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BUSTO DE PEDRA

Abri meus olhos e a claridade os invadiu.


Era manhã no povoado de Awkra onde nasci, situado no coração de Alhena,
cercado por árvores de diferentes tipos e tamanhos, o lugar mais belo que eu conhecia, não
que eu conhecesse outros. Acordei com o bater de pratos e o trotar de cavalos à porta de
casa.
– Íris? Já acordou? Vêm comer, menina! O Rildy tá na porta!
Levantei-me de um pulo e saí do pequeno quarto, as cortinas roxas que separavam
ele da sala destoavam completamente do vermelho do resto da casa. Nossa casa era bem
simples, como todas as outras do vilarejo. Uma sala que servia ao mesmo tempo de
cozinha, dois pequenos quartos um ao lado do outro e, espremido no que restava de
espaço, um pequeno banheiro para necessidades simples e um balde para tomar banho.
A casa era completamente de madeira, do piso ao teto, pilhas de troncos mal
cortados empilhados um ao outro, às vezes eu me perguntava se o que segurava essa
estrutura não era magia.
A cozinha/sala era o lugar mais espaçoso, mas ainda tinha suas limitações, uma
grande janela à direita permitia que a luz entrasse e dava visão para a rua de terra a frente
onde passavam diversas pessoas levando diferentes tipos de material para trocas e vendas.
Haviam 3 cadeiras de balanço sob o tapete circular vermelho mais para o centro da sala,
uma mesa pequena com duas cadeiras do lado próximo a porta de saída, no canto ao lado,
a pia, e na parede oposta à janela, vários armários onde minha mãe guardava a louça.
Minha mãe, Salia, era a versão adulta de mim mesma. Cabelos extremamente
negros, tanto quanto os olhos, uma mulher alta e bonita, gentil, exceto quando gritava
comigo. Além das rugas que começavam a aparecer em sua face, creio que nossa maior
discrepância fosse o peso, enquanto ela tendia a ter uma barriguinha saudável, eu mal
cabia em minhas próprias calças.
– Bom dia, mãe. – Disse pegando alguns biscoitos que ela havia deixado no prato
em cima da mesa e um copo de leite. - O Lu-ka ainda não acordou? – Meu irmão mais
novo, ainda bebê.
– Ele passou a madrugada acordado, quase não durmo. Aqui – ela colocou um
balde na mesa –, depois que cumprimetar seu amigo, vai pegar água pra gente.
Tomei meu café da manhã, peguei o balde e abri a porta. Como imaginei, Rildy
estava sentado ao lado.
– Bom dia, Rildy!
– Bom dia Iris.
Ele se levantou e eu mostrei o balde.
– Minha mãe pediu pra gente ir no lago pegar água.
– Certo! – Ele se levantou sorrindo como sempre.
Rildy era um pouco mais baixo que eu, o corpo consideravelmente mais bronzeado,
talvez por ajudar bastante o pai. Os cabelos pretos dele tinham alguns fios grisalhos, o que
podia indicar qualquer coisa, menos velhice, não têm como ser velho com 13 anos. Ele
sorria como um bobo por qualquer coisa, aposto que se alguém o ameacesse de morte, ele
sorriria de volta.
Fomos até a casa dele e pegamos um balde também, era comum fazermos o trajeto
até o lago aos finais de semana quando não tínhamos aula e ajudavamos um pouco mais
em nossas casas. Rildy era tagarela. Não perdia uma oportunidade de me diminuir, mas
