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Gochnatia polymorpha
Cambará
Gochnatia polymorpha
Casca externa
Fotos: Paulo Ernani R. Carvalho
Flores Folhas
Foto: Vera L. Eifler
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Cambará
Gochnatia polymorpha
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Casca: com espessura de até 30 mm. A casca No Brasil, essa espécie ocorre nos seguintes
externa é acastanhada, com sulcos longitudinais Estados (Mapa 29):
profundos e desprendimento em placas irregulares
• Bahia (Stannard, 1995).
(Ivanchechen, 1988). A casca interna é de
coloração oliva e fibrosa. • Espírito Santo.
Folhas: simples, alternas, espiraladas, discolores, • Goiás.
ovadas a ovado-elípticas, com 7 a 17 cm de
• Mato Grosso do Sul (Leite et al., 1986).
comprimento por 2,5 a 7 cm de largura e pecíolo
curto e piloso até 2 cm. • Minas Gerais (Giulietti et al., 1987; Ramos
Flores: brancas, pequenas, reunidas em panículas et al., 1991; Bastos et al., 1993;
terminais de 10 a 20 cm de comprimento, com Gavilanes et al., 1995; Macedo, 1995).
numerosos capítulos de 1 cm de comprimento, • Paraná (Martins, 1944; Hatschbach & Moreira
permanecendo por muito tempo nos ramos, uma Filho, 1972; Carvalho, 1980; Longhi, 1980;
vez secas. Rotta, 1981; Machado et al., 1992; Takeda
Fruto: aquênio (Barroso et al., 1999) ou cipsela et al., 1998; Cervi et al., 1999; Ziller, 2000).
diminuta, com um penacho de pêlos lembrando • Estado do Rio de Janeiro (Guedes, 1988;
um pincel de barbear, deiscente, oblongo, preto, Guimarães et al., 1988).
piloso e sulcado, coroado de um papilho cerdoso e
piloso, de 2 a 5 mm de comprimento, • Rio Grande do Sul (Girardi & Porto, 1976;
branco-amarelado. Bueno et al., 1987; Schneider et al., 1988;
Matzenbacher, 1990; Tabarelli, 1992; Longhi,
Semente: inclusa no fruto. 1997; Costa et al., 2000).
• Santa Catarina (Cabrera & Klein, 1973;
Biologia Reprodutiva Citadini-Zanette & Boff, 1992).
e Fenologia • Estado de São Paulo (Nogueira, 1976; Matthes
Sistema sexual: planta dióica (Occhioni et al., 1988; Pagano et al., 1989a e b;
& Hastsbach, 1972). Rodrigues et al., 1989; Robim et al., 1990;
Pastore et al., 1992; Rossi, 1994; Durigan
Vetor de polinização: principalmente as abelhas et al., 1997; Ivanauskas et al., 1997;
(Maixner & Ferreira, 1978), e diversos insetos Durigan et al., 1999).
pequenos (Morellato, 1991).
• Distrito Federal (Pereira et al., 1990).
Floração: de outubro a fevereiro, em Minas
Gerais; de outubro a dezembro, no Estado de
São Paulo; de novembro a fevereiro, no Estado do Aspectos Ecológicos
Rio de Janeiro; de dezembro a fevereiro, em Santa
Catarina, e de dezembro a abril, no Paraná. Grupo sucessional: espécie secundária inicial.
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Mapa 29. Locais identificados
de ocorrência natural
de camabrá (Gochnatia
polymorpha), no Brasil.
Clima Solos
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Tratamento para superação da dormência: de até 9,20 m3.ha-1.ano-1. O crescimento em altura
não é necessário. Todavia, em condições naturais, é bastante expressivo até os 4 anos de idade
o cambará necessita de eventos favoráveis como (Aoki & Leite Filho, 2000). Estima-se uma rotação
abertura de clareira, entre outros, para alcançar de 10 a 15 anos para lenha e de 15 a 20 anos
bom índice de germinação das sementes para mourões.
(Veiga et al., 1998).
Longevidade e armazenamento: quando Características da Madeira
armazenadas em ambiente não controlado, as
sementes do cambará não se conservam viáveis Massa específica aparente: a madeira do
por muito tempo. Elas perdem o poder cambará é moderadamente densa (0,60 a
germinativo em menos de 3 meses (Durigan et al., 0,77 g.cm-3), a 15% de umidade (Mainieri
1997). & Chimelo, 1989).
