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FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA

CONCRETO ARMADO II
Aderência e ancoragem
Estado limite de serviço
Torção em vigas
Lajes nervuradas
Flexão normal composta
Pilares

Luiz de Lacerda Júnior


Marcelo dos Santos Silva
Márcio Dario da Silva
Maria de Lourdes S. Viana

Conteúdo revisado em julho de 2015, de acordo com a NBR6118:2014


ADERÊNCIA E ANCORAGEM

Conteúdo revisado em julho de 2015, de acordo com a NBR6118:2014

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ADERÊNCIA / ANCORAGEM

f bd
Nd

ø
f bd

A tendência de deslizamento entre o aço e o concreto é combatida pela RESISTÊNCIA DE


ADERÊNCIA DE CÁLCULO, fbd.

Fazendo o equilíbrio , temos :


π  2
Nd   f yd  π      b  f bd
4

 f yd
b  
4 f bd

1 lb = comprimento reto de ancoragem básico

f bd  1  2  3  f ctd , sendo f ctd a resistênci a do concreto à tração direta, de cálculo;


2
f 0 ,7 0 ,21  f ck 3
f ctd  ctk, inf  fct,m  , fck em MPa, para fck  50MPa, e
γc γc γc
1,484 ln(1  0,11 f ck )
f ctd  , fck em MPa, para fck > 50MPa
γc

 1  1,0 para barras lisas (CA - 25)


 1  1,4 para barras entalhadas (CA - 60)
 1  2,25 para barras nervuradas (CA - 50)
 2  1,0 para situações de boa aderência
 2  0,7 para situações de má aderência
 3  1,0 para   32 mm

 3 
132   , para   32 mm.
100
  diâmetro da barra em mm.

2
ZONAS DE BOA ADERÊNCIA

Consideram-se em boa situação quanto à aderência, os trechos das barras que estejam em uma
das posições seguintes:

a) com inclinação superior a 45º sobre a horizontal

BOA

b) horizontais ou com inclinação menor que 45º sobre a horizontal, desde que:
- para elementos estruturais com h < 60 cm, localizados no máximo 30 cm acima da face
inferior do elemento.

h < 60 cm
30

BOA

- para elementos estruturais com h ≥ 60 cm, localizados no mínimo 30 cm abaixo da


face superior do elemento.
30


60 cm

BOA
h

A partir da equação 1 podem-se tabelar os valores do comprimento de ancoragem básico.

3
EXEMPLO: Calcular o comprimento de ancoragem básico para uma barra CA-50, diâmetro de
12.5 mm, zona de boa aderência, com fck = 20 MPa.

f bd  η1  η2  η3  f ctd

2 2
0,21  fck 3
0,21  20 3
f ctd    1,105 MPa  0,1105 kN/cm 2
c 1,4

η1  2,25 (CA - 50), η2  1,0 (zona de boa aderência)

η3  1,0 (  32 mm)

f bd  2,25  1,0  1,0  0,1105  0,2486 kN/cm 2

 f yd 1,25 43,5
b      54,68 cm  55 cm
4 f bd 4 0,2486

REGIÃO DE BOA ADERÊNCIA

VALORES DE ℓb EM FUNÇÃO DO DIÂMETRO E DO fck


C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50

43,71  37,67  33,36  30,10  27,54  25,46  23,73 

6.3 30 cm 25 cm 25 cm 20 cm 20 cm 20 cm 15 cm

8.0 35 cm 35 cm 30 cm 25 cm 25 cm 25 cm 20 cm

10 50 cm 40 cm 35 cm 35 cm 30 cm 30 cm 25 cm

12,5 55 cm 50 cm 45 cm 40 cm 35 cm 35 cm 30 cm

16 70 cm 65 cm 55 cm 50 cm 45 cm 45 cm 40 cm

20 90 cm 80 cm 70 cm 65 cm 60 cm 55 cm 50 cm

22 100 cm 85 cm 75 cm 70 cm 65 cm 60 cm 55 cm

25 110 cm 95 cm 85 cm 80 cm 70 cm 65 cm 60 cm

Cada valor obtido na tabela acima foi arredondado para o múltiplo de 5 cm imediatamente
superior.

4
COMPRIMENTO DE ANCORAGEM NECESSÁRIO

0 ,3   b
As,calc 
 b,nec  α   b   10 
As,exist 10 cm

 b  é calculado conforme equação 1

  1,0 para barras sem gancho

  0,7 para barras tracionad as com gancho, com cobrimento no plano normal ao do gancho  3 .

GANCHOS DAS ARMADURAS DE TRAÇÃO

Os ganchos das extremidades das barras da armadura longitudinal de tração podem ser:

a) Semi-circulares

Ø

b) Em ângulo de 45° (interno)


Ø
4

5
c) Em ângulo reto

Ø
Para barras lisas, os ganchos devem ser semi-circulares. As barras lisas (CA-25),
obrigatoriamente, devem ter ganchos.

Diâmetro dos pinos de dobramento dos ganchos das armaduras longitudinais de tração
VALORES MÍNIMOS

BITOLA CA-25 CA-50 CA-60

< 20 mm 4Ø 5Ø 6Ø

≥ 20 mm 5Ø 8Ø -

DIÂMETRO

GANCHOS DOS ESTRIBOS

A ancoragem dos estribos deve necessariamente ser garantida por meio de ganchos. Os
ganchos dos estribos (com diâmetro ) podem ser:
a) semicirculares ou em ângulo de 45° (interno), com ponta reta de comprimento igual a 5t,
porém não inferior a 5cm.
PONTA RETA
5 Øt
5 cm
Øt

6
b) em ângulo reto, com ponta reta de comprimento maior ou igual a 10t, porém não inferior
a 7cm (este tipo de gancho não deve ser utilizado para barras e fios lisos) .

Diâmetro dos pinos de dobramento dos estribos

VALORES MÍNIMOS

BITOLA CA-25 CA-50 CA-60

≤ 10 3t 3t 3t

10 <  < 20 4t 5t -

≥ 20 5t 8t -

FEIXES DE BARRAS – EMENDAS POR TRASPASSE

Podem ser feitas emendas por traspasse em feixes de barras quando as barras constituintes do
feixe forem emendadas uma de cada vez, desde que em qualquer seção do feixe emendado não
resultem mais de quatro barras.
As emendas das barras do feixe devem ser separadas entre si de: 1,3 x comprimento de emenda
individual de cada uma.

equivalente   n, n  número de barras do feixe


equivalente  45 mm

ANCORAGEM DE FEIXES DE BARRAS POR ADERÊNCIA

As barras constituintes de feixes devem ter ancoragem reta, sem ganchos e atender às seguintes
condições (item 9.4.3 da NBR 6118:2014):

a) Quando equivalente  25 mm , o feixe pode ser tratado como uma barra única, de diâmetro

igual a equivalente .

b) Quando equivalente  25 mm , a ancoragem deve ser calculada para cada barra isolada,

distanciando as suas extremidades de forma a minimizar os efeitos de concentrações de

7
tensões de aderência; a distância entre as extremidades das barras do feixe não deve
ser menor que 1,2 vezes o comprimento de ancoragem de cada barra individual.

COMPRIMENTO POR TRASPASSE DE BARRAS COMPRIMIDAS, ISOLADAS

Quando as barras estiverem comprimidas, adota-se a seguinte expressão para o cálculo do


comprimento de traspasse.

0,6  b

 0 c   b , nec  15 
20 cm

As barras comprimidas devem ser ancoradas sem ganchos (Item 9.4.2.1 da NBR6118:2014).

PROPORÇÃO DAS BARRAS EMENDADAS (POR TRASPASSE)

Consideram-se como na mesma seção transversal, as emendas que se superpõem ou cujas


extremidades mais próximas estejam afastadas de menos que 20% do comprimento do trecho
de traspasse.
Quando as barras têm diâmetros diferentes, o comprimento de traspasse deve ser calculado pela
barra de maior diâmetro (Item 9.5.2.1 da NBR 6118:2014).

1> 2

< 0,20 1
(ESTÁ NA MESMA SEÇÃO)

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A proporção máxima de barras tracionadas da armadura principal emendadas por traspasse na
mesma seção transversal deve obedecer à tabela abaixo (Tabela 9.3 da NBR 6118:2014):

ESTÁTICO DINÂMICO ← carregamento

EM UMA CAMADA 100% 100%


ALTA
ADERÊNCIA
EM MAIS DE UMA CAMADA 50% 50%

 < 16 mm 50% 25%


LISA
 ≥ 16 mm 25% 25%

Quando se tratar de armadura permanentemente comprimida ou de distribuição, todas as barras


podem ser emendadas na mesma seção.

COMPRIMENTO DE TRASPASSE DE BARRAS TRACIONADAS ISOLADAS EM FUNÇÃO DA


PORCENTAGEM DE EMENDAS

Quando a distância livre entre barras emendadas estiver compreendida entre 0 e 4, o
comprimento do trecho de traspasse para barras tracionadas deve ser:

0 DISTÂNCIA  4 

0t

0,3   0 t   b

 0 t   0 t   b , nec  15 
20 cm

 0 t é o coeficiente em função da porcentage m de barras emendadas na mesma seção.

