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A MENINA E A FLOR

De Geraldo Lafayette

Roteiro: No palco três crianças vestidas de flores devem se posicionar uma longe da outra. Em
seguida entram beija-flores e chegam próximos às flores. Elas, cada uma de uma vez falam:

FLOR 01: Beija – flor, por favor, dê uma recado à mãe natureza, diga a ela que não aguento mais
esse lugar.

BEIJA – FLOR AZUL: Digo sim Florzinha. Mas porque você quer se mudar?

FLOR 02: Ah! Beija – flor, viver aqui é muito difícil. Esse lugar está muito sujo.

BEIJA – FLOR VERDE: E você quer ir pra onde florzinha? Qualquer lugar serve?

FLOR 03: Não Beija-flor. Quero ir pra um jardim bonito, onde as pessoas gostem de mim.

BEIJA – FLOR ROXO: Vou dar o recado pra mãe natureza.... Mas vai demorar. Tem tanta flor
reclamando.

FLORES: Obrigado beija-flor. Eu espero sua resposta.

Roteiro: Com música os beija-flores saem e Entra uma de cada vez, três meninas mal vestidas,
sujas e tristes. A flor também não está muito alegre. Enquanto entram, pode tocar uma música.

MENINA 01: Eu sou uma criança pobre. Não tenho mãe. Vivo só e não conheci meu pai.

MENINA 02: Eu sou uma criança infeliz. Sem família, durmo nas ruas e as vezes não tenho o que
comer.

MENINA 03: Eu não tenho com quem brincar. Não tenho irmãos... ninguém gosta de mim.

MENINA 01: Eu também acho que as pessoas não gostam de mim...

MENINA 02: Tem dias que eu fico tão triste. Tenho vontade de chorar. O que será de mim?

MENINA 03: Porque não sou igual às outras crianças, que vão para a escola, tem uma casa...
brinquedos?

Roteiro: As meninas sentam-se tristes e distantes umas das outras. Não estão se vendo. Escutam
soluços de alguém chorando.

MENINA 01: Quem está chorando?

FLOR 01: Sou eu.

MENINA 01: Eu quem? Não vejo ninguém.


MENINA 02: Quem está aí?

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MENINA 03: Eu estou ouvindo alguém chorar!

FLOR 02: Sou eu. A flor que está bem perto de você.

MENINA 03: Mas flor não chora!

FLOR 02: Choramos sim e falamos também.

MENINA 02: Mas flor não fala. Eu nunca ouvi uma flor falando.
FLOR 03: Falamos sim. Tanto que você está me ouvindo.

FLOR 02: As pessoas é que não sabem ouvir as flores.

MENINA 01: Então eu sei. Estou ouvindo você falar comigo.

FLOR 01: É porque você tem coração bom.

FLOR 02: E está triste como eu.

FLOR 03: Estamos nós duas muito tristes hoje.

MENINA 03: Estou mesmo muito triste. Só tenho vontade de chorar.

FLOR 03: Eu também não estou feliz aqui... Queria morar num jardim grande, todo colorido.

FLOR 02: Estou cansada de viver só aqui. Essa poeira... muito lixo.

FLOR 01: Sem contar as pessoas que maltratam a gente.

MENINA 01: Verdade? As pessoas passam aqui e maltratam você?

FLOR 03: Todo dia passa alguém que não dá valor às plantinhas.

ROTEIRO: Aparecem dois meninos brincando com latinhas e outras coisas.

FLOR 02: Silêncio! Crianças estão chegando.

ROTEIRO: Os meninos entram fazendo bagunça e jogando papeis de bala sobre as flores.

MENINO 01: Não sei pra que essas flores aqui no meio do caminho.

MENINO 02: Nós dois podíamos arrancar essas flores todas.

MENINO 01: Não ia fazer falta nenhuma.

MENINA 02: O que é isso? Nada de pisar nas flores.

MENINA 01: Na minha amiga flor ninguém põe a mão.

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MENINA 03: Que falta de educação, querer arrancar a florzinha. Ela não te fez nada.

MENINO: 02: Olha! Olha! Agora tem gente defendendo as flores!

MENINO 01: Vamos embora! Quando as flores estiverem sozinhas a gente volta.

Roteiro: Os meninos saem.

FLOR 03: Você está vendo porque eu estou triste? Eles machucam a gente.

FLOR 02: É por isso que eu mandei um recado pela mãe natureza, pedindo a ela pra me trocar de
lugar.

FLOR 01: Tomara que o beija-flor volte logo com a resposta.

Roteiro: As meninas se aproximam das flores fazendo-lhes carinho. Podem buscar um regador
de água e jogar sobre cada flor.

