estão bem, fazem-no para o bem, e se estão mal, fazem-no para o mal.

Assim, um planeta no seu domicílio é como um homem que se encontra sentado em sua casa.

A 79ª é que o planeta que se encontra na Casa da sua Honra, é como um homem que se
encontra engrandecido de honras.

A 80ª é que o planeta no seu termo é como um homem sentado no seu lugar.

A 81ª é que um planeta na sua triplicidade é como um homem que se encontra entre os seus
parentes.

A 82ª é que o planeta na sua face é como um homem que está vestido e aprumado.

A 83ª é que o planeta que se encontra na sua Altura [17] é como o homem que cavalga sobre o
seu cavalo.

A 84ª é que o planeta na sua Semelhança é como um homem que se encontra num lugar com
as honras que merece.

A 85ª é que o planeta que se encontra no lugar contrário à sua Semelhança é como um
homem quando se encontra num lugar que não merece.

A 86ª é que o planeta que se encontra na sua Inveja é como um homem que briga consigo
mesmo.

A 87ª é que o planeta que se encontra num lugar onde não tem senhoria, é como um homem
longe da sua terra.

A 88ª é que um planeta que está na sua Baixeza [18], é como um homem que caiu da sua
senhoria.

A 89ª é que o planeta que se encontra sob os raios do Sol é como um homem que está na
prisão.

A 90ª é que o planeta combusto é como um homem enfermo que deseja morrer.

A 91ª é que um planeta no seu primeiro estacionamento é como um homem que está a pensar
num mal que lhe vai acontecer e se encontra à espera.

A 92ª é que o planeta retrógrado é como um homem que se rebela manifestamente.

A 93ª é que um planeta no seu segundo estacionamento é como um homem à espera de


algum bem.

A 94ª é que o planeta lento no seu movimento é como um homem que se encontra cansado e
não pode andar.

A 95ª é que o planeta rápido no seu movimento é como um homem jovem que está a correr.

A 96ª é que o planeta que está antes do Sol (oriental) é como um homem que espera poder
fazer a sua vontade.

A 97ª é que o planeta que está depois do Sol (ocidental) é como um homem que está triste.
A 98ª é que um planeta que está junto ao Sol é como um homem sentado com o rei num
assento.

A 99ª é que um planeta que forma aspecto a outro, é como um homem que busca como
materializar a sua vontade.

A 100ª é que o planeta que se separa de outro, é como um homem que se arrepende de algo.

A 101ª é que um planeta angular é como um homem que se encontra no seu lugar.

A 102ª é que um planeta que está numa Casa sucedente é como um homem que espera.

A 103ª é que um planeta cadente é como um homem que se afasta do seu lugar.

A 104ª é que os planetas em conjunção são como dois homens que vão ao lado um do outro.

A 105ª é que os planetas unidos por aspecto sextil são como dois homens que procuram fazer
amizade um com o outro.

A 106ª é que os planetas unidos por aspecto de trígono são como dois homens de uma só
natureza.

A 107ª é que os planetas que formam aspecto de quadratura são como dois homens em que
cada qual procura a senhoria para si.

A 108ª é que os planetas em oposição são como dois homens que brigam com ódio.

A 109ª é que os planetas no Ascendente são como uma criatura que está a nascer do ventre
da sua mãe.

A 110ª é que um planeta na Casa II é como um homem que está na casa do seu protector.

A 111ª é que o planeta na Casa III é como um homem que visita os seus irmãos.

A 112ª é que um planeta na Casa IV é como um homem em casa dos seus avós, ou na sua
herdade.

A 113ª é que um planeta na Casa V é como um homem na sua mercancia, ou na sua alegria.

A 114ª é que o planeta na Casa VI é como um homem que foge.

A 115ª é que o planeta que se encontra na Casa VII é como um homem que está preparado
para o combate.

A 116ª é que o planeta na Casa VIII é como aquele homem que se sente invadido pelo pânico.

A 117ª é que o planeta que se encontra na Casa IX é como aquele homem que anda a correr o
mundo, ou como o que desceu da sua senhoria.

A 118ª é que o planeta na Casa X é como aquele homem que se encontra elevado na sua
senhoria.

A 119ª é que o planeta na Casa XI é como aquele homem que está na casa dos seus amigos.

A 120ª é que o planeta que está na casa XII é como aquele homem que se encontra na prisão.
[1]
Sozinha. Vazia de Curso.