dentre as crianças no vilarejo ele era o único que ficava perto de mim, parecia que todas as
outras haviam montado seus grupinhos e se fechado neles.
– Anda mais rápido, Íris! Desse jeito a gente só vai chegar de noite lá! Ainda têm
muito caminho!
– Calma aí, tampinha! Ninguém tá com pressa!
– Tampinha? Você respeite os mais velhos, mocinha.
– Um ano de diferença, Rildy. Não é porque tem cabelo branco que eu vou te
chamar de senhor.
– Eu não tenho cabelo branco!
– Então o que é isso? – Arranquei um fio de cabelo grisalho dele. – Pelo de gato?
– Tá me chamando de gato?
Bati com meu balde nas costas dele.
– Se manca. – Tomei a frente da caminhada dessa vez.
O caminho que levava ao lago era mais uma trilha apertada que qualquer outra
coisa. A estrada de terra se misturava com a grama e a paisagem se fechava conforme
adentrava a mata, o barulho de animais se intensificava, mas nossos pais não achavam
perigoso.
Eu também não achava perigoso, não com o Rildy e não de dia, só tinha uma coisa
que me assustava naquele longo caminho, um trecho onde era possível ver uma construção
de pedra dentro da mata.
A mata fechada quase não permitia a visão daquele lugar, mas sabíamos que ele
existia e sempre que eu passava por perto tinha uma sensação ruim. Era uma construção
retangular elevada com um portal triangular que lembrava a entrada de uma igreja, apesar
de não ter porta. O teto triangular tinha buracos visíveis e os poucos degraus que tornavam
possível subir até a entrada estavam caindo aos pedaços. Vinhas e limo cobriam a
estrutura.
– Já pensou em entrar aí? – Perguntou Rildy ao perceber que eu encarava o lugar.
– E-eu? Eu não! - Falei mais alto do que realmente queria. – Minha mãe disse pra
não mexer com a casa dos antigos.
– Os antigos tem templos e igrejas para abençoar, não essa ruína, Iris.
– Minha mãe disse que isso deve ter sido feito pra cultuar algum deus.
– Quando? Isso parece ter centenas de anos, nossa vila não deve ter tanto tempo
assim.
– Pode ser de antes da gente.
– No meio do mato?
Admito que fiquei sem resposta.
Quando voltávamos do lago com os baldes cheios Rildy perguntou:
– Não quer descobrir?
– Oi?
– Entrar lá – ele apontou com a cabeça para o provável templo.
– Não! - mais alto do que deveria.
Rildy me puxou e eu tropecei derramando quase metade da água que havia pegado.
– Você tá louco?
– A gente pega mais depois!
Ele me arrastou contra minha vontade até a porta do lugar.
– Olha, tá tudo bem. Vê só.
A porta rangeu quando ele encostou a mão.
A luz entrou iluminando precariamente o ambiente. Haviam pilastras internas em
volta de uma estátua. O busto de uma mulher encapuzada, seus olhos não haviam sido
esculpidos, apenas os lábios sem expressão aparente.
– O que é isso?
– Uma estátua, burra.
Bati novamente com o balde nele. Dessa vez molhou.
Rildy ficou observando aquela mulher misteriosa por alguns segundos. Até que eu
puxei o braço dele.
– Vem, vamos.
Enchemos novamente os baldes e voltamos tagarelando para a casa. Apesar do
clima estranho, o resto do dia foi normal e tranquilo. Mas quando fechei os olhos à noite,
não pude deixar de pensar naquele rosto sem olhos.
DESPEDIDA

