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Santo Agostinho - Do livre arbítrio.

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LIVRO I - O pecado provém do livre-arbítrio


O problema do mal - Introdução
Capítulo 1 - É Deus o autor do mal?
1 - Agostinho responde a pergunta de Evódio sobre se Deus é o autor do mal procurando saber o que
se toma por "mal" podendo dizê-lo sob o sentido de quem o pratica e de quem o sofre. Deste modo,
Deus poderia causar o segundo pois acreditamos ser ele justo e isso significaria distribuir o bem
àqueles que são bons e males aos maus que praticaram o mal de modo voluntários sendo autores
deste eles mesmos.

2 - "O mal vem por ter sido ensinado?"

A instrução é um bem e se instruir é somente bem e se diz do mal na instrução para aprender a evitá-
lo, logo, o mal seria um "renunciar à instrução".

3 - Ainda sobre a indagação anterior pergunta se a inteligência é um bem e se é não pode ser
considerado mal o que se aprende e que usa a inteligência, o autor da instrução é o autor das boas
ações.

Capítulo 2 - Por qual motivo agimos mal?


4 - 5 Sobre essa questão começa Agostinho por dizer que isso muito o atormentou. Começa então por
estabelecer a fé que possui em Deus de quem procede todas as coisas, e coloca a relação que possui
o os seres criados e o pecado que deles procede com Deus .

Essência do pecado - submissão da razão às paixões - Primeira


parte
Capítulo 3 - Busca da origem do pecado
6 - Indaga primeira o que é proceder mal. Evódio apresenta ações más dentre elas o adultério
indagado por Agostinho sobre o porquê é uma má ação, afirma Evódio que ele é proibido pela lei por
ser mal e não porque a lei o proíbe é que é mal. Apresenta um argumento sobre ser uma ação que não
se quisera que fosse feito a si mesmo sendo o mal o que não quisera sofrer a si mesmo, Agostinho
rebate colocando que se então alguém entregasse voluntariamente sua esposa ao outro desejando a
mesma permissão isso deixaria de ser mal.

7 - Agostinho refuta o outro argumento de Evódio dizendo que é mau por muitos homens serem presos
por essa ação trazendo os próprios atos dos Apóstolos, os mártires lembrando que o crime que era
confessar a fé em Cristo. Logo, nem tudo que é condenável pelos homens é uma má ação pois há
homens condenado por ações boas.

8 - Aceita Evódio a afirmativa de S. Agostinho de que talvez esteja o mal no domínio da paixão.

Capítulo 4 - Objeção: e os homicídios cometidos sem paixão?


9 - Afirma que para ser pecado a paixão não, necessariamente, deve dominar pois há aqueles que
agem pelo medo, ou pelo desejo de conservar a vida e o temor de perde-la, e o desejo de viver é um
bem. Assim um soldado, por exemplo, não estaria sobre pecado ao matar um homem. Indaga o bispo
se então um escravo que mata seu senhor temendo os tormentos mereceria o nome de homicida.

10 - Considera ainda o exemplo do escravo e como a paixão pode ser um desejo culpável. Lembra que
desejar vida sem temor é próprio do homem mas alguns a desejam para gozar plena e seguramente
das coisas que as podem perder outros renunciando a essas mesmas coisas.

Capítulo 5 - Outra objeção: e os homicídios cometidos em autodefesa,


admitidos pela lei civil
11 - Interroga se há um casa que se possa matar sem nenhuma espécie de paixão, como no caso para
salvar a própria vida, liberdade ou pudor em autodefesa.

12 - Evódio justificar a morte de um agressor como um mal menor, ou no caso do soldado um ser ele
um dispensador da lei podendo cumprir seu dever sem paixão. No caso da lei permitir matar o agressor
não significa que se é obrigado a fazê-lo. Pensa se os bens que violentados se perdem são
apreciáveis. Tenta justificar a virtude da modéstia residida na própria alma, por exemplo.

13 - Agostinho traz a lei Divina que ultrapassa a lei humana e que pode ter atitudes condenáveis na
primeira e não na segunda, considerando também o fim próprio da lei humana.

Capítulo 6 - Solução: saber distinguir a lei eterna das leis temporais


14 - Propõe investigar até onde o castigo deve provir da lei humano ou da lei divina. Considera
primeiramente que é, de fato, necessário a lei humana entre os povos, distingue os homens entre as
coisas mutáveis. Coloca então como justo em um povo que pensa no bem comum escolher seus
magistrados, porém, se este povo se corromper seria justo tirar do povo esta faculdade. Interroga
então como essas duas leis - já que são justas - podem existir visto serem contrárias? À essa lei que
pode ser mudada coloca-se como lei temporal.