[2]
Semelhança. Quando um planeta masculino se encontra num signo e grau
masculinos, de dia acima do horizonte e de noite abaixo, ou um planeta
feminino se encontra num signo e grau femininos, de noite acima do horizonte e
de dia abaixo, falamos de semelhança. Se houver algum planeta em
circunstâncias distintas das citadas, o seu significado não é bom de todo.

[3]
Vergonha. Queda, signo oposto ao da exaltação ou honra.

[4]
Honra. O mesmo que exaltação.

Poço. Poço é o equivalente aos graus usualmente conhecidos por graus que
[5]

diminuem a fortuna.

Duodenária. Sectores que resultam ao dividir os trinta graus de um signo em


[6]

doze partes iguais em grupos de dois graus e meio.

[7]
Inveja. Desterro, detrimento ou exílio é o signo oposto ao domicílio.

[8]
Dar Senhoria. Quando dois planetas se aspectam por trígono ou sextil.

Dar a sua Natureza. Quando um planeta se encontra num signo e entra em


[9]

conjunção com aquele que aí tem regência, exaltação, triplicidade, termo ou


face, dá-lhe a sua natureza.

Dar Duas Naturezas. Quando um planeta com alguma dignidade num signo
[10]

entra em aspecto com outro planeta que também tem dignidade no mesmo
signo, ou quando um planeta nocturno entra em conjunção ou aspecto com
outro planeta nocturno.

Direitura. Quando um planeta está na sua fortaleza e se encontra numa Casa


[11]

angular, ou na II, V, VIII ou XI, chama-se direitura.

[12]
Torcedura. Quando um planeta está em Casas cadentes.

Acontecimento. Fenómeno que se dá quando três planetas se encontram no


[13]

mesmo signo, em número crescente de graus: primeiro o mais rápido, depois


um lento e outro rápido. Se, antes do mais rápido fazer a conjunção com o
lento, o outro em maior número de graus começar a retrogradar e fizer antes a
conjunção com o lento, falamos de acontecimento.

Recompensa. Quando um planeta tirou outro do seu poço e cai, ele próprio,
[14]

no poço ou em queda, e o que está fora o tira de lá.

Franqueza. Quando dois planetas se encontram cada qual no domicílio ou


[15]

exaltação do outro, ou em qualquer tipo de senhoria do outro, falamos de


franqueza, mesmo que não haja entre eles conjunção ou aspecto, e
consideramo-la como recepção.

Assédio. Quando um planeta se afasta de outro mau após culminar a


[16]

conjunção ou o aspecto e se junta a outro planeta, ou se houver um planeta


num signo, de modo que entre dois planetas maus haja um bom, chamamos-
lhe assédio, já que o planeta central está débil, mas se o Sol formar aspecto
àquele planeta bom que está separado do mau ou que se encontra no meio de
dois maus, então o Sol retira-lhe muito dano, e a sua debilidade não será tanta.
[17]
Altura. Apogeu, Auge.

[18]
Baixeza. Perigeu

 Os 120 Aforismos de Ibn Ezra retirados do livro "Livro dos Julgamentos das Estrelas"

ASTROLOGIA HORÁRIA

O relacionamento da minha irmã irá ter futuro?

A Figura Horária
A pergunta desta figura horária foi feita por uma irmã preocupada com o relacionamento da
sua outra irmã, o que tornou esta figura horária interessante do ponto de vista técnico, uma
vez que para efectuar o julgamento seria preciso fazer uso da derivação de casas. 

As circunstâncias que rodeiam a pergunta:

A irmã, preocupada com o afastamento que tinha vindo a notar há já algum tempo da
parte do parceiro da sua outra irmã, desejava saber se o relacionamento que a sua
irmã mantinha há bastante tempo iria ter futuro.

 A pergunta:

O relacionamento da minha irmã irá ter futuro?

 No caso desta figura horária quem fez a pergunta não foi a pessoa directamente envolvida no
assunto, mas sim a sua irmã, sendo assim, a irmã aqui foi só a intermediária entre o
astrólogo e o assunto da outra irmã. Perante este facto não atribui o ascendente, o seu
regente e a Lua como co-regente da irmã que fez a pergunta. A Lua de qualquer forma não
podia desempenhar este  papel, uma vez que já era regente do ascendente.

