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JOÃO DA CRUZ
Seguindo suas “estrelas da perfeição” em preparação à sua festa
“....é este amor o fim para o qual fomos criados” (Cântico 29,3).
“Com efeito, buscar-se a si mesmo em Deus é procurar as mercês e consolações divinas; mas
buscar puramente a Deus consiste não só em querer privar-se de todos os regalos por ele,
como ainda em inclinar-se a escolher, por amor de Cristo, tudo quanto há de mais áspero,
seja no serviço divino, seja nas coisas do mundo: isto, sim, é amor de Deus.” (2 Subida 7,6).
4 DE DEZEMBRO: OBEDIÊNCIA
“Tudo quanto suceder, exceto o pecado pessoal, receba-o como vindo do Senhor e nada será
capaz de entristecê-lo. Conduza-se nisso segundo o que lhe pede o Senhor e em tudo fará
aquilo que deve. Submeta-se à vontade do Senhor nas ocorrências e assim há de alegrar-
se. Dependa do Senhor em tudo e seja a obediência sua norma de vida; com isso
prosseguirá na caminhada para o céu com muita paz”. (Avisos, 22)
5 DE DEZEMBRO: CASTIDADE
“Agora podemos compreender mais claramente como a disposição requerida para tal
união consiste em não compreender, gostar, sentir ou imaginar a Deus, nem está em qualquer
outra coisa, senão na pureza do amor, isto é, na desnudez e resignação perfeita de todas essas
coisas unicamente por Deus. Não poderá haver completa transformação se não houver
perfeita pureza. Proporcionada à limpidez da alma, será a iluminação, transformação e união
com Deus, em grau maior ou menor, e não chegará a ser inteiramente consumada enquanto
não houver total pureza”. (2 Subida 5,8)
6 DE DEZEMBRO: POBREZA
“Muitos destes principiantes têm às vezes também grande avareza espiritual. Mal se
contentam com o espírito que Deus lhes dá; andam muito desconsolados e queixosos por
não acharem, nas coisas espirituais, o consolo desejado. Muitos nunca se fartam de ouvir
conselhos e de aprender regras de vida e querem ter sempre grande cópia de livros
sobre este assunto. Vai-se-lhes o tempo na leitura mais que em se exercitarem na
mortificação e perfeição da pobreza interior do espírito, como deveriam. Além disto,
carregam-se de imagens e rosários bem curiosos; ora deixam uns ora tomam outros; vivem
a trocá-los e destrocá-los; querem-nos, já desta maneira, já daquela outra, afeiçoando-
se mais a esta cruz do que aquela, por lhes parecer mais interessante. Também vereis a
outros bem munidos de Agnus Dei, relíquias e santinhos, como as crianças com
brinquedos. Condeno, em tudo isto, a propriedade do coração e o apego ao modo,
número e curiosidades destas coisas; pois esta maneira de agir é muito contrária à
pobreza de espírito, que só põe os olhos na substância da devoção, e se aproveita
somente do que lhe serve para tal fim, cansando-se de tudo o mais. A verdadeira piedade
há de brotar do coração, firmando-se na verdade e solidez, significadas nestas coisas
espirituais; o resto é apego e propriedade de imperfeição, que é necessário cortar a
fim de atingir algo da perfeição”. (1 Noite, 3,1)
“O quinto dano (ao se colocar o gozo nos bens morais) é não progredirem as
almas no caminho da perfeição. Com efeito, estando apegadas em suas ações ao
gosto e consolo, quando estes lhes faltam em suas obras e exercícios, desanimam
e perdem a perseverança por não achar neles sabor. Isto acontece ordinariamente
quando Deus, querendo levar essas almas adiante, lhes dá o pão duro dos fortes
e lhes tira o leite dos meninos, provando-lhes as forças e purificando-lhes o apetite
terno para que possam alimentar-se com o manjar dos adultos. A tais pessoas se
aplica espiritualmente a sentença do Sábio: "As moscas que morrem perdem a
suavidade do unguento" (Eclo 10,l); porque, em se lhes oferecendo alguma
mortificação, desfalecem em suas obras deixando de fazê-las, isto é, perdem a
perseverança na qual se encontra a suavidade do espírito e a colaboração interior”
(3 Subida 28,7).
