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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – UECE

FACULDADE DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E LETRAS DO SERTÃO CENTRAL


FECLESC

O CONSUMO E A ESCASSEZ DE ÁGUA

PAULA QUEIROZ DA SILVA

QUIXADÁ – CEARÁ
2019
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – UECE
FACULDADE DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E LETRAS DO SERTÃO CENTRAL
FECLESC

O CONSUMO E A ESCASSEZ DE ÁGUA

PAULA QUEIROZ DA SILVA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Licenciatura
Plena em Química da Faculdade de
Educação Ciências e Letras do Sertão
Central da Universidade Estadual do
Ceará, como requisito parcial para a
obtenção do grau de licenciado em
Química.

Orientação: Renato Eugenio Oliveira Diniz

QUIXADÁ – CEARÁ
2019
O CONSUMO E A ESCASSEZ DE ÁGUA

PAULA QUEIROZ DA SILVA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Licenciatura
Plena em Química da Faculdade de
Educação Ciências e Letras do Sertão
Central da Universidade Estadual do
Ceará, como requisito parcial para a
obtenção do grau de licenciado em
Química.

Aprovada em: ____ de outubro de 2019

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________
Prof.
Faculdade de Ciências e Letras do Sertão Central – FECLESC
Universidade Estadual do Ceará – UECE

_______________________________________________
Prof.
Faculdade de Ciências e Letras do Sertão Central – FECLESC
Universidade Estadual do Ceará – UECE

_______________________________________________
Prof.
-
-
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
Epígrafe

“Ninguém é tão inteligente que não tenha a aprender, ou tão burro que não
tenha a ensinar.”
-Provérbio
RESUMO

A utilização de substâncias químicas dentro do setor industrial é um fator


indispensável, quando falamos de crescimento, no campo da Química Industrial.
Entre várias destas substâncias utilizadas, encontra-se o ácido sulfúrico, que está
diretamente relacionado na produção de fertilizantes, fósforos, celofane, ração
animal, cimento, explosivos, vidro, fumigantes, etc. A produção de ácido sulfúrico é o
principal uso final do enxofre, e o consumo desse ácido tem sido considerado um
dos melhores índices do desenvolvimento industrial de uma nação. O ácido
sulfúrico é conhecido como um composto químico universal, o rei dos produtos
químicos, devido às inúmeras aplicações como matéria-prima ou como agente de
processamento. O ácido sulfúrico é o produto químico mais usado no mundo e
usado em quase todas as indústrias de transformação. Além desses, o ácido é
usado na fabricação de produtos químicos (reagentes), como por exemplo: ácido
clorídrico, ácido nítrico, ácido fosfórico, além de muitos outros compostos. As
baterias do tipo chumbo-ácido são usadas na indústria automotiva para carros e
caminhões, há décadas. Considerando a relevância que o enxofre e seus derivados
representam, foi desenvolvida uma pesquisa bibliográfica, com caráter retrospectivo
e descritivo, e com abordagem qualitativa. Com o objetivo de conhecer melhor a
importância do enxofre e as suas mais diversas aplicações na nossa vida, foram
levantadas algumas informações sobre aspectos gerais, fatos históricos e
características químicas do elemento químico enxofre, suas implicações ambientais,
e a sua importância na produção do ácido sulfúrico. Por último, encontram-se
relatadas as principais técnicas de produção industrial do ácido sulfúrico, o mercado
global e as aplicações desse ácido no mundo.

Palavras-chave: Enxofre. Ácido Sulfúrico. Fertilizantes. Chuva Ácida. Química


Industrial.
ABSTRACT

The use of chemicals within the industrial sector is an indispensable factor when it
comes to growth in the field of industrial chemistry. Among many of these substances
used are sulfuric acid, which is directly related to the production of fertilizers,
phosphorus, cellophane, animal feed, cement, explosives, glass, fumigants, etc.
Sulfuric acid production is the primary end use of sulfur, and consumption of sulfuric
acid has been considered one of the best indices of a nation's industrial
development. Sulfuric acid is known as a universal chemical compound, the king of
chemicals, due to numerous applications as a raw material or as a processing agent.
Sulfuric acid is the most widely used chemical in the world and used in almost all
manufacturing industries. In addition to these, acid is used in the manufacture of
chemicals (reagents) such as hydrochloric acid, nitric acid, phosphoric acid, and
many other compounds. Lead acid batteries have been used in the car and truck
automotive industry for decades. Considering the relevance that sulfur and its
derivatives represent, a retrospective and descriptive bibliographic research with a
qualitative approach was developed. In order to better understand the importance of
sulfur and its various applications in our lives, some information about the general
aspects, historical facts and chemical characteristics of the chemical element sulfur,
its environmental implications, and its importance in the production of acid were
raised. sulfuric. Finally, the main industrial production techniques of sulfuric acid, the
global market and its applications in the world are reported.

Keywords: Sulfur. Sulfuric acid. Fertilizers. Acid Rain. Industrial Chemistry.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - As espécies oxidadas do enxofre na natureza


Figura 2 - O Ciclo do Enxofre
Figura 3 - A deposição ácida resultante de emissões antropogênicas
Figura 4 - Casos Históricos de Ocorrência de chuvas ácidas
Figura 5 - Aparato para a preparação de ácido sulfúrico de Nordhausen
(1860)
Figura 6 - Diagrama do processo de câmara de chumbo
Figura 7 - Diagrama de uma seção da Câmara de chumbo de Gay-Lussac e
as torres de absorção (1870)
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Produção Mundial de Ácido Sulfúrico entre 1867 e


Tabela 1 -
1950, em milhares de toneladas
Tabela 2 - Tabela 2 – Produção Mundial de Rochas Fosfáticas em 2011
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO
2. O ENXOFRE
2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DO ENXOFRE
2.2 O CICLO DO ENXOFRE NA NATUREZA
2.3 O FLUXO DO ENXOFRE ENTRE PLANTAS, ATMOSFERA E SOLO
2.4 A DEPOSIÇÃO ÁCIDA DO ENXOFRE
3. 3. O ÁCIDO SULFÚRICO
3.1 A PRODUÇÃO DO ÁCIDO SULFÚRICO
3.1.1 O PROCESSO NORDHAUSEN
3.1.2 O PROCESSO BELL
3.1.3 O PROCESSO DA CÂMARA
3.1.4 O PROCESSO DE CONTATO
3.1.5 O ÁCIDO SULFÚRICO METALÚRGICO
4. O MERCADO E AS APLICAÇÕES DO ÁCIDO SULFÚRICO
4.1 O PROCESSO DE LEBLANC
4.2 FERTILIZANTES FOSFATADOS
4.3 OUTRAS APLICAÇÕES DO ÁCIDO SULFÚRICO
5. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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1 INTRODUÇÃO

Os primeiros filósofos, conhecidos como pré-socráticos, reconheceram


que a água era a fonte da vida. Da mesma forma, a filosofia asiática definiu a água
como o "início e a base de toda a criação". No século VI, Thales considerava a água
como a fonte de todos os seres e dos fenômenos cósmicos. A visão de Thales de
que "a água é a fonte divina de todos os seres vivos" o levou a sugerir que a
substância real da alma e da natureza é a água, pois o poder da água é
fundamentalmente cinético. A circulação da água ajuda a manter o equilíbrio na terra
e dentro de todos os organismos biológicos. A vida simplesmente não pode existir
sem água. Portanto, não é de surpreender que a água também tenha um papel
central na maioria das religiões do mundo (ESSENCEOFWATER, 2019).

A grande quantidade de água, que compreende nossos oceanos,


desempenha um papel importante na estabilização do clima, tornando a atmosfera
da Terra hospitaleira para a vida humana. As terras mais próximas do oceano estão
sujeitas a mudanças mais frequentes no clima, no entanto, a água atua como um
amortecedor ambiental. O calor do sol é absorvido pela água e as mudanças de
temperatura são limitadas a uma faixa mais estreita. Como o calor específico da
água é muito alto, as mudanças climáticas próximas aos oceanos não são tão
extremas. As mudanças de temperatura do dia para a noite são mínimas ao longo
da costa em comparação com as flutuações diurnas e noturnas no deserto, onde há
pouca água (ESSENCEOFWATER, 2019).

Em uma escala menor, mas de maneira semelhante, a água circula por


todos os organismos vivos: plantas, animais e seres humanos, e todos utilizam a
água por razões muito importantes e específicas. No organismo vivo, a água fornece
nutrientes e oxigênio e descarrega resíduos metabólicos. A quantidade de água que
entra em qualquer organismo é a mesma quantidade que é expelida e o ciclo não
para enquanto o organismo estiver vivo e saudável (ESSENCEOFWATER, 2019).

Cerca de 70% do corpo humano adulto é água e há cem vezes mais


moléculas de água que a quantidade total de todas as outras moléculas reunidas.
Aproximadamente, 80% a 90% do nosso sangue e 75% do tecido muscular são
constituídas por água, e a água representa cerca de 66% do peso de nossas
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células. Quanto à água dentro do corpo humano; idealmente, 60% é encontrado


dentro das células (intracelular), e os 40% restantes estão situados fora das células
(extracelular) (ESSENCEOFWATER, 2019).