MENINAS: Enquanto os seu amigo beija – flore não voltare eu vou cuidar de você e te fazer
companhia.

FLORES: Ai que bom ter uma amiga. Eu me sinto mesmo tão sozinha.

MENINAS: Eu também estou sozinha e não tenho amigas... Agora seremos amigas uma da outra.

FLORES: Eu faço companhia pra você e você faz companhia pra mim.

ROTEIRO: Entra outra música e os beija – flores entram voando e falando.

BEIJA – FLORES: Hoje é dia de festa! Vejam quem veio visitar as florzinhas:

FLORES: Quem?

BEIJA – FLOR AZUL: Aquela que nos dá a vida e nos faz feliz.

BEIJA – FLOR VERDE: Aquela que está em todo lugar e precisa ser preservada.

BEIJA – FLOR ROXO: Chegou agora para a sua alegria a querida mãe natureza.

Roteiro: Todos aplaudem. Mãe natureza entra.

MÃE NATUREZA: Então florzinhas, vocês querem se mudar?

FLOR 01: É que aqui mãe natureza, é um lugar muito feio.

FLOR 02: É que aqui mãe natureza, eu ficava muito sozinha.

FLOR 03: É que aqui mãe natureza, as pessoas passam e pisam na gente, jogam lixo.

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MÃE NATUREZA: Então vamos providenciar um novo jardim para as solitárias flores.

FLORES: Mas mãe natureza.... é que....

MÃE NATUREZA: É que... o que? Vocês não parecem tão animadas. Mudaram de ideia?

FLOR 01: É que agora consegui uma amiguinha.

FLOR 02: Sabe mãe natureza, eu hoje conheci uma menina que quer ser minha amiga.

FLOR 03: Eu quero muito ir, mas essa menina me defendeu e eu não posso deixa-la sozinha.

MÃE NATUREZA: Quem é essa menininha?

MENINA 01: Eu não sou ninguém não. Só uma menina pobre.

MENINA 02: Até as flores tem mamãe. Eu não tenho ninguém.

MENINA 03: O que eu mais quero é que a florzinha fique segura e feliz.

MÃE NATUREZA: Mas e aí? O que eu faço? Levo você ou não florzinha?

FLORES: Tive uma idéia!

MÃE NATUREZA: Opa! Que bom novas ideias. Diga logo!

FLOR 01: Quem sabe a senhora não transforma a menina pobre numa linda flor?

MÃE NATUREZA: Opa! Boa ideia.

FLOR 02: Quem sabe a senhora não traz lindas flores e transforma esse lugar num lindo jardim?

MÃE NATUREZA: Opa! Boa ideia.

FLOR 03: Quem sabe a senhora não encontra uma família para essa menina triste?

MÃE NATUREZA: Opa! Estamos cheias de ideias hoje. Vamos ver o que eu posso fazer.

MENINA 01: Eu quero virar flor. As flores são lindas.

MENINA 02: Eu quero que esse lugar seja um lindo jardim...

MENINA 03: E eu quero ter uma família, uma casa cheia de flores.

MÃE NATUREZA: É muita coisa.... vamos começar limpando esse lugar. Venham jardineiros.

Roteiro: Entram os jardineiros com carrinho de mão, vassoura, pá. Música para a entrada deles.

JARDINEIRO 01: Esse lugar está muito sujo. Vamos ter muito trabalho.

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JARDINEIRO 02: Eu amo limpar o jardim. Gosto também de plantar flores.

JARDINEIRO 03: Vamos logo com isso.... Esse lugar vai virar um lindo jardim... cheio de flores e
árvores.

JARDINEIROS: Ah! Se todo mundo fosse um pouco jardineiro... o mundo seria mais colorido e
bonito.

MÃE NATUREZA:
Menina, você é linda.
Vou fazer você sonhar... e seu sonho virar realidade.
Deite-se! Durma! Sinta o perfume da flor.
(as meninas deitam pertinho das flores)
MÃE NATUREZA:
Papai do céu vai te dar um presente, para quem gosta das flores.
(entram outras crianças vestidas de flores ou árvores)
MÃE NATUREZA:
Esse lugar vai ficar lindo!
E aqui vocês serão felizes juntos.
Brinquem... amem as flores... cuidem do jardim...
E nunca mais ficarão tristes.
A natureza é alegria de todos.
A menina faz feliz a flor
E a flor faz a menina feliz...
Juntas... esse lugar vocês vão transformar.

(música sobe de volume)

FIM

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A ROUPA NOVA DO IMPERADOR
Adaptação Geraldo Lafayette

Roteiro: Ao abrir as cortinas estão já no palco dois corneteiros, dois tamboristas , três
empregadas e o mensageiro do rei. Começa a cena com todos cantando:

Música inicial: Ò Abram alas que vamos passar


Ó abram alas que vamos chegar
Se nos permitem nós vamos ficar
Pois nossa história já vai começar.