A casa III representa os irmãos (tanto em horária como em natal), por isso atribui a casa III
como o ascendente da irmã sobre a qual se perguntou e o seu regente como seu significador
– Mercúrio.

A casa VII representa o parceiro da irmã sobre a qual se perguntou. Contudo e uma vez que
não foi a interessada a fazer a pergunta e sim a sua irmã, procedi à derivação das casas. A
irmã sobre a qual se perguntou foi representada pela casa III, a casa dos irmãos, então
derivei a casa VII da III. Sendo a casa IX a sétima casa a partir da terceira, a VII da III,
atribui a casa IX e o seu regente como significador do parceiro – Júpiter.

Como é fácil de observar – Mercúrio – o significador da irmã sobre a qual se perguntou está
posicionado na casa VII derivada (a casa do parceiro), a radical IX, o que é revelador de um
extremo interesse pelo parceiro. Também o facto de Mercúrio, o significador da irmã sobre a
qual se perguntou, ser o planeta significador mais rápido que o significador do parceiro, Júpiter,
é mais um testemunho que ela era a mais afeiçoada e apaixonada dos dois.

Um outro ponto de extremo interesse nesta figura horária são as debilidades, detrimento e
queda, que Mercúrio tem no signo onde se encontra posicionado – Peixes. Estas debilidades de
Mercúrio em Peixes são bastante reveladoras dos sentimentos de rejeição e distanciamento do
parceiro perante a parceira – a irmã sobre a qual se perguntou, mas também da consciência
que ela tinha da situação e da extrema angústia em que ela se encontrava.

Em Astrologia Horária os aspectos aplicativos e separativos simbolizam o que se vai passar ou o


que já se passou, respectivamente.

Se prestarmos atenção à figura acima é fácil de observar que Mercúrio e Júpiter estão em
aspecto separativo.

Mercúrio encontra-se a 20º 49’ de Peixes e Júpiter a 17º 03’ Rx de Escorpião. Mercúrio
e Júpiter encontram-se em trígono separativo de 03º 46’, ou seja, Mercúrio o
significador da irmã sobre a qual se perguntou e Júpiter, o significador do parceiro,
estavam a separar-se na altura em que a figura foi levantada. Este aspecto separativo
seria um grande testemunho de uma eventual separação à medida em que os dois
significadores se fossem afastando, mais ainda estando Júpiter Rx. Citando William
Lilly, “Um planeta retrógrado … sendo significador da questão, denota um mau
resultado na questão, discórdia e muita contradição.”
Não existindo testemunhos suficientes na figura a favor de um julgamento positivo,
muito antes pelo contrário, a minha resposta à pergunta colocada foi que o
relacionamento da irmã não iria ter futuro e que dentro em breve haveria uma ruptura
na relação, o que mais tarde veio a ser confirmado.

Estrelas Fixas As Estrelas Fixas e as suas Influências

As Estrelas Fixas propiciam-nos uma excelente ferramenta para uma mais profunda
compreensão da astrologia dentro das suas várias correntes - astro-meteorologia, astrologia
mundana, electiva, horária e natal. O primeiro catálogo de Estrelas Fixas foi compilado por
Timocharis e Aristyll aproximadamente há 250 anos a.C. na Grécia; Ebertin-Hoffmann - "Fixed
Stars and their interpretation", logo, pode-se deduzir que o seu uso vem desde a antiguidade,
pois Ebertin-Hoffmann afirmam no seu livro (Ibid), que o nome das Estrelas Fixas tem a sua
origem na Era Babilónica.

Pela sua extrema importância apresento abaixo uma pequena lista de Estrelas Fixas, contendo
o seu nome, longitude, constelação, magnitude, natureza e a sua correspondente influência.

Posições para 1 de Janeiro de 2008

 Nome 

Longitude
Constelação
Magnitude
Natureza
 
Achernar
15º Peixes 25'
Eridanus
(+) 0.6
Júpiter

Influência: Em suas notas sobre as estrelas situadas em Eridanus, Ptolomeu disse: "a
última estrela brilhante é da mesma influência que Júpiter". É simbolizada como O
Querubim e a Espada, e dá êxito em cargos públicos, na beneficência e na religião.

Acrux
11º Escorpião 58'
Crux
(+) 1.6
Júpiter

Influência: Acrux é da natureza de Júpiter. Dá beneficência religiosa, cerimonial, justiça,


magia e mistério, e frequentemente é proeminente nos horóscopos de astrólogos e
ocultistas.

