Você está na página 1de 4

São Tomás de Aquino.

Suma teológica - questão


80. As potências apetitivas em geral
- Jonathan Coimbra Norberto
São Tomás de Aquino. Suma teológica - questão
80. As potências apetitivas em geral
Santo Tomás considera as potências apetitivas dentro de quatro pontos: do apetite em comum
(geral), da sensibilidade (sensualidade), da vontade e do livre arbítrio.

Art. 1 - O apetite é uma potência especial da alma?


Começa considerando que o apetite não é uma potência especial da alma: pelo desejo ser algo comum
aos seres animados e inanimados; por desejarmos aquilo que conhecemos, logo, não deve existir
potência apetitiva diferente da potência apreensiva; não se precisa admitir uma potência diferente ao
que é objeto desejável em geral. No contrário o Filósofo distingue a potência apetitiva das outras e
Damasceno distingue das cognoscitivas.

R.: Conclui que é necessário que se tenha uma potência apetitiva. Considera para isso que "a toda
forma segue-se uma inclinação". Cabe aos que carecem de conhecimento a inclinação natural, o
apetite natural; aos que possuem o conhecimento suas formas existem de modo superior ao das
naturais, consequentemente sua inclinação também é superior, essa pertence a potência apetitiva da
alma tendendo para aquilo que se conhece.

Respostas às objeções: Há uma maneira superior em que nos seres dotados de conhecimento se
encontra o apetite; o que é apreendido e desejado é o mesmo quanto ao sujeito mas difere quanto a
razão "é apreendido como ente sensível ou inteligível, e é desejado como conveniente ou bom. Para
que haja potências diversas é preciso que nos objetos haja uma diversidade de razões, e não uma
diversidade material"; Pelo apetite natural cada potências deseja o objeto que lhe convém, cada um
possui inclinação natural, o apetite animal que segue ao conhecimento e convém a esta potência.

Art. 2 - O apetite sensitivo e o apetite intelectivo são potências


diferentes?
Santo Tomás começa considerando que "o apetite sensitivo e o intelectivo não são potências
diferentes". Isso porquê não se distinguiriam pelo acidental e o acidental seria o ser apreendido pelo
sentido ou pelo intelecto; também a distinção de objeto em singular e universal não se encontra no
apetite, pois todo apetite parece ter o singular como objeto; também pelo motivo de os dois apetites
estarem subordinados a potência motora. Do contrário, Aristóteles distingue-as e coloca uma
subordinada a outra.

R.: Responde que é preciso sim que sejam consideradas distintas. A potência apetitiva é passiva,
consequentemente, é movida pelo objeto apreendido, distinguindo-se quanto aos princípios motores e
ativos. Assim as duas potências são de gêneros diferentes.

Resposta as objeções: As potências possuem distinção quanto ao objeto, e a cada potência cabe o
que lhe convém. O objeto desejável só move o apetite quando apreendido; Nem todos os apetites
visam coisas singulares pois o intelectivo pode voltar-se a razão universal diante de um particular e
mesmo desejar o que os sentidos não podem apreender; não há também "potência motora distinta
relativa ao intelecto e ao sentido", quanto ao intelecto uma opinião universal move-se mediante uma
particular, e o apetite superior move-se pelo inferior.

# São Tomás de Aquino. Suma teológica - questão


82. Da vontade
Art. 1 - A vontade deseja alguma coisa de maneira necessária?
Primeiramente considera parecer que "a vontade nada deseja por necessidade". Santo Agostinho diz
que algo que é necessariamente não pode ser voluntário, a vontade desejando voluntariamente não
pode desejar algo que seja necessariamente; Aristóteles diz que a vontade refere-se a objetos
contrários e por isso não é determinada necessariamente; Também não podemos ser senhores de algo
que é necessariamente, logo, se somos senhores dos nossos atos esses atos de vontade não podem
ser necessariamente. Do contrário, se se diz que todos deseja a felicidade esse desejo 'necessário,
assim há algo que a vontade queira necessariamente.

R.: Santo Tomás diz que há vários sentidos de necessidade: "em razão de um princípio intrínseco" seja
causa formal ou material, é a "necessidade natural e absoluta"; "em razão de um princípio extrínseco,
causa final ou eficiente", uma necessidade de coação; nenhuma destas necessidades repugna a
vontade.

Respostas às objeções: Agostinho refere-se a necessidade que aqui se chama de coação, a natural
não tira a liberdade da vontade; quando a vontade quer algo naturalmente não se refere a objetos
contrários mas antes "ao intelecto dos primeiros princípios"; nossa escolha diz respeito aos meios para
o fim, "o desejo do fim ultimo não faz parte dos atos de que somos senhores".

Art. 2 - A vontade quer necessariamente tudo o que ela quer?


Tomás de Aquino começa considerando parecer resposta desta pergunta afirmativa. Justifica com
Dionísio quando diz que "o mal está fora da vontade", portanto, necessariamente a vontade tende ao
bem proposto; O objeto da vontade se compara com um motor que move algo o que é movido assim é
necessariamente; o que é apreendido pelo apetite intelectivo é o seu objeto que move
necessariamente a vontade. Do contrário, Santo Agostinho diz que pela vontade pecamos ou vive-se
vida virtuosa, sendo assim, se refere-se a objetos contrários a vontade não necessariamente quer tudo
o que ela quer.

R.: Santo Tomás responderá que "a vontade não quer por necessidade tudo o que ela quer". Considera
que o intelecto adere por necessidade a princípios primeiros e a vontade ao fim ultimo, mas há alguns
inteligíveis que não possuem relação necessária com os primeiros princípios, também há na vontade
bens particulares que não possuem relação necessária com a bem-aventurança, a esse a vontade não
tem como objeto necessariamente.

