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Resíduos Sólidos

Gerenciamento de Resíduos de
Construção e Demolição
Guia do profissional em treinamento Nível 1
Promoção:
Rede de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental - RECESA
Realização:
Núcleo Sul de Capacitação e Extensão Tecnológica NUCASUL
Instituições Integrantes do NUCASUL: Universidade Federal de Santa Catarina (líder) / Universidade
do Vale do Rio dos Sinos / Universidade Federal do Rio Grande do Sul / Universidade de Caxias do Sul.
Financiamento:
Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência e Tecnologia; Fundação Nacional de
Saúde do Ministério da Saúde e Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das
Cidades.
Apoio Organizacional:
Programa de Modernização do Setor Saneamento - PMSS

Comitê Gestor: Comitê Consultivo:


· Ministério das Cidades; · Associação Brasileira de Captação e Manejo de Água de
· Ministério da Ciência e Tecnologia; Chuva - ABCMAC
· Ministério do Meio Ambiente · Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e
· Ministério da Educação; Ambiental - ABES
· Ministério da Integração Nacional; · Associação Brasileira de Recursos Hídricos ABRH
· Ministério da Saúde; · Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza
· Banco Nacional de Desenvolvimento Pública - ABLP
Econômico Social (BNDES); · Associação das Empresas de Saneamento Básico
· Caixa Econômica Federal (CAIXA); Estaduais - AESBE
· Associação Nacional dos Serviços Municipais de
Saneamento - ASSEMAE
· Conselho de Dirigentes dos Centros Federais de
Educação Tecnológica - CONCEFET
· Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e
Agronomia - CONFEA
· Federação de Órgão Para a Assistência Social e
Educacional - FASE
· Federação Nacional dos Urbanitários - FNU
· Fórum Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas -
FNCBHS
· Fórum Nacional de Pró-Reitores de Extensão das
Universidades Públicas Brasileiras - FORPROEX
· Fórum Nacional Lixo e Cidadania - L&C
· Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental - FNSA
· Instituto Brasileiro de Administração Municipal - IBAM
· Organização Pan-Americana de Saúde - OPAS
· Programa Nacional de Conservação de Energia - PROCEL
· Rede Brasileira de Capacitação em Recursos Hídricos -
CAP-NET BRASIL

Parceiros do NUCASUL
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SC / Centro de Tecnologia do vestuário – SENAI –
Blumenau – SC
Serviço Autônomo Municipal de Águas e Esgotos – SAMAE, Caxias do Sul – RS
Serviço Autônomo Municipal de Águas e Saneamento – CASAN, Florianópolis – SC
Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto – SEMAE, São Leopoldo – RS
Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos – COMITESINOS – RS
Companhia Melhoramentos da Capital - COMPAC, Florianópolis – SC
Serviço Autônomo Municipal de Água de Orleans - SAMAE, Orleans – SC
Fundação Nacional de Saúde - FUNASA, Florianópolis – SC
Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina - CEFETSC, Florianópolis – SC
Resíduos Sólidos

Gerenciamento de Resíduos de
Construção e Demolição

Nível 1
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da
Universidade do Vale do Rio dos Sinos

R433 Resíduos sólidos: gerenciamento de resíduos de construção e demolição: guia do profissional em


treinamento: nível 1 / Ministério das Cidades – São Leopoldo: Unisinos: ReCESA, 2007.

61 p. : il., color.

Realização Nucasul - Núcleo Sul de capacitação Teconógica em Saneamento Ambiental e coordenação de


Armando Borges de Castilhos Júnior, Luciana Paulo Gomes, Luiz Olinto Monteggia, Alexandra Rodrigues
Finotti.

1. Resíduo sólido – Material de construção. 2. Gestão ambiental – Construção civil. 3. Reciclagem – Material
de construção. I. Kazmierczak, Claudio de Souza. II. Kulakowski, Marlova Pila. III. Kern, Andrea Parisi. IV.
Gomes, Luciana Paulo.

CDU 628.4.036
Catalogação na Publicação:
Bibliotecária Eliete Mari Doncato Brasil – CRB 10/1184

Núcleo Sul de Capacitação e Extensão Tecnológica


em Saneamento Ambiental
COORDENADOR UFSC COORDENADOR DO CURSO
Armando Borges de Castilhos Júnior GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE
CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO
COORDENADOR UFRGS Claudio de Souza Kazmierczak
Luiz Olinto Monteggia
AUTORES
COORDENADORA UNISINOS Claudio de Souza Kazmierczak - Unisinos1
Luciana Paulo Gomes Marlova Pila Kulakowski - Unisinos2
Andrea Parisi Kern - Unisinos3
COORDENADORA UCS Luciana Paulo Gomes - Unisinos4
Alexandra Rodrigues Finotti
COLABORADOR
Lucas Bastianello Scremin - UFSC5
CONSELHO EDITORIAL TEMA RESÍDUOS SÓLIDOS
Luciana Paulo Gomes – Unisinos
Armando Borges de Castilhos Júnior – UFSC
Cláudia Teixeira Panarotto – UCS

Projeto Gráfico e Editoração


Rafael Tarcísio Forneck

É permitida a reprodução total ou parcial desta publicação, desde que citada a fonte

1
claudiok@unisinos.br; 2 marlovak@unisinos.br; 3apkern@unisinos.br; 4lugomes@unisinos.br; 5lucas.bscremin@gmail.com
Sumário

Introdução ............................................................................................. 8

1. Características da Indústria de Construção Civil .............................. 9

2. Construção Civil e Sustentabilidade.................................................. 13


2.1. Reciclagem.................................................................................... 15
2.2. Legislação ..................................................................................... 16
2.3. Centrais de reciclagem .................................................................. 16
2.4. Componentes do RCD ................................................................... 17
2.5. Formas de Reciclagem................................................................... 19
2.6. Principais características dos agregados obtidos pelo processa-
mento de RCD ............................................................................... 20
2.6.1. Agregados reciclados em bases para pavimentação.............. 22
2.6.2. Reciclagem em concretos e argamassas ............................... 22
2.6.3. Uso de agregados reciclados em concretos .......................... 27
2.6.4. Agregados reciclados em argamassas .................................. 32

3. Gestão de Resíduos de Construção: Resolução CONAMA 307 .......... 35


3.1. Definição de resíduos da construção civil ...................................... 36
3.2. Composição dos resíduos da construção civil ................................ 36
3.3. Classificação dos resíduos da construção civil ............................... 37
3.4. Gerador de resíduos da construção civil ........................................ 38
3.5. Coleta e transporte dos resíduos de construção civil ..................... 38
3.6. Disposição final dos resíduos de construção civil .......................... 40

4. Diretrizes para Gerenciamento e Gestão de Resíduos de


Construção ......................................................................................... 43
4.1. Diagnóstico................................................................................... 45
4.1.1. Diagnóstico para caracterização do Município ..................... 45
4.1.2. Diagnóstico dos geradores.................................................. 46
4.1.3. Diagnóstico dos coletores e transportadores....................... 46
4.1.4. Diagnóstico da geração de RCD........................................... 47
4.1.5. Diagnóstico dos impactos ambientais e econômicos no
município ............................................................................ 47
4.2. Definição do Plano Integrado de Gerenciamento de RCD no
Município ...................................................................................... 49
4.2.1. Implantação das ações ......................................................... 49
4.3. Estruturação do sistema de gestão de resíduos para construção civil 50

5. Normas Técnicas Brasileiras Relativas aos RCD .................................... 53

6. Gestão de Resíduos na Cadeia Produtiva ................................................ 55

7. Referências Bibliográficas........................................................................ 60
ReCESA – Rede de Capacitação e
Extensão Tecnológica em Saneamento:
breve histórico e principais diretrizes

A criação do Ministério das Cidades no dos serviços e a integração de políticas


Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da setoriais. O projeto de estruturação da
Silva, em 2003, permitiu que os imensos Rede de Capacitação e Extensão Tecno-
desafios urbanos passassem a ser encara- lógica em Saneamento Ambiental –
dos como política de Estado. Nesse con- ReCESA constitui importante iniciativa nes-
texto, a Secretaria Nacional de Sanea- ta direção.
mento Ambiental (SNSA) inaugurou um
paradigma que inscreve o saneamento A ReCESA tem o propósito de reunir, articu-
como política pública, com dimensão ur- lar e integrar um conjunto de instituições e
bana e ambiental, promotora de desen- entidades com o objetivo de promover o
volvimento e da redução das desigualda- desenvolvimento institucional do setor me-
des sociais. Uma concepção de saneamen- diante soluções de capacitação, intercâm-
to em que a técnica e a tecnologia são co- bio técnico e extensão tecnológica, por in-
locadas a favor da prestação de um servi- termédio de um processo continuado de
ço público e essencial. formação de capacidades.

A missão da SNSA ganhou maior relevân- A Rede foi concebida com base no enfo-
cia e efetividade com a agenda do sanea- que multidisciplinar e na abordagem inte-
mento para o quadriênio 2007-2010, haja grada das lógicas institucionais que orien-
vista a decisão do Governo Federal de des- tam as frentes das ações do saneamento,
tinar, dos recursos reservados ao Progra- considerando-se as políticas e técnicas de
ma de Aceleração do Crescimento – PAC, manejo, tratamento e disposição final, es-
40 bilhões de reais para investimentos em pecíficas e apropriadas para cada região,
saneamento. nos seguintes temas:

Nesse novo cenário, a SNSA conduz ações • Gerenciamento, operação e manuten-


em capacitação como um dos instrumen- ção de sistemas de Abastecimento de
tos estratégicos para a modificação de pa- Água;
radigmas, o alcance de melhorias de de- • Gerenciamento, operação e manutenção
sempenho e da qualidade na prestação de sistemas de Esgotamento Sanitário;

6
• Gerenciamento e manejo integrado dos mente articulado com os prestadores dos
Resíduos Sólidos Urbanos; serviços do saneamento; além da adesão
desejável de Cefet’s, sistema S e entidades
• Gerenciamento e manejo integrado das
específicas do setor.
Águas Pluviais Urbanas;
• Temas Transversais, correlatos à for-
Integram os Núcleos Regionais 15 univer-
mulação e implementação de políticas
sidades brasileiras, que estão responsá-
públicas pautadas na integralidade en-
veis por implementar um programa de ca-
tre os componentes do saneamento e
pacitação, em estreita parceria com os
na integração setorial deste com as
prestadores dos serviços de saneamento.
demais áreas de intervenção na cidade.

Na região Sul do país, foi criado o Núcleo


Para estruturar a ReCESA, foi adotada uma
da Região Sul (NUCASUL), composto por
estratégia de formação de Núcleos Regio-
quatro instituições: UFSC; UFRGS; UNISINOS;
nais (NRs). Os requisitos para a constitui-
UCS. No Tema Gerenciamento e manejo
ção desses núcleos foram: abrangência
integrado dos Resíduos Sólidos Urbanos,
temática, capilaridade regional e capaci-
nesse primeiro ano serão oferecidos 12
dade das instituições de ensino em cons-
cursos, em diferentes localidades.
truir um arranjo institucional necessaria-

7
INTRODUÇÃO

Conservar o meio ambiente, permitindo o O presente guia está preparado para


desenvolvimento das cidades, preservar acompanhar as apresentações e ativida-
áreas e ecossistemas para gerações futu- des presenciais do curso, bem como ser-
ras, melhorar a qualidade de vida da po- vir de apoio técnico para o profissional
pulação são tarefas que podem ser solu- tanto do setor público quanto do privado
cionadas com novas regras de gerencia- atuando no Saneamento Ambiental. O ma-
mento das atividades humanas. Desenvol- terial é suporte para os técnicos que fisca-
ver tecnologias que utilizem menos recur- lizam, avaliam e avalizam projetos (setor
sos naturais e de “quebra” resolvam o pro- público) e para os profissionais que apli-
blema da identificação de áreas para a cam estes conhecimentos em suas ativida-
disposição final de resíduos sólidos gera- des de gerenciamento de resíduos de cons-
dos nos processos produtivos é atribuição trução e demolição.
dos profissionais que atuam , entre ou-
tros, no setor da Construção Civil. Tratar-se-á dos seguintes tópicos: 1) a in-
dústria da construção civil; 2) a sustenta-
Essa é a justificativa para o curso que ora bilidade exigida para novos projetos; 3) a
se inicia. Nas 32 horas aula serão traba- resolução Conama 307/2002; 4) diretri-
lhados conceitos básicos, fundamentos zes para o gerenciamento de RCD; 5) as
teóricos tanto da área de construção civil normas da ABNT envolvidas com a temáti-
quanto os relacionados às aplicações am- ca e 6) a gestão desses resíduos na cadeia
bientais. A legislação em vigor será forte- produtiva.
mente estudada, discutida e aplicada.

