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SISTEMAS DE ABASTECIMENTO E
TRATAMENTO DE ÁGUA PARA TÉCNICOS
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quaisquer outras formas de utilização ou reprodução tais como: editar, adicionar,
reduzir e praticar qualquer ato de comercialização.
A violação de quaisquer desses direitos exclusivos do titular acarretará sanções
previstas na Lei 5.988 de 14/12/1973, nos artigos 184 e 186 do Código Penal e na
Lei de Direitos Autorais (Lei 9.610/1998).
fabio.ceprocamp@gmail.com
Professor Fábio Conteúdos Ambientais
@conteudosambientais
Dedicatória:
Esse livro é, sem dúvida, dedicado primeiramente à minha esposa Bárbara e minhas
filhas Alice e Bianca. Elas que dividiram comigo todos os percalços, ausências e
frustrações. Mas que também souberam aproveitar a plenitude e as alegrias de
cada etapa concluída, sobrando amor e paciência. Dedico, também, a todos os
docentes que contribuíram para a minha formação profissional e pessoal. São
tantos que não caberiam aqui citá-los nominalmente, mas tenham certeza que
guardo com carinho cada lição ensinada e cada momento vivido. Ensinar é uma
arte que inspira e vocês foram meus grandes exemplos.
APRESENTAÇÃO
O Brasil, com suas proporções continentais e abundância de recursos naturais,
sempre foi conhecido mundo afora por causa da sua enorme disponibilidade hídrica,
seus mananciais e a excelente qualidade das águas subterrâneas. Entretanto, com
o crescimento desordenado da população, principalmente nas áreas urbanas,
iniciou-se um processo de lançamento de esgotos in natura nos corpos aquáticos,
comprometendo a qualidade dos mananciais e, consequentemente, da água que é
fornecida à população.
Dados do Instituto Trata Brasil (2019) mostram que no ano de 2017 cerca de
16,6% da população brasileira não tinha acesso à água tratada. Na região norte
esse número tornava-se assustador, chegando à 42,7% da população sem acesso
a esse recurso. Para agravar mais ainda a situação, nessa mesma região, por
exemplo, praticamente 90% de todo o esgoto gerado sequer era recolhido, sendo
lançado diretamente sobre as coleções de água, ou em fossas sanitárias.
A água pode naturalmente conter microrganismos ou substâncias que a torne
imprópria para o consumo humano. Porém, o lançamento de esgotos sem
tratamento agrava o problema, pois, em geral, pode haver a presença de
organismos patogênicos que causarão doenças como cólera, giardíase, hepatite A,
leptospirose, febre tifoide, disenterias e verminoses. Tais doenças, dependendo da
intensidade com que ocorram e com a fragilidade do sistema imunológico do
hospedeiro, podem facilmente levar à morte, ou deixar graves sequelas.
Não bastando a presença de agentes patogênicos, o lançamento de esgotos
sem tratamento na água também acarreta em alterações de seus padrões físico-
químicos, tornando-a inaceitável para os padrões de potabilidade, ou aumentando
a concentração de substâncias tóxicas que podem causar doenças nos seres
humanos, como o mercúrio, arsênio, benzeno, tolueno e xileno.
Assim, faz-se necessário o tratamento da água bruta para que ela seja fornecida
à população com segurança, sem causar doenças e dentro de um padrão aceitável
para o consumo humano. O tratamento convencional da água bruta em estações
de tratamento de água (ETA) há muitas décadas tem surtido um efeito positivo
considerável na qualidade de vida da população, removendo substâncias e
microrganismos indesejáveis, evitando doenças e mortes de pessoas. As ETAs
utilizam tecnologias e processos já muito difundidos e plenamente conhecidos.
Entretanto, com a qualidade da água bruta nos mananciais se deteriorando ano a
ano, as estações enfrentam problemas operacionais que não haviam antes,
recorrem ao aumento do uso de produtos químicos para conseguir atender aos
parâmetros de potabilidade e, ainda assim, não conseguem remover alguns
compostos químicos que, invariavelmente, são fornecidos junto à água tratada.
Esse livro tem por finalidade apresentar ao estudante os processos unitários
envolvidos no tratamento da água, além dos produtos químicos e os cálculos físico-
químicos inerentes à atividade operacional. Busca-se, também, apresentar os
sistemas de adução e distribuição de água, as normas de abastecimento, a
hidráulica envolvida, os principais materiais que compõem as redes e a legislação
pertinente.
O livro foi escrito com a experiência docente de muitos anos em salas de aula
ministrando disciplinas de tratamento de água, ensaios físico-químicos em
laboratórios de saneamento, recursos hídricos e química básica e ambiental, além
de apropriar da vivência de trabalho em departamentos de água e esgotos
municipais e convivência cotidiana com técnicos das mais diversas áreas do
saneamento básico.
Os conteúdos citados foram ministrados para alunos de cursos técnicos e
também de ensino superior, sempre observando as principais dificuldades, os
assuntos mais problemáticos, os temas que despertam paixões e discórdias. Cada
etapa é desenvolvida de forma gradual e simples até alcançar a plenitude e
complexidade que os temas exigem. Tudo isso para que o técnico que esteja
estudando tenha uma excelente formação, alinhada com o que há de tradicional e
o moderno dentro do campo do saneamento básico, sendo capaz de realizar o
tratamento da água bruta, preservar os mananciais, colaborar na elaboração de
projetos de adução e distribuição de água, operar estações de tratamento de água
e conhecer os parâmetros físico-químicos e microbiológicos da água para consumo
humano.
SUMÁRIO
1.1.2. Cor
A cor da água (e de qualquer outra substância) é uma decorrência da
capacidade de absorver certos comprimentos de onda da luz visível. A água pura
não tem cor, porém, a água utilizada para abastecimento público com grande
frequência vem de rios e lagos, cuja cor se faz presente.
A cor da água é definida de duas formas: cor real (ou cor verdadeira) e cor
aparente. A cor real é aquela causada por substâncias dissolvidas na água, que não
são removidas por processos de filtração ou de centrifugação. A cor aparente, por
sua vez, é causada por partículas em suspensão ou partículas coloidais presentes
no meio. Coloides são partículas muito pequenas, praticamente invisíveis à olho nu,
com tamanho médio variando entre 1 nanômetro e 100 nanômetros (1 nanômetro
equivale à 10-9 m).
14
Figura 1.2: Equipamentos utilizados para medição de cor. Colorímetro à disco (esq.),
digital (centro) e espectrofotômetro (dir.). Fonte: sites Hellige do Brasil, Simquis e
Directindustry.
15
1.1.3. Turbidez
A turbidez pode ser definida como a interferência do meio à passagem da luz,
dispersando e absorvendo o feixe luminoso. A turbidez é causada principalmente
por partículas em suspensão, variando de tamanhos grosseiros até o estado
coloidal. Coloides, por sua vez, são partículas de tamanho muito menor que a
espessura de um fio de cabelo que se encontram em grandes quantidades nas
massas de água. A turbidez é a principal causadora da cor aparente, ou seja, a
água adquire uma coloração falsa, pois o que observamos é a cor predominante de
partículas finamente distribuídas e não a cor real do fluido.
“A turbidez dos corpos d’água é particularmente alta em regiões com solos
erosivos, onde a precipitação pluviométrica pode carrear partículas de argila, silte,
areia, fragmentos de rocha e óxidos metálicos do solo. Grande parte das águas de
rios brasileiros é naturalmente turva em decorrência das características geológicas
das bacias de drenagem, ocorrência de altos índices pluviométricos e uso de
práticas agrícolas, muitas vezes inadequadas. Ao contrário da cor, que é causada
por substâncias dissolvidas, a turbidez é provocada por partículas em suspensão,
sendo, portanto, reduzida por sedimentação” (BRASIL, 2014).
Fonte: site Seu Posto Águas naturais muito limpas têm baixos
valores de condutividade elétrica, variando entre 10 a 100 µS.cm-1 enquanto águas
poluídas podem apresentar valores bem elevados, maiores que 1.000 µS.cm-1. Na
Portaria de Consolidação nº 5 – Anexo XX não há nenhum valor descrito para a
água potável, até por que isso não faria o menor sentido uma vez que a água recebe
diversos produtos químicos no seu tratamento, íons oriundos das tubulações
metálicas, além de contê-los naturalmente na água bruta captada.
1.1.6. Sólidos
Segundo Brasil (2014), a presença de sólidos na água está relacionada aos
parâmetros físicos, muito embora os sólidos possam, também, estar associados a
características químicas ou biológicas. Os sólidos presentes na água podem estar
distribuídos da seguinte forma: em suspensão (sedimentáveis e não sedimentáveis)
e dissolvidos (voláteis e fixos). Sólidos em suspensão podem ser definidos como as
partículas passíveis de retenção por processos de filtração. Sólidos dissolvidos são
constituídos por partículas de diâmetro inferior a 10-3 μm e que permanecem em
solução mesmo após a filtração. A entrada de sólidos na água pode ocorrer de
forma natural (processos erosivos, organismos e detritos orgânicos) ou
antropogênica (lançamento de lixo e esgotos).
18
𝑝𝐻 = −𝑙𝑜𝑔10[𝐻 +] [1.2]
Figura 1.7: Diferentes métodos para leitura do pH. Da esquerda para a direita: método
colorimétrico, fita universal, phmetro de bancada, phmetro de linha, phmetro portátil.
1.2.2. Alcalinidade
Como descrito na seção anterior, a partir desse momento o técnico deve ser
capaz de diferenciar o termo “basicidade” e “alcalinidade”. Embora similares,
ambos representam condições distintas da água.
A alcalinidade é a capacidade da água em receber soluções ácidas sem alterar
seu pH, ou seja, é uma medida da capacidade de neutralização de ácidos,
conferindo à água uma característica denominada “capacidade de tamponamento”.
Essa capacidade é muito importante, pois determina o quanto um ambiente
aquático resiste ao recebimento de efluentes ácidos. Em ETAs a alcalinidade é
monitorada frequentemente, pois muitas das substâncias utilizadas para o
tratamento da água tendem a baixar o pH, assim, o conhecimento da alcalinidade
influi diretamente na quantidade e na concentração dos produtos químicos que
serão utilizados.
Os principais constituintes da alcalinidade têm características básicas e são os
bicarbonatos (HCO3-), carbonatos (CO32+) e hidróxidos (OH-). A distribuição desses
íons na água é função do pH do meio, como mostrada na tabela 1.1.
Presume-se que a maioria das águas naturais terá a sua alcalinidade ocasionada
em razão somente de bicarbonatos, em virtude do pH observado. Uma amostra
pode ter um elevado pH (ou seja, ser uma base) e baixa alcalinidade, e vice-versa.
A alcalinidade será expressa em mg/L CaCO3 (miligrama por litro de carbonato
de cálcio). Ainda que vários íons distintos estejam presentes na amostra, todos
20
1.2.3. Acidez
A acidez é exatamente o oposto da alcalinidade, pois indica a resistência do meio
em elevar seu pH quando recebe o lançamento de substâncias básicas. Sua origem
pode ser natural – CO2 absorvido da atmosfera ou ácidos húmicos oriundos da
decomposição de material orgânico – ou antropogênica, através do lançamento de
efluentes industriais, por exemplo.
A classificação da acidez, assim como da alcalinidade, também é função do pH,
conforme descrito na tabela 1.2 a seguir.
Menor que 4,5 Acidez mineral causada por ácidos minerais fortes
Águas com acidez causada por ácidos minerais fortes são desaconselhadas para
o abastecimento público, pois costumam ser desagradáveis ao paladar em razão
de despejos industriais.
A acidez também é medida em mg/L de CaCO3 e na água potável não há nenhum
limite a ser cumprido para esse parâmetro, tal qual a alcalinidade. Ambos são muito
importantes para a realização correta e eficiente do tratamento da água, porém, em
nada interferem na qualidade da água que deve ser entregue aos consumidores.
1.2.4. Dureza
Algumas amostras de água apresentam uma capacidade de reduzir a formação
de espuma, levando ao maior uso de produtos de limpeza. Podem, também,
ocasionar incrustações em tubulações, principalmente de água quente, levando ao
21
Tabela 1.3: Classificação da dureza na água em função da concentração total dos íons
causadores de dureza.
1.2.5. Cloretos
Os cloretos correspondem ao íon cloro (Cl-) e sua ocorrência em altas
concentrações na água pode ocasionar sabor salgado e efeitos laxativos. Os
cloretos podem chegar até a água doce através da mistura com águas salgadas ou
salobras de ocorrência natural ou despejos de efluentes domésticos ou industriais.
Na água portaria para potabilidade da água esse parâmetro é apresentado no
anexo 11 que trata dos padrões organolépticos e o valor máximo permitido na água
potável é de 250 mg/L.
1.2.6. Nitrogênio
O nitrogênio é um dos principais nutrientes para o crescimento de organismos
aquáticos. Sua presença na água bruta ocorre de forma natural através das
proteínas e outros compostos orgânicos, mas também de forma antropogênica por
despejos de efluentes e uso de fertilizantes principalmente.
Na água ocorre o ciclo do nitrogênio e sua forma química se alterna entre o
nitrogênio molecular (N2), nitrogênio orgânico, íon amônio (NH4+), íon nitrito (NO2-)
e íon nitrato (NO3-), sendo que essas duas últimas formas são controladas na água
potável pela Portaria de Consolidação nº 5 – Anexo XX. Ambas constam no anexo
9 que trata das substâncias químicas que apresentam riscos à saúde. O nitrato em
concentrações elevadas pode ocasionar a doença da metahemoglobina (ou
síndrome do bebê azul) que é uma condição onde o transporte de oxigênio no
sangue fica comprometido nos bebês.
Na água potável, porém, há o constante uso de amônia (NH 3) como fixadora de
cloro para formação do cloro residual combinado. Porém, esse parâmetro é
controlado pelo anexo 11 (dos padrões organolépticos). A formação do cloro
combinado pode ocasionar gosto e odor na água em algumas situações.
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1.2.7. Fósforo
O fósforo, assim como o nitrogênio, é um nutriente indispensável para o
crescimento de organismos aquáticos e sua presença pode ser natural, oriundo do
desgaste de rochas fosfatadas, ou antropogênica devido ao lançamento de
efluentes contendo detergentes e outros produtos químicos, também pelo uso de
fertilizantes e agrotóxicos.
Embora não seja objeto de controle direto na água potável, o fósforo pode estar
presente em várias formas associadas principalmente aos agrotóxicos. Por isso,
diversas substâncias que fazem o uso desse elemento químico são listadas no
anexo 9 da Portaria de Consolidação nº 5 – Anexo XX, alterada pela Portaria MS nº
888/2021. O monitoramento do fósforo total ocorre apenas na água bruta, enquanto
que na água potável é dispensado o monitoramento dessa substância.
1.2.8. Fluoretos
O flúor é um elemento muito abundante na natureza e tem grande afinidade com
diversos metais e. Naturalmente esse elemento não é encontrado na forma atômica
simples, apenas como seu íon fluoreto (F-). Por essa grande afinidade metálica, e
isso inclui o cálcio, faz-se o uso da fluoretação na água potável para auxiliar a
manutenção da saúde bucal da população.
De forma contraditória, o
excesso desse elemento nos
dentes durante seu processo de
formação pode causar manchas
brancas irreversíveis, doença
conhecida como fluorose
dentária, conforme apresentada
na figura 1,9. Como a ocorrência
do íon fluoreto é muito comum
naturalmente em corpos
aquáticos, há ETAs que possuem
sistemas de desfluoretação, ou
Figura 1.9: Fluorose dentária. Fonte site ABC do Bebê.
seja, diminuem a quantidade de
flúor na água para que esse problema não ocorra na população.
