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HISTÓRIA DO BONSAI
Autores: João Batista de Souza, Marcos André Petroni de
Senzi
O Bonsai teve sua ordem na china, numa época em que os chineses acredi-
tavam que a montanha era o ponto de encontro do homem com os Deuses, então,
as pessoas procuravam ter em casa algo que representasse a vida que havia nas
montanhas.
Durante este período, no Japão, houve uma grande influência da cultura chi-
nesa, com uma forte expansão do budismo. O gosto por árvores em miniatura enva-
sadas foi assimilado e começou a ser difundido naquele país. Nos vários séculos
que se seguirem, o cultivo de árvores envasadas consistia somente em coletar es-
pécimes miniaturizadas na natureza e mantê-los em potes.
A arte do Bonsai começava a realmente existir, pois o que antes era apenas
um material coletado na natureza, passava a ser artesanato.
Podemos considerar a arte do Bonsai como tendo cerca de 400 anos de ida-
de.
ESTILOS DE BONSAI
- ERETO (CHOKKAN)
Árvore totalmente ereta, com 3º galho atrás, onde o desenho da árvore é
uma sobreposição de triângulos.
CHOCKKAN: estilo mais clássico, a simplicidade complexa. Na natureza
observam-se pinheiros, cedros e eucaliptos.
- INCLINADO (SHAKAN)
Árvore geralmente com uma inclinação em torno de 45 graus. O tronco
parte dos cantos dos vasos e se inclina na direção do canto oposto.
Deve representar uma árvore de muita força que pareça tremendamente
enraizada (força, firmeza).
- VASSOURA (HOKIDACHI)
Estilo com similaridade entre o desenho de sua copa o de uma vassoura.
Deve ter o tronco ereto.
- SALGUEIRO
Árvore com todos os galhos ou quase todos em queda, como um salguei-
ro chorão. Estilo próprio somente para o salgueiro chorão, a glicínia e
umas poucas outras espécies que apresentem ramos pendentes.
- SERPENTINA (BANKAN)
Estilo que evidencia a influência do barroco japonês (tronco formando
círculos e arcos consecutivos).
- MINIMALISTA (BUNJINGI)
Árvore sem nenhum aspecto de profundidade e com razoável tortuosida-
de, devendo passar uma idéia de simplicidade, leveza e movimento, evi-
tando a formação de maciços foliares muito densos, comprometendo es-
sa leveza e a ausência de profundidade.
- POLVO (TAKOZUKURI)
A disposição e a forma dos galhos do TAKOZUKURI lembram um polvo
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com seus tentáculos, um estilo não visto no Brasil.
- MADEIRA-EXPOSTA (SHARIMIKI)
Árvore com troncos inicialmente vivos, mas com uma terminação seca e
morta. Técnica conhecida como a do SHARI, do JIN e da MADEIRA-
ARRASTADA.
- RAIZ-SOBRE-ROCHA (SEKIJOJU)
Árvore fixada a uma rocha, com as raízes descendo sobre ela, encon-
trando e se enraizando no solo do vaso ou bandeja onde a pedra está fi-
xada.
- TARTARUGA (KORABUKI)
Estilo raramente visto, nos dá sensação de que o tronco da árvore se es-
tendeu até o solo, querendo cobri-lo. Uma ou mais raízes se estendem
aos arredores do tronco, formando uma superfície similar a de uma casca
de tartaruga.
Para fazer uma alporquia, usa-se um canivete ou estilete bem afiado. Des-
cascam-se 70% do galho escolhido, isto significa 35% de cada lado, deixando uma
união de cada lado (aproximadamente 15%) entre a alporque e a planta mãe. O
comprimento do local descascado será duas vezes maior que a grossura do galho.
Uma segunda cobertura com plástico de polietileno preto (saco de lixo) deve-
rá ser feita. Além de proteger as raízes da luz excessiva, o plástico preto ainda
aquecerá o alporque, o que favorecerá a emissão de raízes. Este plástico deve ser
amarrado separadamente, de maneira que possamos desamarra-lo (quando quiser-
mos observar o surgimento de raízes) sem desamarrar o plástico transparente.
Neste caso, a atenção tem que ser dobrada, pois, o esfagno secará mais ra-
pidamente.
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Esperado o tempo requerido por cada espécie e observando as raízes na
massa de esfagno, serraremos o galho ou tronco, logo abaixo de onde houver a
massa de raiz.
À parte podada deverá ser tratada com um selante (creme dental) para evitar
a contaminação de fungos. Cortado o galho, temos uma muda que logo será um
bonsai. Poderemos plantá-la em um pote plástico (vaso de treinamento), no qual
permanecerá até o momento da primeira poda de raízes, aproximadamente dentro
de dois anos.