8
1 CARACTERÍSTICAS DA
INDÚSTRIA DE CONSTRUÇÃO CIVIL

A Indústria da Construção Civil é um seg- meio ambiente. De acordo com FINE (1982),
mento do setor produtivo que engloba di- não se pode tratar os empreendimentos
versas atividades, que vão desde a explo- de construção civil como produtos triviais
ração de recursos naturais, fornecimento na sociedade, pois são a própria infra-es-
de insumos industriais, transformação trutura da sociedade: “mudamos a socie-
destes em materiais e componentes, até a dade enquanto construímos”.
prestação de serviços. O alcance das ativi-
dades vinculadas a esta indústria é tão Entretanto, o processo produtivo de cons-
amplo que atualmente a economia refe- trução possui características que o tor-
rencia-se ao segmento como Macrossetor nam pouco uniforme e pouco previsível,
da Construção Civil. se comparado com outros processos de
produção, especialmente como os de in-
Em termos de participação na economia, dústrias de produção em série. Em geral,
o macrossetor da construção civil apre- numa linha de produção tradicional, as
senta índices bastante significativos, o que unidades a serem produzidas são repetiti-
expressa a elevada importância do setor vas e a incerteza relacionada a cada ope-
no cenário nacional. Por exemplo, segun- ração é relativamente baixa. A construção
do índices disponibilizados pela Câmara civil, por sua vez, geralmente trabalha
Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), com empreendimentos únicos, produzi-
em 2004, o setor empregou diretamente dos no local de entrega e muito vulnerável
6.241.422 trabalhadores e teve participa- às condições climáticas. Há, desta forma,
ção direta de 16,65% do PIB nacional, re- múltiplos fatores controláveis e não con-
presentando a geração de riqueza no va- troláveis, fazendo com que complexida-
lor de R$ 168,445 bilhões (CBIC, 2007). de, variabilidade e incerteza estejam pre-
sentes, tanto no empreendimento num um
O setor da Construção Civil propriamente todo como em cada atividade realizada
dito é identificado nas atividades de pro- (BERTELSEN, 2002).
dução de edificações, construção autôno-
ma e obras de infra-estrutura. Em qualquer O caráter de produto único produzido no
uma destas atividades, o produto resultan- próprio local de entrega faz com que a or-
te pode ser caracterizado como volumoso, ganização dos empreendimentos de cons-
com longa vida útil, e com forte impacto ao trução seja sempre temporária. Ou seja,

9
os canteiros de obras são projetados e Entretanto, a baixa incidência de normali-
montados de acordo com os objetivos de zação e ficalização faz com que grande
um empreendimento em particular. Des- parte dos materiais e componentes em-
ta forma, a construção civil pode ser con- pregados na construção tenha origem em
siderada como uma indústria itinerante processos de produção artesanais. Com
ou nômade, que utiliza o canteiro de obras isso, não possuem controle de característ-
como um próprio recurso do empreendi- cas físicas, mecânicas e dimensionais, o
mento, devendo receber e guardar mate- que desencadeia, muitas vezes, o emprego
riais e equipamentos, além de criar a in- de técnicas construtivas pouco aprimoradas
fra-estrutura para a construção do em- e requer certas habilidades por parte dos
preendimento (KOSKELA, 2000). trabalhadores. A dependência do trabalho
manual dos operários é um ponto peculiar
Em se tratando de sistema produtivo pro- do processo de produção da construção ci-
priamente dito, trata-se de um dos pro- vil, e faz com que a construção tenha carac-
cessos de produção mais longos da indús- terísticas de produção artesanal até recen-
tria (TURIN, 1972). A execução de edifica- temente (KOSKELA, 2000).
ções, por exemplo, pode ser entendida
como a materialização de espaços criados Contudo, é reconhecido o fato do setor
por projetistas, sendo, em sua essência, absorver uma força de trabalho que, em
um processo aditivo de partes e elemen- sua grande maioria, não possui qualquer
tos construtivos (BALDAUF, 2004). Desta tipo de preparo e capacitação. Desta for-
forma, é realizada uma sucessão de eta- ma, tendo em vista o amplo elenco de so-
pas constituídas por atividades considera- luções a serem empregadas em diversas
velmente diversificadas, que envolvem a situações, nem sempre a solução mais
incorporação uma grande variedade de adequada é adotada, sendo que em mui-
materiais e componentes. Segundo FARAH tas vezes a tomada de decisão fica a cargo
(1992) é possível identificar três tipos bá- do operário sem capacitação para tal.
sicos de atividades num canteiro de obras: Advindo destas circunstâncias, o resulta-
(i) a preparação de materiais e componen- do típico são cortes, recortes e adapta-
tes, ou seja, a partir dos materiais adquiri- ções que resultam em perdas de material,
dos no mercado, uma série transforma- de tempo e de mão-de-obra. Esta situação
ções, que envolvem a mistura ou a agre- é decorrente, na maioria dos casos, da fal-
gação, originando novos materiais; (ii) a ta de um gerenciamento da produção e de
construção do produto propriamente dita uma programação das tarefas que deve-
(iii) atividades com função de suporte ou rão ser cumpridas. Desta forma, as práti-
apoio às atividades produtivas, i.e. arma- cas adotadas na construção de edificações
zenamento e transporte de materiais no ainda são incompatíveis com o critério de
interior do canteiro. produção industrial.

10
Tais peculiaridades têm sido apontadas gura 1 mostra, nas últimas quatro décadas,
como fatores que contribuem para o baixo o índice de produtividade da indústria da
desempenho do setor, expresso por bai- construção civil, que apresenta comporta-
xos níveis de produtividade, alto custo, bai- mento constante, comparando-o ao índice
xa qualidade dos produtos e altos índices de produtividade das outras indústrias, que
de desperdícios e geração de resíduos. A Fi- apresenta tendência de crescimento.

Produtividade Industrial (EUA)


200%
Índice de Produtividade

180%
160% Outras
140% Indústrias
(inclui
120%
Construção)
100%
80% Indústria da
60% Construção
40%
20%
0%
1960 1970 1980 1990 2000

Figura1: Índice de produtividade de indústrias nas últimas quatro décadas

11
Anotações

12
SUSTENTABILIDADE 2. CONSTRUÇÃO CIVIL E
“A construção civil
SUSTENTABILIDADE
consome 15 a 50%
dos recursos natu-
rais empregados
no setor produti-
vo, principalmente
Usualmente, o processo de construção é dividido em quatro etapas
na etapa de produ-
principais: o planejamento do empreendimento, a elaboração dos
ção de materiais e
componentes”. projetos, a execução da obra (com o aporte de materiais e compo-
nentes) e, por fim, o uso (com as devidas atividades de manutenção
e/ou recuperação). Ao término da vida útil do empreendimento,
pode-se acrescentar mais uma etapa, correspondente à demolição e
destinação final dos resíduos daí decorrentes. Este modelo, utiliza-
do desde os primórdios da humanidade, vem sendo discutido, em
função de substanciais alterações que vem ocorrendo em nossa so-
ciedade ao longo das últimas décadas, que o tornam inviável. O
grande crescimento da população mundial, aliado à inclusão de uma
parcela substancial da população que até a pouco não tinha acesso
ao mercado da construção civil, levou a um sensível aumento na pro-
dução do setor. Do ponto de vista da sustentabilidade global da so-
ciedade é importante observar que a construção civil consome 15 a
50% dos recursos naturais empregados no setor produtivo (JOHN,
2000), principalmente na etapa de produção de materiais e compo-
nentes. Por exemplo, segundo o Anuário Mineral Brasileiro de 2006,
disponibilizado pelo Departamento Nacional de Produção Mineral
(DNPM), em 2005 a construção civil foi responsável pelo consumo
de aproximadamente 70% do consumo da areia e 80% do consumo
de brita (DNPM, 2007). Por sua vez, a produção nacional de cimento
em 2005 foi de 36,6 milhões de toneladas (SNIC, 2005), o que impli-
ca em grandes consumos de matéria prima (calcário e argilas, princi-
palmente) e energia. Atualmente, as reservas naturais de diversos
materiais começam a escassear, tornando o custo de extração mais
oneroso e gerando um alerta com relação à possível falta destas ma-
térias primas nas próximas décadas. Outro aspecto muito relevante
na análise do impacto da Indústria da Construção Civil no meio am-
biente decorre do elevado volume de resíduos gerado na etapa de
construção, sendo estimado que 25 a 30% dos insumos adquiridos
para um empreendimento sejam desperdiçados. Ainda deve ser
considerado o impacto proveniente de reformas e demolições.

13
ENTRADAS NA
CONSTRUÇÃO
CIVIL:

– 70% do consumo
de areia

Em função do exposto, diversos autores começaram a considerar a – 80% do consumo


necessidade de se adicionar uma nova etapa ao processo da cons- de brita
trução, a etapa de reciclagem e/ou destinação final, que completa o – 36,6 milhões to-
ciclo anteriormente adotado. Esta nova forma de se analisar o pro- nelad3as de ci-
cesso da construção pressupõe que, desde as etapas de concepção mento (em 2005),
e projeto, sejam considerados os impactos ambientais de cada deci- consumo de calcá-
são, e que noções como as de produção mais limpa, análise de ciclo rio e argila,
de vida e reciclagem sejam incorporadas pelo setor e exigidas pelos principalmente.
órgãos reguladores.

A resposta do setor a esta nova realidade vem ocorrendo pela ado- DESPERDÍCIO
ção de projetos mais racionalizados, pela escolha de materiais mais
duráveis e de menor impacto ambiental, e de procedimentos cons- 25% a 30% dos in-
trutivos que geram menos perdas. Nesse contexto, outras práticas sumos adquiridos
utilizadas para minimizar os impactos do setor são a reciclagem de para um empreen-
dimento são
resíduos gerados por outras indústrias, na forma de materiais de
desperdiçados.
construção, e a minimização e reciclagem dos resíduos gerados du-
rante a execução das obras. Os resíduos gerados durante a etapa de
execução da obra são denominados na literatura como “resíduos de
construção e demolição (RCD)”. Os mesmos resíduos são denomina- GERAÇÃO DE RCD:
dos pelo CONAMA como “resíduos de construção civil (RCC)”.
Média de 136
kg/habitante/ano

14
A quantidade de RCD gerada no mundo é
2.1. Reciclagem
significativa, variando em torno de 136kg/
habitante por ano (PINTO, 1999; JOHN,
A reciclagem de materiais de construção é
2000). Em diversos países, a geração dos
uma prática muito antiga. Alguns regis-
RCD em relação ao total de resíduos sóli-
tros apontam que, já na antiguidade, o ser
dos urbanos em massa é predominante,
humano empregava tal técnica com o ob-
variando de 13 a 80% (ÂNGULO, 2000).
jetivo de preservar os recursos naturais.
Estas variações se devem às diferenças
Nos monumentos da antiga Grécia é pos-
nos critérios de classificação, no controle
sível encontrar um tipo de concreto con-
da geração dos resíduos, nas tecnologias
feccionado com um aglomerante de base
e nos materiais empregados em cada
calcária misturado a cacos de telhas cerâ-
país. No Brasil, somente a cidade de São
micas e fragmentos de pedras que prova-
velmente haviam sido descartados das Paulo gera 4.000 toneladas de RCD/dia
(BRITO, 1999).
edificações. Isto prova que, desde o prin-
cípio, as mudanças que o homem provoca
Os principais motivos para a expressiva
em seu habitat geram resíduos, e que a re-
geração de resíduos na construção civil
ciclagem dos mesmos já existia na anti-
são relacionados na Tabela 1, a seguir.
guidade (VITRUVIO, 2002).

Tabela 1 – Fontes e causas da ocorrência de resíduos de construção

Fonte Causa

Projeto Erro nos contratos


Contratos incompletos
Modificações de projeto

Intervenção Ordens erradas, ausência ou excesso de ordens


Erros no fornecimento

Manipulação de materiais Danos durante o transporte


Estoque inapropriado

Operação Erros do operário


Mau funcionamento de equipamentos
Ambiente impróprio
Dano causado por trabalhos anteriores ou posteriores
Uso de materiais incorretos em substituições
Sobras de cortes
Sobras de dosagens
Resíduos do processo de aplicação
Outros Vandalismo e roubo
Falta de contrôle de materiais e de gerenciamento de resíduos

Fonte: GAVILAN E BERNOLD in ÂNGULO, 2000.

15
RESOLUÇÃO
2.2. Legislação
CONAMA
307/2002:
A indústria de reciclagem de resíduos vem crescendo mundialmen-
te, como resultado da adoção de políticas de incentivo. Entretanto,
Dispõe sobre a
no Brasil, a preocupação com resíduos da construção civil é recente,
gestão de RCD.
e a política nacional para incentivar a reciclagem, o uso, a industria-
lização e a comercialização destes resíduos está em elaboração. A
resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA nº
307, de 5 de Julho de 2002, dispõe sobre a gestão destes resíduos, e
estabeleceu diretrizes, critérios e procedimentos para a sua gestão.
Contudo, grande parte dos municípios brasileiros ainda não se
adaptou às exigências desta resolução. Desta forma, a ausência ou
ineficiência de políticas específicas para estes resíduos tem gerado
danos ambientais significativos em regiões urbanas. O surgimento
de aterros clandestinos, a obstrução de sistemas de drenagens, o
assoreamento de rios e córregos, a proliferação de vetores trans-
missores de doenças, o esgotamento de aterros (inertes ou sanitá-
rios) e a contaminação do lençol freático, contribuem para o alto
custo social e econômico assumido pelas prefeituras e pela popula-
ção (PINTO, 1999; ÂNGULO, 2000; ZORDAN, 1997).

2.3. Centrais de reciclagem


Centrais de reciclagem de RCD vêm ga- muitos são de composição predominante-
nhando espaço no Brasil e, quando inseri- mente inorgânica. Um aspecto importante
das em políticas públicas adequadas, têm é que os resíduos são constituídos de mine-
contribuído decisivamente para a solução rais não metálicos, adequados à produção
dos impactos urbanos e redução de custos de agregados, mas possuem outras fra-
gerados pela deposição irregular desses ções: metais ferrosos e não ferrosos, plásti-
resíduos. Segundo ÂNGULO (2004) existi- cos, madeira e até mesmo gesso de cons-
am 12 usinas de reciclagem instaladas no trução (PINTO, 1999). Embora os resíduos
Brasil, privadas e públicas, com plantas possam ser utilizados em novos materiais e
simples se comparadas com as centrais do produtos, como argamassas, concretos e
exterior. Contudo, em levantamento reali- blocos, a principal aplicação do agregado
zado por JADOVSKI (2005), em meados de gerado a partir da reciclagem ocorre em ba-
2005 nem todas as plantas estavam ope- ses de pavimentação, pois essa aplicação
rando. No Brasil, a reciclagem de boa parte não exige grande qualidade aos agregados
dos resíduos de construção e demolição, reciclados. O principal consumidor do ma-
na forma de agregados, é possível, porque terial reciclado é setor público.