Na Portaria de Consolidação nº 5 – Anexo XX o íon fluoreto tem um VMP de
1,5 mg/L estabelecido pelo anexo 9 que trata das substâncias químicas que
oferecem risco à saúde, além da obrigatoriedade do seu monitoramento nos
mananciais. A fluoretação da água para fins de saúde bucal é estabelecida pelo
Anexo XXI da Portaria de Consolidação nº 5 de 2017.
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1.3.1. Coliformes
Os coliformes são os principais indicadores da qualidade da água. Um ser
humano adulto evacua cerca de 6 bilhões desses microrganismos todos os dias.
Eles sobrevivem por longos períodos fora do corpo humano e são facilmente
detectáveis pelos métodos analíticos que possuímos hoje, diferentemente de muitos
outros organismos patogênicos. Muitas espécies de coliformes convivem em
simbiose com os seres humanos, sem causar doenças às pessoas, embora existam
outras espécies que podem ser consideradas patogênicas. Dessa forma, os
coliformes são bons indicadores de contaminação da água, pois a sua presença
pode revelar de forma indireta a presença de patógenos. A figura 1.10 mostra o
resultado de um ensaio de coliformes pelo método colilert, possível de ser realizado
por qualquer laboratório em ETAs.
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Outra informação importante é que os esporos são muito mais resistentes aos
processos de desinfecção do que os
cistos e oocistos, ou seja, um valor
consideravelmente baixo de esporos
após um processo de desinfecção é uma
afirmativa conservadora da igualmente
baixa (ou até mesmo inexistente)
concentração de cistos e oocistos.
Os ensaios para determinação de
esporos de bactérias aeróbias são
consideravelmente mais simples e
rápidos do que os ensaios para
Figura 1.13: Imagem representativa de
bactérias do tipo Bacillus. Essas bactérias têm
determinação de cistos de Giardia e
formato de bastonetes, são Gram-positivas e oocistos de Cryptosporidium, tornando
obrigatoriamente aeróbias ou facultativas e sua utilização mais viável para a
produtoras de esporos. Fonte: site All About determinação de protozoários em água.
Feed. Há diversos trabalhos que associam a
remoção dos esporos de bactérias aeróbias com a turbidez da água, buscando
tornar o monitoramento de cistos e oocistos ainda mais rápidos. Como os esporos
e os (oo)cistos têm a capacidade de causar turbidez na água, a redução da turbidez
para níveis extremamente baixos se reflete em uma baixa presença dos esporos de
bactérias que, consequentemente, indicariam a improvável presença de cistos e
oocistos. O ensaio de turbidez é algo rápido e rotineiro nas ETAs podendo ser
realizado em linha inclusive, enquanto os ensaios de EBA demoram pelo menos 24
horas e os ensaios para determinação de (oo)cistos podem durar mais de 7 dias.
1.3.3. Protozoários
Existem vários protozoários patogênicos de transmissão fecal-oral, como
Balantidium coli, Blastocystis hominis, Cyclospora cayetanensis, Entamoeba
histolytica, Isospora belli, Microsporidia e Toxoplasma gondii. Porém, sobre
Cryptosporidium e Giardia os cuidados tornam-se redobrados, pois os cistos de
Giardia e os oocistos de Cryptosporidium apresentam elevada persistência no
ambiente, baixas doses infectantes e são de difícil remoção e/ou inativação em
ETAs através dos processos de desinfecção tradicionais que utilizam cloro.
O monitoramento dessas espécies de protozoários é complexo, demorado e com
dificuldades de detecção em baixas concentrações, por isso há agora a opção pelo
monitoramento indireto mencionado anteriormente, através de esporos de
bactérias aeróbias e da turbidez da água tratada.
Tanto a Giardia ssp. quanto o Cryptosporidium ssp. são capazes de formar
cápsulas protetoras caso o ambiente seja desfavorável, denominados cistos e
oocistos para Giardia e Cryptosporidium respectivamente. Esses (oo)cistos ao
serem ingeridos junto com a água e alimentos contaminados são reativados dentro
do trato intestinal dos seres humanos através dos ácidos presentes,
desencadeando as doenças correlacionadas.
A remoção efetiva dos (oo)cistos ocorre nos processos de clarificação da água
(decantação e filtração) sendo eliminados junto com o lodo desses processos. As
figuras 1.14 e 1.15 apresentam o ciclo de vida desses microrganismos.
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Figura 1.14: Ciclo do Cryptosporidium no epitélio intestinal. Fonte: site Profª Luciana
Cangussu.
1.3.4. Cianobactérias
Brasil (2014) descreve que as cianofíceas ou algas azuis são organismos com
características de bactérias (ausência de envoltório nuclear), porém com sistema
fotossintetizante semelhante ao das algas, daí a dupla denominação. Em ambientes
eutrofizados, isto é, ricos em nitrogênio e fósforo provenientes de esgotos
domésticos, industriais e atividades agrícolas, as cianobactérias quase sempre
constituem o grupo
fitoplanctônico dominante.
Nessas condições podem
causar florações que
constituem problemas de
saúde pública e provocam
desequilíbrios ambientais
significativos. Como muitas
espécies de cianobactérias
são tóxicas, seu controle em
mananciais torna-se medida
fundamental. A figura 1.16 nos
apresenta uma foto da
Figura 1.16: Proliferação de cianobactérias no delta do proliferação desse tipo de
Rio Okavango na África. Fonte: site Ferdinando de Souza. microrganismo na água.
A Portaria de Consolidação nº 5 – Anexo XX, alterada pela Portaria MS 888/2021
exige o monitoramento de cianobactérias na água bruta e das cianotoxinas na água
potável. O monitoramento na água bruta pode ocorrer através da contagem de
cianobactérias complementada pelo monitoramento de clorofila-a. Em alguns casos
mais extremos de proliferação desses microrganismos realiza-se também o
monitoramento das cianotoxinas na captação. Essas substâncias podem ser
liberadas em caso de estresse das cianobactérias, por isso não é permitido o uso
de algicidas para controle de proliferações em mananciais.
Na água potável os limites permitidos para as cianotoxinas são expressos no
anexo 10 e possuem valores muito pequenos, na ordem de microgramas por litro.
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2.1. MANANCIAIS
O Ministério do Meio Ambiente define mananciais como a fonte de água doce
superficial ou subterrânea utilizada para consumo humano ou desenvolvimento de
atividades econômicas: rios, lagos, açudes, poços, etc. A figura 2.2 apresenta
imagens dos mananciais mais comuns para utilização da água para consumo
humano.
São dos mananciais que se retira a água que será usada para abastecer as
pessoas ou para o desenvolvimento das atividades econômicas como indústrias,
agricultura, criação de animais, etc. A qualidade dos mananciais interfere
diretamente no tipo e no grau do tratamento que deve ser aplicado à água.
A opção pela captação superficial ou subterrânea envolve o custo do processo
de retirada e de tratamento. As regiões mais populosas costumam fazer a opção
pela retirada superficial, por ser mais fácil e barata, entretanto, essas mesmas
regiões são as que costumam apresentar a pior qualidade da água devido ao
lançamento de esgotos e outros usos do mesmo manancial.
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Figura 2.2: Fotos de um rio, um lago e um poço. Essas são as formas mais comuns de
mananciais para abastecimento humano, mas não as únicas.
2.2. CAPTAÇÃO
Captação é o conjunto de obras
civis, dispositivos hidráulicos e
mecânicos que serão
responsáveis por retirar a água do
manancial e enviá-la para o
tratamento. As captações
possuem conjuntos motobomba
que podem estar nas margens do
corpo aquático, levemente
afastados ou dentro dos poços (no
caso de águas subterrâneas).
O conjunto motobomba é
construído sempre em mais de um
conjunto para garantir o
funcionamento do sistema mesmo
em caso de problemas técnicos
em uma das unidades. Contudo,
como são dependentes
exclusivamente de energia Figura 2.3: Exemplos de captações com suas
respectivas tomadas de água.
elétrica, a interrupção nesse
serviço pode ocasionar também a interrupção no fornecimento de água para as
pessoas. A figura 2.3 nos apresenta fotos de captações existentes.
2.3. BARRILETE
Dentro da hidráulica a palavra barrilete pode assumir diferentes contextos. Para
o nosso caso, barrilete corresponde ao conjunto de tubulações e dispositivos
responsáveis por realizar a sucção da água de um ponto mais baixo e bombeá-la
para outro ponto mais alto. Basicamente, o barrilete é composto por: conjunto
motobomba, redução, junta de desmontagem, válvula de retenção (VR), registro e
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Figura 2.4: Configuração típica de uma estação de bombeamento. Fonte: site Hidráulica Agrícola.
Tabela 2.1: Descrição dos componentes mais comuns em sistemas de bombeamento de água.
Componente Descrição
CONJUNTO MOTOBOMBA
É a união de um motor elétrico com a bomba
hidráulica. A bomba hidráulica funciona aplicando
uma força centrífuga na água, porém, ela não
funciona se não estiver acoplada a um motor
elétrico que forneça a rotação necessária.
REDUÇÃO
É a peça responsável por diminuir ou aumentar o
diâmetro da rede.
Nos barriletes o mais comum é a redução ser
utilizada para aumentar o diâmetro logo após o
conjunto motobomba.
As reduções podem ser excêntricas (esq.) ou
concêntricas (dir.).
REGISTRO
É a peça responsável por permitir ou cessar a
passagem de água.
No caso de uma manutenção no barrilete o registro
será fechado para evitar o retorno da água e danos
aos equipamentos.
Há vários tipos de registros de acordo com seu
funcionamento. Nas redes de abastecimento as
mais comuns são as válvulas de gaveta e as
válvulas de globo.
2.5. RESERVAÇÃO
Após o tratamento a água não tem mais contato com o ambiente externo. Ela,
então, é enviada para caixas d’água fabricadas em concreto armado ou em aço,
situadas preferencialmente nos pontos mais altos das cidades.
Os reservatórios devem armazenar o volume de água para aproximadamente um
dia de consumo em caso de interrupção no fornecimento. Esses locais também têm
a função de fornecer pressão para a rede de distribuição e podem ser locais de
recloração se necessário.
2.5.1. Tipos de Reservatórios
A fim de garantir as pressões de trabalho necessárias os reservatórios são
construídos em diferentes níveis topográficos e classificados de acordo com a
disposição em relação ao solo. Em geral, os reservatórios a nível do solo
armazenam grandes volumes de água, enquanto os reservatórios elevados
priorizam o fornecimento de pressão. A figura 2.8 apresenta as classificações em
função da altura do reservatório em relação ao nível do solo e a figura 2.9 apresenta
fotos desses reservatórios.
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1 kPa (quilo Pascal) equivale à 0,1 m.c.a. (metro de coluna de água). Portanto:
100 kPa = 10 m.c.a. e 500 kPa = 50 m.c.a.
A perda de carga é perda de energia que um fluido sobre quando escoa dentro
de uma rede pressurizada. Essa perda de carga ocorre por vários fatores como
as colisões entre as moléculas do fluido, as colisões com as paredes da
tubulação, mudanças de direção, etc.
A perda de carga reflete-se como uma diminuição da pressão de trabalho ao
longo de um trecho ou como a diminuição da cota de nível de água em seções
abertas.
Existem perdas de carga distribuídas, que ocorrem ao longo dos trechos lineares
das tubulações e perdas de carga localizadas, causadas por peças instaladas
nas tubulações, mudanças de direção no escoamento, junções de vazões,
derivações, etc.
As perdas de carga distribuídas dependem da vazão de escoamento, do tipo de
material empregado na tubulação, do diâmetro da tubulação e do comprimento
do trecho, sendo possíveis de serem calculadas por fórmulas mundialmente
reconhecidas como a Fórmula de Hazen-Williams, por exemplo.
As perdas de carga localizadas dependem do tipo de peça que é instalada no
trecho, seu diâmetro, a vazão de água que passará por essa peça e seu material.
Em geral esses valores são tabelados em livros de hidráulica e mecânica dos
41
fluidos. Peças mais simples como curvas de raio longo geram perdas de carga
menores do que peças mais complexas como registros ou válvulas de retenção.
Figura 2.10: Comportamento das pressões estática e dinâmica nas redes de abastecimento. A
pressão dinâmica diminui gradativamente em razão das retiradas de água e da perda de carga
que ocorre ao longo dos trechos.
Figura 2.11: Desenho esquemático da perda de carga distribuída. Entre os trechos 1 e 2 ocorre
uma diminuição nas linhas piezométrica e energética. Essa diferença de nível entre os pontos é
denominada de perda de carga (ΔH). Fonte: site Guia da Engenharia
Rede ramificada:
O traçado é aberto, como uma árvore ou uma espinha de peixe;
Cada ponto de consumo é abastecido por uma única tubulação;
Se um trecho for isolado, todo o fornecimento à jusante daquele ponto é
interrompido também;
São modelos mais simples e baratos.
2.6.2. Tubulações
para Redes de Água
Há no mercado inúmeros tipos
de tubulações com os mais
diferentes tipos de aplicações e
materiais. As tubulações possuem
diferentes diâmetros e espessuras,
Figura 2.14: Disposição das redes mistas. pois transportam vazões e
trabalham com pressões igualmente diferentes. Na área do saneamento básico os
materiais mais comuns são:
• Polietileno de alta densidade (PEAD);
• Policloreto de vinila (PVC);
• Ferro fundido (FºFº);
• Aço soldado ou aço rebitado;
• Concreto simples ou armado;
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• Fibra de vidro;
• Fibrocimento (em desuso).
Figura 2.19: Junção entre tubos por ponta e bolsa com junta elástica (PBJE).
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A) Adutora. A) PEAD.
B) Rede mestra. B) PVC.
C) Rede secundária. C) FºFº.
D) Rede malhada. D) Fibrocimento.
11. As ligações domésticas devem ser feitas 15. Assinale abaixo uma informação FALSA a
em redes com diâmetros menores. Isso ajuda respeito dos tubos de PEAD.
a evitar vazamentos e não causar danos às
tubulações no interior dos imóveis. O nome A) Apresentam como ponto negativo a
dado às redes que permitem ligações possibilidade de achatamentos.
domésticas é: B) Não permitem a junção com pontas do
tipo flanges, somente por termofusão.
A) Adutora. C) Permitem a realização de curvas sem o
B) Rede mestra. uso de joelhos ou cotovelos.
C) Rede secundária. D) Permitem a instalação de redes por
D) Rede malhada. métodos não-destrutivos.
50 por automóvel
Garagens e postos de serviço
200 por caminhões
54
𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 ∗ 𝑞
𝑄̅ = [3.1]
86.400
Onde:
̅ : vazão média de consumo (L/s);
𝐐
População: número de pessoas que serão atendidas (habitantes);
q: consumo per capita (L/hab*dia);
86.400: fator de conversão de dia para segundos.
Nos exemplos utilizados a seguir iremos utilizar uma casa decimal depois da
vírgula para vazões maiores que 1 L/s e duas casas decimais para vazões menores
que 1 L/s.
Exemplo 3.1) Calcule a vazão média de consumo para um bairro que será
construído. A previsão é de que morem 5 mil pessoas nesse bairro com cota per
capita de 250 L/hab*dia.
Exemplo 3.2) Calcule a vazão média de consumo para uma cidade que possui
100 mil habitantes. Considere para essa cidade que a cota per capita é de 200
L/hab*dia.