15 - A lei eterna e imutável é fundamento da retidão da lei temporal e ela não pode ser considerada
injusta. A noção "impressa em nosso espírito dessa lei" é que "é aquela lei em virtude da qual é justo
que todas as coisas estejam perfeitamente ordenadas" e nada pode mudar que seja justo o que esta
em ordem perfeita.

A causa do pecado - O abuso da vontade livre - Segunda parte


Capítulo 7 - O homem - superior aos animais pela razão
16 - Ao indagar se o todo ser vivo se sabe vivente ou não interroga sobre o que difere o homem dos
animais e porquê estes mesmo sendo mais fortes que os homens são por eles subjugados. A razão
está pelo homem possuir algo que os animais não possuem, ambos possuem alma, logo, não está aí o
que os diferem mas sim no espírito, aquilo que podemos dizer "razão".

17 - Diz de como é melhor viver com a consciência, com o conhecimento que torna a vida mais alta e
mais pura, não que a consciência seja melhor que a vida, mas a inteligência que torna capaz de se
viver com maior perfeição conhecimento este que não pode ser mal e que difere do conhecimento
como experiência.

Capítulo 8 - O lugar do homem na escala da perfeição dos seres


18 - Desenvolve aquilo que o homem possui que o torna melhor que os animais. Quando o elemento
superior do homem domina e comando todos as outras partes é então que se encontra ordenado.
Possuímos muitas coisas em comuns com outros seres da natureza inclusiva a atividade da vida animal
da busca de prazeres do corpo e fuga dos dissabores, possui propriedade também que não possuem
os animais como algumas paixões. Quando a razão domina o irracional da alma estabelecendo ordem
perfeita é que então domina no homem a lei eterna que o deve dominar.

Capítulo 9 - O homem sábio - aquele que vive submisso à razão


19 - Santo Agostinho coloca o homem sábio aquele que é governado pela razão e o insensato o que
não o é. Procura então o que há no homem que mostre ter nele a presença da mente. Recorre ao
exemplo dos domadores para dizer que mesmo ele submetendo animais a si não quer dizer que sejam
eles regidos pela razão em sua parte inferior. Isso demonstra o como possui a mente os homens
mesmo que não sejam regidos por ela. Pois na sua maioria não o são.

Capítulo 10 - Nada força a razão a submeter-se às paixões


20 - Agostinho interroga sobre se as paixões podem submeter a razão, se assim fosse, se negaria a
ordem perfeita, deste modo, seria necessária a consideração da mente como mais poderosa. Conclui-
se que a virtude está acima do vício e que portanto uma alma viciada não pode exercer domínio sobre
uma alma virtuosa e que assim o espírito é mais forte que o corpo.

21a - Só Deus é maior do que uma mente dotada de razão e sabedoria.

Capítulo 11a - o Ser supremo não constrange a mente humana a ser escrava
das paixões
21b - Traz a afirmação de que o Ser supremo não podendo ser injusto não força a mente a submeter-
se às paixões.

21c - Somente a própria vontade e o livre-árbítrio pode submeter a mente à paixão.

22 - O domínio das paixões submete o homem a duras penas.

A atuação da boa vontade prova que o pecado vem do livre-


arbítrio - Terceira parte
Capítulo 11b - Dúvidas de Evódio
23 - Interroga Evódio se seria possível alguém estabelecido na sabedoria descesse de lá e se
submetesse às paixões, lembra o estado perfeito em que o homem foi criado e como precipitou-se de
lá.

Capítulo 12 - Uma hipótese do platonismo


24 - Santo Agostinho pensa a respeito da teoria da [Reminicência] de Platão ao responder Evódio
sobre se de fato são insensatos. Delineia o argumento platônico levando em consideração ter sido
sábio talvez em outro tempo ou vida já que a sabedoria reside na alma.

25 - Pergunta Agostinho se existe vontade de levar vida feliz, antes de afirmar que todos possuem
interroga ainda sobre a boa vontade que é a vontade com a qual se deseja viver de tal maneira para
atingir a sabedoria. Pergunta a Evódio qual o apreço que dá a essa boa vontade concluindo ser
incomparável a quaisquer outras coisas e aqueles que não possuem a alegria da boa vontade caem no
maior dos danos.

26 - Continua o argumento da superioridade da boa vontade em relação a tudo o mais e da


padecimento de quem apegado as coisas carecem dela.
Capítulo 13 - Nossa boa vontade implica o exercício das quatro virtudes
cardeais
27 - Desenvolve o santo como a alma que ama e procura a boa vontade possui consequentemente as
quatro virtudes cardeais: prudência, temperança, coragem e justiça.