As mudas esquecidas, que tiveram o tronco podado nesse meio tempo, são
as melhores matérias-primas. Mas freqüentemente encontramos as mudas esqueci-
das que não foram podadas, em função disso, adquiriram grande altura, mas, é a
grossura de seus troncos que as tornam atrativas.
YAMADORI
Folhagens (não servem para bonsai), palmeiras ou árvores que possuam fo-
lhas grandes.
O buraco deverá ser sempre mais fundo que o local onde será a parte mais
baixa do futuro torrão, depois de completado este buraco a vanga é utilizada para
diminuirmos o torrão. Devemos ir tirando “fatias” do torrão de maneira uniforme, a
menos que haja uma enorme quantidade de raízes em uma única direção e pou-
quíssimos em outras, raízes grossas deverão ser cortadas.
O torrão deverá ser retirado do solo e colocado sobre um saco, amarrado vá-
rias vezes com uma corda, ou fita.
A árvore deverá ser plantada logo num vaso ou solo e durante as próximas
cinco semanas deverá ser protegida dos raios solares intensos e dos ventos.
Dois anos após, uma segunda poda, onde neste segundo reenvasamento
diminui-se muito o tamanho da raiz principal, considerando esta árvore um jovem
bonsai.
PODAS
Após a poda drástica a muda emitirá vários brotos, que deverão crescer por
seis meses, quando cortaremos quase todos em sua base, deixando apenas dois ou
três, talvez apenas um. Neste momento estará sendo escolhido o broto líder, futura-
mente mais uma parte do tronco.
Um ano após esta poda drástica, faremos uma segunda, desta vez pouca
coisa acima, no broto líder. Se houver outros brotos eles poderão também receber
uma poda drástica ou serem cortados fora (na base), conforme o bonsai idealizado
para aquela muda. Esse processo deverá se repetir até ser atingida a grossura de
tronco desejada. Isso geralmente levará vários anos, dependendo da espécie, do
tronco da matéria-prima no início do processo e da grossura de tronco pretendida.
A árvore escolhida receberá uma poda drástica, a altura do ponto a ser po-
dada dependerá do tamanho final pretendido.
Os brotos que surgirem deverão crescer por seis meses, quando será defini-
da a copa da árvore ou será selecionado o broto líder, que crescerá até completar
um ano, recebendo, uma poda drástica. Com o passar dos anos, com outras podas
drásticas, o desnível de grossura do tronco (no local da primeira poda), não mais
existirá e, se durante este período forem efetuadas as podas de raízes e as amarra-
ções visando a orientar os galhos primários (talvez até os secundários), estaremos
diante de um belo bonsai.
Algumas vezes as não coníferas poderão ter suas folhas podadas, visando o
surgimento de folhas com o tamanho reduzido.
Essas podas não deverão ser efetuadas todos os anos, mas quando houver
necessidade.
As folhas são cortadas no seu ponto de junção com o pecíolo, que é deixado
na árvore e cairá após algumas semanas, quando começarão a surgir às novas fo-
lhas.
Demais espécies são podadas no final da primavera, deixando dois nós (dois
pares de folhas).
O uso de uma massa para podas (MASTIQUE) sobre o lenho exposto o pro-
tegerá de um apodrecimento e favorecerá sua cicatrização.
Os brotos deverão ser “pinçados” com os dedos usando as duas mãos, pois,
uma segura e a outra puxa.
AMARRAÇÕES
As amarrações são feitas com fio de cobre ou alumínio. Os fios utilizados te-
rão espessuras variadas, dependendo da grossura dos galhos ou espécie em ques-
tão.
Fios que partem da base do tronco são fixados junto a este no solo.
O intervalo de tempo entre uma poda e outra é de dois anos, mas, a idade
do exemplar também determina a freqüência do replantio.
Jamais devemos realizar o replantio logo após a árvore ter emitido as primei-
ras folhas (brotação). É o caso das espécies que perdem todas as folhas no inverno.
Dias antes do replantio (um, dois ou três dias), faz-se a poda na parte aérea,
mas, não podemos replantar, se passar vários dias (aproximadamente oito dias, de-
pendendo da espécie) e a planta emitir novos brotos e folha. Se isso ocorrer deve-
mos aguardar dois meses para uma nova poda aérea, em seguida o replantio.
PODA DA RAIZ
Não se remove o substrato das partes mais próximas do tronco, para que
uma boa massa de raízes possa se formar no torrão. As raízes mais grossas que se
encontre, cruzadas deverão ser desencavaladas, pondo-se uma delas em uma nova
posição ou podando-a, se necessário.
