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SISTEMAS DE ABASTECIMENTO E

TRATAMENTO DE ÁGUA PARA TÉCNICOS


FÁBIO NASCIMENTO DA SILVA
Tecnólogo em Saneamento Ambiental
Professor de cursos na área de Saneamento e Meio
Ambiente

SISTEMAS DE ABASTECIMENTO E
TRATAMENTO DE ÁGUA PARA TÉCNICOS
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fabio.ceprocamp@gmail.com
Professor Fábio Conteúdos Ambientais
@conteudosambientais
Dedicatória:
Esse livro é, sem dúvida, dedicado primeiramente à minha esposa Bárbara e minhas
filhas Alice e Bianca. Elas que dividiram comigo todos os percalços, ausências e
frustrações. Mas que também souberam aproveitar a plenitude e as alegrias de
cada etapa concluída, sobrando amor e paciência. Dedico, também, a todos os
docentes que contribuíram para a minha formação profissional e pessoal. São
tantos que não caberiam aqui citá-los nominalmente, mas tenham certeza que
guardo com carinho cada lição ensinada e cada momento vivido. Ensinar é uma
arte que inspira e vocês foram meus grandes exemplos.
APRESENTAÇÃO
O Brasil, com suas proporções continentais e abundância de recursos naturais,
sempre foi conhecido mundo afora por causa da sua enorme disponibilidade hídrica,
seus mananciais e a excelente qualidade das águas subterrâneas. Entretanto, com
o crescimento desordenado da população, principalmente nas áreas urbanas,
iniciou-se um processo de lançamento de esgotos in natura nos corpos aquáticos,
comprometendo a qualidade dos mananciais e, consequentemente, da água que é
fornecida à população.
Dados do Instituto Trata Brasil (2019) mostram que no ano de 2017 cerca de
16,6% da população brasileira não tinha acesso à água tratada. Na região norte
esse número tornava-se assustador, chegando à 42,7% da população sem acesso
a esse recurso. Para agravar mais ainda a situação, nessa mesma região, por
exemplo, praticamente 90% de todo o esgoto gerado sequer era recolhido, sendo
lançado diretamente sobre as coleções de água, ou em fossas sanitárias.
A água pode naturalmente conter microrganismos ou substâncias que a torne
imprópria para o consumo humano. Porém, o lançamento de esgotos sem
tratamento agrava o problema, pois, em geral, pode haver a presença de
organismos patogênicos que causarão doenças como cólera, giardíase, hepatite A,
leptospirose, febre tifoide, disenterias e verminoses. Tais doenças, dependendo da
intensidade com que ocorram e com a fragilidade do sistema imunológico do
hospedeiro, podem facilmente levar à morte, ou deixar graves sequelas.
Não bastando a presença de agentes patogênicos, o lançamento de esgotos
sem tratamento na água também acarreta em alterações de seus padrões físico-
químicos, tornando-a inaceitável para os padrões de potabilidade, ou aumentando
a concentração de substâncias tóxicas que podem causar doenças nos seres
humanos, como o mercúrio, arsênio, benzeno, tolueno e xileno.
Assim, faz-se necessário o tratamento da água bruta para que ela seja fornecida
à população com segurança, sem causar doenças e dentro de um padrão aceitável
para o consumo humano. O tratamento convencional da água bruta em estações
de tratamento de água (ETA) há muitas décadas tem surtido um efeito positivo
considerável na qualidade de vida da população, removendo substâncias e
microrganismos indesejáveis, evitando doenças e mortes de pessoas. As ETAs
utilizam tecnologias e processos já muito difundidos e plenamente conhecidos.
Entretanto, com a qualidade da água bruta nos mananciais se deteriorando ano a
ano, as estações enfrentam problemas operacionais que não haviam antes,
recorrem ao aumento do uso de produtos químicos para conseguir atender aos
parâmetros de potabilidade e, ainda assim, não conseguem remover alguns
compostos químicos que, invariavelmente, são fornecidos junto à água tratada.
Esse livro tem por finalidade apresentar ao estudante os processos unitários
envolvidos no tratamento da água, além dos produtos químicos e os cálculos físico-
químicos inerentes à atividade operacional. Busca-se, também, apresentar os
sistemas de adução e distribuição de água, as normas de abastecimento, a
hidráulica envolvida, os principais materiais que compõem as redes e a legislação
pertinente.
O livro foi escrito com a experiência docente de muitos anos em salas de aula
ministrando disciplinas de tratamento de água, ensaios físico-químicos em
laboratórios de saneamento, recursos hídricos e química básica e ambiental, além
de apropriar da vivência de trabalho em departamentos de água e esgotos
municipais e convivência cotidiana com técnicos das mais diversas áreas do
saneamento básico.
Os conteúdos citados foram ministrados para alunos de cursos técnicos e
também de ensino superior, sempre observando as principais dificuldades, os
assuntos mais problemáticos, os temas que despertam paixões e discórdias. Cada
etapa é desenvolvida de forma gradual e simples até alcançar a plenitude e
complexidade que os temas exigem. Tudo isso para que o técnico que esteja
estudando tenha uma excelente formação, alinhada com o que há de tradicional e
o moderno dentro do campo do saneamento básico, sendo capaz de realizar o
tratamento da água bruta, preservar os mananciais, colaborar na elaboração de
projetos de adução e distribuição de água, operar estações de tratamento de água
e conhecer os parâmetros físico-químicos e microbiológicos da água para consumo
humano.
SUMÁRIO

1.PARÂMETROS DA QUALIDADE DA ÁGUA .................................................................... 13


1.1.PARÂMETROS FÍSICOS ..............................................................................................13
1.1.1.Temperatura .........................................................................................................13
1.1.2.Cor.... ...................................................................................................................13
1.1.3.Turbidez ...............................................................................................................15
1.1.4.Sabor e Odor ........................................................................................................16
1.1.5.Condutividade Elétrica ..........................................................................................17
1.1.6.Sólidos..................................................................................................................17
1.2.PARÂMETROS QUÍMICOS ..........................................................................................18
1.2.1.pH..... ...................................................................................................................18
1.2.2.Alcalinidade ..........................................................................................................19
1.2.3.Acidez ..................................................................................................................20
1.2.4.Dureza..................................................................................................................20
1.2.5.Cloretos ................................................................................................................22
1.2.6.Nitrogênio .............................................................................................................22
1.2.7.Fósforo .................................................................................................................23
1.2.8.Fluoretos ..............................................................................................................23
1.2.9.Ferro e Manganês .................................................................................................24
1.2.10.Oxigênio Dissolvido (OD) ....................................................................................24
1.2.11.Matéria Orgânica ................................................................................................24
1.3.PARÂMETROS MICROBIOLÓGICOS ...........................................................................25
1.3.1.Coliformes ............................................................................................................25
1.3.2.Esporos de Bactérias Aeróbias (EBA)....................................................................27
1.3.3.Protozoários .........................................................................................................28
1.3.4.Cianobactérias......................................................................................................30
QUESTÕES SOBRE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS E MICROBIOLÓGICOS DA ÁGUA ...31
2.SISTEMAS E DISPOSITIVOS PARA CAPTAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA.................... 34
2.1.MANANCIAIS...............................................................................................................34
2.2.CAPTAÇÃO .................................................................................................................35
2.3.BARRILETE ..................................................................................................................35
2.4.TRATAMENTO (VISÃO GERAL) ...................................................................................37
2.5.RESERVAÇÃO .............................................................................................................38
2.5.1.Tipos de Reservatórios..........................................................................................38
2.5.2.Pressões de Trabalho ...........................................................................................40
2.5.3.Disposições dos Reservatórios ..............................................................................41
2.6.REDES DE DISTRIBUIÇÃO ..........................................................................................42
2.6.1.Classificação quanto ao Formato ..........................................................................43
2.6.2.Tubulações para Redes de Água...........................................................................43
2.6.2.1.Polietileno de alta densidade (PEAD)....................................................................44
2.6.2.2.Ferro fundido (FºFº) .............................................................................................44
2.6.2.3.Policloreto de vinila (PVC) ....................................................................................45
2.6.3.Junção entre Tubos ..............................................................................................45
2.6.4.Dispositivos de Controle de Pressão .....................................................................47
QUESTÕES SOBRE SISTEMAS E DISPOSITIVOS PARA CAPTAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE
ÁGUA...... ...................................................................................................................................49
3.USOS DA ÁGUA E CÁLCULOS HIDRÁULICOS BÁSICOS ............................................... 52
3.1.QUANTIDADE DE ÁGUA PER CAPITA (q)....................................................................52
3.2.VAZÃO MÉDIA DE CONSUMO (𝑸) ..............................................................................54
3.3.COEFICIENTES DE SEGURANÇA (K1 E K2) E VARIAÇÕES TEMPORAIS DE
CONSUMO... ..........................................................................................................................55
3.4.VAZÃO DE ABASTECIMENTO (Q) ...............................................................................56
3.5.VAZÃO DAS UNIDADES PRODUTORAS .....................................................................58
3.6.EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE ..................................................................................63
3.7.CÁLCULO DO DIÂMETRO ECONÔMICO E COMERCIAL PARA TUBULAÇÕES ..........72
QUESTÕES SOBRE USOS DA ÁGUA E CÁLCULOS HIDRÁULICOS BÁSICOS .....................79
4.COAGULAÇÃO ........................................................................................................... 84
4.1.INTRODUÇÃO AO TRATAMENTO DE ÁGUA ...............................................................84
4.2.COLOIDES ..................................................................................................................85
4.3.DEFINIÇÃO E TIPOS DE COAGULANTES....................................................................87
4.4.MECANISMOS DA COAGULAÇÃO .............................................................................89
4.5.INTERFERENTES .........................................................................................................90
4.6.DOSAGEM DE COAGULANTE ....................................................................................91
4.7.APLICAÇÃO ................................................................................................................92
4.8.PRODUTOS AUXILIARES DA COAGULAÇÃO .............................................................93
4.9.RISCOS PARA A SAÚDE .............................................................................................94
4.10.VAZÃO DE BOMBAS DOSADORAS ..........................................................................94
4.11.CORREÇÃO DA ALCALINIDADE ...............................................................................97
QUESTÕES SOBRE COAGULAÇÃO....................................................................................103
5.FLOCULAÇÃO .......................................................................................................... 108
5.1.TIPOS DE FLOCULADORES ......................................................................................108
5.1.1.Floculadores Hidráulicos .....................................................................................109
5.1.1.1.Floculadores Hidráulicos de Fluxo Horizontal ......................................................109
5.1.1.2.Floculadores Hidráulicos de Fluxo Vertical ..........................................................109
5.1.2.Floculadores Mecânicos .....................................................................................110
5.2.FATORES CRÍTICOS DA FLOCULAÇÃO ...................................................................111
QUESTÕES SOBRE FLOCULAÇÃO .....................................................................................113
6.DECANTAÇÃO ......................................................................................................... 115
6.1.DIMENSIONAMENTO ................................................................................................116
6.2.ZONAS DE UM DECANTADOR .................................................................................117
6.3.TIPOS DE DECANTADORES .....................................................................................118
6.3.1.Decantadores de Fluxo Horizontal .......................................................................118
6.3.2.Decantadores de Fluxo Vertical ...........................................................................119
6.3.3.Decantadores Tubulares .....................................................................................120
6.4.ENTRADA E SAÍDA DE ÁGUA NOS DECANTADORES ..............................................122
6.5.REMOÇÃO DE LODO DOS DECANTADORES...........................................................123
QUESTÕES SOBRE DECANTAÇÃO ....................................................................................125
7.FILTRAÇÃO .............................................................................................................. 128
7.1.CLASSIFICAÇÃO DOS FILTROS ...............................................................................128
7.1.1.Tipo de Filtração .................................................................................................128
7.1.2.Tipo de Tratamento .............................................................................................129
7.1.3.Tipo de Escoamento ...........................................................................................130
7.1.4.Quantidade de Meios Filtrantes ...........................................................................131
7.1.5.Modelo de Operação dos Filtros..........................................................................131
7.2.MECANISMOS DE FILTRAÇÃO .................................................................................132
7.3.GEOMETRIA DOS FILTROS RÁPIDOS .......................................................................133
7.4.MEIO FILTRANTE.......................................................................................................134
7.4.1.Parâmetros dos Meios Filtrantes .........................................................................135
7.4.2.Altura dos Meios Filtrantes ..................................................................................135
7.4.3.Sustentação dos Meios Filtrantes ........................................................................136
7.5.LAVAGEM DOS FILTROS RÁPIDOS ..........................................................................138
7.6.FATORES QUE INTERFEREM NEGATIVAMENTE NO DESEMPENHO DOS FILTROS .139
7.7.COMPARAÇÃO ENTRE FILTROS LENTOS E FILTROS RÁPIDOS ..............................140
7.7.1.Filtros Lentos ......................................................................................................140
7.7.2.Filtros Rápidos ....................................................................................................141
QUESTÕES SOBRE FILTRAÇÃO .........................................................................................143
8.DESINFECÇÃO E PÓS-DESINFECÇÃO ....................................................................... 146
8.1.FORMAS DE ELIMINAÇÃO ........................................................................................149
8.2.CARACTERÍSTICAS DOS DESINFETANTES ..............................................................151
8.3.CLORAÇÃO ..............................................................................................................151
8.3.1.Formas de Utilização do Cloro ............................................................................151
8.3.2.Residual de Cloro................................................................................................155
8.3.3.Métodos de Cloração..........................................................................................157
8.3.4.Outras Aplicações do Cloro ................................................................................158
8.3.5.Formação de Trihalometanos (THM) ...................................................................158
8.3.6.Fatores que Afetam o Rendimento da Cloração ...................................................159
8.4.PÓS-DESINFECÇÃO .................................................................................................160
8.5.LOG DE INATIVAÇÃO................................................................................................160
QUESTÕES SOBRE DESINFECÇÃO E PÓS-DESINFECÇÃO ...............................................165
9.ESTUDO DA PORTARIA DE CONSOLIDAÇÃO Nº 5 – ANEXO XX .................................. 168
9.1.CAPITULO II – DAS DEFINIÇÕES ..............................................................................169
9.2.CAPÍTULO III – DAS RESPONSABILIDADES ..............................................................170
9.3.CAPÍTULO IV – DAS EXIGÊNCIAS PARA OS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO E
SOLUÇÕES COLETIVAS ......................................................................................................170
9.4.CAPÍTULO V – DO PADRÃO DE POTABILIDADE .......................................................170
9.5.CAPÍTULO VI, VII e VIII...............................................................................................173
9.6.ANEXOS DA PC5 – ANEXO XX ..................................................................................173
9.6.1.Anexo 1 – Padrão Bacteriológico ........................................................................174
9.6.2.Anexo 2 – Padrão de Turbidez para Água Pós-Desinfecção ou Pós-Filtração .......174
9.6.3.Anexos 3, 4, 5, 6, 7 e 8 – Tempo de Contato Mínimo para Desinfecção ...............175
9.6.4.Anexo 9 – Substâncias que Apresentam Risco à Saúde ......................................176
9.6.5.Anexo 10 – Padrões para Cianotoxinas ...............................................................176
9.6.6.Anexo 11 – Padrão Organoléptico.......................................................................177
9.6.7.Anexo 12 – Frequência de Monitoramento de Cianobactérias .............................177
9.6.8.Anexo 13 – Frequência de Monitoramento de Parâmetros Físico-Químicos para
SAA................. .................................................................................................................178
9.6.9.Anexo 14 – Frequência de Monitoramento de Parâmetros Microbiológicos para
SAA................. .................................................................................................................178
9.6.10.Anexo 15 – Frequência de Monitoramento de Parâmetros Físico-Químicos e
Microbiológicos para SAC .................................................................................................179
QUESTÕES SOBRE A PORTARIA DE CONSOLIDAÇÃO Nº 5 – ANEXO XX .........................180
ANEXO 1: ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DO ENSAIO DE JAR-TEST.............................. 183
ANEXO 2: NOTAS DE AULA COM EXEMPLOS PRÁTICOS DA REALIZAÇÃO DE ENSAIOS DE
JAR-TEST..................................................................................................................................185
GABARITOS DAS ATIVIDADES ..................................................................................... 199
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 201
13

1. PARÂMETROS DA QUALIDADE DA ÁGUA


A água possui diversos parâmetros físico-químicos e biológicos que alteram suas
características. A água pura não existe naturalmente, pois ela sempre irá adquirir
propriedades inerentes aos locais por onde passou e das substâncias que recebeu
durante seu ciclo hidrológico.
O grau de pureza solicitada para a água dependerá, dentre outros fatores, da
sua finalidade: consumo humano, uso em indústrias, dessedentação de animais,
uso agrícola, etc. De qualquer forma, cabe ao estudante compreender os
parâmetros comuns à toda água, pois eles serão determinantes na qualidade
requerida do produto final.

1.1. PARÂMETROS FÍSICOS


1.1.1. Temperatura
A temperatura é uma medida para expressar a energia cinética das moléculas
em um corpo. Quanto maior a temperatura, maior a energia cinética molecular que
esse corpo possui.
A variação da temperatura da água tem influência direta em vários parâmetros
físico-químicos importantes como a viscosidade, o pH e a dissolução de gases e
outras substâncias, além de interferir também na velocidade de reações químicas e
no metabolismo microbiano.
Os corpos aquáticos no Brasil podem apresentar temperaturas médias entre
20 ºC e 30 ºC nas regiões mais centrais e ao norte do país, enquanto mais ao sul
esses valores serão bem menores. Em geral, a temperatura dos corpos aquáticos
superficiais estará associada à incidência solar direta sobre a água, despejos de
efluentes e lançamento de água de resfriamento. As águas subterrâneas, por sua
vez, podem apresentar temperaturas muito elevadas, associadas às atividades
geológicas magmáticas que ocorrem em grandes profundidades requerendo,
muitas vezes, unidades de resfriamento para que possam ser utilizadas.
Na portaria que estabelece os parâmetros da água potável, a temperatura não
possui nenhum tipo de valor.

1.1.2. Cor
A cor da água (e de qualquer outra substância) é uma decorrência da
capacidade de absorver certos comprimentos de onda da luz visível. A água pura
não tem cor, porém, a água utilizada para abastecimento público com grande
frequência vem de rios e lagos, cuja cor se faz presente.
A cor da água é definida de duas formas: cor real (ou cor verdadeira) e cor
aparente. A cor real é aquela causada por substâncias dissolvidas na água, que não
são removidas por processos de filtração ou de centrifugação. A cor aparente, por
sua vez, é causada por partículas em suspensão ou partículas coloidais presentes
no meio. Coloides são partículas muito pequenas, praticamente invisíveis à olho nu,
com tamanho médio variando entre 1 nanômetro e 100 nanômetros (1 nanômetro
equivale à 10-9 m).
14

O padrão de qualidade da água para consumo humano solicita somente o


monitoramento da cor aparente, uma vez que os consumidores não têm como
distinguir se a cor da água se dá pela presença de substâncias dissolvidas ou não
e, geralmente, na rede de distribuição a ocorrência de cor na água se dá por
partículas coloidais e em suspensão. Embora a cor não tenha geralmente um
significado sanitário, a sua presença pode ocasionar a rejeição da água por parte
do consumidor.
De acordo com Richter (2009), a cor marrom-amarelada da água geralmente se
deve à presença de matéria orgânica como ácidos húmicos provenientes da
decomposição de vegetais. A coloração avermelhada é, em geral, causada pela
presença de ferro, enquanto elevadas concentrações de materiais cálcicos
conferem uma cor levemente esverdeada.
A presença de
microrganismos pode conferir à
água qualquer coloração
possível, seja em razão da
própria cor do microrganismo,
seja pela liberação de
substâncias em seus processos
metabólicos. Na figura 1.1 é
possível ver o encontro do Rio
Negro com o Rio Solimões. O
Rio Negro tem sua coloração
escura devido à produtos da
Figura 1.1: Encontro do Rio Negro (esq.) com o Rio decomposição vegetal,
Solimões (dir.). Fonte: site O Tucumã. associados com a pigmentação
de origem bacteriana.
A medição da cor é feita por comparação com uma solução fabricada com a
mistura de platina (Pt) e cobalto (Co), sendo assim expressa em mg/L de Pt-Co. A
mistura de platina e cobalto resulta em uma coloração marrom-amarelada, similar
à cor da água na natureza. A unidade mg/L de Pt-Co pode também ser lida como
unidades Hazen (uH) também chamada de graus Hazen (ºH), ou ainda unidades de
cor (uC) Na prática, as escalas são iguais, portanto, um valor de 100 mg/L de Pt-
Co equivale às mesmas 100 uH ou 100 uC.

Figura 1.2: Equipamentos utilizados para medição de cor. Colorímetro à disco (esq.),
digital (centro) e espectrofotômetro (dir.). Fonte: sites Hellige do Brasil, Simquis e
Directindustry.
15

Para a medição da cor utiliza-se discos de vidro coloridos e graduados para


comparação visual com a cor da água, nos equipamentos denominados de
colorímetros a disco. Porém, tal método pode apresentar algumas imprecisões,
então, atualmente tem-se buscado utilizar dispositivos mais sofisticados como os
colorímetros digitais ou o espectrofotômetro. A figura 1.2 apresenta os
equipamentos citados.
Na Portaria de Consolidação nº 5 – Anexo XX, a cor é informada dentro do anexo
11 que trata dos padrões organolépticos e o valor máximo permitido para o
consumidor dado como cor aparente é de 15 uH.

1.1.3. Turbidez
A turbidez pode ser definida como a interferência do meio à passagem da luz,
dispersando e absorvendo o feixe luminoso. A turbidez é causada principalmente
por partículas em suspensão, variando de tamanhos grosseiros até o estado
coloidal. Coloides, por sua vez, são partículas de tamanho muito menor que a
espessura de um fio de cabelo que se encontram em grandes quantidades nas
massas de água. A turbidez é a principal causadora da cor aparente, ou seja, a
água adquire uma coloração falsa, pois o que observamos é a cor predominante de
partículas finamente distribuídas e não a cor real do fluido.
“A turbidez dos corpos d’água é particularmente alta em regiões com solos
erosivos, onde a precipitação pluviométrica pode carrear partículas de argila, silte,
areia, fragmentos de rocha e óxidos metálicos do solo. Grande parte das águas de
rios brasileiros é naturalmente turva em decorrência das características geológicas
das bacias de drenagem, ocorrência de altos índices pluviométricos e uso de
práticas agrícolas, muitas vezes inadequadas. Ao contrário da cor, que é causada
por substâncias dissolvidas, a turbidez é provocada por partículas em suspensão,
sendo, portanto, reduzida por sedimentação” (BRASIL, 2014).

A turbidez na água é fator


determinante no tipo de
tratamento a ser aplicado. Sua
presença, também, pode
funcionar como um escudo
para microrganismos,
reduzindo a eficiência do
desinfetante. A figura 1.3
apresenta o aspecto turvo de
uma amostra de água não
tratada e o aspecto límpido da
água após tratamento.
A turbidez é medida em
Figura 1.3: Turbidez na água. O jarro à esquerda
UNT – unidades
apresenta aspecto turvo devido à elevada concentração nefelométricas de turbidez (ou
de partículas no meio. O jarro à direita mostra o aspecto NTU em inglês) – utilizando um
da água após a remoção dessas partículas por processo equipamento chamado
de clarificação. Fonte: site Tratamento de Água. turbidímetro. Ele mede a
16

quantidade de luz dispersa através da amostra de água em um ângulo de 90º em


relação à luz incidente.
Contudo, o estudante irá se deparar com certa frequência com outras unidades
como FNU que é a sigla em inglês para unidades nefelométricas em Formazina (que
é um dos padrões que podem ser usados para calibração) em equipamentos que
também medem a luz em um ângulo de 90º em relação à luz incidente, sendo essa
expressão mais comum em normas europeias. 1 UNT equivale a 1 FNU.
Originalmente utilizava-se a sigla FTU, porém, isso não expressava o ângulo de
medição da luz no instrumento.
Há ainda a expressão de resultados em FAU que é a sigla em inglês para
unidades de atenuação de Formazina. Nesse caso entendemos que o instrumento
mede a luz em 180º em relação à fonte, como em um
espectrofotômetro ou colorímetro. Porém, essa
terminologia não é amplamente aceita pelas agências
reguladoras. Ainda se encontra, também, mas com
muito menos frequência, a turbidez sendo expressa
em JTU, que é a sigla em inglês para unidades
Jackson de Turbidez, em homenagem ao criador do
Turbidímetro de vela de Jackson, onde media-se a
turbidez verificando a ocorrência da luz de uma vela
no fundo de um tubo. A figura 1.4 apresenta um Figura 1.4: Turbidímetro de
bancada. Fonte: site Loja
exemplo de turbidímetro atual. Synth.
Na portaria que trata da potabilidade da água, a
Portaria de Consolidação nº 5 – Anexo XX, a turbidez máxima permitida para
consumidores é de 5 uT, informada dentro do anexo 11 – Padrões Organolépticos.
Entretanto, a turbidez tem sido utilizada cada vez mais como um parâmetro de
eficiência do processo de filtração, estando atrelada também à eficiência da etapa
de desinfecção da água. Portanto, nessa mesma portaria há diversos valores que
devem ser obtidos após esses processos. Esse é um assunto que abordaremos em
um capítulo próprio mais à frente.

1.1.4. Sabor e Odor


O paladar humano consegue distinguir quatro tipos de gostos (amargo, azedo,
salgado e doce) em consonância com o odor. Contudo a medição desses
parâmetros é muito subjetiva, variando de pessoa para pessoa. Embora já existam
equipamentos e escalas para quantificar sabor e odor, nenhum deles é utilizado na
composição da qualidade da água, sendo essa uma propriedade organoléptica.
Propriedades organolépticas são aquelas que atuam sobre nossos sentidos,
despertando nossas sensações. Para o consumo humano a água deve estar isenta
de sabor e odor acentuados.
Segundo Richter (2009) a matéria orgânica presente na água pode causar tanto
o sabor como o odor, sendo que praticamente todos os odores da água têm origem
orgânica, com exceção do sulfeto de hidrogênio (H2S) e do cloro usado na
desinfecção. Brasil (2014), por outro lado, descreve que mesmo as substâncias
altamente nocivas aos seres humanos, como os metais pesados, não conferem à
água nenhuma característica de sabor ou odor.
17

A remoção do sabor e do odor costuma ocorrer utilizando-se sistemas de


aeração da água ou aplicação de carvão ativado. A portaria de potabilidade da água
permite a intensidade 6 na água potável, sendo esse parâmetro apresentado junto
ao anexo 11 que trata dos padrões organolépticos. Há, contudo, uma certa
dificuldade técnica em estimar os valores corretos dessa intensidade, pois são
valores que dependem exclusivamente das pessoas que provam o líquido e isso é
um tanto quanto subjetivo. Por isso, nas ETAs que fazem o controle desse
parâmetro, busca-se limitar a presença de certas substâncias que
comprovadamente causam gosto e odor na água como a geosmina, presença de
cianobactérias na água bruta, ferro, clorofórmio, etc.

1.1.5. Condutividade Elétrica


A condutividade elétrica é a capacidade da água em conduzir corrente elétrica.
Pode-se, também, interpretar como a resistência da água à passagem da mesma
corrente elétrica. Quanto mais substâncias dissolvidas na água, maior será essa
capacidade de condução elétrica. Em outras palavras, a condutividade elétrica
informa de maneira indireta a concentração
de sólidos dissolvidos.
O equipamento que mede esse parâmetro
é o condutivímetro, mostrado na figura 1.5. O
resultado é expresso em Siemens por
centímetro (S.cm-1), pois a passagem da
corrente elétrica ocorre entre dois eletrodos
colocados à uma distância específica. Como
alguns valores são relativamente baixos, é
comum serem apresentados em
Figura 1.5: Condutivímetro de bancada. microssiemens por centímetro (µS.cm ),-1

Fonte: site Seu Posto Águas naturais muito limpas têm baixos
valores de condutividade elétrica, variando entre 10 a 100 µS.cm-1 enquanto águas
poluídas podem apresentar valores bem elevados, maiores que 1.000 µS.cm-1. Na
Portaria de Consolidação nº 5 – Anexo XX não há nenhum valor descrito para a
água potável, até por que isso não faria o menor sentido uma vez que a água recebe
diversos produtos químicos no seu tratamento, íons oriundos das tubulações
metálicas, além de contê-los naturalmente na água bruta captada.

1.1.6. Sólidos
Segundo Brasil (2014), a presença de sólidos na água está relacionada aos
parâmetros físicos, muito embora os sólidos possam, também, estar associados a
características químicas ou biológicas. Os sólidos presentes na água podem estar
distribuídos da seguinte forma: em suspensão (sedimentáveis e não sedimentáveis)
e dissolvidos (voláteis e fixos). Sólidos em suspensão podem ser definidos como as
partículas passíveis de retenção por processos de filtração. Sólidos dissolvidos são
constituídos por partículas de diâmetro inferior a 10-3 μm e que permanecem em
solução mesmo após a filtração. A entrada de sólidos na água pode ocorrer de
forma natural (processos erosivos, organismos e detritos orgânicos) ou
antropogênica (lançamento de lixo e esgotos).
18

Existe uma correlação entre o teor de sólidos dissolvidos (STD) e a condutividade


elétrica, pois a maioria dos sólidos dissolvidos se encontra na forma iônica:

𝑆𝑇𝐷 = 𝑘 ∗ 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 [1.1]

Onde, geralmente, o valor de k é igual a 0,65.


A partir da Portaria MS 888 de 4 maio de 2021, que alterou o Anexo XX da
Portaria de Consolidação nº 5, o teor de sólidos dissolvidos totais na água potável
foi reduzido pela metade, de 1.000 mg/L para 500 mg/L.

1.2. PARÂMETROS QUÍMICOS


1.2.1. pH
O pH é a escala utilizada para verificar a acidez ou a basicidade de uma
substância. Aqui deve-se ter um cuidado ao se referir à basicidade como
equivalente à alcalinidade, pois ambas têm interpretações diferentes quando
utilizadas no tratamento da água. A alcalinidade será vista no próximo tópico.
Substâncias ácidas possuem pH variando entre 0,0 e valores menores que 7,0.
Substâncias básicas, por sua vez, possuem valores maiores que 7,0 até 14,0. Uma
substância que possua o pH exatamente igual a 7,0 é considerada neutra, ou seja,
nem ácida e nem básica. A figura 1.6 apresenta a escala de pH e suas
interpretações.

Figura 1.6: A escala de pH. Fonte: blog M Científica

Quimicamente falando, uma substância será considerada ácida se dissociar-se


na presença de água e liberar o íon hidrônio [H3O+] que, popularmente é conhecido
como íon hidrogênio [H+]. Diversas substâncias são capazes de liberar esse íon,
como ácidos húmicos resultantes da decomposição vegetal ou despejos industriais.
Na água de abastecimento, o pH ácido causa uma corrosão acelerada dos
materiais e pode conferir sabor à água.
Se a substância que se dissociar na água liberar o íon hidroxila [OH-] ocorrerá o
contrário da acidez – haverá o aumento do pH da água, aumentando a basicidade
do meio. A dissolução de rochas calcárias favorece o pH da água bruta para valores
acima de 7,0, porém, o lançamento de esgotos domésticos e outros fatores
antropogênicos podem ocasionar o aumento do pH também. Na água de
abastecimento, o pH muito elevado ocasiona incrustações na rede, levando ao
entupimento e rompimento precoce.
19

A escala de pH não possui unidades, pois ela é calculada como o logaritmo


negativo da concentração do íon [H+]:

𝑝𝐻 = −𝑙𝑜𝑔10[𝐻 +] [1.2]

No tratamento da água o pH é determinante nos processos de coagulação,


floculação, desinfecção e controle de corrosão na rede de abastecimento, por isso
seu monitoramento é muito importante. O pH pode ser medido por métodos
colorimétricos e uso de fita de pH universal, mas atualmente nas ETAs utilizam-se
phmetros para essa finalidade, sendo instalados em linha nas etapas de produção
de água e nas bancadas dos laboratórios. A figura 1.7 apresenta diversas formas
de medição de pH.
A Portaria de Consolidação nº 5 – Anexo XX recomendava que o pH da água
potável estivesse entre 6,0 e 9,5. Mas a publicação da Portaria MS 888/2021 não
traz mais essa informação, portanto, essa recomendação não é mais válida. De
qualquer forma, esse novo cenário será discutido mais amplamente em um capítulo
próprio que trata dos padrões de potabilidade da água.

Figura 1.7: Diferentes métodos para leitura do pH. Da esquerda para a direita: método
colorimétrico, fita universal, phmetro de bancada, phmetro de linha, phmetro portátil.

1.2.2. Alcalinidade
Como descrito na seção anterior, a partir desse momento o técnico deve ser
capaz de diferenciar o termo “basicidade” e “alcalinidade”. Embora similares,
ambos representam condições distintas da água.
A alcalinidade é a capacidade da água em receber soluções ácidas sem alterar
seu pH, ou seja, é uma medida da capacidade de neutralização de ácidos,
conferindo à água uma característica denominada “capacidade de tamponamento”.
Essa capacidade é muito importante, pois determina o quanto um ambiente
aquático resiste ao recebimento de efluentes ácidos. Em ETAs a alcalinidade é
monitorada frequentemente, pois muitas das substâncias utilizadas para o
tratamento da água tendem a baixar o pH, assim, o conhecimento da alcalinidade
influi diretamente na quantidade e na concentração dos produtos químicos que
serão utilizados.
Os principais constituintes da alcalinidade têm características básicas e são os
bicarbonatos (HCO3-), carbonatos (CO32+) e hidróxidos (OH-). A distribuição desses
íons na água é função do pH do meio, como mostrada na tabela 1.1.
Presume-se que a maioria das águas naturais terá a sua alcalinidade ocasionada
em razão somente de bicarbonatos, em virtude do pH observado. Uma amostra
pode ter um elevado pH (ou seja, ser uma base) e baixa alcalinidade, e vice-versa.
A alcalinidade será expressa em mg/L CaCO3 (miligrama por litro de carbonato
de cálcio). Ainda que vários íons distintos estejam presentes na amostra, todos
20

serão enquadrados numa única substância para facilitar a divulgação dos


resultados. Na água potável não há nenhum limite a ser cumprido para esse
parâmetro. A alcalinidade nas águas naturais ocorre em razão da dissolução de
solos calcários, decomposição de matéria orgânica e respiração microbiológica
com liberação de CO2, sendo comum concentrações entre 30 e 500 mg/L CaCO3.

Tabela 1.1: Classificação dos tipos de alcalinidade em função do pH do meio.

pH do meio Tipo de agente causador da alcalinidade

Maior que 9,4 Hidróxidos (OH-) e carbonatos (CO32+)

Entre 9,4 e 8,3 Carbonatos (CO32+) e bicarbonatos (HCO3-)

Entre 8,3 e 4,4 Apenas bicarbonatos (HCO3-)

Menor que 4,4 Não há alcalinidade

1.2.3. Acidez
A acidez é exatamente o oposto da alcalinidade, pois indica a resistência do meio
em elevar seu pH quando recebe o lançamento de substâncias básicas. Sua origem
pode ser natural – CO2 absorvido da atmosfera ou ácidos húmicos oriundos da
decomposição de material orgânico – ou antropogênica, através do lançamento de
efluentes industriais, por exemplo.
A classificação da acidez, assim como da alcalinidade, também é função do pH,
conforme descrito na tabela 1.2 a seguir.

Tabela 1.2: Classificação dos tipos de acidez em função do pH.

pH do meio Tipo de agente causador da acidez

Maior que 8,2 CO2 livre ausente

Entre 8,2 e 4,5 Acidez carbônica

Menor que 4,5 Acidez mineral causada por ácidos minerais fortes

Águas com acidez causada por ácidos minerais fortes são desaconselhadas para
o abastecimento público, pois costumam ser desagradáveis ao paladar em razão
de despejos industriais.
A acidez também é medida em mg/L de CaCO3 e na água potável não há nenhum
limite a ser cumprido para esse parâmetro, tal qual a alcalinidade. Ambos são muito
importantes para a realização correta e eficiente do tratamento da água, porém, em
nada interferem na qualidade da água que deve ser entregue aos consumidores.

1.2.4. Dureza
Algumas amostras de água apresentam uma capacidade de reduzir a formação
de espuma, levando ao maior uso de produtos de limpeza. Podem, também,
ocasionar incrustações em tubulações, principalmente de água quente, levando ao
21

rompimento de redes, risco operacional de caldeiras e aquecedores, etc. As


incrustações com o tempo causam maiores perdas de carga nas redes de
distribuição, diminuindo a pressão dinâmica da água disponível para os
consumidores e exigindo maior esforço dos equipamentos de bombeamento. Em
caldeiras, o entupimento fora de controle das tubulações pode levar a explosões e
prejuízos monetários e de perda de vidas humanas. A figura 1.8 mostra parte de
uma torre de resfriamento onde as
incrustações se fazem presentes.
A dureza da água, que nada tem a
ver com seu estado físico sólido ou
líquido, é causada pela presença de
cátions multivalentes (átomos que
podem ter diferentes números de
valência), principalmente pelos íons
cálcio (Ca2+) e magnésio (Mg2+), mas
também em menor escala pelos íons
ferro (Fe2+), manganês (Mn2+),
estrôncio (Sr2+) e alumínio (Al3+).
A origem da dureza pode ser Figura 1.8: Incrustação em torre de resfriamento.
natural, pela passagem da água por Fonte: site Água Viva Tec.
solos contendo cálcio e dissolução de
rochas calcárias, ou antropogênica, causada pelo lançamento de efluentes em
cursos de água, logo, presume-se que seus valores irão variar de região para
região.
Há na literatura disponível algumas formas distintas de classificação da dureza
como:
• Dureza temporária ou permanente;
• Dureza cálcica e dureza por outros íons;
• Dureza em função da concentração de todos os íons.
No primeiro tipo de classificação, a dureza da água pode ser definida como
temporária (ou carbonatada) ou permanente (não carbonatada). A dureza
temporária ocorre quando os íons de cálcio e magnésio se associam à carbonatos
e bicarbonatos presentes na água e são eliminados por fervura, precipitando-se na
forma sólida. Já a dureza permanente ocorre quando os mesmos íons de cálcio e
magnésio se combinam com íons de sulfatos, cloretos e nitratos. Nesse caso as
espécies não são eliminadas com a fervura da água. A soma das durezas
temporária e permanente é chamada de dureza total.
Para a segunda classificação, o ensaio da dureza pode ser repetido, mas
buscando determinar exclusivamente a concentração do íon Ca 2+, uma vez que
esse é o principal causador da dureza na água. Assim, determinada a concentração
do íon cálcio, o restante da dureza total é subentendido como causada pelo íon
magnésio (Mg2+), porém, isso pode nem sempre ser verdadeiro, pois pode haver a
presença dos outros cátions descritos anteriormente.
E a terceira classificação se refere à concentração de todos os cátions presentes,
sendo então dividida em classes que variam entre mole ou muito dura, conforme
apresentado na tabela 1.3.
A dureza guarda uma relação estreita com a alcalinidade em razão de ambas
serem causadas em parte pelos mesmos íons. Assim como a alcalinidade e a
22

acidez, a dureza também é medida em mg/L de CaCO3. Na água potável a dureza


total é apresentada como um dos padrões organolépticos da água no anexo 11 da
Portaria de Consolidação nº 5 – Anexo XX. A Portaria MS 888/2021 que altera o
texto do Anexo XX reduziu o limite de 500 mg/L para 300 mg/L de CaCO3 e
estabeleceu como prazo máximo o ano de 2023 para que as empresas
fornecedoras consigam alcançar esse novo valor.

Tabela 1.3: Classificação da dureza na água em função da concentração total dos íons
causadores de dureza.

Classificação mg/L CaCO3

Mole ou branda < 50

Dureza moderada entre 50 e 150

Dura entre 150 e 300

Muito dura > 300

1.2.5. Cloretos
Os cloretos correspondem ao íon cloro (Cl-) e sua ocorrência em altas
concentrações na água pode ocasionar sabor salgado e efeitos laxativos. Os
cloretos podem chegar até a água doce através da mistura com águas salgadas ou
salobras de ocorrência natural ou despejos de efluentes domésticos ou industriais.
Na água portaria para potabilidade da água esse parâmetro é apresentado no
anexo 11 que trata dos padrões organolépticos e o valor máximo permitido na água
potável é de 250 mg/L.

1.2.6. Nitrogênio
O nitrogênio é um dos principais nutrientes para o crescimento de organismos
aquáticos. Sua presença na água bruta ocorre de forma natural através das
proteínas e outros compostos orgânicos, mas também de forma antropogênica por
despejos de efluentes e uso de fertilizantes principalmente.
Na água ocorre o ciclo do nitrogênio e sua forma química se alterna entre o
nitrogênio molecular (N2), nitrogênio orgânico, íon amônio (NH4+), íon nitrito (NO2-)
e íon nitrato (NO3-), sendo que essas duas últimas formas são controladas na água
potável pela Portaria de Consolidação nº 5 – Anexo XX. Ambas constam no anexo
9 que trata das substâncias químicas que apresentam riscos à saúde. O nitrato em
concentrações elevadas pode ocasionar a doença da metahemoglobina (ou
síndrome do bebê azul) que é uma condição onde o transporte de oxigênio no
sangue fica comprometido nos bebês.
Na água potável, porém, há o constante uso de amônia (NH 3) como fixadora de
cloro para formação do cloro residual combinado. Porém, esse parâmetro é
controlado pelo anexo 11 (dos padrões organolépticos). A formação do cloro
combinado pode ocasionar gosto e odor na água em algumas situações.
23

Quanto às outras formas de nitrogênio, seu monitoramento ocorre


principalmente na água bruta na forma de nitrogênio total, sendo dispensado o
monitoramento na água potável.

