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Introdução À Imunologia
Introdução À Imunologia
Introdução à Imunologia: histórico, principais células, tecidos e órgãos que compõem o sistema
imunológico e o reconhecimento dos antígenos.
PROPÓSITO
Estudar o histórico da Imunologia, a composição e a resposta imune é importante para
entender o funcionamento fisiológico do sistema imunológico e compreender como ele age no
combate às doenças.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
Fonte: Shutterstock.com
Vamos iniciar nosso estudo sobre o sistema imunológico, explorando, desde o histórico dessa
incrível ciência, até a sua composição e funcionamento. Além disso, iremos abordar os
principais conceitos, as células que compõem esse sistema, assim como os órgãos que são
responsáveis por proteger o nosso organismo contra possíveis invasores.
Antes de começar a explorar essa ciência, precisamos entender que as células que compõem
o sistema imunológico são formadas a partir de células precursoras.
E o que é imunologia?
MÓDULO 1
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A Imunologia é uma ciência relativamente nova. Sua origem foi datada no final do século XVIII,
quando Edward Jenner (naturalista e médico britânico) observou que a varíola bovina, que
normalmente se manifestava de forma branda, parecia conferir proteção contra a varíola
humana, que era geralmente fatal. Isso porque ele notou que as pessoas que ordenhavam
vacas e tinham contraído a forma bovina da doença, não contraiam a varíola humana.
Após a inoculação, James adquiriu a forma branda da doença e logo ficou curado. Alguns
meses depois, Jenner inoculou o líquido extraído de uma pústula de varíola humana no mesmo
menino e este não contraiu a doença. Dessa forma, Jenner conseguiu demonstrar que a
inoculação da varíola bovina poderia conferir proteção contra a varíola humana.
Edward Jenner chamou esse procedimento de vacinação, termo que é utilizado até hoje, para
descrever a inoculação de amostras atenuadas ou enfraquecidas de agentes patológicos
em indivíduos saudáveis, com a finalidade de conferir proteção contra essas doenças.
Quando Jenner introduziu o processo de vacinação, ele não conhecia os agentes infecciosos
que causam as doenças.
Fonte: Autor desconhecido / Wikimedia Commons / domínio público
Robert Koch (1843 -1910).
No final do século XIX, o alemão Robert Koch provou que microrganismos patogênicos
eram os causadores de doenças infecciosas, sendo cada microrganismo responsável por
determinada patologia ou enfermidade. Atualmente, os microrganismos patogênicos
podem ser classificados em quatro grandes classes: os vírus, as bactérias, os fungos
patogênicos e protozoários. A partir das descobertas de Koch e de outros pesquisadores foi
possível o desenvolvimento da imunologia, por meio da vacinação para outras doenças.
Em meados de 1880, Louis Pasteur desenvolveu uma vacina contra a cólera aviária e uma
vacina antirrábica, ambas bem-sucedidas. Apesar de Pasteur ter tido sucesso no
desenvolvimento das vacinas, ele tinha pouco conhecimento sobre os mecanismos que
estavam envolvidos no processo de imunização. Propôs que organismos presentes na vacina
eram capazes de remover nutrientes essenciais do corpo e, dessa forma, os agentes
causadores das doenças não conseguiriam crescer e proliferar. Esses vários acontecimentos
práticos resultaram na busca pelo entendimento dos mecanismos de proteção imunológica.
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Louis Pasteur (1822 – 1895).
Além desses marcos relacionados à vacinação, também é importante destacar que, no início
da década de 1890, Emil von Behring e Shibasaburo Kitaso demonstraram que a proteção
exercida pela vacinação não era oriunda da remoção de nutrientes, mas estava relacionada a
fatores de proteção presentes no soro de indivíduos vacinados. Os dois cientistas
descobriram que o soro de animais imunes ao tétano e à difteria possuía uma “atividade
antitóxica” específica que poderia promover proteção a curto prazo contra os efeitos das
toxinas dessas doenças. Esta atividade antitóxica era desempenhada por substâncias que
foram então chamadas de anticorpos, que são capazes de se ligar especificamente às toxinas
e as neutralizar. Em 1901, Emil von Behring recebeu o primeiro prêmio Nobel de Medicina
por seu trabalho sobre os anticorpos.