REPLANTIO OU REENVASAMENTO
O orifício de drenagem é coberto por uma tela mosquiteira para que insetos
não possam entrar no vaso e para que não haja perda de substrato durante o esco-
amento da água. A tela é ali fixada com a ajuda de um “grampo” feito com um peda-
ço de fio de cobre descascado, que também terá a função de amarrar o bonsai fir-
memente ao vaso, impedindo que este balance. O ideal seria que os vasos tivessem
quatro furos menores (alguns vasos já tem) para amarrar a planta. Mas, se não tiver
os quatro furos, o cultivador pode fazer, com uma furadeira ou canivete.
O substrato deverá ser apenas levemente comprimido com a mão. Feito is-
so, é hora de fazer a primeira rega. Esta rega é feita por imersão. Coloca-se um bal-
de ou bacia com água e mergulha o vaso replantado dentro; poderão notar as bo-
lhas de ar saindo, aproveitando para molhar a parte aérea da planta. Este processo
consiste em deixar a planta mergulhada até sair todo o ar existente no vaso.
Nas semanas que se seguirão, a luz solar direta será extremamente prejudi-
cial, mas por outro lado não será benefício deixar a árvore em sombra plena por vá-
rias semanas.
Fertilizantes (adubos em geral) não deverão ser usados antes de dois me-
ses, após o reenvasamento, sendo a dosagem da primeira adubação mais leve.
SUBSTRATOS ADEQUADOS
Neste caso, usamos três peneiras de baixo para cima, colocamos peneira de
fubá, depois a peneira de feijão, e por cima a peneira de café, utilizando uma pá co-
locamos areia sobre as peneiras. O que fica na peneira de café é descartado, o que
fica na peneira de feijão é utilizado como filtro, a camada de cascalho no fundo do
vaso, e o que sobra na peneira de fubá é o elemento pedrisco.
FERRAMENTAS E ACESSÓRIOS
- Cadernos e etiquetas:
Para registrar suas plantas.
- Tesoura de poda:
Sua ponta fina permite a poda de ramos com delicadeza e precisão.
- Tesoura de poda:
Mais robusta para poda de galhos. É interessante também ter uma tesou-
ra velha, mas que ainda corte bem, para podas de raiz.
- Hashi:
Pauzinhos japoneses (dessas de comer comida oriental) para desman-
char o torrão e socar o composto.
- Pinça de ponta fina:
Usada para retirar brotos e folhas em excesso ou eliminar insetos, ervas
daninhas e outras pragas.
- Alicate para cortar arame:
Usado em fio elétrico nas amarrações.
- Alicate de eletricista:
Para fazer o amarrio da planta no vaso.
- Fios de cobre ou alumínio maleáveis em diversas espessuras para as
amarrações de galhos e para fixar as plantas nos vasos.
- Mastique:
Cera de abelha derretida e fervida com própolis, para acelerar o processo
de cicatrização evitando o apodrecimento da madeira, pois impede a en-
trada de água e de fungos.
- Creme dental:
É usada no corte das raízes grossas, quando necessário.
- Borrifador:
Para molhar as folhas, efetuar de vez em quando, se o bonsai, não esti-
ver sendo exposta a chuva. Necessário borrifar as folhas no replante.
- Canivete:
Terá uso em diversas situações no dia-a-dia.
- Furadeira elétrica:
Usada para fazer perfurações em pedras e furar vasos.
- Garfo:
Utilizado para desmanchar um torrão na poda de raiz, para replantio.
- Mesa giratória:
Utilizada em amarrações de galhos, poda, replante, etc.
- Peneiras:
As peneiras são utilizadas para peneirar solo e pedras, é necessário ter
três peneiras de números diferentes.
- Telas de sombreamentos:
Usada para tampar o fundo do vaso.
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VASOS E BANDEJAS
Os vasos e bandejas utilizados nesta arte são feitos de cimento, louça, ce-
râmica vitrificada, barro e porcelana.
* Vasos Artesanais
SHUGO IZUMI
Atibaia – São Paulo
Bairro do Tanque
(011) 484-5713
POSICIONAMENTO
Bonsais são árvores: apreciam o sol, a chuva, o vento e o sereno; devem ser
mantidos a céu aberto ou, pelo menos, na extremidade de uma varanda ou sacada.
Se o bonsai foi colocado diante de um muro, ou parede, terá sua beleza re-
alçada, pois seus detalhes serão mais perceptíveis, quando em contraste com uma
superfície plana, lisa e de uma só cor. Em uma exposição (mesmo quando a céu
aberto), são utilizados fundos planos, lisos e de cores claras, como um creme ou um
tom pastel.
