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HISTÓRIA DO BONSAI
Autores: João Batista de Souza, Marcos André Petroni de
Senzi

Bonsai significa, plantado na bandeja.

Devido a um número muito reduzido de evidências documentais, a arte do


Bonsai não tem sua origem bem detalhada, portanto ateremos aqui somente as in-
formações que nunca tiveram sua veracidade questionada.

O Bonsai teve sua ordem na china, numa época em que os chineses acredi-
tavam que a montanha era o ponto de encontro do homem com os Deuses, então,
as pessoas procuravam ter em casa algo que representasse a vida que havia nas
montanhas.

Durante este período, no Japão, houve uma grande influência da cultura chi-
nesa, com uma forte expansão do budismo. O gosto por árvores em miniatura enva-
sadas foi assimilado e começou a ser difundido naquele país. Nos vários séculos
que se seguirem, o cultivo de árvores envasadas consistia somente em coletar es-
pécimes miniaturizadas na natureza e mantê-los em potes.

No final do século XVI iniciaria a prática de se trabalhar a forma e aspecto


das árvores e, também, a prática da miniaturização de um exemplar não miniaturiza-
do.

A arte do Bonsai começava a realmente existir, pois o que antes era apenas
um material coletado na natureza, passava a ser artesanato.

Podemos considerar a arte do Bonsai como tendo cerca de 400 anos de ida-
de.

HISTÓRIA DO BONSAI NO BRASIL


Começa com a imigração japonesa a partir de 1909. Teriam vindo, já no pri-
meiro navio, o Kasatu Maru, um ou mais exemplares de Bonsai.

Os Bonsais de espécies japonesas com 70 anos, ou mais, são provas vivas


deste fato. É o caso de alguns exemplares dos viveiros do Sr. Kensaburo Hadano,
do Sr. Osamu Hidaka.

Contudo, essa prática se restringia apenas a alguns imigrantes e seus filhos.


Bonsais não seriam vistos nas casas de brasileiros. Foi à influência cultural norte-
americana, através da revista Reader’s Digest, na versão brasileira: Seleções, que
contribui para que muitas pessoas soubessem da existência do Bonsai, mas foi em
1976 e 1978, que Bonsais passaram a ser comercializados regularmente, na feira de
artesanato do bairro da liberdade.
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A influência norte-americana através dos filmes “Karate Kidi I”, e “III” e o


“Caçador de Andróides”, assistidos por milhões de pessoas. Definitivamente o Bon-
sai estava conhecido pelos brasileiros. O interesse pelo Bonsai no Brasil tem cresci-
do intensamente, espera-se que em breve possa ter destaque no cenário internacio-
nal, pois acreditamos no talento e na criatividade dos nossos cultivadores.

ESTILOS DE BONSAI

Padrões de tamanho: mini com até 15 cm; os pequenos, de 15 cm até 38 cm


de altura; médios, com altura entre 38 a 76 cm e grandes ou gigantes entre 76 cm e
1,20 m.

Existem exemplares de altura inferior a cinco cm e outros com mais de 1,20


m e ainda assim são considerados Bonsais.

- ERETO (CHOKKAN)
Árvore totalmente ereta, com 3º galho atrás, onde o desenho da árvore é
uma sobreposição de triângulos.
CHOCKKAN: estilo mais clássico, a simplicidade complexa. Na natureza
observam-se pinheiros, cedros e eucaliptos.

- ERETO INFORMAL (MOYOGI)


Árvore ereta, mas com certa sinuosidade ou inclinação. É a árvore do de-
senho das crianças brasileiras. Pode ter galhos exageradamente tortuo-
sos ou não, troncos grossos ou não, uma copa compacta densa ou rala,
porém o importante é que o resultado final seja uma árvore com um as-
pecto geral de informidade.

- INCLINADO (SHAKAN)
Árvore geralmente com uma inclinação em torno de 45 graus. O tronco
parte dos cantos dos vasos e se inclina na direção do canto oposto.
Deve representar uma árvore de muita força que pareça tremendamente
enraizada (força, firmeza).

- QUEDA PARCIAL (HAN-KENGAI)


O bonsai HAN-KENGAI, tem um aspecto horizontal e geralmente uma
parte da árvore se inclina para baixo, uma copa mais inclinada.

- QUEDA TOTAL (KENGAI)


A maior parte da árvore cresce para baixo atingindo um nível inferior ao
da borda do vaso e seu ápice atinge um nível inferior ao do fundo do va-
so.

- VARRIDA PELO VENTO (FUKINAGASHI)


O FUKINAGASHI, entendido como um SHAKAN que não possua galhos
crescendo na direção inversa a que a árvore se inclina. Observa-se em
topo de penhascos, ou em descampado onde venta com intensidade
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grande parte do ano.

- VASSOURA (HOKIDACHI)
Estilo com similaridade entre o desenho de sua copa o de uma vassoura.
Deve ter o tronco ereto.

- TRONCO RETORCIDO (NEJIKAN)


Árvore com tronco em movimento axial.
Mudas novas germinadas há pouco, são as melhores opções. Pode ter
tronco pequeno grosso e copa densa ou tronco fino e comprido ou ainda
poderá ser inclinado.

- RAIZ EXPOSTA (NEAGARI)


Característica do bonsai chinês, as raízes expostas podem ser obtidas
com a varredura de alguns centímetros do solo, que deve ser feita ao
longo de um ano, dois ou mais ou efetuada com um esguicho forte sobre
a superfície do solo; ou para um melhor efeito, as posições das raízes
são determinadas com fios de cobre, usados como seixos.

- SALGUEIRO
Árvore com todos os galhos ou quase todos em queda, como um salguei-
ro chorão. Estilo próprio somente para o salgueiro chorão, a glicínia e
umas poucas outras espécies que apresentem ramos pendentes.

- SERPENTINA (BANKAN)
Estilo que evidencia a influência do barroco japonês (tronco formando
círculos e arcos consecutivos).

- MINIMALISTA (BUNJINGI)
Árvore sem nenhum aspecto de profundidade e com razoável tortuosida-
de, devendo passar uma idéia de simplicidade, leveza e movimento, evi-
tando a formação de maciços foliares muito densos, comprometendo es-
sa leveza e a ausência de profundidade.

- TRONCOS MÚLTIPLOS (KABUDACHI)


Neste estilo, vários troncos partem de um único tronco mais grosso, de-
vem aparecer a poucos centímetros da superfície, onde o tronco-mãe se-
rá curto.
O estilo é subdividido em vários outros, de acordo com o número de tron-
cos.
* 2 troncos (SOKAN) – troncos gêmeos ou mãe e filho. Um é sempre
maior e dominante; o outro se inclina ligeiramente para o sentido oposto
ao seu tronco. Além disso, um dos troncos deve ficar ligeiramente à fren-
te.
* 3 troncos (SANKAN) – 7 troncos (NANAKAN)
* 5 troncos (GOKAN) – 9 troncos (KYUKAN)

- POLVO (TAKOZUKURI)
A disposição e a forma dos galhos do TAKOZUKURI lembram um polvo
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com seus tentáculos, um estilo não visto no Brasil.

- MADEIRA-EXPOSTA (SHARIMIKI)
Árvore com troncos inicialmente vivos, mas com uma terminação seca e
morta. Técnica conhecida como a do SHARI, do JIN e da MADEIRA-
ARRASTADA.

- RAIZ-SOBRE-ROCHA (SEKIJOJU)
Árvore fixada a uma rocha, com as raízes descendo sobre ela, encon-
trando e se enraizando no solo do vaso ou bandeja onde a pedra está fi-
xada.