Tabela 9.4 da NBR 6118:2014 – Valores do coeficiente  0 t

BARRAS EMENDADAS NA MESMA


≤ 20% 25% 33% 50% > 50%
SEÇÃO

VALORES DE 0 t 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0

9
Quando a distância livre entre barras emendadas for maior que 4, ao comprimento calculado
acima, deve ser acrescida a distância livre entre barras emendadas.
A emenda por traspasse não é permitida para barras de bitola maior que 32mm, nem para
tirantes e pendurais (elementos estruturais lineares de seção inteiramente tracionada)
(Item 9.5.2 da NBR 6118:2014). Podem-se usar, nestes casos, luvas ou solda.

ANCORAGEM EM APOIOS EXTREMOS (item 17.4.2.2 da NBR6118:2014)

As, APOIO
Rst

A força de tração Rst é dada por:


∙ ,

sendo:

 Vd; a força cortante, de cálculo, no apoio;


 Nd; a força normal, de cálculo, eventualmente existente;
 ℓ; a decalagem do diagrama de momentos fletores e, de acordo com o item 17.4.2.2
da NBR6118:2014, deve ser calculado pela seguinte expressão:

, á
ℓ ∙ 1 cot cot ;
, á

na qual:

 Vc=Vc0=co·(bw·d);

  é o ângulo de inclinação dos estribos;

Devem ser respeitadas as seguintes situações:

 ℓ ; para |VSd,máx | |Vc| (em módulo);

10
 ℓ 0,5 ; no caso geral;
 ℓ 0,2 ; para estribos inclinados a 45.
Sabendo-se o valor de Rst, tem-se que:

, .

O comprimento de ancoragem be deve ser encontrado por meio da expressão:

0,3ℓ 1 para barras tracionadas SEM gancho;


,
ℓ ∙ℓ ∙ 10∅ ; com
, 0,7 para barras tracionadas COM gancho
10

ARMADURA MÍNIMA EM APOIO EXTREMO

A NBR6118:2014 recomenda que um terço da


armadura no meio do vão seja ancorado no apoio,
com um mínimo de duas barras, sendo que a
ancoragem começa na face do apoio.

As, VÃO e (2 Barras)


3

, , ã , com um mínimo de 2 barras.

ARMADURA MÍNIMA EM APOIO INTERNO

b, int b, int

As, VÃO
4

A barra da armadura de flexão deve prolongada, em cada apoio interno, o valor mínimo de
 b,int  10  , desde que não haja qualquer possibilidade da ocorrência de momentos positivos
nessa região, provocados por situações imprevistas, particularmente por efeitos de vento e
recalques. Quando essa possibilidade existir, as barras devem ser contínuas ou emendadas
sobre o apoio (item 18.3.2.4.1 da NBR 6118:2014).

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ESTADO LIMITE DE SERVIÇO

Conteúdo revisado em janeiro de 2015, de acordo com a NBR6118:2014

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ESTADO LIMITE DE SERVIÇO

1. INTRODUÇÃO

Quando dimensionamos uma estrutura em concreto armado, adotamos procedimentos


que atendam à segurança contra a ruína, bom desempenho em serviço e durabilidade.
Devem-se distinguir Estados Limites Últimos (ELU) e Estados Limites de Serviços (ELS).
O primeiro é definido na NBR 6118:2014 como estado limite relacionado ao colapso ou a
qualquer outra forma de ruína estrutural que determine a paralisação do uso da estrutura.
Deste modo, dimensionamos as peças em concreto armado introduzindo, nas equações de
equilíbrio, coeficientes de segurança para majorar as cargas e minorar as resistências dos
materiais. No ESTADO LIMITE DE SERVIÇO, consideram-se a aparência, o conforto, a
funcionalidade e a durabilidade das estruturas, sendo que as ações devem ser consideradas
com seus valores de serviços.

2. ESTADOS LIMITE DE DEFORMAÇÃO EXCESSIVA (ELS-DEF) PARA VIGAS

Todo o cálculo das deformações de barras, devidas à flexão, tem por base a clássica
equação diferencial da linha elástica:

d 2y M

dx 2
EI
Onde:
M = momento fletor para uma seção genérica de abcissa x;
EI = rigidez efetiva à flexão da viga, composta pelo módulo de deformação longitudinal E, e do
momento de inércia à flexão I ;
y = ordenada da linha elástica correspondente à abcissa x.

q
x
L
linha elástica: y = f (x)
y

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Nas peças em concreto armado sujeitas à flexão, ocorre, para cargas em serviço,
fissuração da parte tracionada de algumas seções transversais, passando nelas a valer o Estádio
II, com o concreto apenas parcialmente ativo, o que representa em geral, significativa redução
do momento de inércia.

Fissuras na região tracionada

2.1 MOMENTO DE FISSURAÇÃO – (Mr)

A separação entre o Estádio I e o Estádio II é definida pelo momento de fissuração


(NBR6118:2014 - item 17.3.1). Esse momento pode ser calculado pela seguinte expressão
aproximada:
  fct  I c
Mr 
yt
sendo:
  = fator que correlaciona aproximadamente a resistência à tração na flexão com a
resistência à tração direta do concreto:
 = 1,2 para seções T ou duplo T;
 = 1,3 para seções I ou T invertido;
 = 1,5 para seções retangulares;
 fct é a resistência à tração direta do concreto. Para determinação do momento de
fissuração, deve ser usado o fctk,inf no estado-limite de formação de fissuras e o fct,m no
estado-limite de deformação excessiva. De acordo com o item 8.2.5 da NBR6118:2014,
tem-se:
fctk,inf = 0,7 fct,m,
 para concretos de classes até C50: fct,m = 0,3 (fck)2/3
 para concretos de classes C55 até C90: fct,m = 2,12 ln (1 + 0,11 fck)
 yt= distância do centro de gravidade da seção à fibra mais tracionada;
 I c = momento de inércia da seção bruta de concreto.
Sendo assim, teremos:
Estádio I:
 EIc

 Mserviço<Mr

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 t < fct, sendo t a tensão de tração no concreto.

Estádio II :
 E III
 Mserviço  Mr
 Formação das fissuras

2.2 DETERMINAÇÃO DA FLECHA EM VIGAS EM CONCRETO ARMADO SEGUNDO A


NBR6118:2014

A verificação dos deslocamentos em elementos estruturais lineares, de acordo com a


NBR6118:2014, deve ser realizada através de modelos que considerem a rigidez efetiva das
seções, ou seja, levem em consideração a presença de armadura, a existência de fissuras no
concreto ao longo dessa armadura e as deformações diferidas no tempo. A norma prescreve
ainda que deve ser utilizado no cálculo o valor do módulo de deformação estático secante (Ecs)
do concreto, sendo obrigatória a consideração do efeito da fluência.

2.3 MOMENTO FLETOR NA SEÇÃO CRÍTICA

Na verificação das deformações de uma estrutura, deve-se adotar a combinação quase


permanente de serviço para as ações, que de acordo com a NBR 6118: 2014 é dada por:

Fd ,ser  Fgk   2  Fqi ,k


Onde:
Fd ,ser  valor de cálculo das ações para combinações de serviço;

Fgk  somatório de cargas permanentes diretas (peso próprio, revestimento e alvenarias);

2  fator de redução de combinação quase permanente para o estado limite de serviço;

Fqi ,k  valor característico da ação variável direta i.

O fator de redução 2 é dado na tabela abaixo:


Ações 2
Cargas acidentais de edifícios residenciais 0,3
Cargas acidentais de edifícios comerciais, de escritórios, estações e edifícios 0,4
públicos
Cargas acidentais de biblioteca, arquivos, oficinas e garagens 0,6

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2.4 FLECHA IMEDIATA EM VIGAS

Flecha imediata ou inicial é o valor do deslocamento obtido no instante de aplicação da


carga.
A flecha imediata pode ser calculada admitindo-se comportamento elástico e pode ser
obtida em função das condições de apoio e carregamento, como por exemplo:

5qL4
fmáx 
384EI

Para uma avaliação aproximada da flecha imediata em vigas, pode-se utilizar a seguinte
expressão de rigidez equivalente dada por:

 M 3   M 3  
 r 
( EI )eq  Ecs    I c  1   r    I II   Ecs  I c
 M a    M a   

(EI)eq = rigidez equivalente da peça;


Ic = momento de inércia da seção bruta de concreto;
Es
III = momento de inércia da seção fissurada de concreto no Estádio II, calculado com n  ;
Ecs

Ma = momento fletor na seção crítica do vão considerado, momento máximo no vão para vigas
biapoiadas ou contínuas e momento no apoio para balanços, para a combinação de ações
considerada nessa avaliação;
Mr = momento de fissuração do elemento estrutural;
Ecs = módulo de deformação estático secante do concreto
Ecs i Eci, sendo:

∝ 0,8 0,2 ∙ 1,0;


80
∝ ∙ 5600 para de 20 MPa a 50 MPa;

21,5 ∙ 10 ∙ ∙ 1,25 para de 55 MPa a 90 MPa,

sendo:
∝ = 1,2 para basalto e diabásio

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∝ = 1,0 para granito e gnaisse


∝ = 0,9 para calcário
∝ = 0,7 para arenito

OBS: e são dados em MPa.