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Em 1882, a primeira grande controvérsia surgiu, quando Elie Metchnikoff demonstrou que
algumas células eram capazes de “comer” microrganismos. Isso foi primeiramente
demonstrado em animais invertebrados, e, mais tarde, nos mamíferos. Metchnikoff sugeriu que
estas células faziam parte do principal mecanismo de defesa contra microrganismos — a elas
foi dado o nome de fagócitos – e que os anticorpos tinham pouca relevância no sistema
imunológico.
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No entanto, em 1904, Almroth Wright e Joseph Denys mostraram que os anticorpos eram
capazes de se ligar às bactérias e induzir a destruição delas pelos fagócitos, mostrando a
importância dos anticorpos na defesa do organismo.
Descobertas sobre diferentes células, antígenos, estruturas moleculares, sistemas, entre outras
tantas, foram fundamentais para que chegássemos ao conhecimento que temos atualmente.
Também abriram possibilidades para a evolução da ciência.
HOMEOSTASIA
O sistema imunológico pode ser definido como um conjunto de moléculas, células e tecidos
que medeiam a resposta imunológica, a fim de reconhecer determinadas estruturas
moleculares ou antígenos e promover uma resposta efetiva, provocando a sua destruição ou
inativação. Ou seja, o sistema imunológico é responsável por reconhecer e desenvolver
uma resposta contra antígenos potencialmente patogênicos. Ele possui importante papel
na manutenção da homeostasia, juntamente com os sistemas nervoso e endócrino, e é muito
importante para a sobrevivência dos animais.
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Exemplos de agentes patogênicos.
As células tumorais.
Várias funções executadas pelo sistema imunológico são consideradas redundantes, uma vez
que diversos mecanismos são ativados contra um único invasor.
SAIBA MAIS
Fonte: Shutterstock.com
Fonte: Shutterstock.com
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Para entender como as respostas imunológicas atuam e, com isso, desenvolver métodos
eficazes de detecção e quantificação dessas respostas.
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Anticorpos atacando um vírus, um dos exemplos de respostas imunológicas.
PROPRIEDADES GERAIS DAS RESPOSTAS
IMUNOLÓGICAS
Como já vimos, a resposta imunológica é a reação desencadeada pelo sistema imunológico
diante de um agente agressor com o intuito de proteger o organismo contra os danos que esse
agente possa promover. Há situações em que a resposta imunológica pode ser considerada
normal ou anormal.
Ativa e mobiliza os componentes do sistema de defesa contra o antígeno.
Promove o ataque propriamente dito.
Controla e finaliza o ataque, ou seja, finaliza a resposta imunológica.
Vamos, agora, conhecer alguns casos em que a resposta imunológica se encontra anormal:
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IMUNOTERAPIA
TRANSPLANTES E DROGAS
IMUNOSSUPRESSORAS
Para contornar este problema, foram descobertos medicamentos que poderiam ser usados
como imunossupressores. Esses medicamentos, de uma forma geral, são capazes de
driblar o sistema imunológico enfraquecendo-o, minimizando os riscos de rejeição. Essa
descoberta possibilitou que o transplante fosse viável entre indivíduos que não fossem gêmeos
idênticos.
Nos últimos dez anos, houve um avanço importante nos resultados dos transplantes, com o
surgimento de novas e poderosas drogas imunossupressoras. Muitas delas já estão liberadas
para uso nas clínicas, enquanto outras ainda estão na fase de estudo experimental e pré-
clínica.
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VACINAÇÃO
De forma geral, a produção das vacinas atuais acontece da mesma forma que era produzida
antigamente: a partir da inoculação no corpo humano de bactérias ou vírus enfraquecidos
(atenuados), mortos ou fragmentados que não são capazes de causar infecções, mas
desencadeiam uma resposta imunológica.
Existem vírus tão complexos, sobre os quais as vacinas convencionais não conseguem ter
eficácia, como o vírus da dengue e o da hepatite C. Como alternativa, os cientistas buscam
novas técnicas para criação de vacinas, como por exemplo a utilização de vírus modificados
geneticamente.
Os vírus modificados carregam genes de vírus causadores de outras doenças e por isso são
chamados de vetores virais. Ao entrarem no organismo humano, esses vetores virais não
causam infecções, mas produzem proteínas de vírus de outras doenças, estimulando o sistema
imunológico a produzir anticorpos contra essas proteínas.
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Os vírus modificados estimulam a produção de anticorpos.