- ÁRVORES EM GRUPOS (YAMAMORI)


Grupo de árvores de diferentes espécies. Esta é a única oposição deste
estilo ao de árvores em grupo e floresta.

- TARTARUGA (KORABUKI)
Estilo raramente visto, nos dá sensação de que o tronco da árvore se es-
tendeu até o solo, querendo cobri-lo. Uma ou mais raízes se estendem
aos arredores do tronco, formando uma superfície similar a de uma casca
de tartaruga.

- ÁRVORE NA ROCHA (ISHITSUKI)


A árvore está fixada a uma pedra com ausência de solo, apenas turfa e
esfagno são utilizados.

- ÁRVORES NA ROCHA (TSUKAMI-YOSE)


Várias árvores nas rochas, preferivelmente mame bonsais.

- PAISAGEM EM UMA BANDEJA (SAIKEI)


Neste estilo procura-se criar em uma bandeja uma paisagem miniatura.
Árvores pequenas mudas ou mame bonsais de árvores de folhas muito
pequenas, onde o arranjo final deverá passar um aspecto de vista distan-
te ou de vista próxima.

- ÁRVORES INTERLIGADAS (IKADABUKI e NETSURANARI)


São árvores em grupos interligados por uma raiz parcialmente exposta.
No IKADABUKI – a raiz exposta que interliga as árvores é reta, estando
às árvores em linha.
NETSURANARI – a raiz é sinuosa.

- TRONCO – RACHADO (SABAMIKI)


Este bonsai, tem o seu tronco rachado a meio sendo que em uma das
duas partes do tronco saem outros galhos, ramificações e folhagens.
Devem-se evitar troncos finos, necessitando de um cuidado maior ao efe-
tuar esta operação, pois toda matéria morta exposta, deverá ser tratada
com calda sulpocaística.
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PRINCIPAIS MÉTODOS DE PROPAGAÇÃO

MISHO – BONSAI A PARTIR DE UMA SEMENTE

Esta é a mais demorada maneira de se obter um bonsai. Cultivadores co-


merciais do mundo todo cultivam bonsais a partir de sementes.

A vantagem desta prática é que podemos trabalhar a muda desde o começo,


ou seja, orientá-la já no seu segundo ano de vida. Devemos obter sementes de boa
qualidade e semeá-las numa sementeira, ou individualmente em pote plásticos ou
saquinhos. Nas sementeiras terão que ser removidas para potes ou saquinhos, após
a sua germinação.

Após doze meses deverão receber a primeira poda de raízes e a segunda e


terceira poda deverão ser efetuadas nos intervalos de tempo que serão menciona-
dos. A primeira poda tem uma enorme importância, retirar a raiz principal (pivotante)
profunda.

A melhor época para germinação de sementes é a primavera, seguida do ve-


rão e do outono. Algumas sementes necessitam quebrar a dormência par germinar.

SASHIKI – O CULTIVO POR ESTACAS


Largamente utilizado no cultivo do bonsai, é um método muito rápido.

A estaca mais usada é de ponteiro. E as espécies mais recomendadas para


este método, são as Figueiras.

Utiliza um ponteiro com folhas maduras, de aproximadamente quatro nós,


deixando na ponta umas três folhas cortadas ao meio. A melhor época para se fazer
estacas é a primavera, podendo usar bandeja de isopor (128 células), e o substrato
de horta já mencionado, não se esquecendo de tampar o furo da bandeja com uma
pedra (tipo britada). Caso queira usar um hormônio enraizador, existem vários no
mercado com suas variadas recomendações.
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TORIKI – ALPORQUIA

A alporquia é uma fascinante técnica de propagação e geralmente nos dá


um bonsai em um curto espaço de tempo. Mais, nem todas as espécies conseguem
desenvolver raízes.

No Brasil a alporquia é largamente utilizada pelos cultivadores comerciais de


bonsai.

Algumas vantagens da alporquia:


- Multiplicar espécies difíceis de reproduzir ou não multiplicáveis por esta-
quia;
- Obter material com notável grossura de tronco;
- Formar um bonsai em curto espaço de tempo;
- Obter um ou mais bonsais a partir de partes de outro já formado;
- Formar rapidamente troncos múltiplos, árvores em grupos e floresta;
- Obter um bonsai a partir de uma árvore encontrada na natureza, com
ótimas características, mas com o tronco comprimido demais.

Para fazer uma alporquia, usa-se um canivete ou estilete bem afiado. Des-
cascam-se 70% do galho escolhido, isto significa 35% de cada lado, deixando uma
união de cada lado (aproximadamente 15%) entre a alporque e a planta mãe. O
comprimento do local descascado será duas vezes maior que a grossura do galho.

O Esfagno é deixado de molho por algumas horas em solução hormonal e


água, logo após, é posto ao redor do galho na parte descascada e coberto com plás-
tico de polietileno transparente, que é amarrado nas extremidades. A massa formada
deverá ter no mínimo o dobro da grossura do galho antes de ter sido descascado.

Uma segunda cobertura com plástico de polietileno preto (saco de lixo) deve-
rá ser feita. Além de proteger as raízes da luz excessiva, o plástico preto ainda
aquecerá o alporque, o que favorecerá a emissão de raízes. Este plástico deve ser
amarrado separadamente, de maneira que possamos desamarra-lo (quando quiser-
mos observar o surgimento de raízes) sem desamarrar o plástico transparente.

A presença de luz inibe o aparecimento e desenvolvimento de raízes.

As raízes apareceram após um determinado tempo, dependendo da espécie.

Devemos observar se o esfagno está ressecado, neste caso, deveremos in-


jetar, através de uma seringa, água ou solução hormonal.

Outra maneira de manter o esfagno úmido é deixando a parte de cima do


“saquinho” aberto, como um coletor de água, vindo da chuva ou de regas periódicas.

Neste caso, a atenção tem que ser dobrada, pois, o esfagno secará mais ra-
pidamente.
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Esperado o tempo requerido por cada espécie e observando as raízes na
massa de esfagno, serraremos o galho ou tronco, logo abaixo de onde houver a
massa de raiz.

À parte podada deverá ser tratada com um selante (creme dental) para evitar
a contaminação de fungos. Cortado o galho, temos uma muda que logo será um
bonsai. Poderemos plantá-la em um pote plástico (vaso de treinamento), no qual
permanecerá até o momento da primeira poda de raízes, aproximadamente dentro
de dois anos.

Após oito meses de plantada poderemos fazer podas e orientações em ga-


lhos, através de arame.

BONSAI A PARTIR DE MUDAS DE VIVEIROS

Os viveiros de plantas são um excelente local para obtermos matéria-prima


para bonsai.

Essa prática oferece a vantagem da obtenção de um bonsai geralmente em


um curto espaço de tempo. A muda adquirida quase sempre pode receber uma
amarração e uma poda considerável de galhos e raízes, sendo tecnicamente um
bonsai dali apenas dois ou três anos.

É comum em um viveiro de plantas o fato de que algumas árvores acabam


nunca sendo vendidas e vão ficando cada vez mais de lado, esquecidas, deixadas
por vários anos em uma lata ou pote.

Uma boa característica geralmente presente nessas árvores esquecidas são


as raízes expostas.

As mudas esquecidas, que tiveram o tronco podado nesse meio tempo, são
as melhores matérias-primas. Mas freqüentemente encontramos as mudas esqueci-
das que não foram podadas, em função disso, adquiriram grande altura, mas, é a
grossura de seus troncos que as tornam atrativas.

Dependendo da espécie poderá ter seus troncos podados drasticamente a


10, 15, 20 cm do solo, para serem desenvolvidas bonsai. Seus torrões receberão
uma poda bem intensa.