16
materiais betuminosos, resíduos de tin-
2.4. Componentes do RCD
tas, resíduos de papeis e embalagens, re-
síduos de plásticos, etc.) e solos. Em ge-
Os resíduos de construção e demolição
ral, a maior quantidade de resíduos cor-
são constituídos por diversos materiais,
responde a materiais cerâmicos, havendo
tais como materiais cerâmicos (resíduos
menor quantidade de materiais metálicos
de cerâmica vermelha, tais como tijolos,
e orgânicos.
blocos e telhas, resíduos de cerâmica
branca, resíduos de argamassas, resíduos
Na Tabela 2 pode-se visualizar o resultado
de concretos, etc.), materiais metálicos
de levantamentos realizados em vários
(resíduos de aço para concreto armado,
municípios brasileiros, com o objetivo de
resíduos de tubos de aço e cobre, chapas
determinar a composição média do RCD
de aço galvanizado, etc.), materiais orgâ-
nicos (resíduos de madeira, resíduos de gerado.

Tabela 2 – Composição percentual de RCD por município


Composição do São Ribeirão Porto São Novo
Londrina1 Itatinga4 Itatiba4
resíduo Carlos2 Preto3 Alegre5 Leopoldo6 Hamburgo6
(PR) (SP) (SP) (SP) (SP) (RS) (RS) (RS)
Argamassa 16,0 64,4 37,6 25,0 40,0 28,3 22,0 34,2
Cerâmica branca 52,0 29,4 23,4 30,0 47,0 26,3 43,4 22,9
e vermelha
Concreto —- 4,8 21,2 8,0 13,0 15,2 26,0 26,8
Pedras —- 1,4 17,8 —- —- 30,0 6,0 14,1
Outros 32,0 —- —- 37,0 —- 0,4 3,0 2,1

Fonte: 1Levy (1997), 2Pinto (1999), 3Zordan (1997), 4Brito (1999), 5Leite (2001), 6Lovato (2007)

Conforme visualizado na Tabela 2, há uma Nas Figuras 1 a 3, a seguir, pode-se visua-


grande variação na composição do RCD nos lizar a deposição de diversos materiais
municípios citados. Devido à dispersão ve- que, em conjunto, fazem parte da compo-
rificada entre os diversos estudos, é funda- sição dos resíduos de construção e demo-
mental que as metodologias adotadas para lição (resíduos de cerâmica vermelha, con-
o uso dos RCD considerem esta variação de creto e pedras).
composição, inerente ao próprio resíduo.

17
Figura 1 – Deposição de resíduos de cerâmica e argamassa em aterro municipal

Figura 2 – Deposição de resíduos de concreto em aterro municipal

18
Figura 3 – Deposição de resíduos de pedras em aterro municipal

utilizados. A reciclagem pode ser realiza-


2.5. Formas de Reciclagem
da na forma de uma única fase dominante,
como no caso de agregados reciclados de
A reciclagem de RCD no Brasil é muito inci- concreto (contendo somente concreto) e
piente, reduzindo-se a algumas iniciativas de agregados reciclados de cerâmica (con-
municipais. Um dos principais exemplos é tendo somente cerâmica vermelha e bran-
o do município de Belo Horizonte, onde a ca). Uma segunda alternativa é a geração
reciclagem de RCD tem como principal de agregado reciclado de RCD misto, pelo
destino o uso como base para pavimenta- processamento simultâneo de resíduos de
ção. Segundo dados do município, o custo argamassa, cerâmica vermelha, cerâmica
da produção de pavimentação asfáltica branca, concreto, rochas, e outros.
com uso de agregado proveniente de RCD
é cerca de 22% inferior ao convencional. Dependendo do porte do município, pode
Além disso, antes da instalação das usi- ser interessante que as etapas de triagem,
nas de reciclagem, o custo anual de remo- reciclagem e aterro estejam reunidas em
ção do entulho resultante de deposições uma mesma instalação. As plantas de re-
clandestinas estava na ordem de 1 milhão
ciclagem existentes no Brasil, em geral,
de dólares.
não estão configuradas deste modo. As
localizadas nos maiores centros urbanos
A reciclagem na forma de agregados é for-
possuem apenas sistemas de britagem e
ma mais utilizada de reciclagem de RCD no
de peneiramento, e não são dotadas de
Brasil. As propriedades e alternativas de
estrutura para a separação dos resíduos.
aplicação do agregado reciclado irão de- Tal fato exige que a separação dos mate-
pender da composição e teor dos resíduos riais metálicos e dos materiais orgânicos

19
seja realizada previamente, durante a eta- 2.6. Agregados obtidos pelo
pa de triagem (que ocorre em outro local
ou sob responsabilidade do gerador).
processamento de RCD
Para a reciclagem da fração mineral do
Os agregados obtidos pela moagem de
RCD (materiais cerâmicos), é imprescindí-
RCD são, em geral, mais porosos e possuem
vel que os materiais ferrosos, plásticos,
forma mais alongada que os convencionais.
madeiras e outros não classificados como
A maior porosidade é resultante da exis-
Classe A, segundo a resolução CONAMA
tência de materiais de elevada porosidade
307, sejam separados previamente.
em sua composição, como cerâmica ver-
melha e argamassas, e está associada a
A britagem pode ser realizada com o auxí-
uma menor massa específica e um maior
lio de diversos tipos de britadores, sendo
índice de absorção de água. Estes materiais
que suas características irão alterar a for-
tendem a gerar, durante a etapa de moa-
ma e a quantidade de agregado gerado em
gem, agregados alongados. A forma alon-
cada fração granulométrica. Em geral, os
gada, em geral, exige um aumento no con-
agregados miúdos são destinados à fabri-
sumo de cimento, para se manter a mesma
cação de argamassas e os agregados graú-
trabalhabilidade que seria obtida com um
dos são utilizados para a fabricação de
agregado convencional. Outro aspecto que
concreto. Quando o processo possui baixa
diferencia o agregado reciclado é o au-
eficiência, o destino mais comum é na
mento da rugosidade superficial, em com-
construção de bases para a pavimentação.
paração com agregados convencionais. Nas
Os agregados gerados a partir da britagem
Figuras 4 e 5 pode-se constatar, visual-
do RCD possuem características distintas
mente, algumas destas características.
dos agregados naturais, e apresentam gran-
de variação nas suas propriedades.

Figura 4 – Visualização de agregado graúdo obtido após o processamento,


em moinho de mandíbulas, de resíduos de construção e demolição.

20
Figura 5 – Visualização da forma de grãos de agregado graúdo obtidos após o
processamento, em moinho de mandíbulas, de resíduos de construção e demolição.

PLANTAS DE
RECICLAGEM:

– Triagem: Separa-
ção dos metálicos,
plásticos, As principais formas de utilização de agregados reciclados são:
orgânicos. como material para enchimentos, na execução de pavimentação, em
– Reciclagem (Bri- concretos, ou em argamassas. A escolha da forma de reciclagem a
tagem): Agrega- ser adotada depende de uma análise conjunta das características
dos reciclados. técnicas, ambientais e financeiras de cada alternativa. Para tal, reco-
– Aterro: Disposi- menda-se o seguinte procedimento (NEMMERS, 1997):
ção final.
• identificar as condicionantes técnicas críticas para a reciclagem;

PRINCIPAIS FORMAS
• determinar a forma de reciclagem que proporciona maior benefí-
cio geral (considerando os aspectos técnicos, ambientais e finan-
DE UTILIZAÇÃO DOS
ceiros);
AGREGADOS
• garantir que a forma de reciclagem adotada não trará problemas
– Como material
ambientais mais sérios ao término da vida útil do novo material ou
para enchimentos
componente (gerado pelo processo de reciclagem);
– Como base ou
sub-base de • evitar a reciclagem de materiais potencialmente agressivos ao
pavimentos meio ambiente.
– Em concretos
– Em argamassas

21
2.6.1. Agregados reciclados em mas vezes, gerando danos ambientais
bases para pavimentação pela existência de materiais agressivos no
lixiviado.
A reciclagem de resíduos de construção e
demolição na forma de agregados para A reciclagem em pavimento asfáltico é
uso em pavimentação é a forma mais co- uma prática comum em todo o mundo,
mum de reciclagem. O agregado reciclado sendo diretamente dependente da viabili-
pode ser utilizado na forma de agregado dade financeira do transporte do resíduo
para a construção de base e sub-base para moído. Além da viabilidade financeira, a
pavimentação ou na forma de agregado reciclagem em pavimento de concreto de-
incorporado ao pavimento asfáltico ou ao pende das propriedades especificadas em
pavimento de concreto. projeto serem atingidas pelo concreto com
agregado reciclado.
Sob o ponto de vista técnico, a obtenção
de agregados reciclados com característi- 2.6.2. Reciclagem em concretos e
cas adequadas para uso em base e sub- argamassas
base é a solução mais facilmente obtida;
esta solução, entretanto, agrega muito
Os agregados gerados a partir da brita-
pouco valor ao agregado reciclado, e ex-
gem do RCD são compostos principalmen-
põe o agregado ao contato com a água
te por argamassas, cerâmica vermelha,
decorrente de precipitações e de fluxos
concretos e rochas. A seguir é realizada
provenientes do lençol freático, possibili-
uma pequena compilação das principais
tando a ocorrência de lixiviação e, algu- propriedades destes materiais.

PARA ENTENDER:

Consistência: É a mobilidade ou facilidade do concreto ou argamassa escoar


Segregação: Separação dos componentes de uma mistura homogênea
Exsudação: Forma particular de segregação, verificada quando a água de amassamen-
to sobe até a superfície do concreto recém lançado. Ocorre quando os constituintes só-
lidos não conseguem fixar a água existente no concreto.
Trabalhabilidade: Facilidade de aplicação do concreto, sem que ocorra segregação
Massa Específica: relação entre a massa e o volume ocupado por determinado material
Resistência: A resistência do concreto é definida como a característica de resistir a ten-
sões sem ocorrência de ruptura (fissuração). A resistência é a propriedade de maior
significância em concretos, sendo normalmente associada à durabilidade.
Fissuras: espaço resultante da separação parcial de um material em duas partes, em
função das tensões internas superarem sua capacidade resistente
Durabilidade: uma estrutura de concreto é durável quando, sob condições ambientais
esperadas, mantêm sua segurança, funcionalidade e aparência aceitáveis durante um
período de tempo, implícito ou explícito, sem requerer altos custos para manutenção e
reparo.

22
2.6.2.1. Concretos – princípios projetista (à compressão e à tração), um
básicos módulo de elasticidade adequado às ne-
cessidades da obra, e a inexistência de
O concreto é obtido a partir da mistura de fissuras que possam comprometer a vida
cimento, agregados miúdos e graúdos, útil prevista em projeto.
água e, eventualmente, aditivos e adições.
Os concretos devem apresentar proprieda- O aspecto mais crítico na especificação de
des adequadas ao seu uso, no estado fres- um concreto consiste em garantir que ele
co e no estado endurecido. mantenha suas propriedades pelo período
de tempo especificado pelo projetista
No estado fresco, o concreto deve ser tra- (vida útil de projeto). A vida útil de edifica-
balhável, ou seja, deve possuir uma con- ções residenciais tende a ser especificada
sistência adequada, não apresentar se- em 50 anos, enquanto que em obras públi-
gregação e exsudação, e manter sua cas recomenda-se a especificação de uma
consistência durante o tempo necessário vida útil maior, na ordem de 100 anos. Os
para seu manuseio. Existe uma trabalha- principais mecanismos de degradação das
bilidade ótima para cada situação de apli- estruturas de concreto estão relacionados
cação. A consistência geralmente é deter- com a corrosão de armadura, decorrente
minada pelo ensaio de abatimento de da ação de cloretos (em regiões litorâneas)
tronco de cone (slump test). e do gás carbônico (em grandes centros
urbanos). Ao se incorporar algum tipo de
No estado endurecido, as principais pro- resíduo ao concreto, é fundamental que
priedades requeridas ao concreto são sejam realizados ensaios visando avaliar a
uma massa específica adequada, uma re- durabilidade do concreto assim obtido.
sistência que atenda às especificações do

Figura 6 – Determinação de consistência, por abatimento em


tronco de cone, de concreto com agregado de RCD.