A escolha dos vírus como vetores acontece porque já sabemos que eles evoluem e
desenvolvem estratégias para penetrar nas células-alvo, “sequestrar” a maquinaria celular e, a
partir disso, produzirem suas progênies, ou seja, seus descendentes virais.
EXEMPLO
Para que cientistas criem uma vacina contra o vírus A, utilizam um vetor viral B geneticamente
modificado. Neste caso, o vírus B será modificado de forma que os genes essenciais à
replicação e à patogenicidade sejam eliminados, assim ele funcionará apenas como um
transportador de material genético que, neste caso, é o material genético do vírus A. Sendo
assim, ao entrar no organismo, o vírus não causa doença, mas aumenta a síntese de proteínas
do vírus A, estimulando nosso organismo a reconhecer essas proteínas e produzir anticorpos
contra elas.
Essas novas vacinas ainda estão em fase de estudo e precisam de novos testes até que
possam ser aplicadas na população.
POR QUE DESENVOLVER VACINAS É TÃO
COMPLEXO?
Assista ao vídeo que apresenta os desafios e as etapas envolvidas no desenvolvimento de
vacinas.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) Quando o sistema imunológico está com a sua resposta considerada normal, ele consegue
identificar o antígeno estranho, desenvolver uma resposta contra este antígeno, controlar a
resposta, mas não finaliza o ataque.
B) O sistema imunológico, quando desempenha sua resposta de forma anormal, pode produzir
uma resposta imune contra o próprio corpo do indivíduo, o que é definido como reação
alérgica.
C) Podem existir situações em que o sistema imunológico do indivíduo está funcional, mas não
é capaz de combater de maneira eficaz algumas anormalidades, como é o caso do câncer, por
exemplo.
GABARITO
MÓDULO 2
As respostas imunológicas podem ser divididas em dois tipos: a resposta imune inata e a
resposta imune adquirida. Não iremos abordá-las especificamente agora, pois, para entendê-
las, precisamos conhecer os principais componentes que fazem parte desse sistema tão
complexo.
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A medula óssea é a origem das células imunológicas.
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Processo de hematopoiese.
HEMATOPOIESE
DIFERENCIAÇÃO CELULAR
LINHAGEM MIELOIDE
Linhagem celular que origina os neutrófilos, eosinófilos, basófilos, monócitos e mastócitos, que
são as células que compõem a imunidade. Além disso, também origina eritrócitos e plaquetas.
LINHAGEM LINFOIDE
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Células do sistema imunológico divididas em linhagem mieloide e linhagem linfoide.
Realizam sucessivas mitoses e se multiplicam.
Promovem a diferenciação em células de duas linhagens diferentes: linhagem mieloide e
linhagem linfoide.
CÉLULAS DO SISTEMA IMUNOLÓGICO –
LINHAGEM MIELOIDE
NEUTRÓFILOS
Os neutrófilos apresentam o núcleo segmentado (de três a cinco lóbulos) e seu citoplasma
contém grânulos específicos repletos de enzimas, que podem ser divididos em grânulos
primários (Azurófilos) e grânulos secundários (Específicos) .
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Neutrófilo (esquerda) e esfregaço sanguíneo contendo neutrófilos e hemácias (direita).
EOSINÓFILOS
Os eosinófilos apresentam núcleo bilobulado e são células que apresentam grânulos
citoplasmáticos com enzimas nocivas às paredes celulares de parasitas. Os eosinófilos
circulam no sangue e podem ser recrutados para os tecidos.
Alguns eosinófilos podem estar presentes nos tecidos periféricos, especialmente nos
revestimentos de mucosa dos tratos respiratório, geniturinário e gastrointestinal. O número de
eosinófilos pode aumentar em determinado tecido por conta do recrutamento a partir do
sangue, que ocorre no caso de inflamação e presença de parasitas alojados no tecido.
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Eosinófilo (esquerda) e um esfregaço sanguíneo (direita) contendo eosinófilos, hemácias e
um neutrófilo (seta).
BASÓFILOS
Os basófilos apresentam núcleo volumoso, irregular e muitas vezes está encoberto por
grânulos abundantes que preenchem o citoplasma. São granulócitos sanguíneos que
constituem menos de 1% dos leucócitos do sangue. Embora essas células estejam
normalmente ausentes nos tecidos, podem ser recrutadas para locais inflamatórios.
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Basófilo (esquerda) e um esfregaço sanguíneo (direita) contendo um basófilo e hemácias.