Colher o máximo de informações sobre os espécimes que estão sendo ad-


quiridos, como idade, meio de propagação, e, se estão livres de pragas.

Procurar uma boa matéria-prima para bonsai em viveiros de plantas é uma


prática extremamente gratificante.
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YAMADORI

A COLETA DE ÁRVORES NA NATUREZA


O YAMADORI é uma prática ligada à própria história do bonsai e percebe o
próprio surgimento desta arte. Bonsais mais velhos existentes no Japão, foram cole-
tados na natureza quando já eram árvores-miniaturas.

Quando as árvores passaram a ser trabalhadas, o YAMADORI, não se res-


tringiu mais a procura de árvores naturalmente miniaturizadas, mas a procura e a
coleta de ARAKI (qualquer árvore ou arbusto que sirva como matéria-prima par ob-
tenção de um bonsai).

Lugares onde se encontra a coleta de ARAKI:


- Interior de matas com pouca luz;
- Cerrados;
- Locais de solo rochoso (penhasco).

Deve-se levar ferramentas apropriadas para a coleta de ARAKIS, um exem-


plo é o enxadão, para cavar em volta de uma árvore.

Devemos observar, antes de tudo, se a muda encontrada é de uma espécie


que possua caule lenhoso, gemas laterais e que tenha um período de vida relativa-
mente longo.

Folhagens (não servem para bonsai), palmeiras ou árvores que possuam fo-
lhas grandes.

Árvores e arbustos são possíveis de serem bonsai.


As duas espécies mais adotadas são: Cyca e Crássula.

As características de um ARAKI são:


- Espécies resistentes que possua folhas pequenas;
- Espécime saudável;
- Tamanho diminuto e forma compacta;
- Tronco grosso e envelhecido;
- Boa distribuição de galhos;
- Folhagem densa;
- Aspecto geral harmonioso e bonito.

Para retirar o ARAKI segue-se:


1º passo: estudar a arvore e avaliar a necessidade de poda em galhos de-
sarmoniosos ou indesejados.
2º passo: faz-se uma clareira ao seu redor limpando o solo de qualquer ma-
to, pedra ou capim que existe ao seu redor.
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O Torrão deverá ser circular e seis vezes mais largo que a base do tronco.

O buraco deverá ser sempre mais fundo que o local onde será a parte mais
baixa do futuro torrão, depois de completado este buraco a vanga é utilizada para
diminuirmos o torrão. Devemos ir tirando “fatias” do torrão de maneira uniforme, a
menos que haja uma enorme quantidade de raízes em uma única direção e pou-
quíssimos em outras, raízes grossas deverão ser cortadas.

Quando atingirmos 1/3 de profundidade da altura do ARAKI, deveremos co-


meçar a diminuir a largura do torrão, cavando no sentido horizontal, até atingirmos a
raiz principal devendo ser cortada ou serrada na diagonal.

Se a raiz principal trincar ou for mal cortada, um processo de apodrecimento


poderá ali se iniciar e levar à morte de outras raízes ou da própria árvore meses ou
até anos mais tarde.

O torrão deverá ser retirado do solo e colocado sobre um saco, amarrado vá-
rias vezes com uma corda, ou fita.

A árvore deverá ser plantada logo num vaso ou solo e durante as próximas
cinco semanas deverá ser protegida dos raios solares intensos e dos ventos.

Em três meses a árvore estará relativamente pega e já poderá receber adu-


bação, com dosagem um pouco reduzida. Em oito meses já poderá receber algumas
amarrações com certo cuidado.

O segundo replantio é efetuado um ano após a coleta da árvore, com uma


nova poda de raízes e uma diminuição do torrão.

Dois anos após, uma segunda poda, onde neste segundo reenvasamento
diminui-se muito o tamanho da raiz principal, considerando esta árvore um jovem
bonsai.

Existe a coleta de AKARI na cidade, pois, excelentes matéria-prima e encon-


trada em alguns jardins antigos ou abandonados.

Os buchinhos, entre outras, são facilmente encontradas. Quando são pro-


movidas as limpezas de jardins, e excelente matéria-prima é jogada fora nessas lim-
pezas.

PODAS

As podas são feitas em diferentes partes da árvore com variados objetivos.

Podas drásticas são as de tronco ou de galhos primários.

É necessário definirmos o tamanho de bonsai que formaremos com a muda


em questão: mini, pequeno, médio ou grande, pois, diferente deverá ser a grossura
de tronco a ser atingida.
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Enquanto não tivermos atingido 80% da grossura pretendida de tronco, a ár-


vore deverá permanecer num vaso de treinamento (qualquer vaso, desde que seja
grande) ou plantada no solo, o que será até melhor. Neste período, as podas de raí-
zes serão efetuadas normalmente, pois caso contrário à profundidade das raízes
corresponderá à de uma planta comum.

Quando a muda é plantada diretamente no solo, o tronco engrossa mais fácil


e rapidamente. Já que as raízes têm bastante espaço para se desenvolverem.

Após a poda drástica a muda emitirá vários brotos, que deverão crescer por
seis meses, quando cortaremos quase todos em sua base, deixando apenas dois ou
três, talvez apenas um. Neste momento estará sendo escolhido o broto líder, futura-
mente mais uma parte do tronco.

Um ano após esta poda drástica, faremos uma segunda, desta vez pouca
coisa acima, no broto líder. Se houver outros brotos eles poderão também receber
uma poda drástica ou serem cortados fora (na base), conforme o bonsai idealizado
para aquela muda. Esse processo deverá se repetir até ser atingida a grossura de
tronco desejada. Isso geralmente levará vários anos, dependendo da espécie, do
tronco da matéria-prima no início do processo e da grossura de tronco pretendida.

Poderemos utilizar matérias-primas que já possuam a grossura de tronco


desejada. Árvores com até três metros de altura.

A árvore escolhida receberá uma poda drástica, a altura do ponto a ser po-
dada dependerá do tamanho final pretendido.

Os brotos que surgirem deverão crescer por seis meses, quando será defini-
da a copa da árvore ou será selecionado o broto líder, que crescerá até completar
um ano, recebendo, uma poda drástica. Com o passar dos anos, com outras podas
drásticas, o desnível de grossura do tronco (no local da primeira poda), não mais
existirá e, se durante este período forem efetuadas as podas de raízes e as amarra-
ções visando a orientar os galhos primários (talvez até os secundários), estaremos
diante de um belo bonsai.

Dica: coníferas deverão ser evitadas, não suportam podas drásticas.

Galhos primários não são orientados (amarrações) enquanto boa parte da


grossura de tronco não for atingida, pois perderemos com a poda drástica.

Como podas e amarrações são práticas constantes no cultivo do bonsai, não


há nada de errado em cortar um galho ou um pedaço do tronco já orientado.

Quando já estivermos podando apenas os galhos secundários, a árvore cer-


tamente já estará em um vaso ou bandeja, e terá atingido a grossura de tronco de-
sejada, ou estará muito próximo disto. Nas coníferas a grossura de tronco poderá
ser atingida unicamente, com podas de galhos secundários, uma vez que não acei-
tam podas drásticas, mas este procedimento levará muito tempo. Os galhos secun-
dários estão entre os galhos primários e as pequenas ramificações de onde saem as
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folhas. Sua poda permite a formação de um maior número dessas pequenas ramifi-
cações e, conseqüentemente, a formação de uma folhagem mais densa.

A medida que o bonsai vai adquirindo a forma pretendida, as podas vão


sendo realizadas cada vez mais próximas da extremidade da árvore (copa).