A água tem importância como solvente, soluto e reagente. A água é


realmente considerada por muitos como o solvente universal para a vida e é referida
pelo Prêmio Nobel de Medicina em 1937, A. Szent-Gyorgy como "a matriz da vida".
A água serve como solvente para o cloreto de sódio (sal) e outras substâncias, de
modo que os fluidos de nosso corpo são semelhantes à água do mar. É um fato bem
conhecido que o sangue humano se parece muito com a química do oceano. Em
outras palavras, o corpo humano é como a terra e carrega um oceano dentro dela.
Isso permite que o corpo humano resista às mudanças de temperatura, mesmo
quando as temperaturas ambientais são extremas, assim como o oceano regula o
clima, como afirmado anteriormente (ESSENCEOFWATER, 2019).

Embora a água seja o recurso natural mais abundante da Terra, sua


distribuição não é uniforme, e muitas áreas estão enfrentando problemas crescentes
de escassez severa de água. Chow (1976) afirmou que a falta de água, ao invés de
falta de terra, pode se tornar a principal restrição aos esforços para expandir a
produção mundial de alimentos e manter a paz mundial.

Entretanto, o ser humano não se satisfaz apenas com a água que bebe.
Ele tem que cozinhar os seus alimentos, tomar banho, lavar suas roupas e utensílios
etc. Há necessidade, ainda, de água para uso público: lavagem de ruas, extinção de
incêndios, irrigação de jardins públicos, funcionamento de chafarizes etc.; e para o
uso industrial, empregando água quer como matéria-prima, quer na remoção de
impurezas, na geração de vapor, ou na refrigeração de sistemas térmicos. Isso sem
falar nos enormes volumes necessários para a produção de energia, ou para a
irrigação de áreas de cultivo. Atualmente, a Sabesp distribui 60,9 mil litros por
segundo (l/s) para abastecer 21 milhões de pessoas na Grande São Paulo. Há
quatro anos, a demanda era maior: 71,4 mil l/s (AKATU, 2019).
O volume total de água na Terra não aumenta nem diminui: é sempre o
mesmo. Hoje somos mais de 6 bilhões de pessoas que, com outros milhares de
seres vivos, repartem essa água. O desenvolvimento do ser humano está em grande
parte relacionado à quantidade e à qualidade da água (FREITAS).
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Cada pessoa gasta por dia, em média, 40 litros de água: bebendo,


tomando banho, escovando os dentes, lavando as mãos antes das refeições etc. Um
europeu gasta de 140 a 200 litros de água por dia, enquanto um norte-americano
gasta entre 200 e 250 litros. Em outras regiões, como o continente africano,
consomem-se 15 litros por dia. O crescimento da população mundial nestas últimas
décadas e sua concentração em grandes zonas urbanas, acompanhados de um
consumo explosivo, tem como consequência o fato de que a água doce, limpa e
potável começa a tornar-se escassa em muitas partes do mundo (FREITAS).
À medida que a população mundial aumenta, a demanda por água para a
produção de alimentos, nas atividades industriais e domésticas, cresce junto, e
levam a mais retirada dos limitados recursos renováveis de água doce.
Simultaneamente essas mesmas atividades humanas geram resíduos que são
descarregados nos recursos hídricos já debilitados.

Segundo a Organização das Nações Unidas, a previsão é de que em


2050, mais de 45% da população mundial viverão em países que não poderão
garantir a quota diária de 50 litros de água por pessoa para suas necessidades
básicas.
Na natureza, a água encontra-se em contínua circulação, fenômeno
conhecido como ciclo hidrológico. As águas dos oceanos, rios, lagos, da camada
superficial dos solos e das plantas evaporam-se por ação dos raios solares. O vapor
formado irá constituir as nuvens que, em condições adequadas, condensam-se,
precipitando-se no solo em forma de chuva, neve ou granizo.

Quando as precipitações caem no solo, uma parte da água escorre pela


superfície, alimentando os rios, lagos e oceanos; outra se infiltra nesse solo e uma
última parte regressa à atmosfera através da evaporação voltando a formar as
nuvens. É um ciclo sem fim, assim como a esponja absorve a água, os solos fazem
o mesmo durante a infiltração, formando reservatórios que chamamos de águas
subterrâneas. As águas são armazenadas em diferentes profundidades e essas
reservas são alimentadas por rios, lagoas, canais e águas provindas de degelo.

Durante esses percursos, acontecem muitos processos: a água,


misturada aos compostos orgânicos, minerais e outras substâncias é muitas vezes
depositada em lagos, lagoas e rios e esses “restos” passam por diversos processos
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físicos, químicos e biológicos resultando numa água mais “pura”. Outra forma de
purificação ocorre quando a água se infiltra no solo, através de pequenos espaços
entre as pequenas partículas presentes nesse solo, que funcionam como um coador
ou filtro.
Ocorre também a oxigenação, quando a água se movimenta, ao saltar de
rocha em rocha, ou quando cai nas cachoeiras por exemplo, carregando-se de
oxigênio que depois permitirá a decomposição de plantas e animais. No contínuo
ciclo hidrológico, a água ao transformar-se em vapor, deixa para trás todas as
substâncias solúveis e insolúveis que carregava e volta a ser pura (ANEEL).
Mas todos estes sistemas naturais de purificação da água são lentos. A
quantidade de água que se evapora a cada dia não é suficiente para repor aquela
que consumimos. Estamos também poluindo constantemente a água com
compostos químicos difíceis de serem eliminados. Nossas reservas naturais de água
subterrânea estão sistematicamente perdendo a sua qualidade ou sua potabilidade,
pois hoje no Brasil e no mundo, muito mais do que garantir o abastecimento das
demandas, preocupa-se em garantir a qualidade de nossas reservas superficiais e
subterrâneas (ARMAND).
Apesar dos contrastes, o Brasil tem uma posição privilegiada perante a
maioria dos países quanto ao seu volume de recursos hídricos, pois possui 13,7%
da água doce do mundo; no entanto, apresenta uma disponibilidade desigual de
água. Não só a disponibilidade de água é desigual, a oferta de água encanada
reflete o desenvolvimento diferenciado dos estados brasileiros. Enquanto na região
sudeste 87,5% dos domicílios é atendido por rede de distribuição de água, na região
nordeste apenas 58,7% dos domicílios tem esse atendimento.
O Brasil registra também elevado desperdício, entre 20% e 60% da água
tratada para consumo se perde na distribuição, dependendo das condições de
conservação das redes. Além dessa perda no caminho até o consumidor, o
desperdício acontece de outras formas: no exagero do tempo e na forma do banho,
na utilização de descargas no vaso sanitário que consomem muita água, na lavagem
da louça e das roupas, uso da mangueira de água como vassoura na lavagem de
calçadas e carros etc. (IBGE).
As pressões sobre o meio ambiente, que ameaçam e degradam os
recursos naturais e as variadas formas de vida, passam a fazer parte das
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discussões políticas e sociais da atualidade. Os problemas que afetam o nosso


habitat e, em especial, os recursos hídricos, têm sido objeto de várias ações do
Governo Federal e da sociedade, através de iniciativas voltadas à preservação e
conservação desses recursos.
Envolvida por muitos e variados problemas, a sociedade brasileira não
tem refletido o suficiente sobre a questão da ameaça de escassez e de qualidade da
água. Será que só uma ameaça visível poderá fazer com que haja um despertar
para os riscos que virão com a falta da água? Bom seria que a realidade fosse outra
e não precisássemos discutir alternativas, por vezes muito caras, para consertar o
que está errado. A verdade é que, no nosso cotidiano, rara é a oportunidade que
temos de reconhecer a importância da água, tão acostumados que estamos com a
sua presença.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a falta de água
potável e de saneamento no Brasil é causa de 80% das doenças e 65% das
internações hospitalares, implicando gastos de US$ 2,5 bilhões. Estima-se que
para cada R$ 1,00 investido em saneamento, se economizaria R$ 5,00 em
serviços de saúde (IBGE).

