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Caixeta

Tabebuia cassinoides
Caixeta
Tabebuia cassinoides

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Toretes
Foto: Paulo Ernani R. Carvalho

Árvore (Morretes, PR)


Foto: Yoshiko S. Kuniyoshi

Flores e folhas
Foto: Vera L. Eifler

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Caixeta
Tabebuia cassinoides

Taxonomia e Nomenclatura pau-d’arco-branco; pau-d’arco-roxo;


pau-de-tamanco, na Bahia, no Paraná e
De acordo com o Sistema de Classificação de no Estado do Rio de Janeiro; pau-de-viola;
Cronquist, a taxonomia de Tabebuia cassinoides pelada, tagibebuia, taiavevuia, tamanqueira,
obedece à seguinte hierarquia: no Espírito Santo; peroba-d’água, em
Pernambuco; tabebuia, no Paraná e no Estado do
Divisão: Magnoliophyta (Angiospermae) Rio de Janeiro; tabebuia-do-brejo, no Estado
Classe: Magnoliopsida (Dicotiledonae) do Rio de Janeiro; tabeuia; tabibuia; tagibibuia,
no Espírito Santo e no Estado de São Paulo;
Ordem: Scrophulariales tagibubuia; taiavovuia; tamancão; tamanqueiro.
Família: Bignoniaceae
Etimologia: Tabebuia provém do nome indígena
Espécie: Tabebuia cassinoides (Lamarck) da árvore Tabebuia uliginosa; já o termo
A. P. de Candolle, DC. Prod. 9:213, 1845. cassinoides significa “semelhante a caixa”.
Sinonímia botânica: Bignonia cassinoides
Lamarck. 1785; Catalpa cassinoides (Lamarck)
Sprengel. 1825; Tabebuia uliginosa (Gomes) Pyr.
Descrição
DC. 1845; Tabebuia magnolioides (Cham.) Miers. Forma biológica: árvore semicaducifólia, de
1863 pequeno porte, com 3 a 13 m de altura e 10 a
Nomes vulgares: caixeta, no Espírito Santo, 30 cm de DAP. Raramente atinge 20 m de altura
no Paraná, em Santa Catarina e no Estado de ou mais e 100 cm de DAP, na idade adulta, nos
locais pouco explorados.
São Paulo; caixeta-branca; caixeta-falsa,
caixeta-do-litoral, ipê-caxeta, no Estado de São Tronco: irregular, geralmente tortuoso e
Paulo; caixeta-vermelha; corticeira; ipê-branco; apresentando comumente raízes aéreas na base do
malacaxeta, no Paraná e no Estado de São Paulo; tronco, que servem de escora, por crescerem
pau-caixeta; pau-caxeta; pau-paraíba; pau-viola, em terrenos alagados; fuste normalmente curto,
no Paraná; pau-d’arco-amarelo; com 5 a 7 m de comprimento.