28 - Considera o como deve ser louvada a vida de uma pessoa que possui a boa vontade e que é esta
a vida feliz a ser louvada. Interroga se já que a própria boa vontade já é o amar e ter em grande apreço
a boa vontade. Conclui assim que é pela vontade que se deseja a vida louvável e feliz e pela mesma
vontade a vida vergonhosa e infeliz.

29 - Coloca o querer e o possuir como um só ato no amor e apreço depositado na boa vontade
abraçada e procurando com retidão e honestidade a vida feliz aqui definida.

Capítulo 14 - Motivo de nem todos conseguirem a desejada felicidade


30 - Procurar desenrolar o porquê mesmo todo o homem desejando a vida feliz nem todos a
conseguem visto que nem todos se dispõe a vive com a boa vontade com a qual têm direito à vida
feliz.

Capítulo 15 - Relação da boa vontade com a lei eterna e a temporal


31 - Demonstra o como se alegra o homem de vida feliz que anda em boa vontade com a lei eterna que
o rege e o como não amam os de vida infeliz mas, pelo contrário, tem apreço ao que é passageiro,
temporal. Deste modo, conclui que os de boa vontade vivem sob a lei eterna enquanto que os
insensatos sob a lei temporal. Como a lei temporal deriva da lei eterna, logo, os que se submetem a lei
eterna não têm necessidade da lei temporal.

32 - Enquanto que a lei temporal ordena os homens e a sociedade de modo que a paz e a ordem seja
salvaguardada em sociedade a lei eterna ordena deixar todo amor temporal para voltar purificados às
coisas eternas, sendo assim a lei temporal tem o direito de punir os povos e não o pecado, o apego
demasiado as coisas mas somente a falta de tirar do outro injustamente.

33 - Traz a consequência do apego e o bem do desapego dos bens deste mundo. Conclui que as
coisas por si não são más mas é são os homens que podem fazer mau uso das coisas.

Capítulo 16 - Conclusão: a definição da essência do pecado mostra que ele


procede do livre-arbítrio
34 - Concluindo tudo aquilo a que se chegou as discussões volta a pergunta inicial sobre qual é a
definição de cometer o mal. Conclui então que cometer o mal é o menosprezo dos bens eternos e a
busca dos bens temporais desconsiderando todo bem eterno.

35a - Evódio concorda a conclusão que Santo Agostinho expõe acrescentando que o pecado é o
afastar-se das coisas eternas e colocar o apego nas coisas temporais mesmo que se encontrem em
ordem, no entanto, a alma pervertida se escraviza a elas. Diz, por fim, Evódio a conclusão alcançada
sobre de onde vem o praticar o mal, "o mal moral tem sua origem no livre-arbítrio de nossa vontade".

35b - Terminada a presente discussão lança a interrogação que fará a transição para o livro segundo:
se foi um bem ter Deus nos dado a vontade, visto ser por ela que chegamos às más ações, se
fossemos privados dela não pecaríamos, assim, poderia até o Criador ser considerado autor das más
ações. É a indagação que se proporá responder no segundo livro.
LIVRO III - Louvor a Deus pela ordem universal, da
qual o livre-arbítrio é um elemento positivo, ainda
que sujeito ao pecado
Introdução. Capítulo 1 - O movimento culpável da vontade que se
afasta de Deus vem do livre-arbítrio (1-3)
Evódio começa afirmando que a vontade livre está entre os maiores bens, é um dom de Deus e é dada
para fazer o bem. Mas interroga sobre o por quê esta vontade inclina-se a afastar-se do Bem universal
e imutável voltando-se para os particulares e mutáveis? Se esse movimento é voluntário ou natural? De
onde procede esse movimento que desvia a alma. Reconhecem que é um movimento voluntário e por
isso culpável. Deve-se exortar para o desprezo dos bens transitórios em vista dos eternos e a má vida
para a vida honesta.

PRIMEIRA PARTE. Conciliação entre o pecado e a presciência de


Deus. Capítulo 2 - Objeção: não acontece necessariamente o
que Deus prevê (4-5)
Se tudo que acontece é sabido pela presciência de Deus como pode existir a vontade livre se Deus
conhece as coisas futuras como irão realizar-se necessariamente? Agostinho introduz a discussão com
a busca da solução partindo da piedade. Diz então dos modos como se creem na Providência Divina e
que se deixam levar pelo acaso questão já discutida sobre a insensatez dessa atitude. Outros creem na
Providência como um mal governante da vida humana no sentido de impotente e injusta, não
confessando seus pecados. Parte então tendo como pressuposto a condição do homem mas que está
diante de Deus bondoso e justo, considerando a si mesmo e dando graças a Deus.