1.2.7. Fósforo
O fósforo, assim como o nitrogênio, é um nutriente indispensável para o
crescimento de organismos aquáticos e sua presença pode ser natural, oriundo do
desgaste de rochas fosfatadas, ou antropogênica devido ao lançamento de
efluentes contendo detergentes e outros produtos químicos, também pelo uso de
fertilizantes e agrotóxicos.
Embora não seja objeto de controle direto na água potável, o fósforo pode estar
presente em várias formas associadas principalmente aos agrotóxicos. Por isso,
diversas substâncias que fazem o uso desse elemento químico são listadas no
anexo 9 da Portaria de Consolidação nº 5 – Anexo XX, alterada pela Portaria MS nº
888/2021. O monitoramento do fósforo total ocorre apenas na água bruta, enquanto
que na água potável é dispensado o monitoramento dessa substância.

1.2.8. Fluoretos
O flúor é um elemento muito abundante na natureza e tem grande afinidade com
diversos metais e. Naturalmente esse elemento não é encontrado na forma atômica
simples, apenas como seu íon fluoreto (F-). Por essa grande afinidade metálica, e
isso inclui o cálcio, faz-se o uso da fluoretação na água potável para auxiliar a
manutenção da saúde bucal da população.
De forma contraditória, o
excesso desse elemento nos
dentes durante seu processo de
formação pode causar manchas
brancas irreversíveis, doença
conhecida como fluorose
dentária, conforme apresentada
na figura 1,9. Como a ocorrência
do íon fluoreto é muito comum
naturalmente em corpos
aquáticos, há ETAs que possuem
sistemas de desfluoretação, ou
Figura 1.9: Fluorose dentária. Fonte site ABC do Bebê.
seja, diminuem a quantidade de
flúor na água para que esse problema não ocorra na população.
Na Portaria de Consolidação nº 5 – Anexo XX o íon fluoreto tem um VMP de
1,5 mg/L estabelecido pelo anexo 9 que trata das substâncias químicas que
oferecem risco à saúde, além da obrigatoriedade do seu monitoramento nos
mananciais. A fluoretação da água para fins de saúde bucal é estabelecida pelo
Anexo XXI da Portaria de Consolidação nº 5 de 2017.
24

1.2.9. Ferro e Manganês


Segundo Brasil (2014), os elementos ferro e manganês, por apresentarem
comportamento químico semelhante, podem ter seus efeitos na qualidade da água
abordados conjuntamente. Muito embora estes elementos não apresentem
inconvenientes à saúde nas concentrações normalmente encontradas nas águas
naturais, eles podem provocar problemas de ordem estética (manchas em roupas,
vasos sanitários) ou prejudicar determinados usos industriais da água.
Na Portaria de Consolidação nº 5 – Anexo XX, os VMPs para o ferro e manganês
são descritos dentro do anexo 11 que trata dos padrões organolépticos, com a
ressalva de que esses valores podem até serem maiores que os estabelecidos
nesse anexo, desde que os elementos estejam complexados com outra substância,
situação que será melhor discutida no capítulo que trata desse assunto.
Ainda segundo Brasil (2014), deve ser destacado que as águas de muitas
regiões brasileiras, como é o caso de Minas Gerais, por exemplo, em função das
características geoquímicas das bacias de drenagem, apresentam naturalmente
teores elevados de ferro e manganês, que podem, inclusive, superar os limites
fixados pelo padrão de potabilidade. Altas concentrações destes elementos são
também encontradas em situações de ausência de oxigênio dissolvido, como, por
exemplo, em águas subterrâneas ou nas camadas mais profundas dos lagos. Isso
causa uma série de transtornos para os operadores de ETAs que são abastecidas
por poços profundos.

1.2.10. Oxigênio Dissolvido (OD)


Embora a concentração de OD seja de importância fundamental para o
monitoramento da qualidade da água de um manancial, na água potável isso não
se faz presente. Essa afirmação tanto é verdadeira que na Portaria de Consolidação
nº 5 – Anexo XX de 2017 é solicitado o seu monitoramento apenas no manancial,
mas não na água potável.
Novamente, fica evidente que quanto maior o índice de OD, melhor a qualidade
de um manancial, guardando as devidas ressalvas quanto à capacidade da água
em dissolver esse gás em função da temperatura.

1.2.11. Matéria Orgânica


A matéria orgânica na água tem uma importância muito relevante. Sua presença
está ligada diretamente com a qualidade do manancial. A matéria orgânica pode ter
origem natural através dos organismos que vivem na água ou ao redor dos corpos
aquáticos, na ocorrência de ácidos húmicos e fúlvicos oriundos da decomposição
da matéria orgânica, etc. A presença em grandes concentrações dessas
substâncias também pode ocasionar gosto, odor, cor, turbidez, além da formação
de trihalometanos (THM) nos processos de cloração e pré-oxidação.
Mas a grande preocupação com relação à matéria orgânica ocorre
principalmente através de despejos de efluentes domésticos e industriais. Esses
despejos antrópicos criam um problema ainda maior que é a diluição de substâncias
químicas que alteram o metabolismo humano como drogas, fármacos e hormônios,
além dos microplásticos que estão ganhando cada vez mais espaço nas questões
25

ambientais. É claro que essas substâncias estarão presentes em quantidades muito


pequenas, porém, é de fundamental importância que sejam mencionadas.
O monitoramento da matéria orgânica ocorre na água bruta através de ensaios
de DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) e DQO (Demanda Química de
Oxigênio), além do monitoramento de agrotóxicos e outros parâmetros orgânicos
exigidos pela portaria de potabilidade da água. Para a água potável aplica-se o
monitoramento das substâncias orgânicas e agrotóxicos, mas a matéria orgânica
nas formas da DBO ou DQO já não é mais fruto de quantificação ou monitoramento.

1.3. PARÂMETROS MICROBIOLÓGICOS


A água bruta contém naturalmente uma enorme variedade de microrganismos
que são fundamentais para a saúde do corpo aquático. Podemos citar aqui as algas,
bactérias, protozoários e os fungos. Eles atuam oxigenando o corpo aquático,
decompondo a matéria orgânica e servindo de alimento a organismos maiores.
Contudo, é sabido também que muitos desses microrganismos são causadores
de doenças nos seres humanos e sua concentração na água tem sido
potencializada pelo lançamento de esgotos sem tratamento. Cite-se aqui a cólera,
esquistossomose, febre tifoide e paratifoide, hepatite A, amebíase, giardíase, etc.
Dessa forma, é necessário o monitoramento e controle desses microrganismos
indesejáveis na água potável, garantindo que ela não ofereça riscos aos
consumidores.
O monitoramento é algo dispendioso e trabalhoso. Muitas espécies de
microrganismos existem em quantidades pequenas, difíceis de serem identificadas,
possuem mobilidade, tem ciclos de vida curtos e capacidade de formarem cistos
(espécie encapsulamento que o microrganismo desenvolve quando o ambiente se
apresenta perigoso para a sua sobrevivência), o que torna a sua detecção cara,
difícil e trabalhosa. Por esses motivos, as ETAs adotam o monitoramento de
espécies indicadoras como os coliformes e os esporos de bactérias aeróbias,
incluindo-se também as cianobactérias para a água bruta. O monitoramento desses
microrganismos é mais simples, rápido e eficaz do que a busca por cada
microrganismo patogênico individualmente.

1.3.1. Coliformes
Os coliformes são os principais indicadores da qualidade da água. Um ser
humano adulto evacua cerca de 6 bilhões desses microrganismos todos os dias.
Eles sobrevivem por longos períodos fora do corpo humano e são facilmente
detectáveis pelos métodos analíticos que possuímos hoje, diferentemente de muitos
outros organismos patogênicos. Muitas espécies de coliformes convivem em
simbiose com os seres humanos, sem causar doenças às pessoas, embora existam
outras espécies que podem ser consideradas patogênicas. Dessa forma, os
coliformes são bons indicadores de contaminação da água, pois a sua presença
pode revelar de forma indireta a presença de patógenos. A figura 1.10 mostra o
resultado de um ensaio de coliformes pelo método colilert, possível de ser realizado
por qualquer laboratório em ETAs.
26

Podemos dividir o grupo denominado de coliformes totais em um subgrupo


denominado de coliformes termotolerantes. Dentro do subgrupo de coliformes
termotolerantes temos, então, a Escherichia coli, conforme apresenta a figura 1.11.

Os coliformes totais correspondem


a bactérias Gram-negativas que
utilizam a lactose como nutriente e
produzem gás, incubados a
temperatura de 35 - 37 ºC por 48
horas. Fazem parte desse grupo as
espécies Escherichia coli,
Enterobacter, Citrobacter e Klebsiella,
que estão presentes em vegetais e
solo, com exceção de Escherichia coli
que habita o trato intestinal do homem
Figura 1.10: Resultado típico de um ensaio de
coliformes pelo método colilert. A coloração e animais. Como esses
amarelada e fluorescente indica a presença de microrganismos habitam também
coliformes totais e fecais respectivamente. Fonte: vegetais e o solo, a presença deles não
site Gepgis.eu. pode ser associada diretamente à
presença de material fecal e/ou organismos patogênicos, porém, indica claramente
que há falhas ocorrendo na rede de distribuição ou no sistema de desinfecção das
ETAs.
Há uma tolerância à presença de coliformes totais na água tratada, entendendo-
se que é praticamente impossível manter a rede de abastecimento 100% estanque
durante 100% do tempo. Assim,
aceitam-se que para redes de
abastecimento que forneçam
água para mais de 20 mil
habitantes, ocorra a presença de
coliformes totais em até 5% das
amostras coletadas
mensalmente. Em sistemas que
abasteçam menos de 20 mil
habitantes, apenas 1 amostra
mensal pode acusar a presença Figura 1.11: Divisão dos grupos de bactérias
de coliformes totais. correspondentes aos coliformes.
Já os coliformes termotolerantes, também chamados de coliformes fecais, são
bactérias que apresentam a capacidade de utilizar a lactose como nutriente,
produzindo gás à temperatura de 44 - 45,5 ºC. A principal representante desse
subgrupo é a Escherichia coli. Os coliformes do tipo Escherichia coli vivem
exclusivamente no trato intestinal de animais de sangue quente, portanto, a sua
presença pode ser associada diretamente à presença de material de origem fecal
e, consequentemente, a um elevado risco de contaminação com patógenos. Por
esse motivo, a ocorrência de E.coli na água potável é proibida em qualquer
circunstância, desde o tratamento até o fornecimento para o consumidor.
27

Figura 1.12: Placa de petri com o


resultado da incubação de coliformes
fecais do tipo E.coli. Fonte: site
Microambiental.

A E.coli também, deve ser monitorada nos mananciais superficiais e a sua


detecção levará a uma série de outras medidas. A figura 1.12 apresenta uma placa
de petri incubada com Escherichia coli.

1.3.2. Esporos de Bactérias Aeróbias (EBA)


Os esporos são células de sobrevivência que algumas espécies de bactérias
formam ao se encontrarem em condições ambientais desfavoráveis como baixa
disponibilidade de alimentos e nutrientes, mudanças de pH, mudanças de
temperatura, presença de substâncias tóxicas, etc. Os esporos são muito
resistentes à todas essas adversidades citadas e podem sobreviver por longos
períodos dessa forma. Há relatos, inclusive, de esporos que voltaram a se
desenvolver como bactérias saudáveis após milhões de anos (HEADD &
BRADFORD, 2016).
A formação de esporos é uma característica típica do gênero Bacillus, principal
representante desse tipo de bactérias aeróbias. As bactérias do tipo Clostridium
também são formadoras de esporos, mas em condições anaeróbias. A figura 1.13
mostra uma imagem representativa das bactérias do tipo Bacillus.
Os esporos de bactérias aeróbias são considerados indicadores da qualidade da
água, pois suas características morfológicas se assemelham muito às
características de oocistos de Cryptosporidium, ou seja, são indicadores que
podem ser relacionados à presença de protozoários na água. Os esporos de
Bacillus subtilis possuem tamanho médio de aproximadamente 1,2 µm, enquanto
oocistos de Cryptosporidium possuem cerca de 4 a 6 µm, assim como os potenciais
zeta (uma medida das cargas elétricas superficiais) também são bem similares. Há
similaridades, também, quanto à hidrofobicidade, ciclo de vida, transporte, retenção
e sobrevivência. Tanto os esporos, quanto os cistos e oocistos são removidos
principalmente nas etapas de clarificação da água: decantação seguida de filtração.
Isso é mais um aspecto positivo para a utilização como indicador da qualidade da
água.
28

Outra informação importante é que os esporos são muito mais resistentes aos
processos de desinfecção do que os
cistos e oocistos, ou seja, um valor
consideravelmente baixo de esporos
após um processo de desinfecção é uma
afirmativa conservadora da igualmente
baixa (ou até mesmo inexistente)
concentração de cistos e oocistos.
Os ensaios para determinação de
esporos de bactérias aeróbias são
consideravelmente mais simples e
rápidos do que os ensaios para
Figura 1.13: Imagem representativa de
bactérias do tipo Bacillus. Essas bactérias têm
determinação de cistos de Giardia e
formato de bastonetes, são Gram-positivas e oocistos de Cryptosporidium, tornando
obrigatoriamente aeróbias ou facultativas e sua utilização mais viável para a
produtoras de esporos. Fonte: site All About determinação de protozoários em água.
Feed. Há diversos trabalhos que associam a
remoção dos esporos de bactérias aeróbias com a turbidez da água, buscando
tornar o monitoramento de cistos e oocistos ainda mais rápidos. Como os esporos
e os (oo)cistos têm a capacidade de causar turbidez na água, a redução da turbidez
para níveis extremamente baixos se reflete em uma baixa presença dos esporos de
bactérias que, consequentemente, indicariam a improvável presença de cistos e
oocistos. O ensaio de turbidez é algo rápido e rotineiro nas ETAs podendo ser
realizado em linha inclusive, enquanto os ensaios de EBA demoram pelo menos 24
horas e os ensaios para determinação de (oo)cistos podem durar mais de 7 dias.

1.3.3. Protozoários
Existem vários protozoários patogênicos de transmissão fecal-oral, como
Balantidium coli, Blastocystis hominis, Cyclospora cayetanensis, Entamoeba
histolytica, Isospora belli, Microsporidia e Toxoplasma gondii. Porém, sobre
Cryptosporidium e Giardia os cuidados tornam-se redobrados, pois os cistos de
Giardia e os oocistos de Cryptosporidium apresentam elevada persistência no
ambiente, baixas doses infectantes e são de difícil remoção e/ou inativação em
ETAs através dos processos de desinfecção tradicionais que utilizam cloro.
O monitoramento dessas espécies de protozoários é complexo, demorado e com
dificuldades de detecção em baixas concentrações, por isso há agora a opção pelo
monitoramento indireto mencionado anteriormente, através de esporos de
bactérias aeróbias e da turbidez da água tratada.
Tanto a Giardia ssp. quanto o Cryptosporidium ssp. são capazes de formar
cápsulas protetoras caso o ambiente seja desfavorável, denominados cistos e
oocistos para Giardia e Cryptosporidium respectivamente. Esses (oo)cistos ao
serem ingeridos junto com a água e alimentos contaminados são reativados dentro
do trato intestinal dos seres humanos através dos ácidos presentes,
desencadeando as doenças correlacionadas.
A remoção efetiva dos (oo)cistos ocorre nos processos de clarificação da água
(decantação e filtração) sendo eliminados junto com o lodo desses processos. As
figuras 1.14 e 1.15 apresentam o ciclo de vida desses microrganismos.
29

Figura 1.14: Ciclo do Cryptosporidium no epitélio intestinal. Fonte: site Profª Luciana
Cangussu.

Figura 1.15: Ciclo de vida da Giardia. Fonte: site Só Biologia


30

1.3.4. Cianobactérias
Brasil (2014) descreve que as cianofíceas ou algas azuis são organismos com
características de bactérias (ausência de envoltório nuclear), porém com sistema
fotossintetizante semelhante ao das algas, daí a dupla denominação. Em ambientes
eutrofizados, isto é, ricos em nitrogênio e fósforo provenientes de esgotos
domésticos, industriais e atividades agrícolas, as cianobactérias quase sempre
constituem o grupo
fitoplanctônico dominante.
Nessas condições podem
causar florações que
constituem problemas de
saúde pública e provocam
desequilíbrios ambientais
significativos. Como muitas
espécies de cianobactérias
são tóxicas, seu controle em
mananciais torna-se medida
fundamental. A figura 1.16 nos
apresenta uma foto da
Figura 1.16: Proliferação de cianobactérias no delta do proliferação desse tipo de
Rio Okavango na África. Fonte: site Ferdinando de Souza. microrganismo na água.
A Portaria de Consolidação nº 5 – Anexo XX, alterada pela Portaria MS 888/2021
exige o monitoramento de cianobactérias na água bruta e das cianotoxinas na água
potável. O monitoramento na água bruta pode ocorrer através da contagem de
cianobactérias complementada pelo monitoramento de clorofila-a. Em alguns casos
mais extremos de proliferação desses microrganismos realiza-se também o
monitoramento das cianotoxinas na captação. Essas substâncias podem ser
liberadas em caso de estresse das cianobactérias, por isso não é permitido o uso
de algicidas para controle de proliferações em mananciais.
Na água potável os limites permitidos para as cianotoxinas são expressos no
anexo 10 e possuem valores muito pequenos, na ordem de microgramas por litro.
31

4. A condutividade elétrica é uma


QUESTÕES SOBRE propriedade da água que demonstra a
capacidade em conduzir corrente elétrica.
PARÂMETROS FÍSICO- Essa propriedade está relacionada com:

QUÍMICOS E A) A quantidade de matéria orgânica


MICROBIOLÓGICOS DA presente.
B) A quantidade de material em suspensão.
ÁGUA C) A quantidade de sólidos totais
dissolvidos.
D) A quantidade de microrganismos
1. O que é cor aparente em uma amostra de presentes.
água?

A) É a cor da amostra com a presença de 5. A Portaria de Consolidação nº 5 – Anexo


turbidez. XX, alterada pela Portaria MS 888/2021
B) É a cor da amostra após remoção da reduziu a concentração de sólidos
turbidez. dissolvidos na água potável pela metade.
C) É a cor da amostra com a presença de Esse novo valor é de:
microrganismos.
D) É a cor da amostra após a remoção de A) 250 mg/L
sais dissolvidos. B) 500 mg/L
C) 750 mg/L
D) 1.000 mg/L
2 A medição de 15 unidades Hazen (uH) de
cor aparente em uma amostra é equivalente
à qual valor na escala de Platina-cobalto? 6. A escala de pH medida entre 0 e 14 é:

A) - 5 mg/L Pt-Co A) Uma escala logarítmica da concentração


B) 5 mg/L Pt-Co de íons H+.
C) 15 mg/L Pt-Co B) Uma escala logarítmica da concentração
D) 50 mg/L Pt-Co de íons OH -.
C) Um valor médio da concentração de
íons H+.
3 Quanto ao parâmetro de turbidez, assinale D) Um valor médio da concentração de
as afirmativas a seguir como verdadeira (V) íons OH -.
ou falsa (F).

Afirmativa V ou F 7. Em um meio aquático, ao adicionarmos


A turbidez é causada uma substância com capacidade de liberar
principalmente por partículas ( ) íons OH -, o valor de pH do meio mudará de
coloidais. que forma?
Sua presença pode causar cor
( ) A) Irá diminuir.
aparente.
É causada somente por B) Irá aumentar.
( ) C) Irá permanecer igual.
substâncias dissolvidas.
Sua medição é feita em D) Irá se aproximar de 7,0.
( )
condutivímetros.
A turbidez é fisicamente uma
( ) 8. Como podemos definir a alcalinidade?
propriedade diferente da cor.
É um dos principais parâmetros
utilizados na dosagem de ( ) A) Uma medida da capacidade do meio em
produtos químicos em ETAs. neutralizar ácidos.
Na Portaria de Consolidação nº B) Uma medida da capacidade do meio em
5 – Anexo XX a turbidez é uma neutralizar bases.
( ) C) Substâncias com pH acima de 7,0.
medida da eficiência do
processo de filtração. D) Substâncias com pH inferior a 7,0.
32

9. No tratamento da água é muito importante C) Incrustações em redes de


a determinação da alcalinidade da água abastecimento.
bruta, pois: D) Precipitação em sistemas de água
quente.
A) A alcalinidade determinará a quantidade
de coagulante para o tratamento.
B) A alcalinidade muito elevada provocará 13. Qual a diferença entre dureza
problemas na atuação do coagulante. permanente e dureza temporária?
C) A alcalinidade pode causar cor na água
tratada. A) A dureza permanente pode ser
D) A alcalinidade atuará como um tampão eliminada por fervura da água.
evitando quedas do pH na aplicação dos B) A dureza temporária pode ser eliminada
produtos químicos. pela fervura da água.
C) A dureza permanente é causada apenas
pelo íon cálcio.
10. A acidez em amostras de águas naturais D) A dureza permanente é causada apenas
costuma ser numericamente bem menor do pelo íon magnésio.
que a alcalinidade. Raramente encontra-se
amostras com acidez mineral. Qual a
justificativa para isso? 14. Em relação ao flúor presente na água,
assinale as afirmativas como verdadeira (V)
A) A acidez mineral é causada pelo gás ou falsa (F).
carbônico, gás que é pouco solúvel em
água. Afirmativa V ou F
B) A acidez mineral é causada por ácidos O flúor tem grande afinidade
( )
húmicos e fúlvicos, ou seja, sem não com metais.
houver material orgânico em Pode ser encontrado na
decomposição na amostra não haverá ( )
forma atômica elementar.
acidez mineral. Existem águas naturais que
C) A acidez mineral é causada por ácidos ( )
possuem excesso de flúor.
minerais fortes que não são encontrados A PC5 – Anexo XX
naturalmente. Em geral a sua origem estabelece como deve ser
está relacionada com despejos ( )
feita a fluoretação na água
industriais. potável.
D) A acidez mineral é causada por Utiliza-se o flúor na água
carbonatos e hidróxidos e só se potável para prevenir ( )
manifesta em pH menor que 2,0. doenças intestinais.

11. O parâmetro químico denominado 15. Os coliformes totais são monitorados na


“dureza” é utilizado para se determinar qual água bruta e na água potável. A presença de
característica da água? coliformes totais em amostras de água
potável na rede de abastecimento é um
A) A presença de cátions multivalentes, indício de:
principalmente cálcio e magnésio.
B) A presença de sólidos totais dissolvidos. A) Falha na integridade da rede de
C) O estado físico da água. abastecimento, mas não se pode
D) A viscosidade da água. confirmar a presença de
microrganismos patogênicos.
B) Contaminação fecal na rede de
12. Dos problemas relacionados a seguir, abastecimento e pode-se confirmar a
qual deles não está associado com a dureza presença de microrganismos
da água? patogênicos.
C) Contaminação por efluentes de origem
A) Precipitação de sabões e diminuição na industrial.
formação de espumas. D) Falha no sistema de desinfecção das
B) Diminuição do pH do meio. estações de tratamento.
33

16. Qual a importância da determinação de remoção ou inativação de cistos de


Escherichia coli na água? Giárdia e oocistos de Cryptosporidium.
D) A inativação dos esporos de bactérias
A) Todas as estirpes de E.coli podem aeróbias pode liberar toxinas.
causar doenças em seres humanos.
B) Algumas estirpes têm a capacidade de
formar cistos resistentes à desinfecção. 18. Analise as sentenças abaixo que tratam
C) A E.coli tem a capacidade de se dos cistos de Giárdia e oocistos de
proliferar rapidamente, causando gosto Cryptosporidium:
e odor na água.
D) A E.coli é um indicador de contaminação I – cistos e oocistos são muito resistentes
fecal e sua presença potencializa o risco aos processos de cloração.
da ocorrência de organismos II – possuem baixas doses infectantes.
patogênicos. III – em geral são removidos nos processos
de remoção de cor e turbidez.
IV – possuem pouca resistência no
17. Qual a necessidade de monitoramento ambiente natural.
de esporos de bactérias aeróbias, definido
pelo novo texto da Portaria MS 888/2021? Das sentenças descritas, a única que
contém uma alternativa falsa é:
A) Os esporos estão presentes apenas
quando há contaminação fecal na água. A) I
B) Os esporos são potencialmente B) II
perigosos para a saúde dos seres C) III
humanos. D) IV
C) A remoção ou inativação dos esporos
tem uma associação direta com a
34

2. SISTEMAS E DISPOSITIVOS PARA CAPTAÇÃO E


DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA
Antes de chegar ao consumidor a água deve ser retirada de um manancial,
chegar até as estações de tratamento de água (ETA), ser tratada e desinfetada
adequadamente, reservada e distribuída.
Os técnicos que pretendem trabalhar na área do saneamento básico devem
conhecer as partes fundamentais que compõem esse sistema complexo e
dinâmico, inclusive o nome e a função de alguns dispositivos vitais para a captação
e distribuição de água. A figura 2.1 apresenta de forma resumida as principais
operações correspondentes à captação e distribuição de água.

Figura 2.1: Principais etapas existentes no fornecimento de água potável.

2.1. MANANCIAIS
O Ministério do Meio Ambiente define mananciais como a fonte de água doce
superficial ou subterrânea utilizada para consumo humano ou desenvolvimento de
atividades econômicas: rios, lagos, açudes, poços, etc. A figura 2.2 apresenta
imagens dos mananciais mais comuns para utilização da água para consumo
humano.
São dos mananciais que se retira a água que será usada para abastecer as
pessoas ou para o desenvolvimento das atividades econômicas como indústrias,
agricultura, criação de animais, etc. A qualidade dos mananciais interfere
diretamente no tipo e no grau do tratamento que deve ser aplicado à água.
A opção pela captação superficial ou subterrânea envolve o custo do processo
de retirada e de tratamento. As regiões mais populosas costumam fazer a opção
pela retirada superficial, por ser mais fácil e barata, entretanto, essas mesmas
regiões são as que costumam apresentar a pior qualidade da água devido ao
lançamento de esgotos e outros usos do mesmo manancial.
35

Figura 2.2: Fotos de um rio, um lago e um poço. Essas são as formas mais comuns de
mananciais para abastecimento humano, mas não as únicas.

2.2. CAPTAÇÃO
Captação é o conjunto de obras
civis, dispositivos hidráulicos e
mecânicos que serão
responsáveis por retirar a água do
manancial e enviá-la para o
tratamento. As captações
possuem conjuntos motobomba
que podem estar nas margens do
corpo aquático, levemente
afastados ou dentro dos poços (no
caso de águas subterrâneas).
O conjunto motobomba é
construído sempre em mais de um
conjunto para garantir o
funcionamento do sistema mesmo
em caso de problemas técnicos
em uma das unidades. Contudo,
como são dependentes
exclusivamente de energia Figura 2.3: Exemplos de captações com suas
respectivas tomadas de água.
elétrica, a interrupção nesse
serviço pode ocasionar também a interrupção no fornecimento de água para as
pessoas. A figura 2.3 nos apresenta fotos de captações existentes.

2.3. BARRILETE
Dentro da hidráulica a palavra barrilete pode assumir diferentes contextos. Para
o nosso caso, barrilete corresponde ao conjunto de tubulações e dispositivos
responsáveis por realizar a sucção da água de um ponto mais baixo e bombeá-la
para outro ponto mais alto. Basicamente, o barrilete é composto por: conjunto
motobomba, redução, junta de desmontagem, válvula de retenção (VR), registro e
36

as tubulações, conforme apresentam as figuras 2.4 e 2.5. A tabela 2.1 mostra


informações das peças mais comuns a esses sistemas.

Figura 2.4: Configuração típica de uma estação de bombeamento. Fonte: site Hidráulica Agrícola.

Figura 2.5: Foto de um barrilete para bombeamento de água e seus componentes.


37

Tabela 2.1: Descrição dos componentes mais comuns em sistemas de bombeamento de água.

Componente Descrição

CONJUNTO MOTOBOMBA
É a união de um motor elétrico com a bomba
hidráulica. A bomba hidráulica funciona aplicando
uma força centrífuga na água, porém, ela não
funciona se não estiver acoplada a um motor
elétrico que forneça a rotação necessária.

REDUÇÃO
É a peça responsável por diminuir ou aumentar o
diâmetro da rede.
Nos barriletes o mais comum é a redução ser
utilizada para aumentar o diâmetro logo após o
conjunto motobomba.
As reduções podem ser excêntricas (esq.) ou
concêntricas (dir.).

JUNTA DE DESMONTAGEM TRAVADA


AXIALMENTE (JDTA OU JUNTA GIBAULT)
É a peça responsável por facilitar a desmontagem
do barrilete em caso de manutenções.
As peças no barrilete são colocadas muito
próximas e bem apertadas para evitar vazamentos.
Sem a junta de desmontagem fica muito difícil
remover um desses componentes, pois corre-se o
risco de desalinhar o barrilete ou, ainda, quebrar
outras peças.

VÁLVULA DE RETENÇÃO (VR)


É a peça responsável por evitar o retorno da água
em caso de parada do sistema.
É um dispositivo de segurança pois, em caso de
parada, o retorno da água acima da bomba pode
forçar o equipamento no sentido contrário do seu
funcionamento.
As VRs atuam também diminuindo o golpe de
aríete ao longo da rede, preservando a vida útil do
sistema.

REGISTRO
É a peça responsável por permitir ou cessar a
passagem de água.
No caso de uma manutenção no barrilete o registro
será fechado para evitar o retorno da água e danos
aos equipamentos.
Há vários tipos de registros de acordo com seu
funcionamento. Nas redes de abastecimento as
mais comuns são as válvulas de gaveta e as
válvulas de globo.

2.4. TRATAMENTO (VISÃO GERAL)


Nesse momento veremos apenas de forma superficial as etapas do tratamento,
pois elas serão vistas com muito mais profundidade nos próximos capítulos.
38

Figura 2.6: Fluxograma das etapas do tratamento da água.

Figura 2.7: Foto de uma ETA no município de Americana/SP.

2.5. RESERVAÇÃO
Após o tratamento a água não tem mais contato com o ambiente externo. Ela,
então, é enviada para caixas d’água fabricadas em concreto armado ou em aço,
situadas preferencialmente nos pontos mais altos das cidades.
Os reservatórios devem armazenar o volume de água para aproximadamente um
dia de consumo em caso de interrupção no fornecimento. Esses locais também têm
a função de fornecer pressão para a rede de distribuição e podem ser locais de
recloração se necessário.
2.5.1. Tipos de Reservatórios
A fim de garantir as pressões de trabalho necessárias os reservatórios são
construídos em diferentes níveis topográficos e classificados de acordo com a
disposição em relação ao solo. Em geral, os reservatórios a nível do solo
armazenam grandes volumes de água, enquanto os reservatórios elevados
priorizam o fornecimento de pressão. A figura 2.8 apresenta as classificações em
função da altura do reservatório em relação ao nível do solo e a figura 2.9 apresenta
fotos desses reservatórios.
39

Figura 2.8: Classificação dos reservatórios de água em razão da altura em relação


ao nível do solo.

Figura 2.9: Fotos dos tipos de reservatórios utilizados para o armazenamento da


água e fornecimento de pressão para a rede de abastecimento.
40

2.5.2. Pressões de Trabalho


Os reservatórios são construídos em níveis diferentes para garantir as pressões
de trabalho na rede de distribuição.
Segundo a NBR 12.218 a pressão estática (água parada dentro da tubulação)
máxima deve ser de 500 kPa e a pressão dinâmica (água em movimento dentro da
tubulação) deve ser de 100 kPa.

1 kPa (quilo Pascal) equivale à 0,1 m.c.a. (metro de coluna de água). Portanto:
100 kPa = 10 m.c.a. e 500 kPa = 50 m.c.a.

Sempre que a água está parada dentro da rede de abastecimento a pressão


existente é igual a diferença de cota entre os níveis de água. Contudo, quando a
água está se deslocando dentro de uma tubulação completamente preenchida
ocorre um fenômeno denominado de “perda de carga”. Para definir a melhor
localização dos reservatórios os engenheiros levam em consideração a topografia
do local, o tipo de tubulação que irão utilizar, o consumo de água na região e a
perda de carga ao longo da linha de distribuição. A figura 2.10 mostra uma
representação de como a pressão pode variar ao longo de uma rede de distribuição.
Domicílios localizados em regiões mais distantes dos reservatórios terão menos
pressão disponível na rede de abastecimento, pois a pressão diminui
gradativamente ao longo do trecho por causa das perdas de carga e das retiradas
de água para consumo à montante. Isso pode ocasionar a falta d’água em algumas
regiões nos horários de maior consumo.

A perda de carga é perda de energia que um fluido sobre quando escoa dentro
de uma rede pressurizada. Essa perda de carga ocorre por vários fatores como
as colisões entre as moléculas do fluido, as colisões com as paredes da
tubulação, mudanças de direção, etc.
A perda de carga reflete-se como uma diminuição da pressão de trabalho ao
longo de um trecho ou como a diminuição da cota de nível de água em seções
abertas.
Existem perdas de carga distribuídas, que ocorrem ao longo dos trechos lineares
das tubulações e perdas de carga localizadas, causadas por peças instaladas
nas tubulações, mudanças de direção no escoamento, junções de vazões,
derivações, etc.
As perdas de carga distribuídas dependem da vazão de escoamento, do tipo de
material empregado na tubulação, do diâmetro da tubulação e do comprimento
do trecho, sendo possíveis de serem calculadas por fórmulas mundialmente
reconhecidas como a Fórmula de Hazen-Williams, por exemplo.
As perdas de carga localizadas dependem do tipo de peça que é instalada no
trecho, seu diâmetro, a vazão de água que passará por essa peça e seu material.
Em geral esses valores são tabelados em livros de hidráulica e mecânica dos
41

fluidos. Peças mais simples como curvas de raio longo geram perdas de carga
menores do que peças mais complexas como registros ou válvulas de retenção.

Figura 2.10: Comportamento das pressões estática e dinâmica nas redes de abastecimento. A
pressão dinâmica diminui gradativamente em razão das retiradas de água e da perda de carga
que ocorre ao longo dos trechos.

Figura 2.11: Desenho esquemático da perda de carga distribuída. Entre os trechos 1 e 2 ocorre
uma diminuição nas linhas piezométrica e energética. Essa diferença de nível entre os pontos é
denominada de perda de carga (ΔH). Fonte: site Guia da Engenharia

2.5.3. Disposições dos Reservatórios


Os reservatórios são dinâmicos e estão o tempo todo recebendo ou fornecendo
volumes de água. Para garantir que as cidades não fiquem desabastecidas existem
as centrais de telemetria que verificam os níveis dos reservatórios de forma
instantânea e online. Assim, essas centrais realizam manobras para distribuir a água
42

entre os diversos reservatórios de acordo com a demanda, garantindo o


fornecimento para todos os consumidores de acordo com a necessidade real e
instantânea de consumo.
Dessa forma, haverá pelas cidades diversos reservatórios que poderão se
encontrar à montante ou à jusante (reservatórios de sobra) dos principais centros
consumidores, conforme mostrado na figura 2.12.

2.6. REDES DE DISTRIBUIÇÃO


As redes de distribuição devem conduzir a água bruta até a ETA ou a água
tratada até os pontos consumidores. O diâmetro escolhido, tipo de material e
traçados mais econômicos são determinados pelo projetista.
Basicamente, as redes se dividem quanto ao porte e diâmetro das tubulações
em:
• Adutora, cuja finalidade é levar a água entre dois ou mais pontos. Devido
ao seu grande diâmetro e pressão de trabalho, não permite que sejam
feitas derivações para abastecimento;
• Rede principal (também chamada de mestra, primária ou tronco) com
tubulações de maiores diâmetros e cuja finalidade é abastecer as
canalizações secundárias;
• Rede secundária, com tubulações de menores diâmetros cuja finalidade
é abastecer os pontos consumidores.

Figura 2.12: Disposição dos reservatórios nos municípios.


43

2.6.1. Classificação quanto ao Formato


As redes de distribuição também podem ser divididas quanto ao seu formato em
rede ramificada, rede malhada ou rede mista.

Rede ramificada:
O traçado é aberto, como uma árvore ou uma espinha de peixe;
Cada ponto de consumo é abastecido por uma única tubulação;
Se um trecho for isolado, todo o fornecimento à jusante daquele ponto é
interrompido também;
São modelos mais simples e baratos.

Rede malhada ou rede em anel:


Consiste em uma rede fechada como um anel com diversos caminhos para o
escoamento da água;
Possui maior flexibilidade para atender diferentes demandas e realizar
intervenções sem precisar deixar muitos consumidores desabastecidos;
São mais caras e mais complexas, mas sua utilização é sempre preferencial.

Rede mista: utiliza as configurações das redes ramificadas e em anel.

Figura 2.13: Disposição das redes ramificada e em anel.

2.6.2. Tubulações
para Redes de Água
Há no mercado inúmeros tipos
de tubulações com os mais
diferentes tipos de aplicações e
materiais. As tubulações possuem
diferentes diâmetros e espessuras,
Figura 2.14: Disposição das redes mistas. pois transportam vazões e
trabalham com pressões igualmente diferentes. Na área do saneamento básico os
materiais mais comuns são:
• Polietileno de alta densidade (PEAD);
• Policloreto de vinila (PVC);
• Ferro fundido (FºFº);
• Aço soldado ou aço rebitado;
• Concreto simples ou armado;
44

• Fibra de vidro;
• Fibrocimento (em desuso).

Veremos com mais profundidade os três principais materiais utilizados


atualmente nas redes de abastecimento: o PEAD, o ferro fundido e o PVC, mas a
aplicação não se limita a somente esses materiais.

2.6.2.1. Polietileno de alta densidade (PEAD)


Os tubos de PEAD têm sido amplamente utilizados no ramo do saneamento. Os
tubos são leves, resistentes, permitem realizar curvas sem a necessidade de
cotovelos ou joelhos, diminuindo o risco fadiga dos materiais e a perda de carga
localizada. A junção dos tubos é muito ampla permitindo o emprego de flanges,
junções tipo ponta e bolsa e a solda por termofusão, que transforma diversas
seções em um único elemento, diminuindo ainda mais as perdas de carga e fadiga
dos materiais.
Os tubos podem vir em carreteis economizando o valor do transporte, e a
instalação pode ser feita por MND (métodos não destrutivos). Isso se reflete em
uma enorme economia para seu
assentamento, pois requer a
abertura de pequenas
valas pontuais para sua
instalação, diferente dos tubos
vendidos em barras que requerem a
abertura de valas com grandes
comprimentos lineares.
Contudo, esse tipo de tubulação
não resiste muito bem à elevadas
temperaturas, exposição ao sol e
cargas externas, podendo amolecer
Figura 2.15: Tubos de PEAD vêm sendo aplicados e entortar em alguns casos
cada vez mais no abastecimento de água por excepcionais, causando transtornos
possuírem muitas vantagens.
à condução da água.

2.6.2.2. Ferro fundido (FºFº)


O FºFº é amplamente usado no
saneamento, principalmente para
grandes diâmetros e pressões de
trabalho.
Sua excelente resistência mecânica
confere uma durabilidade muito grande
em relação aos outros materiais,
principalmente em ambientes externos
expostos ao sol, vento, chuva e cargas
externas, sendo então os preferidos para
Figura 2.16: Exemplos de tubos de ferro
realização de travessias apoiadas e fundido utilizados em obras de saneamento.
45

instalação em locais sujeitos ao trânsito de veículos pesados e movimentação de


solo.
Contudo, são pesados e propensos à oxidação e incrustações, pois suas
paredes internas não são tão lisas quanto às dos materiais plásticos (na hidráulica
dizemos que as paredes são mais “rugosas”).

2.6.2.3. Policloreto de vinila (PVC)


Os tubos de PVC dominaram o
mercado nos últimos 30 anos.
Duráveis, leves, baratos e resistentes.
Suas paredes internas fornecem pouca
resistência ao escoamento da água,
reduzindo as perdas de carga e não
enferrujam. A junção dos tubos é feita
principalmente utilizando ponta e bolsa
ou cola, o que torna o trabalho muito
rápido e eficiente. Nas redes de água
utilizam-se os tubos de cor azul ou
Figura 2.17: Exemplos de tubos de PVC
utilizados em obras de saneamento.
marrom, enquanto as redes de esgoto
são construídas com tubos de PVC
ocre (ou laranja). Existem, também, os chamados tubos de PVC corrugados que
possuem parede externa com corrugações para melhor fixação do material em
terrenos úmidos e escorregadios.
O inconveniente é quanto a sua utilização em ambientes externos, pois o calor
excessivo é capaz de danificá-lo e também a aplicação de cargas externas que
podem levar ao seu abaulamento e colapso. Outro ponto negativo em relação aos
tubos de PEAD é que esse material não é flexível, portanto, todas as mudanças de
direção do escoamento requerem singularidades.

2.6.3. Junção entre Tubos


Na área do saneamento as junções mais comuns entre tubulações são as flanges
e o sistema de ponta e bolsa com junta elástica (PBJE). Há também a solda de
tubos por termofusão e com cola.
Cada tipo tem suas vantagens e desvantagens. O sistema de flanges, por
exemplo, ainda é o mais usado para unir as tubulações às singularidades como
registros, válvulas e curvas, além de permitir a troca de seções por outras de iguais
tamanho sem muita dificuldade. Já os tubos do tipo PBJE são de encaixe rápido e
permitem deflexões (curvas com raios muito longos) sem a necessidade de uma
peça específica para isso, economizando tempo e dinheiro. Os tubos soldados, por
sua vez, tornam-se uma única peça. Isso diminui a perda de carga e o risco de
rompimento da rede.
46

Figura 2.18: Junção entre tubos por flanges.

