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UNIDADE 12

ÉTICA E CIDADANIA
12 – ÉTICA E CIDADANIA NA SOCIEDADE
GLOBALIZADA E TECNOLÓGICA

12.1 OS LIMITES DA ÉTICA NO MUNDO


VIRTUAL
Se, no mundo off-line, algumas vezes a ética perde o foco, imagina no
mundo virtual, que, aparentemente, é uma “terra de ninguém”, tendo a éti-
ca ainda no princípio.
Certamente você é usuário de redes sociais e/ou deve ser membro de
grupos de aplicativos como o WhatsApp. Não importa em qual grupo você
esteja ou qual rede social usa, o que interessa é que todos possuem regras,
que podem ser complexas, prevendo a expulsão de quem as desrespeita,
ou o constrangimento quando envia uma mensagem que não é bem rece-
bida pelo grupo. No campo virtual, conhecer as normas de convivência do
seu grupo é fundamental para evitar situações embaraçosas.
Muitas pessoas podem acreditar que, na internet, tudo vale e tudo
pode, mas não é assim que funciona. A internet possui algumas regras de
convivência, e não basta apenas estar de acordo, é preciso, também, agir
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com respeito a elas.


Se o espaço virtual é democrático e se as pessoas têm liberdade de
expressão, então qual a diferença entre esses dois ambientes? Até aqui
nenhuma, o que ocorre, por exemplo, é que as pessoas passam a acreditar
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que a liberdade é total e irrestrita. Outro aspecto que limita a visão


do usuário sobre a ética no espaço virtual diz respeito à aparente
inexistência de regras punitivas para quem as desrespeita.
Esse fator é importante, considerando a dimensão do espaço vir-
tual que para muitos oferece a ilusão da liberdade não vigiada.
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Figura 4.9: O globo virtual


Fonte: Pixabay (2019).
No espaço virtual, encontramos o que precisamos: jogos, notícias,
serviços, entretenimento, produtos, entre outros. Contudo, ao des-
cuidar de algumas regras de segurança, poderemos correr alguns ris-
cos pessoais com resultados negativos à vida real, tais como:
1. Acesso a conteúdo impróprio.
2. Contato com pessoas mal-intencionadas.
3. Invasão de dados privados.
4. Uso criminoso ou mal-intencionado de dados pessoais.

Por isso é necessário ficar atento às notícias sobre tecnologia,


pois, com certa frequência, golpes a usuários de internet aconte-
cem, como o furto de documentos ou perdas financeiras.
Assim, é muito importante prestar atenção aos procedimentos
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de segurança. Conheça as regras que o seu provedor de internet


ou o administrador de rede oferece. Entre as regras de segurança,
certamente há a indicação para não responder a mensagens de ca-
dastramento, especialmente quando parecem ter sido enviadas por
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instituições públicas ou do mercado financeiro. Esse é o caminho


mais comum para os golpes na internet.
Todos os provedores de internet ou os administradores de rede
também recomendam não compartilhar senhas e muito menos dis-
ponibilizar dados confidenciais, visto que isso permite ou facilita a
ação dos golpistas, como os crimes cibernéticos.
Como a internet é um espaço social e mercadológico, eviden-
temente todo tipo de pessoa que encontramos no ambiente físico,
certamente pode ser encontrada no meio digital.

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Com isso, os procedimentos de segurança devem ser atenta-
mente percebidos e cuidadosamente seguidos pelas empresas, afi-
nal de contas, vários problemas podem ocorrer caso seu sistema de
segurança virtual tenha se quebrado ou seus computadores tenham
sido invadidos, tais como:
1. Exposição negativa da marca no mercado.
2. Invasão de seus bancos de dados.
3. Perda das bases de dados dos clientes.
4. Perdas financeiras.
5. Constrangimento moral perante o mercado.

Dessa forma, o controle sobre as aplicações tecnológicas deve


ser foco para todos que interagem no espaço virtual, pois deslizes,
principalmente com a segurança, expõem qualquer usuário ou em-
presa, resultando em desgastes e falta de confiança no ambiente
por longo tempo.

Exemplo de falta de confiança no ambiente virtual.


Muitos idosos preferem enfrentar filas para serem atendidos no
caixa das agências bancárias a ter comodidade de usar as máquinas
de autoatendimento.
O problema reside em como acompanhar ou monitorar a enorme
quantidade de usuários de internet em todo o mundo. Instituições
governamentais como o IBGE e a Anatel estimam que o número
de usuários de internet cresce cerca de 10 milhões a cada semes-
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tre. Com bilhões de pessoas interagindo no espaço virtual, usando


e-mails, aplicativos de mensagens como o Whatsapp, máquinas de
autoatendimento, redes sociais e tantas outras aplicações, fica a
dúvida de como controlar tantos acessos ao mesmo tempo.
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Essa tarefa é muito difícil!