Capítulo 3 - A presciência divina, longe de destruir o ato livre,


exige a sua existência (6-8)
Ainda continua a procurar a solução do por quê tendo Deus já previsto os acontecimentos vindouros
venhamos nós a pecar por vontade livre e não por necessidade?

Deus conhece a vontade do homem e pode prever a conduta do que irá acontecer. Indaga Santo
Agostinho sobre os acontecimentos previstos com Deus mesmo. Mas voltando, Deus não o faz sem a
livre vontade do homem, visto que "nada se encontra tão plenamente em nosso poder do que a própria
vontade", logicamente, quereríamos voluntariamente aquilo que queremos e não pode ser diferente.
Pelo fato de Deus ter previsto a vontade boa ou a culpável não deixará de ser no homem vontade livre.
Da mesma forma, Deus não impõe vontade alguma e não determina que queiramos de determinado
modo, pois eliminaria a vontade livre. Nossa vontade não seria nossa se não estivesse em nosso poder.
Assim, esse é o porquê "sem negar que Deus prevê todos os acontecimentos futuros, entretanto nós
queremos livremente aquilo que queremos". Sendo o objeto da presciência de Deus a nossa vontade,
assim ela se fará. Deus vê o ato livre com antecedência. "Logo, essa presciência não me tira o poder".

Capítulo 4 - Obscuridade da relação entre presciência divina e


liberdade humana (9-11)
Ainda sobre a presciência e a vontade livre. Evódio quer saber o por quê sabendo Deus que vamos
pecar ou realizar uma boa ação isso deve acontecer necessariamente mesmo sendo de vontade livre e
por isso mesmo decorre dessa ações as consequências de julgamento e recompensas devido a justiça
Divina. Agostinho parte do particular para explicar como previmos algo que pode acontecer sem que
isso interfira na vontade livre de alguém ou que elimine estas vontade pela nossa previsão. Assim Deus
prevê o que irá acontecer conhecendo as vontades que se tomará e suas consequências. Assim,
"prever não é forçar".

SEGUNDA PARTE. Relações entre o pecado e a Providência


Divina. A: Regra fundamental: louvar a Deus por ter dado ser às
criaturas racionais, ainda que pecadoras. Capítulo 5 - Louvemos
a Deus por todas as obras criadas - as superiores como as
inferiores (12-17)
O Bispo de Hipona afim de responder a outra pergunta de Evódio sobre "como é possível não atribuir
ao Criador tudo o que em suas criaturas acontece necessariamente?" Começa antes de tudo dizendo
do dever de dar graças ao Criador, dar graças por todos os seres que criou superiores e inferiores.
Estabelece valor de superioridade às criaturas superiores mas louva as inferiores cada uma em sua
excelência. Tudo que Deus fez é feito do melhor modo e não poderíamos pensar de modo melhor. Há
diversos graus da disposição mas nenhum é mal. Diz o como a vontade, mesmo que pecadora, é um
bem preferível diante do que é incapaz de pecar. Deus deu-lhes o poder de pecar ou não. Está na
posse da definitiva felicidade a que goza para sempre de seu Criador. Ao lembra do valor pelo qual é
digno de louvor todas as coisas diz: "Eu louvarei o vinho - coisa boa em seu gênero - e censuraria o
homem que tivesse se embriagado com esse mesmo vinho. E contudo, esse homem que eu censurei e
que se encontra embriagado, eu o preferiria ao vinho que enalteci e com o qual ele se embriagara" não
se deve censurar afastando os olhos da verdade, mesmo quando corrompida. Coloca a diferença
também entre os julgamentos corretos e incorretos que são pela razão e outro por interesse pessoal,
desvalorizando o que deve à cada coisa. Os que jugam mal os sábios devem desprezar seu julgamento
e não conseguindo corrigi-los tolerem e suportem pacientemente.

Capítulo 6 - Não atribuir a Deus a causa do pecado (18a)


Conclui a indagação de Evódio dizendo que "tudo se realiza de tal forma que sempre fica intacta a
vontade livre do pecador", deste modo, não pode atribuir a Deus o que acontece com as criaturas
necessariamente.