MASTÓCITOS
Os mastócitos apresentam núcleo redondo ou ovalado, com grânulos no citoplasma. São
células que se encontram nos epitélios da pele e das mucosas. Quando são ativadas, liberam
seus potentes mediadores inflamatórios que promovem defesa contra infecções por parasitas;
também produzem os sintomas das doenças alérgicas.
Esses mediadores inflamatórios, como por exemplo a histamina, são capazes de promover
alterações nos vasos sanguíneos causando a inflamação. Os mastócitos maduros são
normalmente encontrados na circulação sanguínea, mas também podem estar nos tecidos em
condições normais, próximos a pequenos vasos sanguíneos e nervos.
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Um mastócito (esquerda) e esfregaço sanguíneo (direita) contendo um mastócito
degranulando o seu conteúdo (células maiores).
MONÓCITOS
Os monócitos são células que apresentam núcleo ovoide em forma de rim e seu citoplasma
possui grânulos pouco visíveis.
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Monócito (esquerda) e um esfregaço sanguíneo (direita) contendo um monócito, hemácias
e um neutrófilo (seta).
Essas células estão circulantes no sangue e, quando são recrutadas e migram para os tecidos,
principalmente em reações inflamatórias, se diferenciam em macrófagos. Além disso, os
monócitos são precursores das células dendríticas, que compõem o sistema imunológico, e
dos osteoclastos, células que compõem a matriz óssea.
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Diferenciação de monócitos.
MACRÓFAGOS
Os macrófagos, por sua vez, são fagócitos que estão amplamente distribuídos nos tecidos do
organismo (pulmão (Macrófagos alveolares) , fígado (Células de Kupffer) , rins (Células
mesenquimais) , sistema nervoso (Micróglias) e tecido conjuntivo (Histiócitos) ) e atuam na
defesa desses tecidos. Em contato com o agente agressor, os macrófagos apresentam
uma enorme capacidade fagocítica. Ele funciona tanto na resposta imune inata (inicial)
quanto é capaz de estimular a resposta imune adaptativa (mais especializada), pois apresenta
antígenos aos linfócitos T.
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Macrófagos
CÉLULA DENDRÍTICA
As células dendríticas são originadas a partir de monócitos. Elas são células circulantes e
residentes nos tecidos que percebem e iniciam reações contra patógenos. Também são
apresentadoras de antígenos aos linfócitos T. Seu nome “dendríticas” refere-se às inúmeras
projeções membranares longas (ou dendritos) que possuem.
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Formação das células dendríticas.
APOPTOSE
LISE
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Ilustração de célula NK destruindo célula cancerosa.
ENTENDENDO AS CÉLULAS
APRESENTADORAS DE ANTÍGENOS
O vídeo apresenta uma abordagem detalhada sobre este grupo de células.
PLASMÓCITOS
MALT é um tecido povoado por macrófagos, células dendríticas e linfócitos, que em seres
humanos compreende as tonsilas, as placas de Peyer do intestino delgado e o apêndice.
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Micrografia mostrando Placas de Peyer no íleo distal (parte do intestino delgado).
FUNÇÕES FISIOLÓGICAS
As mucosas são sítios frágeis devido às suas funções fisiológicas. Por conta dessa
fragilidade, é necessária a presença de mecanismos de defesa como o MALT. No entanto, é
importante destacar que ele não é a única forma de defesa existente nas mucosas do
organismo.
Fonte: EnsineMe.
Processo de maturação dos linfócitos.
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Anatomia dos órgãos linfoides.
Produção celular e
Função: Produção e Amadurecimento de
amadurecimento de
amadurecimento linfócitos T
linfócitos B
Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Órgão linfoide
Linfonodos Baço MALT
secundário
MEDULA ÓSSEA
TIMO
O timo é onde ocorre a maturação das células T. É um órgão bilobado que involui após a
puberdade. Cada lobo do timo é dividido em múltiplos lóbulos, e cada lóbulo é constituído por
um córtex externo e uma medula interna. O córtex é formado por uma densa coleção de
linfócitos T, enquanto a medula mais clara é povoada por poucos linfócitos maduros.
Além de linfócitos, a medula do timo também contém macrófagos, células dendríticas, entre
outras células. As células T do timo também podem ser chamadas de timócitos, que são
células T em estágios de maturação diferentes.
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Localização anatômica do Timo.