MENSAGEIRO: Oba! Oba! Oba! História pra gente ouvir e se divertir.


Rufem os tambores. Toquem os clarins!
Está chegando a realeza... O Imperador Vaidoso Primeiro e a Imperatriz Vaidade
Terceira.

Roteiro: Os corneteiros e os tambores tocam e entram o Imperador e Imperatriz. Todos se


curvam. O Imperador senta-se e diz:

IMPERADOR: Minha Imperatriz, chama-me a faxineira.

IMPERATRIZ: Eugênia! Venha que o Imperador está chamando.

EUGÊNIA: Sim alteza! O que quer de mim majestade?

IMPERADOR: Que escove os meus sapatos. Que lustre a minha coroa. Que tire a poeira do meu
trono.

EUGÊNIA: Mas ! Mas!

IMPERATRIZ: É muita coisa majestade. Eu tô cansada.

IMPERADOR: É pra isso que eu te pago. Pra fazer a faxina.

EUGÊNIA: Mas todo dia? Eu queria as minhas férias.

IMPERATRIZ: Obedeça o Imperador Vaidoso II. Vá e não reclame.

IMPERADOR: Minha Imperatriz, chama-me a lavadeira.

IMPERATRIZ: Efigênia! O Imperador chama o seu nome.

EFIGÊNIA: Minha irmã saiu chorando. O que foi majestade.

IMPERATRIZ: Sua irmã é uma preguiçosa...

EFIGÊNIA: Que isso majestade. Eugênia trabalha tanto.

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IMPERATRIZ: E você não trabalha nada. Escuta o que o Imperador tem pra te dizer.

IMPERADOR: Lavadeira, quero que lave todas as minhas roupas... estão cheirando a mofo.

EFIGÊNIA: Todas? Mas são muitas Imperador!

IMPERATRIZ: Vá e não discuta. Todas.

EFIGÊNIA: Eu tô é frita. Ou melhor... ensopada...

IMPERADOR: Imperatriz, chama-me a cozinheira.

IMPERATRIZ: Estênia... o Imperador chama por seus serviços.

ESTÊNIA: Estênia com acento circunflexo no ê majestade.

IMPERADOR: Prepare-me um jantar especial. Quero comer carne de boi, carne de frango, carne de
porco, carne de perú, carne de ovelha, carne de..... carne de que mais temos na geladeira minha
Imperatriz?

IMPERATRIZ: De pato.

IMPERADOR: Carne de pato. Tudo pra hoje.

ESTÊNIA: A majestade vai explodir meu Imperador.

IMPERADOR: Faça o jantar e não me amole. Eu estou mandando.

ESTÊNIA: O imperador explode de comer e eu explodo de trabalhar.... Não aguento mais essa vida.

IMPERADOR: Minha Imperatriz, chama-me a costureira.

MENSAGEIRO: Mais roupas Imperador?

IMPERADOR: Você é pago para anunciar e não para perguntar.

IMPERATRIZ: Ismênia, o Imperador chama pelos seus serviços.

Roteiro: Voltam as três anteriores e falam juntas.

EFIGÊNIA: Ismênia se mandou.

EUGÊNIA: Foi embora. Sumiu no mapa.

ESTÊNIA: E mandou dizer pra vossa majestade que se cansou.

AS TRÊS: Não trabalha mais para o Império.

IMPERADOR: Meu Deus! O que farei? Andarei nú pelo Império. Não tenho mais costureira.

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IMPERATRIZ: Calma Vaidoso! Você tem muitas roupas prontas.

IMPERADOR: Mensageiro, traga para mim a melhor costureira, o melhor alfaiate... depressa.

IMPERATRIZ: Calma Vaidoso! Você vai ter um infarto.

IMPERADOR: Agora! Tragam logo uma costureira... tragam o que encontrar. Eu quero uma roupa
nova.

MENSAGEIRO: Espalhem aos quatro ventos... pra todo o Império


Que o Imperador quer uma roupa nova.
Pra isso precisa de uma boa costureira... a melhor...
Ele paga o que custar... todo o dinheiro do reino ele vai gastar.

CORNETISTA 01: Até eu queria ser costureiro...

CORNETISTA 02: Verdade. Costurando para o Imperador ia ganhar muito mais dinheiro.

TAMBORISTA 01: Se as costureiras forem espertas podem o Imperador enganar.

TAMBORISTA 02: Do jeito que ele é... por qualquer roupa ele vai pagar.

