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PESQUISA OPERACIONAL E

SERVIÇOS

Ricardo Jimenez
3 BÁSICO DE PESQUISA OPERACIONAL

Aqui iniciamos os conceitos de pesquisa operacional, sua história, os tipos de


problemas que são solucionados com a pesquisa operacional e seus modelos e
métodos. A modelagem e a forma de representação de problemas também são
assuntos pertinentes à disciplina e que serão objetos de discussão. Estas modelagens
são de suma aplicabilidade nos cursos de Engenharia, principalmente o de Engenharia
de Produção, como também nos cursos de Economia e de Administração.

Preparado? Então, venha comigo para mais este conhecimento!

3.1 Introdução à Pesquisa Operacional

A Pesquisa Operacional tem sua origem na década de 1940, e visava descrever a


análise em situação militar utilizada por cientistas. Mais precisamente, ela ficou
conhecida como atividade de Pesquisa Operacional, com base em algumas operações
militares na Segunda Guerra Mundial.

Em função das atividades militares na guerra, houve necessidades urgentes de


alocação de recursos, recursos estes em escassez nos frontes de guerra, para um
grande número de operações militares e suas respectivas atividades. Pesquisas
Operacionais foram desenvolvidas pela armada do Reino Unido e outros, similares,
pelos Estados Unidos posteriormente. Estes estudos contavam com vários cientistas
para aplicação de uma abordagem científica em problemas de estratégia e táticas
militares. A origem do nome Pesquisa Operacional advém do termo em inglês
“Operational Research” relativo a estas atividades operacionais.

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3.2 Histórico da Pesquisa Operacional

Quando falamos da evolução nas atividades de Pesquisa Operacional, devemos ter em


mente que desde os primórdios, representado na figura 3.1, o homem sempre
apresentou necessidades de minimizar o esforço exigido e também maximizar os
ganhos nas atividades que desempenhava. Isto incluía se proteger das ameaças,
dominar o fogo ou a caça que era primordial para a sobrevivência, através de modelos
que proporcionaram ganhos materiais e físicos.

Figura 3.1 – Pré-históricos em cavernas aquecidos por meio do fogo controlado

No século XVIII, quando tivemos a Revolução Industrial (figura 3.2), a preocupação com
Pesquisa Operacional ainda era embrionária a partir dos conceitos de minimizar custos
e maximizar lucros dentro das indústrias. Nesta época, grandes cientistas como
Newton, Bernoulli e Lagrange contribuíram para a evolução dos conceitos
matemáticos.

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Figura 3.2 – Máquinas e trabalhadoras no início da revolução industrial

Nas atividades militares da Segunda Grande Guerra ocorreu o marco para os conceitos
de Pesquisa Operacional propriamente ditos, a partir do desenvolvimento de equações
matemáticas para as necessidades de guerra com o dimensionamento de armamentos,
munições e rações para os grupos militares, conforme ilustra a Figura 3.3.

Problemas com aplicações de técnicas quantitativas associadas a controle de sistemas


foram um dos ganhos nas manobras de guerra, como também o desenvolvimento da
metodologia Simplex, que é uma maneira sistemática de resolver problemas de
programação linear com enorme eficácia e, consequentemente, muito utilizado na
solução de problemas.

Figuras 3.3 – Combatentes com constantes necessidades de recursos

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A busca por melhores condições de produção, pós-período de guerra, foi consequência
das várias pesquisas na década de 1940 que originaram as atividades de Pesquisa
Operacional, considerada uma ciência que descreve as análises de solução de
problemas, antes militares, agora no cotidiano das indústrias.

Atualmente, com o avanço da tecnologia e dos computadores, houve novas


metodologias de Pesquisa Operacional, com a abordagem em outros segmentos,
diferentes do industrial, como o financeiro, agronegócio e médico como exemplos de
maximização de lucros, melhor aproveitamento das colheitas e da área cultivada e
otimização de horários. Hoje, microcomputadores e softwares estão à disposição da
sociedade de forma a promover e popularizar a utilização da Pesquisa Operacional,
permitindo cálculos praticamente impossíveis para nós humanos nos problemas de
grande porte.

3.3 Problemas típicos de Pesquisa Operacional

A Pesquisa Operacional (PO) é hoje considerada ciência que se baseia em modelagem


matemática para solução de problemas, a partir de uma série de ações e alternativas,
visando à maximização de recursos ou minimização de desperdícios, ou até mesmo
melhoria de eficiência ou custos.

As aplicações dos fundamentos de PO estão baseadas em matemática estatística, com


ampla utilização nos cursos de engenharia, em especial o de Engenharia de Produção,
e também nos cursos de Economia e de Administração.