Figura 2.19: Junção entre tubos por ponta e bolsa com junta elástica (PBJE).
47

Figura 2.20: Junção de tubos por sistema de termofusão.

2.6.4. Dispositivos de Controle de Pressão


As cidades possuem depressões, elevações, planícies e outras ocorrências
geográficas que podem causar o excesso ou a falta de pressão nas redes. Assim,
faz-se necessário o uso de dispositivos para controle e manutenção das pressões
dentro das redes.
Pressões muito altas causam o rompimento das redes e também perdas no
sistema por causa de vazamentos sem afloramentos. A baixa pressão na rede, por
sua vez, faz com que a água não alcance as caixas d’água dos consumidores,
ocasionando falta de água.
Caso a pressão se torne negativa (vácuo) o problema é ainda maior, pois o tubo
pode colapsar (“murchar”) e também pode ocorrer a sucção de material externo
para dentro da rede como água contaminada, lama, etc.
Os principais dispositivos para o controle de pressão são: booster, VRP (válvula
redutora de pressão) e ventosa.
Booster: é uma instalação de bombeamento para fazer com que a água consiga
chegar com pressão suficiente em imóveis localizados em regiões mais altas e/ou
distantes em relação ao ponto de distribuição. Costumam ser instalados em regiões
muito planas ou com abastecimento em aclive. Também em regiões muito
afastadas dos reservatórios com elevada perda de carga. Os boosters são
motobombas cuja finalidade principal não é enviar a água entre dois pontos, mas
aumentar a pressão na rede de abastecimento.
VRP: as válvulas redutoras de pressão atuam criando uma perda de carga
suficiente para diminuir a pressão na rede a partir daquele ponto. Têm sido muito
utilizadas também em trabalhos de redução de perdas, diminuindo os vazamentos
sem afloramento. As VRPs atuam medindo a pressão à montante e a jusante. Em
seu interior há um diafragma que atua aumentando ou diminuindo a perda de carga
e propiciando uma menor ou uma maior pressão à jusante.
Ventosa: as ventosas são dispositivos que retiram o ar de dentro das tubulações
ou, fazem o inverso, permitem a entrada de ar. O ar tende a se acumular nos pontos
mais altos das redes de abastecimento. Isso pode ocasionar excesso de pressão,
diminuição da vida útil e oxidação do material. Nesse caso, a ventosa atua
expulsando o ar para fora da rede. Nos casos de falta de água a rede pode criar
vácuo. Nessa situação a ventosa atua permitindo a entrada do ar e evitando o
colapso da tubulação.
48

Figura 2.21: Boosters (esq.), VRPs (centro) e ventosas (dir.).

A figura 2.22 apresenta um gráfico com representações do comportamento da


pressão ao longo de uma rede de abastecimento. A pressão disponível tende a
diminuir gradualmente enquanto avança pela rede de distribuição, pois ocorrem
retiradas de água por consumidores e a perda de carga também está presente.
Então, ocorre a atuação dos dispositivos para ajustar a pressão novamente. Os
boosters irão aumentar novamente a pressão disponível, enquanto as VRPs irão
atuar diminuindo ainda mais a pressão a partir daquele ponto.

Figura 2.22: Gráfico do comportamento da pressão em uma rede de abastecimento. Fonte:


arquivo pessoal.
49

4. Nos pares de peças citados abaixo,


QUESTÕES SOBRE assinale a alternativa que contém uma peça
que NÃO faz parte do barrilete.
SISTEMAS E
A) Redução, cruzeta.
DISPOSITIVOS PARA B) Motor elétrico e bomba hidráulica.
CAPTAÇÃO E C) Junta de desmontagem e válvula de
retenção.
DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA D) Registro e redução.

5. Assinale uma alternativa que NÃO contém


1. Os mananciais fornecem a água necessária uma função dos reservatórios em um sistema
para abastecer as cidades. Muitas cidades de distribuição de água:
optam por mananciais superficiais. Assinale a
alternativa que traz uma informação FALSA A) Garantir a pressão na rede.
sobre os mananciais superficiais. B) Atuar como pontos de recloração.
C) Armazenar água para casos de
A) A qualidade da água pode variar muito interrupção no fornecimento.
em função de despejos e outros D) Realizar a sedimentação de sujidades
processos que ocorrem nas suas contidas na rede.
margens.
B) O regime de vazão varia muito pouco ao
longo do ano. 6. A classificação dos reservatórios de água
C) Mananciais superficiais são a opção ocorre em função:
mais prática e econômica para se captar
água. A) Da altura em relação ao nível do solo.
D) O nível de poluição do manancial B) Do volume de água que podem
interfere diretamente no tipo e no grau armazenar.
de tratamento a ser aplicado à água. C) Da pressão de trabalho que fornecem à
rede.
D) Do formato que possuem.
2. A função de uma captação dentro da área
de saneamento é:
7. A NBR 12.218 exige que a pressão de
A) Realizar o tratamento da água. trabalho nas redes de água potável seja:
B) Adicionar gradualmente os produtos
químicos que serão usados. A) Pressão dinâmica mínima de 5 m.c.a. e
C) Reservar e enviar água aos pressão estática máxima de 10 m.c.a.
consumidores. B) Pressão dinâmica mínima de 10 m.c.a. e
D) Retirar água do manancial e enviar para pressão estática máxima de 50 m.c.a.
o tratamento. C) Pressão dinâmica mínima de 8 m.c.a. e
pressão estática máxima de 50 m.c.a.
D) Pressão dinâmica mínima de 10 m.c.a. e
3. "Conjunto de tubulações e dispositivos pressão estática máxima de 60 m.c.a.
responsáveis por realizar a sucção da água de
um ponto mais baixo e bombeá-la para outro
ponto mais alto." A descrição citada 8. O nome do fenômeno que causa perda de
corresponde: pressão na rede de abastecimento em função
da colisão das moléculas da água com as
A) Ao barrilete. paredes internas da tubulação, também com
B) À captação. as peças instaladas (singularidades) e com as
C) À estação de tratamento de água linhas de fluxo é:
D) Ao sistema de reservação.
A) Perda de potência.
B) Golpe de aríete.
C) Reverberação.
50

D) Perda de carga. B) São operacionalmente mais simples e


baratas.
C) Cada ponto de consumo é abastecido
9. Analise as sentenças a seguir: por uma única tubulação.
D) A interrupção de água em um ponto não
I – Pressão dinâmica corresponde à pressão afeta os consumidores que estão à
exercida pela água quando está em jusante.
movimento dentro da rede de
abastecimento.
II – Pressão estática corresponde à pressão 13. Uma das principais vantagens das redes
exercida pela água quando se encontra malhadas (em anel) é:
parada dentro da rede de abastecimento.
III – A soma das pressões estática e A) São redes mais simples e baratas.
dinâmica dentro de uma rede de B) Permitem pressões de trabalho menores
abastecimento é denominada de pressão que as exigidas pela NBR 12.218.
de empuxo. C) Possui diversos caminhos para o
escoamento da água, permitindo que
É verdade o que se afirma: menos consumidores sejam
prejudicados em caso de interrupção.
A) Em I e II. D) Permitem velocidades de escoamento
B) Em II e III. diferentes daquelas exigidas pela NBR
C) Em I e III. 12.218.
D) Somente em I.

14. Os materiais das tubulações estão cada


10. Existe um tipo de tubulação na rede de vez mais tecnológicos sendo mais resistentes
distribuição de água que, em razão de seu ao rompimento e diminuindo a perda de carga
diâmetro e pressão de trabalho serem muito no escoamento da água. Assinale abaixo um
grandes não permite ligações ou derivações material de tubulação que já quase não se usa
diretas para consumo. O nome dessa mais para água potável, tendo seu uso
tubulação dentro de uma rede de praticamente descontinuado para essa
abastecimento é: finalidade.

A) Adutora. A) PEAD.
B) Rede mestra. B) PVC.
C) Rede secundária. C) FºFº.
D) Rede malhada. D) Fibrocimento.

11. As ligações domésticas devem ser feitas 15. Assinale abaixo uma informação FALSA a
em redes com diâmetros menores. Isso ajuda respeito dos tubos de PEAD.
a evitar vazamentos e não causar danos às
tubulações no interior dos imóveis. O nome A) Apresentam como ponto negativo a
dado às redes que permitem ligações possibilidade de achatamentos.
domésticas é: B) Não permitem a junção com pontas do
tipo flanges, somente por termofusão.
A) Adutora. C) Permitem a realização de curvas sem o
B) Rede mestra. uso de joelhos ou cotovelos.
C) Rede secundária. D) Permitem a instalação de redes por
D) Rede malhada. métodos não-destrutivos.

12. Quanto às características das redes


ramificadas, assinale a alternativa que contém 16. O nome dado ao dispositivo que permite
uma informação FALSA. tanto a entrada quanto a retirada de ar das
redes de abastecimento é:
A) Também são chamadas de "espinha de
peixe". A) Ventosa.
51

B) Booster. 17. O gráfico apresentado mostra a perda


C) Válvula redutora de pressão. pressão em uma rede de abastecimento em
D) Válvula de retenção. razão da distância e a ação de dispositivos
para corrigir problemas na pressão interna.
Assinale a alternativa que apresenta a
Observe o gráfico a seguir para responder a interpretação correta para a situação
questão 17. apresentada.

A) O dispositivo A é denominado Booster e


sua finalidade é reduzir a pressão à
jusante.
B) O dispositivo A é denominado VRP e sua
finalidade é reduzir a pressão à
montante.
C) O dispositivo B é denominado VRP e sua
finalidade é aumentar a pressão à
montante.
D) O dispositivo B é denominado Booster e
sua finalidade é aumentar a pressão à
jusante.
52

3. USOS DA ÁGUA E CÁLCULOS HIDRÁULICOS


BÁSICOS
Retiramos água dos mananciais pelos mais diversos motivos:
• Abastecimento doméstico;
• Abastecimento industrial;
• Irrigação;
• Dessedentação de animais;
• Aquicultura;
• Preservação da fauna e da flora;
• Recreação e lazer;
• Harmonia paisagística;
• Geração de energia elétrica;
• Navegação;
• Diluição de despejos

Dentre os usos citados, alguns impactam diretamente na quantidade de água


que será retirada dos mananciais, como o uso para irrigação, abastecimento
público e industrial, chamados de usos consuntivos. Alguns usos requerem que a
qualidade da água seja muito elevada, como o abastecimento público e o industrial.
Outros usos, entretanto, podem acabar com a qualidade do corpo aquático, como
por exemplo, a diluição de despejos.
Em face dessas variáveis possíveis, o técnico que vir a atuar na área do
saneamento básico deve saber realizar os cálculos para estimar a quantidade de
água necessária para cada atividade descrita, garantindo a quantidade suficiente,
sem exageros e sem que haja um subdimensionamento desse montante. Embora
todos os cálculos sejam aprovados e finalizados por engenheiros e especialistas, o
técnico pode e deve contribuir para a boa gestão dos recursos hídricos e seu uso
sustentável, além de utilizar esses conhecimentos para colaborar na prevenção de
problemas no abastecimento.

3.1. QUANTIDADE DE ÁGUA PER CAPITA (q)


No ramo do saneamento iremos retirar água de um manancial para satisfazer
basicamente à cinco demandas:
1) Doméstica (asseio e higiene pessoal, preparação de alimentos, limpeza de
roupas e utensílios, descargas sanitárias, etc.).
2) Comercial (hotéis, restaurantes, postos de combustíveis, padarias, etc.).
3) Industrial e agropecuário (transformação de matéria-prima, composição de
produtos, irrigações, criação e abate de animais, clubes, etc.).
4) Pública (fontes, irrigação de praças e jardins, limpeza pública, abastecimento
de prédios públicos, etc.).
5) Segurança (combate a incêndios).
O consumo médio por pessoa, denominado de consumo per capita (q), varia de
acordo com o local e a disponibilidade de água. Locais sem redes de abastecimento
podem ter um consumo per capita entre 30 e 100 litros/habitante*dia, enquanto que
em locais com maior disponibilidade podem ter valores de cerca de 250
53

L/habitante*dia. Regiões mais urbanizadas contam com mais acesso à água


potável, as casas possuem mais de um banheiro, piscina, etc. Há que se considerar,
também, que nesses locais as perdas de água na rede também costumam ser bem
maiores, aumentando consideravelmente o consumo per capita.
A Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda que o consumo per capita
das pessoas não seja superior a 110 litros/habitante*dia. No Brasil esse valor para
o ano de 2019 foi de 153,4 litros/habitante*dia (BRASIL, 2019).
Essa quantidade de água varia, também, conforme a quantidade de habitantes
em uma região, como podemos ver na tabela 3.1

Tabela 3.1: Consumo estimado de água per capita em razão da população.


Consumo per capita (q) em
População – nº de habitantes
Litros/habitante*dia

Até 6.000 Entre 100 e 150

Entre 6.000 e 30.000 Entre 150 e 200

Entre 30.000 e 100.000 Entre 200 e 250

Acima de 100.000 Entre 250 e 300

Em projetos de abastecimento deve-se usar um valor de cota per capita


adequado. Considerar, também, o crescimento demográfico da cidade e as
atividades mais comuns, sejam elas industriais, comerciais ou agrícolas.
Na falta de dados mais confiáveis e precisos, deve-se estipular que a cota de
consumo per capita (q) é de 250 L/hab*dia. Outros projetos de população flutuante
(praias e estâncias turísticas) também devem usar valores mais apropriados. A
tabela 3.2 traz diversos valores de consumo per capita possíveis de serem usados
em projetos na falta de dados mais confiáveis.

Tabela 3.2: Valores de q para projetos.

Tipo de consumo Consumo (litros/dia)

Apartamentos 200 per capita

Cinemas e teatros 2 por lugar

Creches 50 per capita

Edifícios públicos 50 per capita

50 por automóvel
Garagens e postos de serviço
200 por caminhões
54

Hotéis com cozinha e lavanderia 250 por hóspede

Lavanderias 30 por kg de roupa seca

300 por animal de grande porte


Matadouros
150 por animal de pequeno porte

Piscinas – lâmina d’água 2,5 cm por dia

Templos 2 por lugar

3.2. VAZÃO MÉDIA DE CONSUMO (𝑸


̅)
Para determinarmos a quantidade média suficiente de água que uma população
irá consumir usamos:

𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 ∗ 𝑞
𝑄̅ = [3.1]
86.400

Onde:
̅ : vazão média de consumo (L/s);
𝐐
População: número de pessoas que serão atendidas (habitantes);
q: consumo per capita (L/hab*dia);
86.400: fator de conversão de dia para segundos.

Nos exemplos utilizados a seguir iremos utilizar uma casa decimal depois da
vírgula para vazões maiores que 1 L/s e duas casas decimais para vazões menores
que 1 L/s.

Exemplo 3.1) Calcule a vazão média de consumo para um bairro que será
construído. A previsão é de que morem 5 mil pessoas nesse bairro com cota per
capita de 250 L/hab*dia.

𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 ∗ 𝑞 5.000 ∗ 250


𝑄̅ = = = 𝟏𝟒, 𝟓 𝑳/𝒔
86.400 86.400

Ou seja, para que todas as pessoas do bairro possam utilizar água em


condições normais de consumo é necessária uma vazão de 14,5 L/s.

Exemplo 3.2) Calcule a vazão média de consumo para uma cidade que possui
100 mil habitantes. Considere para essa cidade que a cota per capita é de 200
L/hab*dia.
55

𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 ∗ 𝑞 100.000 ∗ 200


𝑄̅ = = = 𝟐𝟑𝟏, 𝟓 𝑳/𝒔
86.400 86.400

Ou seja, para que todas as pessoas da cidade possam utilizar água em


condições normais de consumo a vazão necessária é de 231,5 L/s.

Exemplo 3.3) Um conjunto de galpões será construído. Serão 10 galpões com


300 m² cada. Considerando uma cota per capita igual a 5 L/m²*dia, calcule a
vazão média de consumo necessária para esse local.

𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 = 10 𝑔𝑎𝑙𝑝õ𝑒𝑠 ∗ 300 𝑚²/𝑔𝑎𝑙𝑝ã𝑜 = 3.000 𝑚²

𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 ∗ 𝑞 3.000 ∗ 5
𝑄̅ = = = 𝟎, 𝟏𝟕 𝑳/𝒔
86.400 86.400

Ou seja, para que todos os galpões possam consumir água em condições


normais é necessária uma vazão de 0,17 L/s.

Em todos os exemplos apresentados a vazão calculada é aquela suficiente para


garantir o abastecimento de água em condições normais. Porém, é com muita
frequência que ocorrem variações de consumo, quando a população requer uma
demanda maior de água (estações de calor, problemas no fornecimento,
fenômenos climáticos atípicos, etc.).
Assim, a quantidade de água que será fornecida para a população deve
considerar o risco desse consumo atípico ocorrer e garantir que mesmo nesses
casos a população não seja prejudicada. Por isso devemos considerar coeficientes
de segurança no cálculo da vazão que será entregue.

3.3. COEFICIENTES DE SEGURANÇA (K1 E K2) E


VARIAÇÕES TEMPORAIS DE CONSUMO
O consumo de água varia muito ao longo de um ano, de um mês ou ainda mesmo
de um dia. Meses mais frios e úmidos tendem a ter um menor consumo de água,
enquanto meses mais quentes e secos costumam ter um aumento considerável.
Dentro de um mesmo dia, os períodos da madrugada são os que apresentam a
menor demanda de água, enquanto os horários próximos ao almoço são aqueles
têm o maior consumo. A figura 3.1 mostra a variação de consumo de água para um
bairro da cidade de São Paulo. Verifica-se que há três picos muito claros: dois picos
de consumo antes e após o horário do almoço e um terceiro pico por volta das 18h.
São nesses horários que as pessoas estão cozinhando, usando o banheiro, se
alimentando, lavando roupas, banhando as crianças para irem à escola, etc. No
horário das 0h até as 4h a maioria dos consumidores estão dormindo, portanto, o
consumo de água diminui para cerca de 1/3 do maior valor registrado.
Pensando nessas variações temporais de consumo, o projeto de uma rede de
água deve levar em consideração o consumo médio normal e esses picos,
56

garantindo que o abastecimento não seja insuficiente nas horas de maior consumo,
seja por falta de água, seja por baixas pressões na rede.

As vazões de projeto devem


ser suficientes para que não haja
uma retirada excessiva de água
dos mananciais e, ao mesmo
tempo, para que não haja
desabastecimento dos
consumidores, mesmo em casos
excepcionais de altas demandas.
Para uma garantia de
abastecimento em projeto, utiliza-
se coeficientes de segurança
denominados K1 e K2.
Coeficiente diário – K1:
Figura 3.1: Variação horária no consumo de água de estabelece uma relação entre o
um bairro da cidade de São Paulo. Fonte: apostila de dia de maior consumo ocorrido ao
Saneamento Básico – Prof. Guimarães. longo de um ano e a média de
consumo anual. Em geral esse valor varia entre 1,2 e 2,0 (ou seja, um aumento em
um dia de 20% à 100% no consumo médio anual). No Brasil é usual adotar-se K1
= 1,2 na falta de dados mais confiáveis.
Coeficiente horário – K2: estabelece uma relação entre a hora de maior consumo
ocorrida ao longo de um dia e a média diária de consumo. Em geral esse valor varia
entre 1,5 e 3,0 (ou seja, um aumento em um horário do dia de 50% à 200% no
consumo médio diário). No Brasil é usual adotar-se K2 = 1,5 quando não há dados
mais precisos.

3.4. VAZÃO DE ABASTECIMENTO (Q)


A quantidade de água que deverá, de fato, ser fornecida às pessoas é chamada
de vazão de abastecimento (Q), calculada por:

𝑄 = 𝑄̅ ∗ 𝐾1 ∗ 𝐾2 + 𝑄𝑆 [3.2]

Onde:
Q: vazão de abastecimento (L/s);
̅ : vazão média de consumo (L/s);
𝐐
K1: coeficiente de segurança diário (geralmente usa-se 1,2);
K2: coeficiente de segurança horário (geralmente usa-se 1,5);
QS: vazão singular (alguma demanda especial de consumo como escolas,
hospitais, indústrias, aeroportos, etc.) (L/s).

Os valores de 1,2 e 1,5 para K1 e K2 respectivamente, são muito usuais no Brasil,


porém, seu uso deve ser criterioso. O projetista deve adotar os coeficientes de
segurança mais precisos que tiver em mãos. O coeficiente diário K1 é utilizado no
cálculo de todas as unidades do sistema produtor, enquanto K2 só é utilizado no
cálculo das redes de abastecimento.
57

Exemplo 3.4) Utilize o resultado do exemplo 3.1 e determine a vazão de


abastecimento para aquele bairro. Considere K1 igual a 1,2 e K2 igual a 1,5.
Considere, também, que não há nenhuma vazão singular nesse bairro.

Vazão média calculada no exercício 3.1: 14,5 L/s

𝑄 = 𝑄̅ ∗ 𝐾1 ∗ 𝐾2 + 𝑄𝑆 = 14,5 ∗ 1,2 ∗ 1,5 + 0 = 𝟐𝟔, 𝟏 𝑳/𝒔

Ou seja, a vazão que terá que ser fornecida para o bairro com 5 mil habitantes
será de 26,1 L/s. Quase o dobro da vazão média que era de 14,5 L/s. Em teoria,
essa vazão maior será suficiente para garantir o abastecimento da população
local mesmo em casos atípicos de aumento no consumo de água.

Exemplo 3.5) Utilize o resultado do exemplo 3.2 e determine a vazão de


abastecimento para aquela cidade. Considere K1 igual a 1,2 e K2 igual a 1,5.
Considere, também, que há a vazão singular de 0,01 L/s referente à uma escola
e 0,5 L/s referente à uma fábrica.

Vazão média calculada no exercício 3.2: 231,5 L/s

𝑄 = 𝑄̅ ∗ 𝐾1 ∗ 𝐾2 + 𝑄𝑆 = 231,5 ∗ 1,2 ∗ 1,5 + (0,01 + 0,5) = 𝟒𝟏𝟕, 𝟐 𝑳/𝒔

Ou seja, a vazão que deverá ser fornecida à cidade é de 417,2 L/s, muito maior
que a vazão média, que era de 231,5 L/s. Em teoria, essa nova vazão calculada
deverá ser capaz de abastecer as pessoas e os grandes consumidores mesmo
em casos atípicos de consumo.

Exemplo 3.6) Utilize o resultado do exemplo 3.3 e determine a vazão de


abastecimento para os galpões. Considere K1 igual a 1,15 e K2 igual a 1,25.
Considere, também, que há uma vazão singular de 0,05 L/s referente à um
sistema de resfriamento que existirá no local.

Vazão média calculada no exercício 3.3: 0,17 L/s

𝑄 = 𝑄̅ ∗ 𝐾1 ∗ 𝐾2 + 𝑄𝑆 = 0,17 ∗ 1,15 ∗ 1,25 + 0,05 = 𝟎, 𝟐𝟗 𝑳/𝒔

Conforme verificado, a vazão média de consumo originalmente calculada


(0,17 L/s) apenas supre a necessidade em situações normais, porém, é
necessário o fornecimento de 0,29 L/s para assegurar o abastecimento mesmo
em casos atípicos de consumo.
58

3.5. VAZÃO DAS UNIDADES PRODUTORAS


Sabendo que é possível determinar a quantidade de água que será utilizada para
abastecer uma comunidade, resta calcular as vazões das unidades produtoras.
As unidades produtoras são divididas em captação, tratamento e reservação.
Portanto, o montante de água que será retirado de um manancial dependerá
principalmente do quanto a comunidade irá consumir, do horário de funcionamento
das unidades produtoras (captações, ETAs, reservatórios, etc.) e da quantidade de
água que será usada dentro das próprias unidades produtoras (água para fabricar
coagulante, alcalinizantes, produtos laboratoriais, limpezas e manutenções,
retrolavagens de filtros, etc.).

Figura 3.2: Representação das aplicações do cálculo das vazões das unidades produtoras.

VAZÃO DE CAPTAÇÃO (QCAP): a vazão de captação é aquela que determina o


montante de água que será retirado do manancial para suprir todas as
necessidades da comunidade, singularidades e unidades produtoras.

𝑄̅ ∗ 𝐾1 ∗ 24 𝑞𝐸𝑇𝐴
𝑄𝐶𝐴𝑃 = ∗ (1 + ) + 𝑄𝑆 [3.3]
𝑡 100

Onde:
QCAP: vazão de captação (L/s);
̅ : vazão média de consumo (L/s);
𝐐
K1: coeficiente diário (geralmente 1,2);
t: tempo de funcionamento da ETA (horas);
qETA: consumo de água na ETA (%);
QS: vazão singular de grande consumidor (L/s).

VAZÃO DE RESERVAÇÃO (QRES): a vazão de reservação é aquela que será


recebida da pelos reservatórios a partir da ETA, descontada a parcela de que foi
consumida na própria ETA.
59

𝑄̅ ∗ 𝐾1 ∗ 24
𝑄𝑅𝐸𝑆 = + 𝑄𝑆 [3.4]
𝑡

Onde:
QRES: vazão de reservação (L/s);
̅ : vazão média de consumo (L/s);
𝐐
K1: coeficiente diário (geralmente 1,2);
t: tempo de funcionamento da ETA (horas);
QS: vazão singular de grande consumidor (L/s).

VAZÃO DE DISTRIBUIÇÃO (QDIST): a vazão de distribuição é aquela que será


enviada à população. Conforme já vimos, pode também ser chamada de “vazão de
abastecimento”.

𝑄𝐷𝐼𝑆𝑇 = 𝑄̅ ∗ 𝐾1 ∗ 𝐾2 + 𝑄𝑆 [3.5]

Onde:
QDIST: vazão de abastecimento/distribuição (L/s);
̅ : vazão média de consumo (L/s);
𝐐
K1: coeficiente de segurança diário (geralmente usa-se 1,2);
K2: coeficiente de segurança horário (geralmente usa-se 1,5);
QS: vazão singular de grande consumidor (L/s).

Exemplo 3.7) Suponha a cidade mencionada no exemplo 3.2 com 100 mil
habitantes. Nessa cidade será construída uma ETA para suprir as necessidades
de água. Considerando as características descritas abaixo, calcule a vazão das
unidades produtoras.
População: 100.000 habitantes
Cota per capita (q): 200 L/hab*dia
Coeficiente diário (K1): 1,2
Coeficiente horário (K2): 1,5
Consumo de água da ETA (qETA): 3%
Período de funcionamento da ETA (t): 18 horas
Vazão singular de grande consumidor (QS): 0,01 L/s (escola) e 0,5 L/s (fábrica)

Comecemos relembrando o cálculo da vazão média de consumo (Q


̅ ), tal qual foi
realizado no exemplo 3.2:

𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 ∗ 𝑞 100.000 ∗ 200


𝑄̅ = = = 𝟐𝟑𝟏, 𝟓 𝑳/𝒔
86.400 86.400

Esse resultado será usado para todos os cálculos seguintes. Então, partimos para
o cálculo da vazão de captação (QCAP):

𝑄̅ ∗ 𝐾1 ∗ 24 𝑞𝐸𝑇𝐴
𝑄𝐶𝐴𝑃 = ∗ (1 + ) + 𝑄𝑆
𝑡 100
60

231,5 ∗ 1,2 ∗ 24 3
𝑄𝐶𝐴𝑃 = ∗ (1 + ) + (0,01 + 0,5)
18 100

𝑄𝐶𝐴𝑃 = 370,4 ∗ (1,03) + (0,51) = 𝟑𝟖𝟐, 𝟎 𝑳/𝒔

Notem que, apesar da população necessitar de 231,5 L/s para consumo em


situação normal, será captada do manancial uma vazão de 382,0 L/s. Esse valor
irá corresponder ao consumo da população com segurança, também à parcela
de água que será usada para produção na ETA (3%) e às singularidades previstas
(no caso uma escola e uma fábrica).
Essa vazão de água será captada pelo período de 18 horas, que é o período de
funcionamento da ETA, entretanto, a população irá consumir água durante as 24
horas do dia.
Agora podemos calcular a vazão de reservação (QRES) que será enviada para os
reservatórios da cidade:

𝑄̅ ∗ 𝐾1 ∗ 24
𝑄𝑅𝐸𝑆 = + 𝑄𝑆
𝑡

231,5 ∗ 1,2 ∗ 24
𝑄𝑅𝐸𝑆 = + (0,01 + 0,5) = 𝟑𝟕𝟎, 𝟗 𝑳/𝒔
18

Será captada do rio uma vazão de 382,0 L/s e será enviada para os reservatórios
uma vazão de 370,9 L/s. A diferença entre as vazões de captação e reservação
(11,1 L/s) corresponde ao que foi usado na ETA para processos internos na
produção de água como retrolavagem dos filtros, fabricação de reagentes,
limpeza e manutenção, etc.
Agora, portanto, podemos calcular a vazão de distribuição (QDIST), lembrando que
nesse caso usa-se o coeficiente K2 e o consumo ocorre durante as 24 horas do
dia.
𝑄𝐷𝐼𝑆𝑇 = 𝑄̅ ∗ 𝐾1 ∗ 𝐾2 + 𝑄𝑆

𝑄𝐷𝐼𝑆𝑇 = 231,5 ∗ 1,2 ∗ 1,5 + (0,01 + 0,5) = 𝟒𝟏𝟕, 𝟐 𝑳/𝒔

Figura 3.3: Representação dos resultados calculados no exemplo 3.7.


61

Percebam que a vazão de captação (382,0 L/s) é menor que a vazão de


distribuição (417,2 L/s). Não apenas isso, mas o consumo ocorrerá durante 24
horas por dia, enquanto as unidades produtoras funcionarão por 18 horas.
Pode soar estranho, mas é dessa forma mesmo que deve ocorrer. As cidades
possuem centros de telemetria que monitoram em tempo real o nível dos
reservatórios. Sempre que for detectado um aumento de demanda em algum setor,
realizam-se manobras entre os reservatórios para suprir esse aumento de consumo.
Embora o consumo ocorra 24 horas por dia, nos períodos da madrugada ele é muito
pequeno, havendo tempo para reabastecer os reservatórios. Isso se faz necessário
pois, se a captação retirasse dos mananciais a vazão de distribuição o sistema
ficaria superdimensionado, mais caro, mais difícil de operar e, provavelmente,
desperdiçando mais água do que o necessário para abastecer a comunidade, além
de super explorar o manancial em questão.

Exemplo 3.8) Suponha uma cidade com 1 milhão de habitantes. Será construída
uma ETA para abastecer 90% dessa população. Dadas as características
descritas abaixo, calcule a vazão das unidades produtoras.
População: 90% de 1 milhão de habitantes = 900.000 habitantes
Cota per capita (q): 250 L/hab*dia
Coeficiente diário (K1): 1,2
Coeficiente horário (K2): 1,5
Consumo de água da ETA (qETA): 3%
Período de funcionamento da ETA (t): 24 horas
Vazão singular de grande consumidor (QS): 10 L/s

Comecemos calculando a vazão média de consumo (Q


̅ ):

𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 ∗ 𝑞 900.000 ∗ 250


𝑄̅ = = = 𝟐. 𝟔𝟎𝟒, 𝟐 𝑳/𝒔
86.400 86.400

Então, partimos para o cálculo da vazão de captação (QCAP):

𝑄̅ ∗ 𝐾1 ∗ 24 𝑞𝐸𝑇𝐴
𝑄𝐶𝐴𝑃 = ∗ (1 + ) + 𝑄𝑆
𝑡 100

2.604,2 ∗ 1,2 ∗ 24 3
𝑄𝐶𝐴𝑃 = ∗ (1 + ) + 10
24 100

𝑄𝐶𝐴𝑃 = 3.125,0 ∗ (1,03) + 10 = 𝟑. 𝟐𝟐𝟖, 𝟖 𝑳/𝒔

Agora podemos calcular a vazão de reservação (QRES) que será enviada para os
reservatórios da cidade:

𝑄̅ ∗ 𝐾1 ∗ 24
𝑄𝑅𝐸𝑆 = + 𝑄𝑆
𝑡

2.604,2 ∗ 1,2 ∗ 24
𝑄𝑅𝐸𝑆 = + 10 = 𝟑. 𝟏𝟑𝟓, 𝟎 𝑳/𝒔
24
62

Finalmente, podemos calcular a vazão de distribuição (QDIST):

𝑄𝐷𝐼𝑆𝑇 = 𝑄̅ ∗ 𝐾1 ∗ 𝐾2 + 𝑄𝑆

𝑄𝐷𝐼𝑆𝑇 = 2.604,2 ∗ 1,2 ∗ 1,5 + 10 = 𝟒. 𝟔𝟗𝟕, 𝟔 𝑳/𝒔

Figura 3.4: Representação dos resultados calculados no exemplo 3.8.

Exemplo 3.9) Será implantado um frigorífico que irá abater 1.000 animais de
grande porte por dia. O local terá uma ETA própria para abastecer a linha de
produção que funcionará 24h por dia. Considere as características descritas
abaixo e calcule a vazão das unidades produtoras.
População: 1.000 animais
Cota per capita (q): 300 L/animal*dia
Coeficiente diário (K1): 1,15
Coeficiente horário (K2): 1,35
Consumo de água da ETA (qETA): 3%
Período de funcionamento da ETA (t): 12 horas
Vazão singular de grande consumidor (QS): 0 L/s

Comecemos calculando a vazão média de consumo (Q


̅ ):

𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 ∗ 𝑞 1.000 ∗ 300


𝑄̅ = = = 𝟑, 𝟓 𝑳/𝒔
86.400 86.400

Então, partimos para o cálculo da vazão de captação (QCAP):

𝑄̅ ∗ 𝐾1 ∗ 24 𝑞𝐸𝑇𝐴
𝑄𝐶𝐴𝑃 = ∗ (1 + ) + 𝑄𝑆
𝑡 100

3,5 ∗ 1,15 ∗ 24 3
𝑄𝐶𝐴𝑃 = ∗ (1 + )+0
12 100
63

𝑄𝐶𝐴𝑃 = 8,05 ∗ (1,03) + 0 = 𝟖, 𝟑 𝑳/𝒔

Agora podemos calcular a vazão de reservação (QRES):

𝑄̅ ∗ 𝐾1 ∗ 24
𝑄𝑅𝐸𝑆 = + 𝑄𝑆
𝑡

3,5 ∗ 1,15 ∗ 24
𝑄𝑅𝐸𝑆 = + 0 = 𝟖, 𝟎𝟓 𝑳/𝒔
12

Finalmente, podemos calcular a vazão de distribuição (QDIST) para o frigorífico:

𝑄𝐷𝐼𝑆𝑇 = 𝑄̅ ∗ 𝐾1 ∗ 𝐾2 + 𝑄𝑆

𝑄𝐷𝐼𝑆𝑇 = 3,5 ∗ 1,15 ∗ 1,35 + 0 = 𝟓, 𝟒 𝑳/𝒔

Figura 3.5: Representação dos resultados calculados no exemplo 3.9.

3.6. EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE


A equação da continuidade é, provavelmente, a fórmula matemática base para
todas as outras utilizadas nas áreas da hidráulica, pois, a partir dela podemos
realizar uma série de correlações.
Essa equação nos permite compreender melhor o movimento de um fluido dentro
de um conduto de forma simples e rápida, considerando somente a velocidade de
escoamento e a área da seção que transporta o fluido.

𝑄 = 𝑣 ∗𝐴 [3.6]

Onde:
Q é vazão do fluido (m³/s);
v é velocidade de escoamento (m/s);
A é área da seção (m²).
64

A simplicidade de aplicação da
equação da continuidade está no
fato de precisarmos de poucos
parâmetros para obter resultados
precisos de vazão. Com base na
velocidade de escoamento e na
área da seção que conduz o fluido,
é possível obter a vazão. Ou, a partir
da vazão, determinar essas outras
variáveis como velocidade de
escoamento e seção do conduto.
Para que a equação seja
verdadeira e possível de ser
aplicada, devemos fazer algumas
Figura 3.6: Representação dos parâmetros considerações como:
necessários para utilização da equação da
continuidade.
- O fluido em questão deve ser
um “fluido perfeito”, isso é, um fluido
que se adapta à forma do recipiente sem se comprimir. Considera-se, também, que
os atritos relativos ao seu escoamento podem ser ignorados.
- O fluido irá se adaptar ao escoamento sempre mantendo a vazão constante.
Isso é, caso ocorra um estreitamento da seção (diminuição da área), haverá uma
compensação do fluido aumentando a sua velocidade para que a vazão não seja
alterada.

Figura 3.7: Representação do comportamento de um fluido dentro de um conduto com


estreitamento de seção.

Na figura 3.7 acima temos um estreitamento de seção. O trecho 1 tem um


diâmetro maior que o diâmetro do trecho 2. Pode-se deduzir A1 > A2. Nessa
situação o sistema manterá a vazão constante (Q1 = Q2) e para isso aumentará a
velocidade de escoamento no trecho 2 (v1 < v2).
Portanto, concluímos que:
- se a área diminui, a velocidade de escoamento aumenta.
- se a área aumenta, a velocidade de escoamento diminui.
Logo, área e velocidade são grandezas inversamente proporcionais nessas
situações. Podemos usar como exemplo a mangueira de jardim que utilizamos para
regar plantas. Sempre que queremos fazer com que a água chegue mais longe, nós
apertamos a ponta da mangueira com nosso dedo. Ao fazermos isso estamos
65

estrangulando a passagem de água, ou seja, diminuindo a seção do escoamento.


Como a vazão de água é constante, o jato de água aumenta sua velocidade. Com
velocidade maior conseguimos fazer a água alcançar maiores distâncias em nosso
jardim.

Figura 3.8: Fórmulas para determinação da área de retângulos, círculos e trapézios. Essas
são as seções mais comuns para transporte de fluidos, porém, não são as únicas. Cabe ao
estudante pesquisar o cálculo da área de uma forma geométrica diferente dessas
apresentadas.

É importante ressaltar, também, que a equação da continuidade funcionará mais


adequadamente com as unidades corretas: [m³/s] para vazão de escoamento, [m/s]
para a velocidade de escoamento do fluido e [m²] para a área da seção. Portanto,
são comuns as situações que requerem conversão de unidades. Abaixo segue uma
tabela com as conversões mais comuns requeridas.

Tabela 3.3: Valores para conversão de unidades.

Use esses valores para converter a


vazão para a unidade correta de [m³/s].

Use esses valores para converter a


velocidade para a unidade correta de
[m/s].

Use esses valores para converter a


área para a unidade correta de [m²].
66

Use esses valores para converter


medidas de comprimento para a
unidade correta de [m]. Será muito
usada na determinação de diâmetros e
comprimentos de seções

Exemplo 3.10) Considere água sendo transportada a uma velocidade de 0,15


m/s. Calcule as respectivas vazões nas situações mostradas a seguir.
a) b) c)

No exemplo (a) temos a seção geométrica de um retângulo de base 2,0 m e altura


1,5 m, portanto, a área dessa seção é:

𝐴 = 𝑏𝑎𝑠𝑒 ∗ 𝑎𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎 = 2,0 ∗ 1,5 = 3,0 𝑚²


A vazão de água é, portanto, a área multiplicada pela velocidade (0,15 m/s):

𝑄 = 𝑣 ∗ 𝐴 = 0,15 ∗ 3,0 = 𝟎, 𝟒𝟓 𝒎𝟑 /𝒔

Podemos converter a vazão para L/s e teremos uma grandeza mais


representativa e igual a 450,0 L/s.

No exemplo (b) temos a seção geométrica de um círculo de diâmetro 150 mm


(0,15 m), portanto, a área dessa seção é:

𝜋 ∗ 𝑑 2 𝜋 ∗ 0,152
𝐴= = = 0,0177𝑚²
4 4

A vazão de água é, portanto, a área multiplicada pela velocidade (0,15 m/s):

𝑄 = 𝑣 ∗ 𝐴 = 0,15 ∗ 0,0177 = 𝟎, 𝟎𝟎𝟐𝟔𝟓 𝒎𝟑/𝒔

Podemos converter a vazão para L/s e teremos uma grandeza mais


representativa e igual a 2,65 L/s.

No exemplo (c) temos a seção geométrica de um trapézio com base maior de


100 cm (1,0 m), base menor de 75 cm (0,75 m) e altura da lâmina d’água de
80 cm (0,80 m), portanto, a área dessa seção é:
67

(𝐵 + 𝑏) (1,0 ∗ 0,75)
𝐴= ∗ℎ= ∗ 0,80 = 0,70 𝑚²
2 2

A vazão de água é, portanto, a área multiplicada pela velocidade (0,15 m/s):

𝑄 = 𝑣 ∗ 𝐴 = 0,15 ∗ 0,70 = 𝟎, 𝟏𝟎𝟓 𝒎𝟑 /𝒔

Podemos converter a vazão para L/s e teremos uma grandeza mais


representativa e igual a 105,0 L/s.

Exemplo 3.11) Uma tubulação com diâmetro de 20 mm transporta água à uma


vazão de 0,5 L/s. Determine a velocidade da água escoando dentro dessa
tubulação.

Primeiramente vamos converter as unidades para podermos utilizar a equação


da continuidade:
Diâmetro: 20 mm = 0,02 m
Vazão: 0,5 L/s = 0,005 m³/s
Agora calculamos a área da tubulação considerando sua seção circular:

𝜋 ∗ 𝑑 2 𝜋 ∗ 0,022
𝐴= = = 3,14 ∗ 10−4 𝑚²
4 4

Finalmente, é possível calcular a velocidade do fluido dentro da tubulação pela


equação da continuidade:

𝑄 =𝑣∗𝐴

0,005 = 𝑣 ∗ 3,14 ∗ 10−4

0,005
𝑣= = 𝟏𝟓, 𝟗 𝒎/𝒔
3,14 ∗ 10−4

Portanto, para a situação descrita a velocidade de escoamento da água é de


15,9 m/s ou 57,24 km/h.

