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A ratoeira

Um rato, olhando pelo buraco na parede, vê o


fazendeiro e sua esposa abrindo um pacote.
Pensou logo no tipo de comida que haveria
ali. Ao descobrir que era uma ratoeira ficou
aterrorizado. Correu ao pátio da fazenda
advertindo a todos:
- Há uma ratoeira na casa, uma ratoeira na
casa!
A galinha disse:
- Desculpe-me Sr. Rato, eu entendo que isso
seja um grande problema para o senhor, mas
não me prejudica em nada, não me incomoda.
O rato foi até o porco e disse:
- Há uma ratoeira na casa, uma ratoeira!
- Desculpe-me Sr. Rato, disse o porco, mas não há nada que eu possa fazer, a não ser orar.
Fique tranquilo que o Sr. Será lembrado nas minhas orações.
O rato dirigiu-se à vaca. E ela lhe disse:
- O quê? Uma ratoeira? Por acaso estou em perigo? Acho que não!
Então, o rato voltou para casa abatido para encarar a ratoeira. Naquela noite, ouviu-se um
barulho, como o da ratoeira pegando sua vítima. A mulher do fazendeiro correu para ver o que
havia pegado. No escuro, ela não viu que a ratoeira havia pegado a cauda de uma cobra
venenosa. E a cobra picou a mulher…
O fazendeiro a levou imediatamente ao hospital. Ela voltou com febre. Todo mundo sabe que para
alimentar alguém com febre, nada melhor que uma canja de galinha. O fazendeiro pegou seu
cutelo e foi providenciar o ingrediente principal.
Como a doença da mulher continuava, os amigos e os vizinhos vieram visitá-la. Para alimentá-
los, o fazendeiro matou o porco. A mulher não melhorou e acabou morrendo. Muita gente veio
para o funeral. O fazendeiro então sacrificou a vaca, para alimentar todo aquele povo.
A semente da verdade
O Imperador, já caminhando para a velhice, sentiu-se na necessidade de
indicar e preparar aquele que seria o herdeiro do trono. Como não tinha filhos
e nem parentes próximos, resolveu que escolheria o seu sucessor entre todas
as crianças do reino, então as convocou para um encontro no palácio.
Entre elas estava o neto de um mestre jardineiro.
No dia marcado o menino dirigiu-se até o palácio, onde havia milhares de
pequenos súditos. Ouviu então o Imperador dizer em tom forte e sereno:
- Crianças, preciso escolher entre vocês aquele que será o meu
sucessor. Mas para isso lhes darei uma missão. Aquele que cumpri-la será o
futuro imperador. Prestem atenção: cada um de vocês levará para casa uma
semente que eu lhes darei. Cultivem-na em um vaso e cuidem dela. O trono,
portanto, será daquele que me trouxer, daqui a um ano, a planta mais bonita.
Como o neto do jardineiro aprendeu o gosto pelas plantas, com certeza faria um ótimo trabalho.
Preparou a terra com carinho, colocou a semente, regou, ofereceu a luz necessária, tudo como o
avô havia lhe ensinado.
Porém, o tempo passava e por mais que menino se esforçasse, a semente não brotava. Fez tudo
o que podia ao longo do ano, mas seus esforços não adiantaram.
O ano passou rápido para o menino e o dia marcado pelo Imperador chegou, mas sua semente
não havia brotado. Ele estava tão envergonhado que não sentia nem mesmo vontade de
comparecer ao encontro. Como poderia enfrentar as outras crianças, como encarar o Imperador?
Triste e preocupado foi se aconselhar com o avô, que lhe disse:
- Meu querido neto, o que este velho tem para lhe dizer é que seja honesto. Vá até o
Imperador e diga a verdade. Diga que sua dedicação foi grande, mas a semente infelizmente não
brotou. Não se envergonhe, apenas explique o que você fez!
O menino, obediente ao avô, rumou para o palácio cheio de coragem. Entretanto, ao chegar lá,
ficou ainda mais envergonhado, pois era a única criança que não levava consigo uma belíssima
planta.