Voltávamos do lago em cavalos separados, dessa vez, sem baldes.


– Não posso ficar, Íris. A gente já conversou sobre isso.
Rildy havia completado 18 anos e estava pronto para sair da vila. Tentar a sorte
como aventureiro e viajar pelo mundo. Eu tentava a todo custo impedir.
– Só mais um ano. Aí a gente poderia ir juntos.
– Mais um ano nesse lugar?
– Você quer tanto assim ficar longe de mim?
Seu cavalo parou e eu parei o meu junto.
– Eu ainda voltarei de vez em quando.
– De vez em quando? Enquanto você vai explorar o mundo, beber kvas, conhecer…
Pessoas, eu vou ficar presa aqui! Eu só te peço um ano.
– Eu não vou ficar bebendo, Íris. Não vai ser uma vida de curtição. Eu vou lutar pelo
povo. Não ficar indo atrás de mulheres.
Me pus em movimento novamente.
– Não interessa. - Eu disse. - Você não vai estar aqui.

•••
Cheguei em casa e abracei Lu-ka. Ele havia crescido tanto em cinco anos. Tinha os
mesmos cabelos pretos da nossa mãe, mas seus olhos tinham um tom verde escuro. Ele
era gordinho e fofo demais para a idade dele.
– Cadê a mamãe, maninho?
– Tá na cama.
Nossa casa permanecia quase idêntica à de cinco anos atrás. A cortina roxa
continuava separando meu quarto do resto da casa, mas o tapete havia mudado para a de
um animal de pelo marrom.
– Mama? - Entrei no quarto de minha mãe. Era tão apertado quanto o meu, mais
ainda pela cama de casal ao invés da minha de solteiro.
Salia ainda era a mesma, exceto pelas rugas que haviam se tornado mais evidentes.
Estava deitada com os olhos fechados.
– Você está bem?
– Dor de cabeça. O que foi, menina? Tá com uma cara triste.
– É tão evidente assim?
Ela me olhou com um olhar de pena que eu já conhecia de meses atrás.
– Ele não vai para sempre.
– Eu sei. - Sentei na beirada da cama. - Mas eu não vou ter ninguém.
– Você não está realmente preocupada com isso? Está? - Salia sentou-se ao meu
lado.
– Com o que mais estaria? Eu não tenho ninguém no vilarejo, mãe.
– Você tem a mim, e o Lu-ka.
– E nenhum amigo mais.
– Você está com medo de que ele ache outra amiga. Vá lá falar com ele, ou eu vou
ter que forçá-la?
– Eu não quero que ele me odeie.
– Você vai se odiar se não disser o que sente, Íris. O Rildy só pode responder ao
que você pensa, se ele souber o que está pensando.
– Você tem razão.