Es = módulo de elasticidade do aço = 210.000 MPa

2.5 MOMENTO DE INÉRCIA DA SEÇÃO FISSURADA (III)

Na determinação do momento de inércia da seção fissurada, admite-se comportamento


elástico e linear para o concreto e o aço.
Por ser formado por dois materiais (concreto e aço) com propriedades diferentes, é
necessário fazer a homogeneização da seção, substituindo a área de aço por uma área
correspondente de concreto, obtida a partir da multiplicação da área de aço pela relação n.
Es
n  relação mod ular
Ecs
Assim, para uma viga de seção retangular, o momento de inércia da seção fissurada
pode ser calculado por:
d'

x
d

A posição da linha neutra x é dada pela solução da seguinte equação:


bx²
 (n  1 )  A' s .(x  d')  n  As  (d  x)
2
O momento de inércia da seção fissurada III é calculado por:
bx ³
 (n  1)  A' s .( x  d ' )²  n  As  (d  x)²
3

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2.6 FLECHA DIFERIDA NO TEMPO

A flecha diferida, decorrente das cargas de longa duração em função da fluência, pode
ser calculada de maneira aproximada pela multiplicação da flecha imediata pelo fator αf ; dado
pela expressão:

f 
1  50  '
sendo:
A' s
' 
b d
 é um coeficiente função do tempo dado pelas seguintes expressões:
   (t )   (t 0 ) (ver tabela adiante)

 (t )  0,68  (0,996t )  t 0,32 para t ≤ 70 meses;


 (t )  2 para t >70 meses,
Sendo:
t = tempo, em meses, quando se deseja o valor da flecha diferida; e
t0 = idade, em meses, relativa à data de aplicação da carga de longa duração.

Valores de ξ (Tabela 17.1 da NBR 6118: 2014)


Tempo (t)
meses 0 0,5 1 2 3 4 5 10 20 40 ≥70
Coeficiente
ξ (t) 0 0,54 0,68 0,84 0,95 1,04 1,12 1,36 1,64 1,89 2

O valor da flecha total deve ser obtido da seguinte forma:

f∞ = fimediata (1 + αf)

2.7 VALORES LIMITES PARA OS DESLOCAMENTOS

A NBR 6118: 2014, na tabela 13.3, define valores limites para os deslocamentos. Para as
vigas, deve-se ter:
Vão
para o deslocamento total diferido no tempo considerando todas as cargas
250
aplicadas.

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A norma esclarece ainda que os deslocamentos podem ser parcialmente compensados


pelas especificações de contraflechas. Entretanto, a atuação isolada da contraflecha não pode
Vão
ocasionar um desvio do plano maior que .
350
Outras providências para minimizar a deformação, ainda na fase de projeto, seriam:
aumentar a altura da viga, considerar parte da laje como mesa de compressão na viga, aumentar
as armaduras.

3 ESTADO LIMITE DE FISSURAÇÃO EXCESSIVA (ELS-W)

A fissuração é um fenômeno inevitável no concreto armado, em função da baixa resistência


do concreto à tração.
Visando a um melhor desempenho na proteção das armaduras contra a corrosão, deve-
se controlar adequadamente as aberturas das fissuras de acordo com a classe de agressividade
ambiental (CAA).

Tabela 6.1 (NBR 6118:2014) - Classes de agressividade ambiental


Classificação
Classe de geral Risco de
agressividade Agressividade do tipo de ambiente deterioração da
ambiental para efeito de projeto estrutura
Rural
I Fraca Insignificante
Submersa
II Moderada Urbanaa,b Pequeno
Marinhaa
III Forte Grande
Industriala,b
Industriala,c
IV Muito forte Elevado
Respingos de maré
a Pode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais branda (uma classe acima)
para ambientes internos secos (salas, dormitórios, banheiros, cozinhas e áreas de serviço de
apartamentos residenciais e conjuntos comerciais ou ambientes com concreto revestido com
argamassa e pintura).
b Pode-se admitir uma classe de agressividade mais branda (uma classe acima) em obras em
regiões de clima seco, com umidade média relativa do ar menor ou igual a 65 %, partes da
estrutura protegidas de chuva em ambientes predominantemente secos ou regiões onde
raramente chove.
c Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia, branqueamento em
indústrias de celulose e papel, armazéns de fertilizantes, indústrias químicas.

Desde que a abertura máxima característica wk das fissuras não exceda valores da ordem
de 0,2mm a 0,4mm, conforme a tabela 13.4 da NBR 6118: 2014, sob a ação das combinações
frequentes, não contribui significativamente na corrosão das armaduras passivas.

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Tabela 13.4 da NBR 6118: 2014 (parte)


Exigências de durabilidade relacionadas à fissuração e proteção da armadura, em
função das classes de agressividade ambiental.

Combinações de
Tipo de concreto Classe de agressividade Exigências relativas à
ações em serviço a
Estrutural ambiental (CAA) fissuração
utilizar

Concreto simples CAA I a CAA IV Não há -----------------------

CAA I ELS-W wk ≤ 0,4mm

Concreto armado CAA II a CAA III ELS-W wk ≤ 0,3mm Combinação frequente

CAA IV ELS-W wk ≤ 0,2mm

3.1 COMBINAÇÃO FREQUENTE

No caso de verificação do estado limite de abertura de fissuras, devem-se adotar as


combinações frequentes, que são combinações que se repetem muitas vezes durante o período
de vida da estrutura.
De acordo com a NBR 6118: 2014, essa combinação corresponde a:

Fd, ser = ∑Fgk + ∑Ψ1 Fqi,k


na qual:
Fd, ser = valor do cálculo das ações para combinações de serviço;
Fgk = somatório de cargas permanentes diretas (peso próprio, revestimento e alvenarias);
Ψ1 = fator de redução de combinação frequente para o estado limite de serviço; e
Fqi,k = valor característico da ação variável direta i.

O fator de redução Ψ1 é dado na tabela abaixo:


Ψ1
Cargas acidentais de edifícios residenciais 0,4
Cargas acidentais de edifícios comerciais, de escritórios, estações e
0,6
edifícios públicos
Cargas acidentais de biblioteca, arquivos, oficinas e garagens 0,7

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3.2 ABERTURA DE FISSURAS

A abertura estimada de fissuras, w, determinada para cada parte da área de envolvimento


(área de concreto que envolve cada barra), é a menor entre as obtidas pelas expressões abaixo:

i  3
w  si  si
12,51 Esi fctm

i   4 
w  si    45 
12,51 Esi  ri 
Onde:
 i,  si , Esi , são definidos para cada área de envolvimento em exame;

 η1 é é o coeficiente de conformação superficial da armadura considerada:


 η1= 1,0 para aços CA-25
 η1 = 1,4 para aços CA-60
 η1= 2,25 para aços CA-50
 Acri é a área da região de envolvimento protegida pela barra i;
 Esi é o módulo de elasticidade do aço da barra considerada;
  ri é a taxa de armadura passiva em relação à área da região de envolvimento Acri ;
  si é a tensão de tração no CG da armadura considerada, calculada no Estádio II;
 1 é o coeficiente de conformação superficial da armadura considerada.
 fctm é o valor da resistência média ou característica do concreto à tração por:
2
f ctm  0,3  f ck 3 , f ck em MPa

Para se obter o valor de ri, é necessário o cálculo da área Acri:

Acri
Øi 7,5Ø

7,5Ø

7,5Ø 7,5Ø

Acr = ΣAcri e

A
 ri  s
Acr

21
FEA – FUMEC Concreto Armado - Estado Limite de Serviço

A tensão na armadura, pode ser obtida por meio de um processo rigoroso - que depende da
análise da seção fissurada (posição da linha neutra e momento de inércia para o estádio II) -
ou por meio de um processo aproximado, como se mostra a seguir.