O imperador chamava as crianças uma a uma e examinava os vasos. Não sorria nem esboçava
contentamento.
O neto do jardineiro ficava cada vez mais temeroso, pois se o Imperador não havia até agora
aprovado aquelas plantas maravilhosas, o que não diria de seu vaso contendo apenas terra?
O menino foi ficando para trás e quando se deu conta, era o último da fila. Mas sua vez chegou e
ele não poderia mais adiar o temido encontro com o Imperador.
- E você meu jovem, o que tem aí para mim?
O menino não pode conter as lágrimas. Com a cabeça baixa mostrou o vaso ao Imperador e
disse:
- Senhor, sou neto de um grande jardineiro, aprendi com ele a cuidar das plantas e a
respeitá-las, mas por mais que eu tenha me esforçado a semente não brotou. Meu avô ajudou
também a pensar sobre o que lhe diria neste momento e optei por dizer a verdade, contar meu
esforço e pedir-lhe perdão.
- Não se envergonhe criança, você fez o que pode.
Após dizer estas palavras o Imperador se levantou e olhando para multidão disse:
- Eis aqui aquele que prepararei para ser o seu governante. Eis aqui o meu sucessor!
As crianças e principalmente os pais que as acompanhavam entreolharam-se indignadas e antes
que ousassem questionar sobre a escolha, o Imperador foi logo dizendo:
- Permitam-me explicar: eu havia queimado todas as sementes antes de entregá-las às
crianças. Portanto, nenhuma delas germinaria. E entre todas as crianças que aqui estão, ele foi a
única que plantou a semente da verdade!
O conto da vaca
O conto da vaquinha conta a história de um mestre da
sabedoria que caminhava pelo campo com seu discípulo.
Um dia eles encontraram uma humilde casa de madeira,
habitada por um casal e seus três filhos. Eles estavam
todos mal vestidos, com roupas sujas e quebradas. Seus
pés estavam descalços e o ambiente denotava extrema
pobreza.
O Mestre perguntou ao pai da família como eles
sobreviveram, já que não havia indústrias ou comércio
naquele lugar, nem riqueza em nenhum lugar.
Calmamente, o pai respondeu: «Olha, nós temos uma
vaca que nos fornece vários litros de leite todos os dias.
Uma parte nós vendemos e com o dinheiro compramos
outras coisas e a outra parte usamos para nosso próprio consumo. Desta forma nós
sobrevivemos ».
O mestre agradeceu a informação, despediu-se e foi embora. Ao se afastar, ele disse ao seu
discípulo: “procure a vaca, leve-a para o penhasco e empurre-a para dentro da ravina”.
O jovem ficou assustado, já que a vaca era o único meio de subsistência daquela família humilde.
Mas ele pensou que seu Mestre teria suas razões e, com grande pesar, levou a vaca ao
precipício e a empurrou. Essa cena foi gravada em sua mente por muitos anos.
Depois de um tempo, o discípulo culpou pelo que havia feito, decidiu deixar o Mestre, voltar
àquele lugar e pedir desculpas àquela família a quem causara tantos danos. Ao se aproximar, ele
observou que tudo havia mudado. Uma bela casa foi cercada por árvores onde muitas crianças
brincavam e havia um carro estacionado.
O jovem sentiu-se triste e desesperado porque achava que aquela família humilde vendia tudo
para sobreviver. Quando ele pediu para eles, eles responderam que eles ainda estavam lá, que
eles não tinham saído. Ele correu para a casa e percebeu que era habitado pela mesma família
de antes. Então, ele perguntou ao pai o que tinha acontecido e ele, com um sorriso largo,
respondeu:
“Tivemos uma vaca que nos forneceu leite e com a qual sobrevivemos. Mas um dia de sorte a
vaca caiu de um penhasco e morreu. Naquela época, fomos forçados a fazer outras coisas para
desenvolver outras habilidades que nunca imaginamos possuir. Assim, começamos a prosperar e
nossa vida mudou ”.