B: Objeção - E o desejo da própria morte?. Ninguém quer deixar


de existir (18b-19)
Agostinho diz mentir quem diz que quer morrer por ser infeliz dizendo no momento atual a pessoa
ainda querer viver. Assim pode existir voluntariamente enquanto contra a vontade se é infeliz, deve
assim agradecer a Deus por existir para libertar-se do que lhe é contra a vontade, se somos ingratos
pelo que somos voluntariamente seremos então forçados a ser o que não queremos: infelizes. Se
dissesse que é por medo de depois da morte ser mais infeliz, diz que se fosse injusto o estado não
seria o dessa pessoa se é justo louvemos então Aquele que dita as leis. Não seria o desta pessoa por
não ser voluntariamente. Agora deve-se estar sujeita ao mais forte e não ao mais fraco, caso fosse
mais fraco seria voluntario.

Capítulo 7 - A existência é amada porque vem do sumo Ser (20-


21)
A existência objeto do querer dos felizes e dos infelizes. Isso se dá pela existência ter sido recebida
d'Aquele que é o Ser supremo, se perdemos de vista o sumo Ser vai se preferindo o não-ser. Santo
Agostinho coloco o amor a existência como meio de afastar a infelicidade: "ama em ti esse mesmo
'querer-ser'. Com efeito, quanto mais quiseres ser, mais aproxima-te d'Aquele que existe acima de
tudo". Amando mais e mais a vida e aspirando as coisas eternas utilizando das coisas que passam mas
colocando o seu "grande amor ao Ser que permanece sempre" .

Capítulo 8 - Nem mesmo aqueles que se suicidam preferem o


não-ser (22-23)
Santo Agostinho diz o "não-ser" não é coisa alguma e assim não pode ser uma escolha. O nada não
pode ser melhor não fará a ninguém melhor, pois não mais existirá. O suicida procura encontrar a
tranquilidade e confunde isso com o "não-ser", a pessoa que deseja a morte possui um sentimento de
que não será nada depois da morte. O bispo vai dizer do parecer lógico e do sentimento íntimo e o
como um e outro podem estar errados ou certos ou ambos errados ou certos. Assim uma pessoa
crendo não haver nada após morte pode desejá-la levada por intoleráveis tristezas. Mas a
tranquilidade não é nada mas ao contrário é aquilo que é e é instavelmente. Não é possível alguém não
gostar de existir, nem ser ingrato com o Criador pelo ser que frui.

C: Pecado e a ordem do universo. Capítulo 9 - É indevido


censurar a Deus pela criação de seres menos perfeitos (24-28)
Toda ordem hierárquicos das criaturas possui graus bem ordenados e só a inveja poderia discordar. Os
seres superiores não desprezam os inferiores e não eliminam a necessidade destes, a utilidade de uma
candeia a noite não é menos necessária que a lua ou vice-versa. Deus merce todo louvor pela criação
dos seres em sua variedade, o conjunto de todos os seres torna a criação perfeita. O pecada também
não coloca em desordem o universo devido a justiça que a eles convém que coloca em ordem a alma, a
injustiça abalaria a ordem. Também aos justos a felicidade traz ordem. O pecado leva a um estado
acidental de desordem donde a pena se segue, e esta sofrida contribui para a perfeição do universo,
pela dignidade da alma ela dignifica também o inferior estabelecendo ordem. Assim também a morte
cabido aos homens como consequência do pecado original é um castigo proporcionado, também o
corpo do homem foi dignificado por nosso Senhor.

Capítulo 10 - Consequências do pecado original (29-31)


Há duas fontes de pecado: a primeira pelo pensamento espontâneo e a segunda pela persuasão de
outrem. Em ambos os casos é voluntário. Assim pela justiça de Deus também no princípio coube as
consequências em ocasião de um e de outro (o do demônio e o dos homens). O homem tornou-se
mísero necessitado da misericórdia divina. Aconteceu então a obra da redenção com o Verbo de Deus
estendendo-se até a nossa miséria. "A criatura racional nutre-se desse Verbo como de seu melhor
alimento". A alma pode reencontrá-lo na humildade. "E só será imitando essa humildade visível que
voltará à sua elevação invisível." Deste modo, a submissão nos livra do poder cabido ao demônio de
morte por ter persuadido os homens, livrou-nos disso o Senhor quando sendo Justo foi colocado à
morte que não lhe cabia. Ficou o demônio "constrangido a libertar aqueles que creem naquele a quem
submeteu à morte injustamente".

Capítulo 11 - Toda criatura justa ou pecadora contribui para a a


ordem universal (32-34)
Deus criou todas as naturezas inclusive as que haveriam de pecar, não para que pecassem, mas para
acrescentar à beleza do universo consentindo ou não em pecar. Há, no entanto, seres que excelentes e
sublimes se faltassem perturbaria a ordem dos seres e outros pelos quais não perturbaria a ordem sua
não existência. Assim possui função mais sublime os primeiros seres (angélicos) que sustem aquilo que
é de sua função própria determinada por Deus e cuja perseverança fora previsto por Ele. Os segundos
seres (humanos) quando não peca tem função grandíssima de sustentar as coisas em ordem em união
aos primeiros seres, não por si. Como permitem as leis universais a alma humana governa o corpo, mas
isso não quer dizer que são inferiores. Embeleza e governa o quanto pode os corpos terrestres.