Respostas às objeções: O bem a qual tende a alma em relação a algum objeto é múltiplo a vontade
não está determinada necessariamente a um só e único; não necessariamente a vontade é movida por
um vem particular porquê a capacidade da vontade está ligada ao bem universal e perfeito; a razão
apreende vários objetos e pode ser movida por diversos objetos não necessariamente por um.

Art. 3 - A vontade é uma potência superior ao intelecto?


Santo Tomás começa afirmando a pergunta. Considerando que o fim é "a primeira e mais alta das
vontades" sendo objeto da vontade evidência que esta é maior das potências; a vontade é mais alta
que o intelecto pelo processo de imperfeição para o perfeito que possuem as coisas naturalmente,
igualmente acontece nas potências: sensitivo -> intelecto -> vontade; a caridade, que é o habitus que
aperfeiçoa a vontade é o mais nobre de todos assim a vontade é superior. Do contrário, Aristóteles
afirma que o intelecto é que é a potência mais elevada.

R.: Tomás considera dois modos de um coisa ser superior: absolutamente ou relativamente. As duas
potências (intelecto e vontade) consideradas em si mesmas o intelecto aparece como superior, chega
a essa conclusão comparando os objetos destas potências: do intelecto é "a própria razão do bem
desejável", este bem desejável que têm sua razão no intelecto é objeto da vontade. Pela simplicidade
dos objetos nota-se a superioridade do intelecto. De modo relativo, a vontade pode ser superior,
quando o objeto da vontade é superior ao do intelecto, neste sentido "é melhor amar a Deus do que
conhecê-lo, e inversamente vale mais conhecer as coisas materiais do que amá-las".

Respostas às objeções: O intelecto é superior por seu fim, a razão do bem é objeto do intelecto e a
verdade a exprime, logo, o bem é uma espécie de verdade mas também a verdade é uma espécie de
bem, o intelecto é mais excelente que outras potências; quando referimos ao anterior absoluto e por
natureza este é mais perfeito como por exemplo o ato anterior a potência, neste sentido o intelecto é
anterior a vontade: "o bem conhecido move a vontade"; a virtude da caridade é a virtude superior a
alma, como já ficou dito na solução.

Art. 4 - A vontade move o intelecto?


Tomás começa dizendo que a vontade não move o intelecto: o que move é anterior e mais nobre, se o
intelecto é anterior e mais nobre não pode ser movida pela vontade; também porque o movente não é
movido, o apetite é que é movido pelo que foi apreendido pelo intelecto; também por desejarmos
apenas o que é conhecido, não é possível regressão ao infinito aqui. Do contrário, Damasceno dirá que
somos movidos a conhecer pela vontade.

R.: Há duas maneiras em que as coisas se movem: a primeira como fim, a causa final que move a causa
eficiente, e é desta maneira que a vontade é movido pelo intelecto "pois o bem conhecido é o objeto
da vontade, e a move enquanto fim."; também da maneira de agente de modo que o que é impelido é
movido pelo que impele, assim o intelecto é movido pela vontade, a potência que possui ordenação
para o fim universal move as que possuem ordenação para um fim particular. Portanto, como causa
eficiente, a vontade move todas as demais potências menos as da alma vegetativa.

Respostas às objeções: Começa por considerar o intelecto de duas maneiras e a vontade de duas
maneiras quanto a universal e quanto a particular, observa então o que acontece quando tais potências
assumem um ou outro objeto. Quando se toma pela universalidade do objeto o intelecto é
absolutamente superior a vontade, considerando o intelecto na universalidade e a vontade
determinada o intelecto ainda é anterior, se considera a vontade na universalidade (seu objeto é o
bem) e o intelecto em certa potência especial a vontade é superior ao intelecto e o move; o intelecto e
a vontade movem-se de maneira diferente; não há necessidade de proceder ao infinito pois paramos
no intelecto como ponto de partida, há ainda um princípio intelectivo superior que é Deus.

Art. 5 - Devem-se distinguir a potência irascível e a


concupiscível no apetite superior?
Tomás começa partindo da afirmativa da questão. Há concupiscências que não pertencem ao apetite
sensitivo e também há uma ira que não pertencem ao sensitivo, assim devem ser distinguidas no
apetite intelectivo e no sensitivo; considerando as virtudes da caridade e da esperança ambas estão
respectivamente na potência concupiscível e na irascível mas também ambas são intelectiva não
sensitivas então deveríamos afirmar que essas duas potências estão na parte intelectiva; se considerar
o livro do Espírito e da alma, o irascível e concupiscível pertencem unicamente a alma e por isso
consideraríamos eles na parte da vontade, no intelectivo. Do contrário, diz daqueles que dividem a
parte irracional da alma em concupiscível e irascível. "A vontade está na razão; na parte irracional da
alma, a concupiscência e a cólera, ou o desejo e o ânimo" (Aristóteles).

R.: Não se considera que o irascível e o concupiscível sejam partes do intelectivo, "uma potência que
está ordenada a um objeto considerado sob uma razão universal não se diversifica pelas diferenças
especias contidas sob aquela razão universal".

Respostas às objeções: Há dois sentidos de se dizer o amor, a concupiscência...: como paixões,


encontrando-se no sensitivo, ou significando um estado afetivo, sendo atos da vontade, pertencendo a
esta potência somente; a vontade possui o irascível conforme combate o mal pelo julgamento da
razão, não como paixão. Também a parte concupiscível ao desejar o bem. O amor e a esperança
relacionam-se com essas partes na medida que cada uma se relaciona com seus atos; traz a
explicação anterior entendendo a união da alma e corpo na ordem natural, exclui assim o crédito ao
livro mencionado.

Você também pode gostar