23
Figura 7 – Determinação da resistência à
compressão de concreto com agregado de RCD

Figura 8 – Determinação da resistência à tração por compressão


diametral de concreto com agregado de RCD

24
Figura 9 – Determinação do módulo de elasticidade
de concreto com agregado de RCD

2.6.2.2. Argamassas – princípios gamassa nas reentrâncias e saliências


básicos macroscópicas da base e também da pe-
netração do aglomerante nos poros da
Argamassas são obtidas pela dosagem base, sendo influenciada pelas caracterís-
de cimento, agregado miúdo, água e, ticas da argamassa, da base e pela técnica
eventualmente, cal, aditivos e adições. de aplicação. A aderência não é uma pro-
As principais propriedades que devem ser priedade exclusiva da argamassa, porém de-
conhecidas em uma argamassa são: tra- pende grandemente das características do
balhabilidade, massa específica aparente, substrato, e processa-se essencialmente por
teor de ar incorporado, capacidade de re- fenômenos mecânicos (CARASEK, 1996). A
tenção de água, consistência e capacida- capacidade da argamassa não apresentar
de de adesão inicial à base sobre a qual é fissuras depende, igualmente, das caracte-
aplicada, aderência, módulo de deforma- rísticas da argamassa e do substrato.
ção e estabilidade volumétrica, permeabi-
lidade, resistência mecânica, característi- Os materiais constituintes das argamas-
cas da superfície e a sua durabilidade. sas são o cimento, a cal, a areia e aditivos.
O cimento é o principal responsável pela
Dentre as principais propriedades exigidas resistência mecânica e pela aderência das
a uma argamassa no estado endurecido argamassas; se utilizado em excesso, en-
destacam-se a não existência de fissuras e tretanto, pode gerar fissuras na argamas-
a aderência ao substrato. A aderência é sa. A cal é a principal responsável pela re-
resultante da ancoragem mecânica da ar- tenção de água (importante para permitir

25
a hidratação do cimento e impedir a fissu- cerâmicas é a cor da massa, que pode ser
ração por retração) e proporciona elastici- branca ou vermelha. As cerâmicas verme-
dade para a argamassa. Uma areia com lhas são provenientes de argilas sedimen-
características adequadas pode aumentar tares, com altos teores de compostos de
a resistência mecânica, a aderência e di- ferro, responsáveis pela cor avermelhada
minuir a per mea bilidade (e porosida de) após a queima. São utilizadas na fabrica-
da argamassa, além de melhorar sua tra- ção de diversos componentes de constru-
balhabilidade. Freqüentemente, são uti- ção, tais como tijolos maciços, blocos ce-
lizados aditivos para a correção de pro- râmicos, telhas, tubos cerâmicos, tavelas,
priedades das argamassas, tais como dentre outros. Cada tipo de componente
aditivos incorpora dores de ar, plastifi- exige argilas com características específi-
cantes, retentores de água, retardadores cas, sendo que os mais adequados para a
de pega, aumentadores de aderência e hi- incorporação de resíduos são os tijolos
drofugantes, além de adições minerais maciços e blocos cerâmicos. Estes resíduos,
como materiais cimentícios, pozolanas, fi- em geral, devem possuir pequenas dimen-
bras ou polímeros. sões (na ordem de 0,1mm ou inferior), de
modo a permitir uma adequada mistura
Os principais ensaios utilizados para a ca- com a argila. Em função das elevadas pro-
racterização das argamassas são: deter- priedades requeridas para a matéria prima
minação do teor de ar incorporado, reten- utilizada nas telhas e tubos cerâmicos, não
ção de água, resistência à compressão é usual a incorporação de resíduos na sua
axial, resistência à tração por compressão fabricação.
diametral e módulo de deformação. Além
dessas propriedades, também pode ser A primeira etapa do processo de produ-
necessário determinar, com a argamassa ção de um componente de cerâmica ver-
aplicada sobre a base, a resistência de melha consiste no preparo da massa. A
aderência a tração direta, a estanqueida- massa é submetida a um procedimento de
de, a resistência de compressão de prisma conformação, sofre uma secagem inicial
e a resistência de aderência à tração na fle- e, posteriormente, é cozida, gerando a ce-
xão de prisma. râmica vermelha. É na etapa de preparo
da massa que é possível adicionar diver-
2.6.2.3. Cerâmica vermelha – sos tipos de resíduos à argila. A análise da
princípios básicos possibilidade de adição depende das es-
pecificações do componente a ser fabrica-
As cerâmicas são obtidas a partir de uma do. A comprovação das propriedades é
massa a base de argila, submetida a um realizada por ensaios de caracterização,
processo de secagem lenta e, após a reti- feitos em laboratório, diretamente na ma-
rada de grande parte da água, cozida em téria-prima. Os ensaios são realizados di-
temperaturas elevadas. Um dos critérios retamente na matéria-prima e em corpos-
mais tradicionais para classificação das de-prova que passaram por todas as eta-

26
pas do processo de produção da cerâmica Ensaios de caracterização da matéria-
vermelha (preparo da massa, moldagem, prima após a queima: A estimativa das
secagem e queima). propriedades que uma argila irá adquirir
após a queima é realizada, normalmente,
Os principais ensaios utilizados para a ca- por meio da moldagem de pequenos cor-
racterização da argila são: pos-de-prova que são queimados em uma
determinada temperatura e, após resfria-
Ensaios visando à identificação da com- mento, submetidos a ensaios de caracteri-
posição química da argila: difração de zação. Os ensaios utilizados para a carac-
raio X, análise térmica, microscopia ótica terização da argila, na forma de corpos-
e eletrônica, espectroscopia no infraver- de-prova, são a determinação da umidade
melho e análise química. Para a identifica- de conformação, da contração linear, a
ção de argilas com elevado grau de pure- massa específica e a porosidade, além da
za, o uso de uma dessas técnicas, como a tensão de ruptura à flexão.
difração de raio X, já é suficiente. Nas ou-
tras argilas, o uso conjunto de várias téc- Após a verificação das características da ar-
nicas é o único caminho para a correta gila, por meio de ensaios em laboratório,
identificação dos constituintes. deve-se realizar a moldagem de compo-
nentes, em uma olaria, de modo a verificar
se os componentes atingem as proprieda-
Ensaios visando à caracterização física
des requeridas para a comercialização. Na
da argila: A caracterização física da argila
indústria cerâmica, o processo se inicia
é realizada a partir da determinação da
pela preparação da massa, por meio da
distribuição granulométrica e dos índices
operação de sazonamento e mistura de
de plasticidade da argila. A distribuição
argilas. Após, o material a ser reciclado é
granulométrica, associada à forma e ao
adicionado ao processo, sendo que a mas-
estado de agregação das partículas de ar-
sa assim obtida passa pelo processo de
gila, exerce grande influência no compor-
amassamento, geralmente com o auxílio
tamento da massa e nas propriedades da
de laminadoras. Nessa etapa, também é
cerâmica vermelha, tais como a distribui-
ajustado o teor de água da mistura, de
ção de poros, resistência mecânica e tex-
modo a permitir uma moldagem adequa-
tura. Para a produção de componentes de
da. A seguir, é realizada a secagem prévia
cerâmica vermelha, geralmente é neces-
da mistura, até atingir a umidade adequa-
sário passar a matéria-prima por uma la-
da para a queima do produto cerâmico.
minadora, com o objetivo de adequar as
dimensões dos grãos de argila às dimen-
sões citadas, necessárias para o processo 2.6.3. Uso de agregados recicla-
de extrusão ou prensagem. A plasticidade dos em concretos
é determinada por meio dos índices de
Attemberg (limite de plasticidade, limite Estudos realizados com base nos RCD de
de liquidez e índice de plasticidade). alguns municípios brasileiros indicam a vi-

27
abilidade técnica de seu aproveitamento de, sua resistência à compressão e a sua
em concretos e argamassas (ÂNGULO (2000), durabilidade.
LEITE (2001), LEVY (2001), MIRANDA (1999),
OLIVEIRA et al. (2003), VIEIRA (2003), Demanda de água: Na fabricação de con-
ÂNGULO (2005), SILVANO et al. (2006), cretos com agregado de RCD, é fundamen-
LOVATO (2007). Observa-se, entretanto, tal que seja realizada a determinação da
que há uma grande variedade na tipologia absorção de água do agregado reciclado,
e nas características do RCD gerado, o que que é substancialmente maior que a de
exige que levantamentos específicos se- agregados naturais. Esse comportamento
jam realizados em cada região onde se é decorrente da existência de materiais de
pretenda trabalhar com a reciclagem des- elevada porosidade na composição do
ses resíduos. No Rio Grande do Sul, a pri- agregado (tais como cerâmica vermelha e
meira pesquisa de porte relacionada com argamassas), e da forma e textura superfi-
o tema foi desenvolvida em um trabalho cial dos grãos do agregado reciclado, uma
conjunto entre pesquisadores da UNISINOS, vez que agregados de forma alongada e
FEEVALE, UFRGS e CIENTEC; a pesquisa refe- textura mais áspera irão demandar mais
rida permitiu a caracterização do RCD gera- água e cimento para atingir uma determi-
do nos municípios de São Leopoldo, Novo nada trabalhabilidade. Outro aspecto im-
Hamburgo e Porto Alegre (KAZMIERCZAK et portante do comportamento do concreto
al., 2006; LOVATO, 2007), e estudou a uti- com agregados reciclados é que o concre-
lização desse resíduo na confecção de to tende a perder sua trabalhabilidade du-
concretos. rante o estado fresco (tornando-se mais
“seco”, o que dificulta seu manuseio).
O uso de agregados reciclados na fabrica- Caso a absorção de água pelos agregados
ção de concretos pode ser realizado a par- seja muito elevada, poderá ocorrer falta
tir da reciclagem exclusiva de concretos, de água para as reações de hidratação da
quando se obtêm ganhos na resistência e pasta de cimento. Em geral, o acréscimo
outras propriedades do concreto, ou pela de absorção de água no concreto com
reciclagem de agregados mistos (conten- agregado reciclado de RCD, para um mes-
do resíduos de concreto, argamassas, ce- mo abatimento, varia entre 5% e 15%.
râmicas e outros). Nesta segunda situa-
ção, em geral, para se obter uma mesma Quando se utiliza apenas agregados reci-
resistência, é necessário aumentar o con- clados de concreto ou argamassa, há uma
sumo de cimento do concreto com agre- tendência de que a alteração na demanda
gado de RCD. de água não seja elevada. Entretanto,
quando o agregado reciclado é provenien-
O uso de agregado reciclado de RCD, em te da mistura de diversos tipos de mate -
geral, altera propriedades importantes do ria is (como argamassa, cerâmica verme-
concreto, tais como a demanda de água lha, cerâmica branca, concreto e outros),
para atingir determinada trabalhabilida- a alteração na demanda de água e na velo-

28
cidade de absorção de água pelo agrega- de agregado (até 20 ou 30%) não geram
do pode ser substancial. Nesses casos, é alterações significativas na resistência do
comum que o agregado reciclado seja concreto.
submetido a uma molhagem prévia, antes
de seu uso na confecção do concreto. Na Figura 10, a seguir, pode-se comparar
Deve-se cuidar para que o agregado não as diferenças de consumo de cimento ne-
fique saturado, o que poderá gerar perda cessárias para obter-se uma mesma resis-
de aderência entre a pasta e o concreto, e tência entre um concreto de referência, e
uma conseqüente diminuição na resistên- concretos onde o agregado convencional
cia do concreto. foi substituído por agregado reciclado
(AMR = agregado miúdo reciclado, AGR =
Resistência à compressão: A utilização agregado graúdo reciclado). Observa-se
de agregado reciclado de RCD irá alterar a que o uso de teores de substituição de até
resistência à compressão do concreto. A 50%, para a faixa de resistência entre 20 e
alteração da resistência irá depender da 25MPa, gera um acréscimo de consumo
composição do agregado reciclado (maio- de cimento na ordem de 30kg / m3 de
res teores de materiais com elevada poro- concreto, ou seja, em torno de 10% de
sidade, como cerâmica vermelha, tendem acréscimo de consumo com relação ao
a diminuir a resistência do concreto) e do concreto de referência. A substituição to-
teor de substituição do agregado conven- tal do agregado, entretanto, altera forte-
cional por agregado reciclado. Em geral, mente o consumo de cimento.
substituições de pequenas quantidades

35,0

30,0

25,0
fc ( M P a )

20,0

15,0

10,0
225,00 275,00 325,00 375,00 425,00
Consumo de cimento (kg/m³)

Referência 100% AMR; 0% AGR


50% AMR; 50% AGR 0% AMR; 100% AGR
100% AMR; 100%AGR

Figura 10 – Consumo de cimento para diferentes teores de substituição de


agregados convencionais por agregado reciclado de RCD (Lovato, 2007).

29
Na Figura 11, pode-se associar a resistên- cimento, o uso de agregado gerado pelo
cia a tração por compressão diametral processamento de RCD diminui a resistên-
com a relação água/cimento necessária cia à tração por compressão diametral. O
para obtê-la, entre um concreto de refe- uso de teores de substituição de até 50%
rência, e concretos onde o agregado con- gera uma diminuição na resistência à tra-
vencional foi substituído por agregado re- ção de cerca de 20%. A substituição total
ciclado (AMR = agregado miúdo reciclado, do agregado, entretanto, altera fortemen-
AGR = agregado graúdo reciclado). Obser- te a resistência à tração.
va-se que, para uma mesma relação água/

3,00

Referência
2,50
100% AMR; 0% AGR
ftD (M Pa)

50% AMR; 50% AGR


2,00
0% AMR; 100% AGR

1,50
100% AMR; 100% AGR

1,00
0,5 0,55 0,6 0,65 0,7
Relação a/c
Figura 11 – Relação entre água/cimento e a resistência à tração por compressão diametral para diferentes
teores de substituição de agregados convencionais por agregado reciclado de RCD (Lovato,2007).