SAIBA MAIS
Para que um linfócito T maduro seja considerado adequadamente funcional, ele precisa se ligar
à molécula do complexo de histocompatibilidade — MHC (seleção positiva) e não reagir contra
antígenos próprios (seleção negativa). No córtex acontece a seleção positiva, e na medula do
timo ocorre a seleção negativa. Após esse processo, as células T maduras e com funções
adequadas deixam o timo, entram na corrente sanguínea e chegam aos tecidos.
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Anatomia 3D de secção de um linfonodo.
LINFONODOS
Existem aproximadamente 500 linfonodos no corpo humano e estes são circundados por uma
cápsula fibrosa. Abaixo desta cápsula, existe um sistema sinusal repleto de linfócitos,
macrófagos, células dendríticas e outros tipos celulares.
BAÇO
O baço é um órgão extremamente vascularizado que possui como funções principais remover
células sanguíneas envelhecidas e danificadas da circulação e iniciar respostas imunológicas a
antígenos que são transportados pelo sangue. Situa-se no quadrante superior esquerdo do
abdome.
O baço é dividido em polpa vermelha, formada principalmente por sinusoides vasculares cheios
de sangue, e polpa branca, que é rica em linfócitos T e B. Os macrófagos que estão presentes
na polpa vermelha funcionam como um filtro do sangue, removendo microrganismos, células
danificadas (como eritrócitos velhos) e células ou microrganismos que estão cobertos por
anticorpos (opsonizados).
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Ilustração 3D do baço.
OPSONIZAÇÃO
As pessoas que não possuem baço são suscetíveis a infecções. Isso acontece porque os
microrganismos responsáveis por infecções, como as bactérias, por exemplo, são normalmente
depurados através da opsonização e fagocitose. Essa função fica defeituosa na ausência do
baço.
MALT
MALT, além de ser associado a mucosa também são órgãos linfoides secundários. E, como já
vimos, é um componente do sistema imunológico que está associado às mucosas, envolvido
nas respostas imunológicas contra antígenos e microrganismos ingeridos e inalados.
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REDE LINFOCITÁRIA
O sistema linfático é formado por vasos especializados (que podem ser chamados somente de
linfáticos) e por linfonodos. Os vasos linfáticos associados aos linfonodos formam uma
impressionante rede, responsável pela drenagem de líquido (chamado de linfa) dos tecidos e o
reconduz para o sangue. Os vasos linfáticos são indispensáveis para a homeostasia dos
fluidos teciduais e para o desenvolvimento de respostas imunológicas.
O líquido intersticial é formado a partir do movimento de um filtrado do plasma para fora dos
capilares e esse movimento acontece constantemente em tecidos vascularizados. A velocidade
de formação desse líquido intersticial pode aumentar de forma significativa caso o tecido seja
lesado ou infectado.
VOCÊ SABIA
Aproximadamente dois litros de linfa são devolvidos à circulação por dia. Dessa forma, uma
desorganização do sistema linfático por infecções ou tumores pode gerar um grave inchaço
tecidual.
São aqueles que se unem e se dirigem para o mesmo ponto ou mesmo lugar.
Os capilares linfáticos são canais vasculares revestidos por células endoteliais sobrepostas,
sem as junções comunicantes e sem a membrana basal, que são características típicas dos
vasos sanguíneos. Eles absorvem o excesso de líquido intersticial acumulado nos tecidos, que
é bombardeado para o interior dos vasos linfáticos convergentes que vão se tornando
maiores. Estes, por sua vez, se fundem aos vasos linfáticos aferentes que irão drenar a linfa
para o interior dos linfonodos. De forma diferente, os vasos linfáticos eferentes drenam a linfa
para fora dos linfonodos e se unem para formar um vaso calibroso, chamado de ducto torácico.
A linfa oriunda do ducto torácico se esvazia na veia cava superior e, dessa forma, devolve o
líquido para a corrente sanguínea.
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Sistema linfático.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
C) Os linfócitos são células que compõem a linhagem mieloide e são muito importantes no
reconhecimento e no combate a moléculas estranhas através da resposta imunológica.
E) A mobilidade que as células possuem entre sangue, linfa e tecidos, auxilia na geração das
respostas imunológicas, já que várias células podem migrar para locais infectados ou lesados.