Capítulo 12a - Nada pode perturbar o governo de Deus sobre o


universo (35)
Nenhuma criatura nem corpórea está privada de beleza singular por sua condição. A razão pede
logicamente uma criatura superior que abstém-se de pecar por vontade livre mas mesmo que pecasse
não perturbaria o governo de Deus, cabendo as consequências de seu pecado para a reparação da
desordem, nem por isso Deus deixaria de querer a existência dos seres espirituais. Somente quem
reconhece a Deus por autor é que pode contemplar com inteligência e elevar a Ele louvores.

Capítulo 12b - Contemplação da beleza da criação (36a)


Encerra a questão do contemplar, ver a beleza das coisas deixando-as a quem pode por auxilio de
Deus.

Capítulo 13 - Princípio fundamental: todo ser é bom. O mal é uma


privação (36b-38)
Trata que toda natureza é boa, seja as incorruptíveis por não poderem estarem sujeitas a corrupção,
seja também as corruptíveis por não se poder corromper algo que já é corrupto, sendo assim, a
natureza pode tornar-se menos boa. Sobre os defeitos que possam ter a reprovação destes constitui
um louvor a Deus por se reprovar aquilo em que algo deixou de procurar o Bem supremo. Por isso se dá
que o vício se opõe a natureza e por isso mesmo é reprovável, ao se reprovar o vício louva-se a
perfeição da natureza não-viciada.

Capítulo 14 - Dois complementos (39-41)


Apresenta dois pontos: o primeiro, "natureza alguma corrompe-se sem já estar viciada"; o segundo,
"nem toda corrupção é digna de ser censurada". Na primeira considera Santo Agostinho que uma
natureza só pode corromper outra se já encontrar nela corrupção. Se for uma natureza mais fraca
submetendo uma mais forte isso só pode acontecer caso permita, e isso seria estar já corrompida por
seu próprio vício; se for duas naturezas em igualdade, a que quiser corromper outra por seu vício já se
coloca como mais fraca; e se for uma mais forte ambas são viciadas. No segundo ponto ele diz que
pode acontecer de uma natureza corromper a mais fraca sem que isso seja uma vício, como por
exemplo, um homem que cultiva a terra, assim somente a corrupção viciosa é reprovável. Termina
voltando a afirmação anterior do justo louvor a Deus criador das naturezas.

E: O pecado e a justiça. Capítulo 15 - Motivos de louvar a Deus


(42-44)
Santo Agostinho diz do como Deus pode ser louvado ao censurarmos o pecado, pois censuramos
aquilo que desvirtua do ser aquilo que ele é chamado pelo Criador a ser, logo, censuramos o que não
está de acordo com a harmonia da própria criatura. Mas é censurável somente o voluntário. Também
em relação a existência dos seres, a cada um foi dado o tempo justo, assim como as coisas todas
possuem limites, para que as coisas realizem a seu tempo e tenhas o porvir possibilidade de vir a ser.
Também a Deus pela vontade livre devemos dar glória a Deus praticando o bem caso não seja assim a
glória é dada por um justo castigo. Assim "há culpa no caso de um ser recusar-se a ser o que tinha o
poder de ser, se o quisesse".

Capítulo 16 - Deus nada nos deve, nós tudo lhe devemos (45-46)
"Todos os seres lhe devem primeiramente tudo o que são, enquanto natureza existente. Em seguida,
aqueles seres que receberam a capacidade de querer, devem-lhe tudo o que lhes é possível para
progredir, se o quiserem. Devem assim tudo o que têm a obrigação de ser." Fica concluído que o
pecado é um ato da própria vontade, ação injusta que é praticada e não sofrida e que de maneira
alguma está obrigado por própria natureza. O pecado é um afastamento da verdade, um afastamento
do Criador.

A: A vontade livre - causa primeira do pecado. Capítulo 17 -


Posição do problema sem liberdade não há pecado (47-49)
Evódio pergunta agora sobre a razão de as criaturas criadas previstas a não pecar, não pecam e as que
foram previstas a pecar, pecam. Procura o que determina a vontade a procurar o pecado ou não, ou ora
sim e ora não, ou que nunca queira. Agostinho dirá que a vontade pode ser desregrada. Lembra da
máxima do Apóstola Paulo que diz que a cobiça é raiz dos males, a cupidez é uma vontade desregrada
e essa é raiz dos males. O desregramento não está na natureza. Deve de alguma forma ter uma causa
primeira dos males. A vontade deve ser essa causa determinante, se assim não fosse não teria pecado.