Exemplo 3.12) Uma calha de seção retangular transporta uma vazão de 1,0 m³/s
à uma velocidade de 0,20 m/s. Determine a área dessa seção retangular da calha
para que essas condições de vazão e velocidade sejam possíveis. Em seguida,
calcule a altura (h) da lâmina d’água considerando que essa calha tem uma base
(b) de 2,5 m de largura.

As unidades já estão nas unidades corretas, portanto, podemos aplicar a


equação da continuidade diretamente:

𝑄 =𝑣∗𝐴

1,0 = 0,20 ∗ 𝐴
68

1,0
𝐴= = 5,0 𝑚²
0,20

Sabendo que a calha tem uma base (b) de 2,5 m de largura e que a área do
retângulo formado na seção do escoamento é de 5,0 m², podemos então
determinar a altura (h) da lâmina de água:

𝐴=𝑏∗ℎ

5,0 = 2,5 ∗ ℎ

5,0
ℎ= = 𝟐, 𝟎 𝒎/𝒔
2,5

A imagem a seguir representa a situação descrita no exemplo:

Exemplo 3.13) Uma tubulação transporta uma vazão de água de 2,0 L/s à uma
velocidade de 0,8 m/s. Determine o diâmetro da tubulação para que essas
condições de escoamento sejam possíveis.

Primeiramente, convertemos a unidade de vazão para a unidade correta:


Q: 2,0 L/s = 0,002 m³/s
Agora aplicamos a equação da continuidade para definir a área da seção circular
do tubo:

𝑄 =𝑣∗𝐴

0,002 = 0,8 ∗ 𝐴

0,002
𝐴= = 0,0025 𝑚²
0,8

Sabemos que seção é circular, portanto, a partir da área podemos calcular o


diâmetro:

𝜋 ∗ 𝑑2
𝐴=
4

𝜋 ∗ 𝑑2
0,0025 =
4
69

0,0025 ∗ 4 = 𝜋 ∗ 𝑑 2

0,01
𝑑2 =
𝜋

𝑑 = √0,03183 = 𝟎, 𝟎𝟓𝟔 𝒎

Assim, foi possível determinar que para uma vazão de 2,0 L/s seja transportada
a uma velocidade de 0,8 m/s, o diâmetro da tubulação deve ser igual a 0,056 m
ou 56 mm.

Exemplo 3.14) Abaixo temos uma tubulação transportando água. Perceba que
ocorre um estrangulamento de seção entre os trechos 1 e 2. Observe as
informações apresentadas:

Com base no desenho apresentado, responda:


a) Qual é a vazão de água escoando dentro dessa tubulação?
b) Qual é a velocidade de escoamento no trecho 2?

Para resolvermos o exemplo (a) vamos calcular a vazão com base na velocidade
de escoamento (2,0 m/s) e na área do trecho 1. Mas antes iremos ajustar as
unidades:
Diâmetro 1 (d1): 300 mm = 0,3 m
Agora calculamos a área da tubulação no trecho 1 considerando sua seção
circular:

𝜋 ∗ 𝑑1 2 𝜋 ∗ 0,32
𝐴1 = = = 0,071 𝑚²
4 4

Finalmente, é possível calcular a vazão da água dentro da tubulação pela


equação da continuidade:

𝑄 = 𝑣1 ∗ 𝐴1 = 2,0 ∗ 0,071 = 𝟎, 𝟏𝟒𝟐 𝒎𝟑 /𝒔

Podemos converter essa vazão para uma unidade mais representativa e o


resultado será de 142,0 L/s.

Para solucionar o exemplo (b), tomamos como base a vazão encontrada


(0,142 m³/s). Lembrando que ela deve ser constante, podemos calcular a
70

velocidade de escoamento no trecho 2. Mas antes, vamos converter o diâmetro 2


da unidade de milímetros para metros:
Diâmetro 2 (d2):100 mm = 0,1 m
Agora calculamos a área da tubulação no trecho 2 considerando sua seção
circular:

𝜋 × 𝑑2 2 𝜋 × 0,12
𝐴2 = = = 7,85 ∗ 10−3 𝑚²
4 4

Finalmente, é possível calcular a velocidade de escoamento da água no trecho 2


pela equação da continuidade:

𝑄 = 𝑣2 ∗ 𝐴2

0,142 = 𝑣2 ∗ 7,85 ∗ 10−3

0,142
𝑣2 = = 𝟏𝟖, 𝟏 𝒎/𝒔
7,85 ∗ 10−3

Ou seja, uma vazão de água de 142 L/s será transportada a uma velocidade de
2,0 m/s na seção 1 com diâmetro de 300 mm e 18,1 m/s na seção 2 após o
estrangulamento que diminui o diâmetro para 100 mm.

Exemplo 3.15) A seguir é mostrada a imagem de uma caixa d’água cilíndrica de


5.000 L situada no topo de um edifício. A tubulação de entrada tem um diâmetro
(dE) de 25 mm e a água chega a uma velocidade (vE) de 0,8 m/s através de um
sistema de bombeamento localizado no térreo.

Com base nas informações descritas no enunciado, responda:


a) Qual a vazão de entrada de água nessa caixa d’água?
b) Supondo que a caixa se encontre completamente vazia, quanto tempo seria
necessário para preencher completamente seu volume de 5.000 litros?
71

c) Uma descarga sanitária tem uma vazão de 1,5 L/s. Qual será a velocidade de
escoamento da água na tubulação de saída durante essa ação? Considere a
tubulação de saída da caixa com um diâmetro (dS) de 50 mm.

(a) Vamos calcular a vazão de entrada (QE) com base na velocidade de


escoamento (0,8 m/s) e no diâmetro da tubulação de entrada. Mas antes iremos
ajustar as unidades:
Diâmetro entrada (dE): 25 mm = 0,025 m
Agora calculamos a área da tubulação de entrada considerando sua seção
circular:

𝜋 × 𝑑𝐸 2 𝜋 × 0,0252
𝐴𝐸 = = = 4,9 × 10−4 𝑚²
4 4

Então, é possível calcular a vazão da água que adentra a caixa d’água pela
equação da continuidade:

𝑄𝐸 = 𝑣𝐸 ∗ 𝐴𝐸 = 0,8 ∗ 4,9 ∗ 10−4 = 𝟑, 𝟗𝟐 ∗ 𝟏𝟎−𝟒 𝒎𝟑 /𝒔

A vazão de entrada da água na caixa d’água é de 3,92*10 -4 m³/s, que equivale a


0,392 L/s.

(b) Considerando que a vazão de entrada é de 0,392 L/s e que a caixa d’água
possui 5.000 L de volume, o tempo necessário para seu enchimento total será
de:

𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑎 𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎 𝑑′á𝑔𝑢𝑎 5.000 𝐿


𝑡𝐸 = = = 𝟏𝟐. 𝟕𝟓𝟓 𝒔𝒆𝒈𝒖𝒏𝒅𝒐𝒔
𝑄𝐸 0,392 𝐿/𝑠

Podemos converter essa unidade de tempo para horas e teremos uma noção
mais precisa do tempo necessário para o enchimento total:

12.755
𝑡𝐸 = = 𝟑, 𝟓𝟒 𝒉𝒐𝒓𝒂𝒔
3.600

Então, concluímos que quando estiver totalmente vazia a caixa d’água levará
cerca de três horas e meia para ficar completamente cheia.

(c) Com base na vazão de uma descarga sanitária (1,5 L/s), podemos calcular a
velocidade de escoamento no encanamento de saída durante essa ação. Mas
antes, vamos converter o diâmetro de saída da unidade de milímetros para metros
e a vazão para m³/s:
Diâmetro de saída (dS): 50 mm = 0,05 m
Vazão (QS): 1,5 L/s = 0,0015 m³/s
Agora calculamos a área da tubulação de saída considerando sua seção circular:

𝜋 × 𝑑𝑆 2 𝜋 × 0,052
𝐴𝑆 = = = 1,96 × 10−3 𝑚²
4 4
72

Finalmente, é possível calcular a velocidade de escoamento (vS)da água pela


equação da continuidade:

𝑄𝑆 = 𝑣𝑆 ∗ 𝐴𝑆

0,0015 = 𝑣𝑆 ∗ 1,96 ∗ 10−3

0,0015
𝑣𝑆 = = 𝟎, 𝟕𝟔 𝒎/𝒔
1,96 ∗ 10−3

Então, concluímos esse exemplo determinando que a velocidade da água na


tubulação de saída durante uma descarga é de 0,76 m/s.

3.7. CÁLCULO DO DIÂMETRO ECONÔMICO E COMERCIAL


PARA TUBULAÇÕES
Diâmetro econômico (decon ou Øecon) é aquele calculado por equações empíricas
que definem o melhor diâmetro (custo x benefício) para determinada situação. No
cálculo do diâmetro econômico levam-se em consideração variáveis como custo de
implantação, desgaste do material ao longo do tempo, perda de carga e velocidade
de escoamento.
No cálculo do diâmetro econômico raramente o valor calculado será igual a um
diâmetro normalmente vendido no mercado. Por isso, após o cálculo do diâmetro
econômico deve-se escolher o diâmetro comercial mais adequado.
Diâmetro comercial (dcom ou Øcom) é aquele que será de fato adotado para o
projeto em função da disponibilidade existente no mercado. Após o cálculo do
diâmetro econômico escolhe-se o diâmetro comercial equivalente e disponível no
mercado. Os diâmetros comerciais variam de disponibilidade em função do tipo de
material adotado, da perda de carga requerida, da pressão de trabalho, etc.
Os diâmetros devem ser informados em milímetros (mm) mas ainda é muito
comum sua informação em polegadas (pol ou “).

A conversão de unidades equivalentes para diâmetros entre o sistema métrico e


o sistema imperial não é precisa e utiliza arredondamentos:

1 polegada = 2,54 cm = 25,4 mm

Para tubulações com diâmetro de 3/4” (três quartos de polegada), o equivalente


em milímetros é:

3
𝑑 = 25,4 𝑚𝑚 ∗ = 19,05 𝑚𝑚
4

Para diâmetros adquiridos na unidade métrica esse valor é arredondado para


cima e equivalente a 20 mm.
73

Para tubulações com diâmetro de 1/2” (meia polegada), o equivalente em


milímetros é:

1
𝑑 = 25,4 𝑚𝑚 ∗ = 12,7 𝑚𝑚
2

Para diâmetros adquiridos na unidade métrica esse valor é arredondado para


cima e equivalente a 15 mm.

Para tubulações com diâmetro de 4” (quatro polegadas), o equivalente em


milímetros é:

𝑑 = 25,4 𝑚𝑚 ∗ 4 = 101,6 𝑚𝑚

Para diâmetros adquiridos na unidade métrica esse valor é arredondado para


baixo e equivalente a 100 mm.

Em nossos estudos precisamos de uma referência para convertermos as


unidades de medida dos diâmetros de tubulações e também para podermos
resolver os exemplos e os exercícios propostos. Portanto para todos os exemplos e
exercícios utilizados nesse livro, teremos como referência a tabela 3.4. Essa tabela
apresenta os diâmetros comerciais mais comuns disponíveis no mercado, mas não
os únicos. Os diâmetros comerciais podem variar em função do material escolhido,
da pressão requerida e da necessidade de uso, portanto, o técnico deve ter ciência
que cada fabricante de tubulações e cada material utilizado seguirá uma tabela
própria e, provavelmente, diferente dessa aqui apresentada.

Tabela 3.4: Tabela de referência para conversão de unidades métricas e imperiais para tubulações
e para utilização nos exemplos e exercícios apresentados.
Diâmetro nominal comercial

mm polegadas mm polegadas mm polegadas mm polegadas

6 1/8 25 1 80 3 200 8

8 1/4 32 1¼ 90 3½ 250 10

10 3/8 40 1½ 100 4 300 12

15 1/2 50 2 125 5 400 16

20 3/4 65 2½ 150 6 500 20

Os livros de hidráulica apresentam várias fórmulas possíveis para calcular


diâmetros de tubulações. Algumas simples e eficazes, outras mais complexas e
realistas. A utilização pode variar de projetista para projetista. Em nosso curso
técnico iremos utilizar a fórmula mais simples para definição do diâmetro econômico
e respectiva conversão em diâmetro comercial. Nessa fórmula considera-se
somente a velocidade de escoamento, ignorando o tipo de material da tubulação,
pressão de trabalho, custos de implantação, desgaste do material, perda de carga,
74

etc. Isso se faz necessário, pois a atribuição do técnico não o permite dimensionar
e aplicar em projetos os diâmetros determinados, sendo essa a atribuição de
engenheiros e tecnólogos. Porém, com muita frequência os técnicos devem auxiliar
o desenvolvimento de projetos, contornar situações reais com problemas, atuar na
previsão de aplicações reais e ter a noção essencial de como o escoamento se
comporta em diversas situações possíveis.
O técnico deve ter em mente que essa fórmula nos permite uma boa previsão
dos diâmetros de trabalho, mas o cálculo final e a escolha dos diâmetros são
funções do engenheiro projetista.
A NBR 12.218/94 define que a velocidade mínima de escoamento nos tubos deve
ser de 0,6 m/s e a velocidade máxima de 3,5 m/s.
Considerando a equação da continuidade (Q = v * A), quanto maior a velocidade,
menor a área do tubo, por isso, iremos considerar sempre a velocidade máxima
permitida nos cálculos (3,5 m/s), pois isso resultará nos menores diâmetros
possíveis. Deve-se, também, considerar que o tubo estará sempre pressurizado, ou
seja, completamente preenchido.
Portanto, a fórmula para o cálculo do diâmetro econômico será dada a partir da
equação da continuidade que é:

𝑄 =𝑣 ∗𝐴

Considerando que a área dos tubos é sempre circular, podemos reescrever a


equação acima como:

𝜋 ∗ 𝑑2
𝑄=𝑣 ∗
4

Isolando o termo correspondente ao diâmetro na equação, temos:

4∗𝑄
𝑑 = √( )
𝑣∗𝜋

Considerando que a velocidade máxima de escoamento da água será sempre


de 3,5 m/s, podemos substituir esse valor no termo correspondente à velocidade e
multiplicar a equação por 1.000, pois os diâmetros são adquiridos em milímetros,
porém, a equação é realizada com as unidades de metro. Logo, para determinação
dos diâmetros econômicos usaremos:

4∗𝑄
𝑑𝑒𝑐𝑜 = √( ) ∗ 1.000 [3.7]
3,5 ∗ 𝜋

Onde:
Q é a vazão de água em m³/s;
3,5 é a velocidade de escoamento da água em m/s;
1.000 é o fator de conversão de metros para milímetros.
75

Após calcular o diâmetro econômico o resultado provavelmente será um valor


que não existe nos catálogos comerciais. Portanto, o diâmetro comercial escolhido
(dcom) será aquele disponível e que seja imediatamente superior ao diâmetro
econômico calculado. Em nossos exemplos e exercícios utilizaremos como
referência a tabela 3.4, mas em situações reais nós utilizamos as tabelas fornecidas
pelos fabricantes das tubulações que desejamos adquirir.

Exemplo 3.16) Calcular os diâmetros econômico e comercial para transportar


uma vazão de 30 L/s de água.

Primeiramente iremos converter a vazão dada em L/s para m³/s.


Q: 30 L/s = 0,03 m³/s
Então aplicamos a equação 3.7 para determinar o diâmetro econômico:

4∗𝑄
𝑑𝑒𝑐𝑜 = √( ) ∗ 1.000
3,5 ∗ 𝜋

4 ∗ 0,03
𝑑𝑒𝑐𝑜 = √( ) ∗ 1.000 = 𝟏𝟎𝟒, 𝟓 𝒎𝒎
3,5 ∗ 𝜋

Agora iremos escolher o diâmetro comercial utilizando a tabela de apoio 3.4.


Observe que não existe um diâmetro comercial com o valor que calculamos
(104,5 mm) portanto, iremos escolher aquele que seja imediatamente superior ao
calculado, no caso, 125 mm (ou 5”).

Assim, para esse exemplo temos que deco = 104,5 mm e dcom = 125 mm (5”).

Nota sobre o exemplo 3.16:


Podemos saber se o diâmetro comercial escolhido (125 mm) foi a melhor opção
calculando agora a velocidade real de escoamento lembrando que, segundo a
NBR 12.218, essa velocidade deve estar compreendida entre 0,6 m/s e 3,5 m/s.
Para isso, continuaremos usando a equação da continuidade, agora, isolando a
velocidade (v) na equação e convertendo o diâmetro comercial de milímetros
para metros:
76

𝑄 𝑄 0,03
𝑣= = = = 𝟐, 𝟒𝟒 𝒎/𝒔
𝐴 𝜋 ∗ 𝑑𝑐𝑜𝑚 2 𝜋 ∗ 0,1252
( ) ( 4
)
4

A velocidade real de escoamento será de 2,44 m/s, valor compreendido dentro


do que estabelece a NBR 12.218.

Exemplo 3.17) Calcular os diâmetros econômico e comercial para transportar


uma vazão de 1,0 L/s de água e determinar a velocidade real de escoamento.

Primeiramente iremos converter a vazão dada em L/s para m³/s.


Q: 1,0 L/s = 0,001 m³/s
Então aplicamos a equação 3.7 para determinar o diâmetro econômico:

4∗𝑄
𝑑𝑒𝑐𝑜 = √( ) ∗ 1.000
3,5 ∗ 𝜋

4 ∗ 0,001
𝑑𝑒𝑐𝑜 = √( ) ∗ 1.000 = 𝟏𝟗, 𝟏 𝒎𝒎
3,5 ∗ 𝜋

Agora iremos escolher o diâmetro comercial utilizando a tabela de apoio 3.4,


lembrando que deve ser um valor imediatamente maior ao calculado:

Assim, para esse exemplo temos que deco = 19,1 mm e dcom = 20 mm (3/4”).

Um tubo de 20 mm (0,02 m) transportando uma vazão de água de 1,0 L/s terá


velocidade real de escoamento igual a:

𝑄 𝑄 0,001
𝑣= = = = 𝟑, 𝟏𝟖 𝒎/𝒔
𝐴 𝜋 ∗ 𝑑𝑐𝑜𝑚 2 𝜋 ∗ 0,022
( ) ( 4
)
4

A velocidade real de escoamento será de 3,18 m/s, valor compreendido dentro


do que estabelece a NBR 12.218.
77

Exemplo 3.18) Calcular os diâmetros econômico e comercial para transportar


uma vazão de 200 L/s de água e determinar a velocidade real de escoamento.

A vazão de água em m³/s é de:


Q: 200 L/s = 0,2 m³/s
Então aplicamos a equação 3.7 para determinar o diâmetro econômico:

4∗𝑄
𝑑𝑒𝑐𝑜 = √( ) ∗ 1.000
3,5 ∗ 𝜋

4 ∗ 0,2
𝑑𝑒𝑐𝑜 = √( ) ∗ 1.000 = 𝟐𝟔𝟗, 𝟕 𝒎𝒎
3,5 ∗ 𝜋

Utilizando a tabela de apoio 3.4, temos que o diâmetro comercial a ser escolhido
é de:

Assim, para esse exemplo temos que deco = 269,7 mm e dcom = 300 mm (12”).

Um tubo de 300 mm (0,3 m) transportando uma vazão de água de 200 L/s terá
velocidade real de escoamento igual a:

𝑄 𝑄 0,2
𝑣= = = = 𝟐, 𝟖𝟑 𝒎/𝒔
𝐴 𝜋 ∗ 𝑑𝑐𝑜𝑚2 𝜋 ∗ 0,32
( ) ( 4 )
4

Exemplo 3.19) No projeto de um sistema dosador de coagulante, foi


recomendado que a velocidade de escoamento do produto na tubulação não seja
maior que 1,5 m/s. O sistema está sendo dimensionado para uma vazão máxima
de 1.800 mL/min. Determine os diâmetros econômico e comercial para essa
situação.

A vazão de coagulante em m³/s é de:


Q: 1.800 mL/min = 3 * 10-5 m³/s
Então aplicamos a equação 3.7 para determinar o diâmetro econômico, mas
alteramos a velocidade máxima de escoamento que, nesse caso, é de 1,5 m/s:
78

4∗𝑄
𝑑𝑒𝑐𝑜 = √( ) ∗ 1.000
𝟏, 𝟓 ∗ 𝜋

4 ∗ 3 ∗ 10−5
𝑑𝑒𝑐𝑜 = √( ) ∗ 1.000 = 𝟓, 𝟎𝟓 𝒎𝒎
𝟏, 𝟓 ∗ 𝜋

Utilizando a tabela de apoio 3.4, temos que o diâmetro comercial a ser escolhido
é de:

Assim, para esse exemplo temos que deco = 5,05 mm e dcom = 6 mm (1/8”).

Um tubo de 6 mm (0,006 m) transportando uma vazão de coagulante de


1.800 mL/min (3 * 10-5 m³/s) terá velocidade real de escoamento igual a:

𝑄 𝑄 3 ∗ 10−5
𝑣= = = = 𝟏, 𝟎𝟔 𝒎/𝒔
𝐴 𝜋 ∗ 𝑑𝑐𝑜𝑚 2 𝜋 ∗ 0,0062
( ) ( 4
)
4

Portanto, na vazão máxima de aplicação a velocidade de escoamento do


coagulante será de 1,06 m/s, valor dentro do recomendando pelo fabricante.
79

A) 0,9 L/s
QUESTÕES SOBRE USOS B) 1,9 L/s
C) 2,9 L/s
DA ÁGUA E CÁLCULOS D) 3,9 L/s

HIDRÁULICOS BÁSICOS
4. A vazão de abastecimento (Q) ou de
distribuição que será utilizada para
1. Associe corretamente os significados de abastecer esse bairro com 1.000 habitantes
q, 𝑄̅, Q, K1 e K2 será igual à:

Coef. horário de A) 5,2 L/s


1- q A-
segurança B) 6,2 L/s
Coef. diário de C) 7,2 L/s
2- 𝑄̅ B-
segurança D) 8,2 L/s
3- Q C- Consumo per capita
Vazão média de
4- K1 D- Utilize o texto abaixo para responder as
consumo
Vazão de questões 5 e 6.
5- K2 E-
abastecimento
Um conjunto de condomínios será
A alternativa que contém a sequência construído em breve. Nele serão
correta de associação é: construídos 6 blocos de apartamentos.
Cada bloco terá 40 apartamentos e cada
A) 1C / 2B / 3D / 4E / 5A apartamento deverá ser ocupado por 3
B) 1A / 2E / 3C / 4B / 5D pessoas, em média. Diante do exposto
C) 1C / 2D / 3E / 4B / 5A considere o consumo per capita de água
D) 1E / 2A / 3B / 4D / 5C igual a 180 L/hab*dia, K1 = 1,2 e
K2 = 1,5 e desenvolva as questões 5 e 6.

2. Sobre consumo e distribuição de água, em 5. A vazão instantânea média (𝑄̅) para os


um projeto hidráulico utiliza-se coeficientes valores fornecidos no texto é igual à:
de segurança denominados K1 e K2. Esses
coeficientes têm como finalidade: A) 0,5 L/s
B) 1,5 L/s
A) Aumentar a pressão do projeto para C) 2,5 L/s
garantir o abastecimento. D) 3,5 L/s
B) Aumentar a vazão do projeto para
garantir o abastecimento.
C) Diminuir a pressão do projeto para evitar 6. A vazão de distribuição ou de
o rompimento de tubulações. abastecimento (Q) para esse conjunto de
D) Diminuir a vazão do projeto para evitar o apartamentos é igual à:
desperdício de água.
A) 0,7 L/s
B) 1,7 L/s
Utilize os dados abaixo para responder as C) 2,7 L/s
questões 3 e 4. D) 3,7 L/s

Suponha um bairro hipotético que será


construído para receber 1.000 pessoas. A tabela a seguir deve ser utilizada para
Dado que o consumo per capita de água responder as questões 7 e 8. Essa tabela foi
(q) foi estimado em 250 L/hab*dia e entregue por um projetista para a aprovação
considerando K1 = 1,2 e K2 = 1,5, de um novo empreendimento imobiliário.
desenvolva as questões 3 e 4. Entretanto, percebe-se que o projetista
deixou em branco dois espaços, um
3. A vazão instantânea média (𝑄̅) para os referente à cota per capita (q) e outro
valores fornecidos no texto é igual à: referente ao coeficiente de segurança (K2).
80

B) 58,1 L/s
População
q
K1 K2
𝑄̅ Q C) 181,6 L/s
L/hab*dia (L/s) (L/s)
100 1,2 0,1736 0,3125 D) 210,8 L/s

7. Com base na tabela anterior, calcule o


valor de cota per capita (q) utilizado pelo 11. Qual é a vazão de reservação (Q RES)
projetista e assinale a opção contendo o desse sistema?
valor correto:
A) 100,2 L/s
A) q = 150 B) 176,6 L/s
B) q = 180 C) 199,1 L/s
C) q = 200 D) 210,5 L/s
D) q = 250
12. Do montante captado (Q CAP) e enviado
8. O valor do coeficiente horário de para a reserva (Q RES) há uma diferença
segurança K2 que foi utilizado é igual à: correspondente ao consumo de água que foi
utilizado pela ETA para seu respectivo
A) 1,2 funcionamento. A vazão de água (q ETA)
B) 1,3 utilizada pela ETA nesse exercício é de:
C) 1,4
D) 1,5 A) 1,0 L/s
B) 2,5 L/s
C) 4,0 L/s
Utilize o texto abaixo para responder as D) 5,0 L/s
questões de 9 a 13.
13. A vazão de distribuição (Q DIST) que será
Um município irá construir uma nova
utilizada para essa população será de:
captação de água bruta para abastecer
uma parcela da população. Considere os
A) 110,3 L/s
parâmetros operacionais descritos para o
B) 115,8 L/s
funcionamento do sistema de captação e
C) 134,9 L/s
tratamento:
D) 188,4 L/s
- População de final de plano: 30 mil
habitantes
- Cota per capita (q): 200 L/hab * dia
Utilize o texto abaixo para responder as
- Coeficiente diário: 1,2
questões de 14 a 18.
- Coeficiente horário: 1,5
- Consumo de água da ETA (qETA): 3%
- Período de funcionamento da ETA: 12 Em Campinas/SP há uma ETA chamada
horas “ETA Capivari” que abastece 5% da
- Vazão singular de grande consumidor população da cidade que mora nos distritos
(QS): 10 L/s do Ouro Verde e do Campo Grande
principalmente. Considere que a
população total de Campinas é de,
9. Qual é a vazão média de consumo (𝑄̅)?
aproximadamente, 1.300.000 habitantes.
Utilize os dados descritos a seguir para
A) 28,1 L/s
determinar o provável esquema de
B) 69,4 L/s
funcionamento da ETA Capivari.
C) 100,5 L/s
- População: 5% de 1.3000.000 habitantes
D) 112,3 L/s
- Cota per capita (q): 250 L/hab * dia
- Coeficiente diário: 1,2
- Coeficiente horário: 1,5
10. Qual é a vazão de captação (Q CAP) que
- Consumo de água da ETA (qETA): 3%
será necessária considerando os dados
- Período de funcionamento da ETA: 18
informados no exercício?
horas
A) 18,1 L/s
81

- Vazão singular de grande consumidor situações considere a velocidade da água


(QS): 50 L/s igual à 0,3 m/s.

14. Qual é a vazão média de consumo (𝑄̅) da


população das regiões do Ouro Verde e do
Campo Grande?

A) 188,1 L/s
B) 288,5 L/s
C) 388,5 L/s
D) 488,5 L/s

19. A vazão da figura mostrada é:


15. Qual é a vazão de captação (Q CAP) que
provavelmente é utilizada na ETA Capivari? A) 10 L/s
B) 20 L/s
A) 280 L/s C) 30 L/s
B) 360 L/s D) 40 L/s
C) 420 L/s
D) 480 L/s

16. Qual é a vazão de reservação (Q RES)


enviada para os reservatórios de água das
regiões do Ouro Verde e Campo Grande?

A) 151 L/s 20. A vazão da figura mostrada é:


B) 251 L/s
C) 351 L/s A) 0,19 L/s
D) 451 L/s B) 0,59 L/s
C) 0,79 L/s
D) 0,99 L/s
17. A vazão de água utilizada dentro da ETA
Capivari (qETA) para seus processos de
limpeza e fabricação de reagentes químicos
é de, aproximadamente:

A) 3,0 L/s
B) 6,0 L/s
C) 9,0 L/s
D) 12,0 L/s

18. A vazão de distribuição (Q DIST) utilizada 21. A vazão da figura mostrada é:


para abastecer os moradores das regiões do
Ouro Verde e do Campo Grande é de: A) 4,7 L/s
B) 8,7 L/s
A) 388,6 L/s C) 12,7 L/s
B) 422,6 L/s D) 16,7 L/s
C) 456,6 L/s
D) 488,6 L/s
22. Uma caixa d'água de 1.000 litros está
completamente vazia e será enchida em
Utilizando a equação da continuidade, breve. A caixa d'água está ligada a uma
calcule a vazão nas três situações mostradas tubulação de 3/4" (20 mm) cuja velocidade
a seguir (exercícios 19 a 21). Para todas as da água dentro do tubo é igual à 0,8 m/s.
Calcule a vazão de água que chegará na
82

caixa d'água e quanto tempo levará para ela C) 0,05 m/s


ser preenchida completamente. D) 0,075 m/s

A) A vazão será de 0,25 L/s e o tempo para Para as próximas questões utilize a tabela
enchimento será de aproximadamente 3.4 de referência de diâmetros comerciais
40 minutos. utilizada no capítulo em questão.
B) A vazão será de 0,25 L/s e o tempo para
enchimento será de aproximadamente 26. Um novo empreendimento irá requerer
67 minutos. uma vazão de abastecimento (Q) igual a 2,0
C) A vazão será de 0,50 L/s e o tempo para litros/segundo. Considerando que a NBR
enchimento será de aproximadamente 12.218 determina uma velocidade máxima
40 minutos. de escoamento da água em um tubo
D) A vazão será de 0,50 L/s e o tempo para pressurizado igual a 3,5 m/s, calcule o
enchimento será de aproximadamente diâmetro econômico (DECO) e comercial
67 minutos. (DCOM) existente e assinale a alternativa
correta para essa situação.

Utilize a imagem a seguir para responder as A) DECO = 19 mm e DCOM = 20 mm


questões de 23 a 25. B) DECO = 19 mm e DCOM = 25 mm
C) DECO = 27 mm e DCOM = 32 mm
D) DECO = 27 mm e DCOM = 40 mm

27. A partir da resposta obtida no exercício


anterior, determine a velocidade real na qual
a água escoará dentro da tubulação.
A imagem mostra um fluido perfeito Lembre-se que a vazão é de 2,0 L/s e o
escoando através de uma tubulação circular. diâmetro comercial escolhido (com base no
No trecho 1 dessa tubulação o diâmetro é de exercício anterior) deve ser convertido para
50 mm e a velocidade de escoamento do metros.
fluido é de 0,1 m/s.
A) 1,5 m/s
23. A vazão de escoamento desse fluido é B) 2,5 m/s
de: C) 3,5 m/s
D) 4,5 m/s
A) 0,05 L/s
B) 0,10 L/s
C) 0,19 L/s Utilize a imagem abaixo para resolver as
D) 0,42 L/s questões de 28 a 30.

Uma estação de tratamento de água (ETA)


24. No trecho 2 a velocidade aumenta para distribuirá água tratada para dois
0,4 m/s. Determine o diâmetro desse trecho reservatórios (R1 e R2) na vazão de 70 litros
e assinale a alternativa correta. por segundo. A adução será dividida em três
trechos, conforme imagem a seguir: O
A) 10 mm trecho 1 levará 70 litros por segundo de água
B) 25 mm tratada. Na derivação, 50 litros por segundo
C) 35 mm serão encaminhados para o reservatório 1
D) 45 mm (R1) e os outros 20 litros por segundo serão
encaminhados para o reservatório 2 (R2).
Considere que a velocidade máxima na rede
25. Se substituirmos o trecho 1 por um tubo não pode ser maior que 3,5 m/s e as perdas
com diâmetro de 100 mm, qual seria a de carga serão suprimidas para a resolução
velocidade de escoamento do fluido? dos exercícios.

A) 0,01 m/s
B) 0,025 m/s
83

Conforme tabela 3.4 mostrada no capítulo,


observa-se que o diâmetro comercial (D COM)
a ser adquirido deveria ser de 65 mm, porém,
o projetista optou por comprar tubos com 50
mm de diâmetro. Calcule a velocidade da
água dentro desse tubo e assinale a
alternativa que melhor descreve a situação
28. Assinale a alternativa que contém o ocorrida com base nas velocidades
diâmetro econômico e o diâmetro comercial estipuladas pela NBR 12.218.
adequado para o trecho 1.
A) A velocidade de escoamento é de 0,3
A) DECO = 160 mm e DCOM = 200 mm m/s e está abaixo do que a norma
B) DECO = 160 mm e DCOM = 150 mm recomenda.
C) DECO = 190 mm e DCOM = 200 mm B) A velocidade de escoamento é de 1,5
D) DECO = 190 mm e DCOM = 250 mm m/s e está dentro do que a norma
recomenda.
C) A velocidade de escoamento é de 3,8
29. Assinale a alternativa que contém o m/s e está acima do que a norma
diâmetro econômico e o diâmetro comercial recomenda.
adequado para o trecho 2. D) A velocidade de escoamento é de 5,1
m/s e está acima do que a norma
A) DECO = 96 mm e DCOM = 100 mm recomenda.
B) DECO = 103 mm e DCOM = 125 mm
C) DECO = 135 mm e DCOM = 150 mm
D) DECO = 175 mm e DCOM = 200 mm 32. Será construída uma tubulação para
dosagem de coagulante em uma ETA. Esse
coagulante tem uma viscosidade superior à
30. Assinale a alternativa que contém o da água, portanto, a velocidade de
diâmetro econômico e o diâmetro comercial escoamento não pode ser maior do que 2,8
adequado para o trecho 3. m/s. Calcule o diâmetro econômico (DECO)
para essa situação e assinale a alternativa
A) DECO = 28 mm e DCOM = 32 mm correta. Considere que a maior vazão
B) DECO = 36 mm e DCOM = 40 mm possível de coagulante será de 1,0 litro por
C) DECO = 77 mm e DCOM = 80 mm segundo.
D) DECO = 85 mm e DCOM = 90 mm
A) 6,0 mm
B) 13,2 mm
31. Ao fazer o dimensionamento de um C) 18,3 mm
trecho de uma rede de abastecimento para D) 21,3 mm
10,0 L/s de vazão, um projetista calculou um
diâmetro econômico (DECO) de 60,3 mm.
84

4. COAGULAÇÃO

4.1. INTRODUÇÃO AO TRATAMENTO DE ÁGUA


Agora que sabemos as propriedades físico-químicas e microbiológicas da água,
entendemos como funcionam os sistemas de captação e distribuição da água e o
básico de fenômenos hidráulicos aplicados, podemos, enfim, iniciar nossos estudos
sobre o tratamento da água.
O estudante verá que alguns processos unitários terão uma vasta abordagem,
enquanto outros terão uma abordagem mais simplista. Isso será feito dessa forma
propositalmente pensando nas atribuições do técnico dentro de uma ETA. O
funcionário técnico é utilizado para controle de operações, fabricação de reagentes,
ensaios laboratoriais, monitoramento de parâmetros, etc. Os aspectos construtivos
serão também comentados, mas a responsabilidade pelo dimensionamento foge da
atribuição do técnico.
Esse fato não deve ser motivo de desânimo ou ser usado para demonstrar
desconhecimento de como os processos funcionam. As características
construtivas, quando necessárias, também serão abordadas em toda a sua
plenitude, principalmente quando interferirem diretamente nos processos unitários
como, por exemplo, seções onde a velocidade de escoamento seja um fator
determinante. Logo, o conhecimento sobre como são dimensionados e instalados
determinados sistemas é crucial para a boa formação técnica e solução de
problemas operacionais.
Em nossos estudos veremos todas as etapas de um tratamento convencional,
conforme mostra a figura 4.1.

Figura 4.1: Etapas do tratamento convencional de água.

A poluição aquática consiste em uma série de fenômenos físicos, químicos e


microbiológicos que alteram a qualidade da água. Portanto, o tratamento da água
corresponderá justamente na aplicação de uma série de etapas físico-químicas que
buscam tornar a água potável. Entenda que “água potável” não é sinônimo de “água
pura”. A água potável terá em sua constituição inúmeras substâncias dissolvidas
incluindo metais, substâncias orgânicas como fármacos e hormônios, agrotóxicos,
produtos secundários da desinfecção, etc. Mas em concentrações dentro de uma
margem estatística de segurança que comprovadamente não ofereça risco aos
consumidores.
85

Tratamos a água em etapas que são essencialmente iguais nos últimos 100 anos,
mas a poluição aquática evoluiu numa escala muito maior. A eficiência das estações
de tratamento melhorou, a qualidade do produto final melhorou também, contudo,
ano a ano novas substâncias químicas são desenvolvidas e lançadas nos
mananciais, não havendo ainda estudos comprobatórios sobre seus efeitos no
corpo humano e nem tecnologia prontamente disponível para sua remoção na água
a ser tratada. É praticamente impossível nos dias de hoje tratar a água a um nível
de pureza tão alto, dentro de um custo que seja acessível a maioria da população
que necessita desse recurso.
No Brasil há uma lamentável realidade onde fornecemos às populações o acesso
à água potável – em razão dos inúmeros benefícios imediatos que isso proporciona
– mas deixamos a coleta, afastamento e o tratamento de esgotos em segundo
plano, principalmente para essas mesmas comunidades que necessitam tão
irrestritamente de água potável. Esses esgotos sem tratamento caem nos
mananciais e serão captados por comunidades à jusante. No ciclo hidrológico,
podemos dizer que para as cidades que utilizam mananciais superficiais, toda água
potável foi outrora o esgoto de alguém. As captações retiram a água dos mananciais
superficiais que são os mesmos onde esgotos sem tratamento são lançados. É um
ciclo que já passou da hora de ser encerrado.
Dentro de uma ETA a água receberá produtos químicos e passará por processos
físicos que irão corrigir seu pH, ajustar sua alcalinidade, remover cor, turbidez,
gosto, odor e organismos patogênicos. Mas esses mesmos produtos e processos
são incapazes de remover substâncias potencialmente perigosas aos seres
humanos como fármacos e agrotóxicos, cabendo então aos gestores o
monitoramento da bacia hidrográfica, dos mananciais e o tratamento dos efluentes
das comunidades para evitar que essas substâncias adentrem nas estações e
sejam levadas para as pessoas em maior ou menor quantidade.

4.2. COLOIDES
A água bruta raramente apresentará turbidez e cor em valores baixos suficientes
para se enquadrar no que determina a Portaria de Consolidação nº 5 – Anexo XX,
alterada pela Portaria MS 888/2021: Valor Máximo Permitido (VMP) de 15 uH para
cor aparente e 5 uT para turbidez. Em sua composição há uma enormidade de
partículas microscópicas, mas extremamente abundantes, denominadas de
coloides.
Os coloides são partículas muito pequenas com 1 nanômetro (nm) à
1.000 nm de diâmetro médio. Devido a seu tamanho extremamente pequeno elas
se espalham facilmente por toda massa de água sendo capaz de dispersar a luz,
causando assim turbidez e contribuindo na ocorrência de cor aparente. As
partículas coloidais podem também causar gosto e odor na água. Em geral, a
enorme maioria dos coloides possui cargas elétricas negativas nas suas superfícies.
A força de repulsão entre essas cargas elétricas é o que torna os coloides de tão
fácil dispersão na água e, contrariamente, de tão difícil união para remoção.
Geralmente a água possui aspecto barrento ou arenoso, escurecimento causado
por microrganismos ou partículas coloidais. A ocorrência de cor e turbidez pode
variar dependendo da fonte natural, da formação da calha do rio, de despejos de
esgotos ao longo de seu curso e velocidade.
86

Assim, se faz necessário o processo de clarificação da água para servi-la aos


consumidores, removendo a cor e a turbidez. A primeira etapa desse processo é
denominada coagulação, também chamada de mistura rápida. Além da
necessidade de manter baixos valores de turbidez para os consumidores, vimos
que nos processos de tratamento a turbidez deve ser controlada e monitorada o
tempo todo, pois está relacionada com a eficiência da remoção de patógenos nas
etapas de decantação, filtração e desinfecção.

Figura 4.2: Os rios são naturalmente coloridos, cada um com sua particularidade. Toda essa
paleta de cores é causa em partes pela presença de coloides.

Figura 4.3: As partículas coloidais presentes na água são compostas por várias
substâncias e microrganismos como algas, fitoplâncton, bactérias e vírus. Dentre as substâncias
pode-se citar as argilas, ácidos húmicos, óxidos metálicos, etc.
87

4.3. DEFINIÇÃO E TIPOS DE COAGULANTES


A coagulação, também chamada de mistura rápida, é um processo físico-
químico. O processo consiste na utilização de produtos químicos, denominados
coagulantes, para unir partículas coloidais que não são removidas por
sedimentação, flotação ou filtração. Após a coagulação as partículas coloidais serão
desestabilizadas e formarão flocos grandes e pesados que serão removidos nas
etapas de decantação e filtração.
Há no mercado diversos tipos de coagulantes. Existem coagulantes à base
de ferro, de alumínio ou polímeros. A escolha por um ou outro tipo dependerá das
características da água a ser tratada, da disponibilidade do produto, da facilidade
de utilização e preparação, custo, etc.
O produto pode ser comprado em pó ou líquido. Você pode tanto comprar
1 kg ou 1 litro em uma loja de artigos para piscina, como pode comprar tanques e
bombonas com várias toneladas ou vários metros cúbicos. Geralmente, ele é
adquirido na forma superconcentrada, sendo necessária sua diluição para ser
utilizado (esse assunto será abordado com mais ênfase posteriormente). Todos os
coagulantes comerciais disponíveis funcionam da mesma forma: reúnem os
coloides que estão dispersos em flocos concentrados com massa suficiente para
afundarem e serem removidos da água na etapa de decantação, conforme
representado na figura 4.4. A tabela 4.1 apresenta os principais produtos
disponíveis no mercado atualmente, embora não os únicos. Há centenas de
pesquisas em andamento com outros tipos de substâncias e, principalmente, uso
de produtos naturais para essa finalidade, tornando menor o uso de coagulantes à
base de sais metálicos.