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Ramificação: simpodial. Copa pequena, Ocorrência Natural
paucifoliada.
Casca: com espessura de até 8 mm. A casca Latitude: Tabebuia cassinoides ocorre em duas
externa é bege-clara a cinza-pardo-clara, com áreas disjuntas. A primeira a 8º S em
fissuras superficiais longitudinais, finas Pernambuco, e a segunda entre 19º20’ S no
(4 a 8 mm), com lenticelas pouco evidentes e Espírito Santo a 26º S em Santa Catarina.
descamação em pequenas lâminas. Gentry (1992) menciona o Espírito Santo como
A casca interna é esverdeada no fino ritidoma e, limite Norte para essa espécie.
mais internamente amarelada, com fibras longas Variação altitudinal: de 5 m na região litorânea
e reticuladas, sem odor ou gosto distintos. a 70 m de altitude no Paraná, em área de
Folhas: simples, opostas, oblongo-lanceoladas ou ocorrência natural.
obovado-lanceoladas, com glândulas, coriáceas,
Foi introduzida com boa adaptação na cota de
pubescentes na face inferior e glabras na face
365 m, no noroeste do Estado de São Paulo
superior, ápice obtuso, base aguda, com 6 a
22 cm de comprimento e 2 a 8 cm de largura, (Santarelli, 1990).
pecíolos medindo quase 2 cm de comprimento. Distribuição geográfica: Tabebuia cassinoides é
Tabebuia cassinoides é uma das poucas espécies encontrada naturalmente no Brasil, nos seguintes
do gênero com folhas simples. Estados:(Mapa 28):
Flores: brancas e cistosas, com estrias roxas, • Bahia, na faixa litorânea (Jesus, 1988; Gentry,
perfumadas, pouco numerosas; corola com 6 a 1992; Pereira & Zambom, 1998; Pereira
9 cm de comprimento, cálice glandular liso com & Assis, 2000).
1 a 2 cm de comprimento, reunidas em
inflorescências cimosas trifloras agregadas nas • Espírito Santo, na faixa litorânea (Jesus, 1988;
pontas dos ramos com folhas. Gentry, 1992; Pereira & Zambom, 1998;
Pereira & Assis, 2000).
Fruto: cápsula terete, linear-oblonga, com cerca
de 13 a 25 cm de comprimento e 1 a 1,5 cm de • Pernambuco, na faixa litorânea (Lima, 1954).
diâmetro, base aguda atenuada, superfície
• Paraná, na faixa litorânea (Dombrowski
levemente estriada, densamente lepidota, quando
seca é acinzentada-castanha, com cálice & Scherer Neto, 1979; Inoue et al., 1984;
persistente, com numerosas sementes. Roderjan & Kuniyoshi, 1988; Gentry, 1992).

Semente: bialada, com até 7 mm de • Estado do Rio de Janeiro, na faixa litorânea


comprimento e 3 mm de largura, delgada, com (Laroche, 1975, 1976; Henriques et al., 1986;
asas membranáceas hialinas, largamente Guedes, 1988; Guimarães et al., 1988; Gentry,
côncavo-convexas, com venação castanho. 1992; Rizzini et al., 1997).
• Santa Catarina, no extremo norte (Reitz et al.,
Biologia Reprodutiva 1978).
• Estado de São Paulo, no extremo norte (De
e Fenologia
Grande, 1981; Silva & Leitão Filho, 1982;
Gentry, 1992; Mantovani, 1992; Jovchelevich
Sistema sexual: planta hermafrodita.
& Canelada, 1997; Carvalhaes, 1998; Assis
Vetor de polinização: principalmente as abelhas. & Semir, 1999; Monteiro & Dário, 2000),
Floração: de setembro a outubro, em Santa concentrando-se principalmente no Vale do
Catarina; de setembro a novembro, no Estado do Ribeira.
Rio de Janeiro; de setembro a janeiro, no Espírito
Santo e no Paraná; de outubro a dezembro, no Aspectos Ecológicos
Estado de São Paulo e, em fevereiro, em
Pernambuco.
Grupo sucessional: espécie secundária inicial
Frutificação: os frutos amadurecem de agosto a (Durigan & Nogueira, 1990; Piña-Rodrigues,
setembro, no Estado de São Paulo; de novembro 1993).
a dezembro, no Espírito Santo; de janeiro a
Características sociológicas: entre os cordões
fevereiro, em Santa Catarina e, de janeiro
arenosos das planícies litorâneas, sujeitos a
a março, no Paraná. O processo reprodutivo inicia
alagamentos, podem se desenvolver florestas
a partir dos 5 anos de idade, em plantio.
denominadas de caixetais. Marquesini et al.
Dispersão de frutos e sementes: as sementes (1997) consideram como ‘caixetal’, as florestas
da caixeta são dispersas pelo vento, mas num paludosas litorâneas da Floresta Atlântica, onde a
período em que o solo está alagado (Kolb & Joly, caixeta, apresenta dominância acima de 50%,
1998b). para indivíduos acima de 12 cm de DAP.

