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O QUE É UM ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA?

Dennis Priebe / Traduzido por Marcell Dalle Carbonare

Alguns anos atrás a Igreja Adventista do Sétimo Dia votou 28 breves declarações descrevendo
as crenças mantidas em comum pelos membros da denominação. Qualquer um que se torne
membro da Igreja Adventista deve declarar que está de acordo com essas 28 declarações. Mas
essas declarações definem a essência do adventismo? Chegamos ao coração do adventismo
lendo estas declarações?

Entendo que as 28 declarações sejam como uma cerca que define as linhas de propriedade. Ela
informa onde a sua propriedade termina e onde a propriedade adjacente começa. Ela distingue
o adventismo de outros grupos cristãos. Isso mostra por que somos adventistas do sétimo dia,
e não batistas ou qualquer outra coisa. Mas será que a cerca nos diz muito sobre a casa que
fica lá dentro? As 28 afirmações chegam à essência do que significa ser um adventista do
sétimo dia?

O adventismo do sétimo dia é também um estilo de vida. Nos preparamos para o Sábado na
sexta-feira, vamos à igreja no Sábado de manhã, e encerramos o Sábado no pôr do sol.
Nossas escolhas alimentares são um pouco diferentes da dieta americana típica. Nós crescemos
com uma herança cultural, e estamos acostumados ao estilo de vida de ser adventista. É isso
que significa ser um adventista do sétimo dia? Ou há mais que precisamos entender para
chegarmos ao coração do adventismo?

O Começo do Adventismo

Quando Jesus morreu por toda a humanidade, a salvação pessoal foi assegurada para todos os
que escolheram recebê-la? Poderiam os discípulos de Jesus ter a certeza de que seriam salvos
por causa da cruz? Absolutamente. Havia algum adventista do sétimo dia em pé ao redor da
cruz? Não. Isso aconteceu 1800 anos antes de o adventismo aparecer em cena. No entanto, o
perdão dos pecados e a garantia da salvação foram oferecidos a todos os que cressem. Assim,
o adventismo não foi chamado à existência para oferecer ao povo a certeza da salvação, foi?
Isso foi resolvido muito antes de haver um adventista.

Quando Jesus foi inaugurado como nosso Sumo Sacerdote no santuário celestial, para
interceder pela humanidade pelos próximos 1800 anos, havia algum adventista por aí? Parece
que o adventismo também não era necessário para esse trabalho. A obra de Jesus em aspergir
as nossas orações com o incenso da Sua justiça foi iniciada muito antes de haver um
adventista. O ministério do Espírito Santo em nutrir e cuidar dos cristãos em uma igreja não
precisava da existência do adventismo.

Agora, todas essas coisas são vitais para o cristianismo, e devemos considerá-las muito
importantes para nós hoje, mas os adventistas herdaram essas verdades dos outros. Essas
verdades foram estabelecidas sem qualquer necessidade da existência da Igreja Adventista do
Sétimo Dia. Então por que o adventismo era necessário?

Apocalipse 14:7 nos diz: "Temei a Deus e dai-lhe glória; pois é vinda a hora do seu juízo." A
hora do juízo de Deus começou em 1844, e com ela começou a expiação final, a purificação do
santuário, e a eliminação do pecado. Não foi este o período de tempo em que o adventismo
apareceu em cena? Será que a existência da Igreja Adventista do Sétimo Dia está direta e
intimamente relacionada à purificação do santuário? É essa a razão de nossa existência? Mas o
que isso tudo significa? Quais são as questões em jogo?
O Grande Conflito
Satanás desafiou o caráter de Deus e Seu direito de governar o universo. Satanás disse que a
inaptidão de Deus para governar é provada ao Ele dar uma lei que não pode ser guardada.
Satanás teve grande sucesso no avanço de suas reivindicações no grande conflito. Ele até
mesmo fez com que o povo escolhido de Deus no Antigo Testamento pensasse que Deus é
injusto e severo. Na grande apostasia após os tempos do Novo Testamento, Satanás convenceu
os cristãos de que Deus deseja que certos rituais e obras humanas complementem a obra de
Cristo na cruz. Apenas lendo a Bíblia e a história da igreja, você pode pensar que Satanás
vencerá essa batalha.