Durabilidade componente, além de, eventualmente,


não apresentarem compatibilidade com
A grande incerteza com relação à durabili- os aglomerantes, adições e aditivos utili-
dade de argamassas e concretos com zados para a confecção de argamassas e
agregados reciclados tem sido um dos fa- concretos.
tores mais limitantes para sua utilização.
A durabilidade é dependente do compor- Um fator de extrema importância com re-
tamento de um determinado componente lação à durabilidade de argamassas e
quando submetido à determinada condi- concretos é a permeabilidade à água e
ção de exposição: no caso específico, é aos gases, decorrente de sua distribuição
fortemente dependente das característi- de poros. Em função da composição típi-
cas dos agregados reciclados utilizados, ca do RCD apresentar uma elevada quan-
que irão influenciar na microestrutura e tidade de materiais de alta porosidade
nas propriedades físicas e mecânicas do (KAZMIERCZAK et al, 2006), é esperado que

30
haja um acréscimo da permeabilidade de Outro aspecto importante no tocante à
concretos e argamassas com agregados durabilidade ocorre em componentes su-
reciclados com relação aos confecciona- jeitos à ciclos de gelo e degelo: os concre-
dos com agregados convencionais, o que tos com agregados reciclados podem apre-
pode gerar maior permeabilidade à água sentar um comportamento melhor do que
em argamassas e maior probabilidade de os convencionais, pois o aumento de volu-
corrosão de armaduras, em concretos. me da água ao congelar-se pode ser ab-
sorvido pelos poros de maior dimensão
Em estruturas de concreto armado, um existentes nos agregados reciclados.
dos principais problemas patológicos é a
corrosão de armadura, causada principal- Agregados miúdos provenientes do pro-
mente pelos mecanismos de carbonata- cessamento do RCD somente devem ser
ção e penetração de cloretos. Em concre- utilizados após um estudo de durabilida-
tos confeccionados com agregados con- de, uma vez que há muitas dúvidas sobre
vencionais, a carbonatação ocorre a partir a eventual reatividade dos álcalis proveni-
da penetração de dióxido de carbono nos entes do cimento existente no RCD, que
poros da pasta de cimento, sendo que os poderá resultar em reações expansivas no
agregados funcionam como barreira a concreto com RCD. Outro aspecto rele-
essa penetração. Quando é utilizado agre- vante é a existência de substâncias dele-
gado reciclado, é esperado que grande térias nos resíduos a serem utilizados para
parte dele, proveniente da britagem de a fabricação do agregado reciclado, que
cerâmicas e argamassas, seja mais per- poderão prejudicar o acréscimo de resis-
meável que a pasta de cimento. Nessa si- tência do cimento. Uma impureza particu-
tuação, a velocidade da carbonatação ten- larmente agressiva, que não pode ser to-
de a ser maior, e dependente da distribui- lerada em agregados reciclados, é o ges-
ção de poros dos agregados. so. O gesso, em contato com o cimento,
reage gerando etringita; a reação é ex-
Outros fenômenos importantes na análise pansiva e resulta em fissuras e na perda
da durabilidade de concretos e argamas- das propriedades mecânicas das argamas-
sas com RCD são os comportamentos fren- sas e concretos. MOREL et. al. (1993), rela-
te à penetração de cloretos e a sulfatos, tam que a presença de gesso em agrega-
desconhecidos até então. GOTTFRENSEN e dos reciclados utilizados juntamente
THØGERSEN (1993) submeteram concretos com cimento tem gerado muitos proble-
com agregados reciclados a um teste ace- mas patológicos em bases de rodovias e
lerado em ambiente agressivo e concluí- fundações.
ram que, com apenas 20% de agregados
graúdos reciclados de concreto, as expan- O elevado consumo de água, igualmente,
sões obtidas devidas às reações álcali- poderá inviabilizar o uso dos agregados
agregado são tão pequenas que não le- reciclados, em função da necessidade de
vam o concreto à fissuração. se aumentar o consumo de cimento para

31
manter inalterada a relação água/cimento derá gerar uma grande quantidade de
da mistura. Segundo LEVI (1997), o uso de problemas patológicos.
agregados reciclados com diâmetro máxi-
mo inferior a 2mm, para a fabricação de No Brasil, há poucos estudos relacionados
concretos, é economicamente inviável. com o aproveitamento do agregados de
RCD na forma de argamassa, sendo que a
Segundo diversos autores, a durabilidade maioria destes, até poucos anos, segundo
do concreto não é diminuída quando se MIRANDA (1999), corresponde a estudos
trabalha com teores de substituição de empíricos, sem fundamento tecnológico
agregado inferiores a 20%. Os efeitos do de dosagem. Em estudos realizados por
uso do agregado reciclado na durabilida- MIRANDA (1999), concluiu-se que, para te-
de do concreto devem ser estudados em ores de substituição do agregado miúdo
cada caso específico, sendo necessária de até 24%, foi possível obter traços de ar-
uma atenção especial no caso de concre- gamassa com características adequadas
to armado, onde uma elevada porosida- para uso, no estado fresco. Foram obser-
de poderá propiciar corrosão de arma- vadas alterações no consumo de água ne-
dura. Em concretos não estruturais, a cessário para a argamassa atingir a traba-
substituição do agregado convencional lhabilidade desejada, em função da
pelo reciclado de RCD poderá não alterar composição do resíduo utilizado, sendo
sua durabilidade. que em resíduos com maior quantidade
de cerâmicas houve um aumento de con-
sumo de água e em resíduos onde a fase
2.6.4. Agregados reciclados em
dominante é de concreto o efeito foi in-
argamassas
verso. Em todos os casos estudados, os
autores consideraram que o uso da arga-
A fração fina proveniente da britagem de
massa com agregado reciclado apresenta
RCD pode ser destinada à fabricação de
vantagens econômicas.
argamassas. Algumas pesquisas indicam
uma possível redução no consumo de ci-
É importante ressaltar, entretanto, que o
mento e melhoria na aderência de arga-
desempenho da argamassa irá depender
massas com agregado miúdo proveniente
das características da base sobre a qual
de RCD. Entretanto, é necessário conside-
será aplicada, e que são necessários estu-
rar que se houver grande variabilidade na
dos de desempenho antes da decisão por
composição do RCD as propriedades da
sua utilização.
argamassa também irão variar, o que po-

32
PARA ENTENDER:

Massa específica: relação entre a massa e o volume ocupado por determinado material

Capacidade de retenção de água: capacidade da argamasa reter a água em seu interior du-
rante determinado tempo

Capacidade de adesão inicial: é a capacidade da argamassa se manter aderida à base sobre a


qual está aplicada antes do início das reações de hidratação do cimento e do encunhamento
entre os dois materiais.

33
Anotações

34
3. GESTÃO DE RESÍDUOS DE
CONSTRUÇÃO: RESOLUÇÃO
CONAMA 307

Tendo em vista a necessidade de proteção retrizes, critérios e procedimentos especí-


e preservação do meio ambiente natural e ficos à gestão dos resíduos da construção
construído e visando o desenvolvimento civil.
sustentado dos aglomerados urbanos no
País, o Estatuto das Cidades, através da Resumidamente, a Resolução 307 do CO-
Lei Federal 10.257 (promulgada em 2001) NAMA estabelece responsabilidades e pra-
exige a adoção de políticas setoriais arti- zos de adequação à gestão de resíduos de
culadas por parte dos municípios, com construção para o poder público, para o
destaque à política de gestão dos resídu- gerador e para o transportador. Tem como
os sólidos. premissas a não geração, a minimização,
a reciclagem, e que a gestão integrada
Ao tomar-se como referência o conjunto dos resíduos da construção civil deve pro-
de resíduos sólidos produzido em um porcionar benefícios de ordem social, eco-
centro urbano, pode-se afirmar que a par- nômica e ambiental.
ticipação dos resíduos de construção é
muito significativa. PINTO e GONZÁLES A Resolução 307 do CONAMA entrou em vi-
(2005) afirmam que, em média, a propor- gor em 2 de janeiro de 2003, com os se-
ção pode alcançar até duas toneladas de guintes prazos:
entulho para cada tonelada de lixo domi- • Municípios e Distrito Federal: doze me-
ciliar gerado. Esta relação é comprovada ses para elaboração dos seus “Planos
por LOTURCO (2004), através de dados so- Integrados de Gerenciamento de Resí-
bre a produção diária de lixo urbano na ci- duos de Construção Civil”; dezoito me-
dade de São Paulo, onde foi possível cons- ses para a sua implementação; dezoito
tatar uma produção diária de entulhos da meses para cessar a disposição de resí-
construção civil de cerca de 17 mil tonela- duos de construção civil em aterros de
das diárias, enquanto que a produção de resíduos domiciliares e em áreas de
lixo doméstico correspondia a 8 mil tone- “bota fora”;
ladas. Neste contexto, o Conselho Nacio- • Geradores: vinte e quatro meses para
nal do Meio Ambiente (CONAMA) elaborou incluírem Projetos de Gerenciamento de
a Resolução de número 307, publicada Resíduos da Construção Civil nos proje-
em 5 de julho de 2002, que estabelece di- tos de obras a serem submetidos à

35
aprovação ou ao licenciamento junto tura internacional empregada no meio
aos órgãos competentes. técnico-científico. Popularmente, os ter-
mos mais empregados para denominar os
Embora alguns municípios já tenham se resíduos da construção civil são entulho,
adaptado às exigências da resolução do caliça e metralha. Contudo, neste manual
CONAMA, ainda existe uma quantidade ex- será utilizado a expressão “Resíduos de
pressiva de municípios onde não foram Construção Civil” (RCC), em conformidade
implementadas ações efetivas no sentido com a Resolução 307 do CONAMA.
de atender a Resolução 307. Faz-se neces-
sária, portanto, a adoção de medidas que
permitam aos municípios implementar 3.2. Composição dos
processos de gestão de RCD que conside- resíduos de construção civil
rem as peculiaridades dos Municípios e a
cultura do setor da Construção Civil de As características de composição dos RCD
cada região, proporcionando benefícios podem variar significativamente entre as
de ordem social, econômica e ambiental. regiões do Brasil. Esta variação tem como
causa a diversidade de materiais e técni-
cas construtivas empregados ao longo do
3.1. Definição de resíduos teritório brasileiro, bem como, no caso de
de construção civil demolições, a idade da edificação. Segun-
do as diversas caracterizações de RCD rea-
A Resolução 307 do CONAMA conceitua os lizadas no Brasil, pode-se observar que
resíduos da construção civil como os normalmente o RCD é composto por:
• Concretos
[...] os provenientes de construções, refor- • Argamassas
mas, reparos e demolições de obras de
• Cerâmica vermelha (blocos, tijolos,
construção civil, e os resultantes da prepa-
telhas)
ração e da escavação de terrenos, tais
como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto • Cerâmica polida (revestimento)
em geral, solos, rochas, metais, resinas, co- • Pedras naturais (ornamentais)
las, tintas, madeiras e compensados, for-
ros, argamassa, gesso, telhas, pavimento
• Brita
asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fia- • Areia
ção elétrica etc., comumente chamados de • Metais
entulhos de obras, caliça ou metralha.
• Madeira
• Asfalto
Cabe salientar que inúmeros autores, en-
tre eles, JOHN (2000), PINTO (1999), LEVY
• Solo
(1997), referem-se aos resíduos da cons- • Gesso
trução civil como Resíduos de Construção • Materiais plásticos
e Demolição (RCD), seguindo a nomencla- • Telhas e produtos com fibra de amianto

36
concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.)
3.3. Classificação dos
produzidas nos canteiros de obras;
resíduos de construção civil
• Classe B: resíduos recicláveis para ou-
tras destinações, tais como plásticos,
Quanto à classe de resíduos, conforme a
papel/papelão, metais, vidros, madei-
classificação estabelecida pela NBR
ras e outros;
10004 (ABNT, 2004), o RCD é enquadrado
na Classe II B – Resíduos Inertes. Contudo, • Classe C: resíduos para os quais não fo-
tendo em vista a diversidade de materiais ram desenvolvidas tecnologias ou apli-
empregado na Construção Civil, bem cações economicamente viáveis que
como a caracterização dos RCD, deve-se permitam a sua reciclagem/recupera-
tomar esta classificação com cautela. Mui- ção, tais como os produtos oriundos do
tas vezes, tendo em vista que o RCD incor- gesso;
pora também os resíduos oriundos de re- • Classe D: resíduos perigosos oriundos
formas e demolições, pode-se encontrar do processo de construção, tais como
materiais nocivos à saúde humana e ao tintas, solventes, óleos, telhas e produ-
meio-ambiente. A título de exemplo ci- tos com amianto e outros, ou aqueles
tam-se os resíduos do descarte de telhas contaminados oriundos de demolições,
de fibro-cimento que, até pouco tempo, reformas e reparos de clínicas radioló-
eram produzidas com fibras de amianto, gicas, instalações industriais e outros.
mineral altamente tóxico. Dentre as diver-
sas classificações que se possa tomar ao
consultar a literatura disponível, no Brasil A Resolução Nº 348 de 16 de Agosto de 2004
adota-se a classificação estabelecida pela altera a Resolução CONAMA nº 307, de 5 de ju-
Resolução 307 do CONAMA, conforme lho de 2002, incluindo o amianto na classe de
segue: resíduos da construção perigosos, uma vez que:
• Classe A: resíduos que podem ser reuti-
lizados ou reciclados na forma de agre- – O amianto em pó (asbesto) e outros desper-
gados, tais como: dícios de amianto são classificados como resí-
§ de construção, demolição, reformas e duos perigosos classe I.
reparos de pavimentação e de outras – O Critério de Saúde Ambiental nº 203, de
obras de infra-estrutura, inclusive so- 1998, da Organização Mundial da Saúde - OMS
los provenientes de terraplanagem; sobre amianto crisotila afirma, entre outros,
§ de construção, demolição, reformas e que “a exposição ao amianto crisotila aumenta
reparos de edificações, tais como os riscos de asbestose, câncer de pulmão e
componentes cerâmicos (tijolos, blo- mesotelioma de maneira dependente em fun-
cos, telhas, placas de revestimento, ção da dose e que nenhum limite de tolerância
etc.), argamassa e concreto; foi identificado para os riscos de câncer”.
§ de processo de fabricação e/ou de-
molição de peças pré-moldadas em

37
Tendo em vista a composição apresenta- termos de volume e tipo de obra (demoli-
da anteriormente, bem como a classifica- ções, construções novas, reformas).
ção estabelecida pela Resolução 307 do
CONAMA, grande parte dos resíduos da Cabe aos municípios, a partir de uma le-
construção civil, em torno de 70%, é passí- gislação própria e de um Plano Integrado
vel de reutilização ou reciclagem na forma de Gerenciamento de RCD:
de agregados. Este dado indica que o RCD • exigir dos grandes geradores que ela-
apresenta um grande potencial de recicla- borem e aprovem junto ao órgão de li-
gem, o que levaria a uma diminuição do cenciamento para cada empreendimen-
consumo de recursos naturais e diminui- to um “Projeto de Gerenciamento de
ção do impacto gerado pelos aterros de Resíduos da Construção Civil”;
resíduos inertes, que ao longo do tempo
• estabelecer diretrizes técnicas e proce-
se esgotam, bem como do impacto gera-
dimentos para o exercício das respon-
do pela disposição inadequada.
sabilidades dos pequenos geradores,
por meio de um Programa Municipal de
3.4. Gerador de resíduos da Gerenciamento de Resíduos da Cons-
trução Civil e em conformidade com os
construção civil critérios técnicos do sistema de limpeza
urbana local.
Segundo a Resolução 307 do CONAMA, o
gerador é definido como pessoas, físicas
ou jurídicas, públicas ou privadas, respon- 3.5. Coleta e transporte dos
sáveis por atividades ou empreendimentos
resíduos de construção
que geram os resíduos definidos na Reso-
lução, sendo que o artigo 4º estabelece civil
que os geradores deverão ter como objeti-
vo prioritário a não geração de resíduos e, A Resolução 307 do CONAMA define
secundariamente, a redução, a reutiliza- trans- portadores como as pessoas, físi-
ção, a reciclagem e a destinação final. cas ou jurídicas, encarregadas da coleta e
do transporte dos RCD entre as fontes ge-
A Resolução 307 do CONAMA se refere aos radoras e as áreas de destinação. Cabe
geradores como grandes ou pequenos. salientar que, conforme a referida resolu-
Entretanto, não estabelece parâmetros ção, a coleta e o transporte do RCD é de
para fazer a distinção entre um e outro. responsabilidade do gerador. Contudo,
Caberá aos municípios, por meio da Secre- em grande parte, os geradores contra-
taria do Meio Ambiente e tendo em vista tam empresas transportadoras de resí-
as características da Indústria da Constru- duos, popularmente conhecidas como tele-
ção Civil local, estabelecer a divisão das entulhos ou papa-entulhos. Estas empre-
duas categorias. Uma forma de classificar sas devem ser licenciadas no orgão ambi-
o gerado é a partir da origem do RCD, em ental do Estado.

