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(1a. Parte)
John Wesley
'Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que
preparaste. Que é o homem mortal para que te lembres dele? E o filho do homem,
para que o visites?' (Salmos 8:3-4)
Teu esqueleto não passa de pó; tua estatura não é outra, que apenas um
palmo. Tua existência um momento, homem tolo!
5. Quer os limites da criação vão ou não, além da região das estrelas fixas,
quem poderá dizer? Apenas as estrelas da manhã, as quais cantaram, juntas, quando as
fundações da criação foram colocadas. Mas que é contingente que os limites dela
foram fixados, nós temos razão para duvidar. Nós não podemos duvidar, mas, quando
o Filho de Deus terminou toda o trabalho que ele criou e fez, Ele disse: 'Estes sejam
teus limites; esta seja tua exata circunferência, ó mundo!'.
6. Nós podemos dar um passo, e apenas um passo, mais além ainda: Qual é o
espaço de toda criação; qual é todo o espaço finito; ou seja, que pode ser concebido,
em comparação com o infinito? O que é ele, a não ser um ponto, uma nulidade,
comparada com aquele que é preenchido por Ele que é Tudo em tudo? Pense sobre
isto, e, então, pergunte: 'O que é o homem?'.
7. O que é o homem, para que o grande Deus, que preencheu céus e terra, 'o
altíssimo e grandioso Deus, que habita a eternidade', pudesse descer tão
incompreensivelmente baixo, de modo à 'ser cuidadoso com ele?'.
Não haveria razão para nos sugerir que tão diminuta criatura fosse
contemplada por Ele, na imensidão de suas obras? Especialmente quando
consideramos:
II
1. Os dias do homem, desde a última redução da vida humana, que parece ter
tomado lugar no tempo de Moisés, (e não improvavelmente foi revelado para o
homem de Deus, na época que Ele fez esta declaração) 'são setenta anos'. Este é o
padrão geral que Deus agora tem determinado. 'E se os homens forem assim tão
fortes', talvez, um em cem, 'chegue aos oitenta anos; ainda, então, a força deles é
labuta e tristeza: Tão logo elas passam, nós já teremos ido!'.
6. Em Segundo Lugar, aquela declaração que o Pai dos espíritos fez a nós,
através do profeta Ozéas: 'Eu sou Deus, e não homem: Portanto minhas compaixões
não se extinguem'. Como se Ele tivesse dito: "Se eu fosse apenas um homem, ou um
anjo, ou algum ser finito, meu conhecimento poderia admitir limites, e minha
misericórdia seria limitada. Mas 'meus pensamentos não são como os seus
pensamentos', e minha misericórdia não é como sua misericórdia. 'Assim como os
céus estão acima da terra, também os meus pensamentos são superiores aos seus', e,
'minha misericórdia', minha compaixão, meus meios para mostrar isto, 'mais
sublimes que seus meios'".
8. 'Mais do que isto', diz o filósofo, 'se Deus amou assim o mundo, Ele não
amou outros milhares de mundos, assim como Ele amou a este? Hoje se admite que
existem milhares, se não milhões de mundos, além deste em que vivemos. E pode
algum homem razoável acreditar que o Criador de todos esses, muitos do quais são
provavelmente tão largos; sim, muito mais largos do que o nosso, iria mostrar tal
consideração, surpreendentemente maior para um do que para todo o restante?'. Eu
respondo: Supondo que existam milhões de mundos; sim, Deus pode ver, na
profundidade de sua infinita sabedoria, razões para que não pareça a nós, porque ele
considerou bom mostrar esta misericórdia a nós, em preferência a milhares ou milhões
de outros mundos.
11. Mas você sabia que o próprio Sr. Huygens, antes de morrer, duvidou de
todas essas hipóteses? Porque, depois de uma observação mais profunda, ele
encontrou razão para crer que a lua não tem atmosfera. Ele observou que, em um
eclipse total do sol, na remoção da sombra de alguma parte da Terra, o sol
imediatamente brilha sobre ela; enquanto que, se a lua tivesse atmosfera, apareceria
fosca e obscura. Assim sendo, conclui-se que a lua não tem atmosfera.
Conseqüentemente, ela não tem nuvens, chuva, nascentes, rios, e, portanto, nenhuma
planta ou animais. Não existe prova ou probabilidade de que a lua seja habitada; nem
temos alguma prova de que outros planetas sejam. Portanto, o alicerce sendo
removido, toda a construção desaba.
12. Mas, você irá dizer: 'Supondo-se que este argumento falhe, nós podemos
inferir a mesma conclusão, sobre a pluralidade de mundos, da sabedoria, poder, e
bondade, ilimitados do Criador. Teria sido tão plenamente fácil para Ele criar
milhares ou milhões de mundos, assim como um só. Pode, então, alguém duvidar que
Ele manifestaria todo Seu poder e sabedoria em criar apenas um? Que proporção
existe entre esta partícula da criação, e o Grande Deus que preenche céus e Terra,
enquanto 'sabemos que o poder de sua mão Onipotente poderia formar outros
mundos da mesma areia?'.
13. Para esta prova atordoante; esta obra-prima de argumento dos infiéis
doutos, eu respondo: vocês esperam encontrar alguma proporção entre o finito e o
infinito? Supondo-se que Deus tenha criado muito mais mundos do que existe de areia
no universo; que proporção teria todos esses, juntos, em comparação com o Criador
infinito? Em comparação com Ele, eles seriam, não apenas mil vezes, mas
infinitamente menos do que uma ninharia, se comparados ao universo. Terminem,
então, com esta conversa pueril a respeito da proporção das criaturas, quanto ao seu
Criador, e deixe para o Todo-sábio Deus criar o que, e quando lhe agradar. Porque,
quem, além dele mesmo, 'conhece a mente do Senhor? Ou quem tem sido Seu
conselheiro?'.
14. É suficiente para nós sabermos esta verdade clara e confortável, -- que o
Todo-poderoso Criador tem mostrado que cuida dessa pobre criatura de um dia; que
Ele não mostrou, nem mesmo aos habitantes dos céus, aqueles que 'não mantiveram
seu primeiro estado'. Ele deu seu Filho a nós; seu único Filho, tanto para viver, quanto
para morrer por nós! Ó, que vivamos Nele, para que possamos morrer Nele, e viver
com Ele para sempre!