Cor: alburno destacado, branco-cinza. O cerne
Produção de Mudas recém-polido apresenta-se amarelo-claro,
escurecendo para bege-claro com manchas
Semeadura: recomenda-se semear o fruto em
amareladas, tendendo para castanho-claro
sementeiras e depois repicar para sacos de
levemente rosado, uniforme.
polietileno, com dimensões mínimas de 20 cm de
altura e 7 cm de diâmetro, ou em tubetes de Características gerais: superfície lisa ao tato,
polipropileno de tamanho médio. A repicagem com brilho pouco acentuado; textura fina;
deve ser efetuada 4 a 8 semanas após a grã direita a irregular. Cheiro e gosto
germinação. imperceptíveis.
Germinação: epígea, com início entre 8 a 68 dias Durabilidade natural: madeira de alta
após a semeadura, sendo geralmente baixa resistência ao ataque de organismos xilófagos,
(entre 30% e 50%). As mudas de cambará apresentando alta resistência natural em contato
atingem um porte adequado para plantio, cerca com o solo.
de 5 meses após a semeadura. Preservação: madeira pouco permeável a
soluções preservantes, em tratamento sob pressão.
Características Silviculturais Outras características: geralmente apresenta
O cambará é uma espécie heliófila e tolerante a pouco alburno; quando em idade avançada,
baixas temperaturas. apresenta proporção elevada de cerne.
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Medicinal: na medicina popular, as folhas dessa angustifolia, Cabralea canjerana subsp. canjerana e
espécie são empregadas em chás, no tratamento Podocarpus lambertii (pinheiro-bravo).
das afecções bronco-pulmonares. O chá das
Nesses plantios, a espécie mais comum em
folhas é usado como expectorante e como
regeneração natural é Myrsine ferruginea
emoliente (Correa, 1926).
(capororoca), com algumas árvores já ultrapassando
Os índios de várias etnias do Paraná e de Santa a altura do cambará, principalmente nos pontos
Catarina usam a casca do caule no tratamento do onde o mesmo está morrendo.
reumatismo ósseo (Marquesini, 1995).
O cambará é planta com grande possibilidades em
Paisagístico: espécie utilizada em arborização de conservação do solo, principalmente por poder ser
ruas e avenidas e plantada em parques e praças. cultivada sem problemas em muitos locais bem
Seu sistema radicial dificilmente causa dano ao drenados; com inundações periódicas de rápida
calçamento. Contudo, o uso do cambará como duração ou com lençol freático superficial, o que
espécie ornamental deve ser limitado, pois a torna útil como planta fixadora de barrancas de
apresenta copa rala e larga, responde às podas de rios (Longhi, 1995).
forma ruim e apresenta folhas caducas.
Em plantios puros, o cambará apresenta
Reflorestamento para recuperação deposição de folhedo até 4.751 kg.ha-1.ano-1, com
ambiental: espécie recomendada para teores altos de potássio (K) e magnésio (Mg)
reconstituição de ecossistemas degradados. (Garrido, 1981).
Por apresentar copa rala, desenvolve processo
sucessional rico e diversificado, desde que haja
fontes de sementes de outras espécies nas Principais Pragas
proximidades.
Os coleópteros cerambicídeos Oncideres saga
Em pequenos plantios, em Colombo, PR, com e O. dejeani, conhecidos por serradores, danificam
22 anos de idade, próximos à floresta primária árvores jovens, alimentando-se da casca dos
alterada, foi constatada regeneração natural de galhos finos; as larvas desenvolvem-se nos caules
50 espécies arbóreas, entre as quais Araucaria e nos galhos serrados (Link et al., 1984).
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Espécies Afins • Gochnatia cratensis (Gardn), na Serra do
Araripe, no Ceará.
Gochnatia H.B.K. é um gênero pantropical, com
cerca de 66 espécies e várias subespécies e • Gochnatia lucida (Baker) Cabrera, conhecida
variedades; as espécies neotropicais ocorrem desde por candiá e assinalado nas serras, no Ceará
as Antilhas até a Argentina. Cabrera & Klein e em Pernambuco (Pereira et al., 1993).
(1973) distinguem duas subespécies para G.
polymorpha: subsp. ceanothifolia e subsp. • Gochnatia paniculata (DC.) Cabrera, conhecida
floccosa. por cambará, arvoreta do capão, encontrada
nos campos, no Paraná e no Estado de São
No Brasil, além de Gochnatia polymorpha, Paulo, com floração de novembro a dezembro.
ocorrem outras espécies do gênero, entre elas: Há uma candeia muito famosa em Minas
• Gochnatia barrosii Cabr., conhecida por Gerais, da mesma família, mas de outro
cambará, encontrada no Cerrado, em gênero: Vanillosmopsis erythropappa (DC)
Minas Gerais, e no Estado de São Paulo. Selt. & Bib.
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Referências Bibliográficas
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