O ABACAXI
João trabalhava em uma empresa há muitos anos. Funcionário sério,
dedicado, cumpridor de suas obrigações e, por isso mesmo, já com
seus 20 anos de casa.
Um belo dia, ele procura o dono da empresa para fazer uma
reclamação:
— Patrão, tenho trabalhado durante estes 20 anos em sua empresa
com toda a dedicação, só que me sinto um tanto injustiçado.
O Juca,que está conosco há somente três anos, está ganhando mais
do que eu.
O patrão escutou atentamente e disse:
— João, foi muito bom você vir aqui.
Antes de tocarmos nesse assunto, tenho um problema para resolver e
gostaria da sua ajuda.
Estou querendo dar frutas como sobremesa ao nosso pessoal após o
almoço.
Aqui na esquina tem uma quitanda. Por favor, vá até lá e verifique se eles têm abacaxi.
João, meio sem jeito, saiu da sala e foi cumprir a missão.
Em cinco minutos estava de volta.
— E aí, João?
— Verifiquei como o senhor mandou. O moço tem abacaxi.
— E quanto custa?
— Isso eu não perguntei, não.
— Eles têm quantidade suficiente para atender a todos os funcionários?
— Também não perguntei isso, não.
— Há alguma outra fruta que possa substituir o abacaxi?
— Não sei, não...
— Muito bem, João. Sente-se ali naquela cadeira e me aguarde um pouco.
O patrão pegou o telefone e mandou chamar o Juca. Deu a ele a mesma orientação que dera
a João:
— Juca, estou querendo dar frutas como sobremesa ao nosso pessoal após o almoço. Aqui na
esquina tem uma quitanda.
Vá até lá e verifique se eles têm abacaxi, por favor.
Em oito minutos o Juca voltou.
— E então? - indagou o patrão.
— Eles têm abacaxi, sim, e em quantidade suficiente para todo o nosso pessoal; e se o senhor
preferir, tem também laranja, banana e mamão. O abacaxi é vendido a R$1,50 cada; a banana
e o mamão a R$1,00 o quilo; o melão R$ 1,20 a unidade e a laranja a R$ 20,00 o cento, já
descascado. Mas como eu disse que a compra seria em grande quantidade, eles darão um
desconto de 15%. Aí aproveitei e já deixei reservado. Conforme o senhor decidir, volto lá e
confirmo - explicou Juca.
Agradecendo as informações,o patrão dispensou-o.
Voltou-se para o João, que permanecia sentado ao lado, e perguntou-lhe:
— João, o que foi mesmo que você estava me dizendo?
— Nada sério, não, patrão. Esqueça. Com licença.
E o João deixou a sala...
As estações
Um homem tinha quatro filhos. Ele queria que seus filhos
aprendessem a não julgar as coisas de modo apressado, por isso,
ele mandou cada um viajar para observar uma árvore que estava
plantada em um distante local.
O primeiro filho foi lá no Inverno, o segundo na Primavera, o terceiro
no Verão e o quarto no Outono.
Quando todos eles retornaram, ele os reuniu e pediu que cada um
descrevesse o que tinham visto.
O primeiro filho disse que a árvore era feia, torta e retorcida.
O segundo filho disse que ela era recoberta de botões verdes e
cheia de promessas.
O terceiro filho discordou. Disse que ela estava coberta de flores,
que tinham um cheiro tão doce e eram tão bonitas, que ele arriscaria dizer que eram a coisa mais
graciosa que ele tinha visto.
O último filho discordou de todos eles; ele disse que a árvore estava carregada e arqueada, cheia
de frutas, vida e promessas…
O homem, então, explicou a seus filhos que todos eles estavam certos, porque eles haviam visto
apenas uma estação da vida da árvore…
Ele falou que não se pode julgar uma árvore, ou uma pessoa, por apenas uma estação, e que a
essência de quem eles são e o prazer, a alegria e o amor que vêm daquela vida, podem apenas
ser medidos ao final, quando todas as estações estiverem completas.