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Mapa 28. Locais identificados
de ocorrência natural de
caixeta (Tabebuia cassinoides),
no Brasil.

Essas comunidades vegetais se caracterizam por floresta, encontrando-se dispersa por toda a área
apresentar diversidade florística em espécies não desde a fase juvenil até a de máxima expressão de
arbóreas e riqueza florística relativamente baixa no desenvolvimento (Monteiro & Dário, 2000).
componente arbóreo com o predomínio de
A caixeta apresenta freqüência irregular e
Tabebuia cassinoides (Carvalhaes, 1998).
descontínua, uma vez que tem ocorrência
A caixeta ocorre naturalmente em regiões de localizada, restrita aos locais brejosos próximos ao
terrenos permanentemente úmidos e alagadiços da litoral. Ocorre na vegetação primária alterada e na
planície litorânea e restingas brasileiras. vegetação secundária, na fase de capoeirão
O alagamento induz a formação de algumas raízes e floresta secundária.
adventícias e de lenticelas hipertróficas.
A floresta de brejo, no norte do Espírito Santo, é
O maior crescimento de T. cassinoides enquanto dominada pela caixeta (Pereira & Zambom,
alagada possivelmente favorece a espécie na 1998).
competição, explicando em parte a formação de
extensos caixetais nos locais brejosos da planície Regiões fitoecológicas: Tabebuia cassinoides
litorânea (Kolb & Joly, 1998a e 1998b). é espécie exclusiva da Floresta Ombrófila Densa
(Floresta Atlântica), nas formações Terras Baixas
Apresenta-se com alta densidade em maciços, e Baixo-Montana ((Bigarella, 1978;
consorciada com outras espécies, como o Guimarães et al., 1988) e nas formações pioneiras
guanandi (Calophyllum brasiliense) (Marquesini de influência pluvial.
et al. 1995). Ziller (1992) considera os caixetais
como uma floresta subclimácica localizada e Nessas formações, ocupa o estrato superior
especializada de um estágio geral de uma e intermediário. Ocorre, também, na Restinga
hidrossere. (Rizzini et al., 1997).
A florística de um caixetal localizado em Ubatuba,
SP, foi representada por 59 espécies pertencentes Clima
a 51 gêneros e 36 famílias, incluindo as
Pteridophyta (Assis & Semir, 1999); tratando-se de Precipitação pluvial média anual: desde
uma comunidade de planície litorânea com 1.100 mm no Estado do Rio de Janeiro
diversidade relativa reduzida. a 2.700 mm no Estado de São Paulo.
Em outra área, em São Sebastião, SP, a caixeta Regime de precipitações: chuvas
apresentou 60,6% de freqüência relativa, 70% de uniformemente distribuídas no litoral norte de
densidade relativa e 68,7% de dominância Santa Catarina, Paraná, do Estado de São Paulo
relativa, com presença nos três estratos da e parte do litoral do Rio de Janeiro, com