Pelo processo rigoroso, a expressão da tensão na armadura é:


M serviço
s  n . (d  xII ) , sendo:
I II
xII, a linha neutra obtida no Estádio II;
III, o momento de inércia no Estádio II (ver 2.5).
M serviço  M gk  1M qk
Mgk = Momento em função das cargas permanentes
Mqk = Momento em função das cargas acidentais

De maneira simplificada, pode-se calcular a tensão na armadura pela expressão:

f yd As ,calculada
s  . ; sendo :
 *f As ,existente
M real
 *f  1,4 
M serviço

22
FEA – FUMEC Concreto Armado -Torção

TORÇÃO EM VIGAS DE CONCRETO ARMADO

Conteúdo revisado em janeiro de 2015, de acordo com a NBR6118:2014

23
FEA – FUMEC Concreto Armado -Torção

TORÇÃO EM VIGAS DE CONCRETO ARMADO

1. INTRODUÇÃO

Dizemos que uma peça de concreto armado está sujeita à torção pura, quando tem por
solicitação única, um momento de torção T, isto é, está submetida a um momento cujo eixo é
paralelo à diretriz da peça.
O dimensionamento à torção baseia-se nas mesmas condições dos demais esforços, ou
seja, é feito no estado limite último. A determinação das armaduras baseia-se no princípio de
que o concreto resiste às tensões de compressão e as tensões de tração devem ser absorvidas
pela armadura.
Normalmente a maioria das vigas submetidas a um momento torçor, também está
submetida a forças cortantes e momentos fletores, o que dá origem a um estado de tensões mais
complexo; porém, de maneira geral, o procedimento adotado para o dimensionamento a
solicitações compostas é a simples superposição dos resultados obtidos para cada um dos
esforços.

2. OCORRÊNCIAS

- Vigas de sustentação de marquises

P1 V1 P1
V1

P1
L1
A

PLANTA CORTE AA

24
FEA – FUMEC Concreto Armado -Torção

- Vigas com cargas excêntricas

B
P1 V1 P2
V2 V2 V1

P1
P
P

B
PLANTA CORTE BB
- Vigas com eixo curvo ou “quebrado” (em planta)

V1
V1

L1 L1

V2 V2
P1 P2 P1 P2
V4

V5

V4

V5
L2 L2

V3 V3
P3 P4 P3 P4

PLANTA PLANTA

3.TIPOS DE TORÇÃO

3.1 TORÇÃO DE EQUILÍBRIO

Os momentos de torção são necessários para satisfazer as condições de equilíbrio. As


vigas poderiam entrar em colapso na falta de rigidez e capacidade resistente à torção. Essas
vigas devem ser dimensionadas para absorver integralmente os momentos de torção, sendo o
dimensionamento à torção obrigatório.

25
FEA – FUMEC Concreto Armado -Torção

3.2 TORÇÃO DE COMPATIBILIDADE

Os momentos de torção não são indispensáveis para o equilíbrio da estrutura, desde que
a peça tenha capacidade de adaptação plástica, ou seja, com a fissuração da peça, sua rigidez
à torção cai significativamente, reduzindo também o valor do momento atuante.
Exemplo:

P1 V1 P2

V3
P3 V2 P4

PLANTA

A viga V3 pode ser calculada simplesmente apoiada em V1 e V2, ou engastada. Neste


caso irá transmitir para os apoios um momento de torção concentrado.

4. ENSAIOS DE LABORATÓRIOS

Ensaios de laboratórios, realizados na Europa, em peças de concreto submetidos à


torção pura, mostraram que, após a fissuração, somente uma casca delgada de concreto junto
à face externa da peça colabora na resistência. Isso é demonstrado pelo fato de que uma barra
com seção quadrada maciça, no Estádio II, apresenta a mesma capacidade portante de uma
seção vazada de mesmo contorno externo e mesma área e disposição de armadura.
Uma outra comprovação é a de que retângulos que tem áreas iguais, porém com lados b
e d de dimensões variáveis, no Estádio II, têm a mesma capacidade resistente à torção pura.
Mt (Mpm)
14

12 Seção vazada

10

Seção cheia
6

Rotação
0 1 2 3 (10 -2 )

Resistência à torção pura de seções cheias e vazadas

26
FEA – FUMEC Concreto Armado -Torção

Mt / 
(%)
G  Jt  I 100

d/b=1
d/b=1
80
d/b=2

d/b=2
60
d/b=3

d/b=3
40

d/b=4
d/b=4

20

Mt (Mpm)
0 1 2 3

Resistência à torção pura de retângulos de mesma área no Estádio II

Estes resultados dos ensaios mostram que, após a fissuração, as seções cheias podem
ser calculadas através de um modelo de seção vazada quadrada com praticamente a mesma
solicitação. O padrão de fissuração desta seção vazada quadrada está mostrado na figura
abaixo:

hL
45º
a

Tsd

45º

Padrão de fissuração de uma seção vazada quadrada

A fissuração, em cada face da seção vazada quadrada, é muito similar ao padrão


encontrado para o esforço cortante em vigas de concreto armado. Na torção porém, isto ocorre
em cada uma das faces da seção. Assim as paredes delgadas da seção vazada quadrada,
considerada para dimensionamento, serão constituídas por treliças de diagonais simples que
quando superpostas formam uma treliça espacial.

5. ANALOGIA DE TRELIÇA – CRITÉRIOS DA NBR 6118:2014

Apresenta-se a seguir o modelo de dimensionamento de uma viga de concreto armado,


com seção vazada quadrada, quando submetida à torção pura. O modelo assume que, após a
fissuração do concreto, o funcionamento da viga seja equivalente ao de uma treliça espacial na
27
FEA – FUMEC Concreto Armado -Torção

periferia da seção, com diagonais comprimidas a 45° (representadas pelo concreto) e forças de
tração absorvidas por armações, decompostas em duas direções: uma longitudinal (costelas) e
outra transversal (estribos). A decomposição da armadura em duas direções se deve ao fato de
ser construtivamente complicada a armação a 45°, ou em torno do eixo da peça.

estribo

barra longitudinal

hL

Tsd

x
a

Armadura de combate à torção pura

A figura abaixo representa a treliça espacial gerada no interior da peça, com diagonais
comprimidas a 45° (representada pela força Dd) e a tração resistida pelos estribos e barras
longitudinais (força HLd) existentes nos quatro vértices do eixo médio do núcleo.

H wd
a

45º F

H Ld
A Dd

Dd
E
a
H Ld
D
45º
Dd
a

C H Ld
Dd
G

H Ld
Tsd

Treliça espacial formada no interior da peça submetida à torção pura

28
FEA – FUMEC Concreto Armado -Torção

Equilíbrio do Nó A
(vista da face superior)

H wd
Dd sen 45º  H wd
2
Dd cos 45º  H Ld Hwd  HLd  Dd
A Dd 2
45º

H Ld

Equilíbrio no plano EFGH


2
Dd
2
E F
1
2 2
a

Dd Tsd Dd
2 2

G H
a

2 2
Dd
2

2 2
Dd  a  Dd  a  Tsd
2 2
2
2a  Dd  Tsd
2
T T 2
Dd  sd  sd
a 2 2a

Substituindo em 1

Tsd 2 2 Tsd
Hwd  H Ld    3
2a 2 2a

Com base nestas equações de equilíbrio, a NBR 6118:2014 admite satisfeita a resistência
à torção pura, numa dada seção em peças de concreto armado, quando se verificam
simultaneamente as seguintes condições:

5.1 VERIFICAÇÃO DA RESISTÊNCIA DAS DIAGONAIS COMPRIMIDAS DE CONCRETO:

29
FEA – FUMEC Concreto Armado -Torção

 td   td 2  0,25   v 2  fcd

Nesta verificação estamos interessados em determinar o valor da tensão de compressão

a 2
que a força Dd provoca no concreto. Esta força solicita uma faixa de largura y igual a . Ver
2
figura a seguir:

a/2 y
a/2

a/2
a/2

Largura de atuação da força Dd

y= largura de atuação da força Dd

Força Dd
td   , substituindo o valor de Dd na equação 2 , temos:
area y  he

Tsd 2 a 2 T Tsd
td    he  2 sd 
2a 2 a  he Ae  he

Onde Ae = a 2 = área limitada pela linha média da parede da seção vazada.

Segundo a resistência dos materiais, a tensão de cisalhamento td para uma seção vazada
de parede fina submetida a um momento de torção Tsd é dada por:

Tsd 4
 td    td 2
2 Ae  he
Ae = área limitada pela linha média da parede
he = espessura da parede

Substituindo na expressão 4 , o valor de Tsd, temos:

30
FEA – FUMEC Concreto Armado -Torção

 td  Ae  he 
td   td  td
2 Ae  he 2

Esta tensão td, segundo a NBR 6118:2014, deve ser menor ou igual a td2, dada por:

 td 2  0,25   v 2  f cd

com v 2  1  fck / 250  , sendo fck em MPa, embora para o cálculo de  v 2 ,a unidade utilizada é

o MPa, a tensão deve ser utilizada em kN/cm 2 .

A tabela abaixo apresenta os valores da tensão máxima  td 2 para diferentes valores de fck.

fck (MPa)  td 2 (kN/cm 2 )


20 0,3286
25 0,4018
30 0,4714
35 0,5375

5.2 VERIFICAÇÃO DA PARCELA RESISTIDA PELOS ESTRIBOS


Tsd
Da equação 3 temos que: Hwd 
2a
Hwd = Força de tração, resistida pelos estribos no trecho a.

