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G.

Deleuze 1963 - A filosofia critica de Kant


(introdução)
Data: 2023-06-07
ano: 1963
autor: Gilles Deleuze
tags: #I_Kant #criticismo #método_transcedental #G_Deleuze #interesses_da_razão
#faculdade_do_espírito #faculdade_de_conhecer #faculdade_de_desejar #prazer_e_dor
#faculdade_superior #síntese_de_representações #síntese_a_posteriori #síntese_a_priori
#intuição #sensiblidade #conceito #entendimento #Ideia #razão #espaço_e_tempo
#a_priori #a_posteriori
notas permanentes:
notas de literatura: O. Höffe 2005 - Immanuel Kant (cap. 4)
aulas: Moderna 2

sintese

Introdução - Método Transcendental


A razão segundo Kant

a posição de Kant:
filosofia = ciência que relaciona os conhecimentos com os fins da razão humana;
fins supremos - os fins supremos da razão dão na cultura;
duplo antagonismo: essa concepção de razão e fins vão se opor ao Empirismo e
ao Dogmatismo (racionalistas);
Empiristas
a razão não é a faculdade dos fins;
razão é faculdade de ajustar fins indiretos; cultura = cálculo;
os fins são sempre fins de natureza;
três argumentos contra a tese empirista da razão como faculdade dos meios:
Argumento do valor: caso a razão servisse exclusivamente para fins da
natureza não faria sentido que enxergássemos nela uma utilidade
especial;
argumento por absurdo: se a razão escolhesse realizar os seus fins em
um ser racional, melhor seria ter deixado que este chegasse a esses
fins por meio do instinto e não da razão;
argumento de conflito: se a razão é uma faculdade dos meios como
poderia se dar no homem o reconhecimento de dois gêneros distintos
de finalidade, uma natural e outra moral?;
Racionalistas
a razão persegue fins propriamente racionais;
esse fim racional é exterior e superior a razão;
um Ser, um Bem como "regra da vontade";
Fim = representação que determina a vontade;
Kant contra os racionalistas
fins supremos = fins da razão;
a razão estabelece a se própria quando determina esses fins;
aos fins que a razão persegue damos o nome de interesses da
razão;
"razão é o único juiz de seus próprios interesses";
a crítica que a razão impõe a si mesma é o que se chama de
método transcendental;
propósitos do método: I - determinar a natureza dos fins da razão; II
- determinar os meios de satisfazer esses fins;

Primeiro sentido da palavra faculdade

Fatos
1° sentido de faculdade: diversas relações de uma representação em geral
entre o sujeito e a representação a uma distinção de algo que não é você - sujeito e
objeto;
para cada tipo de relação com as coisas existentes há faculdades do espírito que
intermediam essa relação;
tipos de faculdades:
faculdade do conhecimento: realiza a medida e a conformidade das
representações;
faculdade de desejar: relações de causa e efeito; pelas representações
que você faz dos objetos é estabelecida uma relação de causa e efeito;
o sentimento de prazer e dor: pela relação com o objeto certas
representações que fazemos dele intensificam ou diminuem "nossa
força vital";
grande questão: qual destas faculdades podem ser consideradas
superior?
faculdade superior = quando ela acha em si mesmo a lei do seu
próprio exercício; quando ela é autônoma;
as três críticas escritas por Kant procuram qual é a faculdade
superior para certas relações;;
Crítica da razão pura: qual é a faculdade superior de
conhecer?
Crítica da razão prática: qual é a faculdade superior de
desejar?
Crítica do juízo: qual a faculdade superior de prazer e dor?