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predominância na primavera — outono, quando Número de sementes por quilo: 35 mil a
são freqüentes os aguaceiros, e periódicas, com 40 mil.
precipitações anuais concentradas, especialmente Tratamento para superação de dormência:
no verão, na parte Norte. não é necessário, uma vez que as sementes dessa
Deficiência hídrica: nula, no litoral Norte de espécie não apresentam dormência.
Santa Catarina, Paraná, no Estado de São Paulo Longevidade e armazenamento: as sementes
e parte do litoral do Estado do Rio de Janeiro; de da caixeta apresentam comportamento ortodoxo
pequena a moderada, na faixa costeira de em relação ao armazenamento.
Pernambuco, e moderada, no nordeste do Espírito
Santo, com estação seca até 3 meses. com faculdade germinativa inicial de 85%,
armazenadas em frascos de vidro em câmara fria
Temperatura média anual: 19,6ºC (Paranaguá, (4ºC e 96% de UR) apresentaram, aos 12 meses,
PR) a 25,5ºC (Recife, PE). germinação de 62%, enquanto em condições não
Temperatura média do mês mais frio: 16,6ºC controladas (18ºC e 82% de UR) apresentaram
(Paranaguá, PR) a 23,9ºC (Recife, PE). germinação de 47,5% (Ramos, 1981a).
Temperatura média do mês mais quente: Sementes de caixeta com umidade inicial de
22ºC (Caraguatatuba, SP) a 26,7ºC 17,6% podem ser submetidas a secagem, em
(Ubatuba, SP). estufa, a 42ºC por 3 horas, até atingir 8,7%, sem
Temperatura mínima absoluta: -0,9ºC prejuízos na germinação e no vigor (Ramos
(Morretes, PR). & Stöhr, 1979; Ramos, 1981b).

Número de geadas por ano: raras, com máxi- Germinação em laboratório: maiores
mo absoluto de três geadas, no Paraná. detalhamentos sobre a germinação das sementes
dessa espécie podem ser encontrados em Ramos
Tipos climáticos (Koeppen): tropical (Af e & Bianchetti (1984) e em Piña-Rodrigues (1993).
Am). No litoral do Paraná e na parte setentrional
da costa de Santa Catarina, embora o clima seja
predominantemente tropical do tipo Af, ocorre Produção de Mudas
também o subtropical úmido, Cfa (Kuniyoshi,
Semeadura: recomenda-se semear a caixeta em
1993; Monteiro & Dário, 2000).
sementeiras e depois repicar as plântulas para
sacos de polietileno com dimensões mínimas
Solos de 20 cm de altura e 7 cm de diâmetro, ou em
tubetes de polipropileno de tamanho médio.
Tabebuia cassinoides ocupa preferencialmente os No litoral do Paraná, os viveiristas preferem
solos Organossolos Háplicos Fíbricos e semear duas sementes diretamente no recipiente.
Organossolos Háplicos Hêmicos, com pequenas A repicagem pode ser efetuada entre 3 a
ocorrências em Espodossolos Cábricos 5 semanas após a germinação.
Hidromórficos Hísticos (Ziller, 1992; Curcio Germinação: epígea, com início entre 7 a 37 dias
& Rachwal, 2000; Monteiro & Dário, 2000), após a semeadura. O poder germinativo é alto
desenvolvendo-se em solos aluviais, úmidos, (até 100%, principalmente em laboratório); em
permanentemente inundados. média 75%. As mudas atingem porte adequado
para plantio, cerca de 6 meses após a semeadura.
Ocorre naturalmente em solo com profundidade
média de 20 a 40 cm, com lâmina de água Propagação vegetativa: fácil, por meio de
permanente, variando com o regime de chuvas. estacas de brotações basais semilenhosas, com
Em ambiente natural, exige solo rico em húmus, diâmetro mínimo de 13 mm, sem a necessidade
com textura arenosa e com drenagem deficiente. de aplicação de fitohormônios.
No entanto, a porcentagem de enraizamento, cuja
média tem sido 38% em estacas basais,
Sementes sem aplicação de AIA (ácido indol acético),
pode ser aumentada por meio de experimentos
Colheita e beneficiamento: a caixeta apresenta que levem em consideração outras substâncias,
frutificação anual, mas a coleta é problemática. a forma de aplicação, a época de coleta e o tipo
A deiscência dos frutos ocorre de um dia para de estaca (Guerra et al., 1984).
outro, liberando sementes aladas, que são
disseminadas pelo vento.
Características Silviculturais
As sementes de frutos coletados ainda fechados e
verdes apresentam germinação entre 85% e 95%. A caixeta é uma espécie esciófila facultativa na
A extração das sementes pode ser feita manual, fase juvenil, comportando-se como heliófila
abrindo-se os frutos. quando adulta (Kuniyoshi, 1993).