Os bonsais podem ser postos sobre uma tábua ou lajes sustentadas por tijo-
los ou caibros; ou individualmente sobre uma coluna de cimento ou um toco de eu-
calipto serrado.
Não devemos pintar as madeiras ou peças de cimento de preto, pois isso da-
rá um aquecimento excessivo para a planta.
Desta maneira a luminosidade será por igual e sua copa terá um crescimen-
to uniforme.
Boa parte das pessoas que se interessam por Bonsai esbarram em uma pe-
quena decepção logo de início e isso já lhes tira o interesse pelo assunto: não pode-
rão deixa-lo dentro de casa.
IRRIGAÇÃO
As regas deverão ser feitas sempre à tarde, para que a planta possa secar a
parte aérea e ficar com o composto úmido, uma vez que será feito um bom dreno no
fundo do vaso.
Nos meses de frio, Junho e Julho, deverá ser aguado logo após o almoço,
na hora mais quente do dia.
A rega deve ser feita de maneira delicada para não varrer a terra da superfí-
cie do vaso. Se a superfície do solo estiver coberta por musgo é necessário que ob-
servemos se a água foi realmente absorvida ou se escorreu pela superfície do mus-
go, caindo para fora.
Bonsais, como todas as outras plantas, apreciam ter suas folhas molhadas
ocasionalmente, podendo borrifar. Bonsais podem e devem ficar expostos à chuva,
mesmo às fortes chuvas de verão. Somente a de granizo (pedra) poderá representar
alguma ameaça.
SOL
Não existe regra ou cálculo que nos diga por quanto tempo este ou aquele
Bonsai deve ser exposto ao sol diariamente.
Coníferas precisam de pelo menos duas horas dos horários de luz solar mais
intensa.
NUTRIÇÃO
Adubar nos meses: Janeiro, Fevereiro, Março, Abril, Maio, Agosto, Setem-
bro, Outubro, Novembro e Dezembro. Não adubar nos meses Junho e Julho.
Dica: somente aduba um Bonsai dois meses após o seu plantio ou re-
plantio.
PEDRAS
É necessário utilizar uma muda que não tenha recebido nenhuma poda de
raízes. Mudas plantadas em sacos plásticos grandes, latas de dezoito litros (tipo as
de tinta de pintar casa) há mais de dois anos, serão perfeitas.
Pode plantar a muda desde o início diretamente no solo. Para Bonsais gran-
des em que as raízes precisarão engrossar bastante, será uma ótima opção.
As podas nos galhos e amarrações que poderão e deverão ser feitas, após
oito meses de replantio, garantirão a orientação de vários galhos, de maneira que o
Bonsai esteja praticamente concluído.
ESPÉCIES RECOMENDADAS
Divididas em dois grupos:
- Coníferas: plantas gimnospérmicas, que produzem frutos em forma de
cone (pinheiros).
- Não-coníferas: esse termo foi escolhido porque abrange quase todo o
restante, facilitando assim o aprendizado. Dentro das não-coníferas va-
mos separar as FIGUEIRAS, para melhor entender o composto na hora
do replantio.
CONÍFERAS
NÃO-CONÍFERAS
FIGUEIRAS
A prevenção deve ser feita com receitas caseiras (chá de corda de fumo) e
defensivos químicos.
COCHONILHAS
Insetos sugadores que se fixam nos troncos, galhos e folhas dos Bonsais re-
tirando seus nutrientes, com formas esféricas ou variadas, nas cores: branco, pardo,
preto, ocre, etc.
CARACÓIS E LESMAS
São moluscos que se alimentam das folhas, aparecendo mais nos estilos Ár-
vore-na-Rocha e Árvores-na-Rocha.
FORMIGAS
GAFANHOTOS
LAGARTAS
LARVAS
MINHOCAS
PULGÕES
Os pulgões são insetos sugadores que atacam as folhas, caules novos e
tenros e até mesmo as frutas, para sugar nutrientes. Ainda podem ser transmissores
de doenças, de uma planta para a outra e podem causar um ataque de fungos.
TRIPES
FERRUGEM
Não existe apenas um fungo que cause esta doença, mas vários. Deve usar
um fungicida à base de enxofre e outros como: Maneb, Zineb, Triadimefon e Folpet.
FUMAGINA
MÍLDIO
OÍDIO
ERVAS DANINHAS
O uso de herbicidas, mesmo para uma coleção grande, está totalmente fora
de questão.