D) Os linfonodos estão distribuídos pelo corpo ao longo dos canais linfáticos, e são
responsáveis por desenvolver respostas contra antígenos transportados dos tecidos pelos
vasos linfáticos.
E) Os vasos linfáticos atuam na drenagem da linfa dos tecidos, mas não possuem papel
contribuinte no desenvolvimento de respostas imunológicas.
GABARITO
ANTÍGENO E ANTICORPOS
Os anticorpos são proteínas que ficam circulantes no corpo, produzidas em resposta a
estruturas estranhas que foram reconhecidas. Os anticorpos são muito variados e específicos
na sua capacidade de reconhecer estruturas estranhas. Já as substâncias que estimulam a
produção de anticorpos (ou são reconhecidas por eles) chamamos de antígenos.
É importante ressaltar que outras moléculas são capazes de se ligar aos antígenos (como
os receptores de células T), mas os anticorpos foram o primeiro tipo de molécula
descoberta com essa capacidade. Os anticorpos reconhecem uma enorme variedade de
estruturas antigênicas, possuem uma grande capacidade de reconhecer diferentes antígenos e
realizam ligações fortes com eles.
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Estrutura detalhada dos anticorpos.
As imunoglobulinas são formadas por quatro subunidades unidas entre si que conferem aos
anticorpos uma estrutura semelhante a um Y. Essas quatro subunidades são divididas em
cadeias leves e pesadas. Dessa forma, o anticorpo é constituído por duas cadeias pesadas e
duas cadeias leves. Na estrutura de Y, os “braços” do Y são chamados de fragmento Fab, que
é a porção que se liga ao antígeno; e o “pé” do Y é chamado de fragmento Fc.
Existem tipos diferentes de anticorpos de acordo com a forma que apresentam sua cadeia
pesada. São conhecidos como classes de isótipos, desempenham funções diferentes e
contribuem para dirigir a resposta imunológica de acordo com cada tipo de antígeno
encontrado. As cinco classes de anticorpos são: IgA, IgD, IgE, IgG e IgM.
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As cinco classes de anticorpos.
AS PRINCIPAIS CLASSES DE ANTICORPOS
Assista ao vídeo para conhecer as classes de anticorpos.
Embora os anticorpos possuam uma estrutura geral muito semelhante, existe no ápice da
proteína uma pequena região variável chamada de região hipervariável. Ela permite que
existam em nosso organismo muitos tipos de anticorpos. Essa grande variedade de anticorpos
possibilita ao sistema imunológico reconhecer uma elevada diversidade de antígenos.
Os anticorpos são produzidos somente pelos linfócitos B e podem existir de duas formas
diferentes:
Anticorpos ligados à superfície dos linfócitos B que atuam como receptores antigênicos e
ativam esses linfócitos que iniciam uma resposta imune.
Anticorpos secretados para atuar na proteção contra microrganismos.
Quando os anticorpos são secretados na circulação e nas mucosas, eles são capazes de
neutralizar e eliminar microrganismos e toxinas que podem estar presentes no sangue e no
lúmen de órgãos mucosos, como trato respiratório e trato gastrointestinal.
Uma das principais funções dos anticorpos é impedir que patógenos (presentes no sangue ou
nas mucosas) tenham acesso e colonizem células e tecidos do indivíduo. Dessa forma, os
anticorpos impedem que infecções se estabeleçam.
LINEARES
Fonte: Shutterstock.com
Imunidade humoral, reconhecimento de antígenos pelos anticorpos.
ANTÍGENOS
Quando um anticorpo reconhece determinado epítopo, ele o deixa “marcado” para que outros
componentes do sistema imunológico realizem também o ataque. Além disso, os anticorpos
também podem neutralizar o antígeno através da ligação a uma porção necessária para que
este seja capaz de provocar infecção.
Fonte: Shutterstock.com
Anticorpos combatendo um patógeno, neutralizando-o.
LOCUS
COMPLEXO DE HISTOCOMPATIBILIDADE
PRINCIPAL (MHC)
As moléculas do MHC são proteínas que se localizam na membrana de células
apresentadoras de antígenos (APC), que, como o próprio nome diz, possui a função de
apresentar antígenos peptídicos para os linfócitos T, que irão realizar o reconhecimento desses
antígenos.
O MHC foi descoberto com um grande locus do DNA, onde os produtos eram responsáveis
pela rejeição dos transplantes. Dessa forma, podemos entender que o MHC é uma região
genômica grande, possui papel fundamental no sistema imunológico e apresenta capacidade
de provocar intensa rejeição entre indivíduos da mesma espécie.