Faculdade de conhecer superior

Do que precisamos para conhecer:


ter uma representação e conseguir sair dela para reconhecer coisas que estão
ligadas à ela;
Conhecimento = #síntese_de_representações
Duas formas de #síntese_de_representações :
síntese a posteriori: dependente da representação; consigo afirmar julgar
alguma representação a partir de alguma outra informação que independe
dela;
ex.: "a linha é branca";
síntese a priori: se diz do que é universal e necessário; independente da
experiência; o que não deriva da experiência; são os conceito pelos quais
nós conseguimos reconhecer as experiências;
ex.: "sempre"; "causa"; "todos"; "necessariamente";
Quando a faculdade de conhecer é superior
#síntese_empírica = faculdade do conhecimento na sua forma inferior > as leis que
regulam o conhecimento estão dados na experiência, ou seja, fora dela;
síntese a priori = faculdade de conhecer na sua forma superior; é está síntese que permite
que deduzamos algo da representação que não se encontra nela;
ao achar em si a sua própria a lei a faculdade de conhecer legisla sobre os objetos do
conhecimento;
o que uma faculdade superior de conhecimento tem a ver com a razão
determinação de uma forma superior de conhecer = aquilo que interessa a
razão;
juízos sintéticos a priori = princípio das ciências teoréticas da razão;
o que interessa a razão = aquilo pelo que a razão se interessa em função da
faculdade superior de conhecer;
quais são os objetos que levam o interesse especulativo da razão
experimentar a forma superior da faculdade de conhecimento?
os objetos tais como eles aparecem para nós; fenômeno;
interesse *especulativo* da razão > fenômenos;
na Crítica da razão pura os conceitos são a priori, independentes da
experiência, mas só se aplicam aos objetos da experiência;

Segundo sentido da palavra faculdade

Os outros sentidos da faculdade


faculdade: fonte específica de representações; para cada tipo de representação
existiria uma faculdade diferente;
formas da representação segundo o conhecimento:
Intuição: "representação singular que se refere imediatamente a um objeto de
experiência e que tem a sua fonte na sensibilidade";
Conceito: "representação que se refere mediatamente a um objeto da
experiência, por intermédio de outras representações, e que tem a sua fonte no
Entendimento;"
Ideia: "conceito que supera igualmente a possibilidade da experiência e que tem
a sua fonte na Razão";
(no que devemos nos atentar é que na medida em que a representação se
dá segundo uma faculdade específica (sensibilidade; entendimento; razão),
segundo as formas da intuição, do conceito e da Ideia, temos uma evolução
no grau de dependência da fonte originadora da representação - as
faculdades específicas para forma de representação - em relação a
experiência. Tenhamos em vista também que Kant já havia considerado
como forma inferior de conhecer quando a síntese da representação
acontece por aquilo que é da matéria);
O que é uma "representação"
1°representação é diferente do que se apresenta;
o que se apresenta/ o que aparece na intuição = o objeto tal como ele aparece;
fenômeno enquanto diversidade sensível empírica; #a_posteriori ;
fenômeno para Kant é igual a aparição; o fenômeno aparece no Espaço e no
Tempo;
Espaço e Tempo = forma de toda aparição possível; forma pura da Intuição e
da sensibilidade; enquanto formas puras são #a_priori ;
Espaço e Tempo = Intuição Pura = forma a priori da sensibilidade;
as formas puras da intuição não são re-presentações, nem a sensibilidade
fonte de toda representação;
"re-presentar" designa uma função ativa e unificadora onde se volta para
aquilo que se apresenta;
conhecer = atividade + unidade;
intuir = passividade + diversidade
novo sentido de conhecimento: conhecer não é fazer a síntese do diverso;
conhecer já a própria re-apresentação daquilo que se apresenta enquanto
como fenômeno*;
faculdades ativas e passivas
até a pouco acreditávamos que a intuição já se mostrava como uma das três formas
da representação se dar, tendo como fonte a sensibilidade. Todavia foi feito uma
reavaliação do conceito de representar, onde se definiu melhor que aquilo que a
sensibilidade representa não é a representação, mas a apresentação do fenômeno
enquanto diversidade sensível empírica. Essa apresentação, que é diferente de uma
representação acontece nas formas a priori da faculdade sensível que temos. Sendo
assim, o correto é afirmar que o papel da intuição sensível é o de apresentar o
fenômeno enquanto diversidade sensível empírica.
essa característica apriorística da intuição sensível a coloca como uma faculdade de
recepção, e por isso passiva. Por outro lado, existiriam ainda três faculdades, de
caráter ativo que seriam as responsáveis direta pela representação propriamente dita,
por serem elas que operam a síntese do diverso. As três faculdades ativas são
imaginação, entendimento e a razão.
cada uma dessas faculdades ativas representa o fenômeno segundo a sua própria
natureza; e num sentido geral trabalhariam por etapas no processo de síntese da
representação:
a função ativa é desempenhada pela imaginação; a função de dar unidade à
representação é do entendimento; e a função de tornar essa unidade uma ideia,
ou seja, de totalizar é realizada pela razão.
sensibilidade intuitiva = faculdade de recepção;
faculdades ativas = fonte das verdadeiras representação;
síntese ativa = faculdade imaginação;
síntese unificadora = faculdade entendimento;
síntese totalizadora = faculdade razão ;