Esse medo é abordado em Daniel 8:13 por várias perguntas: Até onde isso vai dar? Por quanto
tempo o bom nome de Deus será pisado? Por quanto tempo o santuário será pisoteado?
Satanás vai ganhar, afinal de contas? A resposta vem no versículo 14. Não, isso não vai durar
para sempre. Depois de 2300 dias, o santuário será purificado. Haverá um fim para a difamação
do bom nome de Deus. Deus será vindicado. Romanos 3:4 diz isso bem: “Para que sejas
justificado em tuas palavras e venças quando fores julgado”. A palavra "justificado" neste
contexto significa absolvido das acusações, declarado inocente.

Agora, Jesus fez justiça à lei de Deus e Seu caráter na mais nobre demonstração já vista na
terra. Jesus mostrou que a lei de Deus é boa e que Seu caráter é amor. Mas uma questão
persistente permaneceu sem resposta: Os seres humanos pecadores, que passaram metade de
suas vidas em rebelião, realmente vivem sem se rebelar mais? Talvez Jesus pudesse, mas será
que eles podem?

Alguns expressaram o pensamento de que a vindicação de Deus foi completada na cruz, e que
nada mais é necessário para justificar Deus e Seu governo. Mas a evidência é clara de que a
vindicação de Deus não foi completada na cruz; que Deus está esperando por uma vindicação
final antes do fim do pecado neste planeta. "Todo o céu está esperando para nos ouvir vindicar
a lei de Deus." (RH 16 de abril de 1901) Ainda há uma necessidade de se provar que a lei de
Deus é boa e correta para pecadores.

"Cristo aguarda com fremente desejo pela manifestação de Si mesmo em Sua igreja. Quando o
caráter de Cristo for perfeitamente reproduzido em Seu povo, então Ele virá para reclamá-los
como Seus." (PJ 69) Essa famosa citação claramente diz que a segunda vinda deve esperar até
que o caráter de Cristo seja visto em Seu professo povo. A única razão possível para tal demora
nos planos de Deus para essa terra é que algo ainda deve ser demonstrado a respeito das
acusações de Satanás e do caráter de Deus.

Apocalipse 14:5 descreve a última geração que viverá na terra antes que Jesus venha: "E na
sua boca não se achou engano: pois eles são inculpáveis diante do trono de Deus." Deus fez
uma promessa incrível aqui. Ele alega que produzirá um povo que será sem engano ou culpa de
qualquer tipo. No DTN 671 está essa declaração clássica: "A honra de Deus, a honra de Cristo,
acha-se envolvida na perfeição de caráter de Seu povo". Não é a nossa honra ou a nossa
salvação que estão envolvidas aqui, mas o nome de Deus e Seu caráter. Ele prometeu
que aperfeiçoará Seu povo. Pode Ele realmente fazer isso? Se Ele não pode nos tornar
perfeitos, então Sua palavra é uma mentira e Satanás vence o grande conflito. É simples assim.

"A honra do Seu trono está em jogo para o cumprimento da Sua palavra em nós." (PJ 148)
Sempre que Deus promete algo, Ele coloca Seu nome por trás de Sua promessa. Seu trono
estava em jogo quando Cristo veio à nossa terra, e Seu trono está em jogo naquilo que Ele fará
através da última geração. "Todo caráter será plenamente desenvolvido; e todos mostrarão se
escolheram o lado da lealdade ou o da rebelião. Então o fim virá. Deus irá vindicar Sua lei e
libertar Seu povo." (DTN 763) É importante notar que Deus faz a vindicação de Seu próprio
nome, mas também é vital compreender que Ele fará a vindicação no caráter de Seu povo. O
completo desenvolvimento de caracteres justos ou ímpios é necessário para a demonstração
final do caráter e da lei de Deus. O fim do pecado neste planeta é claramente dependente da
vindicação de Deus enquanto Ele traz o plano da redenção a uma conclusão.

É significativo que Ellen White chame a tudo isso de expiação final. Na cruz o sacrifício foi
completo, mas a expiação não foi completa ali. Bem aqui temos a diferença entre o adventismo
e todas as outras religiões cristãs. A expiação final é sobre quando e como Deus vai ganhar o
grande conflito, e quão logo Jesus pode vir. Isso significa que o propósito da existência do
adventismo é provar que Satanás é um mentiroso e que Deus está dizendo a verdade no
grande conflito. É simples assim. Essa é a mensagem e a essência do adventismo.