Sejam:
s = espaçamento entre os estribos
A90 = área de um estribo (um ramo)

a
  = quantidade de estribos no trecho de comprimento a
s
Logo:

a Tsd
   A90  f ywd  H wd 
s 2a

A90 T Tsd A
 2 sd   90
s 2a  f ywd 2 Ae  f ywd s

31
FEA – FUMEC Concreto Armado -Torção

fywd está limitada a 435 MPa

5.3 VERIFICAÇÃO DA PARCELA RESISTIDA PELAS BARRAS LONGITUDINAIS

Tsd
Da equação 3 temos que: H Ld 
2a
HLd = força de tração em cada vértice, resistida pelas barras longitudinais
H Ld  A1  fywd , sendo A1, a área de aço para resistir a cada uma das forças HLd

Tsd Tsd
HLd   A1  fywd  A1 
2a 2a  fywd
Seja AsL = área total de armadura longitudinal de combate à força = 4A1
u = perímetro de A1 = perímetro limitado pelas linhas médias das paredes

AsL 4 A1 4 Tsd T
    2 sd
u 4a 4a 2a  fywd 2a  fywd

AsL Tsd

u 2 Ae  fywd

fywd também está limitada a 435MPa

ARMADURAS MÍNIMAS DE TORÇÃO

No item 17.5.1.2, a NBR 6118:2014 recomenda que se adotem armaduras mínimas para
a torção. de acordo com as seguintes expressões:

0,2 , 500

Alguns autores têm sugerido valores diferentes. Os professores da UFMG usam os


valores:

0,2 .

32
FEA – FUMEC Concreto Armado -Torção

Araújo (2014) sugere:


2

0,2 , 500

Em todas as expressões acima, tem-se que fywk é a resistência ao escoamento da armadura e


não deve ser superior a 500 MPa; fctm é a resistência média à tração do concreto e é dada por:
2
fctm  0,3  fck 3 (fck em MPa)

6. GEOMETRIA DA SEÇÃO RESISTENTE – CRITÉRIOS DA NBR 6118:2014

a) Seção cheia

A seção vazada equivalente se define a partir da seção cheia com espessura da parede
he dada por:

A
2c1  he  , sendo:
u
A = área da seção cheia;
u = perímetro da seção cheia;
c1= distância entre o eixo da barra longitudinal do canto e a face lateral da seção.

De acordo com o item 17.5.1.4.1 da NBR6118:2014: “Caso A/u resulte menor que 2c1,
pode-se adotar
he = A/u ≤ (bw − 2c1)
e a superfície média da seção celular equivalente Ae definida pelos eixos das armaduras
do canto (respeitando o cobrimento exigido nos estribos).”

b) Seção vazada

Deve ser considerada a menor espessura de parede entre a espessura real da parede e
a espessura equivalente calculada supondo a seção cheia de mesmo contorno externo
da seção vazada.

33
FEA – FUMEC Concreto Armado -Torção

7. PRESCRIÇÕES DA NBR 6118:2014

7.1 TORÇÃO E FORÇA CORTANTE

 Adotar ângulos de inclinação das bielas de concreto (  ) coincidentes para os dois


esforços; sugere-se  =45º;
 Verificação conjunta:
 wd 
 td  1
 wd 2  t d 2

7.2 DETALHAMENTO DAS ARMADURAS

 Ø estribo  5.0mm

 Ø estribo  bw /10

 O espaçamento s dos estribos deve obedecer:


Para τ td  0 ,67 τ td 2  s máx  0 ,6  d (ou 0 ,6  b)  30 cm

Para τ td  0 ,67 τ td 2  s máx  0 ,3  d (ou 0 ,3  b)  20 cm

 As barras longitudinais das armaduras de torção devem ser espaçadas de, no máximo,
35cm.

34
FEA – FUMEC Concreto Armado – Lajes Nervuradas

LAJES NERVURADAS

Conteúdo revisado em março de 2015, de acordo com a NBR6118:2014

35
FEA – FUMEC Concreto Armado – Lajes Nervuradas

LAJES NERVURADAS

1. INTRODUÇÃO

Nas edificações, temos como prática o uso de lajes maciças. Entretanto, quando os vãos
a serem vencidos são maiores (acima de 8m) esta solução pode se tornar antieconômica em
virtude da grande espessura da laje.
Com o objetivo de reduzir o peso próprio da estrutura, pode-se adotar a solução em lajes
cuja região interior é constituída de nervuras.

As nervuras podem ser moldadas no local ou pré-moldadas, entre as quais podem ser
colocados materiais inertes ou não. Tais materiais inertes têm a função de tornar plana a
superfície inferior da laje.

Mesa ou capeamento
hf
d
h

b2 Material inerte Nervuras


b b

h = altura total da laje;


hf = espessura da mesa ou capeamento;
bw = espessura da nervura;
b2 = distância livre entre as nervuras.

36
FEA – FUMEC Concreto Armado – Lajes Nervuradas

2. TIPOS DE LAJES NERVURADAS

A distribuição das nervuras pode ocorrer em uma única direção ou em duas, constituindo
lajes nervuradas armadas numa só direção ou com armaduras em cruz.
A outra distinção que se faz para laje nervurada é quanto à sua execução, que pode ser
moldada no local ou com nervuras pré-moldadas.
As lajes nervuradas pré-moldadas podem ter suas nervuras em concreto armado
convencional, concreto protendido ou vigotas treliçadas.

3. MATERIAIS DE ENCHIMENTO (material inerte)

A principal característica do material a ser utilizado entre as nervuras é que tenha peso-
específico reduzido em comparação ao concreto, mas com resistência suficiente para suportar
as operações de execução.
A resistência deste material de enchimento não é considerada no cálculo da laje.
Em geral, são utilizados como material de enchimento blocos cerâmicos furados, blocos
vazados de concreto, blocos de concreto celular autoclavado, blocos de EPS (poliestireno
expandido, conhecido como isopor).
Alternativamente, podem-se usar formas industriais entre nervuras que, após sua retirada,
deixam à mostra as nervuras da laje. A maioria dessas formas é de polipropileno.

37
FEA – FUMEC Concreto Armado – Lajes Nervuradas

4. PRESCRIÇÕES REGULAMENTARES

De acordo com a NBR 6118: 2014, item 13.2.4.2, “no projeto das lajes nervuradas,
devem ser obedecidas as seguintes condições:
- para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras menor ou igual a 65 cm, pode
ser dispensada a verificação da flexão da mesa, e para a verificação do cisalhamento da região
das nervuras, permite-se a consideração dos critérios de laje;
- para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras entre 65 cm e 110 cm, exige-se a
verificação da flexão da mesa, e as nervuras devem ser verificadas ao cisalhamento como
vigas; permite-se essa verificação como lajes se o espaçamento entre eixos de nervuras for até
90 cm e a largura média das nervuras for maior que 12 cm;
- para lajes nervuradas com espaçamento entre eixos de nervuras maior que 110 cm, a
mesa deve ser projetada como laje maciça, apoiada na grelha de vigas, respeitando-se os seus
limites mínimos de espessura.”

- Deve ser feita a verificação da mesa se existir sobre a laje alvenarias ou cargas
concentradas.

- As lajes nervuradas podem ser calculadas como lajes maciças desde que o espaçamento
máximo entre eixos das nervuras não ultrapasse 110 cm. A espessura da mesa, quando não
houver tubulação horizontal embutida, não deve ser menor que 4 cm e maior ou igual a 1/15 da
distância livre entre nervuras, chamada de b2.

- A espessura da mesa deve ser maior ou igual a 5 cm quando existirem tubulações


embutidas de diâmetro máximo de 10 mm.

- Para tubulações com diâmetro  maior que 10 mm, a mesa deve ter a espessura mínima
de 4 cm + , ou de 4 cm + 2, no caso de haver cruzamento destas tubulações.

- A espessura das nervuras não deve ser inferior a 5 cm. Nervuras com espessura menor
que 8 cm não devem conter armadura de compressão para o momento negativo.

h = altura total da laje


hf = espessura da mesa ou do capeamento
bw = espessura da nervura
b2 = distância livre entre as nervuras

38
FEA – FUMEC Concreto Armado – Lajes Nervuradas

b2/15

4cm
hf 
5cm, quando existirem tubulações com   10mm

4cm + , quando existirem tubulações com  > 10mm

4cm + 2, quando houver cruzamento de tubulações

5cm
bw  8cm, para armadura de compressão do momento negativo

5. ANÁLISE DAS LAJES NERVURADAS

Na determinação dos esforços solicitantes das lajes nervuradas, temos duas situações:

Caso 1

A laje nervurada tem inércia igual nas duas direções (bw e b2 iguais nas duas direções,
material inerte quadrado).
Os esforços são calculados como qualquer laje maciça comum, utilizando qualquer tabela
de lajes no regime elástico.

b b2 b b2 b

DIREÇÃO a
b
b2
DIREÇÃO b

b
b2
b

39
FEA – FUMEC Concreto Armado – Lajes Nervuradas

Caso 2

A espessura das nervuras e/ou o espaçamento entre elas são diferentes, fazendo com que
a laje nervurada tenha inércia desigual. Os esforços solicitantes são determinados utilizando-se
a “teoria das grelhas”, que tem como princípio básico a compatibilidade das flechas das nervuras
nas direções a e b. Assim, “quinhões de carga” são calculados para cada direção.