MENSAGEIRO: Imperador! Apresento à vossa majestade dois novos e excelentes costureiros.

IMPERATRIZ: De onde são? Costuram bem?

MENSAGEIRO: Vai saber majestade. Mas dizem que são os melhores de toda a região.

IMPERADOR: Que entrem logo os costureiros. Estou com pressa.

MENSAGEIRO: Que rufem os tambores, que toquem os clarins... para os novos costureiros que vão
fazer a roupa nova do Imperador.

Roteiro: Rufam os tambores . Todos ficam olhando e entram os dois costureiros que se curvam e
dizem:

UBIRAJARA: Vossa Majestade, ao Imperador Vaidoso II os meus cumprimentos.

UBIRANIRA: Majestade! Faremos a roupa mais linda, mais cara, mais tudo que o Império já viu.

IMPERATRIZ: Verdade? E são bons mesmo? Vieram de onde?

Roteiro: As duas próximas falas os dois costureiros falam juntos se confundindo.

UBIRAJARA : Viemos da Pérsia Majestade.


UBIRANIRA: Viemos da Índia Majestade.

Roteiro: Confusão percebida eles invertem as falas e se confundem mais.

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UBIRAJARA: Viemos da Índia Majestade.
UBIRANIRA: Viemos da Pérsia Majestade.

IMPERATRIZ: Vieram de onde mesmo?

UBIRAJARA: Viemos da Pérsia e passamos pelas Índias pra ver os índios como estavam.

UBIRANIRA: O importante é que faremos uma nova roupa para o imperador.

UBIRAJARA: Mas custa caro majestade.

UBIRANIRA: É que costuramos com fios de ouro.

IMPERADOR: Fios de ouro? Nossa! Que maravilha! Comecem logo. Pago o que pedirem.

Roteiro: O imperador com toda a comitiva e ficam apenas os costureiros.

UBIRANIRA: Acho que ele acreditou....

UBIRAJARA: Esse é muito vaidoso. Vamos enganar fácil.

UBIRANIRA: Cala a boca que vem vindo gente.

UBIRAJARA: Finge que está costurando.

Roteiro: Entram as empregadas.

EUGÊNIA: O imperador mandou a gente ajudar no que for preciso.

ESTÊNIA: Mandou eu servir muita comida.

EFIGÊNIA: Estamos à disposição! Mas queremos ver a roupa nova do imperador.

UBIRAJARA: Pois nós já começamos. Não está linda?

EUGÊNIA: Hã! Já começaram? Onde?

UBIRANIRA: Não estão vendo? Olha que tecido lindo...

ESTÊNIA: Tô cega meu Deus. Tô cega... não vejo nada.

UBIRAJARA: Deixa eu explicar: Esse tecido é magico. Só os muito inteligentes conseguem enxergar.

UBIRANIRA: Verdade. Só os muito inteligentes podem ver. Por isso não conseguem ver.

EFIGÊNIA: (fingindo) Pois eu estou vendo! Lindo mesmo. Nossa como é macio.

UBIRAJARA: E veja os fios de ouro Dona Efigênia.

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EFIGÊNIA: Maravilhoso. Como brilham.

ESTÊNIA: ihhhh!!!! Nunca pensei que e a Efigênia fosse mais inteligente que eu.

EUGÊNIA: Melhor a gente sair daqui. Vamos Efigênia cuidar do nosso serviço.

EFIGÊNIA: Parabéns!!! Linda a roupa nova do Imperador. Maravilhosa.

Roteiro: As três saem. Os dois costureiros ficam rindo. Entra o mensageiro.

MENSAGEIRO: Vim pra ver se a roupa nova do imperador está pronta.

UBIRAJARA: (mostrando um cabide vazio) Sim, está pronta. Olha como ficou bonita.

MENSAGEIRO : (sem ver nada) É! Parece bonita!

UBIRANIRA: Você é um homem inteligente. Esse tecido é mágico. Só os inteligentes enxergam.

MENSAGEIRO: (fingindo) Nunca vi uma roupa tão bonita. Vou chamar o Rei pra vestir.

ROTEIRO: Entram as empregadas, os tamboristas e os cornetistas e o Mensageiro explica:

MENSAGEIRO: Eu não vi roupa nenhuma... Mas não quero que pensem que eu sou burro.

EFIGÊNIA: Eu também não vi nada. Mas como não quero parecer burra, disse logo que era linda.

ESTÊNIA: Eu vou fingir também.

EUGÊNIA: Até eu que sou mais boba... vou falar que a roupa é a mais bonita que já vi.

MENSAGEIRO: Que rufem os tambores, que soem os clarins para a entrada do Imperador.

ROTEIRO: Entra o Imperador com toda pompa.