Por menor que seja o crescimento de um bonsai já formado, não podemos


considerá-lo uma obra terminada. Um crescimento mínimo é inevitável, mais isso de
modo algum impede que ele seja mantido em sua forma por décadas.

Algumas vezes as não coníferas poderão ter suas folhas podadas, visando o
surgimento de folhas com o tamanho reduzido.

Esta poda deverá ocorrer no final da primavera, a árvore receberá regas


moderadas e jamais ser adubadas até a formação da nova folhagem (bonsais prati-
camente definidos).

Outra poda de folhas também é realizada no início do verão, forçando a ár-


vore a antecipar o seu crescimento de outono e, quando o outono chegar, a árvore
terá um crescimento que só aconteceria na primavera seguinte (poda usada em
bonsais em formação). Deve ser adubada e aguada em abundância.

Essas podas não deverão ser efetuadas todos os anos, mas quando houver
necessidade.

As folhas são cortadas no seu ponto de junção com o pecíolo, que é deixado
na árvore e cairá após algumas semanas, quando começarão a surgir às novas fo-
lhas.

As espécies não-coníferas que florescem no início da primavera, a poda de-


verá deixar dois pares de folhas (segundo nó) logo após a floração.

Exemplares que tiverem um desenvolvimento intenso poderão ser podados


novamente no final do verão.

Demais espécies são podadas no final da primavera, deixando dois nós (dois
pares de folhas).

Jamais se poda uma árvore que não esteja firmemente “pega”.

Nas podas drásticas de troncos, se já houver uma ramificação ou simples


broto, na altura do ponto escolhido, poda-se na parte imediatamente acima desta
ramificação que será assim, desenvolvida para tornar-se à continuação do tronco
(em qualquer época).

Cortes nos pontos certos e a retirada de quaisquer saliências (pequeno for-


mão ou canivete) permite uma melhor e mais rápida cicatrização.

Uso de ferramentas apropriadas (afiadas e limpas) para a grossura de tronco


ou galho é indispensável para o sucesso da operação.
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O uso de uma massa para podas (MASTIQUE) sobre o lenho exposto o pro-
tegerá de um apodrecimento e favorecerá sua cicatrização.

A poda de refinamento nas coníferas: ciprestes, falsos-ciprestes, thuyas, ju-


níperos, serão feita na primavera, não com uma tesoura, mas com as próprias mãos.

Os brotos deverão ser “pinçados” com os dedos usando as duas mãos, pois,
uma segura e a outra puxa.

A diferença entre o uso das mãos e o da tesoura é que pinçar manualmente


permite o rompimento das folhas no seu ponto certo e a tesoura cortaria as folhas ao
meio.

AMARRAÇÕES

Se tivéssemos apenas algumas linhas para tentar definir o cultivo do bonsai,


certamente seria algo como: árvore plantada em um pequeno vaso, moldada através
de amarrações e podas, nos galhos e raízes. Hoje o próprio conceito de bonsai im-
plica a presença das amarrações, que lhe dão a forma desejada. É principalmente
através do domínio desta técnica e da capacidade de visualização de um desenho
harmonioso para a árvore que belos exemplares serão obtidos.

A capacidade de visualizar um bom desenho levará algum tempo para ser


aprimorada, embora já varie de indivíduo para indivíduo, e não pode ser ensinada.
Será obtida através da prática, da observação de bonsais de outros cultivadores e
de árvores na natureza.

As amarrações são feitas com fio de cobre ou alumínio. Os fios utilizados te-
rão espessuras variadas, dependendo da grossura dos galhos ou espécie em ques-
tão.

Já que a muda de árvore geralmente tem galhos de diferentes grossuras,


será comum utilizarmos em uma única amarração duas grossuras de fio. Tentar for-
çar o uso de um fio grosso demais para um galho poderá resultar na quebra deste
durante a amarração e um fio fino demais poderá simplesmente não superar a resis-
tência do galho à nova orientação, não sendo, assim, eficaz.

O uso de amarração dupla será necessário sempre que não dispusermos de


um fio grosso o bastante e efetuá-la será simples. Com o tempo e a prática, observa-
remos que em alguns casos a amarração dupla será até mesmo mais apropriada.

Procedimentos de amarrações, considerados inadequados, estão se trans-


formando em técnicas normalmente utilizadas.

Fios que partem da base do tronco são fixados junto a este no solo.

As amarrações devem ser efetuadas com um ângulo de aproximadamente


45 graus.
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Nas amarrações duplas os fios devem ficar alinhados, jamais cruzados.

O espaçamento não deve ter grandes variações.

No final das amarrações as pontas devem ser preferivelmente dobradas no


sentido contrário ao percorrido.

Deve-se realizar as amarrações utilizando as duas mãos.

Não existe um período certo para a permanência de uma amarração. Ele


pode variar muito, pois depende da grossura do galho, da espécie em questão e do
ritmo de crescimento durante esse tempo. Dessa forma uma amarração poderá ficar
apenas dois meses e ser retirada, enquanto que outra levará um ano ou até mais
tempo para surtir efeito. Quando notarmos que o tronco ou galho engrossou e que o
fio está formando um sulco já está na hora de retirá-lo. Devemos evitar a formação
de sulcos demasiadamente fundos, pois, serão notados por alguns anos; ou poderão
nunca desaparecer.

A presença de marcas causadas por amarrações tira pontos de um exemplar


em uma exibição. Nas grandes exposições do Japão, bonsais com essas marcas
são desclassificados na triagem. No entanto, são comuns essas marcas existirem
em um grande número de bonsais, e estamos falando de exemplares de cultivadores
experientes.

Os principais erros de amarração são:


- Fio solto;
- Espaçamento irregular;
- Vão entre um galho e o tronco;
- Amarrações iniciadas no, meio do tronco;
- Amarração larga.
- Na amarração dupla, está errado quando os fios se cruzam;
- Não poderá formar-se espaço entre os fios;
- Nunca, usa o processo de amarração em uma planta com no mínimo oito
meses de plantada ou replantada.

Dica: faz-se a amarração, espera quinze dias, que seria o tempo de


adaptação, somente depois, replanta.

Nas amarrações não-comuns existe a ancoragem. A técnica consiste na co-


locação de pesos nos galhos ou na extensão de um fio amarrado ao vaso ou em
outro lugar. Na maioria das vezes isso é útil apenas para orientar os galhos para
baixo, não sendo nem um pouco práticas para orientação em outros sentidos.

PODAS DE RAÍZES E REPLANTIO

A poda de raiz está ligada diretamente com o replantio.


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Está prática é essencial para a sobrevivência do bonsai. Qualquer planta em
um vaso precisa ter suas raízes podadas, caso estas desenvolvam demasiadamente
morrerá, porque as raízes terão cada vez mais dificuldades em obter água e oxigê-
nio.

O intervalo de tempo entre uma poda e outra é de dois anos, mas, a idade
do exemplar também determina a freqüência do replantio.

As plantas mais jovens possuem um desenvolvimento mais acelerado. Os


bonsais mais velhos com cerca de cinqüenta, sessenta anos de idade, são replanta-
dos a cada quatro ou cinco anos, enquanto que no Japão, árvores com trezentos
anos de idade ou mais, são replantadas a cada quinze anos. A melhor época para o
replantio é a primavera, seguida do outono.

Primeiramente replanta-se as coníferas no começo de agosto.

Depois, as não-coníferas (frutíferas) deverão ser replantadas logo na primei-


ra semana de setembro, ou seja, bem antes do florescimento.

As não-coníferas (restante dos exemplares, inclusive as figueiras) deverão


ser replantadas no começo de setembro, outubro, novembro; período ideal.