DIREÇÃO a
DIREÇÃO b

TEORIA DAS GRELHAS

As expressões para determinação das flechas máximas em vigas de um só tramo, quando


submetidas a cargas uniformemente distribuídas, podem ser escritas como:

pL4
f máx  c 
EI

fmáx = flecha máxima da viga;


c = fator que depende das condições de apoio da viga;
L = vão da viga;
E I = rigidez à flexão da viga.

40
FEA – FUMEC Concreto Armado – Lajes Nervuradas

Exemplos:

No caso da laje, temos:

1m

fa
1m
a

fb

Por hipótese: fa = fb

pa a 4
f a  ca
E Ia

pbb 4
f b  cb
E Ib

41
FEA – FUMEC Concreto Armado – Lajes Nervuradas

ca e cb depende do tipo de contorno da laje (apoiada ou engastada);


pa = quinhão de carga na direção a;
pb = quinhão de carga na direção b;
Ia = momento de inércia das nervuras que absorvem o momento Ma ;
Ib = momento de inércia das nervuras que absorvem o momento Mb ;

Temos:

pa a 4 p b4
ca  cb b
E Ia E Ib

pa cb I a b 4
   1
pb ca I b a 4

Como p = pa + pb
pa = p - pb

Substituindo em 1

p  p b cb I a b 4
   4
pb ca I b a

p p b cb I a b 4
   
pb pb c a I b a 4

p cb I a b 4
 1   4
pb ca I b a

p
pb 
c I b4
1 b  a  4
ca I b a

Analogamente, temos:

p
pa 
ca Ib a4
1   4
cb Ia b

42
FEA – FUMEC Concreto Armado – Lajes Nervuradas

Com os quinhões de cargas, calculamos os momentos fletores e dimensionamos as armaduras.


Na situação da figura abaixo, o dimensionamento das armaduras para o momento fletor
negativo é feito considerando as nervuras como vigas de seção retangular com largura bw.
O dimensionamento das armaduras para o momento fletor positivo é feito considerando as
nervuras como vigas de seção “T”.

bf

hf
b1 b1
h

b b2 b b2 b

bf  bw  2b1
0,5b2
b1  
0,1a

A distância a pode ser estimada em função do comprimento do vão L da laje naquela


direção.
a = L para vão simplesmente apoiado
a = 0,75 L para vão com momento em uma só extremidade
a = 0,6 L para vão com momento nas duas extremidades

Para o cálculo da armadura mínima das lajes nervuradas, pode-se fazer:


 Momentos positivos: considerar armadura mínima para momento positivo de lajes,
ou seja:
As,mín = 0,67minAc,

lembrando que, nas seções tipo “T”, a área da seção a ser considerada deve ser
caracterizada pela alma, acrescida da mesa colaborante.
 Momentos negativos:
As,mín = minAc

43
FEA – FUMEC Concreto Armado – Lajes Nervuradas

A seguir, temos a tabela a ser utilizada no cálculo da armadura mínima, baseada nas
prescrições da NBR6118:2014 e adaptada pelo Prof. Ney Amorim (UFMG).
Taxas de armaduras mínimas para vigas com seção retangular
Adaptada da tabela elaborada pelo Prof. Ney Amorim (UFMG)
Valores de ρmin = (As,min/Ac)
Seções retangulares, γc=1,4, γs=1,15
%
(d/h)=0,70 (d/h)=0,75 (d/h)=0,80 (d/h)=0,85 (d/h)=0,90 (d/h)=0,95
fck
CA 50 CA 60 CA 50 CA 60 CA 50 CA 60 CA 50 CA 60 CA 50 CA 60 CA 50 CA 60

20 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150
25 0,151 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150
30 0,170 0,150 0,158 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150
35 0,188 0,157 0,175 0,150 0,164 0,150 0,153 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150
40 0,205 0,171 0,191 0,159 0,179 0,150 0,168 0,150 0,158 0,150 0,150 0,150
45 0,222 0,185 0,206 0,172 0,194 0,161 0,181 0,151 0,171 0,150 0,161 0,150
50 0,238 0,198 0,221 0,184 0,208 0,172 0,194 0,162 0,183 0,153 0,173 0,150

Apresentamos também os valores dos momentos fletores para as vigas de um só vão.

44
FEA – FUMEC Concreto Armado – Lajes Nervuradas

5 FLECHAS EM LAJES NERVURADAS

De acordo com a NBR6118:2014, item 14.7.3.1, “para verificação do estado-limite de


deformação excessiva, podem ser utilizados valores de rigidez do estádio I, considerando o
módulo de elasticidade secante do concreto, desde que os momentos fletores sejam menores
que o de fissuração.” Caso o momento de serviço seja maior que o de fissuração, o cálculo
deve ser feito no estádio II, ou seja, o modelo deve considerar a rigidez efetiva das seções, o
que significa que devem ser levados consideração “a presença de armadura tracionada e
comprimida, a existência de fissuras no concreto ao longo dessa armadura e as deformações
diferidas no tempo.” (item 17.3.2).

Se a laje nervurada possui nervuras em uma única direção (chamada unidirecional), as flechas
podem ser calculadas, de forma aproximada, da mesma maneira utilizada para as vigas.

Para as lajes nervuradas armadas nas duas direções (bidirecionais), a NBR6118:2014


recomenda uma análise análoga àquela adotada para as vigas, avaliando-se a flecha para o
maior momento positivo da laje, calculado para as ações em serviço. Se tal momento for maior
que o momento de fissuração, considera-se, no cálculo da flecha, a rigidez efetiva da laje nesta
direção, tal como feito para as vigas.

Valores limites para flechas em elementos de concreto armado segundo a NBR 6118

A NBR 6118/2014, no item 13.3, prescreve os seguintes valores para os deslocamentos limites
em vigas e lajes:
- vão/250 para o deslocamento total diferido no tempo, considerando todas as cargas
aplicadas; e
- vão/500 ou 10 mm para o acréscimo de deslocamento diferido no tempo após a construção
das alvenarias.
Ainda de acordo com a norma, os deslocamentos podem ser parcialmente compensados com
contraflechas, desde que a atuação isolada da contraflecha não cause um desvio do plano
maior que o vão/350.

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FEA – FUMEC Concreto Armado – Flexão Normal Composta

FLEXÃO NORMAL COMPOSTA


SEÇÃO RETANGULAR

Conteúdo revisado em maio de 2015, de acordo com a NBR6118:2014

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FLEXÃO NORMAL COMPOSTA

Flexão Normal Composta é o estudo de uma seção submetida a um momento fletor e


uma força normal. Neste estudo estaremos considerando que a flexão ocorre em um plano
contendo os eixos de simetria das seções transversais de uma seção retangular.
Todos os casos mostrados abaixo foram extraídos da apostila de autoria do prof. José
de Miranda Tepedino: “Concreto Armado – Flexão Normal Composta”.

As fórmulas são válidas para concretos de classe até C50.

1º CASO: EXISTE UMA ARMADURA TRACIONADA PODENDO TER OU NÃO ARMADURA


COMPRIMIDA.
d'
x

y
h/2
d
h

Equações de Equilíbrio

1) H  0 N d  As f yd  f c  b  y  As sd
 1

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FEA – FUMEC Concreto Armado – Flexão Normal Composta

 h  y
2) M a 0 N d  d    M d  f c  b  y d    As sd
 2  2
 (d  d ) 2

2
Dividindo a equação por fc..b.d2:

 h  y
N d  d    M d f cb  y   d  
 2  2  A's  'sd (d  d ' )
= 
fc  b  d 2 fc  b  d 2
fc  b  d 2

 h
N d  d    M d
 2
Sejam: k
fc  b  d 2

y
 y  d
d

 'sd

fyd

Logo, temos:

fc  b    d ( d    d / 2 ) As    fyd ( d  d  )
k 
fc  b  d 2 fc  b  d 2

( 1   / 2 )  d As    fyd  d d  
k    
d fc  b  d  d d 

 
Seja k    1   , logo:
 2 

As    fyd  d 
k  k  1  
fc  b  d  d

As    fyd  d 
1    k  k 
fc  b  d  d

f c  b  d  k  k  
As 
  f yd  1  d´ 
 d

48
FEA – FUMEC Concreto Armado – Flexão Normal Composta

Da equação 1 , temos:

Nd  As  fyd  fc  b  y  As  sd

As  fyd  fc  b    d  Nd  As    fyd

fc  b    d  N d As    f yd
As  
fyd fyd

As  As1  As 2

As 2  As  

fc  b  d  k  k' 
As 2    
f yd  1 d'/ d 

fc  b    d  N d
As1 
fyd

 
Como k '   1  ;
 2 
2
   k'  0
2

Equação do 2º em  , cuja raiz é (  1  1  2 k ' )

Substituindo, temos:

fc  b  d ( 1  1  2k' )  Nd
As1 
fyd
As 2
As 

Só haverá necessidade de A’s caso (k - k’) > 0, ou seja, quando k > k’

k ≤ kL → faça k’=k

k > kL → faça k’=kL

Para fck  50MPa, kL=0,295.