No Brasil, segundo o Censo 2000, apenas 62,2% dos domicílios


brasileiros são atendidos pela rede de coleta de esgoto ou possuem fossa séptica.
Ainda mais alarmante é a informação de que apenas 12% do esgoto coletado é
tratado, sendo o resto despejado nos rios ou no mar sem nenhum tipo de tratamento
(IBGE).
Todas essas características e fatos apresentados até aqui, e algumas
delas discutidas com mais alguns detalhes no decorrer desse trabalho, parecem ser
suficientes para dar a importância devida ao nosso solvente universal, a água.
Nesse presente trabalho, procurou-se discutir e mostrar alguns aspectos
sobre a água do nosso planeta, assim como de apresentar
A seguir serão discutidos sucintamente, alguns tópicos relevantes para o
conjunto desse trabalho, procurando ressaltar a importância da água, os aspectos
institucionais sobre o gerenciamento dos recursos hídricos no Brasil, as
características sobre o consumo, desperdício e escassez de água no planeta e
alguns aspectos sobre o tratamento da água nos centros urbanos.
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2 O TRATAMENTO E A CAPTAÇÃO DA ÁGUA

Como já mencionado, a água é necessária para beber, cozinhar e muitos


outros usos, dentro das várias atividades humanas. Para tanto, seu uso para
abastecimento, na maioria das vezes, passa previamente por um tratamento que a
torna potável, objetivando atender as seguintes finalidades:

a. De ordem sanitária, através de: controle e prevenção de doenças;


implantação de hábitos higiênicos (banho, limpeza de utensílios etc.); facilitar
limpeza pública; facilitar práticas desportivas; proporcionar conforto e bem
estar;
b. De ordem estética, através de: correção de cor, turbidez, odor e sabor;
c. De ordem econômica, objetivando: aumentar a vida média das pessoas, pela
diminuição da mortalidade; aumentar a vida produtiva do indivíduo, quer pelo
aumento da vida média, quer pela diminuição de tempo perdido com doenças;
facilitar a instalação de indústrias, inclusive o turismo; facilitar o combate a
incêndios, etc.

Para que possa ser consumida, sem apresentar riscos à saúde, ou seja,
tornar-se potável, a água tem que ser tratada, limpa e descontaminada. Com o
objetivo de oferecer água de boa qualidade, os serviços de tratamento de água
existentes no país mantêm captações em rios, lagos e barragens responsáveis por
80% do volume total produzido. Os 20% restantes - grande parte destinada a
abastecer pequenas localidades - são buscados em mananciais subterrâneos. A
preservação destes mananciais, como forma de garantir o abastecimento, é uma
prioridade dessas estações, e deve ser compartilhada com toda a comunidade, pois
a qualidade dos recursos hídricos é fundamental para o equilíbrio ambiental.
Denomina-se água potável aquela que se apresenta em condições
próprias para consumo humano. Isto considerando os aspectos organolépticos (odor
e sabor), físicos, químicos e biológicos. A água é nociva à saúde, quando possui
seres patogênicos e/ou elementos prejudiciais ao organismo capazes de causar-lhes
doenças. As principais doenças transmitidas que podem ser veiculadas pela água
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são as seguintes: cólera, febres tifoide e paratifoide desinteria bacilar, desinteria


amebiana, ancilostomíase ( amarelão ), ascaridíase e esquistossomose.
Produzir água potável não é fácil. Requer investimento de grandes cifras
para construir estações de tratamento e comprar os insumos necessários para
purificá-la. A qualidade da água tratada depende do seu uso. É de vital importância
para a saúde pública que a comunidade conte com um abastecimento seguro que
satisfaça as necessidades domésticas tais como o consumo, a preparação de
alimentos e a higiene pessoal.
Para alcançar este propósito devem ser cumpridas uma série de normas
de qualidade (física, química e microbiológica), de tal maneira que a água esteja
livre de organismos capazes de originar enfermidades e de qualquer mineral ou
substância orgânica que possa prejudicar a saúde.
Ao tratarmos a água, devemos ter como base fundamental, o
conhecimento das impurezas e as características ou especificações para o fim ou
fins a que destina. As impurezas são determinadas pelas análises físicas, químicas,
bacteriológicas e as especificações das exigências, em função de suas finalidades.
O nosso tratamento consiste em adequar a água aos padrões de potabilidade, que
são definidos pela portaria N.º 036 GM do Ministério da Saúde, de 19 de janeiro de
1990.
Os sistemas de tratamento e abastecimento captam água dos rios, lagos
e riachos por meio de bombas. Esta água é conduzida, através das adutoras de
água bruta, até as estações de tratamento de água, também chamadas ETAs. Na
ETA, a água que chega nem sempre é potável. Ali é transformada em água limpa,
saudável. Um serviço deficiente de abastecimento de água potável afeta a saúde
das populações. Por isso, é importante contar com um sistema adequado de
abastecimento.
O sistema de água potável é um conjunto de estruturas, equipamentos e
instrumentos destinados a produzir água de consumo humano a fim de entregá-la
aos usuários em quantidade e qualidade adequadas, tendo um serviço contínuo a
um custo razoável. Os sistemas de abastecimento de água geralmente contêm os
seguintes componentes: obras de captação, estação de tratamento, redes de
distribuição e conexões domiciliares.
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2.1 - O TRATAMENTO DA ÁGUA

Para garantir um controle maior da qualidade da água doce, ela é


enquadrada pela resolução CONAMA 357/2005 em 5 classes – classe especial,
classe 1, classe 2, classe 3 e classe 4, como mostrado na Figura 1
(GUIADAENGENHARIA, 2019).

A água que pode ser usada para o abastecimento humano são as 4


primeiras classes, desde que sejam devidamente tratadas.

Figura 1 – Classes de Enquadramento dos Tratamentos de Água

Fonte: GUIADAENGENHARIA (2019)

A água destinada ao consumo humano deve preencher condições


mínimas para que possa ser ingerida ou utilizada para fins higiênicos, o que se
consegue através dos processos de uma estação de tratamento. O tratamento da
água envolve diversas etapas. São elas:
21

Coagulação e Floculação
Floculação é o processo onde a água recebe uma
substância química chamada de sulfato de alumínio. Este
produto faz com que as impurezas se aglutinem ou
coagulem, formando flocos para serem facilmente
removidos.

Decantação
Na decantação, como os flocos de sujeira são mais
pesados do que a água, caem e se depositam no fundo do
decantador.

Filtração
Nesta fase, a água passa por várias camadas filtrantes
onde ocorre a retenção dos flocos menores que não
ficaram na decantação. A água então fica livre das
impurezas não dissolvidas.

Cloração
A cloração consiste na adição de cloro. Este produto é
usado para destruição de microrganismos presentes na
água.
Fluoretação
A fluoretação é uma etapa adicional. O produto aplicado
tem a função de colaborar para redução da incidência da
cárie.
Laboratório
Cada ETA possui um laboratório que processa análises e
exames físico-químicos e bacteriológicos destinados à
avaliação da qualidade da água desde o manancial até o
sistema de distribuição. Além disso, existe um laboratório
central que faz a aferição de todos os sistemas e também
realiza exames especiais como: identificação de resíduos
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de pesticidas, metais pesados e plâncton. Esses exames


são feitos na água bruta, durante o tratamento e em pontos
da rede de distribuição, de acordo com o que estabelece a
legislação em vigor.
Bombeamento
Concluindo o tratamento, a água é armazenada em
reservatórios quando então, através de canalizações,
segue até as residências.

O tratamento de água pode ser feito de formas diferentes, conforme as


necessidades e viabilidade. As variações nas operações do tratamento de água
realizados nas ETAs, conforme os tipos de filtração, estão sucintamente descritas a
seguir:

I. Estação de Tratamento com Filtração Direta


Estação de tratamento de água que reúne em um só compartimento(filtro)
as fases de coagulação, floculação, decantação e filtração.

a. Tipos de Filtração Direta


Compreende as filtrações: ascendente, descendente, ascendente ou
descendente antecedida de aeração, com dupla filtração e com osmose reversa.

 Filtração Direta Ascendente


São utilizados para tratamento de águas com turbidez baixa e pouco
conteúdo mineral, a floculação é realizada no próprio leito filtrante. São consideradas
unidades completas de classificação, não necessitando de unidades anteriores ou
posteriores de tratamento. A filtração é ascendente sendo efetuada no sentido do
leito filtrante. Podem ser construídas em concreto armado, fibra de vidro ou aço
carbono.

 Filtração Direta Descendente


23

Tecnologia de tratamento, onde se pode ter as etapas de mistura rápida,


floculação e filtração.

 Filtração Direta Ascendente ou Descendente Antecedida de Aeração


Antes da filtração, a água bruta passa por um Aerador, dispositivo que
promove a introdução do oxigênio atmosférico na água, com a finalidade de remover
ferro, manganês ou gases.

 Filtração Direta com Dupla Filtração


Consiste na associação de filtros ascendentes, que recebem a água
coagulada, seguidos por filtros de fluxo descendentes que têm por finalidade reter as
impurezas remanescentes dos primeiros filtros.

 Filtração Direta com Osmose Reversa


Águas com elevado teores de cloretos. Após a filtração direta, a água é
submetida a Osmose Reversa( dessalinização ), que é um processo de separação
por meio de membrana, para redução da concentração de cloretos ao nível
determinado pela portaria 036 GM MINÍSTERIO DA SAÚDE.

II. Estação de Tratamento com Filtração Lenta


Esse tipo de estação de tratamento de água, apresenta apenas as etapas
de filtração e desinfecção. Os filtros lentos realizam várias ações: ação física de
coar, sedimentação, aderência, e de atividades biológicas, sendo essa última, a
mais importante.