Figura 4.4: Situação ilustrativa ação dos coagulantes no processo de clarificação da água.
88

Tabela 4.1: Principais coagulantes disponíveis e suas respectivas classificações. Fonte: adaptado
de Verma, et al, 2012.
Coagulantes químicos

Sais metálicos hidrolizados Sais metálicos pré- Polímeros sintéticos


hidrolizados

Cloreto férrico Cloreto de polialumínio Aminometil poliacrilamida


(PAC)

Sulfato férrico Cloreto poliférrico (PFCI) Polialquileno

Cloreto de magnésio Sulfato poliferroso (PFS) Poliamina

Alumínio Sulfato polialumínio (PAS) Polietilenimina

Cloreto de polidialildimetil
amônio (poli-DADMAC)

Entre essa enorme gama de possibilidades de coagulantes, aqui abordaremos


um pouco sobre os mais comuns no mercado que são os coagulantes a base de
alumínio, ferro e os polímeros.

Sulfato de alumínio
Segundo Richter (2009), o sulfato de alumínio é um ácido com caraterísticas
corrosivas. Portanto, deve-se ter muito cuidado no seu manuseio e
armazenamento. Sua fórmula química é Al2(SO4)3. Pode ser encontrado no mercado
em forma líquida ou sólida em pó ou em pedras.
Durante a sua aplicação deve-se ter um bom conhecimento acerca da
alcalinidade e do pH da água, pois o produto químico irá consumir a alcalinidade
baixando o pH do meio. Sua relação estequiométrica de consumo de alcalinidade é
de aproximadamente 1,0 mg/L de coagulante para 0,5 mg/L de alcalinidade em
CaCO3, ou seja, para cada concentração que será aplicada no tratamento da água,
o ideal é que o meio tenha, pelo menos, a metade da concentração em alcalinidade
natural ou artificial.
O pH do meio deve ser mantido entre 5 e 7, pois fora dessa faixa o produto torna-
se ineficaz e pode, inclusive, piorar as características de turbidez da água a ser
tratada.
Durante sua aplicação ocorrerão reações químicas de hidrólise que formarão
uma série de espécies polinucleares de alumínio como 𝐴𝑙6 (𝑂𝐻)15 +3
, 𝐴𝑙7 (𝑂𝐻)17
+4
, ...
𝐴𝑙13 (𝑂𝐻)34 , sendo que são essas espécies as responsáveis por desestabilizar os
+5

coloides e não o íon alumínio.

Aluminato de sódio
Richter (2009) descreve que o aluminato de sódio, ao contrário do sulfato de
alumínio, libera o íon OH- na água, atuando como uma base e não como um ácido,
portanto, tem como vantagem fornecer em um único produto tanto o coagulante
quanto o alcalinizante, sendo o mais indicado para águas com baixo pH e cor muito
elevada, onde a dose de sulfato de alumínio seria muito alta, inviabilizando seu uso.
89

A fórmula química desse produto é Na2Al2O4 e também pode ser comercializado


nas formas sólida e líquida. Outra vantagem a se considerar é que 1,0 mg/L desse
produto equivale a 3,3 mg/L de sulfato de alumínio, sendo então um fator que pode
ser interessante para sua substituição ao sulfato e ao alcalinizante.

Coagulantes férricos
Aqui destacam-se principalmente o sulfato férrico e o cloreto férrico. As fórmulas
químicas são Fe2(SO4)3 e FeCl3, respectivamente. Também podem ser encontrados
comercialmente nas formas sólidas e líquidas.
Richter (2009) descreve que os processos de hidrólise desses sais são diferentes
dos processos do sulfato de alumínio, mas os resultados são semelhantes, devendo
também ter os mesmos cuidados no manuseio e armazenamento desses produtos.
O autor também comenta que todos os coagulantes férricos são eficientes em uma
larga faixa de pH que vai de 4 a 11, sendo muito úteis para remoção de cor em
águas com baixos valores de pH e na remoção de ferro e manganês em amostras
com pH elevado.
O consumo da alcalinidade é um pouco maior do que no uso do sulfato de
alumínio. Cada 1,0 mg/L de sulfato férrico consome 0,75 mg/L de alcalinidade e
1,0 mg/L de cloreto férrico consome 0,56 mg/L de alcalinidade.
Finalmente, há também o uso do sulfato ferroso (FeSO4) que, combinado com a
cal, pode ser utilizado em processos de abrandamento da água – redução da
dureza – ou na remoção de ferro e manganês, onde ocorre a formação de um
precipitado insolúvel em pH acima de 9.

Polímeros
Os polímeros (ou polieletrólitos) são estruturas moleculares orgânicas que se
repetem numerosas vezes formando uma cadeia. Dentro dessa cadeia há muito
espaço para ocorrência de cargas elétricas tanto positivas quanto negativas, por
isso, os polímeros podem ser designados por polímeros catiônicos ou aniônicos, ou
seja, podem ter preferencialmente uma carga positiva ou negativa respectivamente.
Podem, ainda, ter carga elétrica neutra.
Sua aplicação pode ser como um auxiliar de coagulação ou mesmo como um
coagulante primário, sendo que tem a vantagem de não alterar o pH e nem a
alcalinidade da água. Richter (2009) descreve que seu uso reduz sensivelmente a
quantidade de lodo produzida em uma estação de tratamento.
Todavia, seu uso não deve ser feito de forma indiscriminada e sem um
monitoramento dos subprodutos presentes na água tratada. A acrilamida, por
exemplo, é a matéria-prima para a fabricação da poliacrilamida, que é um auxiliar
de coagulação e favorece a formação de flocos grandes e pesados. Porém, seu uso
comprovadamente pode causar efeitos adversos na saúde humana (ZILLI, et al,
2021), sendo então um parâmetro de monitoramento e controle na água tratada,
conforme a Portaria de Consolidação nº 5 – Anexo XX. O valor máximo permitido
para essa substância na água potável é de 5 µg/L, conforme consta na tabela do
anexo 9 que trata das substâncias que oferecem risco à saúde humana.

4.4. MECANISMOS DA COAGULAÇÃO


A coagulação ocorre de duas formas possíveis: desestabilização ou arraste.
90

A) DESESTABILIZAÇÃO
A maioria das partículas coloidais possuem carga elétrica negativa em suas
superfícies, dessa maneira, os coagulantes em geral possuem carga positiva,
atraindo essas partículas e ligando-se fortemente a elas.
Como há uma troca de cargas elétricas e eventual neutralização, esse
mecanismo é denominado
desestabilização e é um
fenômeno químico. As
moléculas de coagulante com
carga positiva são atraídas
pelas cargas negativas das
partículas coloidais, unindo-se
a elas. Isso dará origem à
formação de flocos maiores e
mais pesados que
posteriormente poderão ser
removidos por decantação. Figura 4.5: Coloides desestabilizados por diferença de
carga elétrica do coagulante.

B) ARRASTE
Quando a união das
partículas coloidais
desestabilizadas e do
coagulante forma uma malha
razoavelmente grande, ela é
capaz de “prender” outras
partículas coloidais durante seu
movimento.
Observe que, nesse caso, a
troca de cargas elétricas é
muito pequena, pois ela já Figura 4.6: Coloide preso por arraste na malha formada
ocorreu na etapa anterior coloides já desestabilizados.
(desestabilização). Assim, o arraste é um fenômeno físico.

4.5. INTERFERENTES
Os dois principais interferentes na eficiência da coagulação são o pH e a
alcalinidade.
A maioria dos coagulantes funciona muito bem em uma faixa que varia entre 4,5
e 8,0. Valores de pH fora dessa faixa podem fazer com que o produto pare de
funcionar. Entretanto, há um segundo ponto há se considerar. a maioria dos
coagulantes também atua como um ácido, diminuindo o pH do meio à ponto de
tornar o processo totalmente ineficiente.
O ideal é que a alcalinidade do meio seja maior que 130 mg/L CaCO 3. Uma
alcalinidade elevada atuará como um tampão, impedindo o pH de baixar
drasticamente após a adição do coagulante, garantindo o funcionamento do
produto e sua eficiência. Lembrando que alcalinidade é a resistência do meio em
baixar o pH após a adição de um ácido. A figura 4.7 apresenta um gráfico com o
efeito do coagulante sobre o pH.
91

Se a alcalinidade da água for muito baixa e não for corrigida, a adição do


coagulante fará o pH diminuir até valores abaixo da faixa de funcionamento do
próprio produto, ocasionando a perda de eficiência e interrupção da coagulação.
Assim, antes de iniciar o tratamento da água utilizando coagulantes, deve-se
verificar o pH da água bruta e sua alcalinidade.
Caso o pH e/ou a alcalinidade estejam abaixo do recomendado utiliza-se uma
solução alcalinizante para corrigir esses parâmetros como, por exemplo, cal virgem,
cal hidratada, hidróxido de sódio e barrilha.
A dosagem de alcalinizante deve ser o suficiente apenas para corrigir esses
parâmetros pois, em excesso, pode elevar demasiadamente o pH e/ou a
alcalinidade, ultrapassando a faixa ideal de funcionamento do produto e
ocasionando os mesmos problemas já citados. O cálculo da dosagem de
alcalinizante também será abordado posteriormente.

Figura 4.7: Efeito do coagulante sobre o pH da água com ou sem a adição de um alcalinizante.
Fonte: arquivo pessoal.

4.6. DOSAGEM DE COAGULANTE


A dosagem de coagulante raramente é decidida de forma tabelada e somente
em razão da concentração de coloides, pois a água possui dezenas de parâmetros
físico-químicos que interferem diretamente na sua qualidade e na ação do
coagulante como o pH, a alcalinidade, a concentração de substâncias dissolvidas,
a temperatura, etc. Em razão dessas características múltiplas é difícil e impreciso
criar uma relação confiável entre dosagem de coagulante versus concentração de
coloides.
Atualmente, utiliza-se um ensaio denominado Jar-Test (ou teste de jarros) nas
ETAs para essa finalidade. O ensaio realiza uma bateria de testes variando o pH e
a alcalinidade da água bruta para encontrar a melhor concentração de coagulante
a ser aplicado para aquela amostra de água e qual o pH ideal de trabalho.
No ensaio de jar-test utilizam-se seis jarros com amostra de água bruta. Cada
um dos jarros recebe uma dosagem diferente de coagulante e verifica-se qual
obteve o melhor resultado na remoção de cor e turbidez. Em seguida, repete-se
92

novamente o teste utilizando apenas a dosagem ideal encontrada previamente, mas


variando o pH dos seis jarros. Novamente, verifica-se em qual jarro foi obtido o
melhor resultado. Ao final das duas baterias de testes obtêm-se, então, a dosagem
ideal de coagulante e o pH ideal de trabalho.
Nas ETAs esse teste ocorre ao menos uma vez por dia, podendo ocorrer mais
vezes caso a qualidade do manancial varie muito ao longo do dia.
Ao final desse livro encontra-se em anexo a metodologia para realizar o ensaio
de jar-test e definir a melhor dosagem de coagulante.

4.7. APLICAÇÃO
Os coagulantes requerem uma mistura muito rápida e eficaz com a água bruta
para que funcionem bem. Assim, em estações de tratamento de água é comum
lançar o produto na calha Parshall aproveitando o ressalto hidráulico que ocorre
naturalmente nesses dispositivos. As calhas Parshall são dispositivos cuja finalidade
principal é medir a vazão de água que entra ou sai de um sistema. São dispositivos
simples constituídos de uma seção convergente, uma garganta e uma seção
divergente, conforme mostra a figura 4.8.

Figura 4.8: Desenho esquemático de uma calha Parshall.

Aplicando o produto químico um pouco antes da seção divergente, tão logo a


água bruta se encaminhe para o final da calha ocorrerá uma vigorosa mistura da
água com o coagulante através de um fenômeno hidráulico inevitável. A vantagem
desse tipo de aplicação é que torna-se desnecessário o uso de um agitador
mecânico, diminuindo o custo com energia elétrica e manutenção e também a
necessidade de uma câmara construída apenas para essa finalidade, o que diminui
o custo de implantação da ETA.
Em geral, o coagulante e os outros produtos químicos são fabricados em tanques
separados que possuem uma bomba dosadora de vazão ajustável. A bomba
empurra os produtos químicos por tubulações exclusivas até o respectivo ponto de
93

aplicação. No caso do coagulante, sobre a garganta da calha Parshall haverá uma


tubulação perfurada ou uma meia cana, também perfurada, ao longo de toda a
largura da garganta. Nesse ponto o coagulante será adicionado à água bruta, como
podemos ver nas figuras 4.9 e 4.10.

Figura 4.9: Aplicação de coagulante sobre calha Parshall seguida do ressalto hidráulico.

Figura 4.10: Foto mostrando tubulação utilizada para lançar o coagulante antes da
passagem da água bruta pela calha Parshall.

4.8. PRODUTOS AUXILIARES DA COAGULAÇÃO


Além do coagulante, pode ser necessária a aplicação de outros produtos que
visam melhorar a eficiência do produto ou corrigir alguma característica antes da
reação química principal. Podemos destacar aqui:
94

• Ácido sulfúrico: auxiliar de coagulação para águas com cor e pH elevados.


• Cal hidratada, cal virgem ou barrilha: elevar o pH e corrigir a alcalinidade.
• Carvão ativado: remove gosto e odor da água quando apenas o processo
de tratamento tradicional não é capaz.
• Cloro: oxidar ferro e manganês na água bruta, diminuindo a quantidade
de coagulante que deve ser usado.
• Polieletrólitos: usado com coagulantes metálicos para reduzir a dosagem
de coagulante ocasionando o aumento de tamanho e da densidade dos
flocos.
• Sílica ativada: aumenta a eficiência da coagulação gerando flocos
maiores.

4.9. RISCOS PARA A SAÚDE


O uso de coagulantes químicos é um assunto que traz controvérsias e debates
em diversos níveis científicos. Alguns trabalhos que relacionam o uso de
coagulantes a base de alumínio com doenças como mal de Alzheimer e doença de
Parkinson são descritos em livros específicos da área como, por exemplo, “Ensaios
sobre Poluição e Doenças no Brasil” (HESS, 2018). A autora comenta que apesar
de oferecer risco à saúde, o parâmetro alumínio é descrito com seu respectivo VMP
na tabela de padrões organolépticos e não na tabela que contém outras substâncias
potencialmente perigosas.

4.10. VAZÃO DE BOMBAS DOSADORAS


Os coagulantes, conforme mencionado, costumam ser comprados de forma
super concentrada, pois isso permite ao usuário diluir o produto até a concentração
necessária de trabalho. Caso a água bruta precise de uma maior ou uma menor
concentração de produtos químicos, ajusta-se a vazão das bombas dosadoras para
essas condições específicas de trabalho. Isso permite um ajuste fino de controle,
uma rapidez de resultados e evita a necessidade de uma nova preparação de
produtos químicos cada vez que as condições da água bruta se alterar.
Em uma ETA tradicional, geralmente o coagulante é fabricado diluindo-o em água
pura, mas ainda mantendo um alto valor de concentração. Em seguida, calcula-se
qual deve ser a concentração do produto após seu lançamento na água bruta.
Então, ocorrerá uma nova diluição alcançando a concentração necessária de
trabalho, a mesma determinada em ensaios preliminares de Jar-test. O mesmo
princípio vale para a solução alcalinizante e todos os outros produtos usados no
tratamento da água. A figura 4.11 apresenta de forma resumida o fluxograma do
processo e a figura 4.12 nos mostra exemplos de tanques e bombas dosadoras.
A fórmula para se determinar a vazão da bomba dosadora de coagulante é a
seguinte:

𝑄∗𝑑
𝑞𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 = [4.1]
𝐶

Onde:
95

qbomba: vazão da bomba dosadora (m³/h);


Q: vazão de água bruta a ser tratada (m³/h);
d: dosagem ideal de trabalho do coagulante (mg/L);
C: concentração real do coagulante fabricado (mg/L).

Lembrando que a concentração em massa para qualquer substância é dada pela


massa de soluto dividida pelo volume de solvente:

𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎
𝐶= [4.2]
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒

Figura 4.11: Fluxograma resumido dos processos de fabricação e utilização de coagulantes


químicos para tratamento da água bruta.

Figura 4.12: Exemplos de tanques e bombas dosadoras utilizadas para aplicação de


produtos químicos em ETAs.
96

Exemplo 4.1) Em uma ETA o coagulante é fabricado diluindo-se um saco de


100 kg de sulfato de alumínio em um tanque com 5 m³ de água.
Em determinado dia a concentração ideal de coagulante para tratar 500 L/s de
água bruta é de 10 mg/L de sulfato de alumínio.
Calcule a vazão da bomba dosadora para esse dia de trabalho.

Primeiramente, vamos lançar os dados que possuímos e coloca-los nas unidades


corretas:
Massa de coagulante: 100 kg (x 1.000.000) = 100.000.000 mg (ou 108 mg)
Volume do tanque: 5 m³ (x 1.000) = 5.000 L (ou 5x103 L)
Vazão de água bruta (Q): 500 L/s (x 3,6) = 1.800 m³/h
Concentração ideal de trabalho do coagulante (d): 10 mg/L
Agora vamos determinar a concentração do coagulante que é preparado na ETA:

𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑎𝑔𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 100.000.000


𝐶= = = 𝟐𝟎. 𝟎𝟎𝟎 𝒎𝒈/𝑳
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 á𝑔𝑢𝑎 5.000

Finalmente, podemos determinar agora qual deve ser a vazão da bomba


dosadora(qbomba) para alcançar a concentração ideal de trabalho do
coagulante (d):

𝑄 ∗ 𝑑 1.800 ∗ 10
𝑞𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 = = = 𝟎, 𝟗 𝒎𝟑 /𝒉
𝐶 20.000

Ou seja, a bomba dosadora deve lançar 900 litros de coagulante por hora na
água bruta que será tratada.
Se dividirmos o resultado por 3,6 teremos a vazão em litros por segundo
(0,25 L/s).

NOTA SOBRE O EXEMPLO 4.1:


O tanque onde o coagulante foi preparado era de 5 mil litros (5 m³). Portanto, se
manter constante a vazão da bomba dosadora (0,9 m³/h) o tanque se esvaziará
em 5,5 horas aproximadamente, sendo necessária a fabricação do coagulante
novamente.

𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑜 𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 5 𝑚3
𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 = = = 𝟓, 𝟓 𝒉𝒐𝒓𝒂𝒔
𝑞𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 0,9 𝑚3 /ℎ

Exemplo 4.2) Em uma ETA o coagulante é fabricado diluindo-se um saco de 50 kg


de sulfato de alumínio em um tanque com 10 m³ de água.
Em determinado dia a concentração ideal de coagulante para tratar 350 L/s de
água bruta é de 8,0 mg/L de sulfato de alumínio.
Calcule a vazão da bomba dosadora para esse dia de trabalho.
97

Primeiramente, vamos ajustar as unidades de medida para as unidades corretas:


Massa de coagulante: 50 kg (x 1.000.000) = 50.000.000 mg (ou 5 x 107 mg)
Volume do tanque: 10 m³ (x 1.000) = 10.000 L (ou 104 L)
Vazão de água bruta (Q): 350 L/s (x 3,6) = 1.260 m³/h
Concentração ideal de trabalho do coagulante (d): 8,0 mg/L
Agora vamos determinar a concentração do coagulante que é preparado na ETA:

𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑎𝑔𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 5 ∗ 107


𝐶= = = 𝟓. 𝟎𝟎𝟎 𝒎𝒈/𝑳
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 á𝑔𝑢𝑎 104

Podemos determinar agora qual deve ser a vazão da bomba dosadora(q bomba)
para alcançar a concentração ideal de trabalho do coagulante (d):

𝑄 ∗ 𝑑 1.260 ∗ 8,0
𝑞𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 = = = 𝟐, 𝟎𝟐 𝒎𝟑 /𝒉
𝐶 5.000

Ou seja, a bomba dosadora deve lançar 2,02 metros cúbicos de coagulante por
hora na água bruta que será tratada.
Se dividirmos o resultado por 3,6 teremos a vazão em litros por segundo
(0,56 L/s).

NOTA SOBRE O EXEMPLO 4.2:


O tanque onde o coagulante foi preparado era de 10 mil litros (10 m³). Portanto,
se manter constante a vazão da bomba dosadora (2,02 m³/h) o tanque se
esvaziará em 4,95 horas aproximadamente, sendo necessária a fabricação do
coagulante novamente.

𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑜 𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 10 𝑚3
𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 = = = 𝟒, 𝟗𝟓 𝒉𝒐𝒓𝒂𝒔
𝑞𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 2,02 𝑚3 /ℎ

4.11. CORREÇÃO DA ALCALINIDADE


Conforme citado anteriormente, a maioria dos coagulantes atua na água como
um ácido, baixando o pH do meio. Dependendo da dose do coagulante o pH pode
baixar tanto que a coagulação para de ocorrer e a eficiência do processo fica
comprometida. Assim, é necessária uma boa alcalinidade da água a ser tratada
para que o pH não baixe muito e a coagulação continue ocorrendo dentro da faixa
ideal de trabalho.
Para corrigirmos a alcalinidade da água, primeiramente devemos saber qual é o
valor dela na água bruta, chamada de alcalinidade natural. Em seguida, fazemos as
devidas correções em função do produto que utilizaremos para realizar a
coagulação e a correção da alcalinidade. A tabela 4.2 nos apresenta os principais
produtos utilizados no tratamento da água e o quanto é acrescentado ou retirado
da alcalinidade da água após suas aplicações.
98

Tabela 4.2: Efeito sobre a alcalinidade de diversos produtos químicos utilizados no tratamento da
água. Fonte: Richter, 2009.
Produz a seguinte
1 mg/L de variação na alcalinidade
em mg/L de CaCO3
Nome do produto Fórmula Acréscimo Redução
Ácido clorídrico HCl 1,37

Ácido fluossilícico H2SiF6 2,08

Ácido fosfórico H3PO4 1,53

Ácido sulfúrico H2SO4 1,02

Aluminato de sódio Na2Al2O4 0,61

Bicarbonato de sódio NaHCO3 0,60

Cal hidratada Ca(OH)2 1,35

Cal virgem CaO 1,79

Carbonato de cálcio CaCO3 1,00

Carbonato de sódio Na2CO3 0,96

Cloreto férrico FeCl3 . 6 H2O 0,56

Cloro Cl2 1,41

Dióxido de cloro CO2 2,28

Hidróxido de magnésio Mg(OH)2 1,71

Hidróxido de potássio KOH 0,89

Hidróxido de sódio NaOH 1,25

Hipoclorito de cálcio Ca(OCl)2 . 4 H2O 0,70

Hipoclorito de sódio NaOCl 0,67

Sulfato de alumínio Al2(SO4)3 . 14 H2O 0,50

Sulfato de alumínio amoniacal Al2(SO4)3 . (NH4)SO4 . 24 H2O 0,33

Sulfato de alumínio e potássio Al2(SO4)3 . KSO4 . 24 H2O 0,32

Sulfato férrico Fe2(SO4)3 0,76

Sulfato ferroso Fe(SO4)3 . 7 H2O 0,36

Sulfato ferroso clorado Fe(SO4)3 . 7 H2O . ½ Cl2 0,54

Por exemplo, supondo que num dia de trabalho a concentração ideal do


coagulante sulfato de alumínio seja de 10,0 mg/L. Ao verificarmos a tabela 4.2
vemos que cada 1 mg/L desse produto químico ocasiona uma redução de 0,50
mg/L da alcalinidade. Dessa forma, a alcalinidade mínima na água bruta deverá ser
de:

Alcalinidade mínima = 10,0 * 0,50 = 5,0 mg/L CaCO3

Entendemos que o uso de sulfato de alumínio nessa concentração irá retirar 5,0
mg/L de CaCO3 da alcalinidade natural da água. Caso a concentração de trabalho
99

aumente para 50,0 mg/L de coagulante, a alcalinidade mínima na água bruta deverá
ser de:

Alcalinidade mínima = 50,0 * 0,50 = 25,0 mg/L CaCO3

Aumentando em cinco vezes a concentração do coagulante a ser usado, a


alcalinidade requerida também aumentará proporcionalmente. Lembre-se que o
valor de 0,50 mg/L de CaCO3 corresponde ao consumo de alcalinidade pelo
coagulante sulfato de alumínio e que cada coagulante terá um valor específico.
Outros autores também usam o valor de 0,45 mg/L de CaCO 3 para o mesmo
produto, dessa forma, caberá ao técnico em sua experiência rotineira de trabalho
utilizar os valores mais adequados a sua realidade.
Suponha agora que a água bruta que vamos tratar possui uma alcalinidade
natural de 20,0 mg/L CaCO3 e iremos utilizar uma concentração de coagulante
sulfato de alumínio igual a 60,0 mg/L.

Alcalinidade mínima = 60,0 * 0,50 = 30,0 mg/L CaCO3

Nesse caso a alcalinidade natural não será suficiente. Precisamos aumentar de


20,0 mg/L para 30,0 mg/L, ou seja, adicionar 10,0 mg/L de alcalinidade artificial, ou
o coagulante não terá o efeito desejado na remoção da cor e da turbidez podendo,
inclusive, piorar essas características da água.
Para corrigir a alcalinidade usa-se os mesmos princípios da dosagem de
coagulante. Fabrica-se uma solução concentrada de cal, barrilha, ou outro corretor
adequado e verifica-se:
• qual a concentração de trabalho;
• quanto esse produto químico acrescenta de alcalinidade (verificar a tabela
4.2 ou outra fonte disponível) e considerar como um fator de correção;
• ajusta-se a bomba dosadora para que a solução concentrada seja diluída
em contrato com a água bruta.
Vamos usar o exemplo anterior onde a alcalinidade deve ser elevada de
20,0 mg/L para 30,0 mg/L e fazer um exemplo prático.

Exemplo 4.3) Em uma ETA que trata uma vazão de 500 L/s o corretor de
alcalinidade é fabricado diluindo-se um saco de 50 kg de cal hidratada em um
tanque com 5 m³ de água.
A alcalinidade natural da água é de 20,0 mg/L e deve ser elevada para 30,0 mg/L
a fim de se usar uma dose de 60,0 mg/L de coagulante sulfato de alumínio.
Para a cal hidratada considere que cada 1,0 mg/L de solução corresponde a um
acréscimo de 1,35 mg/L de alcalinidade (fator de correção).
Calcule a vazão da bomba dosadora de alcalinizante para esse dia de trabalho.

Como em todos os exemplos anteriores, antes de iniciarmos os cálculos práticos


devemos ajustar as unidades para as formas mais adequadas:
Vazão de água bruta (Q): 500 L/s (x 3,6) = 1.800 m³/h
Massa de alcalinizante: 50 kg (x 1.000.000) = 50.000.000 mg
Volume de água do tanque: 5 m³ (x 1.000) = 5.000 L
100

Alcalinidade artificial que deve ser acrescentada: 30,0 – 20,0 = 10,0 mg/L

Primeiramente vamos determinar a concentração do alcalinizante, lembrando


que ele é produzido ao se diluir um saco de 50 kg de cal em um tanque com 5 m³.
Nosso fator de correção (f) é o quanto 1,0 mg/L de cal hidratada acrescenta de
alcalinidade. No caso da cal, 1,0 mg/L dessa substância acrescenta 1,35 mg/L
de CaCO3 em alcalinidade.

𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑜 𝑎𝑙𝑐𝑎𝑙𝑖𝑛𝑖𝑧𝑎𝑛𝑡𝑒
𝐶= ∗ 𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒çã𝑜
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 á𝑔𝑢𝑎

50.000.000 𝑚𝑔
𝐶= ∗ 1,35 = 𝟏𝟑. 𝟓𝟎𝟎 𝒎𝒈/𝑳
5.000 𝐿

Agora, vamos ter que adicionar 10,0 mg/L de alcalinidade (aumentar de


20,0 mg/L para 30 mg/L), portanto, a vazão da bomba dosadora será de:

𝑄 ∗ 𝑑 1.800 ∗ 10,0
𝑞𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 = = = 𝟏, 𝟑𝟑 𝒎𝟑 /𝒉
𝐶 13.500

Atente-se para o detalhe que, diferentemente do cálculo para o coagulante onde


a dose ideal (d) corresponde ao valor total de coagulante que será adicionado,
para o caso do alcalinizante esse valor corresponderá à diferença que desejamos
acrescentar para que seja alcançada a dose ideal.
Então, para esse exemplo, ajustando a vazão da bomba dosadora para 1,33 m³/h
(ou 0,37 L/s) iremos adicionar 10,0 mg/L de alcalinidade na água bruta, elevando
seu valor de 20,0 mg/L para 30,0 mg/L e tornando viável a aplicação de
60,0 mg/L de coagulante sulfato de alumínio sem comprometer a eficiência do
processo.

Exemplo 4.4) Uma ETA trata uma vazão de 350 L/s de água bruta. Em
determinado dia a concentração ideal de coagulante cloreto férrico é de
40,0 mg/L e a água possui uma alcalinidade natural de 15,0 mg/L.
a) Calcule a alcalinidade mínima requerida.
b) Calcule a vazão da bomba dosadora de alcalinizante, considerando que a
alcalinidade é corrigida utilizando-se carbonato de sódio.
Considere que o alcalinizante é fabricado ao diluir-se um saco de 100 kg em 5 m³
de água.

Ajustando as unidades:
Vazão de água bruta (Q): 350 L/s (x 3,6) = 1.260 m³/h
Massa de alcalinizante: 100 kg (x 1.000.000) = 100.000.000 mg
Volume de água do tanque: 5 m³ (x 1.000) = 5.000 L

(a) Determinação da alcalinidade mínima requerida:


Verificamos na tabela 4.2 de produtos químicos que 1,0 mg/L de cloreto férrico
ocasiona uma redução na alcalinidade de 0,56 mg/L, portanto:
101

𝐴𝑙𝑐𝑎𝑙𝑖𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑎 = 40,0 ∗ 0,56 = 𝟐𝟐, 𝟒 𝒎𝒈/𝑳 𝑪𝒂𝑪𝑶𝟑

(b) Agora, vamos determinar a concentração do alcalinizante, considerando que


esse produto é fabricado ao se diluir um saco de 100 kg de carbonato de sódio
em um tanque com 5 m³. Nosso fator de correção para o carbonato de sódio é
de 0,96 (conforme tabela 4.2).

𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑜 𝑎𝑙𝑐𝑎𝑙𝑖𝑛𝑖𝑧𝑎𝑛𝑡𝑒
𝐶= ∗ 𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒çã𝑜
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 á𝑔𝑢𝑎

100.000.000 𝑚𝑔
𝐶= ∗ 0,96 = 𝟏𝟗. 𝟐𝟎𝟎 𝒎𝒈/𝑳
5.000 𝐿

Por fim, teremos que adicionar 7,4 mg/L de alcalinidade (aumentar de 15,0 mg/L
para 22,4 mg/L), portanto, a vazão da bomba dosadora será de:

𝑄 ∗ 𝑑 1.260 ∗ 7,4
𝑞𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 = = = 𝟎, 𝟒𝟗 𝒎𝟑 /𝒉
𝐶 19.200

Então, para esse exemplo, ajustando a vazão da bomba dosadora para 0,49 m³/h
(ou 0,14 L/s) iremos adicionar 7,4 mg/L de alcalinidade na água bruta, elevando
seu valor de 15,0 mg/L para 22,4,0 mg/L e tornando viável a aplicação de
40,0 mg/L de coagulante cloreto férrico sem comprometer a eficiência do
processo.

Exemplo 4.5) Em uma ETA que trata uma vazão de 1.000 L/s o corretor de
alcalinidade é fabricado diluindo-se 100 kg de cal virgem em um tanque com
10 m³ de água.
A alcalinidade natural da água é de 18,0 mg/L e será usada uma dose de
coagulante Policloreto de Alumínio (PAC) de 75,0 mg/L.
Considere que o PAC consome 0,33 mg/L de alcalinidade para cada 1,0 mg/L de
coagulante.
Para a cal virgem considere que cada 1,0 mg/L de solução corresponde a um
acréscimo de 1,79 mg/L de alcalinidade (fator de correção).
Calcule a vazão da bomba dosadora de alcalinizante para esse dia de trabalho.

Ajuste das unidades de medida:


Vazão de água bruta (Q): 1.000 L/s (x 3,6) = 3.600 m³/h
Massa de alcalinizante: 100 kg (x 1.000.000) = 100.000.000 mg
Volume de água do tanque: 10 m³ (x 1.000) = 10.000 L
Dose de coagulante PAC: 75 mg/L
Alcalinidade natural: 18,0 mg/L CaCO3

Alcalinidade mínima requerida:


Conforme o enunciado, temos que 1,0 mg/L de PAC ocasiona uma redução na
alcalinidade de 0,33 mg/L, portanto:
102

𝐴𝑙𝑐𝑎𝑙𝑖𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑎 = 75,0 ∗ 0,33 = 𝟐𝟒, 𝟕𝟓 𝒎𝒈/𝑳 𝑪𝒂𝑪𝑶𝟑

Primeiramente vamos determinar a concentração do alcalinizante utilizando os


dados de massa, volume do tanque de fabricação e fator de correção para a cal
virgem:

𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑜 𝑎𝑙𝑐𝑎𝑙𝑖𝑛𝑖𝑧𝑎𝑛𝑡𝑒
𝐶= ∗ 𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒çã𝑜
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 á𝑔𝑢𝑎

100.000.000 𝑚𝑔
𝐶= ∗ 1,79 = 𝟏𝟕. 𝟗𝟎𝟎 𝒎𝒈/𝑳
10.000 𝐿

Agora, vamos ter que adicionar 6,75 mg/L de alcalinidade (aumentar de


18,0 mg/L para 24,75 mg/L), portanto, a vazão da bomba dosadora será de:

𝑄 ∗ 𝑑 3.600 ∗ 6,75
𝑞𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 = = = 𝟏, 𝟑𝟔 𝒎𝟑 /𝒉
𝐶 17.900
103

produto cuja finalidade não é atuar como


QUESTÕES SOBRE coagulante:

COAGULAÇÃO A) Sulfato férrico.


B) Ácido fluossilícico.
C) Policloreto de alumínio (PAC).
1. A principal função da etapa denominada D) Sulfato de alumínio.
coagulação dentro da ETA é:

A) Iniciar o processo de clarificação da Analise as sentenças a seguir que tratam dos


água removendo cor e turbidez com o mecanismos de captura de coloides
auxílio de produtos químicos. relacionados aos coagulantes para
B) Iniciar o processo de desinfecção da responder as questões 5 e 6.
água removendo organismos
patogênicos com o auxílio de produtos I- Nesse mecanismo, o coagulante atua
químicos. neutralizando as cargas dos coloides em
C) Iniciar o processo de decantação dos uma reação de troca iônica.
flocos formados nas etapas anteriores II - Nesse mecanismo, o floco já formado
com o auxílio da força gravitacional. funciona como uma malha, capturando
D) Iniciar o processo de remoção de ferro coloides soltos.
com o auxílio de um agente oxidante III - É considerado um mecanismo físico.
forte. IV - É considerado um mecanismo químico.

5. As afirmativas que tratam do mecanismo


2. A coagulação pode também ser chamada de desestabilização dos coloides são:
de:
A) I e III
A) mistura lenta. B) I e IV
B) mistura rápida. C) II e III
C) pré-oxidação. D) II e IV
D) alcalinização.

6. As afirmativas que tratam do mecanismo


3. Sobre os coloides, analise as sentenças e de arraste dos coloides são:
assinale as caixas de seleção como
verdadeira (V) ou falsa (F). A) I e III
B) I e IV
Afirmação V ou F C) II e III
I - O diâmetro médio varia entre 1 D) II e IV
( )
nm e 1000 nm.
II - Em geral possuem cargas
( )
elétricas negativas. 7. O pH é um parâmetro monitorado
III - Não são capazes de causar constantemente durante a coagulação, pois:
( )
gosto ou odor na água.
IV - Causam somente cor, mas
( ) A) A água precisa estar exatamente em pH
não causam turbidez.
7,0 para que a coagulação funcione.
V - São capazes de dispersar a
luz no meio aquático, causando ( ) B) A água precisa estar em pH acima de 8
turvação. para que a coagulação funcione.
VI - São sólidos. ( ) C) A maioria dos coagulantes atua como
VII - Sua origem é exclusivamente um ácido e pode baixar o pH a tal ponto
causada por desgaste das calhas ( ) que o processo se torne ineficiente.
dos rios. D) A maioria dos coagulantes atua como
VIII - São facilmente removidos soluções tampão, evitando a redução do
( )
por filtração ou flotação. pH até a faixa ideal de trabalho.

4. Dentre os produtos químicos mostrados


abaixo, assinale a alternativa que contém um
104

8. Na coagulação, a alcalinidade é um fator C) Aproveita-se a oxigenação que ocorre


muito importante, pois: nessa etapa para que o coagulante
funcione melhor.
A) Uma boa alcalinidade evita quedas D) O coagulante precisa ser lançado nesse
bruscas no pH. ponto devido ao grande movimento da
B) A alcalinidade corresponde a valores de água, caso contrário, ele pode decantar
pH acima de 7,0, ideal para o já nessa etapa.
funcionamento do coagulante.
C) A alcalinidade baixa favorece os
processos de coagulação. 11. Em uma ETA o coagulante é fabricado ao
D) A alcalinidade acima de 130 mg/L se dissolver 200 kg de sulfato de alumínio em
CaCO 3 é prejudicial para os processos um tanque de 10 m³. A concentração do
de coagulação. coagulante fabricado em mg/L é de:

A) 2.000 mg/L
9. O aparelho mostrado abaixo é chamado B) 20.000 mg/L
de jar-test. Sua função principal é: C) 200.000 mg/L
D) 2.000.000 mg/L

12. Essa mesma ETA citada no exercício 11


trata uma vazão de 500 L/s. Em determinado
dia de trabalho a concentração ideal de
coagulante para tratar a água era de 15
mg/L. Calcule a vazão da bomba dosadora
para que o coagulante alcance essa
A) Determinar a cor da água bruta. dosagem ideal na água bruta e assinale a
B) Determinar a turbidez da água bruta. alternativa correta:
C) Determinar a melhor dosagem de
coagulante para tratar a água bruta. A) 0,45 m³/h
D) Determinar a melhor velocidade de B) 1,00 m³/h
coagulação para tratar água bruta. C) 1,35 m³/h
D) 1,50 m³/h

10. A imagem a seguir mostra o coagulante


sendo lançado sobre o dispositivo que mede 13. Supondo que a vazão da bomba
a vazão de água em uma ETA, denominado dosadora não se altere ao longo do dia,
de calha Parshall. Isso ocorre, pois: quanto tempo aproximadamente levará para
que o tanque de coagulante se esvazie
completamente e seja necessária a
preparação de um novo volume de
coagulante?

A) 4,4 horas
B) 5,4 horas
C) 6,4 horas
D) 7,4 horas

Use os dados informados a seguir para


responder as questões 14 a 16.
A) A vazão de coagulante também deve ser
medida junto à vazão de água.
B) Aproveita-se o ressalto hidráulico que - Vazão de água bruta na ETA: 200 L/s
ocorre normalmente nesses dispositivos - Massa de coagulante sulfato de
para misturar o coagulante à água. alumínio (saco): 100 kg
- Volume do tanque de preparação do
coagulante: 5 m³
105

- O coagulante é preparado
dissolvendo-se 2 sacos de sulfato de
alumínio no tanque completamente
cheio de água

14. Qual é a concentração em mg/L do


coagulante preparado nessa ETA descrita?

A) 4.000 mg/L
O gráfico abaixo representa uma relação
B) 20.000 mg/L
entre a rotação do motor (em RPM) e a vazão
C) 40.000 mg/L
da bomba dosadora em m³/h. Por exemplo,
D) 200.000 mg/L
se a vazão do coagulante precisa ser de
4,0 m³/h, o técnico deve ajustar a rotação do
motor em 800 RPM.
15. Ao iniciar o dia de trabalho, o ensaio de
jar-test mostrou que a melhor concentração
de coagulante para tratar a água era de
5,0 mg/L. Qual deve ser a vazão da bomba
dosadora para alcançar essa concentração
do produto na água bruta?