A única esperança para a segurança eterna – de uma rebelião que surja novamente no universo
- é quando ninguém jamais considerar as acusações de Satanás, porque se provaram falsas na
arena da demonstração. Claro que essa demonstração requer o envolvimento do povo de Deus.
Nosso papel é permitir que Deus entre em nossas vidas e faça o que Ele disse que poderia fazer
- purificar nossos corações e nos tornar totalmente obedientes a Ele.

Você realmente quer acabar com o pecado neste planeta, meu amigo? Você está cansado de
ouvir sobre abuso infantil? Você está cansado de ouvir sobre a violência sem sentido das
guerras? Você está cansado de ouvir sobre o abuso de animais sobre os quais o homem
recebeu o domínio? Você está cansado de ouvir sobre a injustiça no sistema judicial, onde
muitas vezes a abundância de riqueza determina o resultado de um caso? Existe apenas uma
maneira de acabar com esses problemas, e esta é a segunda vinda de Cristo. Esses abusos não
podem ser resolvidos por greves, boicotes ou tumultos. Esses métodos podem aliviar um pouco
da nossa dor, mas não são a solução. A única maneira pela qual a feiúra do pecado pode ser
detida é permitirmos que Jesus volte. Por favor note que eu não disse ‘esperarmos que Jesus
volte’. Ele está esperando por nós; nós não estamos esperando por ele.

A missão do adventismo é diferente da missão de qualquer outro grupo cristão que já existiu. A
missão do adventismo é diferente da missão da igreja cristã primitiva; é diferente da missão
dos valdenses; é diferente da missão de Martinho Lutero. Nossa missão é completamente única.
Nunca foi dada a nenhum outro grupo de pessoas na face desta terra. A razão é que
simplesmente estamos vivendo no Dia da Expiação, quando a purificação do santuário está em
andamento, e há questões únicas envolvidas com este Dia.

Quando Cristo Pode Retornar?

A segunda vinda de Cristo não é possível a qualquer momento, porque depende da vitória de
Deus no grande conflito. Na década de 1840, Deus conduziu um povo e eles tiveram uma
experiência maravilhosa. Mas depois do grande desapontamento, as coisas desmoronaram e o
povo de Deus não teve coragem de seguir em uma frente unida. Eles se fragmentaram e
apenas alguns sobreviveram nesse período difícil. Jesus queria muito voltar logo depois de
1844, mas não pôde porque Seu povo não estava unido e movendo-se junto com Ele. Então,
Jesus colocou as coisas em espera, assim como as missões de lançamento espacial na Flórida
são colocadas em espera quando algo está errado com o equipamento.

Após quarenta anos vagando pelo deserto, Jesus veio novamente ao Seu povo e perguntou a
eles se estavam dispostos a mover-se adiante com Ele. Porém uma vez mais o povo de Deus
empacou. Ao invés de perguntarem "o que diz a palavra de Deus?" eles estavam perguntando
"o que dizem nossos líderes?" Nós gastamos boa parte do último século negando que
realmente atrasamos a vinda de Cristo por cem anos. Nós afirmamos que o arrependimento de
nossos antepassados foi genuíno e que temos ensinado a justiça pela fé desde então. Na
realidade a negação da mensagem de 1888 é tão real e forte hoje como era em 1890. Como
resultado de nosso fracasso na década de 1890, Cristo teve que colocar seus planos em
suspenso novamente, desta vez por mais de um século. Agora Ele está fazendo ainda outro
apelo ao movimento adventista do sétimo dia. Ele está nos dizendo que está pronto para nos
levar para casa, se estivermos prontos para nos movermos unidos com Ele. A questão para nós
é idêntica à questão de 1888. O que acontecerá desta vez? Responderemos de tal modo que
Deus possa finalmente levar a cabo Seu plano, ou continuaremos a colocar nossos interesses
egoístas acima da vindicação de Deus no grande conflito?