Quando estamos lidando com modelos matemáticos de Pesquisa Operacional, estes


modelos possuem como estrutura uma função que se caracteriza como sendo o
“Objetivo”, que visa minimizar recursos produtivos ou maximizar lucros, e outras
funções matemáticas que se caracterizam como sendo “Restrições” que têm
associação a limitações de mão de obra, matéria-prima ou disponibilidade de espaço
ou hora máquina.

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A maioria dos problemas de Pesquisa Operacional se caracteriza por problemas de
médio e grande porte, o que ressalta a necessidade de softwares computacionais para
a solução destes problemas.

Neste novo momento, no qual vivemos a Era do Conhecimento, temos a condição de


presenciar uma enorme quantidade de processos sofisticados na qual a velocidade de
informações precisas e a utilização da computação faz com que o homem, através de
sua inteligência e ideias, seja criativo e capaz de desenvolver modelos de atividades
nunca antes imagináveis, como exemplo maior a conquista espacial.

Na área de negócios, temos modelos para a sobrevivência e fortalecimento das


indústrias, proporcionando satisfação para acionistas, colaboradores, fornecedores e
consumidores. A concorrência, a busca por maior fração do mercado consumidor, a
qualidade de produtos e serviços, bem como a melhoria social são desafios em todos
os ramos de atividade, e a busca por maximizar resultados e minimizar as perdas são
objetivos que a pesquisa operacional busca solucionar.

3.4 Modelos de Pesquisa Operacional

3.4.1 Introdução aos modelos de Pesquisa Operacional

Como podemos deduzir nos conceitos já apresentados, a Pesquisa Operacional está


baseada no método científico para tratativa dos problemas existentes, e o processo de
observação e como formular um problema é fundamental para sua real solução. O site
da Sociedade de Pesquisa Operacional (https://www.theorsociety.com/) apresenta
uma série de informações relativas à Pesquisa Operacional, e diz que ela é uma ciência
na qual utilizamos métodos analíticos para auxiliar os empreendedores e executivos a
tomarem as melhores decisões sobre um determinado problema.

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Através da utilização de modernas ferramentas e técnicas de modelagem, a Pesquisa
Operacional proporcionou ao executivo condições de decidir de maneira mais efetiva,
a partir do embasamento em dados mais completos e considerando todas as possíveis
alternativas. Esta decisão também estará baseada em um resultado mais consistente e
estimativa de risco menor, a partir da utilização de um modelo correto.

De certa forma, a Pesquisa Operacional objetiva a melhor solução possível, ou


“solução ótima”, para um determinado problema. Esta solução ótima é determinada
por um prisma matemático, ou seja, está baseada nas equações matemáticas que
modelam o problema. Em muitos casos, não é possível levar em conta algumas
variáveis, como por exemplo, as relacionadas ao comportamento. Portanto, a partir do
resultado obtido como “solução ótima” através dos cálculos matemáticos, isto não
significa que não seja necessária uma análise posterior que viabilize a implantação com
base em dados não considerados na modelagem original.

3.4.2 A construção de modelos

A construção de um modelo ou modelagem de um problema está baseada em


aplicações de técnicas analíticas, portanto o modelo é simplesmente um meio para se
chegar à solução para um problema gerencial. Portanto, não esqueçamos que um
processo se inicia com identificação de um problema e seu estágio de formulação, e
terminando com a fase de implantação da solução.

3.4.3 Tipos de modelos em Pesquisa Operacional

Existe uma série de modelos em Pesquisa Operacional, sendo que abordaremos aqui
alguns dos mais empregados.

Modelos de programação matemática (ou Otimização Matemática)

Nestes modelos temos a programação linear, que é uma modelagem muito utilizada
nas indústrias, com a resolução de problemas relativos a maximizar, como no caso de
lucros, ou minimizar, como no caso de custos. Estes objetivos, atendendo a um
conjunto de restrições, devem buscar uma “solução ótima”. Outros tipos de
programação derivadas da programação linear como a programação inteira e mista e

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programação não linear também são modelos de programação matemática com
particularidades. Os métodos utilizados para a programação linear são o método
simplex e o método de pontos interiores.

Modelos de Teoria das Filas

Nestes modelos temos a definição de filas, similar às filas de supermercados e bancos


ou de “download” de um programa da Internet, na qual existe uma série de modelos
específicos para cada finalidade visando estudar as relações entre as demandas de um
sistema e as condições de atrasos sofridos pelos usuários no sistema em questão. A
consequente formação de uma “fila” decorre em função da demanda exceder a
capacidade do sistema de fornecer o serviço em um determinado período. O método a
ser adotado dependerá das condições específicas de como é o atendimento na
respectiva fila.

Modelos de grafos, árvores e algoritmos.

Nestes modelos temos o estudo dos grafos de modo a identificar o fluxo máximo em
uma rede, como exemplo dos métodos PERT e CPM. Nestes casos, um projeto é
decomposto em várias atividades e existe uma relação de dependência entre elas. De
certa forma, o objetivo é otimizar o tempo de realização do projeto, em função do
fornecimento dos tempos de execução de cada atividade e suas interações.