UBIRAJARA : Vejam majestade a roupa nova do Imperador.

UBIRANIRA: Todos adoraram... todos acharam linda. Não foi?

ROTEIRO: Empregadas, cornetistas, tamboristas, mensageiro, todos concordam.

UBIRAJARA: Nosso tecido é tão especial e mágico que só os muito inteligentes conseguem ver.

UBIRANIRA: E nesse Império todos são muito inteligentes. Todos viram a roupa nova do
Imperador.

ROTEIRO: Imperador cotuca na imperatriz e diz.

IMPERADOR: O melhor é fingir que estou vendo também. Se não vou parecer burro.

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IMPERATRIZ: (fingindo) Eu achei linda. E que cores vibrantes. Como brilha

ROTEIRO: Todos tecem elogios.

UBIRAJARA: Vamos vestir majestade.

UBIRANIRA: Ponha logo as calças majestade.

ROTEIRO: O imperador vai tirando a roupa com a qual estava e ficando só de calção. Pensando
que estava vestindo a roupa mágica.

MENSAGEIRO: Como ficou bem essa calça em vossa majestade. Serviu direitinho.

CORNETISTA 01: Olha o cinturão! Que lindo. Que fivela mais rica.

TAMBORISTA 01: Nunca vi coisa igual.

EUGÊNIA: Veste o jaquetão majestade. Tô doida pra ver o senhor com ele.

CORNETISTA 02: Olha os botões... são de pedras preciosas.

TAMBORISTA 02: E o colarinho... branco como a neve. Maravilhoso.

ESTÊNIA: Quem me dera ter dinheiro pra fazer pra mim um vestido com esse tecido.

EFIGÊNIA: Quem somos nós minha irmã.

IMPERATRIZ: Vocês nunca se vestiriam desse modo.

EMPREGADAS: Não mesmo. O imperador está deslumbrante.

IMPERADOR: Obrigado. Não é atoa que eu gastei boa parte do dinheiro do império com essa
roupa.

UBIRAJARA: Vocês gostaram mesmo?

ROTEIRO: Todos confirmam que sim.

UBIRANIRA: Fico até emocionada. Adoro costurar para pessoas inteligentes.

ROTEIRO: O Imperador sai desfilando só de calção pelo palco. Todos aplaudem. Até que entra
um menino chupando pirulito e brincando de carrinho e grita.

MENINO: Olha lá... o Imperador tá pelado. O Imperador tá só de cueca.... Ele tá pelado.

ROTEIRO: Com isso todos começam a rir do Imperador que fica com vergonha e começa a se
esconder, percebendo que foi enganado. Os costureiros também percebem que a farsa foi
descoberta e o imperador grita.

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IMPERADOR: Prendam esses costureiros. Eles enganaram o Imperador.

ROTEIRO: Os cornetistas, os tamboristas, as empregadas seguram os costureiros e o Imperador


fala:

IMPERADOR: Como fui bobo e vaidoso. Me enganaram porque me achava melhor que os outros.

IMPERATRIZ: Mas esses dois merecem castigo, Imperador.

UBIRAJARA: Por favor Imperador... perdão.

UBIRANIRA: Devolveremos todo o dinheiro que nos pagou.

IMPERADOR: Qual o castigo será melhor?

ESTÊNIA: Ponha esses dois pra fazer a comida do Palácio.

EUGÊNIA: Coloca esses dois pra limpar todo o palácio.

EFIGÊNIA: Dê toda a roupa do palácio para os costureiros lavarem.

MENSAGEIRO: Mas e vocês vão fazer o que?

AS TRÊS: Tirar férias e visitar a Ismênia. Nós merecemos.

IMPERADOR: Que seja. Vão trabalhar de graça para o Império por um mês. Esse é o castigo.

UBIRAJARA: Fizemos uma armadilha para o Imperador e acabamos caindo nela.

UBIRANIRA: A mentira tem perna curta.

COSTUREIROS JUNTOS: Vamos morrer de trabalhar, mas nunca mais as pessoas enganar.

EMPREGADAS: E nós, até que enfim vamos descansar.

FIM

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A FORMIGA FOFOQUEIRA
De Carlos Nobre
Adaptação de Geraldo Lafayette

Roteiro: Um casal prepara um casal de espantalhos. O Cenário é de uma cozinha de roça.

D. CONFUSOLINA: Pois então Confusolino. Meu espantalho tá ficando lindo.


SR. CONFUSOLINO: E espantalho tem que ficar bonito? Ele tem é que espantar o passarinhos.
D. CONFUSOLINA: Não custa nada caprichar Confusolino.
SR. CONFUSOLINO: Eu tô fazendo o meu de qualquer jeito mesmo. Faça o seu Confusolina.