Capítulo 18 - Pode alguém pecar em coisas que não pôde evitar?


(50)
É possível ao homem evitar o pecado. Se algo agisse violentamente forçando a agir como não quieira
não pode haver pecado.

B: A nossa situação atual devida ao pecado original (51-52)


Quando se diz da vontade livre para agir bem se refere a vontade que foi dada ao homem quando
criado. No entanto, depois de ter sido condenado, pode acontecer do homem aprovar o falso como
verdade enganando-se, há duas penalidades: a ignorância e a dificuldade. Assim parece justa a
punição do pecado em fazer perder o que não for bem usado quando o pôde e impedido de agir bem
por não ter querido fazê-lo quando podia.

Capítulo 19 - Se foram Adão e Eva que pecaram, que culpa temos


nós? (53-54)
Agostinho tenta responder àquilo que trazemos enquanto ignorância do que devemos fazer e a
dificuldade da concupiscência carnal. Visto Deus procurar-nos e se dispor tanto a vir em nosso auxílio
não podemos lamentar, pois Ele nos dá a capacidade de de triunfar do erro e da concupiscência. A
negligência pode ser culpável por não haver esforço de buscar o que ignoramos, devemos procurar
com humildade, esperando d'Ele o auxilio. A consequência do pecado é manifesta na fraqueza do
homem e isso não necessariamente diz respeito a algum pecado.

Capítulo 20 - Justiça e bondade de Deus na condição atual de


fraqueza dos homens (55-58)
Ao serem precipitados no erro os nossos primeiros pais, se manifesta agora na origem do homem a
justiça de Deus e no decorrer da própria vida do homem a misericórdia do Deus libertador. Agostinho
propõe então hipóteses sobre a origem das almas se todas provêm de uma só, transmitidas por
geração; ou se foram criadas uma a uma, separadamente, no nascimento de cada homem; ou se as
almas já preexistiam em algum lugar colocado por Deus e enviado aos corpos de cada pessoa no
nascimento; ou ainda, se as almas antes de unirem-se aos corpos estavam em algum lugar e não
enviadas por Deus mas vieram a se unir aos corpos espontaneamente. Em todas essas suposições
manifesta a bondade de Deus, que não é culpado da condição de ignorância e dificuldade do homem,
mas lhe concede auxílios necessários e a capacidade de superar estas ignorâncias e dificuldades.

Capítulo 21 - O que é preciso crer e que tipos de erros


prejudicam a nossa felicidade (59-62)
Começa recordando as quatro opiniões a respeita da origem da alma. Afirma que ainda não lhe é dado
a resposta por meio dos Livros Sagrados mas desenvolve então nesse capítulo que isto não é tão
necessário, e que uma opinião não acertada a esse respeito não atrapalharia o caminhar, pois deve-se
ter diante de si sempre o fim a que somos destinados não tanto o começo, pouco importaria se um
navegante esquecesse o porto onde embarcou mas necessário é que saiba para onde vai. Se
voltarmos ao Criador e nos dirigirmos a ele chegaremos a felicidade. Sobre os seres criados muitos já
nos foi revelado o que fortalece a esperança e o exercício do amor, recordando-nos a atenção de Deus
que cuida. É preciso crer no que nos é proposto em relação aos seres criados mas também nos
esforçarmos em guardar-nos contra os incrédulos, demonstrando o quanto devemos crer.

Capítulo 22 - Os pecados são atribuíveis à própria vontade, não a


Deus (63-65)
Volta a recordar que os pecados são atos da própria vontade. Indaga se o estado do homem de
ignorância e fraqueza seria ou não devido o pecado original. Declara que se fossem naturais a alma
para essa luta contra a ignorância e fraqueza não são lhe recusados os meios necessários, decairá
ainda mais se for negligente nessa busca em proceder bem. Usa do exemplo de crianças quando
aprendem a conversar e que não tem sua dificuldade como digna de censura, mas não lhe cabe
permanecer nessa dificuldade até a vida adulta onde será digno de censura. O castigo viria do não
querer progredir ou retroceder. Conclui Santo Agostinho dizendo que em qualquer hipótese devemos
louvar a Deus: "seja por ter posto na alma desde a sua origem um começo de aptidão para ascender
até o sumo Bem; seja porque Ele a ajuda a progredir; seja porque dá a esses progressos contínuos um
complemento e coroamento; ou seja, enfim, porque, por u m a muito j u s t a e merecida condenação,
ele a faz entrar na ordem conforme os seus deméritos, quando ela peca, isto é, quando recusa desde
os seus primeiros passos se elevar para a perfeição, ou que retroceda após alguns progressos."
Também diz que a alma não foi criada má por não ser ainda perfeita. Diz que existe na alma uma parte
que percebe primeiramente o bem e outra mais carnal. Ao fim, que a busca consista em buscar amar a
Deus.