8 DE DEZEMBRO: PENITÊNCIA
Pelos montes, que são altos, entende aqui as virtudes. Assim diz, em primeiro lugar,
por serem elas elevadas; e, em segundo, por causa da dificuldade e trabalho que temos para
alcançá-las. Quer, pois, a alma dizer como, pelas virtudes, ir-se-á exercitando na vida
contemplativa. Pelas ribeiras, que são baixas, compreende as mortificações, penitências, e
exercícios espirituais por meio dos quais se irá aplicando na vida ativa, juntamente com a
contemplativa a que já se referiu; porque uma e outra são necessárias para buscar a Deus, com
segurança, e adquirir as virtudes. É o mesmo que dizer: buscando meu Amado, irei pondo por
obra as virtudes mais excelsas, e humilhar-me-ei nas mortificações baixas e nos exercícios
humildes. Assim se exprime a fim de mostrar como o caminho para procurar a Deus
consiste em praticar o bem para com ele, e mortificar o mal em si mesma, pela maneira que
vai expondo nos versos seguintes...” (Cântico 3,4)
“Só Deus é quem move as potências dessas almas, como já expliquei, para aquelas obras
conforme à sua santa vontade e divinos decretos, sem que possam agir de outro
modo; e assim as obras e súplicas dessas almas são sempre eficazes. Tais foram as
da gloriosíssima Virgem Nossa Senhora, elevada desde o principio a este sublime
estado; jamais teve impressa na alma forma de alguma criatura, nem se moveu por
ela; mas sempre agiu sob a moção do Espírito Santo”. (3 Subida 2,10)
9 DE DEZEMBRO: HUMILDADE
“Deus nos livre de nós mesmos. Ele nos dê o que lhe agradar e nunca no-lo mostre até que
ele queira. Porque, enfim, aquele que entesoura por amor, para outrem o faz, e é bom que
Deus o guarde e o goze, pois tudo é para ele; e nós não devemos querer vê-lo com os olhos
nem gozar dele, para não defraudar a Deus do gosto que experimenta na humildade e
desnudez do nosso coração e desprezo das coisas do século por ele”. (Carta 41, a uma dirigida
do Santo)
10 DE DEZEMBRO: MORTIFICAÇÃO
“A sabedoria entra pelo amor, silêncio e mortificação. Grande sabedoria é saber calar e
não reparar no que dizem ou fazem, nem nas vidas alheias.” (Dito 107)
11 DE DEZEMBRO: ORAÇÃO
“Deste modo, pois, as almas devem dirigir para Deus as forças e o gozo da vontade
nas suas orações, não se apoiando em invenções de cerimônias que a Igreja Católica
desaprova e das quais não usa. Deixem o sacerdote celebrar a santa missa do modo
e maneira conveniente, segundo a liturgia determinada pela Igreja. Não queiram
usar de novidades, como se tivessem mais luz do que o Espírito Santo e a sua Igreja.
Se não são atendidas por Deus numa forma simples de oração, creiam que muito
menos as ouvirá o Senhor por meio de todas as suas múltiplas invenções. De tal
modo é a condição de Deus, que, se o sabem levar bem e a seu modo, alcançarão
dele quanto quiserem; mas se as almas o invocam por interesse, de nada adianta
falar-lhe.
12 DE DEZEMBRO: SILÊNCIO
“Uma palavra disse o Pai, que foi seu Filho; e di-la sempre no eterno silêncio e em silêncio ela
há de ser ouvida pela alma” (Dito 98).
“ A música calada
Naquele sossego e silêncio da referida noite, bem como naquela notícia da luz divina,
claramente vê a alma uma admirável conveniência e disposição da sabedoria de Deus na
diversidade de todas as criaturas e obras. Com efeito, todas e cada uma delas têm certa
correspondência a Deus, pois cada uma, a seu modo, dá sua voz testemunhando o que nela
é Deus. De sorte que parece à alma uma harmonia de música elevadíssima, sobrepujando todos
os concertos e melodias do mundo. Chama a essa música “calada”, porque é conhecimento
sossegado e tranquilo, sem ruído de vozes; e assim goza a alma, nele, a um tempo, a suavidade
da música e a quietude do silêncio. Por esta razão, diz que seu Amado é, para ela, esta
música calada pois nele se conhece e goza essa harmonia de música espiritual. Não somente
lhe é Isto o Amado, mas também é
A solidão sonora
Significa mais ou menos a mesma coisa que a música calada; porque esta música, embora
seja silenciosa para os sentidos e potências naturais, é solidão muito sonora para as potências
espirituais. Estas, na verdade, estando já solitárias e vazias de todas as formas e apreensões
naturais, podem perceber no espírito, mui sonoramente, o som espiritual da excelência de
Deus em si e nas suas criaturas.” (Cântico, 14-15, 25-26)
13 DE DEZEMBRO: PAZ
8. Põe aqui a quarta excelência deste leito, a qual se deriva imediatamente da terceira, que foi
descrita. Vimos como consistia no perfeito amor cuja propriedade é lançar fora todo temor,
segundo a palavra de São João (1Jo 4,18); dai procede consequentemente a perfeita paz da
alma, quarta excelência deste leito conforme estamos dizendo. Para melhor compreensão, torna-
se necessário saber que cada uma das virtudes é em si mesma pacifica, mansa e forte, logo, produz
na alma que a possui estes três efeitos, de paz, mansidão e fortaleza. Como este leito florido
estai composto de todas as flores de virtudes todas elas são pacificas, mansas e fortes, daí
procede estar edificado na paz, achando-se a alma pacifica, mansa e forte. São três propriedades
que impossibilitam toda guerra e combate, tanto da parte do mundo, como do demônio ou
da carne; tornam a alma tão tranquila e segura, que lhe parece, na verdade, estar toda edificada
na paz.” (Cântico 24,8)
DIA 14 – SOLENIDADE DE S. JOÃO DA CRUZ
“É só seguir pelo chão batido da lei de Deus e da Igreja, vivendo apenas em fé obscura e
verdadeira, em esperança certa e em caridade inquebrantável, andando por aqui como
peregrinos, pobres, desterrados, órfãos, em aridez, sem caminho e sem nada, esperando tudo
do céu!” (Carta 35, a Joana de Pedraza).
A graça do Jubileu
reavive em nós, Peregrinos de Esperança,
o desejo dos bens celestes
e derrame sobre o mundo inteiro
a alegria e a paz
do nosso Redentor.
A ti, Deus bendito na eternidade,
louvor e glória pelos séculos dos séculos.
Amém (Papa Francisco)