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SANGUE E FOGO: A História do Avivamento Morávio
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eles se sentiam inundados na consciência do seu pecado e da graça do
Senhor ainda mais abundante. Suas controvérsias e rixas foram
silenciadas; suas paixões e orgulho foram crucificados — enquanto fitavam
atentamente as agonias do seu “Deus expirante”.
A oração os uniu. A oração trouxe-lhes um novo derramamento do
Espírito Santo; agora veremos como estas bênçãos, por sua vez, levavam-
nos a uma vida mais profunda de oração!
Depois daquele dia destacado de benção, o dia 13 de agosto de 1727,
em que o Espírito de graça e súplicas havia sido derramado sobre a
congregação em Herrnhut, surgiu o pensamento em alguns irmãos e irmãs de
que seria bom separar horas determinadas para o propósito de oração,
tempos em que todos pudessem ser relembrados do seu grande valor e
incitados pelas promessas que acompanham a oração fervorosa a derramar os
seus corações diante do Senhor.
Além disso, consideraram importante que, assim como nos dias da
Velha Aliança nunca se permitiu que o fogo sagrado se apagasse no altar
(Lv 6:12, 13), da mesma forma numa congregação que é o templo do Deus
vivo, na qual Ele tem Seu altar e Seu fogo, a intercessão dos Seus santos
deverá subir incessantemente a Ele como um incenso santo (1 Co 3:16; 1 Ts
5:17; Sl 141:2; Lc 18:7; Ap 8: 3,4).
No dia 26 de agosto, vinte e quatro irmãos e o mesmo número de
irmãs se reuniram e fizeram entre si uma aliança de continuar em oração a
partir da meia-noite até na outra meia-noite, para isto repartindo as
vinte e quatro horas do dia por sorte entre eles.
No dia 27 de agosto, este novo regulamento entrou em vigor. Outros
foram acrescentados a esse número de intercessores, passando a contar com
77 pessoas, e até mesmo as crianças iniciaram um plano semelhante a esse
entre elas. Os intercessores tinham uma reunião semanal na qual se lhes
fazia uma lista daquelas coisas que deveriam considerar como assuntos
especiais para a oração e para levar constantemente diante do Senhor.
As crianças todas sentiam um impulso sobremodo forte para a oração,
e era impossível ouvir suas súplicas infantis sem ser profundamente
comovido e tocado: Uma testemunha ocular diz:
Não posso explicar a causa do grande despertamento das crianças em
Herrnhut de outra maneira que não seja um maravilhoso derramamento do
Espírito de Deus sobre a congregação reunida naquela ocasião. O sopro do
Espírito atingia na quele tempo jovens e velhos igualmente.
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ardente de tornar a salvação de Cristo conhecida aos pagãos. Produziu o
início do movimento missionário atual. Daquela pequena comunidade rural
mais de cem missionários foram enviados num período de vinte e cinco
anos.
Este era o fruto de oração e união de coração sem precedentes. Não
era de se admirar dos resultados espirituais sem precedentes também que
sucederam. Daquela pequena aldeia de cristãos morávios saíram
missionários a todo canto do mundo, levando consigo o fogo do Espírito.
Qual era seu incentivo para o trabalho missionário no exterior?
Embora sempre reconhecessem a autoridade suprema da Grande Comissão (Mt
28:19), os irmãos morávios sempre enfatizaram como o seu maior incentivo
a verdade inspiradora encontrada em Isaias 53:3-12; fazendo assim o
sofrimento do Senhor o impulso e fonte de toda a sua atividade. Desta
profecia tiraram seu “brado de guerra” missionário; “Conquistar para o
Cordeiro que foi morto a recompensa dos Seus sofrimentos”.
Eles sentiam que deviam compensar o Senhor de alguma maneira pelos
terríveis sofrimentos que suportou quando efetuou a salvação deles. A
única maneira de retribuí-Lo é trazer-Lhe almas. Quando trazemos-Lhe as
almas perdidas, é a recompensa ou fruto do penoso trabalho da sua alma
(Is 53:11).
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converter? Quem é que me libertará deste coração mau de incredulidade?