Lições de Israel
Quando Deus chamou Israel para ser Seu povo escolhido, não era Seu propósito qualificá-los
como merecedores de salvação. Ele queria que Israel fosse Sua testemunha para as nações da
excelência de Seu caráter e Seu governo. O propósito da existência de Israel era iluminar o
mundo para que todos recebessem a Jesus quando Ele viesse à Terra. Israel conseguiu ou
falhou em sua missão? Sabemos que eles não prepararam o mundo para a primeira vinda de
Cristo. Por favor, observe a abordagem de Cristo à luz do fracasso deles. Você já reparou que
Jesus passou pouquíssimo tempo em evangelismo para os gentios - o mundo? A maior parte do
tempo e da energia de Jesus foi gasta em esforços para restaurar Israel, levando-os ao
arrependimento. Eles eram as pessoas através das quais Deus queria iluminar o mundo. Então,
Jesus passou a maior parte do tempo fazendo o trabalho mais difícil de todos - derrubar os
muros da apatia e do preconceito para trazê-los de volta à obediência a Deus.

Agora, o propósito do adventismo é exatamente o mesmo que a tarefa dada a Israel. Deus não
está qualificando apenas os adventistas como dignos de salvação, mas Ele quer que sejamos
Suas testemunhas ao mundo da excelência de Seu caráter e Seu governo. Nossa missão é
preparar o mundo para a segunda vinda de Cristo. Agora a questão deve ser honestamente
abordada: o adventismo é bem-sucedido em sua missão?

Talvez possamos encontrar uma resposta em um editorial de William Johnsson na Adventist


Review de 3 de julho de 1986. Uma pesquisa foi realizada para determinar a atitude do público
em relação à Igreja Adventista do Sétimo Dia. "Embora 70% dos entrevistados digam ter
ouvido ou lido sobre a igreja, quando perguntados sobre o que mais gostam, 52% não sabem
responder. Outros 21% dizem 'nada em particular.' Isto é, 73% do público não consegue
pensar em nenhuma característica atraente sobre a igreja. Esse número é quase exatamente
paralelo às respostas à pergunta 'O que você menos gosta nos adventistas do sétimo dia?'
Novamente, 51% não deram resposta, e outros 20% dizem que não desgostam de nada em
particular. O fracasso da igreja em projetar uma imagem nítida me preocupa ... Estou
preocupado por estarmos escondendo nossa luz sob um alqueire."

Em outra pesquisa pública registrada na Adventist Review de fevereiro de 1995, apenas 53%
tinham ouvido a respeito da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Além disso, houve um aumento
significativo no número de pessoas que erroneamente nos confundem com a Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias ou com as Testemunhas de Jeová.

Agora devemos fazer a pergunta novamente: Estamos tendo sucesso ou fracassando em nossa
missão de preparar o mundo para a segunda vinda de Cristo? A verdade, que é muito difícil de
enfrentarmos, é que estamos em perigo de fracassar, assim como os judeus falharam 2 mil
anos atrás.

A inspiração descreve o plano de Deus para esta igreja: "Cristo deseja que a ordem do céu, o
plano de governo do céu, a harmonia divina do céu, seja representada em Sua igreja na terra.
Assim, em seu povo, Ele é glorificado." (DTN 680) Observe que Deus é glorificado quando Sua
igreja revela o plano de governo do céu para o mundo. O plano de governo do céu atualmente
está sendo visto na Igreja Adventista do Sétimo Dia? Será que os planos humanos muitas vezes
sobrepõem a vontade expressa de Deus para esta igreja?

"O povo de Deus tem uma grande obra a fazer...O mundo deve ver na Igreja de Deus
verdadeira ordem, verdadeira disciplina, verdadeira organização." (Ms. 30, 1900) É quando
cumprirmos nossa missão e permitimos que Jesus retorne a este mundo que "Através da igreja,
eventualmente, será manifestada a demonstração final e completa do amor de Deus ao mundo
que será iluminado com sua glória." (TM 50) Observe que o amor de Deus será visto através da
igreja. Não virá através dos anjos ou das rochas, mas através do povo de Deus. Assim, o
sucesso da igreja de Deus em representar Seu caráter é muito importante para o fim do grande
conflito.