EXEMPLO
Indivíduos que possuem o loci do MHC idêntico (gêmeos idênticos) aceitarão os enxertos uns
dos outros; por outro lado, os indivíduos com o loci do MCH diferente terão seus enxertos
rejeitados.
Fonte: Emw / Wikimedia Commons / licença (CC BY-SA 3.0)
Estrutura de proteína HLA.
POLIMÓRFICOS
Gene polimórfico é quando ocorre mais de uma forma diferente de um gene específico.
Cada variante de um gene polimórfico é chamada de alelo.
O locus do MHC possui dois conjuntos de genes extremamente polimórficos que são
chamados de MHC de classe I e MHC de classe II. Além dos genes polimórficos, o locus do
MHC possui diversos genes não polimórficos, que são responsáveis pela produção de
proteínas envolvidas na apresentação de antígenos.
O MHC de classe I e o de classe II são proteínas da membrana que possuem uma porção
aminoterminal, e nela há uma fenda que irá se ligar a peptídeos. A estrutura geral dos MHC
de classe I e II é muito semelhante, apesar de haver diferença na composição das subunidades
das moléculas.
MHC DE CLASSE I
Possui uma cadeia alfa ligada de forma não covalente a uma proteína chamada β2-
α2. A variação desses resíduos na fenda de ligação peptídica permite reconhecer uma
aminoácidos, e este domínio é local onde o receptor do linfócito T (CD8) liga seu correceptor. É
importante saber que o MHC de classe I se expressa na superfície de todas as células
nucleadas.
RESÍDUOS POLIMÓRFICOS
MHC DE CLASSE II
Apresenta duas cadeias, uma α e a outra β. As regiões aminoterminais das duas cadeias
(domínio α1 e domínio β1) possuem resíduos polimórficos e formam uma fenda maior que a
fenda de MHC de classe I, que acomoda e reconhece peptídeos que podem ter entre 10 a 30
resíduos de comprimento. O domínio β2 do MHC de classe II não é polimórfico e possui um
Essa enorme variabilidade de polimorfismos garante que os indivíduos sejam capazes de lidar
com ampla diversidade de microrganismos e que pelo menos alguns desses indivíduos irão
desencadear uma resposta imunológica eficaz contra os peptídeos antigênicos desses
microrganismos.
O MHC se liga somente a peptídeos e não a outros tipos de antígenos. Isso porque apenas os
peptídeos possuem as características estruturais e a carga necessária para se ligar às fendas
das moléculas de MHC. É exatamente por isso que os linfócitos T (CD4 e CD8) só conseguem
reconhecer e responder a antígenos proteicos.
Em relação à ligação dos antígenos às moléculas do MHC, cada molécula do MHC apresenta
somente um peptídeo por vez, isso porque o MHC dispõe apenas de uma fenda de ligação
(local de ligação). Após esta ligação, o complexo MHC + peptídeo será reconhecido e
apresentado ao linfócito T, veremos isso no próximo tópico.
Fonte: ABBAS, A. K.; LITCHMAN, A. H, 2009.
Receptor de linfócito T reconhecendo peptídeo apresentado via molécula de MHC.
SAIBA MAIS
APC
ORGANELAS
Fonte: Shutterstock.com
Mecanismo de apresentação de antígeno pelas APC com microrganismos extracelulares.
PROTEÓLISE
ENDOCITOSE
LISOSSOMOS
As novas moléculas de MHC de classe II produzidas em uma APC irão carregar consigo uma
proteína chamada de cadeia constante (Ii). Essa cadeia constante possui uma sequência
chamada CLIP, que é peptídeo de cadeia constante classe II. CLIP se liga fortemente à
fenda da molécula de MHC de classe II recém-formada. Dessa forma a molécula classe II fica
ocupada e isso impede que ela se ligue a peptídeos no retículo endoplasmático (RE), já que as
moléculas classe II são sintetizadas no RE. Assim, a molécula de MHC de classe II associada a
Ii será direcionada para as vesículas que estão com os peptídeos microbianos recém-
processados em seu interior.