ROTEIRO: Os dois seguem arrumando os espantalhos, até que se afastam para pegar alguma
coisa e os espantalhos se mexem, fazendo com que os dois fiquem incomodados e sem entender
o que está acontecendo.

ESPANTALHO: Bom dia Dona Confusolina.


ESPANTALHA: Bom dia Senhor Confusolino.
SR. CONFUSOLINO: Bom dia! Ai ai ai! Como é que pode? Tô ficando doido.
D. CONFUSOLINA: Doido mesmo! Ocê tá falando com um espantalho meu marido.
SR. CONFUSOLINO: Mas ele falou bom dia!
ESPANTALHA: Falei! E obrigado por responder.
ESPANTALHO: Também falei e a senhora nem respondeu.
D.CONFUSOLINA: Meu Deus do céu... Nunca vi uma coisa dessas.
ESPANTALHO: É que vocês nos fizeram com muito amor
ESPANTALHA: Por isso estamos falando.
D. CONFUSOLINA: Agora não vamos poder deixar eles aqui na horta...
SR. CONFUSOLINO: É mesmo! Não terei coragem. Eles vão ficar com medo.
ESPANTALHA: Que isso! Nós só temos medo de fósforo e fogo.
ESPANTALHO: Porque palha queima.

ROTEIRO: As verduras entram aflitas na cozinha, todos se assustam mas elas reclamam:

ALFACES: Dona Confusolina! Dona Confusolina, as nossas folhas estão cheias de dentadas.
TOMATES: Senhor Confusolino estão comendo todas as nossas folhas.
PIMENTÕES: Dona Confusolina, nós achamos que foram as galinhas.
D. CONFUSOLINA: Galinha não tem dentes.
CENOURAS: Estão acabando com a gente... estamos ficando sem proteção.
ESPANTALHO: Credo! Eu nunca vi verdura e legumes com vida na minha vida!
CENOURAS: Nós nunca vimos um espantalho com vida na minha vida.
ALFACES: Não é hora pra discussões. Quero saber quem está repicando nossas folhas verdinhas.
ESPANTALHA: Devem ser os passarinhos... Mas nós vamos espanta-los hoje.
D. CONFUSOLINA: Mas quando foi isso Pimentões?
PIMENTÕES: Só pode ter sido de noite. O que vocês acham tomates?
TOMATES: Hum! Nós achamos que não. Passarinhos não voam de noite.
SR. CONFUSOLINO: Então foram os jacarés.
D. CONFUSOLINA: Jacaré na horta meu bem! Isso não tem.
SR. CONFUSOLINO: Já estou fazendo confusão.
ESPANTALHO: O melhor é a gente ir logo pra horta. Vamos vigiar.
ESPANTALHA: E pegaremos esse criminoso. Vamos formar um batalhão.

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ESPANTALHO: Criminoso ou criminosa, nós vamos descobrir.

ROTEIRO: Os Espantalhos e as verduras saem marchando e cantando: UM DOIS, FEIJÃO COM


ARROZ .... O casal fica olhando todos partirem para a horta. Enquanto isso, atrás deles, na
cozinha duas formigas entram e roubam uma lata grande de açúcar. Quando eles viram, dão de
cara com as formigas que já esconderam o açucareiro.

FORMIGA CAROLINA: Boa tarde senhor Confusolino.