C: Problemas acerca das crianças. Capítulo 23 - A morte


prematura das crianças e o sofrimento que padecem não são
contrários à ordem universal (66-70)
Responde a algumas interrogações que lhe surgem. Sobre a necessidade de nascer de uma criança
que logo deixa a vida responde que nada é criado inutilmente também sobre seu lugar discorre que
não tendo a criança nem boa ação nem pecado talvez poderia haver um espaço intermédio entre a
vida virtuosa e pecaminosa. Sobre as crianças que morrem sem batismo ele responde que a própria fé
daqueles que amaram essa criança podem comunicar a ela aproveitando de sua própria fé à criança.
Sobre as dores das crianças ele não coloca a dor como resultado de pecado, mas pode ser que Deus
pretenda alguma coisa com essas dores que crianças padecem como a correção dos adultos
provando-os a fé, tirando-os da desculpa de uma culpa que possa ocorrer, como um meio para
demonstrar a própria piedade, enfim, termina dizendo que não foi em vão, por exemplo, a morte das
crianças por Herodes.

Também responde a respeito das dores dos animais que sendo seres da ínfima categoria - isso não
quer dizer que sejam maus - sofrem. Diz que isso proclama o poder da alma nesse gênero a maneira
como reagem com resistência a dor em seus corpos sendo isso uma proclamação da unidade e
perfeição a qual são chamados e para qual Deus cria toda criatura, são proclamação da unidade do
Criador.

D: Questões sobre o primeiro pecado do homem e do demônio.


Capítulo 24 - Foi o homem criado em estado de sabedoria ou de
insensatez? (71-73)
Santo Agostinho responderá essa questão colocando primeiramente que o homem não pode começar
a ser ou sábio ou insensato. Considera o exemplo de uma criança em que não lhe cabe ser chamada de
sábia o u de insensata. Trata também que a insensatez aqui é a ignorância com os vícios. Agostinho vai
defender um estado intermédio em que o homem foi criado. O homem era capaz de receber um
preceito e obedecer sem ser sábio e essa ausência não era defeito pois ainda não se tinha capacidade
para ser sábio. Mas o homem gozava da razão. "Antes de chegar a ser sábio, é de duas maneiras que
ele peca: ou não se sujeitando a aceitar o preceito, ou então não o observando após o ter aceito.
Quanto ao sábio, ele peca ao afastar-se da sabedoria." Deus não criou o homem com insensatez ou
sabedoria mas em uma condição intermédia, a passagem para a insensatez ou para a sabedoria, no
entanto, dá-se voluntariamente pelas sanções justas que lhes são consequentes.

Capítulo 25 - Confronto entre o orgulho e a sabedoria (74-77)


Santo Agostinho interroga a respeito do que pode ter movido a vontade dos nossos primeiros pais.
Constata que não quem possa determinar o objeto com o qual se impressionará e isto inclui o que seja
inferior ou superior. Assim também houve essa dupla opção no paraíso e o homem estava livre, em
sanidade da sabedoria e "isento de todos os liames que dificultavam a sua escolha". Pergunta-se então
o que pode ter movido então o demônio para voltar-se a o mal? Distingue para isso duas espécies de
objeto de conhecimento a primeira de uma sugestão exterior premeditada e a segunda "provinda das
realidades que estão submetidas à atenção de nosso espírito, ou à percepção de nossos sentidos
corporais." Assim o próprio espírito pode objeto do espírito donde temos consciência de viver. Da
mesma maneira os sentidos corporais tem como objeto o conhecimento os seres corpóreos.

Depois Agostinho discorrerá sobre o orgulho como princípio do mal, a qual o demônio acrescentou a
inveja. Deveríamos pelas consequências dos bens inferiores orientar-nos para o bem quando algo
inferior solicitasse nossa atenção. Cristo faz o contrário do anjo decaído vindo a nós na humildade,
com a promessa de vida eterna com amor infinito. Por fim, conclui dizendo da superioridade da
sabedoria não desprezando o terrestre mas colocando a mutabilidade da vida terrena e a imutabilidade
da eternidade.

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