3.5 Modelagem e formas de representação de problemas

A formação de pesquisadores operacionais é tarefa árdua, e a dedicação com tempo e


experiência para alcançar profissionalmente uma vaga como analista de Pesquisa
Operacional demanda, normalmente, um longo período. Diante das dificuldades em se
apresentar exemplos de grande número de modelos, vamos apresentar uma condição
introdutória na modelagem e nas formas de representação de problemas de uma
forma mais ampla, a partir de pesquisas desenvolvidas em lugares e culturas
diferentes, e que apresentam resultados similares.

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No processo de solução de um problema, notamos que se os dados não forem
estruturados quantitativamente, teremos que encontrar soluções por intermédio de
análises qualitativas e através de julgamento da situação apresentada. Obtendo dados
estruturados ou não, o ato de modelar matematicamente será considerado uma
fração relativa do problema, na qual os dados são quantificados. No entanto, se a
maior parte dos dados for estruturada, o processo de solução resulta em uma série de
etapas, que devem ser seguidas conforme apresentado:

• Definição da situação-problema;

• Formulação de um modelo quantitativo;

• Resolução do modelo e encontro da melhor solução;

• Consideração dos fatores imponderáveis;

• Implementação da solução.

A figura 3.4 ilustra estas etapas, em um fluxograma com o processo de solução de um


problema de Pesquisa Operacional.

Figura 3.4 - Processo de solução de um problema de Pesquisa Operacional

Fonte: MOREIRA (2004, p. 28, adaptado por MOREIRA, 2017)

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Segue a explanação, de cada etapa específica, na solução de um problema que envolve
Pesquisa Operacional.

Definição da situação-problema

É necessário que se reconheça a existência de um problema que exige solução, na qual


podemos, inicialmente, responder ao seguinte questionamento:

• O problema em questão, afeta qual parte da organização?

• Quais seriam os objetivos?

• Quais são as restrições a possível solução?

• Existem hipóteses que devem ser consideradas?

• A situação-problema está relacionada a alguma operação atual ou futura?

Neste estágio, busca-se estruturar um problema por meio de informações genéricas. É


muito comum que os dados iniciais de um problema sejam mal definidos e,
consequentemente, poderemos influenciar outras áreas que não são oriundas do
problema. Portanto, será provável uma troca constante de informações entre a
situação apresentada e a definição do problema e, à medida que as pesquisas e
estudos forem transcorrendo para elucidar a situação-problema, então teremos
modificações que complementam e esclarecem os envolvidos, para uma melhor
estruturação desta ocorrência.

Formulação de um modelo quantitativo

A formulação de um problema passa por várias tentativas, idas e vindas, na qual as


pesquisas devem estabelecer em termos matemáticos tudo o que foi verbalizado.
Consequentemente, teremos então os modelos matemáticos como forma de
representação.

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Resolução do problema e melhor solução

A formulação de um problema por meio de modelos matemáticos é representada por


sistemas de símbolos e relações matemáticas. No caso da programação linear, como
exemplo, as relações são definidas a partir de equações e inequações matemáticas.

A resolução de um problema para se alcançar uma solução ótima depende da


manipulação de um modelo, ou seja, a princípio busca-se a melhor solução de todas as
possíveis, exigindo que se solucionem sistemas de equações e inequações como no
modelo de programação linear. Isto tudo, acrescido de variáveis controláveis ou não,
restrições atribuídas e em certos momentos, pelo conhecimento da distribuição de
probabilidades em certas variáveis.

Considerações dos fatores imponderáveis

Como o próprio nome traduz, fatores imponderáveis são aqueles que são difíceis de
serem quantificados. Nestes casos, temos que ter uma estimativa dos impactos que
estes fatores terão sobre a solução do problema definido pelo modelo matemático.
Talvez se devam tomar ações antes de se iniciar a implantação da solução na situação-
problema.

Implementação da solução

A implementação da solução parte da solução obtida por meios matemáticos, no


entanto temos que levar em conta as variáveis de natureza humana que não foram
considerados. Logo, os colaboradores de uma organização podem contribuir para que
a implementação seja o menos traumática possível, a partir do envolvimento destes
trabalhadores no processo de implementação.

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REFERÊNCIAS

LOESCH, Cláudio; HEIN, Nelson. Pesquisa Operacional: fundamentos e modelos. São


Paulo: Editora Saraiva, 2009.

MOREIRA, Daniel Augusto. Pesquisa Operacional: curso introdutório. 2. ed. revisada e


atualizada. São Paulo: Cengage Learning, 2017.

THE OR SOCIETY. Disponível em: <https://www.theorsociety.com/>. Acesso em: jun.


2019.

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