Uma vez que nossa igreja atualmente não está conseguindo cumprir sua missão de preparar o
mundo para o retorno de Jesus, o que devemos fazer? Uma abordagem que muitos estão
adotando hoje é ignorar os problemas da Igreja Adventista e sair para o mundo para fazer o
trabalho de divulgação. Essa abordagem é atraente porque Jesus nos disse para levarmos o
evangelho a todas as nações, e porque muitos são receptivos ao evangelho, enquanto a igreja
parece ser muito resistente a quaisquer grandes reformas em seu meio. Além disso, se apenas
esquecermos da desobediência dentro da igreja e nos concentrarmos em ganhar almas,
receberemos muitos elogios da própria igreja pelo bom trabalho que estamos fazendo. Além
disso, é pessoalmente gratificante dar estudos bíblicos e levar as pessoas à prontidão para o
batismo.

Mas é esta a abordagem que Cristo utilizou quando veio ao Seu falho povo escolhido? Por três
anos e meio Jesus passou seu tempo tentando restaurar Sua preciosa igreja que estava em
perigo de autodestruição. Ele quase não passou tempo em evangelismo para o mundo gentio,
apesar do fato de que muitas almas gentias precisavam do evangelho. A primeira prioridade de
Jesus foi tentar restaurar o Seu povo para que este pudesse transmitir a mensagem da verdade
ao mundo gentio.

O falecido Henry Baasch, que serviu como presidente de associação, compartilha conosco um
princípio vital e um aviso importante:

"A música é composta de três partes: melodia, ritmo e acompanhamento. Todas as três são
essenciais, mas não são iguais em importância. A melodia deve ter a parte mais proeminente e
não deve ser ofuscada pelo ritmo ou pelo acompanhamento. A evangelização do mundo por
meio de extensa pregação, ensino e propaganda impressa, e o gasto de grandes somas de
dinheiro para campanhas, edifícios, equipamentos, viagens, etc. - por mais que sejam vitais -
não fazem, por si mesmas, cumprir a principal comissão confiada à igreja remanescente. Não
são a melodia. No máximo, elas são o acompanhamento.”

"A melodia que deve soar, a princípio esboçada, mas cada vez mais claramente, é a canção da
vitória sobre o pecado, a canção de Moisés e do Cordeiro, subindo cada vez mais alto, mais e
mais próxima do Padrão celestial, cada vez mais longe do mundo, até o clímax de uma
demonstração completa e final de Sua graça em vasos de barro, mas despojada de toda a
terrenidade e atestada pela declaração do anjo: 'Aqui está a paciência dos santos: aqui estão
aqueles que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus’ (Apocalipse 14:12). Pela
primeira vez este testemunho será dito a respeito de toda uma comunidade de santos.”

"Que Laodicéia seja avisada! Em certa época, Davi foi vítima da mágica influência dos números
(cf. I Crônicas 21: 1) - esse esporte de inspiração satânica, que tão astutamente leva ao
orgulho e autocomplacência, que substitui de forma traiçoeira quantidade por qualidade,
mediocridade por mérito verdadeiro, e pompa pela escassez. O charme exercido pelos números,
pelo tamanho e pela quantidade, se permitido prevalecer, encherá os bancos de Laodicéia de
"filhos ilegítimos" e inchará suas fileiras com uma multidão misturada que, como de costume,
poderia levar sua marcha a um impasse em outra ‘Cades-barnéia'. Deus não permita que tal
coisa aconteça!”

"Deixe Laodicéia ponderar seu caminho! Deixe-a fazer uma pausa e fazer um inventário, deixe-
a considerar e definir onde ela se desviou do Padrão em suas múltiplas atividades: ministerial,
educacional, médica, social, etc. Deixe-a confessar francamente seus defeitos, implorar por
perdão e, em seguida, traçar seu rumo futuro em harmonia com o conselho divino. Deixe-a
evitar a arte sutil de racionalização, que faz o mal parecer bem, e a transgressão uma
necessidade, tentando "atualizar" o que é eternamente novo e jovem - sempre a cabeça e
nunca a cauda.”