Relação entre os dois sentidos da palavra faculdade

O duplo sentido da palavra faculdade e a sua função para o método transcendental


primeiro sentido da palavra faculdade: na sua forma superior ela é legisladora e
autônoma; legisla sob os objetos que estão a ela submetido; corresponde a um
interesses da razão;
1ª questão da Crítica: quais são as formas superiores de cada faculdade; quais
são os interesse da razão de acordo com cada forma superior.
: o que garante a submissão dos objetos segundo os interesses da razão? o que
é que legisla na faculdade considerada?
para cada definição de uma faculdade segundo a sua relação com a
representação (primeiro sentido da palavra), um interesse determinado é ativado;
para que o primeiro sentido da palavra faculdade faça sentido, onde descobrimos
o interesse da razão, o segundo sentido se faz necessário já que é por meio dele
que tomamos contato com a faculdade específica que vai dar cabo do interesse;
Exemplo da Crítica da razão pura
qual é a faculdade superior de conhecer? ou seja, qual é a que satisfaz
o interesse especulativo da faculdade de conhecer (uso do primeiro
sentido da palavra faculdade);
o interesse que a razão tem na faculdade de conhecer, segundo a
forma superior desta faculdade, tem a função de legislar sobre o
objeto específico dessa faculdade;
bom, o objeto do conhecimento são os fenômenos. Estes não são a
coisa em si, mas são a representação dela, e por isso podem ser
submetidos às leis da faculdade do conhecimento, pois do contrário
não haveria como a faculdade de conhecer realmente conhecer o
fenômeno;
qual é então a faculdade responsável por ser a fonte da representação
do fenômeno que a razão se interessa? ou, qual é a faculdade (segundo
sentido da palavra faculdade) que legisla a faculdade de conhecer
(primeiro sentido da palavra)?
a faculdade que legisla a faculdade de conhecer/interesse
especulativo é o Entendimento;
2ª questão da Crítica
enquanto uma faculdade preside o tribunal da razão e legisla sobre as
outras, essas outras não deixam de desempenhar funções originais;
enquanto uma faculdade superior realiza o interesse específico da razão, as
outras desempenham papeis alternativos determinados pela faculdade
legisladora;
para cada interesse da razão uma configuração nova das faculdades deve
acontecer;
ex.: onde preside a faculdade do Entendimento, - interesse especulativo
da razão - a faculdade da Razão e da imaginação desempenham
funções secundárias;
onde preside a faculdade da Razão - interesse prático da razão - é
o entendimento quem desempenha uma função auxiliar;
para o primeiro sentido de faculdade - faculdade de conhecer; faculdade de
desejar; o sentimento de prazer e dor - uma relação específica do segundo
sentido da palavra faculdade é ativado - Entendimento; imaginação; Razão.

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