Agena
23º Escorpião 54'
Centaurus
(+) 0.9
Vénus / Júpiter

Influência: De acordo com Ptolomeu, é da natureza de Vénus e de Júpiter, mas Alvidas


sugere uma influência similar à de Marte em conjunção a Mercúrio. Dá posição, amizade,
refinamento, moralidade, saúde e honra.
Alcyone
00 º Gémeos 06'
Taurus
(+) 3.0
Lua / Marte

Influência: Da natureza de Marte e da Lua. Proporciona amor, eminência, cegueira, febres,


varíola, e acidentes no rosto.

Aldebaran
09º Gémeos 54'
Taurus
(+) 1.1
Marte

Influência: De acordo com Ptolomeu é da natureza de Marte, mas Alvidas estabelece que é
similar a Mercúrio, Marte e Júpiter juntos. Dá honra, inteligência, eloquência, firmeza,
integridade, popularidade, coragem, ferocidade, tendência à revolta, uma posição
responsável, honras públicas, e poder e riqueza conseguidos graças a outros, mas seus
benefícios raras vezes se mostram duradouros, e existe também perigo de violência e
doença.

Algol
26º Touro 16'
Perseus
(+) 2.2
Saturno / Júpiter

Influência: Da natureza de Saturno e Júpiter. Provoca desgraça, violência, decapitação,


enforcamento, electrocussão e tumultos. Confere uma natureza obstinada e violenta, que
causa a morte ao nativo ou a outros. É a estrela mais maligna do céu.

Alpheratz
14º Carneiro 25'
Andrómeda
(+) 2.2
Júpiter / Vénus

Influência: De acordo com Ptolomeu é de natureza Jupiteriana e Venusiana, e Alvidas


acrescenta também Marte a estes dois. Dá independência, liberdade, amor, riquezas,
honras, e um intelecto perspicaz.

Altair
01º Aquário 52'
Aquila
(+) 0.9
Marte / Júpiter

Influência: As opiniões estão divididas a respeito da natureza exacta desta estrela.


Ptolomeu dá a Marte e a Júpiter; Wilson, a Saturno e a Mercúrio; Simmonite, a Urano; e
Alvidas a Urano e Mercúrio, em sextil ao Sol. Confere uma natureza atrevida, confiante,
valente, que não se rende, ambiciosa e liberal, riqueza grande e repentina mas efémera, e
uma posição de comando;  faz os seus nativos culpados de matanças, e dá perigo de ser
mordido por animais venenosos.

Antares
09º Sagitário 52'
Scorpius
(+) 1.2
Marte / Júpiter

Influência: De acordo com Ptolomeu é da natureza de Marte e de Júpiter. Alvidas dá


Júpiter sextil a Vénus, mas isto é improvável considerando a natureza decididamente
marcial e maléfica desta estrela. Causa malevolência, destruição, liberalidade, mentalidade
aberta, maus presságios e perigo de fatalidade, e torna os seus nativos temerários e
vorazes, obstinados e destrutivos para si mesmos devido à sua própria obstinação.

Arcturus
24º Balança 21'
Bootes
(+) 0.2
Marte / Júpiter

Influência: De acordo com Ptolomeu é de natureza Marciana e de Júpiter, mas Alvidas


substituiu estes por Vénus e Mercúrio em conjunção. Dá riqueza, honras, alto renome,
determinação, e prosperidade por meio da navegação e viagens.

Bellatrix
21º Gémeos 03'
Orion
(+) 1.7
Marte / Mercúrio

Influência: De acordo com Ptolomeu é como Marte e Mercúrio; e para Alvidas, como
Mercúrio e Marte em bom aspecto. Dá grande honra civil ou militar mas perigo de uma
repentina desonra, renome, riqueza, amigos eminentes e propensão a acidentes que
causam cegueira e ruína. Se é proeminente no mapa de uma mulher torna-a loquaz e
astuta, e dá uma voz com um alto tom, resistente e aguda.

Betelgeuse
28º Gémeos 51'
Orion
(+) 0.8
Marte / Mercúrio

Influência: De acordo com Ptolomeu é da natureza de Marte e de Mercúrio; para Alvidas,


da de Mercúrio, Saturno e Júpiter em bom aspecto. Dá honra marcial, promoção e riqueza.