55
𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 ∗ 𝑞 3.000 ∗ 5
𝑄̅ = = = 𝟎, 𝟏𝟕 𝑳/𝒔
86.400 86.400
garantindo que o abastecimento não seja insuficiente nas horas de maior consumo,
seja por falta de água, seja por baixas pressões na rede.
𝑄 = 𝑄̅ ∗ 𝐾1 ∗ 𝐾2 + 𝑄𝑆 [3.2]
Onde:
Q: vazão de abastecimento (L/s);
̅ : vazão média de consumo (L/s);
𝐐
K1: coeficiente de segurança diário (geralmente usa-se 1,2);
K2: coeficiente de segurança horário (geralmente usa-se 1,5);
QS: vazão singular (alguma demanda especial de consumo como escolas,
hospitais, indústrias, aeroportos, etc.) (L/s).
Ou seja, a vazão que terá que ser fornecida para o bairro com 5 mil habitantes
será de 26,1 L/s. Quase o dobro da vazão média que era de 14,5 L/s. Em teoria,
essa vazão maior será suficiente para garantir o abastecimento da população
local mesmo em casos atípicos de aumento no consumo de água.
Ou seja, a vazão que deverá ser fornecida à cidade é de 417,2 L/s, muito maior
que a vazão média, que era de 231,5 L/s. Em teoria, essa nova vazão calculada
deverá ser capaz de abastecer as pessoas e os grandes consumidores mesmo
em casos atípicos de consumo.
Figura 3.2: Representação das aplicações do cálculo das vazões das unidades produtoras.
𝑄̅ ∗ 𝐾1 ∗ 24 𝑞𝐸𝑇𝐴
𝑄𝐶𝐴𝑃 = ∗ (1 + ) + 𝑄𝑆 [3.3]
𝑡 100
Onde:
QCAP: vazão de captação (L/s);
̅ : vazão média de consumo (L/s);
𝐐
K1: coeficiente diário (geralmente 1,2);
t: tempo de funcionamento da ETA (horas);
qETA: consumo de água na ETA (%);
QS: vazão singular de grande consumidor (L/s).
𝑄̅ ∗ 𝐾1 ∗ 24
𝑄𝑅𝐸𝑆 = + 𝑄𝑆 [3.4]
𝑡
Onde:
QRES: vazão de reservação (L/s);
̅ : vazão média de consumo (L/s);
𝐐
K1: coeficiente diário (geralmente 1,2);
t: tempo de funcionamento da ETA (horas);
QS: vazão singular de grande consumidor (L/s).
𝑄𝐷𝐼𝑆𝑇 = 𝑄̅ ∗ 𝐾1 ∗ 𝐾2 + 𝑄𝑆 [3.5]
Onde:
QDIST: vazão de abastecimento/distribuição (L/s);
̅ : vazão média de consumo (L/s);
𝐐
K1: coeficiente de segurança diário (geralmente usa-se 1,2);
K2: coeficiente de segurança horário (geralmente usa-se 1,5);
QS: vazão singular de grande consumidor (L/s).
Exemplo 3.7) Suponha a cidade mencionada no exemplo 3.2 com 100 mil
habitantes. Nessa cidade será construída uma ETA para suprir as necessidades
de água. Considerando as características descritas abaixo, calcule a vazão das
unidades produtoras.
População: 100.000 habitantes
Cota per capita (q): 200 L/hab*dia
Coeficiente diário (K1): 1,2
Coeficiente horário (K2): 1,5
Consumo de água da ETA (qETA): 3%
Período de funcionamento da ETA (t): 18 horas
Vazão singular de grande consumidor (QS): 0,01 L/s (escola) e 0,5 L/s (fábrica)
Esse resultado será usado para todos os cálculos seguintes. Então, partimos para
o cálculo da vazão de captação (QCAP):
𝑄̅ ∗ 𝐾1 ∗ 24 𝑞𝐸𝑇𝐴
𝑄𝐶𝐴𝑃 = ∗ (1 + ) + 𝑄𝑆
𝑡 100
60
231,5 ∗ 1,2 ∗ 24 3
𝑄𝐶𝐴𝑃 = ∗ (1 + ) + (0,01 + 0,5)
18 100
𝑄̅ ∗ 𝐾1 ∗ 24
𝑄𝑅𝐸𝑆 = + 𝑄𝑆
𝑡
231,5 ∗ 1,2 ∗ 24
𝑄𝑅𝐸𝑆 = + (0,01 + 0,5) = 𝟑𝟕𝟎, 𝟗 𝑳/𝒔
18
Será captada do rio uma vazão de 382,0 L/s e será enviada para os reservatórios
uma vazão de 370,9 L/s. A diferença entre as vazões de captação e reservação
(11,1 L/s) corresponde ao que foi usado na ETA para processos internos na
produção de água como retrolavagem dos filtros, fabricação de reagentes,
limpeza e manutenção, etc.
Agora, portanto, podemos calcular a vazão de distribuição (QDIST), lembrando que
nesse caso usa-se o coeficiente K2 e o consumo ocorre durante as 24 horas do
dia.
𝑄𝐷𝐼𝑆𝑇 = 𝑄̅ ∗ 𝐾1 ∗ 𝐾2 + 𝑄𝑆
Exemplo 3.8) Suponha uma cidade com 1 milhão de habitantes. Será construída
uma ETA para abastecer 90% dessa população. Dadas as características
descritas abaixo, calcule a vazão das unidades produtoras.
População: 90% de 1 milhão de habitantes = 900.000 habitantes
Cota per capita (q): 250 L/hab*dia
Coeficiente diário (K1): 1,2
Coeficiente horário (K2): 1,5
Consumo de água da ETA (qETA): 3%
Período de funcionamento da ETA (t): 24 horas
Vazão singular de grande consumidor (QS): 10 L/s
𝑄̅ ∗ 𝐾1 ∗ 24 𝑞𝐸𝑇𝐴
𝑄𝐶𝐴𝑃 = ∗ (1 + ) + 𝑄𝑆
𝑡 100
2.604,2 ∗ 1,2 ∗ 24 3
𝑄𝐶𝐴𝑃 = ∗ (1 + ) + 10
24 100
Agora podemos calcular a vazão de reservação (QRES) que será enviada para os
reservatórios da cidade:
𝑄̅ ∗ 𝐾1 ∗ 24
𝑄𝑅𝐸𝑆 = + 𝑄𝑆
𝑡
2.604,2 ∗ 1,2 ∗ 24
𝑄𝑅𝐸𝑆 = + 10 = 𝟑. 𝟏𝟑𝟓, 𝟎 𝑳/𝒔
24
62
𝑄𝐷𝐼𝑆𝑇 = 𝑄̅ ∗ 𝐾1 ∗ 𝐾2 + 𝑄𝑆
Exemplo 3.9) Será implantado um frigorífico que irá abater 1.000 animais de
grande porte por dia. O local terá uma ETA própria para abastecer a linha de
produção que funcionará 24h por dia. Considere as características descritas
abaixo e calcule a vazão das unidades produtoras.
População: 1.000 animais
Cota per capita (q): 300 L/animal*dia
Coeficiente diário (K1): 1,15
Coeficiente horário (K2): 1,35
Consumo de água da ETA (qETA): 3%
Período de funcionamento da ETA (t): 12 horas
Vazão singular de grande consumidor (QS): 0 L/s
𝑄̅ ∗ 𝐾1 ∗ 24 𝑞𝐸𝑇𝐴
𝑄𝐶𝐴𝑃 = ∗ (1 + ) + 𝑄𝑆
𝑡 100
3,5 ∗ 1,15 ∗ 24 3
𝑄𝐶𝐴𝑃 = ∗ (1 + )+0
12 100
63
𝑄̅ ∗ 𝐾1 ∗ 24
𝑄𝑅𝐸𝑆 = + 𝑄𝑆
𝑡
3,5 ∗ 1,15 ∗ 24
𝑄𝑅𝐸𝑆 = + 0 = 𝟖, 𝟎𝟓 𝑳/𝒔
12
𝑄𝐷𝐼𝑆𝑇 = 𝑄̅ ∗ 𝐾1 ∗ 𝐾2 + 𝑄𝑆
𝑄 = 𝑣 ∗𝐴 [3.6]
Onde:
Q é vazão do fluido (m³/s);
v é velocidade de escoamento (m/s);
A é área da seção (m²).
64
A simplicidade de aplicação da
equação da continuidade está no
fato de precisarmos de poucos
parâmetros para obter resultados
precisos de vazão. Com base na
velocidade de escoamento e na
área da seção que conduz o fluido,
é possível obter a vazão. Ou, a partir
da vazão, determinar essas outras
variáveis como velocidade de
escoamento e seção do conduto.
Para que a equação seja
verdadeira e possível de ser
aplicada, devemos fazer algumas
Figura 3.6: Representação dos parâmetros considerações como:
necessários para utilização da equação da
continuidade.
- O fluido em questão deve ser
um “fluido perfeito”, isso é, um fluido
que se adapta à forma do recipiente sem se comprimir. Considera-se, também, que
os atritos relativos ao seu escoamento podem ser ignorados.
- O fluido irá se adaptar ao escoamento sempre mantendo a vazão constante.
Isso é, caso ocorra um estreitamento da seção (diminuição da área), haverá uma
compensação do fluido aumentando a sua velocidade para que a vazão não seja
alterada.
Figura 3.8: Fórmulas para determinação da área de retângulos, círculos e trapézios. Essas
são as seções mais comuns para transporte de fluidos, porém, não são as únicas. Cabe ao
estudante pesquisar o cálculo da área de uma forma geométrica diferente dessas
apresentadas.
𝑄 = 𝑣 ∗ 𝐴 = 0,15 ∗ 3,0 = 𝟎, 𝟒𝟓 𝒎𝟑 /𝒔
𝜋 ∗ 𝑑 2 𝜋 ∗ 0,152
𝐴= = = 0,0177𝑚²
4 4
(𝐵 + 𝑏) (1,0 ∗ 0,75)
𝐴= ∗ℎ= ∗ 0,80 = 0,70 𝑚²
2 2
𝜋 ∗ 𝑑 2 𝜋 ∗ 0,022
𝐴= = = 3,14 ∗ 10−4 𝑚²
4 4
𝑄 =𝑣∗𝐴
0,005
𝑣= = 𝟏𝟓, 𝟗 𝒎/𝒔
3,14 ∗ 10−4
Exemplo 3.12) Uma calha de seção retangular transporta uma vazão de 1,0 m³/s
à uma velocidade de 0,20 m/s. Determine a área dessa seção retangular da calha
para que essas condições de vazão e velocidade sejam possíveis. Em seguida,
calcule a altura (h) da lâmina d’água considerando que essa calha tem uma base
(b) de 2,5 m de largura.
𝑄 =𝑣∗𝐴
1,0 = 0,20 ∗ 𝐴
68
1,0
𝐴= = 5,0 𝑚²
0,20
Sabendo que a calha tem uma base (b) de 2,5 m de largura e que a área do
retângulo formado na seção do escoamento é de 5,0 m², podemos então
determinar a altura (h) da lâmina de água:
𝐴=𝑏∗ℎ
5,0 = 2,5 ∗ ℎ
5,0
ℎ= = 𝟐, 𝟎 𝒎/𝒔
2,5
Exemplo 3.13) Uma tubulação transporta uma vazão de água de 2,0 L/s à uma
velocidade de 0,8 m/s. Determine o diâmetro da tubulação para que essas
condições de escoamento sejam possíveis.
𝑄 =𝑣∗𝐴
0,002 = 0,8 ∗ 𝐴
0,002
𝐴= = 0,0025 𝑚²
0,8
𝜋 ∗ 𝑑2
𝐴=
4
𝜋 ∗ 𝑑2
0,0025 =
4
69
0,0025 ∗ 4 = 𝜋 ∗ 𝑑 2
0,01
𝑑2 =
𝜋
𝑑 = √0,03183 = 𝟎, 𝟎𝟓𝟔 𝒎
Assim, foi possível determinar que para uma vazão de 2,0 L/s seja transportada
a uma velocidade de 0,8 m/s, o diâmetro da tubulação deve ser igual a 0,056 m
ou 56 mm.
Exemplo 3.14) Abaixo temos uma tubulação transportando água. Perceba que
ocorre um estrangulamento de seção entre os trechos 1 e 2. Observe as
informações apresentadas:
Para resolvermos o exemplo (a) vamos calcular a vazão com base na velocidade
de escoamento (2,0 m/s) e na área do trecho 1. Mas antes iremos ajustar as
unidades:
Diâmetro 1 (d1): 300 mm = 0,3 m
Agora calculamos a área da tubulação no trecho 1 considerando sua seção
circular:
𝜋 ∗ 𝑑1 2 𝜋 ∗ 0,32
𝐴1 = = = 0,071 𝑚²
4 4
𝜋 × 𝑑2 2 𝜋 × 0,12
𝐴2 = = = 7,85 ∗ 10−3 𝑚²
4 4
𝑄 = 𝑣2 ∗ 𝐴2
0,142
𝑣2 = = 𝟏𝟖, 𝟏 𝒎/𝒔
7,85 ∗ 10−3
Ou seja, uma vazão de água de 142 L/s será transportada a uma velocidade de
2,0 m/s na seção 1 com diâmetro de 300 mm e 18,1 m/s na seção 2 após o
estrangulamento que diminui o diâmetro para 100 mm.
c) Uma descarga sanitária tem uma vazão de 1,5 L/s. Qual será a velocidade de
escoamento da água na tubulação de saída durante essa ação? Considere a
tubulação de saída da caixa com um diâmetro (dS) de 50 mm.
𝜋 × 𝑑𝐸 2 𝜋 × 0,0252
𝐴𝐸 = = = 4,9 × 10−4 𝑚²
4 4
Então, é possível calcular a vazão da água que adentra a caixa d’água pela
equação da continuidade:
(b) Considerando que a vazão de entrada é de 0,392 L/s e que a caixa d’água
possui 5.000 L de volume, o tempo necessário para seu enchimento total será
de:
Podemos converter essa unidade de tempo para horas e teremos uma noção
mais precisa do tempo necessário para o enchimento total:
12.755
𝑡𝐸 = = 𝟑, 𝟓𝟒 𝒉𝒐𝒓𝒂𝒔
3.600
Então, concluímos que quando estiver totalmente vazia a caixa d’água levará
cerca de três horas e meia para ficar completamente cheia.
(c) Com base na vazão de uma descarga sanitária (1,5 L/s), podemos calcular a
velocidade de escoamento no encanamento de saída durante essa ação. Mas
antes, vamos converter o diâmetro de saída da unidade de milímetros para metros
e a vazão para m³/s:
Diâmetro de saída (dS): 50 mm = 0,05 m
Vazão (QS): 1,5 L/s = 0,0015 m³/s
Agora calculamos a área da tubulação de saída considerando sua seção circular:
𝜋 × 𝑑𝑆 2 𝜋 × 0,052
𝐴𝑆 = = = 1,96 × 10−3 𝑚²
4 4
72
𝑄𝑆 = 𝑣𝑆 ∗ 𝐴𝑆
0,0015
𝑣𝑆 = = 𝟎, 𝟕𝟔 𝒎/𝒔
1,96 ∗ 10−3
3
𝑑 = 25,4 𝑚𝑚 ∗ = 19,05 𝑚𝑚
4
1
𝑑 = 25,4 𝑚𝑚 ∗ = 12,7 𝑚𝑚
2
𝑑 = 25,4 𝑚𝑚 ∗ 4 = 101,6 𝑚𝑚
Tabela 3.4: Tabela de referência para conversão de unidades métricas e imperiais para tubulações
e para utilização nos exemplos e exercícios apresentados.