Apesar de sermos facilmente identificados na internet, a partir
do rastreamento dos registros, ainda é possível identificar o cami-
nho de acesso de qualquer usuário. Porém, aqui o fato é que não
estamos falando de motoristas de automóveis, cujos números são
tão volumosos quanto os de usuários de internet, que possuem um
código nacional de trânsito punitivo.
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Assim, o controle das pessoas que acessam a internet não acon-


tece instantaneamente. Por exemplo, quando ocorre algum tipo de
crime cibernético, as autoridades necessitam mapear os registros
para identificar o usuário que cometeu o crime, como invasão e fur-
to de dados em sites pessoais ou sites corporativos.
Isso também acontece para ações pessoais ou entre grupos so-
ciais, quando ocorre a homofobia, o preconceito, o racismo, atos
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que ferem a moral coletiva, tanto quanto acontece no mundo real.


No Brasil, o Comitê Gestor da Internet (CGI.BR) é responsável
por diversos aspectos da internet no país, dos registros à gestão.
Entre as atribuições institucionais do CGI, seguem algumas:
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Atribuições do CGI

Estabelecer diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e ao


desenvolvimento da internet no Brasil.

Estabelecer diretrizes para a administração do registro de


Nomes de Domínio usando <br> e de alocação de endereços
internet (IPs).

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Promover estudos e padrões técnicos para a segurança das
redes e serviços de internet.

Recomendar procedimentos, normas e padrões técnicos opera-


cionais para a internet no Brasil.

Promover programas de pesquisa e desenvolvimento relaciona-


dos à internet, incluindo indicadores e estatísticas, estimulando
sua disseminação em todo território nacional.

Tabela 4.2: Atribuições do CGI


Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

Essa é uma importante instituição que discute e delibera assun-


tos relacionados aos comportamentos éticos na internet. Em um
dos seus trabalhos, a cartilha “Internet com responsa: cuidados e
responsabilidades no uso da internet” (CGI, 2017), o CGI focou como
público-alvo dessa publicação crianças e, sobretudo, adolescentes.
Nesse trabalho, o CGI recomenda, aos jovens, cuidados básicos
para evitar problemas sérios com o uso da internet. Alguns desses
elencamos a seguir:
• Não postar informações pessoais como o endereço de casa
ou da escola, bem como os hábitos de passeios e viagens
da família ou dos amigos.
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• Cuidar na hora de criar e utilizar senhas, não usando dados


básicos, como a data de nascimento.
• Não publicar conteúdos desmoralizantes, constrangedores
ou que causem danos a outras pessoas.
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• Não fazer comentários que depreciem a imagem dos amigos,


ou mesmo pessoas que não conhece.
• Criar perfil falso.

A estratégia do CGI, com a publicação, consiste em esclarecer


aos adolescentes que a internet não é um ambiente sem leis ou re-
gras, e pode vir a ser um ambiente perigoso. Por isso aborda aspec-
tos que comumente podem oferecer algum risco moral às pessoas
que cometem descuidos nas redes sociais, tais como:
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a) Exposição excessiva na internet.


b) Liberdade de expressão e danos à imagem e à reputação.
c) Cyberbullying.
d) Racismo.
e) Discurso de ódio.
f) Danos e riscos na prática de nude ou sexting.
g) Direitos autorais, plágio e compartilhamento responsável.

Empresas mundiais como Google, Facebook, Microsoft e tantas


outras apoiam e contribuem para que ações como essas sejam am-
plamente divulgadas e fortaleçam o escopo regulatório da internet.
Essas marcas são importantes influenciadores do comportamento
dos usuários de aplicativos e sistemas na internet.

Figura 4.10: Microsoft


Fonte: Pixabay (2019).
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Figura 4.12: Facebook


Fonte: Pixabay (2019).
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Figura 4.11: Google
Fonte: Pixabay (2019).