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Em seu habitat, as caixetas adultas recebem luz O manejo sustentado da caixeta deve prever a
direta do sol, por não haver estratos acima delas. coexistência, de plantas de gerações distintas
A espécie não é tolerante ao frio. (‘avó’, ‘mãe’e ‘filha’).
Hábito: ramificação irregular, com baixa
dominância apical. Nos povoamentos naturais, Genética e Melhoramento
os caixetais apresentam desrama natural.
Métodos de regeneração: plantios puros a pleno Baseados em eletroforese de isoenzimas, Seoane
sol, por mudas, não têm sido bem-sucedidos. et al. (1999), detectaram que intervenções
A fase crítica dá-se no primeiro ano. antrópicas em caixetais causam uma redução na
variabilidade genética da população, o que implica
A espécie não aceita período seco por mais de em mais estudos para a expedição do certificado
1 mês, nem deve ser estabelecida em locais não de exploração.
encharcados.
Recomenda-se o adensamento ou plantios
de enriquecimento, podendo ser plantada com
Crescimento e Produção
o palmiteiro (Euterpe edulis) e o guanandi
(Calophyllum brasiliense), espécies encontradas O desenvolvimento da caixeta em plantios é
com abundância em ambientes semelhantes pouco conhecido (Embrapa, 1986). Em Ilha
(Kuniyoshi, 1993). Solteira, SP, essa espécie apresentou, 1 ano após
plantio, em espaçamento de 3 x 3 m, altura média
A regeneração natural da caixeta não se processa de 2,01 m, com variação de 0,90 a 4,00 m
em áreas não exploradas ou sem outro tipo de (Santarelli, 1990).
distúrbio.
Reflorestamentos com plantas oriundas de
A semente não consegue chegar ao solo, ficando regeneração natural não têm sido bem-sucedidos
geralmente sobre uma lâmina de água em Morretes, PR.
permanente, com profundidade média de 20
a 40 cm, variando com o regime de chuvas. Exploração: a caxeta vem sendo utilizada desde
a década de 30, no Vale do Ribeira, SP, por
Em área explorada, se após o corte forem populações locais, na manufatura de diversos
deixadas no mínimo três árvores adultas por produtos, como lápis (Benetton et al., 1991;
hectare, há intensa regeneração via sementes. Marquesini et al. 1995).
Nessa situação, a semente, ajudada com o simples Nos últimos 30 anos, principalmente na região
pisoteio, atinge o solo que apresenta-se coberto costeira entre os Estados do Rio de Janeiro e do
por espessa camada de húmus. Paraná, houve acentuada exploração da caixeta.
As plântulas são mais vigorosas e numerosas do As árvores têm sido cortadas antes de atingirem
que em área não explorada. A expectativa é que, 30 cm de DAP, sendo aproveitados até caixetais
após 15 a 20 anos de adensamento, já se possa com diâmetro de 8 a 10 cm.
fazer novo corte, quando se espera atingir um No litoral do Paraná, a exploração dos caixetais
diâmetro mínimo de exploração de 25 cm. nativos chegou a contribuir com 70% do consumo
A caixeta apresenta brotação intensa após corte, das serrarias locais (Carvalho, 1989). Na Região
podendo ser manejada pelo sistema de talhadia. de Iguape, SP, alguns caixetais estão sendo
Além disso, foram observadas raízes gemíferas, por explorados há quase 60 anos, já estando no
regeneração natural de raízes de forma esporádica terceiro e quarto cortes.
(Kuniyoshi, 1993). O custo de extração da caixeta é alto, atingindo
Algumas empresas têm obtido resultados o dobro ou mais do que o da extração
satisfatórios com a condução dos caixetais nativos em reflorestamentos de Pinus spp. situados
através da brotação. Em caixetais explorados, em terra firme.
6 meses após o corte, nota-se o fechamento da Atualmente, está havendo abandono da exploração
vegetação, pela vigorosa brotação do toco. dos caixetais naturais pelas indústrias de lápis,
A germinação e a rebrota exigem alta devido ao custo elevado da exploração e pela
luminosidade. Todavia, a muda deve crescer em localização em áreas de conservação permanente.
ambiente relativamente sombreado, para que não O manejo da caixeta, por meio da regeneração
forme arquitetura arbustiva de grande porte, natural, apresenta grande potencial. Os resultados
prejudicando o rendimento em madeira. de pesquisas recentes apontam para grandes
Geralmente, 2 anos após o corte, deve-se fazer a ganhos com melhor planejamento da exploração,
condução da brotação (o raleio), deixando-se desbrota e outros tratos silviculturais (Viana et al.,
dois brotos. 1995/1996).

