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A gatinha que não sabia miar


Em uma cabana, no meio da floresta, nascia uma
ninhada de gatinhos. Todos eles eram muito bonitos, e os
donos da casa se encantaram.

Entre essa ninhada, estava Lili, uma linda gatinha de


olhos azuis que encantava a todos por sua beleza.

Com o tempo, os gatinhos foram crescendo e andando


pela cabana, sempre explorando tudo que havia por ali, como
os novelos da lã que eram da vovó fazer o tricô ou os
brinquedos das crianças.

Todos os gatinhos então começaram a miar, e os miados


deixavam a casa mais feliz, contudo, Lili era muito calada,
ninguém, mas ninguém mesmo, conseguia ouvir sequer um
miado seu.

A mãe gata, ao ver aquilo, começava a se preocupar,


afinal, o que havia de errado com Lili? Já os irmãos, por não
entenderem o que acontecia, caçoavam da gatinha, sempre
dizendo: “Ah, Lili, tão bonitinha, mas é uma pena que não
saiba miar!”.

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Os adultos e as crianças da casa também comentavam:
“Que gatinha mais estranha, ela não mia!” E tudo isso foi
fazendo com que Lili se sentisse sozinha e que não podia
fazer parte daquela família.

Até que em um dia de sol, enquanto todos saíram para o


lado de fora da casa para fazer um piquenique e os gatinhos
brincavam de rolar e miar, Lili, muito triste e se sentindo
inferior, resolveu desobedecer a sua mãe, que sempre
orientava à ela e seus irmãos: “Vocês nunca devem ir
sozinhos para a floresta, pois lá existem muitos perigos”.
Porém, foi exatamente isso que Lili fez.

Sem se dar conta, ela saiu caminhando e pensando: “Por


que eu sou diferente? O que há de errado comigo? Por que
eu não posso ser igual aos meus irmãos e miar? Por que eu
não consigo miar?”

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Lili caminhou tanto, que nem se deu conta que havia se
afastado muito da cabana. Foi então que se deparou com
uma coruja, que lhe perguntou: “O que faz por aqui, em uma
floresta com tantos perigos, bela gatinha?”.

A gatinha inclinou sua cabeça para cima e viu no topo de


uma árvore que uma figura no meio dos galhos olhava ela
esperando uma resposta, assim ela disse: “Estou triste, muito
triste, não sou igual aos meus irmãos, todos vivem zombando
de mim, por isso resolvi vir até aqui.”

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A coruja, olhando aquele serzinho tão pequeno de olhos
azuis, continuou: “Mas qual é o motivo de tanta tristeza,
pequena?”

“Eu ainda não sei miar...” lamentou Lili.

“Ora, mas isso não pode ser um problema tão grande


assim! Com a minha velha sabedoria de anos, já vi muitos
animais aqui, e te garanto que se é da sua
natureza miar, um dia você vai
conseguir! Tudo é questão de tempo,
pequena, não se cobre tanto!
Acredite em você! Lembre-se,
existe uma força poderosa
dentro de cada um de nós.
Basta querer, para acontecer!
Mas se quer um conselho, volte
para a sua casa, sua família
deve estar preocupada, e essa
floresta pode ser muito perigosa,
principalmente ao anoitecer!”

Foi então que Lili ouviu um uivo vindo lá de longe


e se lembrou de que sua mãe também havia lhe falado

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sobre os lobos da floresta! Logo, se deu conta de que
anoiteceu e de que não sabia onde estava, assim, começou
a entrar em desespero, saiu correndo, tentando voltar pelo
caminho de onde vinha, mas ficou completamente perdida.

Enquanto isso, lá na cabana, a mamãe gatinha, seus


irmãos e os humanos estavam todos preocupados com o
sumiço de Lili. Procuraram por toda cabana e aos arredores,
mas perceberam que a gatinha poderia ter ido para a floresta.
O pânico tomou conta de todos, e assim, humanos e animais
decidiram procurar Lili.

No caminho, os irmãos refletiam: “Não deveríamos ter


caçoado de Lili só porque ela não sabe miar! Pobre Lili! Não
conseguimos entender que talvez ela só tenha dificuldade
para miar, deveríamos tê-la ajudado!”

E todos gritavam: “Lili, onde está você?”.

A gatinha, que até aquele momento se via perdida,


começou a ouvir todos chamando por seu nome. Ficou feliz,
porque viu a preocupação dos seus familiares, mas também
percebeu que eles não conseguiriam encontra-la se ela não
desse um sinal, estava muito escuro para ir de encontro a
eles. Ela precisava fazer algo.

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Lembrou-se da coruja e o que ela disse: “Existe uma
força poderosa dentro de cada um de nós!” Agarrou-se à essa
ideia e afirmou: “Existe uma força poderosa dentro de mim!
Eu posso miar, eu vou conseguir!”

Tentou uma vez, mas o miado não saía. Outra vez, outra
vez e mais uma vez! Mas ela pensava: “Não vou desistir,
minha família precisa me encontrar!”, e tentou mais uma vez,
um pequeno miado saiu, ela se empolgou, mas ainda não era
o suficiente, esforçou-se, respirou fundo e até que saiu um
miado tão alto que foi escutado por todos da floresta!

A família de Lili se surpreendeu e ao mesmo tempo ficou


muito feliz, porque assim puderam encontrar a gatinha perdida.
Em casa, os irmãos se desculparam com Lili e prometeram
nunca mais caçoar nem dela nem de mais ninguém que fosse
diferente ou que não conseguisse fazer alto.

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Lili, mais do que aprender a miar, também aprendeu uma
lição poderosa que levou para o resto da vida: “Não importa
o que digam ou pensem, existe uma força poderosa dentro de
você! Nunca desista!”.

FIM

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