O Discípulo e o Cemitério
Certo dia um Mestre disse ao seu Discípulo:
M – Vai ao cemitério e elogia os mortos. Presta atenção ao que eles respondam, depois tens de
me contar.
O Discípulo, como sempre, obedeceu, apesar de não saber o que pretendia o seu Mestre, e sentir
receio de que, na noite, os espectros se mostrassem visíveis. Vencendo os seus medos e dúvidas
dirigiu-se ao cemitério e começou a dizer:
D – Oh vós que agora estão mortos, que sacrificastes as vossas vidas e felicidade pelos vivos,
vocês, músicos e poetas, vocês que trabalharam com o suor frente à terra, e vocês mães que
com dor e sofrimento pariram e alimentaram os filhos, vocês que com passo mais alegre ou mais
pesado caminhaste pelos caminhos da vida carregando sempre o fardo do destino: Imagino-os
agora luminosos, pacientes, amáveis, afortunados, inteligentes, sem o peso da matéria que
obscurece a chama interior, desejosos de ajudar, já sem vícios nem paixões, bondosos e sempre
sorridentes, alegres e livres do peso da experiência e das recordações amargas.
Depois escutou pacientemente, atento a qualquer resposta que imaginava que não iria ocorrer,
mas mesmo assim o seu corpo estava tenso, e não sabia como reagiria face a qualquer
manifestação do mundo oculto….Mas nada sucedeu, só uma brisa fortuita agitou suavemente os
ramos das árvores…
M – Então, meu querido Discípulo, ouviste algo?
D – Não Mestre, não ouvi nem vi nada de estranho.
M – Bem, Bem…. Pois então, dirige-te de novo a eles, mas em vez de os elogiares, roga-lhes
pragas, critica-os, insulta--os. Presta atenção, para depois me comunicares qual foi a sua
resposta.
Assim fez o Discípulo. Dirigiu-se de novo ao cemitério, reprimindo certas dúvidas sobre as
intenções do Mestre que se formavam na sua mente, para não julgar, e assim poder ouvir….e
aprender.
Uma vez lá gritou:
D – Vocês, mortos, que estais fora do cenário da vida, sem sensibilidade, mas não sem culpa,
porque entre vós estão alguns que foram ladrões, mentirosos, cobardes, traidores á sua pátria e a
suas amizades, mesquinhos e miseráveis, despóticos com os vossos subordinados, alegres na
estupidez e na ignomínia, violadores, sedutores e tantos outros vícios que a mente, só com a
enumeração, desfalece. E há ainda os que subjugaste o pior da natureza, quantos erros, quantas
injustiças, quantas desatenções e faltas de cortesia, quantas faltas pela obsessão, pela cegueira
interior, tantas que merecerias, como eu também mereço, arder no fogo da infelicidade e da
angústia. Muitos dos que ainda vivem e se recordam de vocês odeiam-vos e insultam-vos,
lançam-vos injúrias, chamando-lhes vis, cobardes, luxuriosos, bêbados, insensatos, despojados
de vontade, sádicos para com os vossos entes queridos…..
De novo, em silêncio, manteve-se atento esperando ouvir o menor sussurro de resposta. Mas a
quietude, tensa, era se possível maior que a da vez anterior.
Quando esteve de novo junto do seu mestre, este perguntou-lhe:
M – E então? Ouviste agora algo? Os mortos responderam-te aos insultos?
D – Não, mestre, não ouvi nada.
M – Pois a partir de agora assim o deves ser, se queres iniciar o Caminho da Sabedoria, face ao
mundo tu estás morto mesmo que te elogiem, que te insultem ou critiquem, mesmo que
mencionem o teu nome com orgulho ou com desprezo. O único tribunal a que tens de pedir
contas é ao da tua própria consciência. Tão silencioso e imperturbável como os mortos face à
crítica ou ao elogio, logo também face ao abatimento ou à vaidade.

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