Contudo podem ser replantadas em seqüência: dezembro, janeiro, fevereiro


até meados de março. Isso, caso não tenha sido possível replantá-la antes.

Jamais devemos realizar o replantio logo após a árvore ter emitido as primei-
ras folhas (brotação). É o caso das espécies que perdem todas as folhas no inverno.

No replantio a árvore terá o seu sistema radicular sensivelmente diminuído,


será o momento perfeito para a realização de podas na parte aérea da árvore.

Dias antes do replantio (um, dois ou três dias), faz-se a poda na parte aérea,
mas, não podemos replantar, se passar vários dias (aproximadamente oito dias, de-
pendendo da espécie) e a planta emitir novos brotos e folha. Se isso ocorrer deve-
mos aguardar dois meses para uma nova poda aérea, em seguida o replantio.

PODA DA RAIZ

Usando-se uma faca, o torrão é “despregado” da parede interna do vaso


como um bolo preste a ser retirado de uma forma. Bonsais anões e pequenos pode-
rão ser retirados pondo-se o vaso de cabeça para baixo com uma mão e segurando-
se o torrão (com o tronco da árvore passando por entre os dedos) com a outra. Os
de qualquer outro tamanho poderão ser puxados pela base do tronco, uma vez que
a grande quantidade de raízes impedirá que o torrão desmorone. Bonsais grandes e
gigantes são retirados preferencialmente com a ajuda de outra pessoa para puxar o
torrão pela base do tronco ou calçá-lo enquanto é retirado. Podemos replantar e po-
dar as raízes a qualquer hora do dia. Obviamente não o faremos sob a luz solar dire-
ta, nem exporemos a árvore posteriormente a esta.
15
Após retirarmos o torrão observamos as raízes que, tendo se desenvolvido
demasiadamente, circundam as “paredes” ou o próprio fundo do torrão. Com um gar-
fo ou hashi, essas raízes são desemaranhadas e em seguida são podadas no ponto
em que excedam o torrão, diminuindo-o de 1/3 a 1/2, tomando certo cuidado para
não ferir as raízes ou partes delas que permanecerão intactas.

Diminuindo o torrão, todas as raízes que estiverem para fora do remanes-


cente deverão ser podadas e, então, a árvore estará pronta para o reenvasamento.

As plantas não-coníferas aceitam podas mais drásticas que as coníferas.

Não se remove o substrato das partes mais próximas do tronco, para que
uma boa massa de raízes possa se formar no torrão. As raízes mais grossas que se
encontre, cruzadas deverão ser desencavaladas, pondo-se uma delas em uma nova
posição ou podando-a, se necessário.

Tesouras de poda pouco afiadas poderão causar danos às raízes. As racha-


duras são os piores. Se isso ocorrer, as partes rachadas deverão ser cortadas.

REPLANTIO OU REENVASAMENTO
O orifício de drenagem é coberto por uma tela mosquiteira para que insetos
não possam entrar no vaso e para que não haja perda de substrato durante o esco-
amento da água. A tela é ali fixada com a ajuda de um “grampo” feito com um peda-
ço de fio de cobre descascado, que também terá a função de amarrar o bonsai fir-
memente ao vaso, impedindo que este balance. O ideal seria que os vasos tivessem
quatro furos menores (alguns vasos já tem) para amarrar a planta. Mas, se não tiver
os quatro furos, o cultivador pode fazer, com uma furadeira ou canivete.

Neste momento preparam-se duas agulhas em forma de “U”, estas agulhas


vão cruzar no fundo do vaso, pelo lado de fora em forma de “X”, e ficar de espera
para amarrar a planta. É feita com fio de cobre descascado, utilizando os quatro fu-
ros do vaso.

O fundo do vaso é, então, coberto com uma camada de pedrisco ou casca-


lho, que deverá variar a altura, conforme o tamanho do vaso.

Sobre a camada de cascalho deverá ser colocada uma de substrato. A árvo-


re será colocada no vaso e amarrada. Mudas novas e bonsais em formação em va-
sos de treinamento (potes escorredor de macarrão) não precisam ser amarrados. Se
o torrão estiver muito baixo no vaso, deverá adicionar mais substrato no fundo do
vaso.

Estando o bonsai posicionado e amarrado no vaso (ou bandeja) este será


preenchido com o substrato, que deverá estar seco para que possa ocupar todos os
espaços vazios. Se esses espaços não forem preenchidos, poderá ocorrer a forma-
ção de bolsões de ar, onde poderá iniciar-se um processo de apodrecimento de raí-
zes ou ainda servir de ninho para a proliferação de insetos.
16
Será necessário o uso de hashi para que o substrato possa preencher os
pequenos espaços vazios.

O substrato deverá ser apenas levemente comprimido com a mão. Feito is-
so, é hora de fazer a primeira rega. Esta rega é feita por imersão. Coloca-se um bal-
de ou bacia com água e mergulha o vaso replantado dentro; poderão notar as bo-
lhas de ar saindo, aproveitando para molhar a parte aérea da planta. Este processo
consiste em deixar a planta mergulhada até sair todo o ar existente no vaso.

Logo após, poderão ser postas “plaquinhas” de musgo gentilmente coletadas


e plantadas na superfície umedecida do vaso, sobre uma fina camada de terra nor-
mal.

Após o reenvasamento, qualquer muda ou árvore saudável possui energia


vital e recursos nutricionais para poder restabelecer-se. Para o espécime não morrer
por desidratação, devemos borrifar água sobre as folhas, galhos e tronco; várias ve-
zes ao dia, durante uma semana.

Nas semanas que se seguirão, a luz solar direta será extremamente prejudi-
cial, mas por outro lado não será benefício deixar a árvore em sombra plena por vá-
rias semanas.

O ideal é o meio termo. Um local onde bata um pouquinho de sol e o restan-


te do dia sombra.

Após cinco semanas a árvore poderá ir voltando gradativamente para uma


incidência de luz solar mais intensa. Depois de dois meses (oito semanas) a árvore
poderá voltar para o local onde estava (definitivo).

Fertilizantes (adubos em geral) não deverão ser usados antes de dois me-
ses, após o reenvasamento, sendo a dosagem da primeira adubação mais leve.

SUBSTRATOS ADEQUADOS

Um dos “segredos” do cultivo do bonsai é a utilização de substratos apropri-


ados.

Para compreender os substratos, devemos estudar cada elemento separa-


damente.

* Elemento que chamamos de grânulos ou grúmus: são partículas de terra


granulada ou preferencialmente grânulos (húmus de minhoca) de dois a três mm.

Onde encontrar: Em um local úmido onde existe minhocas, ou terrenos, on-


de a terra não foi mexida há uns dez anos.

Exemplo: debaixo de um abacateiro, onde o solo fica sombreado, úmido, on-


de não ocorreu aração ou gradeação, onde o solo esteja “descansado”.
17

Cava-se um buraco de aproximadamente trinta centímetros de profundidade


(usando enxadão). Usamos duas peneira, a peneira de café por cima e a de arroz
por baixo. Com o auxílio de uma pá, vamos colocando a terra sobre as duas penei-
ras, peneirando o que fica sobre a peneira de café é descartado; e o que fica na pe-
neira de arroz é o elemento que nós utilizamos. Feito isso, coloca-se ao sol e deixa
secar, pois só trabalhamos com material seco.

Podemos retirar uma quantidade grande de grúmus, e ir usando conforme a


necessidade.

A melhor época para fazer esta coleta de grúmus, é em julho, na época da


seca.
* Pedrisco ou areia lavada, são pequenas partículas de pedras.
Onde encontrar: casa de materiais de construção onde se vende areia do rio,
mais fácil ainda em um porto de areia.