38
Na sua maioria, as empresas transportadoras de RCD empregam ca- EMPRESAS LICENCIADAS
minhões poli-guindastes, com caçambas estacionárias para coleta e PARA TRANSPORTE DE
transporte dos resíduos. Ao contratar uma destas empresas, o gera- RCD, NO RS:
dor tem ao seu dispor a caçamba na qual deposita os resíduos. Ao
esgotar o volume da caçamba, a mesma é retirada e transportada Ver site da FEPAM
pela empresa transportadora até o local de destino final. Contudo, (www.fepam.rs.gov.br)
estas caçambas, em geral, ficam dispostas em via pública, desprovi-
das de tampa. Sendo assim, é muito comum a população depositar
outros tipos de resíduos, que não RCD.

Desta forma, por mais que as empresas transportadoras façam as


ATENÇÃO:
devidas instruções ao gerador sobre o que pode ser descartado na
caçamba, e, por sua vez, o gerador faça uso correto do mecanismo
Cubra o container
de coleta, o depósito de outros resíduos urbanos, devido ao fácil e
com RCD com tam-
atrativo acesso da população, pode alterar as características do RCD,
pa ou lona para
por exemplo, contaminando-o com matéria orgânica, e dificultar ou
evitar descarte de
mesmo inviabilizar a reciclagem e/ou a disposição final adequada. outros resíduos
Este se constitui num dos problemas encontrados na gestão de cole- que não os
ta e transporte de RCD, fazendo-se necessária uma política de cons- entulhos.
cientização da população quanto à importância de não utilizar estas
caçambas inadequadamente. Uma prática adotada pelos transporta-
dores de resíduos é estipular preços diferenciados para a coleta de O termo contami-
resíduos segregados e não segregados, como forma de incentivar nação geralmente
os geradores a realizar a segregação dos resíduos. é associado a
“dano à saúde”. No
entando, é comum
Um outro problema na coleta e transporte de RCD encontra-se junto
dizer que um ma-
aos pequenos geradores, normalmente envolvidos com constru- terial de constru-
ções, demolições e reformas de pequeno porte e, na maioria dos ca- ção civil, como por
sos, executados dentro da informalidade. O descarte de pequenos exemplo os agre-
volumes, em função dos custos de transporte, acaba ocorrendo em gados, está conta-
locais impróprios como ao longo de vias públicas e estradas, às mar- minado com maté-
gens de leitos d’água, bem como em terrenos desocupados (MORAIS ria orgânica. Estas
et al, 2006). Por este motivo, a Resolução 307 prevê que a municipa- contaminações in-
terferem nas pro-
lidade deve proporcionar meios para que o pequeno gerador faça o
priedades dos ma-
descarte de seus resíduos de forma adequada.
teriais de
construção civil e
realmente podem
gerar uma patolo-
gia, no produto fi-
nal da construção
civil, ou seja, a
edificação

39
tabelecida uma parceria com associação
3.6. Disposição final dos
de catadores e recicladores. Em última
resíduos de construção instância, estes resíduos deverão ser en-
civil caminhados conforme orientações do se-
tor responsável pelo gerenciamento de
A disposição final do RCD, conforme a Re- resíduos sólidos urbanos. Alguns autores,
solução 307 do CONAMA, deverá ser efetua- entre eles SCREMIN (2007), sugerem que
da em áreas de destinação de resíduos, que os resíduos de madeira, por exemplo, po-
são aquelas destinadas ao beneficiamento dem ser empregados como fonte de ener-
ou à disposição final. gia, em olarias ou caldeiras. Contudo, este
recurso deve ser empregado com ressal-
Os resíduos Classe A devem ser dispostos vas, pois em se tratando de madeiras tra-
em aterros de resíduos de construção ci- tadas com resinas sintéticas ou com trata-
vil, que são definidos na Resolução 307 mentos de preservação, ao queimá-las li-
como: bera-se para a atmosfera gases tóxicos.

[...] a área onde serão empregadas técnicas Para a disposição dos resíduos Classe C é
de disposição de resíduos da construção ci-
estabelecido que sejam armazenados em
vil Classe A no solo, visando a reservação
locais secos e cobertos, considerando que
de materiais segregados de forma a possi-
ainda não existem técnicas economica-
bilitar seu uso futuro e/ou futura utilização
da área, utilizando princípios de engenha- mente viáveis de reciclagem. Uma alterna-
ria para confiná-los ao menor volume pos- tiva para estes resíduos é estabelecer que
sível, sem causar danos à saúde pública e o fabricante destes materiais e compo-
ao meio ambiente. nentes seja responsável pela condução
destes resíduos a um local de disposição
Em relação aos resíduos Classe B, é esta- específico para os mesmos. Por fim, para
belecido que os mesmos deverão ser prio- os resíduos Classe D é estabelecido que a
ritariamente reutilizados ou reciclados. sua disposição final deva ocorrer em um
Na impossibilidade destas formas de rein- aterro de resíduos industriais do municí-
serção, estes resíduos deverão ser condu- pio ou da região.
zidos e dispostos em locais de armazena-
mento temporário, de forma que permita Apesar desta política de disposição dos
a sua reutilização ou reciclagem futura. RCD, o que se observa nos municípios que
ainda não se adaptaram à esta Resolução,
Para os resíduos, como vidros, papéis, é a disposição dos resíduos ao longo de
metais e materiais poliméricos, pode-se estradas e vias públicas, em terrenos de-
prever o encaminhamento para a coleta socupados, nas margens de cursos d’á-
seletiva, nas cidades onde estiver presen- gua, ou ainda, em locais destinados pelos
te este tipo de serviço. Caso a coleta sele- municípios como bota-fora. Estes locais
tiva não exista no município, pode ser es- geralmente não são licenciados e não

40
ocorre uma preocupação com a classe pontos de entrega voluntária de RCD, os
ambiental do resíduo que está sendo de- chamados PEV, oriundos dos pequenos
positado ali. Em outras situações, as pró- geradores. Esta logística pode incentivar
prias empresas transportadoras estocam à não disposição em locais irregulares,
estes resíduos para posteriormente em- pois normalmente os PEV’s são localiza-
pregá-los em serviços de terraplanagem, dos em pontos de fácil acesso. Posterior-
também sem a preocupação dos tipos de mente, os resíduos são encaminhados
resíduos que ali são depositados. para áreas de transbordo e triagem, as
ATT, que também recebem os resíduos
Em contraponto, alguns municípios, onde oriundos de grandes geradores (SCREMIN,
a Resolução 307 do CONAMA já é parcial- 2007).
mente ou totalmente atendida, criaram

41
Anotações

42
4. DIRETRIZES PARA GERENCIAMENTO E
GESTÃO DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO

A Resolução 307 do CONAMA define ge- políticas estruturadas e dimensionadas


renciamento de resíduos como: com base na realidade local, e estabelece
que estas políticas assumam a forma de
[...] sistema de gestão que visa reduzir, reu- um Plano Integrado de Gerenciamento
tilizar ou reciclar resíduos, incluindo plane-
de Resíduos da Construção Civil (PIGRCD),
jamento, responsabilidades, práticas, pro-
incorporando necessariamente:
cedimentos e recursos para desenvolver e
implementar as ações necessárias ao cum- • Programa Municipal de Gerenciamen-
primento das etapas previstas em progra- to de Resíduos da Construção Civil
mas e planos. (PMGRCD), com as diretrizes técnicas e
procedimentos para o exercício das res-
Na ampla cadeia dos Resíduos da Cons- ponsabilidades dos pequenos gerado-
trução Civil, muitos atores estão envolvi- res e transportadores; e
dos no que diz respeito à geração, manejo • Projetos de Gerenciamento de Resíduos
e disposição final, sendo estas ações ca- da Construção Civil (PGRCD), que ori-
racterizadas de acordo com a cultura de entem, disciplinem e expressem o com-
cada região, tipo e porte de obras. Desta promisso de ação correta por parte dos
forma, a Resolução 307 do CONAMA prevê grandes geradores de resíduos, tanto
diretrizes para que os Municípios e o Dis- públicos quanto privados.
trito Federal desenvolvam e implementem

PLANO INTEGRADO DE GERENCIAMENTO


DOS RESÍDUOS
Í DA CONSTRUÇÃO
Ç CIVIL
(Resolução
ç CONAMA nºº 307)

Programa Municipal Projetos de


de Gerenciamento GERADORES GERADORES Gerenciamento
de Resíduos
DE DE
Pequenos geradores Grandes geradores
PEQUENOS GRANDES auto-declaram
descartam em áreas
cadastradas compromisso de uso
VOLUMES VOLUMES
(Pontos de Entrega) de transportadores
cadastrados e á
áreas
de manejo licenciadas

Linha divisória
ó entre pequenos e grandes geradores
estabelecida a critério
é técnico
é do Sistema Gerenciamento Integrado de Res ííduos Sólidos.
ó
Figura 12: Plano Integrado de Gerenciamento de RCD.
(Adaptado de Pinto e Gonzáles (2005)).

43
Conforme orientações contidas em PINTO PINTO e GONZÁLES (2005) colocam que os
e GONZÁLES (2005) e na Resolução CONAMA PMGRCD deverão ter como objetivos prin-
nº 307, cabe aos municípios a coordenação, cipais:
elaboração e implementação do PMGRCD, • Destinação adequada dos grandes
englobando tanto a solução para os pe- volumes;
quenos volumes, bem como o disciplina-
• Preservação e controle das opções de
mento da ação dos agentes envolvidos
aterro;
com o manejo dos grandes volumes de re-
síduos. Para tanto, os municípios devem se • Disposição facilitada de pequenos
responsabilizar por: volumes;

• Definir e licenciar áreas para o manejo • Melhoria da limpeza e da paisagem


dos resíduos em conformidade com a urbana;
Resolução; • Preservação ambiental;
• Cadastrar transportadores, formalizan- • Incentivo às parcerias;
do as suas atividades relativas ao mane-
• Incentivo à presença de novos agentes
jo e transporte de RCD;
de limpeza;
• Cobrar dos geradores, principalmente
• Incentivo à redução de resíduos na fonte;
de grandes volumes, quanto ao desen-
volvimento de Projetos de Gerenciamen-
• Redução dos custos municipais.
to de RCD previstos na política municipal
SCREMIN (2007) coloca que, na maioria
de Gerenciamento de RCD, considerando
dos município brasileiros, a prática cor-
que a Resolução 307 estabelece aos ge-
rente em relação à gestão dos resíduos da
radores o objetivo principal da não gera-
construção civil, pode-se dizer que esta
ção, seguido pelos objetivos de redução,
normalmente tem um caráter corretivo e é
reutilização e reciclagem.
denominada de “Gestão Corretiva”. Ou seja,
simplesmente remedia a problemática dos
De uma forma geral, é importante obser-
grandes volumes de RCD gerados, não con-
var que o sucesso da implantação de um
templando atividades preventivas e não
PIGRCD é maior quando todos os represen-
atende ao disposto na legislação em vigor,
tantes dos agentes envolvidos forem sen-
com altos custos para o poder público.
sibilizados e participarem desde o início
da elaboração e implantação do Plano. Ou
PINTO (1999), visando soluções economi-
seja, o governo Municipal, como coorde-
camente sustentáveis e ambientalmente
nador, deverá reunir os representantes de
corretas, propõe uma gestão diferenciada
geradores (empreendedores, técnicos e
para o RCD, constituída por ações que vi-
mão-de-obra da construção civil), trans-
sam a:
portadores, assossiação de catadores, en-
tre outros, e junto com eles implementar • Máxima captação dos RCD através de
as diversas atividades que compreendem áreas de atração para pequenos e gran-
a elaboração do PIGRCD. des geradores;

44
• Reciclagem dos RCD captados em áreas • Alteração de culturas e procedimentos,
especialmente definidas para beneficia- quanto à intensidade da geração, à corre-
mento; ção da coleta e disposição e a possibilida-
de de reutilização dos RCD reciclados.