III. Estação de Tratamento Modular


Estação composta de variados processos (aeração, floculação,
decantação etc.), com proporções geométricas definidas, variando suas dimensões
de acordo com a capacidade nominal, podendo ser ampliada sem contar com
dispositivos independentes, e sem prejudicar a operação normal do sistema.

IV. Estação de Tratamento com Simples Desinfecção


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Sistemas que recebem como tratamento, apenas a desinfecção.


Normalmente é utilizado em sistemas com mananciais subterrâneos de
características físico-químicas dentro dos padrões exigidos pelo Ministério da
Saúde.

2.2 CARACTERÍSTICAS DE UM BOM SERVIÇO DE ÁGUA

Qualidade
A água deve estar livre de microrganismos patogênicos que causam
problemas à saúde. Deve atender às exigências das normas aprovadas pelas
autoridades sanitárias de cada país.
Quantidade
O sistema de abastecimento deve ser capaz de distribuir volumes suficientes
de água para satisfazer às demandas da população.
Cobertura
A água deve estar disponível para a população já que é um elemento vital
para a saúde.
Continuidade
Deve existir um serviço contínuo, sem interrupções, que assegure água as 24
horas do dia durante todos os dias da semana.
Custo
A água deve ter um custo razoável que permita à população ter este serviço e
que este custo cubra os gastos operacionais e de manutenção.
Controle operacional
A operação e manutenção preventiva e corretiva do sistema de
abastecimento deve ser controlada para assegurar seu bom funcionamento.

2.3 CAPTAÇÃO DE ÁGUA EM ALGUMAS REGIÕES DO CEARÁ

O suprimento de água para a Região Metropolitana de Fortaleza é


garantido através dos mananciais, compostos pelos Açudes Pacajús, Pacoti /
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Riachão /Gavião e o Acarape do Meio. Em 1993, este sistema foi reforçado através
da construção do "Canal do Trabalhador" que recebe água do Açude Orós, captada
através do Rio Jaguaribe, em Itaiçaba, interligando essa captação de Itaiçaba ao
Açude Pacajus, através de estações elevatórias. Do Açude Pacajus, a água é
recalcada para o Sistema Integrado Pacoti / Riachão / Gavião.
Junto ao Açude do Gavião está implantada uma Estação de Tratamento
com capacidade nominal de 6,9 m3/s. A partir desta ETA inicia-se o sistema adutor
por recalque que alimenta o Reservatório apoiado do Ancuri com capacidade de
armazenagem de 40.000 m3.
A partir do Reservatório do Ancuri, iniciam-se as linhas do macrossistema
de distribuição que alimentam os diversos setores de distribuição do município de
Fortaleza, Maracanau e parte dos municípios de Pacatuba, Caucaia e Eusébio.
Existe um segundo sistema adutor, com capacidade para 2,2 m3/s, que
alimenta diretamente ao Macrosistema de transferência de água aos setores de
distribuição, utilizando para tal, parte da antiga Adutora do Açude Acarape que
alimentava a ETA do Pici, atualmente desativada.

2.3.1 O Sistema Produtor do Gavião

Os açudes Pacoti / Riachão e Gavião são as principais fontes de


suprimento de água da Região Metropolitana de Fortaleza, podendo disponibilizar
uma vazão mínima regularizada de 4,42 m3/s.
A capacidade total instalada deste complexo é de 10,42 m3/s, sendo 4,42
m3/s a vazão disponibilizada pelos açudes Pacoti / Riachão e Gavião e 6,0 m 3/s
proveniente do Canal do Trabalhador.
A estação de tratamento localizada à jusante do Gavião, conforme projeto
original, é do tipo convencional, constituída de floculadores mecanizados e
hidráulicos, decantadores de fluxo horizontal e filtros rápidos por gravidade. Com
modificação da tecnologia de tratamento de água, de convencional para filtração
direta descendente, a capacidade de tratamento foi elevada para 6,9 m 3/s.
Atualmente está produzindo 6,0 m 3/s. O reservatório do Ancuri é o principal centro
de reserva do sistema de abastecimento de água de Fortaleza, a partir do qual a
água é aduzida por gravidade até os setores de distribuição.
26

2.3.2 O Sistema de Produção do Açude Acarape

O sistema de produção do Acarape além de atender o 1º Distrito Industrial


com água bruta (vazão da ordem de 76,0 l/s), garante o suprimento das ETAs de
Guaiúba, Pacatuba e Maranguape.

2.3.3 O Sistema de Abastecimento de Água de Fortaleza

O abastecimento de água de Fortaleza é basicamente constituído do


sistema de produção do Gavião constando de captação, ETA, Estação Elevatória e
Adutora até reservatório do Ancuri, sendo que a captação e tratamento localizam-se
no município de Pacatuba e a adução e reservação passam pelos municípios de
Itaitinga e Fortaleza e pelo Sistema de Adução do Gavião Velho, que transfere água
para os setores Pici e Floresta. A macrodistribuição, compreendendo as sub-
adutoras até reservatórios setoriais, elevatórias setoriais, redes de distribuição e
ligações prediais, complementam o sistema.

3 O CONSUMO E A DISPONIBILIDADE DA ÁGUA

3.1 O CONSUMO DA ÁGUA


27

Nas sociedades modernas, a busca do conforto implica necessariamente


num aumento considerável das necessidades diárias de água. O simples ato de um
banho pode demandar um volume de 40 a 200 litros de água tratada, e que pode
variar de acordo com o hábito de cada pessoa ao tomar banho. (Tabela 1).
Os recursos hídricos têm profunda importância no desenvolvimento de
diversas atividades econômicas. Em relação à produção agrícola, a água pode
representar até 90% da composição física das plantas.
A falta d’água em períodos de crescimento dos vegetais pode destruir
lavouras e até ecossistemas devidamente implantados. Na indústria, para a
produção de diversos produtos, a quantidade d’água necessária é muitas vezes
superior ao volume produzido (ver alguns exemplos de consumo de água nas
Tabelas 2 e 3, a seguir.

Tabela 1 - Consumo Médio de Água por Atividade Doméstica


Atividades Domésticas Necessidades d'água (litros)
banho de ducha 40 - 80
banho de banheira 150 - 200
lavar louça 5 - 15
máquina de lavar roupa 80 - 120

Fonte: Armand (1998)

O crescimento da demanda mundial, por água de boa qualidade a uma


taxa superior à da renovação do ciclo hidrológico é, consensualmente, previsto nos
meios técnicos e científicos internacionais. Este crescimento tende a se tornar uma
das maiores pressões antrópicas sobre os recursos naturais do planeta no próximo
século. De fato, o consumo mundial de água cresceu mais de seis vezes entre 1900
e 1995, mais que o dobro das taxas de crescimento da população, e continua a
crescer rapidamente com a elevação de consumo dos setores agrícola, industrial e
residencial (OMS, 2019).

Tabela 2 - Consumo Médio de Água por Produtos Agrícolas


Produtos Agrícolas Necessidades de água
(por Kg) (litros)
trigo 900
28

milho 1.400
arroz 1.910
carne de frango 3.500
carne de boi 100.000
Fonte: Armand (1998)

Tabela 3 – Consumo Médio de Água por Produtos Industriais


Necessidades de água
Produtos Industriais
(litros)
1 litro de gasolina 10
1 kg de açúcar 100
1 kg de papel 250
1 kg de alumínio 100.000
Fonte: Armand (1998)

Globalmente, embora as fontes hídricas sejam abundantes, elas são


frequentemente mal distribuídas na superfície do planeta. Em algumas áreas, as
retiradas são tão elevadas em comparação com a oferta, que a disponibilidade
superficial de água está sendo reduzida e os recursos subterrâneos rapidamente
esgotados.
Tal situação tem causado sérias limitações para o desenvolvimento de
várias regiões, restringindo o atendimento às necessidades humanas e degradando
ecossistemas aquáticos. Levantamentos realizados pela Organização Meteorológica
Mundial das Nações Unidas (OMM/ONU) indicam que um terço da população
mundial vive em regiões de moderado a alto stress hídrico, ou seja, com um nível de
consumo superior a 20% da sua disponibilidade d’água.
As estatísticas da OMM/ONU demonstram claramente que, nos próximos
30 anos a situação global das reservas hídricas tende consideravelmente a piorar,
caso não haja ações energéticas para melhoria da gestão da oferta e demanda
d’água. Neste mesmo cenário, é prevista uma elevação para dois terços dos
habitantes do planeta vivendo em áreas de "moderado a alto stress" (OMS, op. cit.).
Crescimento demográfico e desenvolvimento socioeconômico são
frequentemente acompanhados de um rápido aumento na demanda d’água,
especialmente nos setores industrial e doméstico. O uso industrial, por exemplo, é
29

previsto dobrar até 2.025 se a atual tendência de crescimento se mantiver na taxa


vigente (OMS). Já a progressão da demanda mundial de alimentos tem efeito direto
no aumento do uso da água no setor agrícola. Atualmente, a agricultura é
responsável por cerca de 70% do consumo mundial de água.
Se realizarmos a divisão por país, poderemos notar que a maior parte dos
maiores consumidores mundiais de água, como já frisamos, faz parte do grupo de
nações economicamente desenvolvidas, com destaque para os Estados Unidos,
cuja média de consumo por cidadão (per capita) é duas vezes maior do que os
europeus. Registra-se também, o consumo dos países considerados emergentes. A
seguir, na Tabela 4, estão registrados esses consumos per capita (em litros/dia)
para habitantes de alguns países.