As marcas ilustradas nas Figuras 4.10, 4.11 e 4.12 são de empre-


sas reconhecidas no mundo inteiro como algumas das mais podero-
sas no espaço virtual. Elas percebem claramente que esse ambiente
não pode, em hipótese alguma, tornar-se anárquico. Desse modo,
apoiam a criação de normas para regular o comportamento das
pessoas ou dos usuários.
Iniciativas como a do CGI.br procuram conscientizar as pessoas so-
bre o comportamento ético no espaço virtual, sendo fundamental para
a boa convivência. Concordemos que há muitos usuários das redes
sociais que se julgam donos da razão e da verdade, postando publica-
ções ofensivas, que atentam contra a moral coletiva. Então, limitar a
sensação de que cada indivíduo constrói a sua própria verdade é um
desafio permanente a ser enfrentado por todos, especialmente pelas
empresas privadas e instituições públicas do setor de tecnologia.
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Por isso, tanto as empresas privadas do setor de tecnologia


como as instituições públicas podem atuar em conjunto, executan-
do ações com dois focos:
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Ações educativas
Educar os usuários da
internet, enaltecendo a éti-
ca no espaço virtual com:
Elaboração de cartilhas
informacionais.
Ações de marketing.
Organização de eventos
com foco no tema da ética no
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espaço virtual.

Ações punitivas
Voltadas aos usuários que cometem crimes cibernéticos.
Criação de leis mais rígidas para crimes cibernéticos.
Revisão das leis existentes, aumentando as penas para crimes
cibernéticos.
Criação de estratégias de exposição negativa para quem comete
crimes cibernéticos.
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As novas tecnologias são criadas para facilitar a vida das pesso-


as, gerando bem-estar à coletividade, com esse objetivo, as redes
sociais possibilitam encontros e reencontros, a livre expressão, a
amizade, entre outros aspectos. Portanto, a liberdade de expressão
nas redes sociais ou, de forma geral na internet, não deve ser sinô-
nimo de desrespeito às pessoas ou grupos sociais por suas origens,
raça, cor, credo ou qualquer outro aspecto que envolva suas carac-
terísticas físicas ou opções ideológicas.

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SÍNTESE DA UNIDADE
Nesta unidade, vimos diversas mudanças na sociedade humana,
a partir de um dos seus mais emblemáticos eventos, a Revolução
Industrial. Vimos também que algumas criações tecnológicas ofer-
taram possibilidades concretas ao desenvolvimento da sociedade
capitalista, influenciando nas mudanças comportamentais.
Com isso, percebemos que alguns eventos como a Primeira e a
Segunda Guerra Mundial, a Revolução Russa, Guerra do Vietnã e a
Guerra Fria foram suficientes para que a ética fosse esquecida. Con-
tudo, diante da barbárie, a sociedade mundial retomou o debate no
entorno da necessidade de regular o comportamento individual e de
grupos sociais, visando limitar ações unilaterais que atentem contra
a ética e a moral coletiva.
Nesse contexto, vimos a criação da Organização das Ações Uni-
das (ONU), que fortaleceu a necessidade de reconstrução mundial
após a Segunda Guerra Mundial.
Vimos, ainda, como a globalização da economia promoveu mu-
danças amplas e profundas no mundo inteiro, tanto no sistema eco-
nômico quanto no financeiro e trabalhista. Nesse mesmo período,
a partir da década de 1980, as novas tecnologias foram gradativa-
mente sendo inseridas no contexto da sociedade, como a internet
que surgiu de um sistema de comunicação militar, sendo ampliada
para a academia e posteriormente alcançando, de forma rápida, bi-
lhões de pessoas.
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Abordamos alguns aspectos relacionados aos limites da ética no


espaço virtual, que precisam de cuidados com o tipo de postagem e
os tipos de dados publicados, para não ter resultados negativos ou
que prejudique a individualidade de alguém ou a coletividade.
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Com isso, verificamos que as pessoas e as empresas podem ser


prejudicadas pelos crimes cibernéticos, com as invasões que comu-
mente tem o objetivo de furtar dados e causar prejuízos ou estragos
à imagem pessoal ou empresarial.
Além disso, vimos que há esforços institucionais cujo objetivo
visa instruir as pessoas ou usuários na tomada de cuidados básicos
nas redes sociais, com os seguinte temas: discursos de ódio, des-
respeito, plágio e direitos autorais, liberdade de expressão e danos
à reputação, cyberbullying, racismo, danos e riscos na prática de
nude ou sexting.
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Por fim, vimos que há apoio de empresas globais que atuam no


espaço virtual com o propósito de regrar o comportamento dos usuá-
rios da internet e das redes sociais. Ter a noção clara de que o espaço
virtual é uma extensão das vidas do mundo real é fundamental para
que as pessoas ou usuários não percam a noção de ética e de moral.

Existem alguns procedimentos de segurança que podem ser ado-


tados com o objetivo de evitar problemas no espaço virtual. Acesse o
link e aprofunde seus conhecimentos: https://cartilha.cert.br/livro/
cartilha-seguranca-internet.pdf. Acesso em: 18 ago. 2019.
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REFERÊNCIAS
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