Diâmetro nominal comercial
6 1/8 25 1 80 3 200 8
8 1/4 32 1¼ 90 3½ 250 10
etc. Isso se faz necessário, pois a atribuição do técnico não o permite dimensionar
e aplicar em projetos os diâmetros determinados, sendo essa a atribuição de
engenheiros e tecnólogos. Porém, com muita frequência os técnicos devem auxiliar
o desenvolvimento de projetos, contornar situações reais com problemas, atuar na
previsão de aplicações reais e ter a noção essencial de como o escoamento se
comporta em diversas situações possíveis.
O técnico deve ter em mente que essa fórmula nos permite uma boa previsão
dos diâmetros de trabalho, mas o cálculo final e a escolha dos diâmetros são
funções do engenheiro projetista.
A NBR 12.218/94 define que a velocidade mínima de escoamento nos tubos deve
ser de 0,6 m/s e a velocidade máxima de 3,5 m/s.
Considerando a equação da continuidade (Q = v * A), quanto maior a velocidade,
menor a área do tubo, por isso, iremos considerar sempre a velocidade máxima
permitida nos cálculos (3,5 m/s), pois isso resultará nos menores diâmetros
possíveis. Deve-se, também, considerar que o tubo estará sempre pressurizado, ou
seja, completamente preenchido.
Portanto, a fórmula para o cálculo do diâmetro econômico será dada a partir da
equação da continuidade que é:
𝑄 =𝑣 ∗𝐴
𝜋 ∗ 𝑑2
𝑄=𝑣 ∗
4
4∗𝑄
𝑑 = √( )
𝑣∗𝜋
4∗𝑄
𝑑𝑒𝑐𝑜 = √( ) ∗ 1.000 [3.7]
3,5 ∗ 𝜋
Onde:
Q é a vazão de água em m³/s;
3,5 é a velocidade de escoamento da água em m/s;
1.000 é o fator de conversão de metros para milímetros.
75
4∗𝑄
𝑑𝑒𝑐𝑜 = √( ) ∗ 1.000
3,5 ∗ 𝜋
4 ∗ 0,03
𝑑𝑒𝑐𝑜 = √( ) ∗ 1.000 = 𝟏𝟎𝟒, 𝟓 𝒎𝒎
3,5 ∗ 𝜋
Assim, para esse exemplo temos que deco = 104,5 mm e dcom = 125 mm (5”).
𝑄 𝑄 0,03
𝑣= = = = 𝟐, 𝟒𝟒 𝒎/𝒔
𝐴 𝜋 ∗ 𝑑𝑐𝑜𝑚 2 𝜋 ∗ 0,1252
( ) ( 4
)
4
4∗𝑄
𝑑𝑒𝑐𝑜 = √( ) ∗ 1.000
3,5 ∗ 𝜋
4 ∗ 0,001
𝑑𝑒𝑐𝑜 = √( ) ∗ 1.000 = 𝟏𝟗, 𝟏 𝒎𝒎
3,5 ∗ 𝜋
Assim, para esse exemplo temos que deco = 19,1 mm e dcom = 20 mm (3/4”).
𝑄 𝑄 0,001
𝑣= = = = 𝟑, 𝟏𝟖 𝒎/𝒔
𝐴 𝜋 ∗ 𝑑𝑐𝑜𝑚 2 𝜋 ∗ 0,022
( ) ( 4
)
4
4∗𝑄
𝑑𝑒𝑐𝑜 = √( ) ∗ 1.000
3,5 ∗ 𝜋
4 ∗ 0,2
𝑑𝑒𝑐𝑜 = √( ) ∗ 1.000 = 𝟐𝟔𝟗, 𝟕 𝒎𝒎
3,5 ∗ 𝜋
Utilizando a tabela de apoio 3.4, temos que o diâmetro comercial a ser escolhido
é de:
Assim, para esse exemplo temos que deco = 269,7 mm e dcom = 300 mm (12”).
Um tubo de 300 mm (0,3 m) transportando uma vazão de água de 200 L/s terá
velocidade real de escoamento igual a:
𝑄 𝑄 0,2
𝑣= = = = 𝟐, 𝟖𝟑 𝒎/𝒔
𝐴 𝜋 ∗ 𝑑𝑐𝑜𝑚2 𝜋 ∗ 0,32
( ) ( 4 )
4
4∗𝑄
𝑑𝑒𝑐𝑜 = √( ) ∗ 1.000
𝟏, 𝟓 ∗ 𝜋
4 ∗ 3 ∗ 10−5
𝑑𝑒𝑐𝑜 = √( ) ∗ 1.000 = 𝟓, 𝟎𝟓 𝒎𝒎
𝟏, 𝟓 ∗ 𝜋
Utilizando a tabela de apoio 3.4, temos que o diâmetro comercial a ser escolhido
é de:
Assim, para esse exemplo temos que deco = 5,05 mm e dcom = 6 mm (1/8”).
𝑄 𝑄 3 ∗ 10−5
𝑣= = = = 𝟏, 𝟎𝟔 𝒎/𝒔
𝐴 𝜋 ∗ 𝑑𝑐𝑜𝑚 2 𝜋 ∗ 0,0062
( ) ( 4
)
4
A) 0,9 L/s
QUESTÕES SOBRE USOS B) 1,9 L/s
C) 2,9 L/s
DA ÁGUA E CÁLCULOS D) 3,9 L/s
HIDRÁULICOS BÁSICOS
4. A vazão de abastecimento (Q) ou de
distribuição que será utilizada para
1. Associe corretamente os significados de abastecer esse bairro com 1.000 habitantes
q, 𝑄̅, Q, K1 e K2 será igual à:
B) 58,1 L/s
População
q
K1 K2
𝑄̅ Q C) 181,6 L/s
L/hab*dia (L/s) (L/s)
100 1,2 0,1736 0,3125 D) 210,8 L/s
A) 188,1 L/s
B) 288,5 L/s
C) 388,5 L/s
D) 488,5 L/s
A) 3,0 L/s
B) 6,0 L/s
C) 9,0 L/s
D) 12,0 L/s
A) A vazão será de 0,25 L/s e o tempo para Para as próximas questões utilize a tabela
enchimento será de aproximadamente 3.4 de referência de diâmetros comerciais
40 minutos. utilizada no capítulo em questão.
B) A vazão será de 0,25 L/s e o tempo para
enchimento será de aproximadamente 26. Um novo empreendimento irá requerer
67 minutos. uma vazão de abastecimento (Q) igual a 2,0
C) A vazão será de 0,50 L/s e o tempo para litros/segundo. Considerando que a NBR
enchimento será de aproximadamente 12.218 determina uma velocidade máxima
40 minutos. de escoamento da água em um tubo
D) A vazão será de 0,50 L/s e o tempo para pressurizado igual a 3,5 m/s, calcule o
enchimento será de aproximadamente diâmetro econômico (DECO) e comercial
67 minutos. (DCOM) existente e assinale a alternativa
correta para essa situação.
A) 0,01 m/s
B) 0,025 m/s
83
4. COAGULAÇÃO
Tratamos a água em etapas que são essencialmente iguais nos últimos 100 anos,
mas a poluição aquática evoluiu numa escala muito maior. A eficiência das estações
de tratamento melhorou, a qualidade do produto final melhorou também, contudo,
ano a ano novas substâncias químicas são desenvolvidas e lançadas nos
mananciais, não havendo ainda estudos comprobatórios sobre seus efeitos no
corpo humano e nem tecnologia prontamente disponível para sua remoção na água
a ser tratada. É praticamente impossível nos dias de hoje tratar a água a um nível
de pureza tão alto, dentro de um custo que seja acessível a maioria da população
que necessita desse recurso.
No Brasil há uma lamentável realidade onde fornecemos às populações o acesso
à água potável – em razão dos inúmeros benefícios imediatos que isso proporciona
– mas deixamos a coleta, afastamento e o tratamento de esgotos em segundo
plano, principalmente para essas mesmas comunidades que necessitam tão
irrestritamente de água potável. Esses esgotos sem tratamento caem nos
mananciais e serão captados por comunidades à jusante. No ciclo hidrológico,
podemos dizer que para as cidades que utilizam mananciais superficiais, toda água
potável foi outrora o esgoto de alguém. As captações retiram a água dos mananciais
superficiais que são os mesmos onde esgotos sem tratamento são lançados. É um
ciclo que já passou da hora de ser encerrado.
Dentro de uma ETA a água receberá produtos químicos e passará por processos
físicos que irão corrigir seu pH, ajustar sua alcalinidade, remover cor, turbidez,
gosto, odor e organismos patogênicos. Mas esses mesmos produtos e processos
são incapazes de remover substâncias potencialmente perigosas aos seres
humanos como fármacos e agrotóxicos, cabendo então aos gestores o
monitoramento da bacia hidrográfica, dos mananciais e o tratamento dos efluentes
das comunidades para evitar que essas substâncias adentrem nas estações e
sejam levadas para as pessoas em maior ou menor quantidade.
4.2. COLOIDES
A água bruta raramente apresentará turbidez e cor em valores baixos suficientes
para se enquadrar no que determina a Portaria de Consolidação nº 5 – Anexo XX,
alterada pela Portaria MS 888/2021: Valor Máximo Permitido (VMP) de 15 uH para
cor aparente e 5 uT para turbidez. Em sua composição há uma enormidade de
partículas microscópicas, mas extremamente abundantes, denominadas de
coloides.
Os coloides são partículas muito pequenas com 1 nanômetro (nm) à
1.000 nm de diâmetro médio. Devido a seu tamanho extremamente pequeno elas
se espalham facilmente por toda massa de água sendo capaz de dispersar a luz,
causando assim turbidez e contribuindo na ocorrência de cor aparente. As
partículas coloidais podem também causar gosto e odor na água. Em geral, a
enorme maioria dos coloides possui cargas elétricas negativas nas suas superfícies.
A força de repulsão entre essas cargas elétricas é o que torna os coloides de tão
fácil dispersão na água e, contrariamente, de tão difícil união para remoção.
Geralmente a água possui aspecto barrento ou arenoso, escurecimento causado
por microrganismos ou partículas coloidais. A ocorrência de cor e turbidez pode
variar dependendo da fonte natural, da formação da calha do rio, de despejos de
esgotos ao longo de seu curso e velocidade.
86
Figura 4.2: Os rios são naturalmente coloridos, cada um com sua particularidade. Toda essa
paleta de cores é causa em partes pela presença de coloides.
Figura 4.3: As partículas coloidais presentes na água são compostas por várias
substâncias e microrganismos como algas, fitoplâncton, bactérias e vírus. Dentre as substâncias
pode-se citar as argilas, ácidos húmicos, óxidos metálicos, etc.
87
Figura 4.4: Situação ilustrativa ação dos coagulantes no processo de clarificação da água.
88
Tabela 4.1: Principais coagulantes disponíveis e suas respectivas classificações. Fonte: adaptado
de Verma, et al, 2012.
Coagulantes químicos
Cloreto de polidialildimetil
amônio (poli-DADMAC)
Sulfato de alumínio
Segundo Richter (2009), o sulfato de alumínio é um ácido com caraterísticas
corrosivas. Portanto, deve-se ter muito cuidado no seu manuseio e
armazenamento. Sua fórmula química é Al2(SO4)3. Pode ser encontrado no mercado
em forma líquida ou sólida em pó ou em pedras.
Durante a sua aplicação deve-se ter um bom conhecimento acerca da
alcalinidade e do pH da água, pois o produto químico irá consumir a alcalinidade
baixando o pH do meio. Sua relação estequiométrica de consumo de alcalinidade é
de aproximadamente 1,0 mg/L de coagulante para 0,5 mg/L de alcalinidade em
CaCO3, ou seja, para cada concentração que será aplicada no tratamento da água,
o ideal é que o meio tenha, pelo menos, a metade da concentração em alcalinidade
natural ou artificial.
O pH do meio deve ser mantido entre 5 e 7, pois fora dessa faixa o produto torna-
se ineficaz e pode, inclusive, piorar as características de turbidez da água a ser
tratada.
Durante sua aplicação ocorrerão reações químicas de hidrólise que formarão
uma série de espécies polinucleares de alumínio como 𝐴𝑙6 (𝑂𝐻)15 +3
, 𝐴𝑙7 (𝑂𝐻)17
+4
, ...
𝐴𝑙13 (𝑂𝐻)34 , sendo que são essas espécies as responsáveis por desestabilizar os
+5
Aluminato de sódio
Richter (2009) descreve que o aluminato de sódio, ao contrário do sulfato de
alumínio, libera o íon OH- na água, atuando como uma base e não como um ácido,
portanto, tem como vantagem fornecer em um único produto tanto o coagulante
quanto o alcalinizante, sendo o mais indicado para águas com baixo pH e cor muito
elevada, onde a dose de sulfato de alumínio seria muito alta, inviabilizando seu uso.
89
Coagulantes férricos
Aqui destacam-se principalmente o sulfato férrico e o cloreto férrico. As fórmulas
químicas são Fe2(SO4)3 e FeCl3, respectivamente. Também podem ser encontrados
comercialmente nas formas sólidas e líquidas.
Richter (2009) descreve que os processos de hidrólise desses sais são diferentes
dos processos do sulfato de alumínio, mas os resultados são semelhantes, devendo
também ter os mesmos cuidados no manuseio e armazenamento desses produtos.
O autor também comenta que todos os coagulantes férricos são eficientes em uma
larga faixa de pH que vai de 4 a 11, sendo muito úteis para remoção de cor em
águas com baixos valores de pH e na remoção de ferro e manganês em amostras
com pH elevado.
O consumo da alcalinidade é um pouco maior do que no uso do sulfato de
alumínio. Cada 1,0 mg/L de sulfato férrico consome 0,75 mg/L de alcalinidade e
1,0 mg/L de cloreto férrico consome 0,56 mg/L de alcalinidade.
Finalmente, há também o uso do sulfato ferroso (FeSO4) que, combinado com a
cal, pode ser utilizado em processos de abrandamento da água – redução da
dureza – ou na remoção de ferro e manganês, onde ocorre a formação de um
precipitado insolúvel em pH acima de 9.
Polímeros
Os polímeros (ou polieletrólitos) são estruturas moleculares orgânicas que se
repetem numerosas vezes formando uma cadeia. Dentro dessa cadeia há muito
espaço para ocorrência de cargas elétricas tanto positivas quanto negativas, por
isso, os polímeros podem ser designados por polímeros catiônicos ou aniônicos, ou
seja, podem ter preferencialmente uma carga positiva ou negativa respectivamente.
Podem, ainda, ter carga elétrica neutra.
Sua aplicação pode ser como um auxiliar de coagulação ou mesmo como um
coagulante primário, sendo que tem a vantagem de não alterar o pH e nem a
alcalinidade da água. Richter (2009) descreve que seu uso reduz sensivelmente a
quantidade de lodo produzida em uma estação de tratamento.
Todavia, seu uso não deve ser feito de forma indiscriminada e sem um
monitoramento dos subprodutos presentes na água tratada. A acrilamida, por
exemplo, é a matéria-prima para a fabricação da poliacrilamida, que é um auxiliar
de coagulação e favorece a formação de flocos grandes e pesados. Porém, seu uso
comprovadamente pode causar efeitos adversos na saúde humana (ZILLI, et al,
2021), sendo então um parâmetro de monitoramento e controle na água tratada,
conforme a Portaria de Consolidação nº 5 – Anexo XX. O valor máximo permitido
para essa substância na água potável é de 5 µg/L, conforme consta na tabela do
anexo 9 que trata das substâncias que oferecem risco à saúde humana.