Tabela 4 - O consumo per capita de habitantes de alguns países

Fonte: MUNDOEDUCACAO (2019)

O crescimento das áreas de lavoura irrigada será responsável pela maior


parcela de acréscimo de consumo neste setor nos próximos 25 anos. Muito do
aumento projetado na demanda d’água ocorrerá nos países em desenvolvimento,
onde o crescimento populacional aliado à expansão industrial e agrícola será ainda
maior. Todavia, o consumo per capita continuará a ser muito mais elevado nos
países industrializados (BRANCO).
30

À escassez d’água, que é grave em diversas regiões, deve ser acrescida


a questão da poluição concentrada e difusa de corpos hídricos. Contudo, graças a
marcos reguladores cada vez mais restritivos e a investimentos em estações de
tratamento d’água, países desenvolvidos têm melhorado gradativamente a qualidade
de seus corpos hídricos. Isto, porém, não retrata que uma boa parcela das águas
poluídas destes mesmos países ainda não é tratada antes de descarregadas nos
rios, lagos e oceanos.
Nos países do sul da Europa Ocidental mais de 50% das populações
ainda não têm acesso às redes de esgotamento sanitário. A situação é bem pior
nos países em desenvolvimento. A escassez d’água tem sido intensificada e a
saúde humana gravemente afetada pela aceleração da contaminação de recursos
d’água potável, especialmente em regiões de urbanização intensa .
Eutrofização, metais pesados, acidificação, poluentes orgânicos, e outros
efluentes tóxicos degradam os corpos hídricos de áreas densamente povoadas do
planeta. A poluição é ainda mais séria quando esta afeta os recursos hídricos
subterrâneos, onde a contaminação é lentamente diluída e as práticas de
despoluição são extremamente onerosas (CRUZ).
Assim, na mesma proporção que fontes de água potável são reduzidas, a
competição por elas tem aumentado, consequência imediata da expansão de áreas
urbanas e de novas demandas agroindustriais.
Exemplos bem sucedidos, como nos lugares onde sistemas de cobrança
e controle do uso da água ocorrem, mercados de recursos hídricos podem operar
transferindo recursos entre compradores e vendedores; usuários e gestores;
beneficiados e atingidos; agregando valor monetário ao bem "água", e
consequentemente sinalizando a uma maior possibilidade de valorização e
racionalidade em seu uso.
O Brasil possui a maior disponibilidade hídrica do planeta, ou seja, 13,8%
do deflúvio médio mundial (deflúvio = volume de escoamento, movimentação ou
percurso de líquidos). A produção hídrica, em território nacional é de 182.170 m 3/s,
o que equivale a um deflúvio anual de cerca de 5.744 km3.
Levando-se em consideração as vazões produzidas na área das bacias
Amazônica, Paraná, Paraguai e Uruguai que se encontram em território estrangeiro,
31

estimadas em 76.580 m3/s, essa disponibilidade hídrica total atinge 258.750 m 3/s
(CRUZ).
Os dados do balanço hídrico mostram a grande diversidade hidrológica do
território brasileiro. De fato, a disponibilidade per capita de água varia de 1.835
m3/hab/ano na bacia hidrográfica do Atlântico Leste a 628.938 m 3/hab/ano na bacia
Amazônica, levando-se em conta somente os dados referentes à área situada em
território brasileiro.
Para preservar e garantir o acesso à suas reservas e corpos hídricos, nos
diversos pontos do território brasileiro e às gerações atuais e futuras, o Brasil deverá
promover uma gestão eficiente, que busque implantar uma equalização inter-
regional e intertemporal da água.
Um bom conhecimento das necessidades de seus diversos usuários,
assim como da capacidade de oferta e renovação de suas fontes naturais são
fundamentais para a definição dos marcos reguladores principais e da capacidade
de suporte (retirada) de cada bacia hidrográfica.
As alterações da cobertura vegetal dos solos e a implantação de obras de
captação, regularização e despejo de efluentes nos corpos d’água e seus resultados
para a bacia, usuários e atingidos, necessitam da discussão prévia e
acompanhamento permanente, por parte da sociedade envolvida. A redução do
desperdício d’água, em nível de poder público, empresariado e sociedade civil, são
responsabilidades difusas, cada dia mais presente em nosso cotidiano.
Exemplos de carência de água, em quantidade e qualidade desejáveis,
são cada vez mais comuns na mídia internacional e nacional. No Brasil, somente
para a assegurar a produção anual de cerca de 4 milhões de toneladas de carne de
boi e 1,2 milhões de alumínio, necessitamos de 37 e 12 km 3 de água,
respectivamente (CRUZ).
O consumo de água por habitante varia entre países desenvolvidos e
aqueles em desenvolvimento. Mesmo dentro de um mesmo país, o consumo varia
de região para região, tendo em vista a distribuição irregular da água.

3.2 O CICLO DA ÁGUA


32

A quantidade total de água no planeta não diminui nem aumenta, apenas


renova-se constantemente, permitindo que a água circule em diferentes lugares, sob
diferentes formas. No entanto, se esta quantidade total permanece constante, o
mesmo não acontece com a população mundial, cujo crescimento provocou o
aumento do consumo de água e as diversas formas de poluição que comprometem
a qualidade da água disponível para o uso.
Em um momento a água está no pico das montanhas, em forma de gelo.
Em outro momento ela se funde, formando riachos que se juntam em rios, que se
unem e deságuam nos mares. A energia do Sol aquece a Terra e provoca a
evaporação da água, desde uma simples poça até a imensa superfície dos oceanos
(Figura 2).

Figura 2 – O Ciclo Hidrológico da Água

Fonte: USGS-USA (2019)


A água evaporada condensa-se formando as nuvens e precipita-se em
forma de chuva, neve ou granizo. Parte da água da chuva infiltra-se no solo, entre as
rochas permeáveis. Ao encontrar rochas impermeáveis, ela acumula-se formando
depósitos subterrâneos de água, também conhecidos como lençóis freáticos ou
aquíferos.
33

Os seres vivos também são reservatórios de água: a eliminação de água


no estado gasoso pelos vegetais chama-se transpiração, ou evapotranspiração. Os
vegetais eliminam água no estado gasoso através de delicados poros em suas
folhas, que podem abrir-se ou fechar-se, de acordo com a disponibilidade de água
pela planta. Os animais eliminam água através da transpiração, urina e fezes.
E então, já temos a água evaporando, subindo, formando as nuvens que
são levadas pelo vento, e logo a água já está de volta, precipitando-se em forma de
chuva, mas em outro lugar. A este conjunto de mudanças no estado físico da água,
permitindo que ela circule no planeta, chamamos de Ciclo Hidrológico da Água
(Figura 2).

3.3 A DISPONIBILIDADE DA ÁGUA

A hidrosfera é a camada de água da Terra, (hidrosfera = hidro + esfera =


'esfera de água'), mas também existe água na atmosfera. Aproximadamente 71%
da superfície da crosta terrestre é coberta por água. O restante da crosta projeta-se
acima do nível do mar, formando os continentes e ilhas.

Tabela 5 - Distribuição da água na hidrosfera


Porcentagem de água salgada 97,3%
Porcentagem de água doce 2,7%
Fonte: Elaborado pelo autor

De fato, isto representa uma grande quantidade de água, porém a maior


parte é salgada! Mas, isto não quer dizer que a água dos mares e oceanos não seja
importante. (Tabelas 5 e 6).

Tabela 6 - Distribuição da Água Doce na hidrosfera e na atmosfera


77,20 % geleiras e calotas polares
22,40 % água subterrânea (aqüíferos)
0,35 % lagos, lagoas e pântanos
0,04 % atmosfera
0,01 % córregos, riachos e rios
34

Fonte: Elaborado pelo autor

Observa-se na Tabela 6 que há grande quantidade de água em depósitos


subterrâneos, também conhecidos como lençóis freáticos ou aquíferos Estes
depósitos formam-se com a infiltração da água no solo.
Entre os países com maior reserva de água doce estão o Brasil, a Rússia,
a China e o Canadá. Parte da água doce incluída nos dados da Tabela 7 também
inclui a água congelada das Cordilheiras do Himalaia, dos Andes etc. De toda a
água doce no planeta, 13,7% estão no Brasil, principalmente na região Norte do
país, na bacia Amazônica, lugar mais rico em água potável de superfície em todo o
planeta (Tabela 8). No entanto, esta região fica muito distante dos grandes centros
urbanos populacionais e industriais.