Neste caso, usamos três peneiras de baixo para cima, colocamos peneira de
fubá, depois a peneira de feijão, e por cima a peneira de café, utilizando uma pá co-
locamos areia sobre as peneiras. O que fica na peneira de café é descartado, o que
fica na peneira de feijão é utilizado como filtro, a camada de cascalho no fundo do
vaso, e o que sobra na peneira de fubá é o elemento pedrisco.

A época ideal para fazer a coleta do pedrisco, e do cascalho do filtro, tam-


bém é julho na seca. Este material pode ser guardado por tempo indeterminado, não
estraga.
* Esterco de curral – este componente tem que ser amontoado e molhado
de vez em quando, “curtir”, para que haja a decomposição através dos microorga-
nismos (é quando o esterco esquenta e depois de certo tempo esfria).
Este elemento também é usado seco (ao sol) e peneirado usando a peneira
de feijão.
* Substrato de horta – usado na formação de mudas de hortaliças em ban-
dejas, encontrado em sacos de vinte e cinco quilos nas lojas agropecuárias.
Nota-se que os substratos que serão citados foram os mais adequados, ao
longo de vários experimentos.
-
- Substratos para coníferas
10% esterco de curral
10% substrato de horta
30 % pedrisco
50% grúmus

- Substratos para não coníferas


20% substrato de horta
30% pedrisco
50% grúmus
-
18
- Substratos para figueiras
10% esterco de curral
20% grúmus
20% pedrisco
50% substrato de horta

FERRAMENTAS E ACESSÓRIOS

- Cadernos e etiquetas:
Para registrar suas plantas.
- Tesoura de poda:
Sua ponta fina permite a poda de ramos com delicadeza e precisão.
- Tesoura de poda:
Mais robusta para poda de galhos. É interessante também ter uma tesou-
ra velha, mas que ainda corte bem, para podas de raiz.
- Hashi:
Pauzinhos japoneses (dessas de comer comida oriental) para desman-
char o torrão e socar o composto.
- Pinça de ponta fina:
Usada para retirar brotos e folhas em excesso ou eliminar insetos, ervas
daninhas e outras pragas.
- Alicate para cortar arame:
Usado em fio elétrico nas amarrações.
- Alicate de eletricista:
Para fazer o amarrio da planta no vaso.
- Fios de cobre ou alumínio maleáveis em diversas espessuras para as
amarrações de galhos e para fixar as plantas nos vasos.
- Mastique:
Cera de abelha derretida e fervida com própolis, para acelerar o processo
de cicatrização evitando o apodrecimento da madeira, pois impede a en-
trada de água e de fungos.
- Creme dental:
É usada no corte das raízes grossas, quando necessário.
- Borrifador:
Para molhar as folhas, efetuar de vez em quando, se o bonsai, não esti-
ver sendo exposta a chuva. Necessário borrifar as folhas no replante.
- Canivete:
Terá uso em diversas situações no dia-a-dia.
- Furadeira elétrica:
Usada para fazer perfurações em pedras e furar vasos.
- Garfo:
Utilizado para desmanchar um torrão na poda de raiz, para replantio.
- Mesa giratória:
Utilizada em amarrações de galhos, poda, replante, etc.
- Peneiras:
As peneiras são utilizadas para peneirar solo e pedras, é necessário ter
três peneiras de números diferentes.
- Telas de sombreamentos:
Usada para tampar o fundo do vaso.
19

VASOS E BANDEJAS

As bandejas ou vasos nos quais as árvores miniaturas são cultivadas é de


extrema importância nessa arte. Tem características específicas e cada tipo, modelo
e tamanho é adequado para uma árvore.

As regras de uma técnica são respeitadas e seguidas sem questionamento,


porque são fundamentadas na procura de harmonia, verdade e perfeição.

Os vasos e bandejas utilizados nesta arte são feitos de cimento, louça, ce-
râmica vitrificada, barro e porcelana.

Dica: um mame-bonsai deverá sempre ser plantado em vaso de cerâmi-


ca vitrificada, pois dado a suas diminutas proporções, o solo seca fácil e rapi-
damente, um vaso de barro retiraria ainda mais sua umidade.

Os vasos ou bandejas podem ser: retangular, oval, redondo, quadrado, oc-


togonal, raso, fundo, média profundidade, extremamente raso, etc.

O vaso deverá ser 2/3 do comprimento da árvore no caso de uma de cresci-


mento mais horizontal, ou 2/3 da altura, no caso de uma árvore de crescimento pre-
dominante vertical.

A liberdade na escolha do vaso, na cor, fica por conta de cada cultivador,


que deve ser feita com bom senso.

As regras não estão presentes para escravizar, limitar, bitolar ou dificultar o


trabalho do cultivador, mas para ajudá-lo a obter melhores resultados.

O discípulo respeita as técnicas e as regras porque este foi o caminho per-


corrido pelos mestres em seu aperfeiçoamento. Com humildade suficiente para sa-
ber que pouco deveriam mudar e muito deveriam acrescentar.

* Vasos Artesanais
SHUGO IZUMI
Atibaia – São Paulo
Bairro do Tanque
(011) 484-5713

POSICIONAMENTO
Bonsais são árvores: apreciam o sol, a chuva, o vento e o sereno; devem ser
mantidos a céu aberto ou, pelo menos, na extremidade de uma varanda ou sacada.

No caso de construir um viveiro, por mais simples ou pequeno, usar telas de


sombreamento com 50%.
20
Um bonsai deve ser colocado na altura da linha do olhar, pois o indivíduo
não precisará curvar-se, abaixar-se ou erguer o rosto para melhor admirá-lo.

Muitas vezes, o bonsai, se encontra na linha do olhar de um indivíduo senta-


do em uma cadeira ou no chão.

Se o bonsai foi colocado diante de um muro, ou parede, terá sua beleza re-
alçada, pois seus detalhes serão mais perceptíveis, quando em contraste com uma
superfície plana, lisa e de uma só cor. Em uma exposição (mesmo quando a céu
aberto), são utilizados fundos planos, lisos e de cores claras, como um creme ou um
tom pastel.

Os bonsais podem ser postos sobre uma tábua ou lajes sustentadas por tijo-
los ou caibros; ou individualmente sobre uma coluna de cimento ou um toco de eu-
calipto serrado.

Não devemos pintar as madeiras ou peças de cimento de preto, pois isso da-
rá um aquecimento excessivo para a planta.

Dica: escolhido o local do seu bonsai, comece a mudar sua posição se


sete em sete dias, alterando 25% a cada sete dias.

Desta maneira a luminosidade será por igual e sua copa terá um crescimen-
to uniforme.

BONSAI DENTRO DE CASA

Boa parte das pessoas que se interessam por Bonsai esbarram em uma pe-
quena decepção logo de início e isso já lhes tira o interesse pelo assunto: não pode-
rão deixa-lo dentro de casa.

É perfeitamente saudável a idéia de expormos o Bonsai para ser admirado


por visitas e, aliás, ele existe para ser admirado. Um Bonsai pode e deve ser levado
para dentro de casa em uma ocasião especial como festas, comemorações, fim de
semana (não todos), mas deve ser levado de volta para fora no dia seguinte.

Os Norte-Americanos em especial, insatisfeitos com a idéia de não poderem


deixar a árvore permanentemente dentro de casa, criaram o “Indoor Bonsai”, o Bon-
sai de interior. Mas os grandes nomes ligados à arte em todo mundo não concordam
em relação ao seu cultivo.