Tenho uma religião “de tempo bom”. Sei falar bem; sim, e tenho confiança
em mim mesmo quando não há perigo ao meu lado; mas venha a morte me
enfrentar e meu espírito já se perturba. Nem posso dizer: “O morrer é
lucro!”
Em Londres, Wesley procurou o conselho de um missionário morávio,
Peter Bohler, e logo após, converteu-se. Em menos de três semanas, ele
estava viajando para a Alemanha para conhecer o Conde Zinzendorf e passar
um período de tempo em Herrnhut.
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encorajando-se mutuamente numa vida sossegada e piedosa.
No entanto havia algo mais que isso que emprestava a comunhão
desses irmãos seu poder tão maravilhoso. Era a intensidade da sua devoção
e dedicação coletiva e individual a Jesus Cristo, como o Cordeiro de Deus
que os comprara com o Seu sangue.
Toda a sua correção uns dos outros e a sua confissão voluntária do
pecado com o abandono do mesmo, vieram dessa fé no Cristo vivo, através
do qual acharam no seu coração a paz de Deus e a libertação do poder do
pecado.
Essa mesma fé os levava a aceitar, e a zelosamente guardar, sua
posição de pobres pecadores, salvos pela Sua graça, dia a dia. Essa fé,
cultivada e fortalecida diariamente pela comunhão na palavra, no cântico
e na oração, transformou-se no alvo das suas vidas. Essa fé os enchia com
tanto gozo que seus corações regozijavam no meio das maiores
dificuldades, na certeza triunfante de que seu Jesus, o Cordeiro que
morrera por eles, e que agora estava amando-os, salvando-os e guardando-
os, minuto por minuto, poderia também conquistar o coração mais
endurecido e estava disposto a abençoar até mesmo o mais vil pecador.
Em 1741 ocorreu algo que completou a organização da Igreja dos
Irmãos e que selou a sua característica central -- a devoção ao Senhor
Jesus. Leonardo Dober havia sido por alguns anos o principal presbítero
da igreja. Ele e alguns outros sentiam que seus dons peculiares o
capacitavam mais para outro tipo de ministério.
No entanto, a medida que os irmãos do sínodo olhavam em redor,
sentiam que seria difícil em extremo encontrar uma pessoa capaz de tomar
o seu lugar. No mesmo instante veio o pensamento a muitos que poderiam
pedir ao Salvador para ser o Presbítero Principal da Sua pequenina
igreja, e como resposta à oração, receberam a confiança de que Ele
aceitara o cargo.
Seu único desejo era que Ele fizesse tudo que o presbítero
principal fazia até aquela data -- que Ele os tomasse como a Sua
propriedade peculiar, que Ele Se preocupasse com cada membro
individualmente, e cuidasse de todas as suas necessidades. Prometeram
amar e honrá-Lo, dar-Lhe a confiança dos seus corações, e como crianças,
ser guiados pela Sua mente e vontade.
Era uma nova e aberta confissão do lugar que sempre haviam desejado
que Cristo ocupasse, não só na sua teologia e vidas pessoais, mas
especialmente na Sua igreja. A igreja havia chegado agora à maioridade.
CONCLUSÃO
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1. Que a igreja existe para estender o Reino de Deus em toda a
terra.
2. Que cada membro deve ser treinado e preparado para participar
deste propósito glorioso.
3. Que a experiência íntima do amor de Cristo é o poder que
capacita para este fim.
4. Que a oração é o segredo, a fonte, de tudo isto.
A “graça total” do nosso Senhor Jesus Cristo foi transmitida aos
irmãos morávios através de uma revelação do sangue do expirante Cordeiro
de Deus. O resultado foi o fogo do Espírito Santo, incendiando as suas
vidas numa “dedicação total” para a evangelização do mundo.
Oração organizada, intensiva, e perseverante trará hoje os mesmos
resultados que trouxe naquela época,
Que o Espírito Santo, nestes dias de restauração em que estamos
vivendo, faça-nos arder de amor e paixão pelo Senhor Jesus, e transforme-
nos numa igreja gloriosa que O manifeste plenamente; e que assim os
pecadores se convertam e se unam a esta comunhão de amor de Deus Pai que
temos no Seu Filho Jesus Cristo.