Canopus
15º Caranguejo 04'
Carina (Argus)
(-) 0.9
Saturno / Júpiter

Influência: De acordo com Ptolomeu é da natureza de Saturno e de Júpiter; para Alvidas,


da natureza da Lua e Marte. Dá piedade, conservadorismo, um conhecimento amplo e
compreensivo, viagens e trabalho educativo, e transforma o mal em bem.

Capella
21º Gémeos 58'
Auriga
(+) 0.2
Marte / Mercúrio
Influência: De acordo com Ptolomeu é da natureza de Marte e de Mercúrio; para Alvidas,
da de Mercúrio e da Lua. Dá honra, riqueza, eminência, renome, uma posição pública de
confiança e amigos eminentes, e faz os seus nativos cuidadosos, temerosos, inquisitivos,
muito amantes do conhecimento e particularmente das novidades.

Castor
20º Caranguejo 21'
Gemini
(+) 1.6
Mercúrio

Influência: De acordo com Ptolomeu é da natureza de Mercúrio; para Wilson, Simmonite e


Pearce da de Marte, Vénus e Saturno; para Alvidas, da Lua, Marte e Urano. Dá distinção,
um intelecto aguçado, êxito na lei e nas publicações, muitas viagens, aficionado pelos
cavalos, fama e honra repentina, mas frequentemente seguido da perda da fortuna e
desgraça, doença, problemas e grandes aflições. Diz-se que os seus nativos são maliciosos
e inclinados à violência.

Deneb Adige
05º Peixes 26'
Cygnus
(+) 1.3
Vénus / Mercúrio

Influência: É da natureza de Vénus e de Mercúrio e dá uma natureza engenhosa, e um


intelecto inteligente e rápido para aprender.

Fomalhaut
03º Peixes 58'
Piscis Austrinus
(+) 1.3
Vénus / Mercúrio

Influência: De acordo com Ptolomeu é da natureza de Vénus e de Mercúrio; para Alvidas,


da de Júpiter em quadratura a Saturno desde Peixes e Sagitário. Diz-se que é muito
afortunada e poderosa, e que contudo causa uma malevolência de alcance e carácter
sublime, e a mudança de uma forma de expressão material a uma espiritual. Cardan
declara que, juntamente com as estrelas que ascendem com 12º de Gémeos, dá um nome
imortal.

Markab
23º Peixes 35'
Pegasus
(+) 2.6
Marte / Mercúrio

Influência: De acordo com Ptolomeu é da natureza de Marte e de Mercúrio; para


Simmonite, de Marte e Vénus; para Alvidas, de Júpiter quadratura a Mercúrio com Saturno
desde Peixes e Gémeos. Dá honra, riqueza, fortuna, perigo de febres, cortes, golpes,
punhaladas e fogo, e uma morte violenta.

Menkar
14º Touro 25'
Cetus
(+) 2.8
Saturno
Influência: De acordo com Ptolomeu é da natureza de Saturno; para Simmonite, de Marte;
e para Alvidas de Vénus e da Lua. Causa doença, desgraça, ruína, feridas de bestas e
perda de fortuna.

Mirach
00º Touro 30'
Andrómeda
(+) 2.4
Vénus

Influência: De acordo com Ptolomeu é da natureza de Vénus; para Alvidas, de Marte e da


Lua. Dá beleza pessoal, uma mente brilhante, amor pelo lar, grande devoção,
beneficência, perdão, amor, subjugação por meio da benevolência, renome, e boa fortuna
no casamento.

Polaris
28º Gémeos 40'
Ursa Minor
(+) 2.1
Saturno / Vénus

Influência: Da natureza de Saturno e de Vénus. Causa muitas doenças, problemas, perdas


de fortuna, desgraça e grande aflição, e pode dar legados e heranças acompanhados de
muitos males. Os árabes eram da opinião que a contemplação de Polaris curava a oftalmia.

Pollux
23º Caranguejo 20'
Gemini
(+) 1.2
Marte

Influência: De acordo com Ptolomeu é da influência de Marte, enquanto que para Alvidas o
é da Lua, Marte e Urano. Confere uma natureza subtil, astuta, valente, corajosa, audaz,
cruel e temerária, gosto pelo boxe, malevolência dignificada e está relacionada com os
venenos.