SR. CONFUSOLINO: A senhora me conhece?
FORMIGA CATARINA: Boa tarde Dona Confusolina.
D. CONFUSOLINA: Quem é a senhora?
CAROLINA: Eu sou a formiga Carolina e essa é a minha irmã gêmea.
CATARINA: Eu sou a irmã gêmea dela. Sou a formiga Catarina.
AS DUAS FORMIGAS JUNTAS: Gostamos muito.... muito de vocês.
SR. CONFUSOLINO: Estou surpresa... Vocês duas são umas gracinhas. Mas já confundi as duas.
DONA CONFUSOLINA: Vocês querem um cafezinho.
AS DUAS FORMIGAS: Aceitamos sim Dona Confusolina. A senhora é muito gentil.
CATARINA: Com bastante açúcar.
CAROLINA: Eu também gosto bem docinho.
SR. CONFUSOLINO: O que vocês duas vieram fazer aqui na cozinha?
CATARINA: Contar uma coisa muito importante.
DONA CONFUSOLINA: Eu não acho o açúcar.
CAROLINA: Não é fofoca. Mas é que nós gostamos muito de vocês.
CATARINA: Não podia deixar de contar.
CAROLINA: O Senhor foi traído.
SR. CONFUSOLINO: Confusolina, o que é isso que essas formigas estão falando?
DONA CONFUSOLINA: Eu não traí ninguém. Você viu o açúcar?
SR. CONFUSOLINO: Eu não. Mas escuta a história dessas duas.
CAROLINA: Não é isso Senhor Confusolino. Quem traiu o Senhor foram as verduras.
CATARIANA: E os espantalhos também estão nessa armadilha contra o senhor.
DONA CONFUSOLINA: Isso não é possíve . Toma o café sem açúcar mesmo.
CAROLINA: Pra senhora ver né.
CATARINA: Foram eles que rasgaram as pontas das folhas da alface e dos dos tomates.
ROTEIRO: As duas tomam o café e cospem tudo.
SR CONFUSOLINO: Mas pra que? O que ganhariam com isso?
CAROLINA: Cada um falava uma coisa. Queriam confundir o senhor.
CATARINA: Passarinho, galinha, formiga... até jacaré.
DONA CONFUSOLINA: Muito obrigado por nos avisar formiguinhas. Vocês são lindas.
SR. CONFUSOLINO: Onde as coisas vão parar. Não se pode confiar nem mais nos urubus.
CAROLINA: Que urubu Senhor Confusolino?
CATARINA: Não tem urubu na história não.
DONA CONFUSOLINA: Ele já está começando a se confundir.
SR CONFUSOLINO: Mas como posso confiar em vocês duas?
CAROLINA: Eu sou famosa. Importante. Mordi o dedão do pé da xuxa.
CATARINA: E eu mordi o dedão do pé do Pelé.
SR. CONFUSOLINO: Então vocês são famosas mesmo. Quer prazer conhece-las.
DONA CONFUSOLINA: Mas e agora? O que vamos fazer com esses traidores.
FORMIGAS: Nós temos um plano.
SR. CONFUSOLINO: O que eu vou fazer com um pano?

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DONA CONFUSOLINA: Elas disseram aeroplano.
FORMIGAS: Não! Nós falamos um plano.
SR. CONFUSOLINO: Ah! Um plano. E qual é?
CAROLINA: Vamos prender os espantalhos.
CATARINA: Quando eles aparecerem a gente prende os dois.
CAROLINA: Não deixem eles falarem nada... vão inventar coisas.
DONA CONFUSOLINA: Mas como? Prender onde?
CAROLINA: Quando eles chegarem vocês apresentam os dois pra gente.
CATARINA: Quando eles virarem de costas, vocês amarram.
SR. CONFUSOLINO: Amarrar quem?
FORMIGAS: Os espantalhos.
DONA CONFUSOLINA: Nossa... que confusão.
ROTEIRO: Entram os espantalhos correndo e gritando:
ESPANTALHOS: Dona Confusolina, Senhor confusolino, nós descobrimos que ....
DONA CONFUSOLINA: Essas duas são nossas amigas Formigas...
ROTEIRO: Quando os dois se viram as formigas gritam:
FORMIGAS: Amarrem a boca deles.
ROTEIRO: Junto com as formigas eles amarram as bocas, as mãos e os pés dos dois espantalhos.
CATARINA: Seus traidores.
CAROLINA: Vão ficar amarrados agora.
SR. CONFUSOLINO: Que pena.
CATARINA: Que pena nada. Foram eles quem roubaram o açúcar da cozinha também.
DONA CONFUSOLINA: E eu procurando o açúcar esse tempo todo. Danados.
CATARINA: Podem ir descansar Dona Confusolina e Senhor confusolino.
CAROLINA: Nós tomaremos conta desses dois mentirosos.
ROTEIRO: O Casal sai de cena. As duas ficam alegres e falam com a plateia.
CAROLINA: Nosso plano dará certo. Com esses dois amarrados, seremos as donas da horta.
CATARINA: Vamos poder comer as alfaces, os tomates, os pimentões, as cenouras... tudo.
FORMIGAS: kkkkk ninguém pode com a gente. Somos Carolina e Catarina as formigas fofoqueiras.
ROTEIRO: As formigas saem para a horta. Os espantalhos vão se mexendo até se soltarem. Vão
até a porta que dá para o quarto do Senhor Confusolino e chamam.
ESPANTALHOS: Senhor Confusolino, Dona Confusolina... acordem
ESPANTALHA: Queremos lhe contar a verdade.
SR. CONFUSOLINO: Vocês! Bandidos... se soltaram... mataram as formigas?
DONA CONFUSOLINA: Catarina, Carolina, Socorro!
ESPANTALHO: Calma Dona Confusolina. Essas formigas são umas mentirosas.
SR. CONFUSOLINO: Que isso? Elas são famosas. Elas já chutaram bola pro Pelé.
CONFUSOLINA: Não meu amor, foi pra Xuxa.
ESPANTALHA: Para de confusão e presta atenção. Essas formigas são bandidas.
ESPANTALHO: Nós descobrimos que elas é que estão picando as folhas das verduras.
ESPANTALHA: Olha lá pela janela. Elas estão na horta agora.
ROTEIRO: Eles olham e confirmam.
SR. CONFUSOLINO: Não é que é. Me enganaram direitinho.
D. CONFUSOLINA: Veja bem Confusolino... estão comendo as folhas das verduras.
ESPANTALHO: E nos amarraram pra gente não ver.
ESPANTALHA: E aposto como foi ela quem roubou o açúcar também.
D. CONFUSOLINA: Danadas. Mas bem feito. Tiveram que tomar café sem açúcar.
SR. CONFUSOLINO: Mas e agora?
ESPANTALHO: Vamos fazer a mesma coisa. Quando chegarem vamos fingir que estamos presos.