O Fícus benjamina é uma das principais espécies utilizadas para Bonsai de


Interior, e, provavelmente, poderá ficar sempre em uma sala bem iluminada, o que
significa que no Brasil, o Bonsai de Interior é menos inviável do que em países de
clima temperado e frio.

Podemos observar que as espécies de folhas variegadas são mais apropria-


das para serem mantidas dentro de casa, pois exigem um menor período e intensi-
21
dade de luz. A Serissa o os Fícus variegados, por exemplo, são umas boas opções
para quem mora em apartamento.

IRRIGAÇÃO

O Bonsai deverá ser aguado em abundância.

As regas deverão ser feitas sempre à tarde, para que a planta possa secar a
parte aérea e ficar com o composto úmido, uma vez que será feito um bom dreno no
fundo do vaso.

Nos meses de frio, Junho e Julho, deverá ser aguado logo após o almoço,
na hora mais quente do dia.

Pode regar com água de torneira, clorada, sem prejudicar a planta.

No caso se for um viveiro poderá usar uma mangueira de jardim, imitando


chuva. Bonsais pequenos (mame) com longa exposição a raios solares diretos pre-
cisarão de atenção redobrada e o mesmo serve para os de estilo árvore-na-rocha,
devendo ser regado duas vezes ao dia, pela manhã e à tarde.

A rega deve ser feita de maneira delicada para não varrer a terra da superfí-
cie do vaso. Se a superfície do solo estiver coberta por musgo é necessário que ob-
servemos se a água foi realmente absorvida ou se escorreu pela superfície do mus-
go, caindo para fora.

Bonsais, como todas as outras plantas, apreciam ter suas folhas molhadas
ocasionalmente, podendo borrifar. Bonsais podem e devem ficar expostos à chuva,
mesmo às fortes chuvas de verão. Somente a de granizo (pedra) poderá representar
alguma ameaça.

SOL

O Bonsai é uma árvore e as árvores crescem sob o sol, a chuva, o vento, o


sereno, etc.

Não existe regra ou cálculo que nos diga por quanto tempo este ou aquele
Bonsai deve ser exposto ao sol diariamente.

Observando a pequena árvore, com o tempo, saberemos se ela apreciaria


mais ou menos sol.

Coníferas precisam de pelo menos duas horas dos horários de luz solar mais
intensa.

Bonsais de não-coníferas aceitam uma exposição um pouco menor aos raios


solares.
22
Bonsais de coníferas e não-coníferas podem perfeitamente ser posicionados
em um jardim a céu aberto, recebendo seis, sete, oito horas de luz diretamente.

NUTRIÇÃO

A adubação de um Bonsai é quase igual de uma planta normal, em um vaso.

É fundamental o uso de adubos no cultivo do Bonsai seja no Bonsai em for-


mação ou já formado.

Por ocuparem um espaço muito restrito, a sua dependência em relação às


adubações é até maior do que a de plantas comuns plantadas em vasos que possu-
em uma quantidade de “terra” muito maior, e, conseqüentemente, maior reserva de
nutrientes.

O procedimento correto é a adubação com doses moderadas, mas em inter-


valos curtos e freqüentes durante quase todo o ano.

Podemos utilizar adubos orgânicos como: esterco de curral, torta de mamo-


na, farinha de osso, farinha de peixe, etc. Sobretudo não sabemos exatos os teores
utilizados em relação ao N.P.K.
N = nitrogênio
P = fósforo
K = potássio

E os adubos inorgânicos ou adubo químico, são mais práticos, pois facilita o


controle do NPK fornecido.

Uma boa formulação seria 10-10-10.

Nunca devemos utilizar uma formulação onde a taxa de N (nitrogênio) seja


maior que P (fósforo) e K (potássio).

O que eu tenho usado há vários anos é o seguinte:


Adubo: 10-10-10, qualquer marca.

Adubar nos meses: Janeiro, Fevereiro, Março, Abril, Maio, Agosto, Setem-
bro, Outubro, Novembro e Dezembro. Não adubar nos meses Junho e Julho.

Dica: somente aduba um Bonsai dois meses após o seu plantio ou re-
plantio.

PEDRAS

O Pinjing é a criação de uma paisagem envasada, a presença de pedras


simbolizando montanhas, e água, formando assim a idéia da representação miniatu-
rizada da natureza.
23
Um dos mais lindos estilos é sem dúvida Raiz-Sobre-Rocha. Uma pequena
árvore incrustada em uma pedra, com suas raízes envolvendo-a e descendo em di-
reção ao solo.

É necessário utilizar uma muda que não tenha recebido nenhuma poda de
raízes. Mudas plantadas em sacos plásticos grandes, latas de dezoito litros (tipo as
de tinta de pintar casa) há mais de dois anos, serão perfeitas.

A muda é, então, montada na pedra, no local desejado e suas raízes princi-


pais são posicionadas ao longo da pedra. Feito isso, a pedra toda é “enfaixada” com
fita plástica, de maneira a amarrar as raízes ao longo de toda a extensão da pedra.
Essa amarração, que deve ser justa, impede as raízes de se afastarem, que novas
raízes se formem na altura da pedra e cresçam horizontalmente.

A muda e a pedra são, então, plantadas normalmente em um vaso ou pote


relativamente fundo. As adubações deverão ser freqüentes a partir do quarto mês e
a planta deve ser regada em abundância.

Após esse período a muda é retirada do vaso, desmanchando-se cuidado-


samente o torrão e cortando-se as fitas, observa-se se as raízes engrossaram o tan-
to desejado e se estão firmemente agarradas à pedra, caso contrário, amarra-se no-
vamente a fita sobre a pedra e as raízes serão deixadas intactas por mais dois anos,
certificando-se, neste caso, que o pote ou vaso seja grande o bastante.

Pode plantar a muda desde o início diretamente no solo. Para Bonsais gran-
des em que as raízes precisarão engrossar bastante, será uma ótima opção.

Após essa etapa a árvore é posta em um vaso de treinamento, deixando a


maior parte da pedra exposta, ou em um vaso de Bonsai.

As podas nos galhos e amarrações que poderão e deverão ser feitas, após
oito meses de replantio, garantirão a orientação de vários galhos, de maneira que o
Bonsai esteja praticamente concluído.

ESPÉCIES RECOMENDADAS
Divididas em dois grupos:
- Coníferas: plantas gimnospérmicas, que produzem frutos em forma de
cone (pinheiros).
- Não-coníferas: esse termo foi escolhido porque abrange quase todo o
restante, facilitando assim o aprendizado. Dentro das não-coníferas va-
mos separar as FIGUEIRAS, para melhor entender o composto na hora
do replantio.