É importante ressaltar que essas vesículas possuem dentro delas um outro tipo de MHC
classe II, que é o chamado DM. A função do MHC-DM (ou também chamado de HLA-DM) é
de trocar o CLIP do MHC de classe II por peptídeos que podem estar disponíveis neste
compartimento. Assim que o MHC de classe II se liga firmemente a um dos peptídeos gerados,
a partir das proteínas microbianas, esse complexo do MHC + peptídeo se torna estável e será
direcionado à superfície celular. Caso a molécula de MHC não encontre um peptídeo no qual
ela possa se ligar, a molécula ficará vazia e instável, com isso será degradada na vesícula por
proteases.
Fonte: ABBAS, LICHTMAN e PILLAI, 2019.
Processo de apresentação de antígenos através de moléculas MHC II.
Um único antígeno, que sofreu proteólise, pode originar vários peptídeos, porém somente
alguns poucos deles ligam-se às moléculas de MHC.
O processamento de antígenos por MHC de classe I pode ser dividido em algumas etapas:
Fonte: EnsineMe.
No citoplasma da célula ocorre a produção das proteínas antigênicas, que podem ser
oriundas de vírus que vivem nessa célula infectada, de alguns microrganismos que foram
fagocitados e que saíram dos fagossomas, e de genes do próprio hospedeiro que sofreram
mutações ou que foram modificados e codificam proteínas nucleares ou citosólicas, como
no caso dos tumores. Todas essas proteínas sofrem proteólise por uma organela proteolítica
chama de proteassoma. Essa organela cliva as proteínas em peptídeos de tamanho que
possibilitam que se liguem bem às moléculas de MHC de classe I.
As células T CD4 são específicas para reconhecimento do MHC classe II, e essas células
auxiliam os linfócitos B a produzir anticorpos e os fagócitos a destruir os microrganismos
ingeridos. Dessa forma, as células T CD4 ativam os dois mecanismos efetores mais favoráveis
para eliminar os microrganismos que foram internalizados do ambiente extracelular.
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LINFÓCITOS VIRGENS
RECEPTORES DE ANTÍGENOS E
MOLÉCULAS ACESSÓRIAS DOS
LINFÓCITOS T
Os receptores de antígenos possuem funções muito importantes na maturação dos linfócitos e
nas respostas imunes. Os linfócitos virgens, quando reconhecem um antígeno, iniciam
respostas e com isso as células T efetoras e os anticorpos são capazes de desempenhar suas
funções.
Esses receptores apresentam características essenciais para a função das células diante das
respostas imunológicas. Apesar de estes receptores apresentarem estruturas muito
semelhantes, também possuem diferenças fundamentais relacionadas aos tipos de estruturas
antigênicas reconhecidas pelas células B e T.
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AFINIDADE
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VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) Os peptídeos antigênicos que são formados no interior de vesículas, são apresentados por
MHC de classe I.
C) As moléculas de MHC classe I produzidas em uma APC, irão carregar consigo uma proteína
chamada de cadeia constante (Ii).
B) Linfócitos T CD8.
E) Microrganismos intracelulares.
GABARITO
As moléculas de MHC são produzidas no retículo endoplasmático e possui como função se unir
a antígenos para apresentá-los na superfície celular. O MHC de classe I apresenta peptídeos
oriundos do espaço citosólico, enquanto o MHC classe II apresenta peptídeos que estão no
interior de vesículas, e carrega junto a si uma cadeia constante (Ii).
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como vimos, a Imunologia é uma ciência que continua evoluindo até hoje. O estudo do
sistema imunológico é fundamental para que outras áreas da ciência possam progredir.
Vários recursos médicos utilizados nos dias de hoje são fruto de pesquisas realizadas na área
imunológica.
Para que ocorra a proteção contra patógenos, o sistema imunológico utiliza mecanismos para
reconhecê-los. Isso ocorre pela identificação dos antígenos presentes na superfície dos
microrganismos ou das proteínas microbianas. A identificação é feita via receptores presentes
nas células que compõem o sistema imunológico. A partir daí, é desenvolvida uma resposta,
desencadeada por vários elementos constituintes do sistema para promover a proteção.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. Imunologia celular e molecular. 9. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2015.
ABBAS, A. K.; LITCHMAN, A. H. Imunologia básica: funções e distúrbios do sistema
imunológico. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos tratados neste tema, leia o livro Imunologia básica:
funções e distúrbios do sistema imunológico, dos autores Abbas e Litchaman.
CONTEUDISTA
Thaíssa Queiróz Machado
CURRÍCULO LATTES