Tabela 7 - Distribuição da água doce renovável nos continentes


Porcentagem de água doce Continentes
31,60 % Ásia
Continente Americano
23,10 % América do Sul
18,00 % América do Norte
10,00 % África
7,00 % Europa
5,03 % Oceania
5,00 % Antártida
Fonte: Elaborado pelo autor

Tabela 8 - Distribuição da água doce no Brasil


Região brasileira % de água Superfície População

Norte 68,50% 45,30% 6,98%

Centro-Oeste 15,70% 18,80% 6,41%

Sul 6,50% 6,80% 15,05%

Sudeste 6,00% 10,80% 42,65%


35

Nordeste 3,30% 18,30% 28,91%

Fonte: MMA (2019)

4 A ESCASSEZ E O DESPERDÍCIO DA ÁGUA

4.1 A ESCASSEZ

Entre as causas da escassez de água, isto é, causas da falta deste


precioso líquido, comentamos algumas: o desperdício, infelizmente, ocorre com
muita frequência, seja no uso agrícola, industrial, doméstico e até mesmo pelas
36

empresas de tratamento e fornecimento de água; a superpopulação; o


desmatamento e a poluição
Segundo dados do IBGE de 2002, já somos 6,2 bilhões de pessoas no
planeta. Com isso, há necessidade de mais alimentos e, portanto, de mais água
para a agricultura: de toda a água doce tirada da natureza pelo ser humano, 70% é
gasta na irrigação, principalmente pelos países ricos.
Além disso, o aumento da população provoca o crescimento do consumo
de produtos diversos e, portanto, aumento da quantidade de indústrias que por sua
vez gera maior consumo de água e sua poluição pelos resíduos industriais.
O desenvolvimento e progresso econômico são desejáveis e necessários,
porém a sociedade como um todo deve buscar o equilíbrio para vincular o
crescimento econômico à preservação ambiental, em busca de qualidade de vida e
de condições que garantam a sobrevivência das espécies no futuro, incluindo a
nossa (IBGE).
O desmatamento e as queimadas são consequências do aumento da
população, que gera a necessidade de mais espaço para as cidades, indústrias e
para as atividades agrícolas e pecuárias.
Esse desmatamento provoca a erosão do solo, e sem as raízes para reter
as suas partículas ele é carregado pelas enxurradas, não dando tempo para a água
infiltrar e acumular-se nos depósitos subterrâneos ou aquíferos.
Sem a vegetação protegendo as nascentes, assim que a água surge sofre
rápida evaporação. A destruição da mata ciliar também provoca a escassez de
água doce disponível para consumo imediato. Esta vegetação protege as margens
contra a erosão, impedindo que a terra seja levada pela água. Quando isto ocorre, a
terra arrancada das margens deposita-se no fundo dos cursos de água, diminuindo o
espaço para o seu fluxo e criando condições para enchentes, o que provoca o
desperdício de um grande volume de água que poderia ser distribuído pelas cidades
por onde os rios passam.
Também o avanço da miséria e dos movimentos migratórios para as
cidades provoca desmatamento, pois cresce o número de loteamentos clandestinos
em regiões de proteção a mananciais.
Com relação à poluição, podemos relatar que ocorre principalmente em
consequência do lançamento de esgotos, resíduos agrícolas, resíduos industriais,
37

chuva ácida e lixo. Com o aumento da população há maior quantidade de esgoto


lançado no ambiente, aumento do uso de defensivos agrícolas, do consumo de
bens, da geração de lixo e do número de indústrias e de suas atividades, elevando
assim os índices de poluição que comprometem as condições ambientais, incluindo
a qualidade da água (BRANCO).
Do total de água retirada do ambiente para suprir as necessidades nas
residências, indústrias e agricultura, parte retorna em forma de esgoto não tratado
que chega nos rios e mares ou infiltra-se no solo, formando os aquíferos. Assim, a
água já usada retorna ao ambiente com pior qualidade do que quando foi retirada.
Então, não se trata apenas da quantidade de água doce disponível, mas
também da sua qualidade, que diminuída colabora para a escassez do recurso. No
Brasil se gasta milhões de reais por ano com o tratamento e hospitalização de
pessoas com doenças relacionadas à água contaminada por esgotos (por exemplo,
amebíase, cólera, hepatite, esquistossomose e outras verminoses) (CAVINATTO).
Além da contaminação pelos esgotos residenciais, ocorre a contaminação
da água pelos agrotóxicos, que são produtos químicos utilizados nas lavouras para
melhorar o rendimento na produção. Entre eles, os fungicidas, herbicidas, pesticidas
e inseticidas melhoram a produtividade, porém deixam resíduos tóxicos. Quando
aplicados em excesso espalham-se pelo solo e com a irrigação ou chuva penetram
no solo ou alcançam os rios. São tão perigosos à saúde que sua produção e uso são
regulamentados por Lei. E ainda, os agrotóxicos, os fertilizantes químicos (produtos
que adubam quimicamente o solo), também contaminam os alimentos, prejudicando
a saúde dos consumidores.
Os resíduos de vários tipos de indústrias contêm elementos tóxicos,
como, por exemplo, os metais pesados (níquel, cobre, cádmio, mercúrio, chumbo)
que também contaminam os cursos naturais de água ou infiltram-se, alcançando os
depósitos subterrâneos.
Em consequência das atividades industriais e intensa circulação de
veículos, há uma liberação de gases (óxido de nitrogênio e dióxido de enxofre) que
se combinam quimicamente com o vapor de água da atmosfera, formando ácidos
nítrico e sulfúrico. O excesso de acidez torna a água imprópria à vida.
38

Não se trata somente de precipitação em forma de chuva ácida, mas


também em forma de neve. Com o derretimento desta, a água ácida atinge lagos,
córregos, riachos e rios.
O lixo contamina o solo e a água através da produção do "chorume",
líquido tóxico resultante da decomposição da matéria orgânica acumulada nas
extensas áreas dos lixões, para onde é transportada a maioria do lixo produzido nos
países em desenvolvimento. A presença de pilhas e baterias no lixo causa a
contaminação do solo e da água por metais pesados (mercúrio, chumbo, níquel,
cádmio, zinco) usados na fabricação destes produtos (MMA).

4.2 O DESPERDÍCIO DE ÁGUA

O desperdício hoje é apontado por órgãos das Nações Unidas como


um dos principais inimigos a serem combatidos. A maioria da população não
dá o mínimo valor para o líquido da vida. Age como se água fosse um bem
inesgotável. De acordo com estudos feitos pela Companhia de Saneamento
Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), o consumo poderia ser reduzido em
um terço se os consumidores adotassem medidas simples de economia
(SABESP).
Países como o Brasil e os EUA, que dispõe de muitas reservas de
água, ainda convivem com a cultura do desperdício. Nos países europeus, que
já enfrentaram períodos de escassez de vários produtos, a economia de água
faz parte dos hábitos da população. Até as instalações hidráulicas são
projetadas para reduzir o consumo. As válvulas de descarga são reguladas
para usar menor quantidade de água. Somente nos últimos anos é que as
associações das empresas de saneamento e dos fabricantes de equipamentos
sanitários no Brasil começaram a se preocupar com ações para combater o
desperdício.Além da degradação ambiental que contamina os mananciais, o
abastecimento mundial de água sofre outra ameaça: o desperdício (LOPES).
O desperdício residencial é o campeão. As maiores vilãs domésticas são
as válvulas convencionais de descarga. Elas usam 40% de toda a água da casa.
Cada segundo que uma pessoa permanece com o dedo na descarga são 2 litros de
39

água desperdiçados. Quando não usam válvulas hidráulicas, cada descarga


consome em torno de 18 litros de água tratada (IBGE).
Para combater o desperdício doméstico, muitos países precisaram baixar
leis rigorosas. Nos Estados Unidos, todas as casas construídas depois de 1995 são
obrigadas a ter descargas com caixas de 6 litros, bem mais econômicas. A venda de
peças de descarga convencional é proibida nos EUA e se alguém for pego com uma
válvula de descarga na mala pode até ser preso.
No Brasil, o desperdício de água chega a 70% e nas residências temos
até 78% do consumo de água de uma residência sendo gasto no banheiro
(BRANCO). Tudo isto pode mudar com simples mudanças de hábitos. Veja os
exemplos a seguir:

- Ao lavar louças: Lavar a louça com a torneira de pia meio aberta, durante 15
minutos, gasta 243 litros de água. Medida prática para economizar: Primeiro escovar
e ensaboar louças e talheres e depois enxaguar tudo de uma só vez.

- Ao apertar a descarga: Uma válvula de privada no Brasil chega a utilizar 20 litros


de água em um único aperto. Por isso aperte apenas o tempo necessário e não
jogue lixo na privada.

- Durante a escovação dos dentes: Escovar os dentes com a torneira aberta gasta
até 25 litros. O certo é primeiro escovar e depois abrir a torneira apenas o
necessário para encher um copo com a quantidade necessária para o enxágue.