A) 0,09 m³/h
B) 0,9 m³/h
C) 9,0 m³/h
D) 90,0 m³/h
Com base na imagem e no gráfico
mostrados, suponha uma ETA que trata o
16. Durante o dia a qualidade do rio piorou equivalente a 500 L/s de água bruta. Nesse
muito. A dose ideal de coagulante mostrada local o coagulante é fabricado com uma
em um novo ensaio de jar-test aumentou concentração (C) igual a 20.000 mg/L. Em
para 14,0 mg/L. Sendo assim, qual deve ser determinado dia a dosagem ideal de
a nova vazão da bomba dosadora para se coagulante (d) para tratar a água bruta é de
alcançar essa concentração de coagulante 33,4 mg/L. Calcule a vazão da bomba
na água bruta? dosadora e assinale a alternativa com a
rotação do motor que deve ser ajustada pelo
A) 0,10 m³/h técnico para que o coagulante alcance a
B) 0,15 m³/h concentração ideal de tratamento na água
C) 0,20 m³/h bruta.
D) 0,25 m³/h
A) 200 RPM
17. Em ETAs mais antigas, algumas bombas B) 400 RPM
dosadoras ainda não possuem um painel que C) 600 RPM
mostre a vazão que está sendo enviada. Ao D) 800 RPM
invés disso as bombas possuem um
mostrador analógico que acusa a rotação
por minuto (RPM) em que o motor está Para responder as questões a seguir
operando, conforme mostrado na imagem a consulte a tabela 4.2 desse capítulo: Efeito
seguir. Então para aumentar ou diminuir a sobre a alcalinidade de diversos produtos
vazão da bomba, o técnico deve aumentar químicos utilizados no tratamento da água.
ou diminuir respectivamente a rotação do
motor, utilizando como referência um gráfico 18. Em certo dia de operação em uma ETA a
que correlacione a rotação e a vazão dosagem ideal de coagulante cloreto férrico
[RPM x q(bomba)]. Quanto mais rápido o era de 24,0 mg/L. Logo, a alcalinidade
motor girar, maior será a vazão da bomba mínima requerida na água bruta para o
dosadora. tratamento deve ser de:

A) 6,8 mg/L CaCO₃


106

B) 13,4 mg/L CaCO₃ D) 1,85 m³/h


C) 19,1 mg/L CaCO₃
D) 22,1 mg/L CaCO₃
23. Considerando que a água bruta possui a
alcalinidade citada no exercício 20 de
19. Em certo dia de operação em uma ETA a 20,0 mg/L CaCO₃, qual pode ser a dose
dose ideal de coagulante sulfato de alumínio máxima de coagulante sulfato de alumínio a
era de 88 mg/L. A alcalinidade mínima fim de não ser necessário acrescentar
necessária na água bruta para tratamento alcalinidade artificial?
nesse dia era de:
A) 40,0 mg/L de coagulante.
A) 10,5 mg/L CaCO₃ B) 45,0 mg/L de coagulante.
B) 15,0 mg/L CaCO₃ C) 50,0 mg/L de coagulante.
C) 25,5 mg/L CaCO₃ D) 55,0 mg/L de coagulante.
D) 44,0 mg/L CaCO₃

Para resolução dos exercícios 24 a 28


20. Considerando a resposta dada no item considere os parâmetros de uma ETA
19, suponha que nesse dia de trabalho a descrita a seguir:
água bruta possuía uma alcalinidade natural
de 20,0 mg/L CaCO₃. Nesse caso, quanto à - Vazão de água bruta: 500 L/s
correção da alcalinidade, devemos: - Concentração do alcalinizante cal
hidratada Ca(OH) 2 preparada na ETA:
A) Não acrescentar alcalinidade artificial, 10.000 mg/L sem considerar o fator de
pois a quantidade na água bruta já é o correção
suficiente. - Alcalinidade natural da água bruta:
B) Elevar a alcalinidade adicionando mais 30,0 mg/L CaCO₃
12,0 mg/L de alcalinidade artificial.
C) Elevar a alcalinidade adicionando mais 24. Logo pela manhã, ao iniciar os trabalhos
24,0 mg/L de alcalinidade artificial. dentro da ETA, a dose ideal de coagulante
D) Elevar a alcalinidade adicionando mais sulfato férrico era de 25,0 mg/L. Em relação
36,0 mg/L de alcalinidade artificial. à alcalinidade necessária para tratamento,
conclui-se que:

21. Nessa ETA do exercício 19 e 20 o A) Não foi necessária a correção de


alcalinizante utilizado é a cal virgem (CaO), alcalinidade, pois a alcalinidade natural
fabricado em uma concentração de já era suficiente.
20.000 mg/L sem considerar o fator de B) Corrigiu-se a alcalinidade acrescentando
correção (f). Calcule a concentração dessa 2,0 mg/L CaCO₃ de alcalinidade
solução aplicando o fator de correção para a artificial.
utilização desse alcalinizante. C) Corrigiu-se a alcalinidade acrescentando
4,0 mg/L CaCO₃ de alcalinidade
A) 25.000 mg/L artificial.
B) 33.400 mg/L D) Corrigiu-se a alcalinidade acrescentando
C) 35.800 mg/L 7,0 mg/L CaCO₃ de alcalinidade
D) 40.500 mg/L artificial.

22. Considerando as respostas dadas nos 25. Ao longo do dia a qualidade do rio piorou
itens 19, 20 e 21, e que a ETA trata uma muito. Foi necessário aumentar a dose de
vazão de 200 L/s, a bomba dosadora deve coagulante para 55,0 mg/L. Em relação à
ter uma vazão de: alcalinidade necessária para o tratamento,
conclui-se que:
A) 0 m³/h, pois não é necessária a correção
da alcalinidade. A) Ainda não foi necessária a correção,
B) 0,48 m³/h pois a alcalinidade natural ainda era
C) 1,22 m³/h suficiente.
107

B) Corrigiu-se a alcalinidade acrescentando 27. A vazão da bomba dosadora de


3,0 mg/L CaCO₃ de alcalinidade alcalinizante para a situação apresentada
artificial. nos exercícios 25 e 26 foi de:
C) Corrigiu-se a alcalinidade acrescentando
11,8 mg/L CaCO₃ de alcalinidade A) A bomba permaneceu desligada, pois
artificial. não era necessária a correção da
D) Corrigiu-se a alcalinidade acrescentando alcalinidade.
25,0 mg/L CaCO₃ de alcalinidade B) Foi ajustada para 0,57 m³/h.
artificial. C) Foi ajustada para 1,57 m³/h.
D) Foi ajustada para 2,57 m³/h.

26. A concentração do alcalinizante (cal


hidratada Ca(OH)2) considerando o fator de 28. Para que não seja necessária a correção
correção (f) é de: de alcalinidade na água bruta, considerando
sua alcalinidade natural igual a 30,0 mg/L
A) 10.000 mg/L CaCO₃, a dose máxima de coagulante
B) 13.500 mg/L sulfato férrico que pode ser aplicada é de:
C) 15.800 mg/L
D) 20.500 mg/L A) 15,0 mg/L de coagulante.
B) 39,5 mg/L de coagulante.
C) 45,5 mg/L de coagulante.
D) 66,6 mg/L de coagulante.
108

5. FLOCULAÇÃO

Após receber o coagulante a água bruta precisa de um tempo maior sob agitação
adequada para que o produto químico forme flocos de tamanho e densidade
adequada que possam ser removidos por decantação ou flotação posteriormente.
Essa é a finalidade da floculação: um processo para juntar as partículas coaguladas
ou desestabilizadas para formar massas maiores, ou seja, flocos grandes os
suficientes que possam ser removidos por processos físicos.
Essa etapa, também chamada de mistura lenta, pode ser realizada por meios
hidráulicos, mecânicos e/ou pneumáticos. Será necessária uma agitação
constante, assim como na etapa de coagulação, com a diferença que a energia
aplicada aqui será muito menor.
Para que as partículas
coaguladas se encontrem
dentro da massa de água é
necessário que estejam em
movimento, por isso a
floculação sempre dependerá
da agitação da água.
À medida em que as
partículas se chocam umas
contra as outras os flocos vão
Figura 5.1: A imagem acima mostra o aumento do diâmetro
se agregando e aumentando
das partículas presentes no meio. O coloide sozinho é de tamanho e massa. Porém,
microscópico e de difícil remoção, mas quando se une ao quando os flocos se tornam
coagulante torna-se grande, massivo e de remoção mais muito grandes o risco de se
fácil. A etapa da floculação busca unir os coloides para quebrarem e voltarem a ter
formar esses flocos.
tamanhos pequenos também
aumenta, por isso, no processo de floculação a velocidade de agitação é diminuída
gradualmente ao longo do tempo para evitar essa quebra dos flocos.
O tempo de detenção hidráulico (TDH) nessa operação costuma ser entre 30 a
40 minutos, entretanto, há locais que trabalham com tempos entre 20 e 30 minutos.
Sempre que possível deve-se realizar um estudo no local de tratamento para
verificar o melhor TDH.
A velocidade de agitação pode ser determinada através de gradientes de
velocidade. Esses gradientes envolvem diversos parâmetros como a temperatura
da água, sua viscosidade dinâmica, a vazão e, principalmente, o tipo de floculador
aplicado. Por essa razão, a determinação das velocidades é função do projetista,
cabendo ao técnico o conhecimento dessa etapa e os principais tipos de
floculadores aplicados, suas características operacionais e construtivas.

5.1. TIPOS DE FLOCULADORES


Embora exista uma série de tipos e modelos de sistemas para floculação, iremos
focar nossos estudos nos dois sistemas principais:
• Floculadores hidráulicos (ou de chicanas) – de fluxo horizontal ou de fluxo
vertical.
109

• Floculadores mecânicos.

5.1.1. Floculadores Hidráulicos


Os floculadores hidráulicos são aqueles que aproveitam a energia hidráulica do
movimento da água para realizar a floculação. A água passa por canais, tanques,
tubulações ou obstáculos que forneçam movimento suficiente para que a floculação
ocorra. Foram os primeiros tipos de dispositivos utilizados nesse tipo de operação.
Podem ser do tipo: de fluxo horizontal ou de fluxo vertical.
Segundo Richter (2009) os floculadores hidráulicos apresentam algumas
desvantagens como:
• Falta de flexibilidade para responder as mudanças na qualidade da água;
• Os parâmetros de floculação (como tempo de detenção e velocidade de
agitação) são totalmente dependentes da vazão de água, portanto, são
de difícil ajuste;
• Ocasionam grande perda de carga;
• A limpeza geralmente é difícil.
Em virtude dessas desvantagens, esses tipos de floculadores tornam-se opções
melhores somente quando o uso de sistemas mecanizados é inviável.

5.1.1.1. Floculadores Hidráulicos de Fluxo Horizontal


Nesses tipos de floculadores a água
percorre um caminho de “vai-e-vem”. A
seção final do dispositivo pode ser mais
larga para que a velocidade da água seja
menor nesse trecho, criando um
gradiente de velocidade e diminuindo o
risco de quebra dos flocos. A figura 5.2
traz uma representação de um floculador
hidráulico de fluxo horizontal.
Figura 5.2: Ilustração de um floculador de
fluxo horizontal. Fonte: arquivo pessoal.
5.1.1.2. Floculadores
Hidráulicos de Fluxo Vertical
Nesses tipos de floculadores a água percorre um caminho de “sobe-e-desce”.
Apresenta as mesmas configurações de um floculador de fluxo horizontal, com a
diferença de que suas chicanas (ou suas paredes) são dispostas de forma a fazer
com que a água se movimente de forma ascendente e descendente através de
janelas existentes em suas faces.
É comum a associação dos dois tipos de sistemas para otimizar ainda mais os
resultados, ou seja, fazer um arranjo das chicanas de forma a conduzir a água no
sentido vertical e horizontal simultaneamente. A figura 5.3 apresenta uma imagem
ilustrativa dos floculadores de fluxo vertical.
110

Figura 5.3: Ilustração de um floculador de fluxo vertical. Fonte: arquivo pessoal.

5.1.2. Floculadores Mecânicos


Os floculadores mecânicos são os mais utilizados nas ETAs. Utilizam um sistema
de paletas giratórias ou de turbinas que são acionadas por motores elétricos.
Nesse tipo de sistema utilizam-se ao menos três tanques de floculação com
velocidades decrescentes entre eles: o primeiro tanque tem uma alta velocidade de
agitação, enquanto o último tanque tem uma baixa velocidade de agitação, como
podemos ver na figura 6.4.
As diferenças existentes
dentro desse tipo de sistema
costumam ocorrer na
disposição das paletas
(horizontais ou verticais) ou
na disposição do eixo
(também horizontal ou
vertical). As figuras 5.5 e 5.6
mostram ilustrações desses
dois tipos de floculadores.
As paletas são geralmente
fabricadas em madeira, mas
há disponível no mercado
Figura 5.4: Foto de floculadores. Na imagem há duas linhas
com 3 floculadores cada. Usando como exemplo a linha 2, o paletas sintéticas feitas de
tanque mais abaixo da imagem tem uma velocidade maior, plástico. As turbinas, por sua
enquanto o tanque mais a acima tem a menor velocidade, vez, devido à velocidade de
criando então diferentes gradientes de velocidade e agitação ser maior,
garantindo uma boa floculação.
costumam ser fabricadas de
metal. Há vários tipos de modelos pás para turbinas disponíveis no mercado,
conforme mostra a figura 5.7, cabendo ao projetista a escolha pelo melhor modelo
a ser instalado.
111

Figura 5.5: Ilustração de um floculador


mecanizado de eixo vertical. Fonte:
arquivo pessoal.

Figura 5.6: Ilustração de um floculador mecanizado de eixo horizontal. Fonte: arquivo pessoal.

Figura 5.7: Exemplos de modelos de turbinas para floculadores.

5.2. FATORES CRÍTICOS DA FLOCULAÇÃO


A qualidade da floculação será influenciada diretamente pelos seguintes fatores:
- Velocidade de agitação: velocidades muito baixas não causam colisões
suficientes para formação dos flocos. Velocidades muito elevadas podem quebrar
os flocos. Deve haver um gradiente de velocidade adequado.
112

- Tempo de detenção hidráulico: tempos muito curtos não são suficientes para o
crescimento adequado dos flocos.
Embora haja literatura disponível com as condições ideais de floculação, o
técnico deve ter em mente que é sempre interessante a realização de ensaios
laboratoriais para otimizar o processo utilizando amostras e condições operacionais
mais próximas à realidade do local onde a água será tratada.
113

4. Sobre os fenômenos da floculação,


QUESTÕES SOBRE assinale as caixas a seguir como verdadeiro
(V) ou falso (F).
FLOCULAÇÃO
Afirmação V ou F
Na floculação a agitação da
( )
1. A etapa da floculação pode ser definida água nem sempre é necessária.
como: A união das partículas
coaguladas ocorre através da ( )
A) Etapa onde o coagulante é adicionado à colisão entre elas.
água para capturar os coloides. Nesse processo deve-se manter
B) Etapa onde o a água é deixada em a mesma velocidade o tempo ( )
agitação para criar flocos grandes e todo.
pesados que possam decantar pelo O ideal é que haja um gradiente
próprio peso. de velocidade ao longo do ( )
C) Etapa onde os flocos descem para o tempo.
fundo de um sistema pelo próprio peso. O TDH deve ser de, no máximo,
( )
D) Etapa onde a água passa através de um 20 minutos.
meio poroso para remover partículas Na floculação a velocidade de
muito finas. ( )
agitação é crescente.

2. A floculação também pode ser chamada 5. Quanto aos floculadores hidráulicos e


de: suas características, assinale a única
alternativa FALSA.
A) Mistura lenta.
B) Mistura rápida. A) Nesse tipo de sistema utiliza-se a
C) Sedimentação. movimentação da água para fornecer a
D) Decantação. energia necessária para a floculação.
B) Nos floculadores hidráulicos o ajuste de
parâmetros como TDH e velocidade de
3. Na imagem abaixo é representado o agitação dependem da vazão da água.
fluxograma de um processo convencional de C) Uma das vantagens desse sistema é que
tratamento de água. As caixas vazias com os praticamente não gera perda de carga.
números 1 e 2 podem ser preenchidas D) Os mais comuns são os floculadores
respectivamente com os seguintes hidráulicos de fluxo vertical e horizontal.
processos:

6. Quanto aos floculadores mecanizados e


suas características, assinale a única
alternativa FALSA.

A) Esse tipo de sistema utiliza motores


elétricos para agitar a água e realizar a
floculação.
B) Os eixos de agitação que sustentam as
paletas devem sempre estar na posição
vertical.
C) Esse tipo de sistema utiliza um conjunto
de paletas ou turbinas para movimentar
a água.
A) 1 - Decantação / 2 - Coagulação D) São necessárias, no mínimo, três
B) 1 - Coagulação / 2 - Correção de câmaras de floculação para criar um
alcalinidade gradiente de velocidades adequado.
C) 1 - Coagulação / 2 - Decantação
D) 1 - Correção de alcalinidade / 2 –
Decantação
114

7. As imagens abaixo apresentam quatro B) Velocidades de agitação muito elevadas


modelos de floculadores. Faça a (acima das recomendadas) podem
correspondência das figuras de F1 a F4 com ocasionar a quebra dos flocos já
os respectivos nomes dos modelos de M1 a formados.
M4. C) TDH demasiadamente curtos não são
suficientes para formar flocos de
F1 F2 tamanho e massa adequados para a
decantação.
D) TDH muito longos não são suficientes
para formar flocos de tamanho e massa
adequados para a decantação.
F3 F4

A figura a seguir apresenta um desenho de


uma câmara de floculação mecanizada com
altura H e base quadrada de lados 3,0 m.
Utilize essa imagem como referência para
responder as questões 9 e 10.

MA - Floculador mecanizado de eixo


vertical com paletas.
MB - Floculador hidráulico de fluxo
horizontal.
MC - Floculador mecanizado de eixo
horizontal com paletas.
MD - Floculador mecanizado de eixo
vertical e turbina.
A água que será tratada a uma vazão de
A associação correta entre figura e modelo 50 L/s deverá permanecer por 10 minutos
é: dentro dessa câmara.

A) F1-MC, F2-MB, F3-MD, F4-MA 9. Determine o volume mínimo que a câmara


B) F1-MA, F2-MC, F3-MD, F4-MB de floculação mostrada deverá possuir para
C) F1-MB, F2-MA, F3-MC, F4-MD que a água permaneça pelo tempo
D) F1-MD, F2-MB, F3-MA, F4-MC estipulado dentro do floculador.

A) 10 m³
8. A qualidade da floculação está B) 20 m³
relacionada à fatores críticos que são a C) 30 m³
velocidade de agitação e o tempo de D) 40 m³
detenção hidráulico (TDH). Assinale a única
alternativa que contém uma afirmativa 10. Com base no volume calculado na
FALSA sobre esses fatores críticos. resposta anterior, calcule a altura H mínima
do floculador e assinale a alternativa correta:
A) Velocidades de agitação muito lentas
(abaixo das recomendadas) não A) 2,50 m
fornecem energia suficiente para B) 3,33 m
aglutinar os flocos. C) 4,10 m
D) 4,50 m
115

6. DECANTAÇÃO

A decantação é um processo físico de separação das partículas sólidas em


suspensão na água. Esse processo utiliza a força gravitacional para fazer com que
as partículas se depositem no fundo de tanques e outros recipientes.
Embora decantação e sedimentação possam parecer a mesma coisa, há
interpretações distintas para esses processos dependendo dos autores que forem
utilizados como referência. Uns utilizam o verbo “sedimentar” para associar ao
material que desce para o fundo do sistema, enquanto “decantar” é associado ao
líquido que está sendo separado dessa fase sólida. Outros autores, porém, usam o
termo decantação para se referir ao processo de remoção de partículas floculentas
(que mudam sua massa e velocidade ao longo do tempo) enquanto a sedimentação
é mais adequada para denominar a separação de partículas discretas (que não
mudam sua massa ou velocidade ao longo do tempo), como mostra a figura 6.1.
De qualquer forma, em estações convencionais de tratamento de água, o
processo de decantação irá separar as partículas que foram coaguladas e
floculadas nas etapas anteriores, clarificando a água. Após essa etapa a água não
está potável, apenas transparente, porém, ainda pode haver a presença de
microrganismos patogênicos, inclusive. Após a decantação seguida da filtração a
água deve possuir uma turbidez dentro do que recomenda o anexo 2 da Portaria de
Consolidação nº 5 – Anexo XX.

Figura 6.1: Sedimentação de partículas discretas e floculentas. As partículas discretas não


mudam sua massa ao longo do percurso, portanto, sua trajetória descendente tem velocidade
praticamente constante, diferente das partículas floculentas que vão ganhando massa e
velocidade. Fonte: arquivo pessoal.

A decantação ocorre nos dispositivos denominados de decantadores, que são


grandes tanques onde a água passa lentamente ao longo de sua extensão no
sentido horizontal ou vertical. Nesses tanques a velocidade de escoamento da água
deve ser muito lenta, a fim de não arrastar as partículas junto da água clarificada.
116

O fundo desses tanques é inclinado e há uma canaleta central (ou mais de uma)
onde o material sedimentado se deposita e é removido. A partir desse momento
esse material sedimentado passa a ser chamado de lodo. A remoção do lodo ocorre
de forma hidráulica ou mecânica. Os flocos que eventualmente conseguirem sair
do decantador serão removidos posteriormente na filtração.

6.1. DIMENSIONAMENTO
Embora o tempo de detenção hidráulico (TDH) seja muito importante nesses
dispositivos, assim como a velocidade de escoamento, os dispositivos são
dimensionados em razão da taxa de escoamento superficial.
Essa taxa nos diz qual deve ser a vazão máxima e diária capaz de ser aplicada a
esses dispositivos em razão da sua área superficial. Por isso sua unidade é
o m³/m² * dia. A partir desse valor o projetista irá dimensionar os outros parâmetros
necessários como a relação comprimento/largura e profundidade, ajustando o
sistema para as melhores velocidades de escoamento e TDH possíveis. A tabela
6.1 mostra valores usuais das taxas de escoamento superficial em razão das
características empregadas nos decantadores.

Tabela 6.1: Valores usuais de taxa de escoamento superficial para decantadores.


Taxa de Velocidade
Tempo de
escoamento longitudinal
Características da instalação detenção
superficial máxima
(horas)
(m³/m² * dia) (cm/s)
Instalações pequenas, controle operacional
20 – 30 0,4 – 0,6 3–4
precário
Instalações projetadas com nova tecnologia,
30 – 40 0,6 – 0,8 2,5 – 3,5
controle operacional razoável
Instalações projetadas com nova tecnologia,
35 – 45 0,7 – 0,9 2–3
controle operacional bom
Grandes instalações, uso de auxiliares de
40 – 60 0,6 – 1,25 1,5 – 2,5
coagulação e controle operacional excelente

Utilizando a última linha como exemplo, para cada metro quadrado de área
superficial do decantador, poderão ser tratados de 40 a 60 m³ de água por dia. A
partir desses valores o projetista dimensiona a unidade conforme os outros
parâmetros necessários como TDH e velocidade de escoamento.

Exemplo 6.1) Calcule uma estimativa da área superficial para um decantador que
irá tratar uma vazão de 100 L/s. Considere que a taxa de escoamento superficial
a ser aplicada é de 40 m³/m² * dia.
Em seguida, determine as dimensões de comprimento e largura, considerando
que o decantador terá uma razão de comprimento : largura igual a 2 : 1.

Para uma vazão instantânea de 100 L/s teremos uma vazão diária equivalente de
8.640 m³/dia.

Aplicando uma taxa de escoamento superficial de 40 m³/m² * dia, a área


superficial necessária para um decantador será de:
117

𝑣𝑎𝑧ã𝑜 𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑎 8.640


Á𝑟𝑒𝑎 = = = 𝟐𝟏𝟔 𝒎²
𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑐𝑜𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 40

Se o decantador terá uma razão de comprimento : largura de 2 : 1, podemos


descrever uma função para determinar esses valores.

A área do retângulo formado pela superfície do decantador é igual a 216 m² e


corresponde ao produto da multiplicação de um lado pelo outro, portanto:

𝑥 ∗ 2𝑥 = 216

2𝑥 2 = 216

216
𝑥2 =
2

𝑥 = √108 = 𝟏𝟎, 𝟒 𝒎

Portanto, o decantador terá uma área superficial de 216 m² e seus lados terão
10,4 m por 20,8 m. Com base nesses valores seria possível determinar a
profundidade do decantador em função das velocidades longitudinais desejadas
através da equação da continuidade.

6.2. ZONAS DE UM DECANTADOR


Em um decantador haverá quatro zonas distintas, conforme podemos verificar
na figura 6.2.
1) Zona de turbilhonamento: região situada na entrada da água dentro do
dispositivo. Nessa região admite-se uma certa agitação da água devido à passagem
dela pela cortina de distribuição na entrada. Nessa região deve-se cuidar para que
a velocidade e a agitação não sejam grandes ao ponto de quebrar os flocos
formados na etapa anterior.
2) Zona de decantação: nessa região não há agitação e a velocidade da água é
muito baixa. As partículas avançam lentamente à frente e ao fundo do dispositivo.
3) Zona de repouso: nessa região os flocos se depositam e ficam ali
armazenados até o momento em que serão retirados do sistema. Deve-se cuidar
para que não existam fluxos de água que causem turbulência nessa zona, ou haverá
um revolvimento dos flocos depositados e aumento da turbidez na água novamente.
4) Zona de ascensão: os flocos que não alcançaram a zona de repouso e chegam
até essa zona de ascensão ganham velocidade junto à massa de água e podem sair
do sistema junto da água clarificada.
118

Figura 6.2: Zonas de um decantador horizontal. Fonte: arquivo pessoal.

6.3. TIPOS DE DECANTADORES


Há muitos tipos possíveis de decantadores. Podem ser classificados conforme o
sentido de escoamento: de fluxo horizontal e de fluxo vertical. Também podem ser
classificados em função do princípio de funcionamento: clássicos (convencionais)
ou de alta taxa (também chamados de tubulares ou de placas). Há, também,
sistemas que realizam em um mesmo tanque tanto a floculação quanto a
decantação, unificando os dispositivos.
Ainda hoje diversos pesquisadores da área buscam otimizar ainda mais esses
dispositivos criando novas tecnologias, associação de decantadores, equações
mais precisas do escoamento, etc.

6.3.1. Decantadores de Fluxo Horizontal


São os modelos mais
simples. Possuem um
grande comprimento,
suficiente para que haja
tempo para que as partículas
sedimentem. No final desses
dispositivos há um vertedor
na parte superior do tanque
por onde sai a água
clarificada. Esse tipo de
decantador é muito aplicado
por possuir alta eficiência e
Figura 6.3: Concepção de um decantador retangular de fluxo baixa sensibilidade a
horizontal. Fonte: arquivo pessoal. condições de sobrecarga. A
figuras 6.3 mostra concepções de decantadores retangulares de fluxo horizontal.
Há, também, a possibilidade de instalação de decantadores de fluxo vertical com
seções circulares, como mostra a figura 6.4.
119

Figura 6.4: Comparativo entre decantadores de seção retangular e circular. Fonte: Carlos
Mello – UFOP.

6.3.2. Decantadores de Fluxo Vertical


Têm a vantagem de ocupar um espaço menor e também possuem menor tempo
de detenção hidráulico. Em compensação, necessitam obrigatoriamente de
módulos tubulares. A água possui um sentido de escoamento ascendente. As
figuras 6.5 e 6.6 trazem representações desses modelos.

Figura 6.5: Concepção de um decantador de fluxo vertical. Fonte: Giovanna Ortiz.


120

Figura 6.6: Esquema de decantador vertical de canais sobrepostos. Fonte: arquivo pessoal.

6.3.3. Decantadores Tubulares


Os decantadores do tipo tubulares, também chamados de decantadores de fluxo
laminar ou lamelar, utilizam placas paralelas que permitiram diminuir a área
superficial desses tanques, o
TDH e melhorar a eficiência de
remoção dos flocos.
O princípio básico dos
módulos tubulares consiste em
aumentar consideravelmente a
taxa de escoamento superficial,
já que correspondem à
centenas de superfícies
inclinadas e paralelas umas às
outras. Com isso os flocos têm
uma área muito maior para se
Figura 6.7: O floco sobe por entre as placas paralelas de
depositarem. A instalação em um módulo tubular. Ao tocar a superfície do módulo (1)
ângulo tem duas finalidades: a o floco perde sua energia cinética e deposita-se sobre a
primeira é justamente para placa. Devido à inclinação da superfície o floco logo
servir de obstáculo para os começa a descer para o fundo (2) realizando a
flocos e realizar sua captura e a autolimpeza do módulo. Fonte: arquivo pessoal.
segunda finalidade é permitir a autolimpeza do sistema, como representado na
figura 6.7.
Os módulos tubulares podem ser fabricados em plásticos como PEAD, PVC, ABS
e PET, além de madeira e cimento. Em diversas ETAs antigas a instalação dos
módulos adaptados aos decantadores convencionais proporcionou um aumento de
rendimento a ponto de evitar a necessidade de construção de novos decantadores
121

para suprir o aumento da demanda. As figuras 6.8 e 6.9 mostram exemplos de


módulos tubulares.

Figura 6.8: Exemplos de módulos tubulares. Fonte: Carlos Mello – UFOP.

Figura 6.9: Fotos de módulos tubulares instalados em decantadores. Fonte: Carlos Mello –
UFOP.
122

6.4. ENTRADA E SAÍDA DE ÁGUA NOS DECANTADORES


A entrada de água em decantadores de fluxo horizontal ocorre através de uma
cortina de distribuição.
Essa cortina tem como função distribuir a água contendo os flocos de forma
igualitária ao longo da seção do decantador, evitando curtos-circuitos e bancos de
lodo próximos à entrada.
A saída da água clarificada ocorre
através de vertedores, sendo o mais
comum o vertedor triangular disposto
ao longo de calhas na superfície dos
dispositivos. Há também tubos
perfurados na lâmina da água, assim
como o uso de vertedores de parede
espessa.
Figura 6.10: Cortina de distribuição na entrada Tanto a cortina de distribuição
de um decantador. Fonte: SAAE Mantena/MG. quanto os coletores da água decantada
são dimensionados e instalados de
forma que a água adquira um fluxo laminar. Nessa condição o líquido permanece
tempo suficiente dentro do decantador com a velocidade adequada para que
permita a sedimentação dos flocos e evite seu arraste para fora do tanque. As
figuras 6.10 a 6.13 mostram os dispositivos de entrada e saída da água nos
decantadores.

Figura 6.11: No caso de decantadores de fluxo Figura 6.12: Vertedores triangulares em


vertical com canais sobrepostos, a entrada da sistema de calha de coleta e ao fundo os
água é feita por orifícios laterais em uma módulos tubulares. Fonte: Carlos Mello –
canaleta central. Fonte: Carlos Mello – UFOP. UFOP.

Figura 6.13: Vertedores triangulares


instalados em uma calha coletora. Fonte:
Giovanna Ortiz.
123

6.5. REMOÇÃO DE LODO DOS DECANTADORES


A remoção do lodo dos decantadores ocorre com bastante frequência, pois é
uma etapa fundamental para o bom funcionamento desse sistema. Em alguns
decantadores a remoção é contínua, enquanto em outros sistemas ela ocorre em
intervalos.
A remoção pode ser feita por via hidráulica (utilizando fluxos de descarga de
água) ou mecânica (com o auxílio de raspadores). Os decantadores são projetados
com sistemas de remoção do lodo depositado. Em decantadores de limpeza
hidráulica o fundo é construído de forma inclinada propositalmente para concentrar
a massa de lodo em um único ponto, onde haverá uma passagem de água que
funcionará como uma descarga hidráulica. No caso de remoção contínua de lodo
há uma válvula de fundo com uma abertura mínima que possibilita a saída constante
de água com o lodo, carregando essa sujidade pra fora do sistema, como mostra a
figura 6.14.
Em decantadores de limpeza mecanizada há um sistema de raspagem de fundo
com lâminas de metal ou de borracha que lentamente “varrem” o lodo até uma
válvula de descarga, como podemos ver na figura 6.15.
De tempos em tempos é necessária uma limpeza mais profunda no sistema.
Então paralisa-se a operação do decantador, esvazia-o completamente e
funcionários lavam todas as suas superfícies, incluindo as paredes laterais, fundos
e módulos tubulares se houver.

Figura 6.14: Detalhes das inclinações existentes no fundo dos decantadores para remoção
hidráulica do lodo. Fonte: Carlos Mello – UFOP.

Figura 6.15: Sistema mecanizado de


raspagem de fundo de decantadores.
Fonte: Giovanna Ortiz.
124

Em decantadores de ETA o lodo possui basicamente material orgânico dos rios


e uma mistura dos produtos químicos utilizados no tratamento da água. Em alguns
casos pode haver também a presença de microrganismos patogênicos como cistos
de Giardia e oocistos de Cryptosporidium, o que requer precauções na disposição
ou utilização do lodo.
Após sua remoção o lodo deve ser desaguado. O resíduo então contendo o
mínimo teor de umidade possível é levado a um aterro sanitário. Existem opções de
secagem utilizando pátios e atualmente também é comum o uso de bags.
Há estudos buscando utilizar o lodo como insumo de materiais de construção
como telhas e tijolos, e também sua aplicação como material de cobertura em
aterros sanitários ou corretores de problemas no solo.

Figura 6.16: Pátio de secagem de loto Figura 6.17: Bag para desaguar o lodo de ETA. Fonte:
de ETA. Fonte: blog Qualidade Online. site Portal Tratamento de Água.

Figura 6.18: Lodo desaguado dentro de uma bag. Fonte: site


Minuto Nordeste.

Figura 6.19: Lodo de ETA para ser utilizado na fabricação de


tijolos. Fonte: site Tem Sustentável.

Figura 6.20: Tijolo produzido utilizando lodo de ETA. Fonte:


site Tem Sustentável.
125

QUESTÕES SOBRE
DECANTAÇÃO

1. Em uma estação de tratamento de água


qual a finalidade do processo unitário
denominado decantação?

A) Misturar os produtos químicos à água. A) A partícula A é uma partícula floculenta,


B) Formar flocos grandes e pesados que pois sua velocidade se altera ao longo
sedimentem pelo próprio peso. do tempo.
C) Realizar a remoção dos flocos B) A partícula A é uma partícula discreta,
originados em outras etapas clarificando pois sua velocidade se altera ao longo
a água. do tempo.
D) Realizar a correção do pH e da C) A partícula B é uma partícula discreta,
alcalinidade da água. pois sua velocidade se altera ao longo
do tempo.
D) A partícula B é uma partícula floculenta,
2. Na imagem a seguir há um fluxograma de pois sua velocidade se altera ao longo
um processo convencional de tratamento de do tempo.
água. Os campos em brancos preenchidos
com os números 1 e 2 podem ser descritos
respectivamente como: 4. Sobre as características dos
decantadores assinale a única alternativa
FALSA:

A) Seu dimensionamento é feito com base


na taxa de escoamento superficial.
B) Após esse processo a água está livre de
organismos patogênicos.
C) Podem ser classificados conforme o
fluxo de água em horizontal ou vertical.
D) É um processo físico.

Texto para as questões 5 e 6: Será


construído um decantador de fluxo horizontal
para tratar uma vazão de 250 L/s. Esse
A) Floculação e fluoretação.
decantador será dimensionado com base em
B) Filtração e correção do pH.
uma taxa de escoamento superficial igual a
C) Floculação e filtração.
60 m³/m² * dia e razão comprimento : largura
D) Floculação e sedimentação.
de 2,5 : 1, conforme mostra a imagem a
seguir.
3. Observe o gráfico abaixo. Ele apresenta o
movimento descendente de duas partículas,
A e B. Observando as trajetórias assinale a
alternativa que classifica as partículas A e B
corretamente.

5. Calcule a área superficial do decantador


para essas condições e assinale a alternativa
correta:

A) 240 m²
126

B) 300 m² 9. Assinale abaixo a única frase correta


C) 360 m² sobre as zonas existentes dentro de um
D) 420 m² decantador:

A) A zona de turbilhonamento é a região


6. Calcule o comprimento e a largura onde os flocos se depositam. Nessa
necessários para esse modelo de região admite-se certa movimentação
decantador e assinale a alternativa correta: da água.
B) A zona de decantação é a região onde
A) Largura = 10 m, comprimento = 25 m. praticamente não há velocidade de
B) Largura = 12 m, comprimento = 24 m. escoamento. Os flocos avançam
C) Largura = 12 m, comprimento = 30 m. lentamente para frente e para o fundo.
D) Largura = 15 m, comprimento = 37,5 m. C) A zona de repouso é a região onde os
flocos podem ganhar velocidade e
serem arrastados juntos com a água
7. O que são os decantadores do tipo clarificada.
tubulares? D) A zona de ascensão é a região onde
praticamente não há velocidade de
A) Decantadores que utilizam placas ou escoamento. Os flocos se depositam
sistemas tubulares para aumentar a nessa zona.
eficiência do sistema.
B) Decantadores com formatos circulares,
como tubulações, onde a água passa 10. Os decantadores de fluxo vertical
sob pressão. possuem a vantagem de ocuparem menores
C) Decantadores exclusivamente de fluxo áreas superficiais. Contudo, um item deve
vertical e circulares. ser obrigatório em sua concepção. Esse item
D) Decantadores exclusivamente de fluxo é:
horizontal e circulares.
A) O fluxo da água deve ser sempre de
cima para baixo.
8. Na imagem abaixo, relacione os números B) Os decantadores devem ser sempre
mostrados com as descrições dos circulares.
dispositivos. C) Uma razão comprimento : largura de
1 : 1.
D) A instalação de módulos tubulares.

11. Os módulos tubulares permitiram que


estações de tratamento antigas pudessem
aumentar a capacidade de tratamento sem
precisar construir novos decantadores. Isso
só é possível, pois os módulos tubulares:

A) Aumentam consideravelmente a taxa de


escoamento superficial dos
I - Saída de água clarificada decantadores.
II - Sistema tubular ou placas paralelas B) Filtram as impurezas da água.
III - Entrada de água floculada C) Eliminam a velocidade de escoamento da
IV - Saída de lodo água, permitindo a decantação dos
flocos.
A associação correta entre os números da D) Impedem a geração do lodo em excesso
imagem e as descrições é: nos decantadores.

A) 1 – IV / 2 – III / 3 – II / 4 – I.
B) 1 – II / 2 – IV / 3 – I / 4 – III. 12. Sobre o lodo gerado dentro dos
C) 1 – I / 2 – II / 3 – IV / 4 – III. decantadores, assinale a alternativa FALSA:
D) 1 – III / 2 – IV / 3 – II / 4 – I.
127

A) A remoção pode ser mecanizada ou A) 3,50 toneladas/dia.


hidráulica. B) 4,32 toneladas/dia.
B) A remoção pode ser contínua ou em C) 5,80 toneladas/dia.
ciclos. D) 6,35 toneladas/dia.
C) O lodo deve ser desaguado após sua
remoção.
D) O lodo pode ser devolvido diretamente 14. Após o processo de secagem a massa
ao manancial. de lodo é reduzida em 40% e sua densidade
aumenta para 2,05 toneladas/m³. Nessas
condições, calcule o volume de lodo gerado
Texto para as questões 13 e 14: Uma ETA diariamente após o processo de secagem.
trata uma vazão de 500 L/s de água bruta
durante 24 horas por dia. A geração de lodo A) 1,26 m³/dia.
é estimada em 0,1 grama por litro de água B) 2,05 m³/dia.
processada. Calcule o que se pede: C) 3,32 m³/dia.
D) 4,55 m³/dia.
13. A massa de lodo em toneladas gerada
diariamente na ETA:
128

7. FILTRAÇÃO

A filtração é um processo físico-químico e, em alguns casos, biológico (filtros


lentos) para a separação de impurezas em suspensão na água, mediante a sua
passagem por um meio poroso.
A filtração é, provavelmente, o processo unitário mais importante na cadeia de
processos de tratamento da água. Em alguns casos, inclusive, pode ser o único
processo necessário. Em outros, no entanto, é necessária a
coagulação/floculação/decantação prévia. É nessa etapa que a água deve alcançar
o máximo de remoção de turbidez e microrganismos patogênicos. Os
microrganismos que não forem retirados nesse processo serão, então, desinfetados
na próxima etapa.
A Portaria de Consolidação nº 5 – Anexo XX possui diversas diretrizes para os
processos de filtração a fim de garantir a qualidade da água potável. Podemos citar,
por exemplo, o anexo 2 que trata dos níveis mínimos de turbidez que devem ser
alcançados após os processos de filtração. O monitoramento de organismos
patogênicos também pode estar relacionado com os processos filtrantes como, por
exemplo, através da verificação de esporos de bactérias aeróbias após a filtração.
Após passar por esse processo a água não terá mais contato com pessoas ou
luz solar, passando a então correr dentro de canais, tubulações e reservatórios,
mas sem o contato externo.
Foi um dos primeiros processos para tratamento da água. Morris (2010) relata
que a primeira instalação de filtração de água que se tem notícia foi construída na
Escócia em 1804. Em 1852 a filtração tornou-se obrigatória na Inglaterra para
águas retiradas de rios. Relata, também, que em 1892 na Alemanha houve um surto
de cólera. Duas cidades parecidas tiveram resultados totalmente opostos: a cidade
de Altona que filtrava a água registrou poucas mortes em razão da doença,
enquanto a cidade de Hamburgo que não dispunha desse sistema registrou 8 mil
mortes por cólera. Por incrível que pareça, essas cidades ficavam relativamente
próximas e eram bem parecidas.

7.1. CLASSIFICAÇÃO DOS FILTROS


Basicamente, os filtros podem ser classificados segundo o tipo de filtração, o tipo
de tratamento, o sentido de escoamento, o tipo de meio filtrante e o controle
hidráulico.

7.1.1. Tipo de Filtração


O tipo de filtração define se o meio filtrante será composto por grãos livres ou
membranas.
a) Filtração em meio granular: a água passa por grãos (como areia, antracito e
pedregulhos).
• Rápida: aplicam-se taxas elevadas de filtração (120 a 480 m³/m² * dia).
Pode-se aplicar em sistemas pressurizados.
• Lenta: aplicam-se taxas muito baixas de filtração (1 a 7,5 m³/m² * dia), a
água pode demorar até 2 horas para transpassar o meio filtrante.
129

b) Filtração por membranas: utiliza membranas com poros extremamente


pequenos ou com diferentes meios iônicos.
- Osmose reversa, nanofiltração, ultrafiltração, microfiltração.