4.1. Diagnóstico
DIAGNÓSTICO
Deve-se ressaltar que a elaboração e implantação de um sistema nos MUNICIPAL:
moldes propostos por PINTO e GONZÁLES (2005) dependem de um pla-
nejamento das ações sugeridas. Para tanto, é necessário proceder um – Indicadores bási-
diagnóstico da situação do município em relação ao RCD, caracteri- cos do munícipio
zando o potencial de geração de resíduos, os geradores, os transpor- – Agentes envol-
tadores, o fluxo dos resíduos dentro da malha urbana, bem como im- vidos na Geração
pactos ambientais e econômicos decorrentes desta atividade de RCD

– Agentes envolvi-
Segundo SCREMIN (2007), o diagnóstico referente ao RCD de um mu-
dos na coleta e
nicípio pode ser realizado a partir da caracterização de aspectos transporte de RCD
como: (i) indicadores básicos do município; (ii) agentes envolvidos
– Quantitativos e
na geração de RCD; (iii) agentes envolvidos na coleta e transporte de
qualitativos do
RCD; (iv) quantitativos e qualitativos do RCD gerado.
RCD gerado

4.1.1. Diagnóstico para caracterização do Município

Em termos de indicadores do município é ção e na logística de coleta, implantação


necessário a coleta de informações bási- de pontos de captação, locais de triagem,
cas que são empregadas na maioria dos aterros e usinas de reciclagem. Já os as-
projetos de infra-estrutura básica, como, pectos populacionais, com vistas ao di-
por exemplo, abastecimento de água e mensionamento do horizonte de alcance
coleta e tratamento de esgotos. Para tan- da implantação do sistema de gestão,
to é necessário realizar um levantamento compreende a população atual, a taxa de
acerca dos aspectos físicos, populaciona- crescimento populacional, entre outros.
is, sociais e econômicos. Os aspectos físi- Os aspectos econômicos e sociais, como
cos do Município, como localização, limi- nível educacional, cultural, renda, podem
tes urbanos, topografia, hidrografia, ve- auxiliar na previsão de geração de resídu-
getação, entre outros, podem auxiliar na os, na implantação de políticas de educa-
divisão da localidade em bacias de capta- ção ambiental voltadas para o RCD, na

45
previsão de geração de fontes de renda e • Construtores de novas residências, tanto
emprego com a implantação de um SIGRCD, aquelas de maior porte, em geral forma-
entre outros. lizadas, quanto as pequenas residências
de periferia, quase sempre autoconstru-
4.1.2. Diagnóstico dos geradores ídas e informais.

A identificação dos agentes geradores é Outra forma obter-se dados para a identi-
muito importante, pois permite prever a ficação e caracterização dos agentes ge-
forma como são gerados os resíduos, o radores é por meio de fiscalização dos ge-
volume de geração e fornece subsídios radores e transportadores.
para delinear os diversos documentos a
serem elaborados no PIGRCD. 4.1.3. Diagnóstico dos coletores
e transportadores
Os RCDs são gerados por diferentes agen-
tes em função do tipo de obra a qual estão A caracterização dos agentes coletores
vinculados, que vão desde obras públicas deve contemplar a identificação e o levan-
de infra-estrutura urbana, até, em grande tamento dos coletores organizados na
parte, a obras da iniciativa privada, seja forma de empresas, do órgão responsável
na construção de novas edificações, em pela limpeza urbana. É importante delimi-
ampliações e reformas, bem como em de- tar em cada município as informações re-
molições. Desta forma, PINTO e GONZÁLES lativas aos percursos realizados, preços
(2005) sugerem que seja realizada con- vigentes, total de veículos em operação,
sulta àqueles que transportam os resíduos viagens realizadas.
como uma forma de proceder a identifica-
ção e caracterização dos agentes gerado- Os coletores, organizados na forma de
res, devendo o diagnóstico contemplar, empresas, atuam principalmente em bair-
principalmente, geradores como: ros de renda mais elevada e podem ser
• Executores de reformas, ampliações e acessados diretamente na busca das in-
demolições – cujas obras dificilmente formações necessárias ao dimensiona-
possuem algum tipo de registro junto mento de sua capacidade operacional e
aos órgãos competentes, mas que, no de sua atividade efetiva. Estas informa-
conjunto, constituem a fonte principal ções também podem auxiliar na identifi-
de geração de RCD; cação das regiões de maior concentração
• Construtores de edificações novas, tér- de atividades na malha urbana do municí-
reas ou de múltiplos pavimentos - com pio. Já os pequenos veículos e carroças,
áreas de construção superiores a 300 geralmente espalhados em “pontos de
m2, cujas atividades quase sempre são aluguel” ou outros locais de concentra-
formalizadas; ção, terão que ser rastreados. Informa-

46
ções relacionadas ao dimensionamento 4.1.4.1. Quantidade de resíduos
da atividade desses agentes também po- oriundos de edificações novas na
dem ser obtidas pela média das indica- cidade num dado período de
ções captadas junto a segmentos mais tempo
organizados (transportadores, setores de
cadastro e limpeza pública da prefeitura, Para determinar o volume produzido em
entre outros). novas construções, é necessário a obten-
ção de dois indicares:
4.1.4. Diagnóstico da geração • média de área anual relativa às edifica-
de RCD ções novas (m2/ano): esse indicador
pode ser obtido nos registros da prefei-
Informações quanto ao volume de RCD tura municipal, relacionados a aprova-
dificilmente estão imedia tamente dispo- ção de projetos, excluindo os dados
níveis, sendo necessária a consulta a vá- referentes a reformas, ampliações e de-
rias fontes. PINTO e GONZÁLES (2005) apre- molições. Deve-se obter o total de área
sentam um método que vem sendo (m²) aprovados para construção, de um
aplicado em vários municípios com re- período de tempo considerável (anos),
sultados satisfatórios. Consiste na soma para que não haja interferência de dese-
de três indicadores: quilíbrio econômico e ocorrência de sa-
1. quantidade de resíduos oriundos de zonalidades que influam no ritmo
edificações novas construídas na cida- construtivo. Com o total de áreas apro-
de num dado período de tempo; vadas para novas edificações e o perío-
2. quantidade de resíduos provenientes do de levantamento dos dados, obtém-se
de reformas, demolições e ampliações a média de área anual relativa às novas
no mesmo período; edificações (m2/ano).
3. quantidade de resíduos removidos de • quantidade de resíduos gerada pela ati-
deposições irregulares pela municipali- vidade construtiva: esse indicador pode
dade no mesmo período. ser obtido para cada região, porém,
pode ser estimado em 150 quilos por
metro quadrado (kg/m2) construído
(Tabela 3).

Tabela 3 – Indicadores para a estimativa da geração de resíduos


através de novas construções
Período Nº de Área Total Média Total de Indicador dos resíduos em
analisado (anos) Anos Aprovada (m2) anual (m2) Resíduos (t/ano) novas edificações (t/dia)
A B C D = C/B E = Dx0,15 F = E(12x26)

Onde 12 = meses do ano e 26 = número de dias úteis em um mês

47
4.1.4.2. Quantidade de resíduos RCD no município é obtida pela somatória
provenientes de reformas no dos três indicadores.
mesmo período
4.1.5. Diagnóstico dos impactos
Essa informação deverá ser obtida junto ambientais e econômicos no
aos agentes coletores, principalmente os município
agentes organizados na forma de empre-
sa. Em alguns municípios, principalmente O grande volume de resíduos gerados e a
os de pequeno porte, além dos agentes sua disposição inadequada resulta na de-
privados, deve-se consultar o setor de lim- gradação ambiental do município. Esta
peza da prefeitura, que é responsável por degradação, segundo PINTO e GONZÁLES
grande parte da remoção desses resíduos. (2005), é traduzida na forma de bota-foras
Deve-se obter junto a esses agentes, além
clandestinos ou deposições irregulares.
do volume médio coletado mensalmente,
a porcentagem referente a reformas, de-
Os bota-foras clandestinos são locais de
molições e ampliações. Caso o agente não
deposição descontrolada de RCD oriundas
possua esses dados, será necessário a re-
da ação das empresas transportadoras,
alização de uma coleta de dados, por um
normalmente localizados em áreas impró-
período de no mínimo quatro meses, prias e não licenciados pelos órgãos com-
onde o responsável irá registrar o volume petentes, sendo que, em grande parte, as
e a origem de todo o RCD coletado duran- administrações públicas são coniventes
te esse período. com estas situações.

4.1.4.3. Resíduos retirados de As deposições irregulares, por sua vez, ori-


áreas de deposição irregular ginam-se da ação do descarte de resíduos
de pequenas obras ou reformas, freqüen-
Esses dados devem ser obtidos junto ao temente oriundas de processos de auto-
setor de limpeza da prefeitura, que na maio- construção ou construções irregulares.
ria dos casos é o principal responsável por
esse serviço. Quando houver um registro A degradação ambiental pela disposição
consistente da movimentação de carga inadequada de RCD acelera-se, pois fre-
por pequenos coletores, o indicador de qüentemente o resultado destas práticas
deposições irregulares deve ser desconsi- são atrativos para a deposição irregular
derado, pois muito desses pequenos cole- de outros resíduos, orgânicos e industriais,
tores são responsáveis por essas deposi- o que, por sua vez, complica ainda mais a
ções, estando esse volume já computado remediação e recuperação destas áreas
em outro indicador. degradas.

Após a obtenção desses indicadores, a es- Estes impactos ambientais em função da


timativa da quantificação da geração de inesistência de uma gestão adequada do

48
RCD trazem prejuízos não somente ao de um serviço público com a implantação
meio ambiente, como também prejuízos de uma rede de ser viços por meio da qual
os peque nos ge radores e transpor tadores
sociais e econômicos. Os prejuízos sociais
podem assumir suas responsa bilida des
referem-se ao comprometimento da dre-
na destina ção cor reta dos resí duos da
nagem dos espaços urbanos, comprome-
construção civil decor rentes de sua pró-
timento das vias públicas e a capacidade pria atividade. Inclui um conjunto de pon-
de tráfego, bem como a possibidade de tos de entrega para pequenos volumes, a
proliferação de vetores transmissores de montagem, por parte da administração
doenças. Associados aos impactos sociais, pública, de um circuito de coleta desses
a correção dos problemas citados acarre- materiais, a sua destinação adequada e al-
am em impactos financeiro aos cofres pú- gumas parcerias.

blicos de forma direta e indireta.


[...] A Ação 2, que dá sustentabilidade aos
Projetos de Gerenciamento, obrigatórios
Desta forma, deve-se proceder um levan-
para os grandes geradores de resíduos,
tamento das áreas de bota-fora e deposi- materializa-se numa rede de serviços
ção irregular, mapeando a situação do abrangendo todas os elos da cadeia opera-
município, bem como um levantamento tiva relacionada ao transporte, manejo,
econômico-financeiro das despesas do transformação e disposição dos grandes
município realizadas com as operações volumes de resíduos da construção civil.
relativas aos impactos gerados pelo RCD. Inclui, além dos serviços, as instalações fí-
sicas para a realização das diversas opera-
ções, viabilizando aos agentes de maior
4.2. Definição do Plano Inte- porte o exercício de suas responsabilida-
des com relação aos seus resíduos. Carac-
grado de Gerenciamento de teriza-se como um conjunto de atividades
RCD no Município privadas regulamentadas pelo poder públi-
co municipal.

Anteriormente, já foi comentado que a for-


mulação dos Planos Integrados de Gerenci- 4.2.1. Implantação das ações
amento de RCD (PIGRCD) devem ser orienta-
dos por princípios que visem: 1) facilitar a Em primeiro lugar, com base no diagnósti-
ação do conjunto dos agentes envolvidos; co realizado, é preciso definir as bacias de
2) disciplinar sua ação institucionalizando captação (BC) onde serão instalados os
atividades e fluxos; e 3) incentivar sua ade- pontos de entrega voluntária (PEV), cria-
são tornando vantajosos os novos procedi- dos para atender os pequenos geradores.
mentos. Segundo PINTO e GONZÁLES (2005), A partir dos pontos de entrega voluntária
estes princípios devem materializar-se em é realizada a coleta pública dos RCD. Se-
duas ações principais. gundo PINTO e GONZÁLES (2005), aliado a
implantação dos PEVs deve-se prever a re-
[...] A Ação 1, que se estrutura enquanto
cuperação de todos os pontos de deposi-
um Programa Municipal assume o caráter
ção irregular, a fim de cessar esta prática,

49
bem como promover a informação sobre 4.3. Estruturação do sistema
os novos procedimentos a serem adotados
pelos pequenos geradores e fiscalização
de gestão de resíduos para
das práticas, objetivando a geração de construção civil
uma nova cultura e postura frente ao RCD.
No organograma da Figura 13, PINTO e
A solução dos grandes volumes de RCD GONZÁLES (2005) sugerem um sistema de
deve ser vinculada à uma ação privada re- manejo, que deve ser previsto no PIGRCD a
gulamentada. Ou seja, todas as as ações fim de atender a legislação vigente. O sis-
de coleta, transporte e disposição em lo- tema inclui ações centrais, com a implan-
cais privados serão de responsabilidade tação de duas redes de novas áreas de
da inciativa privada devidamente regula- apoio e o desenvolvimento de dois pro-
mentadas, licenciadas e fiscalizadas pelo gramas, um de informação ambiental e
poder público. A disposição do RCD deve outro de fiscalização. Todas essas iniciati-
priorizar a reutilização e reciclagem, ou vas têm como objetivo uma alteração sig-
então promover a disposição, definitiva nificativa na gestão dos resíduos de cons-
ou de reservação, com condições tais que trução.
seja possível a reutilização futura.