- Durante o banho: Um banho demorado chega a gastar de 95 a 180 litros de água


limpa. Banhos de, no máximo, 5 a 15 minutos economizam água e energia elétrica.

- Lavando o automóvel: Para o automóvel, o correto é a utilização de balde ao invés


de mangueira. Uma mangueira ligada o tempo todo durante a limpeza do automóvel
consome até 600 litros de água. Com um balde, no máximo, 60 litros.

- Ao usar as torneiras: Uma torneira aberta gasta 12 a 20 litros por minuto e


pingando 46 litros por dia.
40

- Lavando calçadas: Muitas pessoas costumam utilizar a mangueira como vassoura


e desperdiçam muita água durante a lavagem das calçadas. O certo é utilizar
vassoura e quando necessário, e um balde ao invés de deixar a mangueira aberta o
tempo todo gastando até 300 litros de água.
O estado de São Paulo, por exemplo, já está sofrendo racionamento de
água. Isso sem citar o Nordeste que sempre enfrenta o problema da seca. A palavra
do momento é economizar, afinal cada gota economizada é um ponto a mais na luta
para que o Planeta Água não seque (BARROS).
A reciclagem é uma das práticas mais eficientes para a preservação
dos recursos naturais. O que pouca gente sabe é que isso vale também para a
água. A Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES),
revela que já se estuda a possibilidade de se reaproveitar os esgotos para a
produção de água potável. Hoje, após o tratamento, o esgoto é jogado fora, a
reutilização da água seria uma alternativa para períodos de escassez.
Além de água potável, outro subproduto aproveitável do esgoto é o
lodo formado nas estações de tratamento. As pesquisas para o uso desse
material na produção de fertilizantes agrícolas estão bem adiantadas.

4.3 A POLUIÇÃO DA ÁGUA E A SAÚDE

Os mananciais de várias brasileiras são deteriorados pelo chamado


"efeito valeta": com a ocupação irregular das bacias hidrográficas por residências e
empresas, que se instalam sem estrutura adequada e o lixo e o esgoto não
coletados são despejados em torno das edificações. "Quando chove, esses
materiais são transportados ao fundo de vale, onde está o rio,".
Quando a água bruta se deteriora, torna-se um produto mais difícil de ser
tratado: é preciso usar técnicas mais sofisticadas – e mais caras – para garantir o
abastecimento de água dentro dos padrões de potabilidade. Se, por um lado, a falta
de tratamento possibilita a transmissão de doenças entéricas, tais como as diarréias,
os produtos químicos usados no tratamento da água, se não forem retirados,
também podem causar doenças. Um exemplo é o cloro: reage com matéria orgânica
e produz os organoclorados, compostos cancerígenos.
41

Enquanto o consumo por habitante cresce, sem considerar o próprio


crescimento populacional, aumentam também a quantidade de lixo e o lançamento
de esgoto por pessoa. Por isso, técnicas para a redução do consumo seriam bem-
vindas. As instalações prediais de hoje incentivam o gasto de água. A solução seria
instalar equipamentos restritivos.
O levantamento foi realizado por um grupo de pesquisadores da UFRJ,
que reuniu uma série de indicadores para mostrar como a ineficiência das empresas
de saneamento provoca desperdício, prejuízos financeiros e vários danos à saúde
da população (OMS).
O desperdício de água repercute de várias formas, segundo o estudo.
Além do aumento dos cortes e desabastecimento em várias regiões, incluindo a
periferia de São Paulo, eleva os gastos do governo com saúde. O estudo da
Coordenação de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (COPPE) estima que
60% das internações nos hospitais públicos são de vítimas de doenças "de
veiculação hídrica".
A perda de água no Brasil - por roubo, vazamentos e outros fatores - está
bem acima da média de países desenvolvidos e de vários em desenvolvimento. A
Europa tem índices de perda em torno de 10%. Alguns países da Ásia, como
Cingapura, perdem 6%. Da bacia do Rio Paraíba do Sul, o Rio de Janeiro é o que
mais desperdiça: 55% do total produzido. São Paulo vem em seguida, com 41%.
Além disso, muitos brasileiros não têm acesso a água. São 40 milhões de
pessoas que vivem em domicílios sem rede ou que contam com canos, mas a água
não chega. "Não é aceitável que um País como o Brasil não tenha cobertura de 99%
de água. Não há tolerância para esse tipo de índice. Todos têm o direito de receber
água em suas casas” (COPPE).
Para o COPPE, as maiores responsáveis pela falta de cobertura total são
as empresas de saneamento, que não têm interesse em ampliar a rede e não são
forçadas a isso. O mesmo problema ocorre com a rede de esgoto - presente em
43% dos domicílios.
A questão é que não existem mecanismos para forçar as empresas a
cumprir seus deveres e ampliar a rede. E, além disso, o consumidor não pressiona
como deveria. As pessoas precisam ficar mais indignadas por causa da falta de
água ou a inexistência de sistemas de coleta de esgoto.
42

Não existem no Brasil órgãos ou agências responsáveis por pressionar e


incentivar a instalação de mais redes de esgoto. Apesar de ter projetos que preveem
novos sistemas de saneamento, a função da ANA é preservar as bacias. O
Ministério do Planejamento tem alguns programas de incentivo a projetos de
saneamento, como os já discutidos nos itens 2 e 3 deste presente trabalho, mas
ainda faltam mecanismos mais efetivos para aumentar as redes de água e esgoto
(CAVINATTO).
O consumo de água per capita no Brasil dobrou nos últimos 20 anos e
promete dobrar outra vez nas próximas duas décadas, levando a um cenário de
escassez em várias regiões do País, segundo o então deputado federal e ex-
secretário de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras do Estado de São Paulo,
Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP).
THAME é o autor de um projeto de lei que tornaria obrigatória para todos
os estabelecimentos de serviço público no País - incluindo os do setor privado, como
shoppings, hotéis e escolas - a instalação de mecanismos de controle do consumo
de água, como torneiras automáticas e descargas sanitárias mais econômicas. O
texto propõe uma diretriz nacional para o uso racional da água nesses
estabelecimentos, onde o desperdício costuma ser maior
Como a competência sobre o uso dos recursos hídricos é municipal e não
federal, os municípios que não incorporarem as normas "terão dificuldades para
receber repasses do governo", propõe o deputado.

4.4 – O BRASIL É LÍDER EM DESPERDÍCIO DE ÁGUA

O Brasil está no topo dos países donos das principias reservas de água
do mundo. O problema reside no fato de também ser um dos primeiros no ranking
do desperdício. Segundo o relatório do Parlamento Latino Americano de 2003,
divulgado pela Agência Brasil, da água potável brasileira 40% é dirigido para o
consumo humano, sendo que a média considerada ideal pelas Organizações das
Nações Unidas (ONU) é de 20%. Um quinto da água mundial é representado pela
43

bacia amazônica. Mesmo com vasta riqueza de recursos hídricos existem


comunidades que não recebem água tratada e serviço de esgoto. Há áreas que
sofrem também com a falta de água potável.
O Grupo Consultor em Pesquisa Agricultura Internacional (GCPAI) indica
que 70% da água mundial vai para agricultura, 22% pertence a indústria e 8% é de
uso doméstico. A ONU afirma que a falta de água atinge 2 bilhões de pessoas em
todo o mundo, o que representa 1/3 da população mundial. A organização adverte
sobre o controle do consumo, caso não sejam adotadas medidas de controle dentro
de 25 anos cerca de 4 milhões de pessoas ficaram sem água para suprir
necessidades básicas (CAVINATTO).
O Brasil perde uma média de 42% da água que sai das operadoras de
abastecimento dos municípios e Estados e chega até o consumidor, segundo dados
preliminares da Secretaria Nacional de Saneamento, ligada ao recém-criado
Ministério das Cidades.
O conforto da água encanada chega a cada vez mais brasileiros: 89% das
casas brasileiras na década de 90, contra 87 em 1991. O abastecimento de água
cresceu em todas as regiões nos últimos dez anos, mas cresceu de forma desigual.
No norte, só 48% das casas estão ligadas à rede de água . No Sudeste, o número
quase dobra: 88%.
A água que chega em casa tem sido cada vez mais tratada. Segundo a
pesquisa nacional de abastecimento básico do IBGE, o número de estações de
tratamento cresceu 83% entre 1989 e 2000. Passou de 2.485 para 4.560.
Na média nacional o Brasil é, de acordo com a ONU, um dos países mais
ricos em água do mundo - um recurso que desperdiçamos muito também. A
quantidade de água tratada que é perdida no Brasil seria suficiente para abastecer
as populações da França, Bélgica, Suíça e de parte da Itália. Alguns lugares do
Brasil ficaram na situação do Oriente Médio, onde é mais fácil achar petróleo do que
água.
Em Recife, os moradores estão cavando poços cada vez mais profundos,
nos lugares em que ainda é permitido cavar. No bairro da Boa Viagem, o mais nobre
da cidade, está proibido por lei furar o chão atrás de água. Tanta gente fez poço
que a água do subsolo ficou cada vez mais distante. Antes surgia a dez metros de
profundidade. Agora, a 40 - e um poço, em outro bairro da capital pernambucana vai
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ter quase 300 de profundidade. O risco atual é um risco bastante elevado, mas
poderá se tornar catastrófico se não for tomada uma providência mais eficaz
(FOLHA ON LINE).
Bem perto da cidade não falta água. Chove mais na região do que em
países como França e Espanha. Uma barragem possui água suficiente para
abastecer cerca de 40% das necessidades de uma cidade grande como Recife.
Água não falta. O que faltou foi até agora planejamento, investimento e,
principalmente decisão política. "Faltou priorização dos investimentos para bancar a
expansão da demanda. Setor de saneamento não teve a mesma sorte desses
outros setores do serviço público", diz Gustavo Sampaio, presidente da COMPESA
(FOLHA ON LINE).
O crescimento desordenado das cidades compromete reservas naturais
como as de São Paulo, por exemplo, onde os mananciais estão sendo prejudicados.
Água um dia acaba, e sem ela ninguém vive. E você sabe como o seu candidato vai
tratar essa questão?