•••
Ao anoitecer me juntei com os demais na entrada do vilarejo, um caminho de terra
com um arco de pedra onde lia-se "Awkra". Um grupo de pessoas com trajes de viagem e
cheias de bagagem montavam seus cavalos e se despediam de familiares e amigos.
Rildy estava montado em seu cavalo marrom. Quando me viu chegando pulou e veio
de encontro a mim.
Ele vestia trajes comuns de viajante assim como os outros. Botas nos pés para
terrenos difíceis e um manto marrom batido para se proteger do clima. Me doía ver ele
vestido assim.
Rildy foi o único amigo que eu tive nesses dezetesse anos. Agora ele era mais alto
que eu e os cabelos bem mais grisalhos, mas eu não conseguia descobrir o que o preto em
seus olhos demonstrava.
– Veio se despedir adequadamente? – Disse ele, frio.
– Você não vai ficar se eu pedir para ficar.
– Eu voltarei se pedir que eu volte.
Tomei ar e retruquei:
– Eu não quero que volte.
A marra dele foi-se embora em um instante. Ele abriu a boca mas eu logo disse:
– Eu irei até você.
– Mesmo? - Disse ele após um suspiro, com um sorriso no rosto.
– Um ano. - Eu sorri de volta. – Em um ano eu sairei daqui e me tornarei uma
aventureira também. Uma guerreira muito boa! Você vai ter medo de mim com espada em
punhos. Eu vou te encontrar e nós vamos duelar.
Ele riu.
– Você é péssima com qualquer coisa, então vai ser fácil. Presumo que eu deva
estar em uma cidade próxima daqui um ano.
– Cuidado pra não ficar perto demais. Não quero que torne as coisas fáceis.
Então ele se aproximou segurando meu rosto, enconstando sua testa na minha.
– As coisas não podem ser fáceis, Íris? Seria tão mais fácil se você só me disesse.
– Como…?
– Você sempre desvia do assunto, e não olha pra mim da mesma forma que olha
para os outros.
– Porque você é meu amigo. – Engoli em seco.
– Seu amigo? – Continuei não entendendo aquele olhar.
– É…
– Realmente – Ele fechou os olhos e se afastou de mim. Lutei contra minha vontade
de puxá-lo, eu já havia me decidido. – Não me odeie, Íris. Eu não suporto mais esse lugar.
Por algum motivo, desta vez senti que essas palavras tinham um peso diferente,
como se ele dissesse algo mais.
– Eu não pretendo voltar. Meu pai não está mais aqui, e já que é essa sua decisão,
eu acatarei sua vontade.
Rildy apertou com força minha mão e montou seu cavalo. Eu mal processei o que
havia acontecido quando ele começou a cavalgar junto do resto do grupo.
– Ei! Espera! Rildy!
Ele olhou para trás mas eu nunca entendi o que estava por trás daqueles olhos.
VERMELHO
Abri meus olhos e a claridade os invadiu. Mas não era dia.
O reflexo das chamas bluxureava pela pequena janela circular do meu quarto.
Passei alguns instantes tentando entender o que acontecia, quando notei que ouvia vozes.
Gritos.
Pessoas gritavam de todos os lados. Algumas gritavam umas com as outras.
Distingui algo como "corre" e "fuja".
Levantei-me de um pulo, meu corpo vibrava como eu nunca havia sentido antes. O
cheiro abafado do meu quarto se misturava com o de fumaça. Tossi acendendo as velas e
passando para a sala.
Salia carregava Lu-ka no colo e o cobria com diversos panos, visivelmente abalada
e tão desorientada quanto eu.
– Ele está com febre. – Os olhos de minha mãe demonstravam um desespero que
eu nunca havia visto antes.
Haviam escamas aparentes nos braços de meu irmão. Quando nosso povo se
encontra em situação de risco, é normal nos transformarmos em algo mais animalesco.
Ganhamos aspectos crocodilianos. Minha mãe avisara que era por este motivo que
vivíamos escondidos do resto das cidades, éramos tratados como monstros em outros
lugares.
Por isso eu fiquei tão receosa quanto ao Rildy.
– O que tá acontecendo? – perguntei.
– Eu não sei! A gente precisa levar ele pro curandeiro!
A luz se intensificou do lado de fora e então voltou ao que estava antes.
Me cobri com um manto e passei pela porta.
A vila estava em chamas. Pessoas corriam fugindo de algo. Olhei para o lado
contrário para ver o que estava causando aquilo.
Eram magos, feiticeiros, não importa. Pessoas em trajes escuros usando máscaras
de animais manipulavam fogo na ponta de seus dedos, espalhando as chamas pelas casas
do povoado.
– Mãe! Corre!
Eu não pensei duas vezes. Minhas pernas se moveram sozinhas. Eu não olhei para
trás e nem pensei para onde ir. Eu só sabia que devia correr. Quando me dei por mim
mesma, estava na floresta.
Estava escuro, os gritos haviam ficado para trás há muito tempo. Eu não enxergava
um palmo na minha frente.
O que chamou minha atenção foi a luz bruxuleante que surgiu repentinamente.
Quando me aproximei reconheci onde estava.
A luz vinha por trás das portas de madeira da estrutura de pedra que eu tanto
conhecia. Me aproximei tentando não fazer barulho, ao chegar na porta, encostei-me para
ver o que tinha lá dentro.
Haviam velas acesas em volta da estátua. Lentamente eu empurrei a porta e me
rastejei para dentro do pequeno templo.
Não tinha nada de diferente, mas a presença daquelas velas me dava arrepios.
Encarei aquele rosto sem olhos mais uma vez, como fiz cinco anos antes. Eu podia jurar
que ela me olhava de volta.
Não sei quanto tempo se passou, mas quando eu olhei para a saída, a porta estava
fechada. Ela estava lá.
Na frente da porta, a mesma mulher que estava esculpida no centro do templo. Ela
vestia um vestido preto de manga longa elegante com um capuz que cobria seus olhos. Sua
pele lembrava bronze e seus lábios tinham um estranho tom de vermelho vivo. As pontas de
seu cabelo visíveis eram claras como a neve. Um sorriso fino se formou em sua boca, e ela
vocalizou com uma voz grave, mas suave que parecia se repetir como um eco, não parecia
estar no mesmo ambiente.
– Bem vinda, Íris. Eu estive aguardando por muito tempo.
Minha visão turvou, tentei forçar meus olhos a ficarem abertos. A estranha estendeu
uma de suas mãos como se fosse me cumprimentar.
Então apaguei.
FUTURO