"A menos que Laodicéia se submeta a um auto-exame sincero e uma autodisciplina


intransigente, descerá sobre ela uma tempestade que vai peneirar e agitar suas fileiras e varrer
para o lado toda a sua casa, com seus móveis elaborados e equipamentos caros, limpando o
palco para que O próprio Senhor se aposse das rédeas (cf Testemunhos para Ministros,
300; Testemunhos para a Igreja, vol. 5, 80; Romanos 9:28) com um exército de 'não
identificados' cujos nomes e imagens não podem ser encontrados em nenhum registro, ou
jornal da igreja, ou livro..." (Our Firm Foundation, março de 1989)

Lembre-se que este forte aviso não vem de um crítico da igreja, mas de um líder na igreja que
viu claramente o que constitui sucesso e fracasso na Igreja Adventista do Sétimo Dia.

Prioridades
A missão primária da Igreja Adventista do Sétimo Dia é a vindicação de Deus. Isso será
realizado através da purificação do santuário celestial. Mas antes que o santuário no céu possa
ser purificado de todos os registros de pecado, o santuário de nossos corações deve ser limpo
da poluição que continua a desonrar o nome de Deus. O adventismo diz respeito à vitória de
Deus no grande conflito, quando Ele termina sua luta de 6 mil anos contra as mentiras de
Satanás.

A missão secundária da Igreja Adventista do Sétimo Dia é a missão global e divulgação através
de estudos bíblicos e ganho de almas. Quando a missão principal for compreendida e levada a
cabo, a missão secundária encontrará um sucesso abundante. Se tentarmos inverter essas
prioridades, como temos feito há muitos anos, continuaremos a falhar. Só a divulgação não é a
solução para nossa doença. Nós temos colocado a carroça antes dos cavalos, e isso
simplesmente não funcionou. Para que o alcance seja bem-sucedido, ele deve fluir de um
coração consagrado e obediente.

Lembre-se que os esforços de Cristo, enquanto estava na terra, deviam restaurar o Seu povo à
obediência de coração. Da mesma forma, nossa divulgação deve fluir da obediência total e do
amor total, sem mais racionalização para que possamos fazer o que nosso coração egoísta
deseja. Precisamos abandonar os valores culturais para determinar o que é certo e errado. A
maioria dos problemas na Igreja Adventista hoje é o resultado de se colocar valores culturais
acima de um "assim diz o Senhor". Será que vamos decidir de uma vez por todas obedecer a
Deus, ou vamos continuar a tentar forçá-lo a fazer do nosso jeito? A maneira como
respondemos a essa pergunta determinará o sucesso ou o fracasso da Igreja Adventista do
Sétimo Dia.

O Apelo de Ezequiel
Ezequiel viveu em um tempo de apostasia e retrocesso, e Deus deu a ele uma mensagem
especial para Israel: "A ti, pois, ó filho do homem, te constituí por atalaia sobre a casa de
Israel; tu, pois, ouvirás a palavra da minha boca, e lha anunciarás da minha parte." (33:7)
"Dize-lhes: Vivo eu, diz o Senhor DEUS, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que
o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus
caminhos; pois, por que razão morrereis, ó casa de Israel?" (33:11) Este não é apenas o apelo
de Deus ao Seu povo escolhido rebelde no tempo de Ezequiel; é o Seu apelo ao Seu povo
escolhido rebelde hoje. Deus está dizendo: "Por favor, volte antes que seja tarde demais. Por
que você insiste em morrer, ó casa do adventismo?" Podemos realmente ser fiéis adventistas e
ignorarmos essa questão? Parte de nossa responsabilidade como membros da igreja é
ajudarmos a curar nossa igreja para que ela possa cumprir suas missões primárias e
secundárias. Às vezes o bisturi do cirurgião é doloroso e o processo de cura é difícil, mas nosso
Deus gracioso é o Médico Mestre.

Neste momento existem algumas armadilhas cuidadosamente colocadas, pelas quais Satanás
está tentando subverter este processo de cura. Uma armadilha é um evangelho comprometido,
um evangelho que diz que, uma vez que Jesus já fez tudo o que era necessário, tudo o que
precisamos fazer é crer e estaremos seguros. Então nós temos a garantia absoluta de salvação.
Esse evangelho tem entrado no adventismo nos últimos trinta anos e vem ganhando grande
força nos últimos dez anos. É um evangelho que dá falsas garantias de salvação, porque
promete que podemos ser salvos enquanto ainda pecamos. Ensina que podemos ignorar nossos
pequenos pecados - nossos pecados que nos assediam - porque Jesus nos ama
incondicionalmente. Enquanto continuarmos a crer nEle como nosso Salvador, continuamos a
manter um relacionamento salvífico com Ele, independentemente de continuarmos pecando.
Essa armadilha pode causar a perda de mais adventistas sinceros do que qualquer outra
armadilha de Satanás.