Observação: se As< 0 → não é o caso 1.

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FEA – FUMEC Concreto Armado – Flexão Normal Composta

2º CASO: O EQUILÍBRIO DA SEÇÃO PODE SER CONSEGUIDO APENAS COM A


COMPRESSÃO DO CONCRETO E DA ARMADURA A’s

d'
x

y
h/2
d
h

Equações de equilíbrio
1) H  0 Nd  fc  b  y  As sd
 1

2) M a  0 (em relação ao centro da armadura A`s )

h  y 
N d   d '   M d  f c  b  y  d '  2
2  2 

Desenvolvendo a equação 2 , temos

 N (h / 2  d ' )  M d 
y  d ' (d ' ) 2  2   d  h
 f c  b 

y ≤ h; se y > h => passar ao caso seguinte.

Da equação 1 , temos:

Nd  fc  b  y Nd  fc  b  y
As   As  e As  0
 sd   f yd
Se A’s < 0 => usar armadura mínima

50
FEA – FUMEC Concreto Armado – Flexão Normal Composta

3º CASO: O CONCRETO ESTÁ TODO COMPRIMIDO, E TODAS AS ARMADURAS


ESTÃO COMPRIMIDAS.

3º CASO – 1ª ALTERNATIVA

d'

h/2
d
h

Equações de equilíbrio

1) H  0 Nd  fc  b  h  As sd  As sd 1

h 
   d '   As ' sd  d  
h
2) M a 0 M d  As sd
2   2
2

Supondo a linha neutra no infinito, temos:

   sd    fyd , resolvendo o sistema:


 c   s   s  0,002 (2‰) e chamando  sd

( Nd  fc  b  h )  ( h / 2  d' )  M d
As  (armadura menos comprimida)
  fyd  ( d  d' )

( Nd  fc  b  h )  ( d  h / 2 )  M d
A' s  (armadura mais comprimida)
  fyd ( d  d' )

51
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3º CASO – 2ª ALTERNATIVA

d'

h/2
d
h

A°s = armadura centrada (distribuída simetricamente em relação ao centro da seção);

∆As= reforço de armadura no lado mais comprimido.

Equações de equilíbrio

1) H  0 N d  f c  b  h  As º  sd
  As sd
 1

h 
2) M a 0 (No centro da seção) M d  As    d '    sd
2 
 2

Resolvendo, temos:

  M d 
As º   N d  f c  b  h     (  f yd )
  h / 2  d  

 Md 
As     (  fyd )
 h / 2  d' 

52
FEA – FUMEC Concreto Armado – Flexão Normal Composta

4º CASO: A SEÇÃO ESTÁ TOTALMENTE TRACIONADA

1ª ALTERNATIVA

d'

h/2
h
d

Equações de equilíbrio

1) H  0 Nd  As  f yd  As fyd 1

2) M a 0 No centro da seção 
M d  As  f yd d  h
2
 A  f h 2  d 
s yd 2

Resolvendo, temos:

| N d | (h / 2  d ' )  M d
As 
f yd (d  d ' )

| Nd | ( d  h / 2 )  M d
A' s 
fyd ( d  d' )

53
FEA – FUMEC Concreto Armado – Flexão Normal Composta

2ª ALTERNATIVA

h/2
d
h

As° = armadura centrada (distribuída simetricamente em relação ao centro da seção);

∆As = reforço de armadura no lado mais tracionado.

Equações de equilíbrio

1) H  0 Nd  Ao s  fyd d  As  fyd 1

2) M a 0 ( No centro da seção ) 
M d  As  f yd d  h
2
 2

Resolvendo, temos:

 Md 
| N d |  
 d h/2
Aº s 
f yd

 Md 
 
 d h/2
As 
f yd

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TABELA DO VALOR DE kL
Classe do concreto Até C50
Valor de kL 0,295

TABELA DOS VALORES DE φ


CA 25 CA 50
y
1 φ=1,0 φ=1,0
h
y
1 φ=1,0 φ=0,966
h

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PILARES EM CONCRETO ARMADO

Conteúdo revisado em maio de 2015, de acordo com a NBR6118:2014

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FEA – FUMEC Concreto Armado – Pilares

PILARES

1. INTRODUÇÃO

Pilares são elementos lineares de eixo reto, usualmente dispostos na vertical, em que os
esforços predominantes são forças normais de compressão.
Os pilares são responsáveis por receber as reações das vigas em cada andar e conduzir
esses esforços até as fundações.

2. PRESCRIÇÕES
2.1 DIMENSÕES

A seção transversal de pilares e pilares-paredes maciços, qualquer que seja sua forma,
não deve apresentar dimensão menor que 19cm (NBR6118:2014,item 13.2.3). Permitem-se
dimensões entre 19cm e 14cm, desde que sejam majorados os esforços solicitantes finais de
cálculo nos pilares, quando de seu dimensionamento, por um coeficiente adicional n conforme
a tabela abaixo.

b(cm) ≥ 19 18 17 16 15 14
n 1,0 1,05 1,1 1,15 1,2 1,25

Não se permite pilar com seção transversal de área inferior a 360cm2.


Pilar parede: quando a maior dimensão é maior que cinco vezes a menor dimensão (item 18.4.1).

2.2 ARMADURAS

2.2.1. Barras longitudinais (item 18.4.2.1)


a) O diâmetro das barras longitudinais, L, não deve ser inferior a 10mm e nem superior a
1/8 da menor dimensão transversal.
b) Quanto à distribuição transversal, o item 18.4.2.2 estabelece: “O espaçamento mínimo
livre entre as faces das barras longitudinais, medido no plano da seção transversal, fora
da região de emendas, deve ser igual ou superior ao maior dos seguintes valores:
— 20 mm;
— diâmetro da barra, do feixe ou da luva;
— 1,2 vez a dimensão máxima característica do agregado graúdo.

57
FEA – FUMEC Concreto Armado – Pilares

Para feixes de barras, deve-se considerar o diâmetro do feixe, que é igual ao diâmetro das
barras multiplicado pela raiz quadrada do número de barras do feixe:
Esses valores se aplicam também às regiões de emendas por traspasse das barras.”
c) Em seções poligonais, deve existir pelo menos uma barra em cada vértice. Em seções
circulares, no mínimo seis barras distribuídas no perímetro (item 18.4.2.2).
d) O espaçamento máximo entre eixos das barras longitudinais deve ser menor ou igual a
duas vezes a menor dimensão da seção, não excedendo 40cm (item 18.4.2.2).

2.2.2. Estribos (item 18.4.3 da NBR6118:2014)

a) O diâmetro dos estribos, t, não deve ser inferior a 5mm, nem a (¼ L),
b) O espaçamento dos estribos deve MENOR, no máximo igual a:
 20cm;
 Menor dimensão do pilar
 12L (para aço CA50)

 24L (para aço CA25)


c) Os estribos dos pilares devem ser colocados em toda a altura do pilar, ou seja, é
obrigatória sua colocação nos cruzamentos com vigas e lajes.
d) Estribos suplementares (proteção contra a flambagem das barras longitudinais): no item
18.2.4, a NBR6118:2014 recomenda que cuidados sejam tomados para evitar a
flambagem das barras situadas junto à superfície do pilar, indicando a colocação de
estribos suplementares quando houver possibilidade de tal flambagem acontecer.
“Os estribos poligonais garantem contra a flambagem as barras longitudinais situadas em
seus cantos e as por eles abrangidas, situadas no máximo à distância de 20 t do canto,
se nesse trecho de comprimento 20 t não houver mais de duas barras, não contando a
de canto. Quando houver mais de duas barras nesse trecho ou barra fora dele, deve
haver estribos suplementares.
Se o estribo suplementar for constituído por uma
barra reta, terminada em ganchos (90° a 180°), ele
deve atravessar a seção do elemento estrutural, e os
seus ganchos devem envolver a barra longitudinal”
(ver Figura ao lado, reproduzida conforme a
NBR6118).

58
FEA – FUMEC Concreto Armado – Pilares

2.2.3. Armadura mínima (item 17.3.5.3.1)

Nd
As,min  0,15   0,004 Ac Ac = Área de seção real
f yd
2.2.4. Armadura máxima (item 17.3.5.3.2)
As,máx  8,0%  Ac (considerando-se a sobreposição de armadura existente em regiões de

emenda).