A) DESESTABILIZAÇÃO
A maioria das partículas coloidais possuem carga elétrica negativa em suas
superfícies, dessa maneira, os coagulantes em geral possuem carga positiva,
atraindo essas partículas e ligando-se fortemente a elas.
Como há uma troca de cargas elétricas e eventual neutralização, esse
mecanismo é denominado
desestabilização e é um
fenômeno químico. As
moléculas de coagulante com
carga positiva são atraídas
pelas cargas negativas das
partículas coloidais, unindo-se
a elas. Isso dará origem à
formação de flocos maiores e
mais pesados que
posteriormente poderão ser
removidos por decantação. Figura 4.5: Coloides desestabilizados por diferença de
carga elétrica do coagulante.
B) ARRASTE
Quando a união das
partículas coloidais
desestabilizadas e do
coagulante forma uma malha
razoavelmente grande, ela é
capaz de “prender” outras
partículas coloidais durante seu
movimento.
Observe que, nesse caso, a
troca de cargas elétricas é
muito pequena, pois ela já Figura 4.6: Coloide preso por arraste na malha formada
ocorreu na etapa anterior coloides já desestabilizados.
(desestabilização). Assim, o arraste é um fenômeno físico.
4.5. INTERFERENTES
Os dois principais interferentes na eficiência da coagulação são o pH e a
alcalinidade.
A maioria dos coagulantes funciona muito bem em uma faixa que varia entre 4,5
e 8,0. Valores de pH fora dessa faixa podem fazer com que o produto pare de
funcionar. Entretanto, há um segundo ponto há se considerar. a maioria dos
coagulantes também atua como um ácido, diminuindo o pH do meio à ponto de
tornar o processo totalmente ineficiente.
O ideal é que a alcalinidade do meio seja maior que 130 mg/L CaCO 3. Uma
alcalinidade elevada atuará como um tampão, impedindo o pH de baixar
drasticamente após a adição do coagulante, garantindo o funcionamento do
produto e sua eficiência. Lembrando que alcalinidade é a resistência do meio em
baixar o pH após a adição de um ácido. A figura 4.7 apresenta um gráfico com o
efeito do coagulante sobre o pH.
91
Figura 4.7: Efeito do coagulante sobre o pH da água com ou sem a adição de um alcalinizante.
Fonte: arquivo pessoal.
4.7. APLICAÇÃO
Os coagulantes requerem uma mistura muito rápida e eficaz com a água bruta
para que funcionem bem. Assim, em estações de tratamento de água é comum
lançar o produto na calha Parshall aproveitando o ressalto hidráulico que ocorre
naturalmente nesses dispositivos. As calhas Parshall são dispositivos cuja finalidade
principal é medir a vazão de água que entra ou sai de um sistema. São dispositivos
simples constituídos de uma seção convergente, uma garganta e uma seção
divergente, conforme mostra a figura 4.8.
Figura 4.9: Aplicação de coagulante sobre calha Parshall seguida do ressalto hidráulico.
Figura 4.10: Foto mostrando tubulação utilizada para lançar o coagulante antes da
passagem da água bruta pela calha Parshall.
𝑄∗𝑑
𝑞𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 = [4.1]
𝐶
Onde:
95
𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎
𝐶= [4.2]
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒
𝑄 ∗ 𝑑 1.800 ∗ 10
𝑞𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 = = = 𝟎, 𝟗 𝒎𝟑 /𝒉
𝐶 20.000
Ou seja, a bomba dosadora deve lançar 900 litros de coagulante por hora na
água bruta que será tratada.
Se dividirmos o resultado por 3,6 teremos a vazão em litros por segundo
(0,25 L/s).
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑜 𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 5 𝑚3
𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 = = = 𝟓, 𝟓 𝒉𝒐𝒓𝒂𝒔
𝑞𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 0,9 𝑚3 /ℎ
Podemos determinar agora qual deve ser a vazão da bomba dosadora(q bomba)
para alcançar a concentração ideal de trabalho do coagulante (d):
𝑄 ∗ 𝑑 1.260 ∗ 8,0
𝑞𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 = = = 𝟐, 𝟎𝟐 𝒎𝟑 /𝒉
𝐶 5.000
Ou seja, a bomba dosadora deve lançar 2,02 metros cúbicos de coagulante por
hora na água bruta que será tratada.
Se dividirmos o resultado por 3,6 teremos a vazão em litros por segundo
(0,56 L/s).
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑜 𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 10 𝑚3
𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 = = = 𝟒, 𝟗𝟓 𝒉𝒐𝒓𝒂𝒔
𝑞𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 2,02 𝑚3 /ℎ
Tabela 4.2: Efeito sobre a alcalinidade de diversos produtos químicos utilizados no tratamento da
água. Fonte: Richter, 2009.
Produz a seguinte
1 mg/L de variação na alcalinidade
em mg/L de CaCO3
Nome do produto Fórmula Acréscimo Redução
Ácido clorídrico HCl 1,37
Entendemos que o uso de sulfato de alumínio nessa concentração irá retirar 5,0
mg/L de CaCO3 da alcalinidade natural da água. Caso a concentração de trabalho
99
aumente para 50,0 mg/L de coagulante, a alcalinidade mínima na água bruta deverá
ser de:
Exemplo 4.3) Em uma ETA que trata uma vazão de 500 L/s o corretor de
alcalinidade é fabricado diluindo-se um saco de 50 kg de cal hidratada em um
tanque com 5 m³ de água.
A alcalinidade natural da água é de 20,0 mg/L e deve ser elevada para 30,0 mg/L
a fim de se usar uma dose de 60,0 mg/L de coagulante sulfato de alumínio.
Para a cal hidratada considere que cada 1,0 mg/L de solução corresponde a um
acréscimo de 1,35 mg/L de alcalinidade (fator de correção).
Calcule a vazão da bomba dosadora de alcalinizante para esse dia de trabalho.
Alcalinidade artificial que deve ser acrescentada: 30,0 – 20,0 = 10,0 mg/L
𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑜 𝑎𝑙𝑐𝑎𝑙𝑖𝑛𝑖𝑧𝑎𝑛𝑡𝑒
𝐶= ∗ 𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒çã𝑜
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 á𝑔𝑢𝑎
50.000.000 𝑚𝑔
𝐶= ∗ 1,35 = 𝟏𝟑. 𝟓𝟎𝟎 𝒎𝒈/𝑳
5.000 𝐿
𝑄 ∗ 𝑑 1.800 ∗ 10,0
𝑞𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 = = = 𝟏, 𝟑𝟑 𝒎𝟑 /𝒉
𝐶 13.500
Exemplo 4.4) Uma ETA trata uma vazão de 350 L/s de água bruta. Em
determinado dia a concentração ideal de coagulante cloreto férrico é de
40,0 mg/L e a água possui uma alcalinidade natural de 15,0 mg/L.
a) Calcule a alcalinidade mínima requerida.
b) Calcule a vazão da bomba dosadora de alcalinizante, considerando que a
alcalinidade é corrigida utilizando-se carbonato de sódio.
Considere que o alcalinizante é fabricado ao diluir-se um saco de 100 kg em 5 m³
de água.
Ajustando as unidades:
Vazão de água bruta (Q): 350 L/s (x 3,6) = 1.260 m³/h
Massa de alcalinizante: 100 kg (x 1.000.000) = 100.000.000 mg
Volume de água do tanque: 5 m³ (x 1.000) = 5.000 L
𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑜 𝑎𝑙𝑐𝑎𝑙𝑖𝑛𝑖𝑧𝑎𝑛𝑡𝑒
𝐶= ∗ 𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒çã𝑜
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 á𝑔𝑢𝑎
100.000.000 𝑚𝑔
𝐶= ∗ 0,96 = 𝟏𝟗. 𝟐𝟎𝟎 𝒎𝒈/𝑳
5.000 𝐿
Por fim, teremos que adicionar 7,4 mg/L de alcalinidade (aumentar de 15,0 mg/L
para 22,4 mg/L), portanto, a vazão da bomba dosadora será de:
𝑄 ∗ 𝑑 1.260 ∗ 7,4
𝑞𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 = = = 𝟎, 𝟒𝟗 𝒎𝟑 /𝒉
𝐶 19.200
Então, para esse exemplo, ajustando a vazão da bomba dosadora para 0,49 m³/h
(ou 0,14 L/s) iremos adicionar 7,4 mg/L de alcalinidade na água bruta, elevando
seu valor de 15,0 mg/L para 22,4,0 mg/L e tornando viável a aplicação de
40,0 mg/L de coagulante cloreto férrico sem comprometer a eficiência do
processo.
Exemplo 4.5) Em uma ETA que trata uma vazão de 1.000 L/s o corretor de
alcalinidade é fabricado diluindo-se 100 kg de cal virgem em um tanque com
10 m³ de água.
A alcalinidade natural da água é de 18,0 mg/L e será usada uma dose de
coagulante Policloreto de Alumínio (PAC) de 75,0 mg/L.
Considere que o PAC consome 0,33 mg/L de alcalinidade para cada 1,0 mg/L de
coagulante.
Para a cal virgem considere que cada 1,0 mg/L de solução corresponde a um
acréscimo de 1,79 mg/L de alcalinidade (fator de correção).
Calcule a vazão da bomba dosadora de alcalinizante para esse dia de trabalho.
𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑜 𝑎𝑙𝑐𝑎𝑙𝑖𝑛𝑖𝑧𝑎𝑛𝑡𝑒
𝐶= ∗ 𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒çã𝑜
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 á𝑔𝑢𝑎
100.000.000 𝑚𝑔
𝐶= ∗ 1,79 = 𝟏𝟕. 𝟗𝟎𝟎 𝒎𝒈/𝑳
10.000 𝐿
𝑄 ∗ 𝑑 3.600 ∗ 6,75
𝑞𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 = = = 𝟏, 𝟑𝟔 𝒎𝟑 /𝒉
𝐶 17.900
103
A) 2.000 mg/L
9. O aparelho mostrado abaixo é chamado B) 20.000 mg/L
de jar-test. Sua função principal é: C) 200.000 mg/L
D) 2.000.000 mg/L
A) 4,4 horas
B) 5,4 horas
C) 6,4 horas
D) 7,4 horas
- O coagulante é preparado
dissolvendo-se 2 sacos de sulfato de
alumínio no tanque completamente
cheio de água
A) 4.000 mg/L
O gráfico abaixo representa uma relação
B) 20.000 mg/L
entre a rotação do motor (em RPM) e a vazão
C) 40.000 mg/L
da bomba dosadora em m³/h. Por exemplo,
D) 200.000 mg/L
se a vazão do coagulante precisa ser de
4,0 m³/h, o técnico deve ajustar a rotação do
motor em 800 RPM.
15. Ao iniciar o dia de trabalho, o ensaio de
jar-test mostrou que a melhor concentração
de coagulante para tratar a água era de
5,0 mg/L. Qual deve ser a vazão da bomba
dosadora para alcançar essa concentração
do produto na água bruta?
A) 0,09 m³/h
B) 0,9 m³/h
C) 9,0 m³/h
D) 90,0 m³/h
Com base na imagem e no gráfico
mostrados, suponha uma ETA que trata o
16. Durante o dia a qualidade do rio piorou equivalente a 500 L/s de água bruta. Nesse
muito. A dose ideal de coagulante mostrada local o coagulante é fabricado com uma
em um novo ensaio de jar-test aumentou concentração (C) igual a 20.000 mg/L. Em
para 14,0 mg/L. Sendo assim, qual deve ser determinado dia a dosagem ideal de
a nova vazão da bomba dosadora para se coagulante (d) para tratar a água bruta é de
alcançar essa concentração de coagulante 33,4 mg/L. Calcule a vazão da bomba
na água bruta? dosadora e assinale a alternativa com a
rotação do motor que deve ser ajustada pelo
A) 0,10 m³/h técnico para que o coagulante alcance a
B) 0,15 m³/h concentração ideal de tratamento na água
C) 0,20 m³/h bruta.
D) 0,25 m³/h
A) 200 RPM
17. Em ETAs mais antigas, algumas bombas B) 400 RPM
dosadoras ainda não possuem um painel que C) 600 RPM
mostre a vazão que está sendo enviada. Ao D) 800 RPM
invés disso as bombas possuem um
mostrador analógico que acusa a rotação
por minuto (RPM) em que o motor está Para responder as questões a seguir
operando, conforme mostrado na imagem a consulte a tabela 4.2 desse capítulo: Efeito
seguir. Então para aumentar ou diminuir a sobre a alcalinidade de diversos produtos
vazão da bomba, o técnico deve aumentar químicos utilizados no tratamento da água.
ou diminuir respectivamente a rotação do
motor, utilizando como referência um gráfico 18. Em certo dia de operação em uma ETA a
que correlacione a rotação e a vazão dosagem ideal de coagulante cloreto férrico
[RPM x q(bomba)]. Quanto mais rápido o era de 24,0 mg/L. Logo, a alcalinidade
motor girar, maior será a vazão da bomba mínima requerida na água bruta para o
dosadora. tratamento deve ser de:
22. Considerando as respostas dadas nos 25. Ao longo do dia a qualidade do rio piorou
itens 19, 20 e 21, e que a ETA trata uma muito. Foi necessário aumentar a dose de
vazão de 200 L/s, a bomba dosadora deve coagulante para 55,0 mg/L. Em relação à
ter uma vazão de: alcalinidade necessária para o tratamento,
conclui-se que:
A) 0 m³/h, pois não é necessária a correção
da alcalinidade. A) Ainda não foi necessária a correção,
B) 0,48 m³/h pois a alcalinidade natural ainda era
C) 1,22 m³/h suficiente.
107
5. FLOCULAÇÃO
Após receber o coagulante a água bruta precisa de um tempo maior sob agitação
adequada para que o produto químico forme flocos de tamanho e densidade
adequada que possam ser removidos por decantação ou flotação posteriormente.
Essa é a finalidade da floculação: um processo para juntar as partículas coaguladas
ou desestabilizadas para formar massas maiores, ou seja, flocos grandes os
suficientes que possam ser removidos por processos físicos.
Essa etapa, também chamada de mistura lenta, pode ser realizada por meios
hidráulicos, mecânicos e/ou pneumáticos. Será necessária uma agitação
constante, assim como na etapa de coagulação, com a diferença que a energia
aplicada aqui será muito menor.
Para que as partículas
coaguladas se encontrem
dentro da massa de água é
necessário que estejam em
movimento, por isso a
floculação sempre dependerá
da agitação da água.
À medida em que as
partículas se chocam umas
contra as outras os flocos vão
Figura 5.1: A imagem acima mostra o aumento do diâmetro
se agregando e aumentando
das partículas presentes no meio. O coloide sozinho é de tamanho e massa. Porém,
microscópico e de difícil remoção, mas quando se une ao quando os flocos se tornam
coagulante torna-se grande, massivo e de remoção mais muito grandes o risco de se
fácil. A etapa da floculação busca unir os coloides para quebrarem e voltarem a ter
formar esses flocos.
tamanhos pequenos também
aumenta, por isso, no processo de floculação a velocidade de agitação é diminuída
gradualmente ao longo do tempo para evitar essa quebra dos flocos.