CONÍFERAS

THUYA COMUM – Juniperus communis


JUNÍPERO-AGULHA – Juniperus rígida
THUYA JACARÉ – Juniperus horizontalis
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SHIMPAKU – Juniperus chinesis
PINOS – Pinus elliottii
PINHEIRO-NEGRO-JAPONÊS – Pinus thunbergii
FALSO-CIPRESTE-ANÃO – Chamaecyparis obtusa “nana gracilis”

NÃO-CONÍFERAS

AMOREIRA – Morus Alba


BUXINHO – Buxus sempervirens
CITROS – Citrus spp
JACARANDÁ-MIMOSO – Jacarandá mimosifolia
ALFENEIRO – Ligustrum lucidum
LIGUSTRO – Ligustrum sinensis
LIGUSTRO VARIEGATO – Ligustrum sinensis variegatum
MURTA – Murraya paniculata
PODOCARPUS – Podocarpus macrophyllus
PRIMAVERA – Bougainvillea glabra
PIRACANTA – Pyracantha coccínea
OLMO CHINÊS – Ulmus parvifolia
OLMO JAPONÊS – Zelkova serrata
BORDO-VERMELHO – Acer palmatum “Deshoyo”
BORDO-VERMELHO – Acer palmatum “Seigen”
BORDO-TRIDENTE – Acer buergerianum
CALIANDRA MIMOSA – Calliandra tweedi
CEREJEIRA-DO-RIO-GRANDE – Eugenia involucrata
IPÊ-AMARELO – Tabebuia umbellata
JABUTICABEIRA – Myrciaria cauliflora
PITANGA – Eugenia uniflora
CALÍSTEMO – Callistemon spp
SUINÃ – Eritrina verna
TAMARINDEIRO – Tamarindus indica
UVAIA – Eugenia uvalha
EUGENIA – Eugenia myriophylla

FIGUEIRAS

FIGUERIA BRANCA – Fícus guaranítica


FIGUEIRA – Fícus retusa
FICUS – Fícus benjamina
FICUS – Fícus benjamina variegatum
FICUS NANDA
MINI FICUS
MINI FICUS TRAIANGULAR
FICUS TRIANGULAR
FICUS BONE
25
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE DOENÇAS

O convívio diário com o Bonsai nos aprimorará a capacidade de identificar e


tratar de maneira eficaz as pragas e doenças que venham a aparecer.

A prevenção deve ser feita com receitas caseiras (chá de corda de fumo) e
defensivos químicos.

COCHONILHAS

Insetos sugadores que se fixam nos troncos, galhos e folhas dos Bonsais re-
tirando seus nutrientes, com formas esféricas ou variadas, nas cores: branco, pardo,
preto, ocre, etc.

Tratamento: malathion, ou inseticida spray ou de borrifação.

CARACÓIS E LESMAS
São moluscos que se alimentam das folhas, aparecendo mais nos estilos Ár-
vore-na-Rocha e Árvores-na-Rocha.

Tratamento: iscas venenosas, em seguida uma pulverização com inseticida


doméstico para jardim.

FORMIGAS

A quenquém e a saúva causam prejuízos, cortando as folhas.


Tratamento: iscas venenosas, borrifação preventiva com malathion.

GAFANHOTOS

E também o Bicho-Pau são mastigadores que se alimentam das folhas, de-


vem ser capturados, removidos e eliminados, ou pulverizando-os com inseticidas
domésticos para jardins.

LAGARTAS

Devoram as folhas e os brotos ou mesmo um exemplar inteiro.

Prevenção: remoção, após aplicar um spray ou borrifar as folhas com um in-


seticida a base de malathion e fazer uma aplicação preventiva em outros exempla-
res.
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LARVAS

Existem larvas de insetos como besouros e cigarras que se alimentam de ra-


ízes. O controle é feito com piretróides líquidos.

MINHOCAS

No cultivo de Bonsai elas são indesejáveis, pois se alimentam de detritos or-


gânicos e formam galerias no seu deslocamento, favorecendo assim um processo
de podridão de raízes, surgimento de fungos, formigas ou cupins.

No envasamento e reenvasamento as minhocas poderão ser encontradas e


removidas.

PULGÕES
Os pulgões são insetos sugadores que atacam as folhas, caules novos e
tenros e até mesmo as frutas, para sugar nutrientes. Ainda podem ser transmissores
de doenças, de uma planta para a outra e podem causar um ataque de fungos.

O combate é feito através do chá de fumo ou inseticidas domésticos para


jardins, fosforados, serão eficazes.

TRIPES

Os tripés são insetos sugadores que se alimentam da seiva da planta e que


podem ainda, em alguns casos, transmitir doenças. Poderão ser combatidos com
chá de fumo ou inseticidas domésticos à base de malathion.

FERRUGEM

Não existe apenas um fungo que cause esta doença, mas vários. Deve usar
um fungicida à base de enxofre e outros como: Maneb, Zineb, Triadimefon e Folpet.

Na ferrugem o primordial é que as partes afetadas sejam imediatamente cor-


tadas e levadas para longe.

FUMAGINA

O combate aos pulgões e cochonilhas é, na verdade, uma ação preventiva


contra essa doença porque a fumagina se desenvolve no excremento desses inse-
tos, que fica nos caules e folhas. Esse fungo pode ser identificado porque o espéci-
27
me fica como que pintado de negro. O tronco, os galhos e até mesmo as folhas es-
curecem.

Na presença da fumagina deve-se escovar a árvore para remover esta cros-


ta escura.

MÍLDIO

Um local mal iluminado, com alta umidade e má ventilação, é um ambiente


propício para o surgimento tanto do míldio como do oídio, e é por esta razão que
devemos nos certificar de que o viveiro sombreado tenha uma boa ventilação.

O espécime apresentará mancha de coloração parda nas folhas, que estarão


cobertas por uma espécie de pó cinza-claro. No míldio as folhas logo se enrolarão e
secarão.

OÍDIO

É identificado ao observarmos algumas folhas principalmente se os brotos


novos apresentarem no lado inferior da folha uma cobertura branca. À medida que a
doença evolui essa cobertura escurece, tornando-se cinza. Caules e flores também
são atacados.

O encharcamento do solo favorece o seu aparecimento e desenvolvimento,


as regas deverão ser moderadas em espécimes infectadas. Uma longa exposição à
luz solar direta, também será benéfica.

Deve ser aplicado enxofre ou fungicida como cercobin 700pm.

ERVAS DANINHAS

As ervas daninhas deverão ser retiradas manualmente em manutenções,


onde observaremos presença ou ausência de pragas, o estágio das amarrações,
enfim, o estado geral da planta. Este é o caminho para o sucesso no cultivo do Bon-
sai.

Deveremos arrancar as ervas daninhas juntamente com suas raízes, mas a


titirica, dificilmente conseguirá ser retirada com seus bulbos. Neste caso deveremos
aproveitar o reenvasamento para retirar os bulbos, conseguindo, assim, eliminá-la.

O uso de herbicidas, mesmo para uma coleção grande, está totalmente fora
de questão.

“Esqueça, por um momento, que existe técnica para produzir o


bonsai, apenas dê tempo ao tempo.”
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“Depois de plantar algumas sementes,


Espere quatro ou cinco anos para saber
O que a planta quer”.
Osamu Hidaka

Através do cultivo do Bonsai, voltamos a interagir com o


tempo em sua essência, torna-se clara a percepção que não se
pode enganar o tempo, que as tentativas de acelerá-lo ou freá-
lo são meras investidas de nossa arrogância que servem ape-
nas para nos enganar, dando a falsa sensação que temos po-
der.
Cultivar Bonsai lhe permite o entendimento do princípio
das coisas em relação ao tempo. Amplia sua visão quanto ao
planejamento, visão de futuro, realização de projetos e lhe dá o
contra ponto na certeza de que muitos projetos idealizados se-
rão realinhados ao longo do tempo, movidos por forças outras
não ponderadas.
Cultivar Bonsai lhe proporciona o entendimento quanto a
nossa pequenez em relação a vida, escancarando a certeza da
nossa brevidade neste plano e a certeza de que, viver e enten-
der a vida com simplicidade no ritmo do tempo de viver nos
transforma em pessoas melhores e mais felizes.

JOÃO BATISTA DE SOUZA


TÉCNICO AGRÍCOLA – UNESP – JABOTICABAL
JARDINAGEM – SENAC – RIBEIRÃO PRETO
PAISAGISMO – UNESP – JABOTICABAL

MARCOS ANDRÉ PETRONI DE SENZI


Administrador de Empresas, Contador.
Curso de Extensão, Especialização em
PAISAGISMO – UNESP – JABOTICABAL
(16) 99162 8905
mapsenzi@gmail.com

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