3. IMPERFEIÇÕES LOCAIS

Na verificação de um lance de pilar, deve ser considerado o efeito do desaprumo ou falta


de retilineidade do eixo do pilar.

ea ea

Hi 1
Hi 1
Hi / 2

Falta de retilineidade Desaprumo

Hi = altura do pilar, em metros


1 1
1  1 
100 H i 200

O efeito das imperfeições locais nos pilares pode ser substituído pela consideração do
momento mínimo de 1º ordem (item 11.3.3.4.3).
M1d,min = Nd (0,015 + 0,03h)
h = altura total da seção transversal na direção considerada, em metros.
Cimin = (0,015 + 0,03h ) (h em metros)
Cimin = (1,5 + 0,03h) (h em centímetros)

59
FEA – FUMEC Concreto Armado – Pilares

4. ANÁLISE DOS EFEITOS LOCAIS DE 2ª ORDEM

Deve ser realizada uma análise dos efeitos locais de 2ª ordem ao longo dos eixos das
barras comprimidas.
Índice de esbeltez:


, é çã .

Para pilar em balanço:


ℓ 2ℓ.
Para os demais casos, deve-se fazer:

  h
e   0


Fonte: DEEC-UFMG

Os efeitos de 2ª ordem em elementos isolados podem ser desprezados quando λ < λ1

e 
25  12,5   1 
1  h e1 = excentricidade de 1º ordem (não inclui ea)
b
Onde 35 ≤ λ1 ≤ 90

Valores de b (NBR6118:2014 - item 15.8.2)

a) Pilares biapoiados, sem carga transversais:

MB
 b  0,6  0,4   0,4 ; sendo : 1,0   b  0,4
MA

MA e MB são os momentos de 1ª ordem nos extremos do pilar. Deve ser adotado para MA
o maior valor absoluto ao longo do pilar e para MB o sinal positivo, se tracionar a mesma face
que MA, e negativo em caso contrário.

b) Pilares biapoiados com cargas transversais significativas:


 b  1,0
60
FEA – FUMEC Concreto Armado – Pilares

c) Pilares em balanço:
MC
 b  0,8  0,2   0,85 ; sendo : 1,0  αb  0 ,85
MA
MA é o momento de 1º ordem no engaste e MC é o momento de 1ª ordem no meio do pilar
em balanço.

d) Para pilares biapoiados ou em balanço com momentos menores que o momento mínimo:
 b  1,0

Método do pilar padrão com curvatura aproximada

Se λ1 ≤ λ ≤ 90, deve-se considerar uma excentricidade de segunda ordem e2


2
e 1
e2   ,
10 r
1 0,005 0,005
 
r h(  0,5) h

N sd
  0,5
Ac  f cd
h = dimensão da seção na direção considerada

Se 90 < λ ≤ 200, o pilar é esbelto e deve ser analisado através de algum processo rigoroso.

61
FEA – FUMEC Concreto Armado – Pilares

5. SITUAÇÃO DE PROJETO DOS PILARES

Dependendo do seu posicionamento na estrutura, podemos resumir as situações de


projetos em 3 situações:

1ª situação: carga aplicada no centro

2ª situação: flexo–compressão normal

3ª situação: flexo–compressão oblíqua

62
FEA – FUMEC Concreto Armado – Pilares

1º caso: Carga aplicada no centro

Este é o caso dos pilares que são apoios intermediários de vigas, nos quais as mesmas
descarregam suas reações no centro do pilar.
A NBR 6118: 2014, exige a verificação da seção através de um momento total máximo no
pilar dado por:
Md,tot = M1d,min + Nd e2

Situação de Projeto

1ª situação de cálculo

ex = e1,minx + e2x
ey = 0

2ª situação de cálculo
ex = 0

ey = e1,miny + e2y

63
FEA – FUMEC Concreto Armado – Pilares

2º caso: Flexo-compressão normal

É a situação em que a força normal atua no eixo x ou y da seção, com uma excentricidade
inicial ei.

Essa excentricidade é devida aos momentos fletores transmitidos pelas vigas, geralmente
nos apoios extremos. Por isso, este pilar é denominado pilar de extremidade. Os momentos
transmitidos ao pilar são calculados a partir da resolução do pórtico ao qual ele pertence. No
entanto, a NBR6118:2014 permite um cálculo aproximado destes momentos que se distribuem
no nó da seguinte maneira:
 Pilar inferior ao nó:
;

 Pilar superior ao nó:


;

Onde Meng é o momento de engastamento perfeito e rinf, rsup e rvig (ver abaixo figura da
NBR6118 – item 14.6.6.1 ) são coeficientes de rigidez, dados por:
2 2
; ; ;
ℓ ℓ ℓ

Aproximação em apoios extremos.


Fonte: NBR6118:2014

64
FEA – FUMEC Concreto Armado – Pilares

O pilar deve ser dimensionado para as duas situações

Dimensionamento na direção x (eixo da excentricidade inicial)

Como não se sabe a priori qual a seção do pilar é a mais solicitada, deve ser feito o
dimensionamento para o momento total máximo no pilar, verificando as extremidades e a seção
intermediária.

Seção de extremidade

M1d,A = 1,4.MA com MA ≥ MB


M1d,A ≥ M1d,min onde M1d,min = Nd (1,5 + 0,03h) (h em centímetros)

Seção intermediária
Direção x (eixo sobre o qual é aplicada a excentricidade inicial).
M1d,tot = Nd (e* + eimp) + Nd e2x
Onde Nd (e* + eimp) ≥ M1d,min

M  M  M 
e*  0,6 A   0,4 B   0,4 A 
 N   N   N 

65
FEA – FUMEC Concreto Armado – Pilares

MA e MB são momentos de 1ª ordem nos extremos dos pilares. Deve ser adotado para MA
o maior valor absoluto ao longo do pilar e para MB o sinal positivo, se tracionar a mesma face
que MA, e negativo em caso contrário.

H
eimp   1  (exceto no caso de pilares em balanço)
2

1
1 
100 H

1
1 
200

e2x: é a excentricidade devido ao efeito de 2ª ordem (flambagem)

Se λ < λ1 pode-se desprezar e2x

Se λ1 ≤ λ ≤ 90 deve-se considerar e2x

Dimensionamento na direção Y (Eixo sem excentricidade inicial)

Md,tot = M1d,min + Nd e2y,

66
FEA – FUMEC Concreto Armado – Pilares

3º caso: Flexo-compressão oblíqua

É a situação de projeto conforme indicado, com excentricidades iniciais nas duas direções.

Em virtude da forma do diagrama de momentos iniciais, não se sabe qual é a seção mais
solicitada. Devem-se verificar as extremidades e a seção intermediária, adotando a maior
armadura.

As situações de cálculo são:

1a Situação:

Seção de extremidade (topo)

Direção x

M1d,A = 1,4MA (momento aplicado na direção x, em torno do eixo y)

M1d,A ≥ M1d,min = Nd (1,5+0,03hx) (hx em centímetros)

Direção y

M1d,A = 1,4MA (momento aplicado na direção y, em torno do eixo x)

M1d,A ≥ M1d,min = Nd (1,5+0,03hy) (hy em centímetros)

Com os momentos encontrados, é feito o dimensionamento das armaduras à flexo-


compressão oblíqua para a 1a situação.

67
FEA – FUMEC Concreto Armado – Pilares

2ª Situação

Seção de extremidade (base)

Direção x

M1d,B = 1,4MB (momento aplicado na direção x, em torno do eixo y)

M1d,B ≥ M1d,min= Nd (1,5+0,03hx) (hx em centímetros)

Direção y

M1d,B = 1,4MB (momento aplicado na direção y, em torno do eixo x)

M1d,B ≥ M1d,min= Nd (1,5+0,03 hy) (hy em centímetros)

Com os momentos encontrados, é feito o dimensionamento das armaduras à flexo-


compressão oblíqua para a 2ª situação.

3ª Situação

Seção intermediária

Direção x

Md,tot = Nd (e* + eimp) + Nd e2x (momento aplicado na direção x, em torno do eixo y).

Nd (e* + eimp) ≥ M1d,min

M  M  M 
e*  0,6 A   0,4 B   0,4 A 
 N   N   N 

MA e MB são momentos de 1ª ordem nos extremos dos pilares na direção x. Deve ser
adotado para MA o maior valor absoluto ao longo do pilar e para MB o sinal positivo, se tracionar
a mesma face de MA, e negativo em caso contrário.

68
FEA – FUMEC Concreto Armado – Pilares

H
eimp = θ1 (exceto no caso de pilares em balanço)
2

1 1
θ1 = ≤
100 H 200

e2x = excentricidade de 2ª ordem

Direção y

Md,tot = Nd (e* + eimp) + Nd e2y, (momento na direção y, em torno de x)

Nd(e* + eimp) ≥ M1d,min

M  M  M 
e*  0,6 A   0,4 B   0,4 A 
 N   N   N 

MA e MB são momentos de 1ª ordem nos extremos do pilar na direção y. Deve ser adotado
para MA o maior valor absoluto ao longo do pilar e para MB o sinal positivo, se tracionar a mesma
face de MA, e negativo em caso contrário.

H
eimp = θ1 (exceto no caso de pilares em balanço)
2

1 1
θ1 = ≤
100 H 200

e2y= excentricidade de 2ª ordem

Com os momentos encontrados, é feito o dimensionamento das armaduras à flexo-


compressão obliqua para a 3ª situação.
A armadura a ser adotada é a maior encontrada nas três situações de cálculo.

69

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