O tempo de detenção hidráulico (TDH) nessa operação costuma ser entre 30 a
40 minutos, entretanto, há locais que trabalham com tempos entre 20 e 30 minutos.
Sempre que possível deve-se realizar um estudo no local de tratamento para
verificar o melhor TDH.
A velocidade de agitação pode ser determinada através de gradientes de
velocidade. Esses gradientes envolvem diversos parâmetros como a temperatura
da água, sua viscosidade dinâmica, a vazão e, principalmente, o tipo de floculador
aplicado. Por essa razão, a determinação das velocidades é função do projetista,
cabendo ao técnico o conhecimento dessa etapa e os principais tipos de
floculadores aplicados, suas características operacionais e construtivas.
• Floculadores mecânicos.
Figura 5.6: Ilustração de um floculador mecanizado de eixo horizontal. Fonte: arquivo pessoal.
- Tempo de detenção hidráulico: tempos muito curtos não são suficientes para o
crescimento adequado dos flocos.
Embora haja literatura disponível com as condições ideais de floculação, o
técnico deve ter em mente que é sempre interessante a realização de ensaios
laboratoriais para otimizar o processo utilizando amostras e condições operacionais
mais próximas à realidade do local onde a água será tratada.
113
A) 10 m³
8. A qualidade da floculação está B) 20 m³
relacionada à fatores críticos que são a C) 30 m³
velocidade de agitação e o tempo de D) 40 m³
detenção hidráulico (TDH). Assinale a única
alternativa que contém uma afirmativa 10. Com base no volume calculado na
FALSA sobre esses fatores críticos. resposta anterior, calcule a altura H mínima
do floculador e assinale a alternativa correta:
A) Velocidades de agitação muito lentas
(abaixo das recomendadas) não A) 2,50 m
fornecem energia suficiente para B) 3,33 m
aglutinar os flocos. C) 4,10 m
D) 4,50 m
115
6. DECANTAÇÃO
O fundo desses tanques é inclinado e há uma canaleta central (ou mais de uma)
onde o material sedimentado se deposita e é removido. A partir desse momento
esse material sedimentado passa a ser chamado de lodo. A remoção do lodo ocorre
de forma hidráulica ou mecânica. Os flocos que eventualmente conseguirem sair
do decantador serão removidos posteriormente na filtração.
6.1. DIMENSIONAMENTO
Embora o tempo de detenção hidráulico (TDH) seja muito importante nesses
dispositivos, assim como a velocidade de escoamento, os dispositivos são
dimensionados em razão da taxa de escoamento superficial.
Essa taxa nos diz qual deve ser a vazão máxima e diária capaz de ser aplicada a
esses dispositivos em razão da sua área superficial. Por isso sua unidade é
o m³/m² * dia. A partir desse valor o projetista irá dimensionar os outros parâmetros
necessários como a relação comprimento/largura e profundidade, ajustando o
sistema para as melhores velocidades de escoamento e TDH possíveis. A tabela
6.1 mostra valores usuais das taxas de escoamento superficial em razão das
características empregadas nos decantadores.
Utilizando a última linha como exemplo, para cada metro quadrado de área
superficial do decantador, poderão ser tratados de 40 a 60 m³ de água por dia. A
partir desses valores o projetista dimensiona a unidade conforme os outros
parâmetros necessários como TDH e velocidade de escoamento.
Exemplo 6.1) Calcule uma estimativa da área superficial para um decantador que
irá tratar uma vazão de 100 L/s. Considere que a taxa de escoamento superficial
a ser aplicada é de 40 m³/m² * dia.
Em seguida, determine as dimensões de comprimento e largura, considerando
que o decantador terá uma razão de comprimento : largura igual a 2 : 1.
Para uma vazão instantânea de 100 L/s teremos uma vazão diária equivalente de
8.640 m³/dia.
𝑥 ∗ 2𝑥 = 216
2𝑥 2 = 216
216
𝑥2 =
2
𝑥 = √108 = 𝟏𝟎, 𝟒 𝒎
Portanto, o decantador terá uma área superficial de 216 m² e seus lados terão
10,4 m por 20,8 m. Com base nesses valores seria possível determinar a
profundidade do decantador em função das velocidades longitudinais desejadas
através da equação da continuidade.
Figura 6.4: Comparativo entre decantadores de seção retangular e circular. Fonte: Carlos
Mello – UFOP.
Figura 6.6: Esquema de decantador vertical de canais sobrepostos. Fonte: arquivo pessoal.
Figura 6.9: Fotos de módulos tubulares instalados em decantadores. Fonte: Carlos Mello –
UFOP.
122
Figura 6.14: Detalhes das inclinações existentes no fundo dos decantadores para remoção
hidráulica do lodo. Fonte: Carlos Mello – UFOP.
Figura 6.16: Pátio de secagem de loto Figura 6.17: Bag para desaguar o lodo de ETA. Fonte:
de ETA. Fonte: blog Qualidade Online. site Portal Tratamento de Água.
QUESTÕES SOBRE
DECANTAÇÃO
A) 240 m²
126
A) 1 – IV / 2 – III / 3 – II / 4 – I.
B) 1 – II / 2 – IV / 3 – I / 4 – III. 12. Sobre o lodo gerado dentro dos
C) 1 – I / 2 – II / 3 – IV / 4 – III. decantadores, assinale a alternativa FALSA:
D) 1 – III / 2 – IV / 3 – II / 4 – I.
127
7. FILTRAÇÃO
Figura 7.3: Fluxograma dos processos de filtração convencional, direta e em linha. Fonte:
arquivo pessoal.
Figura 7.5: Representação das classificações dos filtros em razão da quantidade de meios
filtrantes. Fonte: arquivo pessoal.
Figura 7.7: Na imagem vemos os mecanismos de filtração atuando. (1) retenção: a partícula
fica, de fato, aprisionada por ter um tamanho maior que o poro. (2) sedimentação: a partícula se
deposita sobre a superfície do grão e ali permanece. (3) interceptação: a partícula entra em
contato com o grão, perdendo sua velocidade e se depositando dentro do poro. (4) impacto
inercial: a partícula se choca contra o grão por não conseguir acompanhar o escoamento da
água. (5) difusão: partículas muito pequenas fluem de uma região mais concentrada para outra
menor concentração e ali se aprisionam. Fonte: arquivo pessoal.
Nos filtros rápidos a entrada da água bruta oriunda dos decantadores é feita por
um canal ou um tubo na superfície que pode operar livre ou afogado.
Abaixo da entrada há uma ou mais calhas que têm a finalidade de recolher a
água da retrolavagem. Essa mesma calha pode também servir para entrada da
água bruta. Logo abaixo da calha coletora podem haver canaletas de aspersão de
água para lavagem superficial.
Em seguida temos, então, o meio filtrante: carvão antracito, areia e pedregulhos,
podendo variar de acordo com o projeto da estação. Todo esse meio filtrante é
sustentado por um fundo que, inclusive, pode ter várias conformações como
veremos a diante.
No final do filtro há um fundo falso que coleta a água filtrada e também serve
como distribuidor de água para a retrolavagem e para a injeção de ar comprimido
(se existir). Esse fundo falso estará conectado a um vertedor exclusivo para cada
unidade filtrante, ou estará interligado a um canal que coleta a água de todas as
unidades simultaneamente. Podemos ver todos esses mecanismos na figura 7.8.
Figura 7.8: Elementos constituintes de uma unidade de filtração. Fonte: site Petranova
Saneamento e Construções.
Figura 7.9: Sistema com drenos de fundo e tubulações perfuradas. Fonte: arquivo pessoal.
137
Figura 7.12: Fundo Wheeler com esferas de porcelana. Fonte: arquivo pessoal.
138
A maior parte dos problemas que ocorrem com os filtros está relacionada com a
manutenção do leito filtrante.
Segundo Richter (2009) pode-se dizer que um filtro é tão bom quanto o é a sua
lavagem. Se a lavagem não for adequada permanece aderida aos grãos uma
película de flocos ou de impurezas. Essa película ocasiona um aumento na perda
de carga do sistema, comprimindo ainda mais os grãos e ocasionando fendas e
gretas no meio filtrante.
Nos filtros rápidos a limpeza é realizada por uma lavagem superficial seguida de
retrolavagem. Geralmente esses procedimentos não demoram mais do que 10
minutos.
Primeiramente fecha-se a entrada de água bruta, abre-se a saída de água de
lavagem e inicia-se a limpeza superficial (se houver). A lavagem superficial é
realizada por um sistema de aspersão de água em alta pressão. Esse sistema
“varre” a superfície do filtro durante 2 a 3 minutos.
Em sequência inicia-se o fluxo contracorrente de água ou ar + água. Por princípio
de vasos comunicantes, a água que vem das outras unidades filtrantes entra por
baixo da unidade que está sendo lavada, criando um fluxo em contracorrente. O
fluxo contracorrente fluidiza o meio filtrante, pois o vertedor de saída dos filtros está
numa altura intermediária entre as calhas coletoras de lavagem e a entrada de água
139
bruta. Os grãos circulam por todo o filtro e o atrito entre as partículas faz com que
a película de sujeira vá se soltando e sendo carregada junto à água. O fluxo de água
é acompanhado pelo operador, pois caso seja muito rápido pode carrear junto das
impurezas parte do material filtrante. Caso os fluxos se invertam de forma abrupta,
pode ocorrer a ruptura do fundo. Essa água contendo as sujidades é então recolhida
por calhas na superfície dos filtros.
Ao encerrar o fluxo contracorrente, cada elemento filtrante voltará para o seu
devido lugar em função das diferentes densidades dos materiais e o filtro estará
pronto para iniciar o processo novamente. A figura 7.14 mostra de forma
exemplificada como é feito todo esse processo.
Figura 7.14: A diferença de nível dos reservatórios 1 e 2 faz a água fluir pelo princípio dos vasos
comunicantes em contracorrente no filtro 3 que está sendo lavado. No filtro 3 água sai através
da calha que, na situação mostrada, também serve como entrada. A ou F significam a posição
dos registros como abertos ou fechados. Fonte: arquivo pessoal.
Como desvantagens:
141
peneirada como meio filtrante. Nesse tipo de filtro a limpeza é feita em com água
em contracorrente e o efluente final tem excelentes resultados quanto a remoção
de cor, turbidez e microrganismos.
São os preferidos nas estações de tratamento de água, pois conseguem filtrar
enormes quantidades de água e ocupam espaços bem menores em comparação
aos filtros lentos. Contudo, o preço cobrado por esse tipo de tecnologia envolve
uma automação maior (painel elétrico, comportas, registros, tubulações, etc.), um
intervalo menor de limpeza e um consumo maior de água processada para realizar
a sua limpeza.
A tabela 7.1 faz um comparativo entre os principais itens que compõem os filtros
rápidos e os filtros lentos. A figura 7.17 nos mostra a representação de um filtro
rápido.
Tabela 7.1: Comparação entre filtros lentos e filtros rápidos. Fonte: Richter, 2009.
Item Filtros Lentos Filtros Rápidos
Taxa de filtração 1 a 7,5 m³/m² * dia 120 a 480 m³/m² * dia
0,3 a 0,6 m de pedregulho
0,3 m pedregulho
Profundidade do leito 0,6 a 0,8 m de areia
1,0 a 1,5 m de areia
0,1 a 0,15 m de antracito
Tamanho efetivo dos grãos 0,15 a 0,35 mm 0,45 mm a maior
Distribuição dos grãos Não estratificado Estratificado
Intervalo entre limpezas 20 a 60 dias 1 a 4 dias
Penetração do material
Superficial Profunda
suspenso
Raspagem superficial e Lavagem com água e ar em
Método de limpeza
lavagem da areia contracorrente
Quantidade de água produzida
0,2% a 0,6% 1% a 6%
utilizada para limpeza do filtro
Pré-tratamento Dispensa Geralmente tradicional
A) Filtração convencional.
B) Filtração em linha.
C) Filtração direta.
D) Osmose reversa.
filtrantes, analise as sentenças e assinale 15. Os filtros rápidos devem ser lavados com
como verdadeira (V) ou falsa (F) frequência. Das situações abaixo que
implicam na limpeza do filtro, assinale uma
Afirmativa V ou F alternativa FALSA:
Em relação à esfericidade de
uma partícula, quanto menos A) Atingir o limite de turbidez na água
( ) tratada.
esférica for a partícula, maior a
porosidade do meio. B) Apresentar baixa perda de carga.
Devido à grande variedade no C) Apresentar redução na eficiência da
tamanho dos grãos, o tamanho remoção de microrganismos.
efetivo é determinado pelo D) Atingir o limite de tempo.
( )
diâmetro médio onde se
encontra 10% de toda a massa
do material granular. 16. Na Portaria de Consolidação nº 5 –
Quimicamente, o meio filtrante Anexo XX, os processos de filtração
( ) possuem limites máximos permitidos para
deve ser sempre inerte.
O ideal é que os materiais do turbidez, descritos na tabela do Anexo 2.
meio filtrante tenham Para os filtros rápidos, esse limite é de:
densidades próximas, pois isso (....)
facilita o processo de A) 0,5 uT em 95% das amostras e 1,0 uT
retrolavagem. no restante das amostras coletadas.
B) 0,1 uT em 99% das amostras.
C) 1,0uT em 95% das amostras e 2,0 uT no
14. A figura abaixo mostra uma camada restante das amostras coletadas.
suporte que tem como característica a D) 1,0 uT em 95% das amostras e 5,0 uT
fabricação com canais sobrepostos que no restante das amostras coletadas.
podem transportar a água filtrada e a água
de limpeza.
17. Uma boa eficiência nos filtros rápidos
permite evitar a realização de uma série de
monitoramentos microbiológicos descritos
no artigo 29 da Portaria de Consolidação nº
5 – Anexo XX como, por exemplo, coliformes
fecais e (oo)cistos na água bruta, e
eficiência de remoção de esporos de
bactérias aeróbias. Mas, para que isso seja
Fonte: site Petranova possível, segundo o parágrafo 11 desse
artigo, a turbidez máxima permitida e obtida
O nome dado a esse tipo de camada suporte de forma sistemática deve ser de:
é:
A) 0,1 uT
A) Fundo falso com bocais. B) 0,2 uT
B) Fundo falso com vigas em V invertidas. C) 0,3 uT
C) Fundo Wheeler. D) 0,4 uT
D) Fundo Leopold.
146
8. DESINFECÇÃO E PÓS-DESINFECÇÃO
VÍRUS
- São organismos constituídos apenas de material genético envolvido por
uma camada de proteína.
- São menores que as bactérias (medem menos de 0,2 µm).
- Se reproduzem somente no interior de uma célula hospedeira, podendo
manipulá-la para essa finalidade.
- Devido ao seu pequeno tamanho, comportamento e baixa concentração,
são de difícil detecção em amostras de água.
- Algumas espécies são muito resistentes aos processos de desinfecção.
- Dentre as principais doenças causadas por vírus em água podemos citar
a hepatite A.
Figura 8.2: Diversos vírus presentes na água podem causar mal aos seres humanos
como: Hepatitis A, Reovirus, Calcivirus, Enterovirus, Adenovirus, Poliovirus, etc. Fonte:
site Escola Kids – UOL.
147
ALGAS
- São organismos fotossintetizantes, clorofiladas e podem ser uni ou
pluricelulares.
- Apesar de se parecerem com plantas, não possuem caule, folha ou raízes,
sendo seres muito mais simples que as plantas.
- São importantes na oxigenação dos corpos aquáticos e remoção de
nutrientes em efluentes.