SISTEMA DE GESTÃO PARA


RESÍDUOS
Í DA CONSTRUÇÃO
Ç E RESÍDUOS VOLUMOSOS
FACILITAR DISCIPLINAR INCENTIVAR
descarte correto atores e fluxo redução,
ç segregação,reciclagem

AÇÃO 1 AÇÃO 2
REDE PARA GESTÃO DE REDE PARA GESTÃO DE
PEQUENOS VOLUMES GRANDES VOLUMES
Pontos de entrega Áreas de triagem e transbordo,
distribuídos na zona urbana áreas de reciclagem, aterros para
Serviço público
ú de coleta reservação, aterros permanentes de
RCD
Ação privada regulamentada

AÇÃO 3
PROGRAMA DE INFORMAÇÃO AMBIENTAL

AÇÃO 4
PROGRAMA DE FISCALIZAÇÃO
Figura 13: Iniciativas estruturadoras de um Sistema de Gestão Sustentável.
Fonte: Pinto e Gonzáles (2005).

50
Promover locais adequados para o descar- e encaminhamento do Projeto de Lei à Câ-
te de pequenos e grandes volumes, esta- mara Municipal, explicitando, de forma
belecer um programa de informação am- abrangente, todos os princípios e diretri-
biental para os geradores e transportado- zes necessários para a gestão e manejo
res e criar um programa de fiscalização de sustentáveis do RCD no âmbito do municí-
todas as ações, são medidas fundamenta- pio. A segunda, de natureza complemen-
is para que se obtenha sucesso do Siste- tar, consiste na elaboração de Decreto
ma de Gestão de RCD. PINTO e GONZÁLES Municipal regulamentador de aspectos
(2005) detalham estas ações e sugerem específicos da lei proposta. Esses decre-
modelos de uma série de planilhas e docu- tos devem detalhar as responsabilidades,
mentos a serem implantados pelo sistema as competências, os procedimentos para
de gestão de resíduos, bem como minutas a concessão de licenças e estabelecimen-
para a legislação necessária. to de parcerias, os requisitos para a con-
cessão de incentivos e outros aspectos
[...] A base jurídica do novo sistema deve necessários à consolidação de regras cla-
ser estruturada, fundamentalmente, em ras para a atuação harmônica do conjunto
duas iniciativas. A primeira é a preparação dos agentes.

51
Anotações

52
5. NORMAS TÉCNICAS BRASILEIRAS
RELATIVAS AOS RCD

As Normas Técnicas Brasileiras relativas ao RCD podem ser divididas em dois grupos.

O primeiro grupo refere-se à Áreas de manejo – Diretrizes para projeto, implantação e


operação, citando-se:

• 15112: Resíduos da Construção Civil e Resíduos Volumosos – Áreas de Transbordo e


Triagem – Diretrizes para Projeto, Implantação e Operação.

• 15113: Resíduos Sólidos da Construção Civil e Resíduos Inertes – Aterros – Diretrizes


para Projeto, Implantação e Operação.

• 15114: Resíduos Sólidos da Construção Civil – Áreas de Reciclagem – Diretrizes para


Projeto, Implantação e Projeto.

O segundo grupo refere-se ao Uso de agregados reciclados de resíduos sólidos da cons-


trução civil, contemplando as normas:

• 15115: Agregados Reciclados de Resíduos Sólidos da Construção Civil – Execução de


Camadas de Pavimentação – Procedimentos.

• 15116: Agregados Reciclados de Resíduos Sólidos da Construção Civil – Utilização em


Pavimentação e Preparo de Concreto sem Função Estrutural – Requisitos.

53
Anotações

54
6. GESTÃO DE RESÍDUOS NA SISTEMA DE GESTÃO DE EM-
PRESAS CONSTRUTORAS:
CADEIA PRODUTIVA
Foco em minimização de
desperdícios ou perdas.

Tendo em vista o reconhecido impacto construção civil. Como exemplos de me-


ambiental que os resíduos de construção didas a serem tomadas, SCHENINI et al
civil proporcionam, a gestão dos mesmos (2004) sugerem o estabelecimento de po-
tem sido, com crescente freqüência, pau- líticas que favoreçam a pesquisa e a pro-
ta de discussão em diferentes cenários da dução de produtos mais duráveis, o uso
sociedade: poder público, órgãos de clas- de energia renovável, o incentivo à capaci-
se e Universidade. No entanto, a postura tação da mão-de-obra.
das empresas de construção civil em rela-
ção ao impacto ambiental gerado decor- Num caráter corretivo, pode ser citada a
rente de sua atividade produtiva, na maio- necessidade de estudos que tenham como
ria das vezes, expressa o reflexo da au- proposta o desenvolvimento de alternati-
sência de informações e do descompro- vas para o reaproveitamento, reciclagem
metimento social. Desta forma, a aproxi- e destinação final dos resíduos de forma a
mação do meio acadêmico com o setor não prejudicar o ambiente.
produtivo através de parcerias na realiza-
Tendo como foco a minimização de des-
ção de pesquisas, pode transformar o qua-
perdícios, ou perdas, a implementação de
dro atual dos resíduos da construção.
melhorias no sistema de gestão de em-
Em termos de colaborar para uma socie- presas construtoras é considerada como
dade mais sustentável, a pesquisa no tema uma das práticas mais eficazes e eficien-
supõe diferentes campos de atuação. Num tes (BERTELSEN, 2002; KIM, 2002). Para tan-
caráter preventivo, existe a necessidade to, em primeiro lugar os gestores da cons-
de avanços em estudos que tenham como trução devem considerar a natureza do
objetivo a minimização da utilização dos processo de produção e suas principais
recursos naturais, assim como em estu- características (KOSKELA, 2000). Diferente
dos que visam a minimização de desperdí- da maioria de outras indústrias da manu-
cios e conseqüente redução na geração fatura, incerteza, variabilidade e comple-
de resíduos no processo construtivo. xidade podem ser consideradas como ca-
racterísticas proeminentes do ambiente
Neste contexto, os governos em seus di- de construção civil, fazendo com que um
ferentes níveis (federal, estadual e munici- dos papéis principais do gerenciamento
pal) podem e devem desempenhar um pa- seja o de eliminar ou reduzir seus impac-
pel fundamental no apoio ao desenvolvi- tos no resultado final dos empreendimen-
mento de uma produção mais limpa na tos (KOSKELA, 2000).

55
Em segundo lugar, o sistema de gestão da produção deve conside-
DESPERDÍCIO =
rar que, além dos resíduos propriamente ditos, é gerada uma gran-
de quantidade de desperdício ou perdas. De acordo com SHINGO
- superprodução
(1981), é possível classificar os desperdícios num processo produti-
- transporte de vo em sete categorias: a) superprodução: a produção de itens acima
materiais do necessário; b) o transporte ou a movimentação de materiais; c)
- desperdício no desperdícios no processamento: referentes às atividades de trans-
processamento formação desnecessárias para que o produto adquira as necessida-
des básicas de qualidade; d) fabricação de produtos defeituosos:
- fabricação de
produtos correspondem aos itens confeccionados fora das especificações de
defeituosos qualidade; e) desperdícios no movimento: a movimentação inútil na
execução das atividades; f) desperdícios por espera: formados pela
- movimentação
capacidade ociosa; g) desperdícios por estoque: geram um custo fi-
inútil nas
nanceiro, além do mateiral estocado ficar exposto à obsolência e rou-
atividades
bo, entre outros; h) desperdício de matéria-prima: a utilização e em-
- desperdícios por prego de matéria-prima de forma anormal ou acima do estritamente
espera necessário à produlção do produto. Desta forma, em termos de per-
- desperdício por das e desperdícios na construção, é necessária a utilização de um
estoque conceito que tenha um caráter amplo. Ou seja, além da geração de re-
síduos de materiais, propriamente dita, o conceito deve abranger ou-
- desperdício por
tros tipos de desperdícios decorrentes de processos de baixa quali-
matéria prima
dade que resultam num produto final de qualidade deficiente e de
alto custo (SANTOS et al., 1996).

Neste campo de atuação, surgiram nas últimas décadas várias teorias,


FERRAMENTAS DE filosofias, técnicas e ferramentas de gestão, conhecidas por diferen-
GESTÃO tes nomes (Produção Enxuta, Produção sem Estoque (Just in Time),
Gestão da Qualidade Total, 5 S, Produção mais Limpa), amplamente
Para maior eficiên- utilizadas por outras indústrias, com destaque à indústria automobi-
cia com diminui- lística. Todas essas abordagens se contrapõem à filosofia da produ-
ção de perdas ção em massa (Taylorismo e Fordismo) e buscam maior eficiência
e/ou aumento de
através da diminuição de perdas e/ou aumento de valor ao produto.
valor ao produto.
Por exemplo, a Produção Enxuta é caracterizada por WOMACK et al.
(1990) como uma forma de gestão que utiliza “menos de tudo” do
que a produção em massa: a metade da mão-de-obra, a metade do es-
paço, a metade de investimentos em feramentas, a metade do tempo,
entre outros. No que tange à indústria da construção civil, existe a
Construção Enxuta a qual é entendida como uma teoria ou filosofia
que visa adaptar conceitos e princípios da Produção Enxuta às pecu-
liaridades do setor da construção (ISATTO et al., 1999).

56
Na prática, grandes empresas construto- de resíduos. Isto pode ser alcançado de
ras do País têm utilizado esses conceitos várias formas: com a escolha de materiais
em seus sistemas de gestão e obtido re- ceritficados e com embalagens que facili-
sultados considerados satisfatórios em tem o manuseio sem o risco de perdas,
termos de diminuição da geração de resí- pela capacitação da mão-de-obra e pelo
duo. Com o objetivo da redução na gera- uso de equipamentos com tecnologia ade-
ção de resíduos, observa-se, entre outros, quada aos processos construtivos.
a crescente utilização de projetos modu-
lares, a utilização de industrialização atra- Tendo em vista que toda atividade de pro-
vés de elementos pré-fabricados. No que dução da construção civil produz inevita-
diz respeito ao resíduos gerado, SCHENINI velmente alguma perda em locais e mo-
et al. (2004) citam exemplo de práticas mentos distintos, a simples separação pré-
comumente adotadas: a presença de ca- via destes materiais evitará a contamina-
çambas para a coleta de desperdício em ção dos rejeitos que pode ocorrer nas ca-
todo o canteiro e nos andares, tubo cole- çambas destinadas à remoção do cantei-
tor para descida do entulho, quadro para ro. Além disso, os materiais devem ter
anotação da quantidade e tipo de entulho, destinos específicos de acordo com seu
fácil acesso a equipamentos de limpeza, potencial de reciclagem e/ou grau de con-
limpeza permanente pelo próprio operá- taminação (SCHENINI et al., 2004).
rio, premiação de equipes pela qualidade
da limpeza, separação dos resíduos por Segundo TAVARES e MELO (2006), a gestão
tipo e natureza do material. Cabe salien- ambiental de RCD pode ser iniciada após a
tar que é visível a mudança na limpeza e aquisição e distribuição de dispositivos
organização dos canteiros de obras de al- de coleta e respectivos acessórios no can-
gumas construtoras, se comparados aos teiro, via treinamento dos operários com
da realidade do passado. instruções para o manejo correto dos resí-
duos e a completa triagem dos entulhos e
É importante salientar que a implantação destinação compromissada dos resíduos.
da gestão de resíduos interfere na rotina
de todos os agentes que participam da Em termos da participação dos fornecedo-
obra. Os resultados são obtidos conforme res na gestão de resíduos, SCHENINI et al.
o nível de comprometimento dos operá- (2004) citam a responsabilidade estendia
rios, empreiteiros e direção da empresa ao produtor (REP) como uma inicativa le-
com a metodologia proposta. A adesão gal, destinada a responsabilizar os produ-
dos agentes dependerá de treinamento, tores pelo destino final do rejeito. De
capacitação e respeito às novas diretrizes acordo com esses autores, tal medida es-
pertinentes à gestão sustentável dos RCD. timula o desenvolvimento de produtos
duráveis com componentes reutilizáveis e
A prioridade nos canteiros de obra deve materiais passíveis de reciclagem. Neste
ser a minimização das perdas geradoras contexto alguns países, como os nórdi-

57
cos, estão gradualmente transferindo a tinação ambientalmente adequados dos
arrecadação originada de impostos traba- resíduos. Segundo Pinto e Gonzáles (2005),
lhistas para taxas impostas à produção dos os Projetos de Gerenciamento de Resíduos
rejeitos de acordo com o seu volume e grau da Construção Civil devem contemplar as
de comprometimento ao meio ambiente. seguintes etapas:
• Caracterização: o gerador deve identifi-
A inserção dos colaboradores da indústria car e quantificar os resíduos gerados no
de construção civil, como elementos exe- empreendimento;
cutores na gestão de resíduos a partir de
• Triagem: realizada preferencialmente
um comprometimento integrado e partici-
pelo gerador na origem ou ser realizada
pativo das direções das empresas, é o fa-
nas áreas de destinação licenciadas
tor essencial para o sucesso do programa.
para esta finalidade, respeitadas as
Desta forma, os atores executores neces-
classes de resíduos estabelecidas pela
sitam de um processo de sensibilização e
Resolução 307;
treinamento. Além disso, as direções das
• Acondicionamento: o gerador deve ga-
empresas devem ter uma nova atitude em
rantir o acondicionamento dos resíduos
relação ao seu comprometimento social
após a geração até a etapa de transpor-
no processo, devendo estar dispostas a
te, assegurando em todos os casos em
compartilhar os resultados dos procedi-
que seja possível, as condições de reuti-
mentos com os colaboradores como forma
lização e de reciclagem;
de estimular sua participação e ação.
• Transporte: deve ser realizado em con-
Seguindo as diretrizes da Resolução CO- formidade com as etapas anteriores e
NAMA 307, os grandes geradores deverão de acordo com as normas técnicas vi-
elaborar e implentar um Projeto de de Ge- gentes para o transporte de resíduos;
renciamento de Resíduos da Construção • Destinação: deve estar de acordo com
Civil para cada empreendimento produzi- as classes de resíduos estabelecidas es-
do, objetivando estabelecer os procedi- tabelecidas pela Resolução 307.
mentos necessários para o manejo e des-

58
Anotações

59
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS ISATTO, E.L et al. Lean construction: diretrizes e fer-
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