– Para! Por favor! Socor-


As últimas palavras do feiticeiro nunca foram escutadas. Sua boca permanecia
aberta enquanto rolava para o lado. No lugar onde devia estar o pescoço, descansava a
lâmina do machado que o havia finalizado.
O chão e as paredes da caverna estavam repletas de sangue e a fraca luz da tocha
iluminava mais três corpos de jovens humanoides. Com este, eram quatro.
– E então, Gillurk? - Íris levantou seu machado novamente e o apoiou sob o ombro.
Caminhou para fora das sombras olhando para o espadachim caído, machucado e com
medo visível.
– Senhorita…? - Um jovem machucado atrás dela enunciou.
– Um momento, rapazinho. Eu estou conversando com o Senhor Golpes.
Íris olhou de cima a baixo Gillurk com total desprezo. O homem caído com a barba
por fazer e o cabelo totalmente bagunçado, olhos azuis e ferimentos de corte por todo o
corpo.
– Por que atrair um rapazinho humilde e uma linda mulher para uma caverna com
quatro cúmplices? O que você esperava? Roubar a gente? O que esse moleque tem de
especial?
– Diversão! - Entoou o homem em visível desespero –Veja só… - Gillurk apontou
para o garoto. – Ele era um alvo fácil! Íamos só brincar com ele. Você não tinha que se
intrometer! – Mesmo nessa situação, o líder da gangue ainda tinha coragem para sentir
raiva.
Íris levantou o pé direito e pisou no pé esquerdo do homem, quebrando. Ela abriu
um sorriso ao escutar o grito de dor.
– Que pena que eu entrei em seu caminho. Seus amigos não vão fazer isso de
novo.
A mulher largou o machado banhado em sangue ao lado de Gillurk que mal
conseguia andar.
– Fica de presente para você, talvez você consiga mandar alguns goblins para o alto
na volta. Se conseguir andar, é claro.
Era um blefe. A arma criada pela bruxa desaparecia após alguns minutos, mas ela
achava a ideia de ver Gillurk com esperanças, divertida.
Íris havia envenenado as cervejas de toda a gangue antes de saírem do bar para
caçar goblins. Comprou poções para dar conta do trabalho, afinal, cinco patetas não era
fácil de lidar, mesmo para ela. Sua sorte é que a maioria não era boa de briga
corpo-a-corpo.
– Vamos, lindinho. – disse ela se virando para o jovem que estava atrás dela e
caminhando em direção a saída, uma mão flutuando em volta dela carregando uma tocha –
Você já ouviu falar de Isymellya? Não? Ela me contou bastante sobre você. É uma mulher
intrigante…
Ishymellya, Íris havia descoberto, era o nome da mulher no busto de pedra. A deusa
da Guerra, ou pelo menos assim havia lhe dito.
Quando a garota acordou na manhã seguinte ao ataque, o vilarejo estava em cinzas,
mas nenhum sinal de morte, tampouco, nenhuma alma viva. Todos que conhecia haviam
sumido da noite para o dia.
Sete anos se passaram desde então, Íris viajou por diversas cidades à procura de
conhecidos ou qualquer informação que a deixasse mais perto de sua família. Ishymellia às
vezes aparecia em lugares pouco convenientes, sem nunca ser vista de fato, apenas Íris
podia a ver e ouvir. Ela dizia onde a garota devia ir e o que fazer. Às vezes Íris não sabia o
porquê de estar fazendo algo, mas confiava naquela mulher, afinal, havia lhe dado poder.
Íris adquiriu gosto pela luta, se tornou frequente se juntar com aventureiros para
conseguir dinheiro honesto, isso quando não simplesmente roubava de golpistas, dava a ela
a sensação de fazer a coisa certa, mas era melhor ainda pelo sangue fresco.
– Mas, e aí? – disse ela com as mãos envolta do pescoço do jovem, Hendrik o nome
dele. – Você é maior de idade, né? Talvez eu te pague uma bebida.

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