- Na água de abastecimento são consideradas um transtorno, pois causam
gosto e odor, diminuem os ciclos de limpeza de filtros e aumentam a cor
aparente da água.
Figura 8.3: Algas unicelulares (esquerda) e pluricelulares (direita). Muito importantes nos
processos de oxigenação e autodepuração da água, porém, na água de abastecimento é um
problema por causarem gosto, cor e formação de limo nas tubulações e dispositivos de
tratamento. Fonte: site Toda Matéria e Irrigazine.
PROTOZOÁRIOS
- São organismos heterotróficos (não produzem seu próprio alimento),
geralmente unicelulares e móveis.
- Também são muito importantes na autodepuração de corpos aquáticos.
- Alguns são patogênicos e de difícil remoção pelos métodos tradicionais
de desinfecção, exigindo seu monitoramento concomitantemente com os
coliformes.
- Podem formar cistos que são muito resistentes no ambiente por longos
períodos.
- A forma mais efetiva de remoção desses microrganismos geralmente é a
filtração.
- Dentre as doenças causadas por protozoários podemos citar a amebíase
(Entamoeba histolytica) e a giardíase (Criptosporidium parvum e Giardia
lamblia).
148
VERMES
- Organismos de tamanho maior que protozoários, vivendo no fundo de rios
ou lagos, ou no trato digestivo de diversos seres vivos.
- Por serem visíveis a olho nu, causam muita repugnância caso estejam
presentes em amostras de água.
- Dentre as doenças mais comuns causadas por esses organismos na água
podemos citar a ascaridíase (Ascaris lumbricoides) e a esquistossomose
(Schistosoma mansoni).
Figura 8.5: A ascaridíase e a esquistossomose são doenças causadas por vermes e que tem
relação direta com a água contaminada. Fonte: Site IBAP Cursos e Keilla Freitas.
BACTÉRIAS
- - São organismos unicelulares, classificados geralmente pela sua forma.
- - Variam de tamanho (entre 0,2 a 1,5 µm).
- - A maior parte é inofensiva, mas algumas são patogênicas.
- - São importantes para o tratamento de efluentes e autodepuração de
corpos aquáticos.
- - Dentre as doenças transmitidas por bactérias podemos destacar: febre
tifoide (Salmonella typhi), febre paratifoide (Salmonella paratyphi),
disenteria bacilar (Shigella), cólera (Vibrio cholerae), leptospirose
(Leptospira icterohaemorrahgia) e legionelose (Legionella).
- - O grupo coliforme é o mais importante indicador da qualidade da água,
pois sua presença pode estar associada com a contaminação fecal.
149
Figura 8.6: O grupo coliforme consiste no principal indicador da qualidade da água, uma vez
que está sempre presente no trato intestinal de todo animal de sangue quente, sobrevive por
períodos longos fora do corpo humano, suporta maiores temperaturas e é facilmente detectável.
Fonte: Carlos Fioravanti – Revista FAPESP.
Figura 8.7: Padrão bacteriológico da água potável conforme Anexo 1 da PC5 – Anexo XX. A
desinfecção total da água em toda a rede de abastecimento é uma tarefa complexa e, por vezes,
difícil de ser alcançada. Por essa razão a PC5 – Anexo XX prevê a possibilidade de ocorrência de
coliformes totais na água potável após sua distribuição. Entretanto, a presença de E.coli
(coliformes fecais) não é permitida em nenhuma hipótese.
8.3. CLORAÇÃO
A forma mais comum de desinfecção da água é a cloração. O cloro está
facilmente disponível nas formas sólida (hipoclorito de cálcio), líquida (hipoclorito de
sódio) e gasosa (cloro gasoso – Cl2). A literatura descreve uma série de vantagens
e desvantagens na utilização do cloro, como:
- Elimina a maior parte dos organismos patogênicos.
- Deixa um residual na água.
- É seguro para consumo (dentro das concentrações estipuladas).
- É barato.
- É simples de se aplicar e a forma gasosa é altamente solúvel em água.
Os pontos negativos da sua utilização são:
- É um gás altamente venenoso e corrosivo (quando úmido).
- Requer um rigoroso sistema de segurança e proteção nas instalações que
o utilizam.
- Em concentrações não letais é irritante para os olhos, membranas nasais
e trato respiratório.
- Pode causar gosto e odor na água.
- Seu uso incorreto pode causar a formação de trihalometanos (THM).
Figura 8.11: O cloro gasoso é fornecido em cilindros de aço na cor laranja em diversos
volumes possíveis.
Figura 8.13: Após ligar-se a um radical nitrogenado, o cloro tem seu poder desinfetante
reduzido. Esse é chamado de cloro combinado, ou cloramina, e tem um forte odor de cloro.
Para simplificar, na imagem foi utilizado um átomo de nitrogênio, mas no lugar poderia ser um
radical orgânico ou inorgânico com diversos graus de complexidade. Fonte: site Food Safety
Brazil.
consumo. Nessa mesma tabela do Anexo 9 também irá constar o valor das
cloraminas total como 4,0 mg/L, válido para estações que façam o uso do cloro
combinado. A figura 8.14 resume os principais valores descritos para os tipos de
cloro utilizados na desinfecção da água.
Figura 8.15: No início dos processos com cloração da água foi observada uma demanda inicial
de cloro em águas naturais, mas foi também observado que com dosagens crescentes de cloro
a concentração de cloro residual aumentava até um patamar (1 a 2) e começava a cair até um
valor mínimo para novamente voltar a crescer (2 a 3).
158
Figura 8.16: Fotos de tanques de contato. Tanques de ETAs são totalmente fechados, enquanto
que tanques de ETEs não têm essa necessidade.
8.4. PÓS-DESINFECÇÃO
Após a desinfecção da água ela se tornará potável. Há, no entanto, a aplicação
de outros produtos químicos para melhorar ainda mais sua qualidade como a
aplicação de flúor e uma nova correção do pH.
Fluoretação: consiste na utilização de flúor em águas de abastecimento para
melhorar a manutenção bucal da população. Estima-se que a cada 1 dólar gasto
em processos de fluoretação são economizados 80 dólares em custos
odontológicos. Entretanto, o flúor também tem um limite máximo para sua utilização,
acima do qual ele pode se tornar prejudicial. É utilizado nas formas de Fluoreto de
sódio (NaF), Fluoreto de cálcio (CaF2), Fluossilicato de sódio (Na2SiF2) e ácido
fluossilícico (H2SiF6).
Algumas fontes naturais contêm flúor naturalmente acima do valor máximo
permitido para a água potável. Nesse caso, então, realiza-se um processo que
busque diminuir o teor de flúor na água, denominado desfluoretação.
Correção do pH: nessa etapa busca, principalmente, prevenir a corrosão do
sistema de abastecimento. Aplica-se novamente o alcalinizante para remover o gás
carbônico e formar uma película de carbonato na superfície das tubulações. Pode-
se determinar se a água é corrosiva ou incrustante através do Índice de Langelier
(I.L.) que é calculado a partir do pH e da alcalinidade da água tratada. O ideal é que
esse índice aponte que a água tenha o mínimo de característica incrustante para
formar a película protetora de carbonato nas tubulações.
Figura 8.17: Gráfico da relação entre porcentagem de remoção e eficiência de remoção. Fonte:
arquivo pessoal.
𝑁𝑖
𝐸𝑅 = 𝑙𝑜𝑔 ( ) [8.1]
𝑁𝑓
Onde:
ER: eficiência de remoção em x log.
162
1
𝑃𝑅 = (1 − ) ∗ 100 [8.2]
10𝐸𝑅
1
𝑃𝑅 = (1 − ) ∗ 100
10𝐸𝑅
1
𝑃𝑅 = (1 − ) ∗ 100
102,5
Exemplo 8.2) Segundo a PC5 – Anexo XX, Art. 30, § 4º: No caso da desinfecção
por radiação UV, deve ser observada a dose mínima de 2,1 mJ/cm² para 1,0 log
(90%) de inativação de cistos de Giardia ssp. Prove que 1,0 log é equivalente a
90% de remoção/inativação.
1
𝑃𝑅 = (1 − ) ∗ 100
10𝐸𝑅
1
𝑃𝑅 = (1 − ) ∗ 100
101,0
do produto esse valor foi reduzido para 50 indivíduos por 1 mL. Calcule a
eficiência de remoção/inativação (ER) e a porcentagem de remoção/inativação
(PR).
No tempo inicial a população era de 10.500 indivíduos/mL e no final esse valor foi
de 50 indivíduos/mL. Portanto:
𝑁𝑖
𝐸𝑅 = 𝑙𝑜𝑔 ( )
𝑁𝑓
10.500
𝐸𝑅 = 𝑙𝑜𝑔 ( )
50
𝐸𝑅 = 𝟐, 𝟑𝟐 𝒍𝒐𝒈
1
𝑃𝑅 = (1 − ) ∗ 100
10𝐸𝑅
1
𝑃𝑅 = (1 − ) ∗ 100
102,32
1
𝑃𝑅 = (1 − ) ∗ 100
10𝐸𝑅
1
99,9 = (1 − ) ∗ 100
10𝐸𝑅
99,9 1
= (1 − 𝐸𝑅 )
100 10
1
0,999 − 1 = (− )
10𝐸𝑅
1
−0,001 = (− )
10𝐸𝑅
164
1
10𝐸𝑅 = (− )
−0,001
10𝐸𝑅 = 1.000
𝑬𝑹 = 𝟑 𝒍𝒐𝒈
10. O cloro residual total é dado pela soma Utilize a imagem do gráfico a seguir para
das parcelas de: responder as questões 14 e 15.
A) Cloro combinado.
B) Cloro livre.
C) Íon hipoclorito 14. A cloração ao break-point ocorre nas
D) Íon cloreto. situações onde:
OBJETOS DE ESTUDO
Vamos dividir o estudo da PC5 – Anexo XX da seguinte forma:
- Interpretação das definições mais importantes na área dos cursos
técnicos;
- Interpretação das seções;
- Interpretação dos padrões e outras informações relevantes existentes no
corpo do texto;
- Interpretação dos anexos.
169
Não se deve confundir o teor de cloro residual livre exigido para carros-pipa com
o teor exigido para as redes de abastecimento de SAA e outros SAC que possuem
valores diferentes. .
Art. 32. É obrigatória a manutenção de, no mínimo, 0,2 mg/L de cloro residual
livre ou 2 mg/L de cloro residual combinado ou de 0,2 mg/L de dióxido de cloro em
toda a extensão do sistema de distribuição (reservatório e rede) e nos pontos de
consumo.
Para cada tipo de cloro aplicado (cloro residual livre, combinado ou dióxido de
cloro) há um valor mínimo de residual a ser aplicado. Para o cloro residual livre e
dióxido de cloro, o residual
mínimo é de 0,2 mg/L,
enquanto que para o cloro
combinado esse valor é
dez vezes maior: 2,0 mg/L.
De todos os parâmetros
descritos na PC5 – Anexo
XX, o cloro residual é o
único que possui um valor
mínimo e um valor máximo
permitido. Os outros
parâmetros somente
possuirão um valor
máximo. Cabe aqui
Figura 9.1: Gráfico com os valores mínimos e máximos para o
apresentar novamente o
cloro utilizado na desinfecção da água, segundo a PC5 – Anexo
XX. Com exceção dos caminhões-pipa, todos os outros valores gráfico mostrado no
referem-se a qualquer ponto da rede de abastecimento. capítulo anterior:
172
O artigo 33 diz que mesmo que seja usada outra forma de desinfecção como o
ozônio ou a radiação ultravioleta, deve-se adicionar cloro ou dióxido de cloro para
manter o teor residual mínimo exigido.
O artigo 37 também traz um texto totalmente novo sobre a potabilidade da água
do ponto de vista radiológico. Antes esses dados constavam apenas na tabela do
anexo 9 e agora possui todo um novo texto e recomendações mais bem detalhadas
sobre como proceder caso os padrões de radioatividade sejam extrapolados.
O artigo 38 permite que as concentrações de ferro e manganês na água potável
sejam superiores aos VMPs expressos no anexo 11 que trata dos padrões
organolépticos. Essa condição é possível desde que essas substâncias estejam
complexadas com produtos químicos que comprovadamente não ofereçam riscos
à saúde, como é o caso do ortopolifosfato de sódio. Sob essa condição, o VMP do
elemento ferro aumenta de 0,3 mg/L para 2,4 mg/L e para o elemento manganês
aumenta de 0,1 mg/L para 0,4 mg/L.
Uma informação importante que ao novo texto trouxe consta no artigo 39:
Art. 39. A soma das razões das concentrações de nitrito e nitrato e seus
respectivos VMPs, estabelecidos no Anexo 9, não deve exceder 1.
§ 1º O critério definido no caput deste artigo é expresso pela seguinte inequação:
(Concentração nitrato/VMP nitrato)+(Concentração nitrito/VMP nitrito) ≤1.
No anexo 9 que trata das substâncias que causam risco à saúde, o nitrato terá
um VMP de 10 mg/L e o nitrito 1,0 mg/L. Porém, a soma dessas das razões dessas
duas espécies presentes não pode ser maior do que 1,0 mg/L. Isso é importante
ressaltar, pois essas formas estão o tempo todo sendo consumidas e produzidas
em reações químicas, mudando suas concentrações rapidamente. Dessa forma,
medindo-se a razão entre elas e limitando esse valor à 1 mg/L é provável que se
torne mais fácil e simples o cumprimento desse parâmetro.
O artigo 39 do antigo texto foi totalmente suprimido pela Portaria 888 e não
consta mais no novo texto. Ele trazia recomendações importantes quanto ao pH
que devia ser mantido na rede de distribuição e o teor máximo de cloro residual
livre.
Art. 39. A água potável deve estar em conformidade com o padrão organoléptico de
potabilidade expresso no Anexo X a esta Portaria.
§ 1º Recomenda-se que, no sistema de distribuição, o pH da água seja mantido na faixa
de 6,0 a 9,5.
§ 2º Recomenda-se que o teor máximo de cloro residual livre em qualquer ponto do
sistema de abastecimento seja de 2 mg/L.
Art. 42. Os responsáveis por SAA e SAC devem analisar pelo menos uma amostra
semestral da água bruta em cada ponto de captação com vistas a uma gestão preventiva
de risco.
§ 1º Nos Sistemas e soluções alternativas coletivas de abastecimento de água para
consumo humano, supridos por manancial superficial devem realizar análise dos
parâmetros Demanda Química de Oxigênio (DQO), Demanda Bioquímica de Oxigênio
(DBO), Oxigênio Dissolvido (OD), Turbidez, Cor Verdadeira, pH, Fósforo Total, Nitrogênio
Amoniacal Total e dos parâmetros inorgânicos, orgânicos e agrotóxicos, exigidos neste
Anexo.
§ 2º Sistemas e soluções alternativas coletivas de abastecimento de água para consumo
humano, supridos por manancial subterrâneo devem realizar análise dos parâmetros
Turbidez, Cor Verdadeira, pH, Fósforo Total, Nitrogênio Amoniacal Total, condutividade
elétrica e dos parâmetros inorgânicos, orgânicos e agrotóxicos, exigidos neste Anexo.
Figura 9.2: Tabela de padrões bacteriológicos – Anexo 1. Fonte: PC5 – Anexo XX.