Procyon
25º Caranguejo 54'
Canis Minor
(+) 0.5
Mercúrio / Marte

Influência: De acordo com Ptolomeu é da natureza de Mercúrio e de Marte; para


Simmonite, é de Vénus e Marte, o que é possivelmente um erro tipográfico; e para
Alvidas, da Lua, Júpiter e Urano. Dá actividade, violência, malevolência repentina e
abrupta, repentina promoção graças ao esforço, elevação que termina em desastre, perigo
de mordeduras de cães e hidrofobia; torna os seus nativos petulantes, descarados,
inconstantes, de fraca natureza, tímidos, desafortunados, orgulhosos, irascíveis,
descuidados e violentos. Existem dois casos registados de morte ou ferida por mordida de
cães, nos quais Procyon e Sirius estavam envolvidos.

Ras Alhague
22º Sagitário 33'
Ophiuchus
(+) 2.1
Saturno / Vénus
Influência: De acordo com Ptolomeu é da natureza de Saturno e de Vénus; para Alvidas o
é de Júpiter e Mercúrio em sextil a Marte. Dá desgraça por causa de mulheres, gostos
pervertidos e depravação mental.

Regulus
29º Leão 56'
Leo
(+) 1.3
Marte / Júpiter

Influência: De acordo com Ptolomeu é da natureza de Marte e de Júpiter, mas a maioria


dos autores posteriores a assemelham só a Marte, enquanto que Alvidas estabelece que é
similar ao Sol bem aspectado com Urano. Dá violência, destrutividade, honra militar de
curta duração, com fracasso final, encarceramento, morte violenta, êxito, ideais superiores
e elevados e força de espírito, e torna os seus nativos magnânimos, grandiosamente
liberais, generosos, ambiciosos, amantes do poder, desejosos de comando, dinâmicos e
independentes.

Rigel
16º Gémeos 56'
Orion
(+) 0.3
Júpiter / Marte

Influência: De acordo com Ptolomeu e com Lilly é da natureza de Júpiter e Saturno, mas
autores posteriores a consideram favorável e similar a Júpiter e a Marte. Alvidas
assemelha-a  a Mercúrio, Marte e Júpiter. Dá benevolência, honra, riqueza, felicidade,
glória, renome, e habilidade mecânica ou inventiva.

Sirius
14º Caranguejo 12'
Canis Major
(-) 1.4
Júpiter / Marte

Influência: De acordo com Ptolomeu é da natureza de Júpiter e de Marte; para Alvidas, da


Lua, Júpiter e Marte. Dá honra, renome, riqueza, ardor, fidelidade, devoção, paixão e
ressentimento, e torna os seus nativos guardas, curadores e guardiães. Dá também perigo
de mordeduras de cães, e dois exemplos de este efeito se encontrarão debaixo de
Procyon. * Estes exemplos estão descritos no texto integral.

Spica
23º Balança 57'
Virgo
(+) 1.2
Vénus / Marte

Influência: De acordo com Ptolomeu é da natureza de Vénus e de Marte; para Alvidas o é


de Vénus, Júpiter e Mercúrio. Dá êxito, renome, riqueza, uma doce disposição, amor à arte
e à ciência, falta de escrúpulos, esterilidade, e injustiça para com a inocência.

Vega
15º Capricórnio 25'
Lyra
(+) 0.1
Vénus / Mercúrio
Influência: De acordo com Ptolomeu é da natureza de Vénus e de Mercúrio; para Alvidas, o
é de Saturno em trígono a Júpiter a partir dos signos de terra, especialmente Capricórnio e
Touro. Dá beneficência, idealismo, esperança, refinamento e inconstância, e torna os seus
nativos graves, sóbrios, pretensiosos e geralmente lascivos.

Vindemiatrix
10º Balança 03'
Virgo
(+) 3.0
Saturno / Mercúrio

Influência: De acordo com Ptolomeu é da natureza de Saturno e de Mercúrio; para


Simmonite, de Saturno e Vénus, o que é possivelmente um erro tipográfico; para Wilson e
Pearce, de Saturno, Vénus e Mercúrio, e para Alvidas, de Mercúrio e Saturno mal
aspectados. Dá falsidade, desgraça, roubo, demência lascívia, e frequentemente causa aos
seus nativos a viuvez.

 Tradução da versão espanhola por: Paulo Alexandre Silva, DMA

 Bibliografia:

 Las estrellas fijas y las constelaciones - por Vivian E. Robson - ISBN: 84-86221-94-3

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