Figura 7.1: Representação dos


meios filtrantes do tipo granular
e em membrana. Fonte: arquivo
pessoal.

Figura 7.2: Subdivisões do processo de filtração em membrana. Fonte: arquivo pessoal.

7.1.2. Tipo de Tratamento


O tipo de tratamento define quais etapas devem ocorrer antes do processo de
filtração. Dependendo do tipo de tratamento utilizado os filtros podem ter tamanhos
maiores ou menores, fluxo ascendente ou descendente, serem mais robustos ou
mais sensíveis, etc. A figura 7.3 mostra um fluxograma dos processos.
a) Filtração convencional: é precedida dos processos de coagulação, floculação
e decantação.
130

b) Filtração direta: após a coagulação e floculação a água é enviada diretamente


para o filtro que pode operar em fluxo ascendente ou descendente,
dispensando o uso de decantadores.
c) Filtração em linha: dispensa a floculação e decantação. Após a adição do
coagulante a água já é enviada diretamente para os filtros.

Figura 7.3: Fluxograma dos processos de filtração convencional, direta e em linha. Fonte:
arquivo pessoal.

7.1.3. Tipo de Escoamento


Os filtros que operam abertos, isso é, com pressão atmosférica normal, são
classificados como de fluxo ascendente ou descendente. Já filtros que operam com
pressões maiores que a pressão atmosférica podem ter seus fluxos direcionados
para qualquer sentido.

Figura 7.4: Representação dos sentidos de


fluxo da água em filtros. Fonte: arquivo
pessoal.
131

7.1.4. Quantidade de Meios Filtrantes


Nesse quesito os filtros podem ser classificados como de camada simples, dupla
ou tripla. Cabe mencionar aqui que nos filtros com mais de uma camada os meios
filtrantes mais densos ficam por baixo e os menos densos por cima. A figura 7.5
apresenta uma ilustração da classificação.

Figura 7.5: Representação das classificações dos filtros em razão da quantidade de meios
filtrantes. Fonte: arquivo pessoal.

7.1.5. Modelo de Operação dos Filtros


Os filtros também possuem classificação de acordo com o tipo de operação
empregado. Alguns operam simultaneamente nas mesmas condições, enquanto
outros operam cada um em uma condição específica. Para continuarmos nossos
estudos você precisa compreender dois termos utilizados aqui: a “taxa de filtração”
e a “carga de filtração”. A figura
7.6 mostra como é
representada a carga de
filtração.
A taxa de filtração
corresponde ao volume de
água por unidade de área que
cada filtro conseguirá tratar
diariamente. Filtros de camada
simples têm uma taxa de
filtração de aproximadamente
180 m³/m² * dia, enquanto os
filtros de camada dupla Figura 7.6: Representação da carga de filtração em
possuem o dobro de taxa, unidades filtrantes. Fonte: arquivo pessoal.
cerca de 360 m³/m² * dia.
132

Já a carga de filtração é definida como a diferença entre o nível de água dentro


do filtro e o nível de água no vertedor de saída.
a) Filtros de carga e de taxa constantes: Consiste em um sistema mais antigo e
que vem caindo em desuso. Nesse tipo de modelo a água que vem do
processo de filtração é distribuída para todos os filtros simultaneamente. Em
cada unidade filtrante há um medidor de vazão do tipo Venturi que está
conectado a uma válvula de entrada. Quando o sistema percebe que a vazão
de saída do filtro está diminuindo, a válvula de entrada abre-se mais para
permitir uma maior entrada de água. Se a vazão na saída do filtro aumentar,
essa mesma válvula de entrada fecha-se o suficiente para manter novamente
a vazão e a carga praticamente constantes.
b) Filtros de taxa constante e carga variável: Após a decantação a água é
enviada a um canal que distribui a vazão igualmente a todas as unidades
filtrantes. A entrada dessas unidades não fica afogada, portanto, todos os
filtros irão sempre receber a mesma vazão o tempo todo, mantendo a taxa
de filtração constante. Porém, com o passar do tempo os filtros vão
colmatando (entupindo) e o nível de água em cada um deles vai aumentando
de forma independente, ou seja, a carga é variável.
c) Filtros de taxa declinante e carga variável: Após a decantação a água é
encaminhada para um canal que conecta todos os filtros, mas a comporta de
acesso aos filtros trabalha afogada. Na saída de cada filtro há um vertedor
alinhado com todos os outros filtros. Dessa forma, cada unidade filtrante está
ligada à outra por vaso comunicante. À medida em que um dos filtros vai se
colmatando a água vai sendo distribuída para as outras unidades. Quando
atinge uma perda de carga muito grande, essa unidade de filtração tem seu
fluxo de água invertido (lavagem contracorrente ou retrolavagem) e a vazão
de água dos outros filtros operantes faz com que ocorra a lavagem do filtro
colmatado. Essa é a forma mais aplicada atualmente em estações de
tratamento. Veremos mais à frente como é realizado o processo de
retrolavagem.

7.2. MECANISMOS DE FILTRAÇÃO


Diferente do que a maioria das pessoas pensam, a filtração não é apenas um
processo onde a água é coada simplesmente (como um filtro de café). Na filtração
atuam diferentes mecanismos de aprisionamento e retenção das partículas pode
ocorrer por interceptação, difusão, inércia, sedimentação e retenção
hidrodinâmica. Esses mecanismos permitem a remoção de partículas menores até
mesmo que os poros entre os grãos do material filtrante.
1 – Retenção: esse é, de fato, o mecanismo que simula a coagem, ou seja, as
partículas são retidas no meio pelo fato de terem tamanhos maiores que os poros,
em geral com tamanhos maiores que 500 µm.
2 – Sedimentação: os grãos do meio filtrante possuem grande área superficial na
qual as partículas podem entrar em contato por sedimentação se a velocidade de
passagem assim permitir. Consegue remover partículas com tamanhos maiores que
30 µm em média.
3 – Interceptação: ocorre quando partículas deslocando-se em linhas de corrente
diferentes se encontram ou entram em contato com os grãos devido a um
133

estreitamento forçado de fluxo, removendo partículas com tamanhos maiores do


que 20 µm.
4 – Impacto inercial: ocorre quando uma partícula se deslocando em uma linha
de corrente adquire uma trajetória diferente quando a linha faz uma mudança de
direção, colide-se com o meio filtrante e perde sua velocidade inercial. Serve
também para partículas maiores, com tamanhos superiores as 30 µm também.
5 – Difusão: partículas pequenas (1 a 2 µm) movimentam-se de áreas de maior
concentração de partículas para outras de menor concentração. Separa e aprisiona
partículas e microrganismos muito pequenos, com tamanhos médios entre 1 a 2
µm.

Figura 7.7: Na imagem vemos os mecanismos de filtração atuando. (1) retenção: a partícula
fica, de fato, aprisionada por ter um tamanho maior que o poro. (2) sedimentação: a partícula se
deposita sobre a superfície do grão e ali permanece. (3) interceptação: a partícula entra em
contato com o grão, perdendo sua velocidade e se depositando dentro do poro. (4) impacto
inercial: a partícula se choca contra o grão por não conseguir acompanhar o escoamento da
água. (5) difusão: partículas muito pequenas fluem de uma região mais concentrada para outra
menor concentração e ali se aprisionam. Fonte: arquivo pessoal.

7.3. GEOMETRIA DOS FILTROS RÁPIDOS


Os filtros podem ter geometrias diversas. Nessa etapa abordaremos
principalmente a geometria dos filtros rápidos, pois são os mais utilizados em
estações de tratamento de água. Mesmo em relação aos filtros rápidos a geometria
pode variar, porém, a grosso modo, todos os elementos abordados aqui estarão
presentes com alterações em relação à localização e tamanho dentro das unidades.
134

Nos filtros rápidos a entrada da água bruta oriunda dos decantadores é feita por
um canal ou um tubo na superfície que pode operar livre ou afogado.
Abaixo da entrada há uma ou mais calhas que têm a finalidade de recolher a
água da retrolavagem. Essa mesma calha pode também servir para entrada da
água bruta. Logo abaixo da calha coletora podem haver canaletas de aspersão de
água para lavagem superficial.
Em seguida temos, então, o meio filtrante: carvão antracito, areia e pedregulhos,
podendo variar de acordo com o projeto da estação. Todo esse meio filtrante é
sustentado por um fundo que, inclusive, pode ter várias conformações como
veremos a diante.
No final do filtro há um fundo falso que coleta a água filtrada e também serve
como distribuidor de água para a retrolavagem e para a injeção de ar comprimido
(se existir). Esse fundo falso estará conectado a um vertedor exclusivo para cada
unidade filtrante, ou estará interligado a um canal que coleta a água de todas as
unidades simultaneamente. Podemos ver todos esses mecanismos na figura 7.8.

Figura 7.8: Elementos constituintes de uma unidade de filtração. Fonte: site Petranova
Saneamento e Construções.

7.4. MEIO FILTRANTE


Antigamente utilizava-se apenas a areia como meio filtrante nos chamados
“filtros de camada única”. Hoje é mais comum o emprego de duas ou mais camadas
filtrantes de diferentes materiais, sempre buscando melhorar a eficiência dos filtros,
remover partículas mais finas e melhorar as propriedades da água de
abastecimento.
Nos filtros de duas camadas utilizam-se a areia e o antracito (variedade do carvão
mineral mais compacto e duro). O carvão antracito, por exemplo, tem como
finalidade não somente a retenção de partículas, mas utiliza-se da sua propriedade
de adsorção para remover gosto e odor da água, características que os outros
meios filtrantes não possuem.
135

Em filtros de três camadas, além da areia e do antracito, emprega-se uma


camada de fundo de areia de granada ou ilmenita (mineral de magnetismo fraco
composto de ferro e titânio).
As principais densidades desses meios filtrantes estão agrupadas e descritas a
seguir:
• Areia: 2.550 a 2.650 kg/m³ - forma arredondada ou angular;
• Antracito: 1.300 a 1.800 kg/m³ - forma angular;
• Areia de granada: 3.100 a 4.300 kg/m³;
• Ilmenita: 4.500 a 4.800 kg/m³;
• Pedregulho (seixo rolante): 2.650 kg/m³ - forma arredondada.

7.4.1. Parâmetros dos Meios Filtrantes


As diferenças entre os parâmetros dos meios filtrantes influem diretamente no
bom desempenho dos filtros. Basicamente, os principais parâmetros levados em
consideração no momento de escolha dos meios filtrantes são:
Composição química: o projetista escolhe entre materiais inertes ou materiais
com propriedades como a adsorção ou absorção de partículas.
Tamanho efetivo dos grãos: um material filtrante, por mais que pareça uniforme
a olho nu, possui partículas de tamanhos variados. São necessários ensaios
laboratoriais para que se determine de fato o tamanho efetivo dos grãos e sua
uniformidade. Usualmente denomina-se o tamanho efetivo dos grãos como d10, ou
seja, o diâmetro médio onde se encontra 10% da massa total do material granular.
Esse parâmetro é essencial, pois irá predizer a porosidade do meio, ou seja, o
tamanho dos espaços livres entre os grãos que filtrará os sólidos da água.
Densidade: parâmetro fundamental para projetar o sistema de retrolavagem dos
filtros, pois interfere diretamente na fluidização do meio durante esse processo. Se
os materiais possuem densidades muito próximas, ao término do processo de
retrolavagem os meios filtrantes irão se misturar e isso prejudicará a eficiência do
filtro. Se a densidade dos materiais for muito pequena, boa parte deles será
arrastada junto com a água de limpeza, o que também não é interessante.
Esfericidade e porosidade: a forma e a porosidade do meio filtrante são de grande
interesse para o dimensionamento do filtro e cálculo da perda de carga. Uma
grande porosidade implica em uma maior capacidade de acumulação de sólidos,
mas exige uma taxa de lavagem mais elevada. Quanto menos esférica for uma
partícula, mais poroso o meio se torna.

7.4.2. Altura dos Meios Filtrantes


A altura dos meios filtrantes ainda é objeto de estudo de diversos autores. Hoje
em dia aplica-se valores em torno de:
• Antracito (1ª camada): 0,40 a 0,55 m;
• Areia (2ª camada): 0,20 a 0,25 m;
• Areia de granada (3ª camada): 0,10 a 0,15 m;
• Ilmenita (3ª camada): 0,10 a 0,15 m;
• Pedregulho: (3ª camada/camada suporte): 0,45 a 0,55 m.
136

7.4.3. Sustentação dos Meios Filtrantes


O meio filtrante será sustentado por uma camada suporte de pedregulhos de
diâmetros variáveis e altura entre 0,45 m e 0,55 m. Todo esse conjunto de meio
filtrante e camada suporte, por sua vez, será sustentada por um fundo que, além da
função de sustentação, também terá a função de coletar a água filtrada e distribuir
uniformemente a água para retrolavagem.
O fundo pode ser construído com:
Tubulações perfuradas: onde há um conduto principal do qual partem
tubulações secundárias providas de orifícios.
Fundo falso com bocais: os bocais são instalados em perfurações feitas no fundo
e melhoram o processo de retrolavagem.
Fundo falso com viga em V invertido (californiana): são vigotas em formato de V
que são instaladas de forma invertida e atravessadas por segmentos de tubos
plásticos.
Fundo Wheeler: peças de concreto armado dotadas de depressão em forma de
tronco de pirâmide nas quais são colocadas esferas de porcelana para reter o
material da camada suporte.
Fundo Leopold: blocos de cerâmica ou de polietileno com dois canais
sobrepostos. O canal inferir serve para alimentar água de lavagem e/ou transporte
de água filtrada, e o canal superior serve para distribuição de água de lavagem e/ou
coleta de água filtrada.
As figuras de 7.9 a 7.13 mostram representações dos tipos de sustentação
apresentados.

Figura 7.9: Sistema com drenos de fundo e tubulações perfuradas. Fonte: arquivo pessoal.
137

Figura 7.10: Fundo falso com


bocais. Fonte: arquivo pessoal.

Figura 7.11: Fundo falso com


vigas em V invertidas. Fonte:
arquivo pessoal.

Figura 7.12: Fundo Wheeler com esferas de porcelana. Fonte: arquivo pessoal.
138

Figura 7.13: Fundo do tipo


Leopold com canais
sobrepostos. Fonte: arquivo
pessoal.

7.5. LAVAGEM DOS FILTROS RÁPIDOS


Um filtro deverá ser retirado de operação e lavado sempre que ocorrer as
seguintes situações:
• Atingir o limite de turbidez na água tratada (geralmente em torno de 1 uT);
• Apresentar elevada perda de carga (geralmente superior a 2,5 m);
• Redução na remoção de microrganismos;
• Limite máximo de tempo (geralmente entre 1 a 4 dias).

A maior parte dos problemas que ocorrem com os filtros está relacionada com a
manutenção do leito filtrante.
Segundo Richter (2009) pode-se dizer que um filtro é tão bom quanto o é a sua
lavagem. Se a lavagem não for adequada permanece aderida aos grãos uma
película de flocos ou de impurezas. Essa película ocasiona um aumento na perda
de carga do sistema, comprimindo ainda mais os grãos e ocasionando fendas e
gretas no meio filtrante.
Nos filtros rápidos a limpeza é realizada por uma lavagem superficial seguida de
retrolavagem. Geralmente esses procedimentos não demoram mais do que 10
minutos.
Primeiramente fecha-se a entrada de água bruta, abre-se a saída de água de
lavagem e inicia-se a limpeza superficial (se houver). A lavagem superficial é
realizada por um sistema de aspersão de água em alta pressão. Esse sistema
“varre” a superfície do filtro durante 2 a 3 minutos.
Em sequência inicia-se o fluxo contracorrente de água ou ar + água. Por princípio
de vasos comunicantes, a água que vem das outras unidades filtrantes entra por
baixo da unidade que está sendo lavada, criando um fluxo em contracorrente. O
fluxo contracorrente fluidiza o meio filtrante, pois o vertedor de saída dos filtros está
numa altura intermediária entre as calhas coletoras de lavagem e a entrada de água
139

bruta. Os grãos circulam por todo o filtro e o atrito entre as partículas faz com que
a película de sujeira vá se soltando e sendo carregada junto à água. O fluxo de água
é acompanhado pelo operador, pois caso seja muito rápido pode carrear junto das
impurezas parte do material filtrante. Caso os fluxos se invertam de forma abrupta,
pode ocorrer a ruptura do fundo. Essa água contendo as sujidades é então recolhida
por calhas na superfície dos filtros.
Ao encerrar o fluxo contracorrente, cada elemento filtrante voltará para o seu
devido lugar em função das diferentes densidades dos materiais e o filtro estará
pronto para iniciar o processo novamente. A figura 7.14 mostra de forma
exemplificada como é feito todo esse processo.

Figura 7.14: A diferença de nível dos reservatórios 1 e 2 faz a água fluir pelo princípio dos vasos
comunicantes em contracorrente no filtro 3 que está sendo lavado. No filtro 3 água sai através
da calha que, na situação mostrada, também serve como entrada. A ou F significam a posição
dos registros como abertos ou fechados. Fonte: arquivo pessoal.

7.6. FATORES QUE INTERFEREM NEGATIVAMENTE NO


DESEMPENHO DOS FILTROS
Alguns fatores podem interferir de forma negativa no rendimento dos filtros. Aqui
cabe lembrar que os filtros são os dispositivos mais importantes no processo de
tratamento da água, portanto, deve-se manter uma atenção especial quanto ao seu
bom funcionamento. Dentre algumas situações que podem interferir no
desempenho satisfatório das unidades de filtração, podemos citar:
• Dosagem incorreta de solução coagulante, colmatando o carvão e a
areia;
• Má floculação e má decantação, sobrecarregando o sistema filtrante;
• Desprendimento de bolhas de ar devido a excessiva perda de carga. Cria
turbulências indesejáveis no sistema;
• Formação de bolas de lodo, causada por dosagem incorreta de
coagulante ou má lavagem dos filtros;
• Ocorrência de algas e outros microrganismos que utilizam os grãos como
meio suporte para o seu desenvolvimento.
140

E caso algumas dessas situações venham a ocorrer, algumas medidas podem


ser tomadas como:
• Aplicação de dosagem correta de coagulante.
• Floculação e decantação adequadas.
• Lavagem dos filtros com velocidades corretas.
• Remoção das bolas de lodo.
• Eventualmente pode-se realizar a lavagem química do meio filtrante com
solução de hipoclorito de sódio.
• Em casos extremos, realizar a substituição completa do material filtrante.

7.7. COMPARAÇÃO ENTRE FILTROS LENTOS E FILTROS


RÁPIDOS
Nos processos de tratamento de água convencional, os sistemas de filtração
mais utilizados para produção de água potável são os filtros lentos e os filtros
rápidos. Por isso, segue uma breve comparação entre esses dois modelos para fins
de consulta.

7.7.1. Filtros Lentos


- Basicamente, a filtração lenta consiste em um tanque com areia apoiada
em um leito de cascalho por onde a água flui.
- Taxa de filtração entre 1,0 a 7,5 m³/m² * dia.
- A taxa de filtração é cerca de 200x menor que a taxa de filtros rápidos.
- A água pode demorar até 2 horas entre a entrada e a saída.
- São operacionalmente mais simples.
- A limpeza é feita com uma frequência muito menor e, geralmente, por
raspagem superficial e lavagem do meio filtrante.
- Necessitam de grandes áreas.
- Aplicáveis para águas com pouca turbidez (máx. 50 uT).

Como resultados típicos após o processo de filtração lenta, podem-se citar:


- Quase 100% na remoção de turbidez.
- Baixa remoção de cor, em torno de 30%.
- Redução de cerca de 60% no teor de ferro.
- Boa remoção de sabor e odor.
- Redução de microrganismos muito boa, superior à 95%.

E podemos citar como vantagens dos filtros lentos:


- Facilidade de manutenção e simplicidade operacional.
- Baixo custo de manutenção.
- Facilidade de controle.
- Grande remoção de microrganismos.
- Baixo consumo da água produzida para sua limpeza.
- Grandes intervalos entre as limpezas.

Como desvantagens:
141

- Baixa velocidade de filtração.


- Ocupam áreas superficiais muito grandes.
- Inviável para turbidez acima de 40 uT em geral.
- Inviável para cor aparente acima de 50 uT.
- O processo de limpeza é muito mais demorado.
A figura 7.15 apresenta fotos da presença de microrganismos antes e após o
processo de filtração lenta, enquanto a figura 7.16 apresenta um modelo de filtro
lento.

Figura 7.15: Fotos comparando a presença de microrganismos na água antes e após o


processo de filtração lenta.

Figura 7.16: Representação de um filtro lento. Fonte: arquivo pessoal.

7.7.2. Filtros Rápidos


Os filtros rápidos conseguem taxas de filtração extremamente elevadas por
possuírem seu material filtrante muito mais uniforme. Isso é obtido utilizando areia
142

peneirada como meio filtrante. Nesse tipo de filtro a limpeza é feita em com água
em contracorrente e o efluente final tem excelentes resultados quanto a remoção
de cor, turbidez e microrganismos.
São os preferidos nas estações de tratamento de água, pois conseguem filtrar
enormes quantidades de água e ocupam espaços bem menores em comparação
aos filtros lentos. Contudo, o preço cobrado por esse tipo de tecnologia envolve
uma automação maior (painel elétrico, comportas, registros, tubulações, etc.), um
intervalo menor de limpeza e um consumo maior de água processada para realizar
a sua limpeza.
A tabela 7.1 faz um comparativo entre os principais itens que compõem os filtros
rápidos e os filtros lentos. A figura 7.17 nos mostra a representação de um filtro
rápido.

Tabela 7.1: Comparação entre filtros lentos e filtros rápidos. Fonte: Richter, 2009.
Item Filtros Lentos Filtros Rápidos
Taxa de filtração 1 a 7,5 m³/m² * dia 120 a 480 m³/m² * dia
0,3 a 0,6 m de pedregulho
0,3 m pedregulho
Profundidade do leito 0,6 a 0,8 m de areia
1,0 a 1,5 m de areia
0,1 a 0,15 m de antracito
Tamanho efetivo dos grãos 0,15 a 0,35 mm 0,45 mm a maior
Distribuição dos grãos Não estratificado Estratificado
Intervalo entre limpezas 20 a 60 dias 1 a 4 dias
Penetração do material
Superficial Profunda
suspenso
Raspagem superficial e Lavagem com água e ar em
Método de limpeza
lavagem da areia contracorrente
Quantidade de água produzida
0,2% a 0,6% 1% a 6%
utilizada para limpeza do filtro
Pré-tratamento Dispensa Geralmente tradicional

Figura 7.17: Representação de um filtro rápido. Fonte: arquivo pessoal.


143

B) Comparado aos filtros rápidos, os filtros


QUESTÕES SOBRE lentos são operacionalmente mais
simples.
FILTRAÇÃO C) A limpeza do meio filtrante pode ser feita
entre 20 e 60 dias até.
D) Esse tipo de filtração é viável para águas
1. A imagem a seguir mostra as etapas de com altos índices de cor e turbidez
um tratamento convencional. As caixas em (maiores que 100 ppm).
branco contendo com os números 1, 2 e 3
podem ser preenchidas com quais
operações, respectivamente? 4. O tipo de tratamento que dispensa a
floculação e decantação, enviando a água
diretamente para o filtro após a coagulação
é denominado de:

A) Filtração convencional.
B) Filtração em linha.
C) Filtração direta.
D) Osmose reversa.

5. A melhor definição para o termo “carga de


filtração” é:

A) O volume de água aplicado por área


A) Desinfecção / Decantação / Mistura
superficial do filtro.
rápida
B) A densidade referente a cada meio
B) Decantação / Desinfecção / Mistura
filtrante.
lenta
C) O nível de turbidez da água na entrada
C) Mistura rápida / Desinfecção /
do filtro.
Decantação
D) A diferença de nível da lâmina de água
D) Mistura lenta / Decantação /
dentro do filtro e do vertedor de saída.
Desinfecção

6. Os filtros rápidos conseguem alcançar


2. Qual a diferença entre a filtração rápida e
uma velocidade de filtração muito grande em
a filtração lenta?
relação aos filtros lentos principalmente por:
A) Os modelos usam sentidos diferentes de
A) Possuírem um meio granular mais
fluxo de água na filtração.
uniforme.
B) A filtração rápida é feita sempre em
B) Possuírem dimensões menores.
filtros quadrados e a filtração lenta em
C) Possuírem o sistema de lavagem em
filtros circulares.
contracorrente.
C) Os filtros rápidos usam taxas de filtração
D) Possuírem um meio filtrante com
muito superiores às taxas dos filtros
materiais diferentes além da areia.
lentos.
D) Os filtros rápidos não usam camada
suporte, diferente dos filtros lentos.
7. As frases abaixo apresentam
características dos filtros rápidos. Assinale a
única alternativa FALSA sobre esse tipo de
3. Abaixo são descritas características dos
filtro.
filtros lentos. Assinale a única alternativa
FALSA sobre esse tipo de filtro.
A) Os filtros rápidos são limpos em um
sistema de retrolavagem.
A) Nesse tipo de processo a filtração da
B) Geralmente os filtros rápidos não
água pode demorar mais de 2 horas
necessitam de sistemas de pré-
para transpassar o meio filtrante.
tratamento da água.
144

C) Os filtros rápidos gastam mais água


para serem lavados em comparação aos
filtros lentos.
D) As impurezas nos filtros rápidos
penetram mais profundamente no meio
filtrante.

8. Com relação aos mecanismos de


retenção, os meios filtrantes conseguem
reter partículas muito pequenas, menores
até que os poros existentes. O mecanismo a - Fundo falso para drenagem
onde partículas minúsculas migram de um b - Entrada de água bruta
meio menos concentrado para outro mais c - Camada suporte
concentrado é denominado de: d - Camada filtrante
e - Saída de água de limpeza
A) Retenção
B) Sedimentação A associação correta entre o número
C) Interceptação mostrado e a descrição é:
D) Difusão
A) 1c / 2b / 3a / 4e / 5d
B) 1b / 2e / 3d / 4c / 5a
9. A imagem abaixo mostra uma partícula (P) C) 1a / 2c / 3b / 4d / 5e
que não conseguiu passar entre o vão D) 1e / 2a / 3c / 4d / 5b
formado por dois grãos (G) do meio filtrante
por possui um tamanho maior que esse poro.
O mecanismo de filtração correspondente a 11. O uso de carvão antracito como meio
esse tipo de ocorrência é denominado de: filtrante tem uma finalidade além de tão
somente reter partículas. Podemos citar
como outra finalidade:

A) Iniciar o processo de correção do pH da


água.
B) Evitar a perda de material filtrante na
retrolavagem.
C) Melhorar a qualidade da água
removendo gosto e odor.
D) Ser usado como meio suporte.

A) Retenção 12. No processo de retrolavagem o meio


B) Sedimentação filtrante é fluidizado e ocorre uma mistura de
C) Impacto inercial todas as camadas. A propriedade física que
D) Difusão faz com que cada camada retorne ao seu
respectivo lugar após a retrolavagem é:

10. A imagem a seguir mostra as principais A) A densidade diferente dos materiais de


partes básicas que fazem parte de um filtro cada camada.
rápido. Faça a correspondência numérica B) A composição química diferente dos
mostrada no desenho com o nome dessas materiais de cada camada.
partes. C) O tamanho dos grãos de cada camada.
D) A geometria dos grãos que compõem as
camadas.

13. Na tabela a seguir que trata dos


parâmetros que constituem os meios
145

filtrantes, analise as sentenças e assinale 15. Os filtros rápidos devem ser lavados com
como verdadeira (V) ou falsa (F) frequência. Das situações abaixo que
implicam na limpeza do filtro, assinale uma
Afirmativa V ou F alternativa FALSA:
Em relação à esfericidade de
uma partícula, quanto menos A) Atingir o limite de turbidez na água
( ) tratada.
esférica for a partícula, maior a
porosidade do meio. B) Apresentar baixa perda de carga.
Devido à grande variedade no C) Apresentar redução na eficiência da
tamanho dos grãos, o tamanho remoção de microrganismos.
efetivo é determinado pelo D) Atingir o limite de tempo.
( )
diâmetro médio onde se
encontra 10% de toda a massa
do material granular. 16. Na Portaria de Consolidação nº 5 –
Quimicamente, o meio filtrante Anexo XX, os processos de filtração
( ) possuem limites máximos permitidos para
deve ser sempre inerte.
O ideal é que os materiais do turbidez, descritos na tabela do Anexo 2.
meio filtrante tenham Para os filtros rápidos, esse limite é de:
densidades próximas, pois isso (....)
facilita o processo de A) 0,5 uT em 95% das amostras e 1,0 uT
retrolavagem. no restante das amostras coletadas.
B) 0,1 uT em 99% das amostras.
C) 1,0uT em 95% das amostras e 2,0 uT no
14. A figura abaixo mostra uma camada restante das amostras coletadas.
suporte que tem como característica a D) 1,0 uT em 95% das amostras e 5,0 uT
fabricação com canais sobrepostos que no restante das amostras coletadas.
podem transportar a água filtrada e a água
de limpeza.
17. Uma boa eficiência nos filtros rápidos
permite evitar a realização de uma série de
monitoramentos microbiológicos descritos
no artigo 29 da Portaria de Consolidação nº
5 – Anexo XX como, por exemplo, coliformes
fecais e (oo)cistos na água bruta, e
eficiência de remoção de esporos de
bactérias aeróbias. Mas, para que isso seja
Fonte: site Petranova possível, segundo o parágrafo 11 desse
artigo, a turbidez máxima permitida e obtida
O nome dado a esse tipo de camada suporte de forma sistemática deve ser de:
é:
A) 0,1 uT
A) Fundo falso com bocais. B) 0,2 uT
B) Fundo falso com vigas em V invertidas. C) 0,3 uT
C) Fundo Wheeler. D) 0,4 uT
D) Fundo Leopold.
146

8. DESINFECÇÃO E PÓS-DESINFECÇÃO

A água possui naturalmente milhares de seres vivos de tamanhos macroscópicos


(como peixes e crustáceos) e outros milhares de escala microscópica (como
bactérias, vírus e protozoários). Os microrganismos têm uma importância vital no
controle da poluição e qualidade da água, seja oxigenando o corpo aquático, seja
realizando a decomposição de
materiais orgânicos.
No entanto, muitos desses
microrganismos têm também a
capacidade de prejudicar a saúde
humana ou danificar as instalações de
tratamento e distribuição de água. Por
isso é necessária a remoção de
determinadas espécies para garantir
Figura 8.1: Nessa imagem são apresentados
que a água que será fornecida as
microrganismos presentes em uma única gota
d’água. Fonte: captura de vídeo do Youtube, pessoas não lhes fará mal nem
Canal Vinícius Galdino. causará rejeição.

VÍRUS
- São organismos constituídos apenas de material genético envolvido por
uma camada de proteína.
- São menores que as bactérias (medem menos de 0,2 µm).
- Se reproduzem somente no interior de uma célula hospedeira, podendo
manipulá-la para essa finalidade.
- Devido ao seu pequeno tamanho, comportamento e baixa concentração,
são de difícil detecção em amostras de água.
- Algumas espécies são muito resistentes aos processos de desinfecção.
- Dentre as principais doenças causadas por vírus em água podemos citar
a hepatite A.

Figura 8.2: Diversos vírus presentes na água podem causar mal aos seres humanos
como: Hepatitis A, Reovirus, Calcivirus, Enterovirus, Adenovirus, Poliovirus, etc. Fonte:
site Escola Kids – UOL.
147

ALGAS
- São organismos fotossintetizantes, clorofiladas e podem ser uni ou
pluricelulares.
- Apesar de se parecerem com plantas, não possuem caule, folha ou raízes,
sendo seres muito mais simples que as plantas.
- São importantes na oxigenação dos corpos aquáticos e remoção de
nutrientes em efluentes.
- Na água de abastecimento são consideradas um transtorno, pois causam
gosto e odor, diminuem os ciclos de limpeza de filtros e aumentam a cor
aparente da água.

Figura 8.3: Algas unicelulares (esquerda) e pluricelulares (direita). Muito importantes nos
processos de oxigenação e autodepuração da água, porém, na água de abastecimento é um
problema por causarem gosto, cor e formação de limo nas tubulações e dispositivos de
tratamento. Fonte: site Toda Matéria e Irrigazine.

PROTOZOÁRIOS
- São organismos heterotróficos (não produzem seu próprio alimento),
geralmente unicelulares e móveis.
- Também são muito importantes na autodepuração de corpos aquáticos.
- Alguns são patogênicos e de difícil remoção pelos métodos tradicionais
de desinfecção, exigindo seu monitoramento concomitantemente com os
coliformes.
- Podem formar cistos que são muito resistentes no ambiente por longos
períodos.
- A forma mais efetiva de remoção desses microrganismos geralmente é a
filtração.
- Dentre as doenças causadas por protozoários podemos citar a amebíase
(Entamoeba histolytica) e a giardíase (Criptosporidium parvum e Giardia
lamblia).
148

Figura 8.4: Os protozoários também desempenham um importante papel na autodepuração dos


corpos aquáticos. Porém, muitos deles causam doenças nos seres humanos como Giardia,
Cryptosporidium, Entamoeba e Microsporidium. Alguns formam cistos que são formas latentes
de difícil remoção por desinfecção. Fonte: site Infoescola e Professora Igrid Avilez.

VERMES
- Organismos de tamanho maior que protozoários, vivendo no fundo de rios
ou lagos, ou no trato digestivo de diversos seres vivos.
- Por serem visíveis a olho nu, causam muita repugnância caso estejam
presentes em amostras de água.
- Dentre as doenças mais comuns causadas por esses organismos na água
podemos citar a ascaridíase (Ascaris lumbricoides) e a esquistossomose
(Schistosoma mansoni).

Figura 8.5: A ascaridíase e a esquistossomose são doenças causadas por vermes e que tem
relação direta com a água contaminada. Fonte: Site IBAP Cursos e Keilla Freitas.

BACTÉRIAS
- - São organismos unicelulares, classificados geralmente pela sua forma.
- - Variam de tamanho (entre 0,2 a 1,5 µm).
- - A maior parte é inofensiva, mas algumas são patogênicas.
- - São importantes para o tratamento de efluentes e autodepuração de
corpos aquáticos.
- - Dentre as doenças transmitidas por bactérias podemos destacar: febre
tifoide (Salmonella typhi), febre paratifoide (Salmonella paratyphi),
disenteria bacilar (Shigella), cólera (Vibrio cholerae), leptospirose
(Leptospira icterohaemorrahgia) e legionelose (Legionella).
- - O grupo coliforme é o mais importante indicador da qualidade da água,
pois sua presença pode estar associada com a contaminação fecal.
149

- - Uma parcela considerável dessas bactérias vive predominantemente no


trato intestinal de animais de sangue quente e não se reproduzem fora
desse ambiente (coliformes termotolerantes ou coliformes fecais).
- - Um ser humano adulto pode eliminar junto de suas fezes cerca de 50 a
400 bilhões desses microrganismos, por isso, mesmo que elas sejam
grandemente diluídas, sua presença ainda assim será facilmente
detectável.
- - Sobrevivem a temperaturas relativamente maiores que outras bactérias.
- - Embora a maior parte desses microrganismos não cause doenças em
seres humanos, sua presença pode estar associada com outros agentes
patogênicos de veiculação hídrica já citados anteriormente e que são de
mais difícil detecção.

Figura 8.6: O grupo coliforme consiste no principal indicador da qualidade da água, uma vez
que está sempre presente no trato intestinal de todo animal de sangue quente, sobrevive por
períodos longos fora do corpo humano, suporta maiores temperaturas e é facilmente detectável.
Fonte: Carlos Fioravanti – Revista FAPESP.

8.1. FORMAS DE ELIMINAÇÃO


No tratamento da água para consumo humano é praticamente impossível
eliminar todos os microrganismos presentes e garantir a ausência deles em toda
extensão da rede de abastecimento, afinal estamos falando de redes constituídas
por centenas de quilômetros de extensão e com muitos anos de uso.
Por isso realiza-se a eliminação daqueles organismos patogênicos, garantindo
que a água seja segura para consumo. As formas de eliminação são as seguintes:
• Esterilização: destruição de todos os organismos, patogênicos ou não.
• Desinfecção: destruição dos agentes patogênicos e outros específicos.
• Bactericida: elimina apenas as bactérias.
• Cisticida: elimina os cistos.
• Algicida: utilizado para eliminar algas e cianobactérias.
150

Figura 8.7: Padrão bacteriológico da água potável conforme Anexo 1 da PC5 – Anexo XX. A
desinfecção total da água em toda a rede de abastecimento é uma tarefa complexa e, por vezes,
difícil de ser alcançada. Por essa razão a PC5 – Anexo XX prevê a possibilidade de ocorrência de
coliformes totais na água potável após sua distribuição. Entretanto, a presença de E.coli
(coliformes fecais) não é permitida em nenhuma hipótese.

A remoção dos microrganismos se dá por vias físicas ou químicas. As formas


físicas mais comuns são:
• Calor: como por exemplo a fervura da água.
• Radiação ultravioleta: utilização de lâmpadas que emitem esse
comprimento de onda.
• Ultrassom (também pode ser um processo químico caso produza radicais
livres): consiste na aplicação de uma alta frequência capaz de causar
fenômenos na água que inativam microrganismos.
• Filtração.

A desinfecção da água por radiação ultravioleta e por ozonização já são muito


comuns. Entretanto, esses sistemas tem um efeito pontual de desinfecção e não
protegem contra eventuais recontaminações que possam ocorrer após o processo
ser aplicado, tampouco contra a formação de biofilmes na rede de distribuição.
As formas químicas mais comuns consistem no emprego de substâncias
químicas que irão atuar sobre os microrganismos. As substâncias são:
• Ácidos (principalmente com uso do cloro)
• Álcalis
• Bromo
• Iodo
• Ozônio
• Permanganato de potássio
• Água oxigenada
• Íon prata

Como o cloro é o agente oxidante mais empregado em estações de tratamento


de água, essa substância será abordada com mais ênfase ao longo do capítulo.
151

8.2. CARACTERÍSTICAS DOS DESINFETANTES


Muitas substâncias podem parecer promissoras como agentes desinfetantes em
um primeiro momento. Porém, a literatura nos reporta diversas características
relevantes que um desinfetante deve possuir para ser considerado
economicamente viável. As características necessárias para um bom desinfetante
são:
- Capacidade de destruir em um tempo razoável os microrganismos
patogênicos presentes.
- Não deve ser tóxico para seres humanos e animais nas concentrações
normais de uso, nem causar gosto ou odor na água.
- Deve ter um custo razoável e facilidade de transporte, armazenamento e
utilização.
- A concentração na água tratada deve ser de fácil e rápida determinação.
- Deve possuir um residual capaz de evitar recontaminações.

8.3. CLORAÇÃO
A forma mais comum de desinfecção da água é a cloração. O cloro está
facilmente disponível nas formas sólida (hipoclorito de cálcio), líquida (hipoclorito de
sódio) e gasosa (cloro gasoso – Cl2). A literatura descreve uma série de vantagens
e desvantagens na utilização do cloro, como:
- Elimina a maior parte dos organismos patogênicos.
- Deixa um residual na água.
- É seguro para consumo (dentro das concentrações estipuladas).
- É barato.
- É simples de se aplicar e a forma gasosa é altamente solúvel em água.
Os pontos negativos da sua utilização são:
- É um gás altamente venenoso e corrosivo (quando úmido).
- Requer um rigoroso sistema de segurança e proteção nas instalações que
o utilizam.
- Em concentrações não letais é irritante para os olhos, membranas nasais
e trato respiratório.
- Pode causar gosto e odor na água.
- Seu uso incorreto pode causar a formação de trihalometanos (THM).

8.3.1. Formas de Utilização do Cloro


Hipoclorito de cálcio: pó branco disponível como pastilhas, pó ou na forma
granular.
- Fórmula química: Ca(OCl)2.
- Contém entre 60% a 70% de cloro ativo.
- Dosagem de aplicação entre 2 a 5 mg/L (ppm).
- Muito solúvel em água e pode ser guardado por até um ano em condições
adequadas.
152

Figura 8.8: As imagens acima mostram exemplos do hipoclorito de cálcio.

- Hipoclorito de sódio: solução aquosa disponível em bombonas de 50 kg


ou mais. É a melhor alternativa para pequenos sistemas de produção de
água.
- Fórmula química: NaOCl
- Dosagem de aplicação entre 2 a 5 mg/L (ppm).
- Contém cerca de 10% de cloro ativo.
- Aconselha-se sua estocagem por até 1 mês em locais arejados e ao
abrigo da luz.

Figura 8.9: O hipoclorito de sódio é a forma


líquida de se obter o cloro para desinfecção. É
possível de ser adquirido em diversas
concentrações e volumes. A Anvisa (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária) define “Água
Sanitária” como sendo “solução aquosa à
base de hipoclorito de sódio ou cálcio, com
teor de cloro ativo entre 2,0 a 2,5% p/p
(percentual em massa), durante o prazo de
validade máximo de 6 meses”.

Isocianuratos: compostos orgânicos clorados que atuam liberando o ácido


hipocloroso e o íon hipoclorito.
- Fórmula química: dicloroisocianurato de sódio anidro, dicloroisocianurato
de sódio di-hidratado e ácido tricloroisocianúrico.
- Dosagem de aplicação entre 2 a 5 mg/L (ppm).
- Contém cerca 50 a 90% de cloro ativo.
- Sua validade é de aproximadamente 2 anos, enquanto outras formas
diminuem o teor de cloro disponível ao longo dos meses.
153

Figura 8.10: Os compostos


isocianuratos, diferentemente
dos outros apresentados, são
moléculas orgânicas e com pH
ácido. São vendidos na forma em
pó, granulado ou em tabletes.