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ESPANTALHA: Vocês finjam que estão dormindo... aí a gente pega e prende as duas.
D. CONFUSOLINA: Elas vão ter que confessar.
SR. CONFUSOLINO: E pedir desculpas.
ROTEIRO: As formigas voltam ainda mastigando. E falam:
CAROLINA: Está tudo como deixamos. Eles presos... os velhos dormindo....
CATARINA: Vamos descansar também. Estou com a barriga cheia.
CAROLINA: Antes vamos pegar um pouquinho do açúcar.
CATARINA: Ah é! Sobremesa.
ROTEIRO: As duas acabam dormindo com a lata de açúcar nas mãos. Os Espantalhos levantam e
com as duas dormindo amarram-nas. O Casal entram e fala:
CASAL: Pegamos vocês suas mentirosas.
ROTEIRO: As duas acordam assustadas.
CAROLINA: O que está acontecendo aqui? Quem soltou esses espantalhos?
CATARINA: Não fomos nós Senhor Confusolino. Foram eles.
D. CONFUSOLINA: E quem está com a minha lata de açúcar na mão?
CAROLINA: Eu só peguei o açúcar porque toda formiga gosta de açúcar.
CATARINA: Perdoa Dona Confusolina.
SR. CONFUSOLINO: Coitada das formigas Confusolina.
ESPANTALHA: Coitada é de quem faz fofoca.
ESPANTALHO: Elas não são formigas boas Senhor Confusolino.
D. CONFUSOLINA: Não são mesmo. Roubaram o meu açúcar, comeram minhas verduras.
FORMIGAS: Juramos que não fomos nós quem comemos as folhas gostosas da alface.
ROTEIRO: Entram as verduras.
ALFACES: Foi ela sim. Nossas folhas estão todas repicadas de novo. E foi agora.
TOMATES: Hoje nós tivemos a prova. E elas nem tentaram se esconder... picaram com força.
SR. CONFUSOLINO: Ai que confusão. Então não foram os Espantalhos que nos traíram.
CENOURAS: Estas formigas são muito mentirosas... e nem trabalham junto com as outras.
PIMENTÕES: Foram elas sim. Nós vimos tudo.
CAROLINA: Eu tenho direito de defesa: Por favor, eu posso explicar: Estamos arrependidas.
CATARINA: Pedimos perdão. Prometemos não fazer mais fofocas e sermos boazinhas.
ESPANTALHO: Pedir perdão é importante.
ESPANTALHA: Arrepender-se também.
D. CONFUSOLINA: O que vocês acham verduras? Eu perdoo ou não perdoo essas formigas?
CENOURAS: Se eles estão falando que vão ser melhores daqui pra frente, eu acho que perdoamos
TOMATES: Eu estou até emocionado. Também perdoamos.
SR. CONFUSOLINO: Eu nem sei o que dizer. Perdão é tão bonito.
PIMENTÕES: Eu estou ardendo de emoção. Perdoa... perdoa... perdoa....
ALFACE: Nós estamos com as folhas todas repicadas... todas feias... mas também perdoamos.
D. CONFUSOLINA: O que você acha meu bem?
VERDURAS E ESPANTALHOS: Perdoa... perdoa... perdoa....
SR. CONFUSOLINO: Agora eu estou mais calmo... acho que devemos perdoar.
CASAL: Formigas, vocês estão perdoadas. São bem vindas à nossa casa.
CAROLINA: Obrigado. Muito obrigado.
CATARINA: Eu e minha irmã agradecemos... vamos começar a trabalhar ....
FORMIGAS: E seremos formigas melhores daqui pra frente.
ROTEIRO: Eles libertam as formigas e todos se abraçam.
ESPANTALHOS: A vida é assim. Sempre há tempo pra recomeçar.

FIM
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