5 – CONCLUSÃO

O desperdício de água repercute de várias formas, além do aumento dos


cortes e desabastecimento em várias regiões, incluindo regiões deficientes ou não
de água, elevam-se os gastos do governo com saúde; estima-se que 60% das
internações nos hospitais públicos são de vítimas de doenças "de veiculação hídrica.
O desperdício hoje é apontado por órgãos das Nações Unidas como um
dos principais inimigos a serem combatidos. A maioria da população não dá o
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mínimo valor para o líquido da vida. Age como se água fosse um bem inesgotável.
De acordo com estudos feitos pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de
São Paulo (Sabesp), o consumo poderia ser reduzido em um terço se os
consumidores adotassem medidas simples de economia (SABESP).
Países como o Brasil e os EUA, que dispõe de muitas reservas de água,
ainda convivem com a cultura do desperdício. Nos países europeus, que já
enfrentaram períodos de escassez de vários produtos, a economia de água faz parte
dos hábitos da população. Até as instalações hidráulicas são projetadas para reduzir
o consumo. As válvulas de descarga são reguladas para usar menor quantidade de
água. Somente nos últimos anos é que as associações das empresas de
saneamento e dos fabricantes de equipamentos sanitários no Brasil começaram a se
preocupar com ações para combater o desperdício. Além da degradação ambiental
que contamina os mananciais, o abastecimento mundial de água sofre outra
ameaça: o desperdício.
O desperdício residencial é o campeão. As maiores vilãs domésticas são
as válvulas convencionais de descarga. Elas usam 40% de toda a água da casa.
Cada segundo que uma pessoa permanece com o dedo na descarga são 2 litros de
água desperdiçados. Quando não usam válvulas hidráulicas, cada descarga
consome em torno de 18 litros de água tratada.
No Brasil, o desperdício de água chega a 70% e nas residências temos
até 78% do consumo de água de uma residência sendo gasto no banheiro. Tudo isto
pode mudar com simples mudanças de hábitos.
A reciclagem é uma das práticas mais eficientes para a preservação dos
recursos naturais. O que pouca gente sabe é que isso vale também para a água. A
Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES), revela que já se
estuda a possibilidade de se reaproveitar os esgotos para a produção de água
potável. Hoje, após o tratamento, o esgoto é jogado fora, a reutilização da água
seria uma alternativa para períodos de escassez.
Além de água potável, outro subproduto aproveitável do esgoto é o lodo
formado nas estações de tratamento. As pesquisas para o uso desse material na
produção de fertilizantes agrícolas estão bem adiantadas.
Quando a água bruta se deteriora, torna-se um produto mais difícil de ser
tratado: é preciso usar técnicas mais sofisticadas – e mais caras – para garantir o
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abastecimento de água dentro dos padrões de potabilidade. Se, por um lado, a falta
de tratamento possibilita a transmissão de doenças entéricas, tais como as diarréias,
os produtos químicos usados no tratamento da água, se não forem retirados,
também podem causar doenças. Um exemplo é o cloro: reage com matéria orgânica
e produz os organoclorados, compostos cancerígenos. Segundo relatos recentes,
Nos Estados Unidos, há relatos de substâncias de uso farmacêutico ou medicinal,
como antibióticos, por exemplo, que estão presentes na água. Essas substâncias
tóxicas ou prejudiciais, principalmente aquelas completamente solúveis em soluções
aquosas, são quase impossíveis de serem retiradas na estação de tratamento,
usando métodos convencionais.
Poderíamos reduzir muito as doenças e a taxa de mortalidade infantil,
além do dinheiro gasto com o tratamento desses problemas. A perda de água no
Brasil - por roubo, vazamentos e outros fatores - está bem acima da média de
países desenvolvidos e de vários em desenvolvimento. A Europa tem índices de
perda em torno de 10%. Alguns países da Ásia, como Cingapura, perdem 6%. Da
bacia do Rio Paraíba do Sul, o Rio é o que mais desperdiça: 55% do total produzido.
São Paulo vem em seguida, com 41%.
Além disso, muitos brasileiros não têm acesso à água. São 40 milhões
de pessoas que vivem em domicílios sem rede ou que contam com canos, mas a
água não chega. Não é aceitável que um País como o Brasil não tenha cobertura de
99% de água. Não há tolerância para esse tipo de índice. Todos têm o direito de
receber água de boa qualidade em suas casas.
As maiores responsáveis pela falta de cobertura total são as empresas
de saneamento e os governos estaduais e municipais, que não têm interesse em
ampliar a rede, não se interessam em melhorar a qualidade da água servida
diariamente para a população e não são forçados a isso. O mesmo problema ocorre
com a rede de esgoto - presente em 43% dos domicílios.
A questão é que não existem mecanismos para forçar as empresas a
cumprir seus deveres e ampliar a rede. E, além disso, o consumidor não pressiona
como deveria. As pessoas precisam ficar mais indignadas por causa da falta de
água, sua qualidade, ou da inexistência de sistemas de coleta de esgoto.
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O consumo de água per capita no Brasil dobrou nos últimos 20 anos e


promete dobrar outras vez nas próximas duas décadas, levando a um cenário de
escassez em várias regiões do País, conforme relatado anteriormente.
Como a competência sobre o uso dos recursos hídricos é municipal e
não federal, os municípios e os seus munícipes devem começar a dar o valor devido
à água. Que essas informações sejam passadas através de programas de educação
(ambiental), começando nas escolas de ensino fundamental, através de informações
veiculadas pelos meios de comunicação, ou de programas verdadeiramente
conscientes que mostrem o quadro crítico que já estamos vivendo.
Quanto mais poluída estiver a água, maior quantidade de produtos químicos
será necessária para tornar a água potável para consumo, assim como maior será a
chance de os produtos agrícolas serem contaminados, podendo provocar doenças
como diarreia, febre amarela, hepatite, amebíase, entre outras. Isso sem falar na
vida aquática que fica comprometida com a falta de oxigênio, consumido pela
matéria orgânica em excesso. Além do esgoto, o lixo jogado nas ruas é varrido pelas
chuvas e entopem bueiros, piorando as enchentes nas cidades, além de poluir os
rios.
No Brasil, segundo o Censo 2000, apenas 62,2% dos domicílios brasileiros
são atendidos pela rede de coleta de esgoto ou possuem fossa séptica. Ainda mais
alarmante é a informação de que apenas 12% do esgoto coletado é tratado, sendo o
resto despejado nos rios ou no mar sem nenhum tipo de tratamento.
O Brasil perde uma média de 42% da água que sai das operadoras de
abastecimento dos municípios e Estados e chega até o consumidor, segundo dados
preliminares da Secretaria Nacional de Saneamento, ligada ao recém-criado
Ministério das Cidades.
O conforto da água encanada chega a cada vez mais brasileiros: 89% das
casas brasileiras na década de 90, contra 87 em 1991. O abastecimento de água
cresceu em todas as regiões nos últimos dez anos, mas cresceu de forma desigual.
Na Região Norte, só 48% das casas estão ligadas à rede de água . No Sudeste, o
número quase dobra: 88%.
A água que chega em casa tem sido cada vez mais tratada. Segundo a
pesquisa nacional de abastecimento básico do IBGE, o número de estações de
tratamento cresceu 83% entre 1989 e 2000. Passou de 2.485 para 4.560.
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Na média nacional o Brasil é, de acordo com a ONU, um dos países mais


ricos em água do mundo - um recurso que desperdiçamos muito também. A
quantidade de água tratada que é perdida no Brasil seria suficiente para abastecer
as populações da França, Bélgica, Suíça e de parte da Itália. Alguns lugares do
Brasil ficaram na situação do Oriente Médio, onde é mais fácil achar petróleo do que
água.

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