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Rotação: segundo depoimento de caixeteiros musicais (viola e violão), brinquedos em geral,
antigos do litoral do Paraná, o caixetal pode ser saltos de sapatos, coxos, gamelas, obras internas,
explorado, comercialmente, a cada 15 a 20 anos, tábuas de forro, carpintaria, caixotaria, caixas
no sistema de talhadia. finas, molduras para quadro, canoas, peças de
armação para embarcações e remos (Correa,
1926).
Características da Madeira
É usada na produção de serrados em geral e em
Massa específica aparente: a madeira da laminação (produz lâminas atraentes),
caixeta é muito leve: 0,34 a 0,37 g.cm-3 a 12% de compensado para obras navais, fins decorativos e
umidade (Paraná, 1979) e 0,30 a 0,48 g.cm-3 a miscelânea.
15% de umidade (Boiteaux, 1947; Pereira &
Energia: a lenha de caixeta é de baixo poder
Mainieri, 1957).
calorífico.
Massa específica básica: 0,299 g.cm-3
Celulose e papel: a madeira dessa espécie
(Barrichelo & Foelkel, 1975).
fornece celulose de razoável qualidade, podendo,
Cor: o alburno e o cerne não são diferenciados, pelo processo sulfato, ser cogitada na fabricação
de coloração branca, levemente rosada, uniforme, de papéis, principalmente para escrita e impressão.
escurecendo para o branco-encardido.
Para essa finalidade, podem ser usados, também,
Características gerais: superfície lustrosa e lisa os resíduos da industrialização da madeira para
ao tato; textura fina a média; grã direita. lápis (Barrichelo & Foelkel, 1975).
Cheiro e gosto imperceptíveis.
O comprimento das fibras varia de 0,66 a
Durabilidade natural: resistência muito baixa 1,20 mm (Barrichelo & Foelkel, 1975; Hora &
ao apodrecimento em contato com o solo. Zeeuw, 1979; Paraná, 1979). Teor de Celulose:
Preservação: a madeira da caixeta apresenta alta 48,3% e teor de lignina: 31,2% (Barrichelo &
permeabilidade às soluções preservantes. Foelkel, 1975).
Secagem: madeira com ótima estabilidade Constituinte químicos: as sementes dessa
dimensional e ausência de tensões internas, espécie são ricas em glicoproteínas e lipídios,
permitindo secagem fácil. com quantidade menor, mas considerável de
açúcares livres que podem ser fermentados
Trabalhabilidade: madeira extremamente fácil de
(Kolb & Joly, 1998b).
cortar, aplainar e lixar, resultando bom acabamento
e aspecto atrativo. Aceita bem o verniz, a tinta, a Cortiça: por serem esponjosas e muito leves,
cera e outros revestimentos superficiais. as raízes dessa espécie servem para fazer bóias,
salva-vidas, afiadores de navalhas e palmilhas,
substituindo as da corticeira (Annona glabra).
Outras Características
As raízes da caixeta substituem a cortiça européia
• A madeira da caixeta não racha nem empena, em todas as aplicações, exceto como rolhas
mesmo quando exposta ao sol. (Boiteaux, 1947).
As características da madeira revelam
Alimentação animal: a forragem da caixeta
potencial para conquistar o mercado externo,
apresenta 14% a 21% de proteína bruta e 2,4% a
nas formas de madeira serrada ou de
3,9% de tanino (Leme et al., 1994).
compensados.
• A descrição anatômica da madeira dessa Apícola: a caixeta produz flores melíferas.
espécie pode ser encontrada em Paraná Artesanato: a madeira é muito usada
(1979), Mainieri & Chimelo (1989) em artesanato, sendo fácil de ser entalhada
e em Barros & Callado (1997). ou esculpida.
Reflorestamento para recuperação
Produtos e Utilizações ambiental: a caixeta é recomendada para
reconstituição de ecossistemas degradados.
Madeira serrada e roliça: a madeira de caixeta Ela é uma espécie tolerante ao alagamento.
é usada, principalmente, na fabricação de lápis,
substituindo o cedro americano (Libocedrus
decurrens).
Principais Pragas e Doenças
Além disso, é usada para cepas de tamancos, Os brotos da caixeta são suscetíveis ao ataque de
pranchetas, palitos de fósforos, instrumentos insetos e fungos (Paraná, 1979).