Outra armadilha deixada por Satanás é a armadilha do humanismo e das prioridades culturais.
Aqui nós determinamos o que é certo e errado com base no melhor pensamento humano
disponível. Fazemos pesquisas e determinamos o que deveria ser feito com base nessas
pesquisas. Pedimos pela melhor pesquisa acadêmica e pela melhor lógica, enquanto deixamos
de lado o conselho inspirado como sendo ultrapassado, carente de reinterpretação cultural.

Outra armadilha é ter um espírito crítico. Alguns vêem claramente os problemas na igreja e
gastam todo o seu tempo expondo e delineando os pecados da igreja. Satanás leva esses
indivíduos a tornarem-se negativos a respeito de tudo o que vêem.

E então há a mais sutil de todas as armadilhas de Satanás—a armadilha moderada. Queremos


que tudo seja equilibrado; queremos evitar os extremos dos dois lados. Percebemos que
existem alguns problemas na igreja, mas ouvimos sobre todas as almas que estão sendo
ganhas, e concluímos que as coisas provavelmente devem estar indo na direção certa. Com
todo o nosso progresso e crescimento, as coisas não podem estar tão ruins, podem? Os
problemas devem ser problemas de outros, então podemos ignorá-los com segurança. Ainda
que nossas escolas e hospitais estejam tendo dificuldades, vamos apenas manter nossas bocas
caladas—é mais seguro assim. Quando estilos de música e adoração estranhos entram em
nossas igrejas, nós faremos o melhor possível. Sim, é muito tentador ficar fora do fogo para
que não nos queimemos.

Mas esse silêncio está em harmonia com o apelo de Ezequiel? Somos fiéis vigilantes se
permanecermos em silêncio enquanto o inimigo sobe pelas muralhas? Ou faremos o que
pudermos para salvar e curar nossa igreja? Não podemos ter um testemunho singular
adventista sem uma mensagem singular adventista. O evangelho do adventismo é diferente do
evangelho do cristianismo contemporâneo. Vamos deixar esse evangelho morrer? Nossa
compreensão do grande conflito entre Cristo e Satanás é totalmente única. Será que vamos
deixá-la morrer pelo nosso silêncio? Nossa compreensão da relação entre lei e graça é única.
Até mesmo a nossa compreensão da reforma da saúde é única, porque não vivemos de forma
saudável para evitar doenças ou viver mais, mas para permitirmos que Deus santifique
plenamente a alma. Precisamos manter os mais altos padrões de estilo de vida, para que Deus
tenha a chance de vencer a batalha por nossas mentes. Temos um entendimento singular de
um profeta moderno, no qual Deus fala com tanta autoridade quanto Ele falava nos dias de
Paulo.

Estamos dispostos hoje a ser adventistas do sétimo dia? Estamos dispostos a preparar o
caminho para a vindicação final do caráter de Deus? O preço é alto, mas a recompensa vai
além de qualquer coisa que possamos imaginar.
"Se te fatigas correndo com homens que vão a pé, como poderás competir com os cavalos? Se
tão-somente numa terra de paz estás confiado, como farás na enchente do Jordão?" (Jeremias
12:5) Hoje estamos na terra da paz e estamos correndo com os soldados. À nossa frente estão
os cavalos e o transbordante Jordão. Este é o nosso tempo de preparação, o tempo para
fortalecer nossos caracteres. Se a igreja militante deve ser a igreja triunfante, então devemos
levar a sério o nome de adventistas do sétimo dia. Nós devemos saber quem somos e porque
existimos. Devemos ter em mente nossa missão primária e nossa missão secundária, para que
nossos esforços possam ser abençoados por Deus. Oremos juntos para que o solo duro de
nossos corações seja quebrado, de modo que a refrescante chuva temporã possa levar à
poderosa chuva serôdia. E acima de tudo, oremos para que esta geração de adventistas do
sétimo dia seja a última geração a viver em uma terra amaldiçoada pelo pecado.

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