Figura 9.3: Tabela de padrões de turbidez para água pós-desinfecção ou pós-filtração – Anexo
2. Fonte: PC5 – Anexo XX.
Notem que há um valor máximo aceitável para amostras que não alcançam o
VMP estabelecido (entre 95% e 99%). Para as amostras que não se enquadrarem
dentro desse percentual o VMP também não pode ser extrapolado indefinidamente,
pois isso comprovaria um péssimo desempenho dos processos de filtração e
desinfecção. Assim, há um limite máximo de turbidez para amostras que não
alcançam o VMP.
Figura 9.4: Recorte de parte da tabela de tempo de contato mínimo – Anexo 3. Fonte: PC5 –
Anexo XX.
176
Figura 9.5: Trechos da tabela de padrão de potabilidade para substâncias químicas que
apresentam risco à saúde – Anexo 9. Fonte: PC5 – Anexo XX.
Figura 9.6: Tabela de padrão de cianotoxinas – Anexo 10. Fonte: PC5 – Anexo XX.
177
Figura 9.7: Tabela de padrão organoléptico – Anexo 11. Fonte: PC5 – Anexo XX.
Figura 9.9: Tabela de número mínimo de amostras e frequência de amostragem para SAA –
Anexo 13. Fonte: PC5 – Anexo XX.
Figura 9.10: Tabela do número mínimo de amostras mensais para o controle da qualidade da
água – Anexo 14. Fonte: PC5 – Anexo XX.
Figura 9.11: Tabela do número mínimo de amostras e frequência de amostragem para SAC –
Anexo 15. Fonte: PC5 – Anexo XX.
180
qualidade da água bruta está se 10. Segundo a PC5 – Anexo XX, alterado
deteriorando, parâmetro que pode ser pela Portaria MS 888 de 4 de maio de 2021,
verificado a partir da contagem de o pH recomendado na rede de
Escherichia coli. Caso os resultados não abastecimento deve ser de:
sejam positivos, procede-se ao
monitoramento de (oo)cistos na água bruta. A) 6,0 a 9,5.
A figura abaixo mostra a sequência de B) 5,5 a 9,0.
ensaios: C) 7,0 a 10,0.
D) O novo texto não traz mais a
recomendação de valores de pH na
rede de abastecimento.
A) 0,3 uT
B) 3,0 uT. 12. O artigo 39, parágrafo 1º da PC5 –
C) 30 uT Anexo XX, alterado pela Portaria MS
D) 300 uT 888/2021 define que os teores de nitrato e
nitrito devem cumprir o que se pede no
anexo 9, que estabelece um VMP de 10,0
9. O artigo 32 da PC5 – Anexo XX mg/L para o nitrato e 1 mg/L para o nitrito,
estabelece as concentrações mínimas de além de cumprir o proposto pela inequação
cloro residual no sistema de distribuição de descrita abaixo:
água, incluindo reservatórios, redes e
pontos de consumo. Respeitando a seguinte [𝑁𝑖𝑡𝑟𝑎𝑡𝑜] [𝑁𝑖𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜]
+ ≤1
ordem: cloro residual livre, cloro residual 𝑉𝑀𝑃𝑁𝑖𝑡𝑟𝑎𝑡𝑜 𝑉𝑀𝑃𝑁𝑖𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜
combinado e dióxido de cloro, os teores
mínimos de cloro residual mencionados pelo Um ensaio na água potável mostrou que as
artigo 32 devem ser respectivamente de: concentrações de nitrato e nitrito eram de,
respectivamente, 2 mg/L e 0,9 mg/L.
A) 0,2 mg/L, 2,0 mg/L e 0,2 mg/L. Conforme estabelecido pelo anexo, essa
B) 0,5 mg/L, 2,0 mg/L e 0,2 mg/L. amostra está cumprindo o que pede a
C) 0,5 mg/L, 0,2 mg/L e 2,0 mg/L. legislação?
D) 0,2 mg/L, 4,0 mg/L e 5,0 mg/L.
182
Materiais:
- Equipamento de jar-test;
- Espectrofotômetro selecionado com a análise de cor ou colorímetro;
- Turbidímetro;
- pHmetro;
- Proveta (2 L);
- Pipeta graduada (10 mL ou 25 mL).
Reagentes:
- Solução de sulfato de alumínio (0,1% a 1%);
- Solução de cal hidratada (0,1% a 1%) ou solução de hidróxido de sódio
(0,1% a 1%).
Tabela de Apoio:
A tabela A1.1 a seguir apresenta uma estimativa do sulfato de alumínio em relação
à cor e turbidez:
Resultados:
Inserir os resultados da primeira bateria de testes em uma tabela conforme modelo
a seguir:
JARROS
PARÂMETROS
1 2 3 4 5 6
pH inicial
pH final
Cor final (uH)
Turbidez final (uT)
Conc. coagulante
(mg/L)
Concentração ótima de coagulante: ________ mg/L.
JARROS
PARÂMETROS
1 2 3 4 5 6
pH inicial
pH final
Cor final (uH)
Turbidez final (uT)
Conc. Coagulante
(mg/L)
pH ótimo de coagulação/floculação: _________ .
185
INTRODUÇÃO
As águas naturais necessitam de processos físico-químicos de clarificação para
remover principalmente a cor e a turbidez presentes e atingir os padrões de
potabilidade estabelecidos pela legislação.
Atualmente empregam-se coagulantes químicos como o sulfato de alumínio e o
sulfato férrico para realizar essa tarefa.
Entretanto, a quantidade desses produtos químicos que deve ser utilizada para
tratar a água raramente é decidida através de cálculos estequiométricos, uma vez
que a água possui dezenas de parâmetros físico-químicos que alteram
consideravelmente o rendimento (ou até mesmo a ineficiência) dos produtos, tais
como a alcalinidade, o pH, a temperatura da água, a cor, a turbidez, etc.
Por se tratarem de produtos químicos, a utilização deles deve ser feita com
cautela, utilizando sempre uma concentração ótima de trabalho, nem a mais e nem
a menos.
Em face dessas necessidades, surge o Jar-test (ou teste de jarros). O jar-test
consiste em uma bateria de testes realizados na água para, entre outras coisas,
determinar o pH ideal de coagulação e a concentração ótima de coagulante que
deve ser aplicada à água para que ocorra seu tratamento.
Essa análise otimiza o uso de produtos químicos e permite realizar em pequena
escala ensaios em água bruta que deverão ser aplicados à ETA para que o
tratamento da água ocorra da melhor forma possível.
Nas ETAs tradicionais o ensaio de jar-test ocorre ao menos uma vez por dia ao
iniciar os trabalhos e repete-se sempre que necessário caso a qualidade da água
varie muito ao longo do dia.
O ensaio de jar-test permite testar novos coagulantes, verificar a formação e
decantação dos flocos formados, estimar gradientes de velocidade e tempos de
detenção hidráulico, entre tantas outras possíveis aplicações.
O EQUIPAMENTO JAR-TEST
Há no mercado inúmeros modelos de equipamentos de jar-test. Alguns com
apenas 1 jarro, outros com 2, 4, 6 ou mais.
Alguns modelos são analógicos e dependem do técnico para realizar todos os
procedimentos como a variação da velocidade de agitação, o lançamento do
coagulante, a interrupção da agitação, etc.
Outros mais modernos e digitais facilitam o trabalho ao realizarem todas essas
tarefas de forma autônoma. Entretanto, as características principais e similares a
todos os equipamentos são presença do jarro e do dispositivo de agitação.
Basicamente, o equipamento busca imitar uma ETA em pequena escala. Na ETA
há tanques e dispositivos específicos para a coagulação, floculação e decantação,
enquanto no jar-test isso tudo ocorrerá dentro de cada jarro.
Os jarros são preparados com diferenças na concentração de coagulante ou no
pH de forma a realizar uma varredura de possibilidades de trabalho, sempre
186
O ENSAIO DE JAR-TEST
Antes de iniciar os ensaios de fato, deve-se medir a cor, a turbidez, a alcalinidade
e o pH inicial da água bruta.
Em seguida adiciona-se o volume de (pelo menos) 1 litro de água bruta em cada
jarro. Dependendo do modelo do jarro esse volume pode ser de até 2 litros, mas
deve-se tomar o cuidado para que a água não seja lançada para fora do jarro
durante a agitação e que todos os jarros tenham o mesmo volume de água.
Em seguida, verifica-se na literatura os valores recomendados de coagulante
para as características iniciais da água. Dentro desses valores recomendados,
deve-se fazer uma varredura, fracionando as concentrações em cada jarro. O
primeiro jarro terá a menor concentração recomendada e o último a maior
concentração. Os jarros intermediários terão valores intermediários de
concentração.
187
Aqui cabe lembrar que para o sulfato de alumínio 1,0 mg/L de coagulante
consome aproximadamente 0,50 mg/L de alcalinidade.
DESENVOLVIMENTO DO ENSAIO
O ensaio de jar-test envolve diversos procedimentos que devem ser realizados
antes e após a agitação.
Determinação dos parâmetros de ensaio, das concentrações e volumes de
coagulante, correção de alcalinidade, etc.
Uma série de decisões precisam ser tomadas em razão dos resultados possíveis.
É quase impossível abranger todas as possibilidades em uma única aula teórica.
Em função disso, tentarei mostrar de forma prática com dois exemplos que
buscam abranger o máximo possível o desenvolvimento do ensaio e as decisões
que devem ser tomadas na prática.
O exemplo A2.1 será realizado em uma circunstância onde a alcalinidade não
precisa ser corrigida, enquanto no exemplo A2.2 isso será necessário.
Relembrando que são exemplos teóricos feitos com valores arbitrários.
EXEMPLO A2.1
Em um dia de trabalho na ETA as condições da água bruta eram as seguintes:
• Cor = 48 uH
• Turbidez = 95 uT
• Alcalinidade = 33 mg/L CaCO3
• pH = 6,8
- Realizar um ensaio de jar-test para determinar a melhor concentração de
coagulante e o melhor pH para o tratamento da água.
• Concentração do coagulante sulfato de alumínio = 10.000 mg/L
• Concentração do alcalinizante Ca(OH)2 = 5.000 mg/L
Desenvolvimento:
- Primeiramente verificamos na literatura qual a faixa de concentração de
coagulante para essas condições de cor (48 uH) e turbidez (95 uT):
189
- Agora temos que nos certificar que a alcalinidade da água será suficiente
para as doses de coagulantes que utilizaremos.
- Partimos da relação descrita em que cada 1 mg de coagulante sulfato de
alumínio consome 0,50 mg de alcalinidade.
- A alcalinidade da água bruta nesse exemplo é de 33 mg/L CaCO3. Caso
algum resultado seja maior que esse valor a alcalinidade deve ser corrigida.
- Para o jarro 1, cuja dose de coagulante será de 16 mg/L, a alcalinidade
mínima requerida será de:
Resultados Finais
- Diante dos resultados, verificamos que a concentração ótima de coagulante
para essa água bruta é de 22,4 mg/L e o pH ideal para a coagulação é de
8,3.
- Caso essa fosse uma situação real de trabalho, o analista informaria aos
operadores da ETA para adequarem as bombas dosadoras para essas
condições de trabalho.
EXEMPLO A2.2:
Em um dia de trabalho na ETA as condições da água bruta eram as seguintes:
193
• Cor = 99 uH
• Turbidez = 39 uT
• Alcalinidade = 12 mg/L CaCO3
• pH = 6,8
- Realizar um ensaio de jar-test para determinar a melhor concentração de
coagulante e o melhor pH para o tratamento da água.
• Concentração do coagulante sulfato de alumínio = 10.000 mg/L
• Concentração do alcalinizante Ca(OH)2 = 5.000 mg/L
Desenvolvimento
- Primeiramente verificamos na literatura qual a faixa de concentração de
coagulante para essas condições de cor (99 uH) e turbidez (39 uT):
(32 − 13) 19
𝑅𝑎𝑧ã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑎𝑔𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 = = = 𝟑, 𝟖 𝒎𝒈/𝑳
(6 − 1) 5
- Temos que nos certificar que a alcalinidade da água será suficiente para as
doses de coagulantes que utilizaremos.
- Partimos da relação descrita em que cada 1 mg de coagulante sulfato de
alumínio consome 0,50 mg de alcalinidade.
- A alcalinidade da água bruta nesse exemplo é de 12 mg/L CaCO 3. Caso
algum resultado seja maior que esse valor a alcalinidade deve ser corrigida.
-
195
𝐶1 ∗ 𝑉1 = 𝐶2 ∗ 𝑉2
6.000
𝑉1 = = 𝟎, 𝟗 𝒎𝑳
6.750
Resultados
- Diante dos resultados, verificamos que a concentração ótima de coagulante
para essa água bruta é de 28,2 mg/L e o pH ideal para a coagulação é de
7,8.
- Caso essa fosse uma situação real de trabalho, o analista informaria aos
operadores da ETA para adequarem as bombas dosadoras para essas
condições de trabalho.
198
CONSIDERAÇÕES FINAIS
- O ensaio de jar-test é muito dinâmico e útil em estações de tratamento de
água.
- Cada ETA tem a liberdade de adaptar o ensaio para a realidade do local de
trabalho, entretanto, os princípios básicos são os mesmos para todos os
sistemas de operação.
- O analista com o tempo adquire muita prática e todos esses procedimentos
passam a ser facilmente executados.
- É sempre bom utilizar o apoio de uma planilha de computador ou similar para
realização dos cálculos, pois otimiza mais ainda o tempo de ensaio.
199
4. COAGULAÇÃO
1 A 8 A 15 A 22 B
2 B 9 C 16 D 23 A
3 V, V, F, F, V, V, F, F 10 B 17 C 24 A
4 B 11 B 18 B 25 C
5 B 12 C 19 D 26 B
6 C 13 D 20 C 27 C
7 C 14 C 21 C 28 B
5. FLOCULAÇÃO
1 B 4 F, V, F, V, F, F 7 C 10 B
2 A 5 C 8 D
3 C 6 B 9 C
6. DECANTAÇÃO
1 C 5 C 9 B 13 B
2 C 6 C 10 D 14 A
3 D 7 A 11 A
4 B 8 D 12 D
7. FILTRAÇÃO
1 D 6 A 11 C 16 A
2 C 7 B 12 A 17 C
3 D 8 D 13 V, V, F, F
4 B 9 A 14 D
5 D 10 B 15 B
200
8. DESINFECÇÃO E PÓS-DESINFECÇÃO
1 B 7 D 13 C 19 D
2 F, Q, F, Q, Q, F, Q, F 8 D 14 B 20 B
3 A 9 B 15 A 21 C
4 C 10 C 16 D 22 D
5 A 11 A 17 B
6 C 12 D 18 B
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos – 2019. Brasília: SNS/MDR, 2020. 183
p.: il.
Hess, Sonia. et al: Ensaios sobre a poluição e doenças no Brasil. / Sonia Hess
(org.).—1.ed.—São Paulo : Outras Expressões, 2018. 344p.
Piveli, Roque P.: Curso: Qualidade das águas e poluição: Aspectos físico-
químicos. Aulas 1 e 6. Sem data. Documento digital acessado em junho de 2021,
disponível em
http://www.leb.esalq.usp.br/leb/disciplinas/Fernando/leb360/Fasciculo%206%20-
%20Alcalinidade%20e%20Acidez.pdf
Zilli, Suzan & Grehs, Bárbara & Carissimi, Elvis & Pizzolato, Tânia & da Silva,
William & Silvestri, Siara. (2021). Toxicity of acrylamide after degradation by
conjugated (UV/H2O2) photolysis in microalgae. Environmental Science and
Pollution Research. 10.1007/s11356-021-13355-1.