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Espécies Afins • Algumas empresas continuarão a explorar a
caixeta, somente enquanto o reflorestamento
Entre as várias espécies de Tabebuia que ocorrem com outras espécies alternativas não for
no Brasil, T. obtusifolia Bur, com ocorrência na intensificado.
Floresta Ombrófila Densa, de Minas Gerais ao • O cumprimento da Lei 7.511, de 7/7/1986,
Estado de São Paulo, se assemelha muito a traz benefícios para: futuro da caixeta;
T. cassinoides, da qual difere por ser árvore fornecimento de matéria-prima para a indústria
pequena e mais grossa (Rizzini, 1971). e, para o pequeno proprietário, o caixeiteiro,
A madeira de T. obtusifolia é ligeiramente mais que tem na extração da caixeta, única fonte de
pesada e pode ser usada para os mesmos fins. renda e que responde com 50% do volume de
Essas duas espécies apresentam folhas simples, caixeta explorado.
enquanto as demais espécies do gênero apresen- Espécies alternativas à caixeta: poderão
tam folhas compostas. substituir a caixeta as espécies abaixo indicadas
para plantios:
Considerações e Comentários • Anthocephalus chinensis (Roxb.) Miq.,
(Rubiaceae) originária da Ásia e conhecida
Fatores que ameaçam como cadam.
a sobrevivência da caixeta
• Dyera constulata (Miq.) Hook f.,
• Aumento da exploração, nos últimos anos.
(Apocynaceae) originária das áreas úmidas da
• Destruição dos caixetais pelo desmatamento Malásia.
indiscriminado, visando a especulação
imobiliária e as atividades agropastoris. • Gmelina arborea (Verbenaceae) originária da
Ásia, conhecida por caixeta-do-pará.
A expansão da criação de búfalos no litoral do
Paraná representa um sério risco para a • Jacaranda micrantha (ver Carobão).
sobrevivência da espécie.
• Joannesia princeps (ver Boleira). Em Iguape,
• Extrativismo irracional, por parte dos pequenos SP, a boleira tem apresentado comportamento
proprietários, causando prejuízos às árvores e silvicultural promissor (Carvalho, 1989).
prejudicando o ecossistema onde a caixeta tem
seu hábitat. • Schefflera morototoni (ver Mandiocão).
Futuro da caxeta Todas essas espécies apresentam propriedades
• Por ser madeira nobre, atualmente a caixeta físico-mecânicas similares às da caixeta, com uma
está sendo empregada somente na fabricação vantagem adicional. Podem ser plantadas em
de lápis. plantios puros, no campo.

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Referências Bibliográficas
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