Cloro gasoso: é a forma mais eficiente e barata de utilização. Um volume de cloro


líquido sob pressão produz cerca de 460 volumes de cloro gasoso.
- Fórmula química: Cl2
- Contém cerca de 99,9% de pureza.
- É fornecido em cilindros de aço com capacidades de 27 kg, 50 kg, 68 kg
(todos cilindros verticais) ou 860 kg, 940 kg ou 1.080 kg (cilindros
horizontais).
- Devido a sua fácil mudança de estado físico (líquido para gasoso) os
cilindros nunca são completamente preenchidos com o cloro líquido sob
pressão. Geralmente utiliza-se 85% do volume com cloro líquido deixando
os outros 15% para o cloro gasoso.
- Essa mudança de fase intermitente dentro dos cilindros também faz com
que se utilize balanças para medição das quantidades disponíveis (ao
invés do uso exclusivo de manômetros).

Figura 8.11: O cloro gasoso é fornecido em cilindros de aço na cor laranja em diversos
volumes possíveis.

Dióxido de cloro: Algumas ETAs já estão utilizando o dióxido de cloro (ClO2) em


substituição aos produtos clorados tradicionais. O dióxido de cloro tem um poder
154

de desinfecção muito maior que o cloro


gasoso, mas seu preço também é
relativamente mais alto. Isso se dá,
principalmente, pela necessidade de sua
geração in loco a partir do clorato de sódio
(NaClO3) ou do clorito de sódio (NaClO2). O
dióxido de cloro é muito instável, então deve
ser produzido no local e aplicado
imediatamente na água a ser tratada. Além
do clorato ou do clorito de sódio, utiliza-
se também o cloro gasoso ou o ácido
clorídrico para a produção do dióxido de
cloro, o que contribui do custo mais caro
desse produto. Podemos citar como Figura 8.12: Gerador de dióxido de cloro.
vantagens: Fonte: site Emec Pumps.
- Ocorre pouca ou nenhuma
formação de trihalometanos e outros subprodutos indesejáveis
resultantes da reação do cloro com a matéria orgânica.
- Elevada eficiência mesmo em pequenas concentrações.
- Pode ser aplicado em uma ampla faixa de pH.
- Mantém residual na rede de distribuição.
- Não reage com a amônia e outros compostos nitrogenados.
- Não produz gosto ou odor na água.
- Sua utilização e armazenamento é muito mais segura em comparação ao
cloro gasoso.
Apenas em pH acima de 10 a utilização do dióxido de cloro não é recomendada,
pois ele irá se decompor em cloritos (ClO2-) e cloratos (ClO3-) que possuem pouco
ou quase nenhum poder desinfetante. A tabela 8.1 apresenta uma comparação
entre diferentes compostos desinfetantes e a figura 8.12 a foto de um gerador de
dióxido de cloro.

Tabela 8.1: Comparação entre os compostos desinfetantes (Richter, 2009).


Características Cloro Dióxido de cloro Ozônio
Excelente como
Bactéria (desinfecção) Excelente Bom
HOCl
Excelente como
Vírus (desinfecção) Excelente Bom
HOCl
Decresce a
Mais eficiente a
Influência do pH eficiência com o Insensível
pH mais elevado
aumento do pH
Sim, 3x mais
Residual na rede Sim durável que o Não
cloro
Não, ou em
Formação de THM Sim pequena Não
quantidade
Dosagens típicas (mg/L) 1-5 0,2 – 1,2 1-5
155

8.3.2. Residual de Cloro


Como já foi citado, uma das vantagens do cloro é o fato dessa substância deixar
um residual na água, pois isso previne a ocorrência de possíveis recontaminações
na rede de distribuição e impede o crescimento de ferro-bactérias e limo no interior
das canalizações. Entretanto, como o cloro é altamente oxidante, ele irá reagir com
substâncias orgânicas (microrganismos, fenóis e ácidos fúlvicos e húmicos, etc.) e
inorgânicas (compostos alcalinos, ferro, manganês, etc.) presentes na água antes
de deixar um teor residual, chamamos essas reações de demandas. Após toda
demanda ter sido satisfeita, o cloro estará então disponível na sua forma residual.
As formas residuais podem ser de cloro livre ou cloro combinado.

Cloro livre (na ausência de amônia):

O ácido hipocloroso (HClO) é o agente mais ativo na desinfecção e o íon


hipoclorito (ClO-) é praticamente inativo. Tais formas não conferem gosto ou odor
na água.
Para que a água mantenha níveis razoáveis de ácido hipocloroso é necessário
que o pH se mantenha abaixo de 10, caso contrário, ocorre a dissociação e
formação do íon hipoclorito.
Águas muito poluídas ou sistemas de abastecimento muito antigos podem
consumir todo o cloro residual livre muito rapidamente. Portanto, nesses casos
opta-se pela utilização do cloro residual combinado que é mais estável.

Cloro combinado (com a presença de amônia):


156

Figura 8.13: Após ligar-se a um radical nitrogenado, o cloro tem seu poder desinfetante
reduzido. Esse é chamado de cloro combinado, ou cloramina, e tem um forte odor de cloro.
Para simplificar, na imagem foi utilizado um átomo de nitrogênio, mas no lugar poderia ser um
radical orgânico ou inorgânico com diversos graus de complexidade. Fonte: site Food Safety
Brazil.

As cloraminas funcionarão como uma fonte de cloro frente a qualquer substância


oxidável que surgir na rede (recontaminação). As dicloraminas são efeito
desinfetante muito maior que as monocloraminas, enquanto o tricloreto de
nitrogênio não tem efeito desinfetante nenhum. As monocloraminas não conferem
gosto ou odor à água, ao contrário das dicloraminas e tricloraminas. O cloro
combinado tem um poder desinfetante menor que o cloro livre, porém é mais
estável.
Em análises de água, a soma das quantidades de cloro livre residual e de cloro
combinado residual é denominada de cloro residual total. A PC5 – Anexo XX,
alterada pela Portaria nº 888/2021 estabelece que é obrigatória a manutenção de,
no mínimo, 0,2 mg/L de cloro residual livre ou 2,0 mg/L de cloro residual combinado,
ou 0,2 mg/L de dióxido de cloro em toda a extensão da rede de abastecimento. A
mesma portaria também estabelece que mesmo que se use outros sistemas de
desinfecção (como o
ozônio ou UV) deve-
se aplicar o cloro
para que se
mantenham esses
residuais. A portaria
contém em seu
Anexo 9 o valor
máximo para
substâncias que
podem oferecer risco
à saúde humana.
Nesse anexo irá
constar o valor
máximo de 5,0 mg/L
para o cloro residual Figura 8.14: Gráfico com os valores mínimos e máximos para o cloro
livre, acima do qual a utilizado na desinfecção da água, segundo a PC5 – Anexo XX. Com
água torna-se exceção dos caminhões-pipa, todos os outros valores referem-se a
qualquer ponto da rede de abastecimento.
imprópria para
157

consumo. Nessa mesma tabela do Anexo 9 também irá constar o valor das
cloraminas total como 4,0 mg/L, válido para estações que façam o uso do cloro
combinado. A figura 8.14 resume os principais valores descritos para os tipos de
cloro utilizados na desinfecção da água.

8.3.3. Métodos de Cloração


Em razão da qualidade da água bruta e do produto final que se deseja formar há
três possíveis métodos de cloração: a cloração simples, a cloração ao break-point
e a amônia-cloração.
1) Cloração simples: constitui o processo mais elementar e de uso mais
generalizado de desinfecção pelo cloro. Não há a preocupação de satisfazer as
demandas, bastando aplicar uma dosagem tal que, após determinado tempo de
contato (cerca de 20 minutos), o cloro residual livre se mantenha dentro da faixa
recomendada. Essa aplicação ocorre principalmente em águas razoavelmente
limpas e que serão enviadas para redes de abastecimento com pouco risco de
recontaminação.
2) Cloração ao break-point: consiste em aplicar dosagens de cloro que sejam
suficientes para satisfazer as demandas de compostos nitrogenados presentes e,
então, obter o cloro residual livre. Quando existem na água amônia e compostos
amoniacais, ocorre a formação de compostos clorados ativos, denominados
cloraminas que, como já vimos, são chamados de cloro combinado.
Existe ação desinfetante por parte das monocloraminas, mas a eficiência é menor
do que a obtida pelo ácido hipocloroso. Dicloraminas e tricloraminas são
desaconselháveis porque apresentam odor forte e baixo poder desinfetante. A
destruição dessas moléculas pode ser obtida com o aumento da dosagem de cloro,
gerando uma inflexão no gráfico que relaciona o cloro residual disponível com o
dosado. Esse ponto é chamado de break-point e pode ser visto na figura 8.15.

Figura 8.15: No início dos processos com cloração da água foi observada uma demanda inicial
de cloro em águas naturais, mas foi também observado que com dosagens crescentes de cloro
a concentração de cloro residual aumentava até um patamar (1 a 2) e começava a cair até um
valor mínimo para novamente voltar a crescer (2 a 3).
158

Esse fenômeno passou a ser conhecido por Reação Break-point (ponto de


parada) e mais tarde se descobriu que estava diretamente relacionado à
concentração de amônia na água.
- No ponto anterior ao número 1 o cloro está satisfazendo as demandas
imediatas (compostos orgânicos entre outros). A partir do ponto 1 o cloro
começa a reagir com compostos amoniacais, através da amônia presente
na água, resultante da decomposição de compostos nitrogenados. São
formadas as monocloraminas, dicloraminas e tricloraminas, denominadas
de cloro combinado.
- Com o aumento da dosagem de cloro as cloraminas passam a ser
oxidadas (o cloro combinado é eliminado), reduzindo a sua concentração,
a partir do ponto 2.
- Após a oxidação total das cloraminas ocorre o break-point e a inflexão no
gráfico, mostrada no ponto 3, e o cloro então passa a estar presente como
cloro livre. Isso é denominado de cloração ao break-point.
Na desinfecção de efluentes tratados, por exemplo, a presença de nitrogênio
amoniacal é muito grande, exigindo dosagens de cloro igualmente grandes para se
alcançar o break-point.
3) Amônia-cloração: No estudo da utilização de cloro, os operadores dos
sistemas de tratamento ao observarem que as cloraminas eram mais resistentes à
oxidação e funcionavam como uma fonte de cloro, porém mais estável que o cloro
livre (embora com um poder de desinfecção menor), passou-se a realizar a amônia-
cloração, isso é, utilizar propositalmente a amônia associada ao cloro para obtenção
de cloraminas.
Durante a distribuição da água tratada, as cloraminas funcionarão como uma
fonte de cloro frente a qualquer substância oxidável que surgir na rede
(recontaminação).

8.3.4. Outras Aplicações do Cloro


O poder oxidante do cloro é tão grande que logo a sua utilização passou a ser
realizada para outras finalidades além da desinfecção.
O cloro também é utilizado para controle de sabor e odor na água, oxidando
compostos orgânicos voláteis, gases dissolvidos como o sulfeto de hidrogênio,
matéria orgânica viva (como algas) e em decomposição.
Ferro e manganês, que causam tanto gosto quanto cor na água, também podem
ser oxidados pelo cloro para tornarem-se insolúveis e serem removidos nos filtros.
A utilização do cloro nesses casos ocorre antes do uso de qualquer outro produto
químico na ETA, sendo então denominada de pré-cloração ou pré-oxidação.

8.3.5. Formação de Trihalometanos (THM)


Uma das desvantagens da utilização do cloro como agente desinfetante está na
formação de trihalometanos (THM), compostos potencialmente prejudiciais aos
seres humanos pois são precursores de câncer. Os THMs são formados pela
reação do cloro livre e substâncias presentes nas águas naturais como ácidos
húmicos e fúlvicos, e substâncias segregadas por algas.
159

Essas substâncias, quando contém em sua composição átomos de halogênio


como Cloro, Bromo e Iodo, reagem com o cloro livre formando os THMs que são
compostos basicamente por moléculas de clorofórmio (cerca de 90% do total),
ácidos haloacéticos e halocitronitrilas.
Os THMs demoram para se formar, portanto, quase não são detectáveis na saída
do tratamento, tendo a sua ocorrência presente já nas redes de distribuição. Os
níveis de THMs são maiores em águas superficiais cloradas do que em águas
subterrâneas, pois a contaminação de mananciais superficiais é muito mais comum.
A concentração dessas substâncias tende a aumentar com o aumento da
dosagem de cloro, temperatura e pH. A PC5 – Anexo XX estabelece um valor
máximo permitido de 0,08 mg/L para os ácidos haloacéticos e 0,1 mg/L para os
trihalometanos total, valores que podem ser encontrados na tabela do Anexo 9.
A redução na formação dos THMs em processos de desinfecção da água se dá
por:
- Redução dos precursores (ácidos húmicos e fúlvicos) com a eliminação
da cor na água bruta realizando uma boa coagulação da água antes da
cloração, evitando a pré-cloração.
- Redução da dosagem de cloro.
- Adição de amônia para formar cloraminas ao invés de cloro livre (amônia-
cloração).

8.3.6. Fatores que Afetam o Rendimento da Cloração


Os processos de cloração são afetados diretamente pelos seguintes fatores:
- Dosagem de cloro: deve ser sempre suficiente para eliminar os
microrganismos, produzir um residual e não alcançar o limite máximo
onde se torna prejudicial.
- Temperatura: maior temperatura resulta em maior eficiência.
- pH: o controle do pH é muito importante, pois está diretamente ligado com
o sentido na qual as reações com o cloro irão ocorrer, formando produtos
com maior ou menor poder de desinfecção.
- Tempo de contato: Todos esses parâmetros já citados devem ser bem
controlados para garantir a desinfecção da água. Por isso, na PC5 –
Anexo XX é possível encontrar os tempos mínimos de contato da água
com o agente desinfetante nos anexos de 3 a 8. Esses anexos contêm
tabelas que relacionam o teor de cloro residual a ser obtido em função da
temperatura e do pH da água, servindo como referência para serem
utilizadas em estações de tratamento.

As reações de oxidação irão se processar em tanques de contato. Esses tanques


contêm chicanas entrepostas que obrigam a água a realizar um movimento de vai-
e-vem ocasionando a inativação dos microrganismos patogênicos presentes. A
figura 8.16 mostra exemplos de tanques de contato.
160

Figura 8.16: Fotos de tanques de contato. Tanques de ETAs são totalmente fechados, enquanto
que tanques de ETEs não têm essa necessidade.

8.4. PÓS-DESINFECÇÃO
Após a desinfecção da água ela se tornará potável. Há, no entanto, a aplicação
de outros produtos químicos para melhorar ainda mais sua qualidade como a
aplicação de flúor e uma nova correção do pH.
Fluoretação: consiste na utilização de flúor em águas de abastecimento para
melhorar a manutenção bucal da população. Estima-se que a cada 1 dólar gasto
em processos de fluoretação são economizados 80 dólares em custos
odontológicos. Entretanto, o flúor também tem um limite máximo para sua utilização,
acima do qual ele pode se tornar prejudicial. É utilizado nas formas de Fluoreto de
sódio (NaF), Fluoreto de cálcio (CaF2), Fluossilicato de sódio (Na2SiF2) e ácido
fluossilícico (H2SiF6).
Algumas fontes naturais contêm flúor naturalmente acima do valor máximo
permitido para a água potável. Nesse caso, então, realiza-se um processo que
busque diminuir o teor de flúor na água, denominado desfluoretação.
Correção do pH: nessa etapa busca, principalmente, prevenir a corrosão do
sistema de abastecimento. Aplica-se novamente o alcalinizante para remover o gás
carbônico e formar uma película de carbonato na superfície das tubulações. Pode-
se determinar se a água é corrosiva ou incrustante através do Índice de Langelier
(I.L.) que é calculado a partir do pH e da alcalinidade da água tratada. O ideal é que
esse índice aponte que a água tenha o mínimo de característica incrustante para
formar a película protetora de carbonato nas tubulações.

8.5. LOG DE INATIVAÇÃO


Ao pesquisar os parâmetros que constituem os processos de desinfecção da
água potável, o estudante irá se deparar com frequência com números
apresentados em logaritmos. Mais precisamente, como log de inativação.
Essa forma de apresentação de resultados é muito mais adequada quando
estamos nos referindo a microrganismos que podem se reproduzir de forma
exponencial. Se pensarmos em uma amostra de água que contenha, por exemplo,
10.000 indivíduos de cianobactérias por mililitro de água, se alcançarmos um
percentual de remoção ou inativação (PR) de 99%, ao final da etapa de remoção
ainda teremos 100 indivíduos presentes. Esses microrganismos restantes irão se
161

reproduzir exponencialmente e, em breve, é possível que a população de 10.000


cianobactérias seja alcançada novamente. O percentual de remoção de 99%
equivale a 2 log de remoção/inativação, que chamaremos de eficiência de remoção
(ER).
Se alcançarmos um percentual de remoção de 99,99%, equivalente a 4 log de
eficiência de remoção, então teremos apenas 1 cianobactéria ao final do processo.
Para que se alcance novamente uma população de 10.000 microrganismos por
mililitro de água o tempo necessário será muito maior e a probabilidade de isso
ocorrer, consequentemente, será muito menor. Portanto, para microrganismos que
se reproduzam de forma exponencial, casas decimais depois da vírgula fazem toda
diferença a partir do valor 99. Quanto mais números após a vírgula, menos
indivíduos restarão após o processo de remoção ou inativação. Podemos, então,
ver uma relação entre o percentual de remoção (PR) e a eficiência de remoção (ER),
conforme mostra a figura 8.17 e descrito a seguir:
- 90% de remoção equivale a 1 log.
- 99% de remoção equivale a 2 log.
- 99,9% de remoção equivale a 3 log.
- 99,99% de remoção equivale a 4 log.
- 99,999% de remoção equivale a 5 log.

Figura 8.17: Gráfico da relação entre porcentagem de remoção e eficiência de remoção. Fonte:
arquivo pessoal.

A eficiência de remoção/inativação (ER) pode ser calculada a partir da seguinte


fórmula:

𝑁𝑖
𝐸𝑅 = 𝑙𝑜𝑔 ( ) [8.1]
𝑁𝑓
Onde:
ER: eficiência de remoção em x log.
162

Ni: valor de um parâmetro analisado no tempo inicial.


Nf: valor de um parâmetro analisado no tempo final.
Por sua vez, a porcentagem de remoção/inativação (PR) é dada por:

1
𝑃𝑅 = (1 − ) ∗ 100 [8.2]
10𝐸𝑅

Onde PR é a porcentagem de remoção/inativação (%) e ER a eficiência (x log).

Exemplo 8.1) Segundo a PC5 – Anexo XX, no monitoramento de Escherichia coli


nos pontos de captação (mananciais superficiais), há situações onde deve-se
ampliar o monitoramento para cistos de Giardia ssp. e oocistos de
Cryptosporidium ssp. Isso ocorrerá quando a média aritmética da avaliação da
eficiência de remoção de esporos de bactérias aeróbias após o processo de
filtração, com base no mínimo em 4 amostragens no mês, for inferior a 2,5 log
(99,7%). Prove que 2,5 log é a mesma coisa que 99,7%.

Sendo a eficiência de remoção/inativação igual a 2,5 log, temos:

1
𝑃𝑅 = (1 − ) ∗ 100
10𝐸𝑅

1
𝑃𝑅 = (1 − ) ∗ 100
102,5

𝑃𝑅 = (0,997) ∗ 100 = 𝟗𝟗, 𝟕%

Exemplo 8.2) Segundo a PC5 – Anexo XX, Art. 30, § 4º: No caso da desinfecção
por radiação UV, deve ser observada a dose mínima de 2,1 mJ/cm² para 1,0 log
(90%) de inativação de cistos de Giardia ssp. Prove que 1,0 log é equivalente a
90% de remoção/inativação.

Sendo a eficiência de remoção/inativação igual a 1,0 log, temos:

1
𝑃𝑅 = (1 − ) ∗ 100
10𝐸𝑅

1
𝑃𝑅 = (1 − ) ∗ 100
101,0

𝑃𝑅 = (0,9) ∗ 100 = 𝟗𝟎%

Exemplo 8.3) Em um lago hipotético está havendo um problema de proliferação


de algas. Os pesquisadores estão testando um novo produto para tentar resolver
o problema. Em um teste, havia 10.500 indivíduos em 1 mL de água e após o uso
163

do produto esse valor foi reduzido para 50 indivíduos por 1 mL. Calcule a
eficiência de remoção/inativação (ER) e a porcentagem de remoção/inativação
(PR).

No tempo inicial a população era de 10.500 indivíduos/mL e no final esse valor foi
de 50 indivíduos/mL. Portanto:

𝑁𝑖
𝐸𝑅 = 𝑙𝑜𝑔 ( )
𝑁𝑓

10.500
𝐸𝑅 = 𝑙𝑜𝑔 ( )
50

𝐸𝑅 = 𝟐, 𝟑𝟐 𝒍𝒐𝒈

Sendo a eficiência de remoção/inativação igual a 2,32 log, temos:

1
𝑃𝑅 = (1 − ) ∗ 100
10𝐸𝑅

1
𝑃𝑅 = (1 − ) ∗ 100
102,32

𝑃𝑅 = (0,995) ∗ 100 = 𝟗𝟗, 𝟓%

Exemplo 8.4) Um operador de ETA verificou que após um processo de filtração e


desinfecção foi alcançado um percentual de remoção/inativação de 99,9%. Qual
o equivalente em eficiência de remoção/inativação (ER)?

Sendo o percentual de remoção/inativação igual a 99,9%, temos:

1
𝑃𝑅 = (1 − ) ∗ 100
10𝐸𝑅

1
99,9 = (1 − ) ∗ 100
10𝐸𝑅

99,9 1
= (1 − 𝐸𝑅 )
100 10

1
0,999 − 1 = (− )
10𝐸𝑅

1
−0,001 = (− )
10𝐸𝑅
164

1
10𝐸𝑅 = (− )
−0,001

10𝐸𝑅 = 1.000

Aplicando logaritmo em ambos os lados:

𝑙𝑜𝑔 10𝐸𝑅 = 𝑙𝑜𝑔 1.000

𝐸𝑅 ∗ (𝑙𝑜𝑔 10) = (𝑙𝑜𝑔 1.000)

𝑬𝑹 = 𝟑 𝒍𝒐𝒈

Portanto, quando PR igual a 99,9%, ER = 3,0 log.


165

4. Um dos principais problemas relacionados


QUESTÕES SOBRE à presença de protozoários na água é que:

DESINFECÇÃO E PÓS- A) Os processos de remoção costumam


causar gosto e odor na água.
DESINFECÇÃO B) Os protozoários não são removidos por
nenhum processo de desinfecção
conhecido.
1. A desinfecção tem como objetivo: C) Algumas espécies formam cistos que são
muito resistentes aos processos de
A) Eliminar todos os microrganismos da desinfecção.
água. D) Algumas espécies precisam sobreviver
B) Eliminar microrganismos patogênicos da ao processo de tratamento para
água. melhorar a qualidade microbiológica da
C) Eliminar apenas as bactérias da água. água.
D) Eliminar apenas cistos de protozoários
da água.
5. O cloro é um desinfetante amplamente
empregado em ETAs para o tratamento da
2. Das formas de desinfecção descritas água. Dentre as características positivas e
abaixo, assinale na coluna F para aquelas negativas descritas abaixo, uma delas é uma
que são consideradas FÍSICAS e Q para informação FALSA. Assinale essa
aquelas consideradas QUÍMICAS. alternativa.

Forma de desinfecção F ou Q A) O cloro não gera subprodutos tóxicos


Filtração ( ) aos seres humanos.
Cloração ( ) B) O cloro elimina praticamente todos os
Temperatura ( ) microrganismos patogênicos.
Água oxigenada ( ) C) O cloro deixa um residual na água.
Ozônio ( ) D) O uso do cloro pode causar gosto e
Luz UV ( ) odor na água.
Íon prata ( )
Ultrassom ( )
6. O cloro pode ser utilizado nas formas
sólida, líquida e gasosa. Comercialmente
3. Abaixo há características descritas por essas formas (sólida, líquida e gasosa) são
diversos autores como necessárias para um denominadas respectivamente de:
produto ser considerado um bom
desinfetante. Algumas são verdadeiras, A) hipoclorito de sódio / cloro gasoso /
outras falsas. hipoclorito de cálcio
B) hipoclorito de sódio / hipoclorito de
I - Deve eliminar todos os microrganismos cálcio / cloro gasoso.
presentes no meio. C) hipoclorito de cálcio / hipoclorito de
II - Deve agir dentro de um tempo razoável. sódio / cloro gasoso.
III - Deve ser líquido ou gasoso. D) cloro gasoso / hipoclorito de sódio /
IV - Deve ser de fácil determinação após hipoclorito de cálcio.
sua aplicação.
V - Deve gerar um residual para evitar
recontaminações. 7. O dióxido de cloro (ClO 2) tem sido usado
com mais frequência nos processos de
As características que podem ser desinfecção da água, porém, ainda possui
consideradas falsas são: uma característica que torna a sua aplicação
um pouco menos vantajosa do que as outras
A) I e III. espécies de cloro. Essa característica é:
B) I e IV.
C) II, IV e V. A) O produto é muito perigoso para ser
D) III e V transportado e armazenado.
166

B) A reação do dióxido de cloro com a água A) Em pH acima de 10 o cloro tende a se


é exotérmica. dissolver na água e perde seu poder de
C) O poder de desinfecção é menor que o desinfecção.
de outras espécies de cloro. B) Em pH acima de 10 o cloro tem
D) Essa substância só pode ser preparada e preferência pela sua forma gasosa que é
aplicada no próprio local. pouco solúvel na água.
C) Em pH acima de 10 o cloro livre torna-se
cloro combinado que possui menor
8. Nas reações químicas para desinfecção poder desinfetante.
utilizando o cloro, busca-se a reagir o cloro D) Em pH acima de 10 o ácido hipocloroso
com a água para a formação de um agente se dissocia em íon hipoclorito que possui
ativo que possui, de fato, o efeito praticamente nenhum poder de
desinfetante. Esse agente ativo na desinfecção.
desinfecção é o:

A) Íon hipoclorito. 13. O cloro é a única substância que na PC5


B) Íon cloreto. - Anexo XX possui um valor mínimo e um
C) Ácido sulfúrico. valor máximo, sendo que, caso se encontre
D) Ácido hipocloroso. fora dessa faixa a água não pode ser
considerada potável. Para o cloro residual
livre, o valor mínimo e o valor máximo
9. Monocloroamina, dicloroamina e tricloreto exigidos pela PC5 - Anexo XX em qualquer
de nitrogênio são exemplos de formas ponto da rede de abastecimento são,
químicas pertencentes ao cloro denominado: respectivamente:

A) Cloro livre. A) 0,5 mg/L e 5,0 mg/L.


B) Cloro combinado. B) 0,2 mg/L e 2,0 mg/L.
C) Dióxido de cloro. C) 0,2 mg/L e 5,0 mg/L.
D) Isocianuratos clorados. D) 0,5 mg/L e 2,0 mg/L.

10. O cloro residual total é dado pela soma Utilize a imagem do gráfico a seguir para
das parcelas de: responder as questões 14 e 15.

A) Íon hipoclorito e ácido hipocloroso.


B) Todas as cloraminas.
C) Cloro livre e cloro combinado.
D) Trihalometanos totais.

11. O uso de amônia em processos de


cloração tem como objetivo a produção de
qual espécie de cloro?

A) Cloro combinado.
B) Cloro livre.
C) Íon hipoclorito 14. A cloração ao break-point ocorre nas
D) Íon cloreto. situações onde:

A) Há a presença de fenóis na água.


12. Na formação de cloro livre residual na B) Há a presença de amônia na água.
água, o pH desempenha um papel muito C) Há a presença de surfactantes na água.
importante, por isso é necessário que seja D) Há a presença de ácidos fúlvicos e
mantido sempre abaixo de 10. Por qual húmicos na água.
motivo isso se faz necessário?

15. Qual é a melhor descrição para o ponto


denominado "break-point" no gráfico?
167

A) O break-point ocorre quando as B) Remover a cor da água realizando uma


cloraminas (cloro combinado) são boa coagulação.
totalmente oxidadas pelo cloro e então C) Realizar uma pré-cloração na água
ele passa a ser liberado na forma de bruta.
cloro livre. D) Favorecer a formação de cloro residual
B) O break-point é o momento em que livre.
todos os microrganismos foram
eliminados, resultando apenas no cloro
livre a partir de então. 19. Após o tratamento da água pode-se
C) O break-point corresponde ao momento adicionar o flúor. Esse produto químico
em que se atinge o limite de solubilidade aplicado na água tratada tem a função de:
do gás cloro na água.
D) O break-point é o momento em que o A) Evitar a corrosão da rede de
cloro deixa de ser livre e passa a ser abastecimento.
formado como cloro combinado. B) Garantir que não ocorram
recontaminações.
C) Eliminar odores do cloro.
16. O cloro tem aplicações que vão além da D) Melhorar a manutenção bucal da
desinfecção. Em processos denominados de população.
pré-oxidação o cloro é aplicado antes de
qualquer outro produto químico. Abaixo há 20. Após a desinfecção pode-se aplicar
uma única situação onde a pré-oxidação não novamente uma solução alcalinizante. Essa
se aplica. Essa situação é: segunda aplicação tem como finalidade:

A) Redução de matéria orgânica. A) Reduzir o pH da água.


B) Remoção de gosto. B) Evitar a corrosão da rede da rede de
C) Remoção de ferro e manganês. distribuição.
D) Redução de trihalometanos. C) Evitar recontaminações.
D) Melhorar a manutenção bucal da
população.
17. Para a desinfecção da água pode-se usar
também outras formas além da cloração
como a aplicação de ozônio ou de luz 21. Suponha que você participa de um
ultravioleta. Porém há uma grande grupo de pesquisadores que estão testando
desvantagem na utilização dessas formas um novo método de desinfecção da água
em relação ao cloro. Essa desvantagem é: bruta antes do tratamento. Em ensaios
preliminares a água bruta continha 10 4
A) A geração de subprodutos tóxicos. microrganismos por 100 mL e após a
B) Não deixam um residual na água. aplicação de desinfetante esse valor é
C) Não se aplicam para vazões muito reduzido para 5x10-1. Calcule a eficiência de
grandes. remoção (ER) desse novo método e assinale
D) Tem potencial de desinfecção muito a alternativa correta:
menor que a cloração.
A) 2,3 log
B) 3,3 log
18. O cloro pode formar trihalometanos C) 4,3 log
(THM) quando aplicado em concentrações D) 5,3 log
inadequadas em águas contendo grande
presença de ácidos húmicos e fúlvicos. Uma 22. Com base na resposta do exercício
das formas de evitar a formação de THM anterior, a porcentagem de remoção (PR)
associados à presença dessas substâncias calculada é igual à:
é:
A) 95%
A) Aumentar a quantidade de cloro B) 99,5%
aplicada. C) 99,95%
D) 99,995%
168

9. ESTUDO DA PORTARIA DE CONSOLIDAÇÃO Nº 5 –


ANEXO XX

No mundo todo existe a necessidade sanitária de se regulamentar um padrão de


potabilidade da água que é fornecida para os consumidores. Esse padrão deve
conter as características físico-químicas e microbiológicas que a água potável deve
conter para não oferecer risco à saúde das pessoas.
As empresas públicas e concessionárias responsáveis pelo tratamento e
distribuição de água devem cumprir os requisitos descritos nesses padrões. Caso
não cumpram, devem ser devidamente penalizadas e arcar com os prejuízos que
venham a causar.
No Brasil, atualmente, a portaria que trata dos padrões de potabilidade da água
é a Portaria de Consolidação nº 5 – Anexo XX de 28 de setembro de 2017,
publicada pelo Ministério da Saúde (PC5 – Anexo XX), cujo texto foi alterado pela
Portaria MS nº 888 de 4 de maio de 2021.
A legislação de potabilidade é atualizada a cada 4 ou 5 anos, aproximadamente,
ou sempre que ocorra a divulgação de um novo dado científico que implique a
necessidade de sua atualização. Esses dados científicos trazem luz à novas
substâncias cancerígenas, novos limites recomendados de tolerância, novas
substâncias perigosas, etc.
Nos últimos 20 anos a portaria evoluiu da seguinte forma:

A Portaria 888/2021 trouxe mudanças significativas nos padrões de potabilidade.


Houve a inclusão de novos produtos químicos, agrotóxicos, mudanças nos VMPs
de várias substâncias, nos ensaios de monitoramento da qualidade, etc.
Lembre-se: embora a Portaria 888/2021 tenha alterado o texto do Anexo XX da
Portaria de Consolidação, não houve a revogação do Anexo XX. Ou seja, quando
formos reportar sobre os padrões de potabilidade, devemos nos reportar como
“Portaria de Consolidação nº 5 – Anexo XX, alterado pela Portaria 888/21.

OBJETOS DE ESTUDO
Vamos dividir o estudo da PC5 – Anexo XX da seguinte forma:
- Interpretação das definições mais importantes na área dos cursos
técnicos;
- Interpretação das seções;
- Interpretação dos padrões e outras informações relevantes existentes no
corpo do texto;
- Interpretação dos anexos.
169

9.1. CAPITULO II – DAS DEFINIÇÕES


Em nossa área devemos nos atentar principalmente para as seguintes definições
descritas no artigo 5º:

I - água para consumo humano: água potável destinada à ingestão, preparação de


alimentos e à higiene pessoal, independentemente da sua origem;
II - água potável: água que atenda ao padrão de potabilidade estabelecido neste Anexo
e que não ofereça riscos à saúde;
III - padrão de potabilidade: conjunto de valores permitidos para os parâmetros da
qualidade da água para consumo humano, conforme definido neste Anexo;

Perceba que os dois primeiros incisos descrevem o que é a água potável,


deixando bem claro que a água deve atender ao padrão de potabilidade para ser
considerada potável. O texto antigo continha a definição de “água tratada” também,
o que constantemente gerava interpretações ambíguas, pois nem toda água tratada
era potável, mas toda água potável era tratada. Essa definição não consta mais no
novo texto.
Outras definições que devemos saber interpretar são as seguintes:

V - sistema de abastecimento de água para consumo humano (SAA): instalação


composta por um conjunto de obras civis, materiais e equipamentos, desde a zona de
captação até as ligações prediais, destinada à produção e ao fornecimento coletivo de água
potável, por meio de rede de distribuição;
VI - solução alternativa coletiva de abastecimento de água para consumo humano
(SAC): modalidade de abastecimento coletivo destinada a fornecer água potável, sem rede
de distribuição;
VII - solução alternativa individual de abastecimento de água para consumo humano
(SAI): modalidade de abastecimento de água para consumo humano que atenda a
domicílios residenciais com uma única família, incluindo seus agregados familiares;

As soluções de abastecimentos descritas no slide anterior diferem segundo a


presença ou não de uma rede de abastecimento. Essa diferenciação é importante
pois definirá o grau de responsabilidade dos seus operadores, tipos e frequência de
amostragens, etc.
A primeira definição, Sistema de abastecimento de água para consumo humano
(SAA), envolve as soluções tradicionais das grandes cidades, onde a água é
captada de um manancial, tratada e distribuída aos consumidores através de
canalizações.
A segunda definição, Solução alternativa coletiva (SAC), diz que a água será
fornecida para diversas pessoas, mas sem a presença de redes de distribuição. É
o caso de chafarizes, poços artesianos abertos à população, caminhões pipa, etc.
Alguns clubes, hotéis, empresas privadas e condomínios optam por possuírem
uma rede completa de abastecimento. Nesse caso, também são enquadradas
como Sistema de abastecimento de água para consumo humano e não como uma
solução alternativa coletiva.
A terceira definição, Solução alternativa individual (SAI), remete somente à água
oriunda de poços artesianos ou de captações superficiais que que atendam
somente à uma família, incluindo seus agregados. Aquele que retira água de um
170

manancial e o fornece para uma comunidade está infringindo a lei, classificando-se


como uma solução alternativa coletiva (e não mais individual) e tendo que arcar
com os custos e as responsabilidades inerentes a essa atitude.

9.2. CAPÍTULO III – DAS RESPONSABILIDADES


O terceiro capítulo define as responsabilidades dos envolvidos no controle da
qualidade da água e fiscalização. O capítulo cita aquilo que compete à União, aos
Estados Federativos, aos Municípios, aos responsáveis pelos sistemas alternativos
coletivos e aos laboratórios de controle e vigilância.
Nessa parte, é importante ressaltar uma informação descrita no artigo 16, que
fala das competências pelos responsáveis pelo fornecimento de água por meio de
carro-pipa:

VI - manter o teor mínimo de cloro residual livre de 0,5 mg/L;

Não se deve confundir o teor de cloro residual livre exigido para carros-pipa com
o teor exigido para as redes de abastecimento de SAA e outros SAC que possuem
valores diferentes. .

9.3. CAPÍTULO IV – DAS EXIGÊNCIAS PARA OS SISTEMAS


DE ABASTECIMENTO E SOLUÇÕES COLETIVAS
Nesse capítulo destacam-se as exigências de que:
- Todos os sistemas devem ter responsável técnico habilitado;
- Toda água para consumo humano deve passar por um processo de
desinfecção ou cloração;
- Águas provenientes de fontes superficiais devem ser submetidas ao
processo de filtração;
- As redes de distribuição devem sempre operar com pressões positivas.
- Realizar a prática de desinfecção das tubulações em eventos de troca de
seções.
O artigo 26 diz que a instalação predial hidráulica ligada ao sistema de
abastecimento de água não poderá ser também alimentada por outras fontes. Na
prática, isso pode requerer alterações físicas em prédios, indústrias e comércios
que são alimentados por redes de abastecimento pública, mas contam também
com sistemas alternativos como poços e captação de água da chuva.
O texto antigo proibia os municípios de autorizarem o uso de fontes alternativas
no caso de o local possuir rede de abastecimento público. Essa proibição também
já não consta mais no novo texto, porém, a água advinda dos serviços de
abastecimento não pode utilizar o mesmo ramal de entrada das fontes alternativas.

9.4. CAPÍTULO V – DO PADRÃO DE POTABILIDADE


Nesse capítulo o técnico encontrará diversas informações interessantes sobre os
padrões que as empresas devem alcançar para que a água tratada seja
considerada potável.
171

O início do capítulo traz informações importantes sobre o monitoramento de


coliformes permitidos na rede de distribuição e no manancial, monitoramento do
sistema através da contagem de esporos de bactérias aeróbias informações sobre
amostragem e sobre desinfecção por ozônio ou ultravioleta, além dos parâmetros
de turbidez que devem ser alcançados para realizar a desinfecção da água. Diz
também sobre como proceder para realizar o monitoramento de oocistos de
Cryptosporidium ssp. e cistos de Giardia ssp.
O monitoramento de esporos de bactérias aeróbias é um novo procedimento a
ser adotado em caso de dúvida quanto à qualidade do manancial de abastecimento,
sendo um gatilho que poderá levar ao monitoramento de (oo)cistos.
Note que os padrões de turbidez descritos nessa etapa servem apenas para o
tratamento de água que estará ocorrendo e deve ser obtido após os processos de
filtração, sendo diferente do valor que deve chegar ao consumidor final (descrito na
tabela de padrões organolépticos da água).
O novo texto permite que o monitoramento da qualidade da água possa ser feito
avaliando-se a eficiência individual dos filtros rápidos, o que torna o processo mais
simples e eficaz em alguns casos.
O artigo 30 determina que se sigam os anexos sobre tempo de contato para
desinfecção eficaz e geração de residual, além de trazer como novidade os
desinfetantes denominados “isocianuratos clorados” que antes eram brevemente
mencionados, sendo que esses devem seguir as diretrizes para o cloro residual
livre.
Uma informação muito importante é citada no artigo 32:

Art. 32. É obrigatória a manutenção de, no mínimo, 0,2 mg/L de cloro residual
livre ou 2 mg/L de cloro residual combinado ou de 0,2 mg/L de dióxido de cloro em
toda a extensão do sistema de distribuição (reservatório e rede) e nos pontos de
consumo.
Para cada tipo de cloro aplicado (cloro residual livre, combinado ou dióxido de
cloro) há um valor mínimo de residual a ser aplicado. Para o cloro residual livre e
dióxido de cloro, o residual
mínimo é de 0,2 mg/L,
enquanto que para o cloro
combinado esse valor é
dez vezes maior: 2,0 mg/L.
De todos os parâmetros
descritos na PC5 – Anexo
XX, o cloro residual é o
único que possui um valor
mínimo e um valor máximo
permitido. Os outros
parâmetros somente
possuirão um valor
máximo. Cabe aqui
Figura 9.1: Gráfico com os valores mínimos e máximos para o
apresentar novamente o
cloro utilizado na desinfecção da água, segundo a PC5 – Anexo
XX. Com exceção dos caminhões-pipa, todos os outros valores gráfico mostrado no
referem-se a qualquer ponto da rede de abastecimento. capítulo anterior:
172

O artigo 33 diz que mesmo que seja usada outra forma de desinfecção como o
ozônio ou a radiação ultravioleta, deve-se adicionar cloro ou dióxido de cloro para
manter o teor residual mínimo exigido.
O artigo 37 também traz um texto totalmente novo sobre a potabilidade da água
do ponto de vista radiológico. Antes esses dados constavam apenas na tabela do
anexo 9 e agora possui todo um novo texto e recomendações mais bem detalhadas
sobre como proceder caso os padrões de radioatividade sejam extrapolados.
O artigo 38 permite que as concentrações de ferro e manganês na água potável
sejam superiores aos VMPs expressos no anexo 11 que trata dos padrões
organolépticos. Essa condição é possível desde que essas substâncias estejam
complexadas com produtos químicos que comprovadamente não ofereçam riscos
à saúde, como é o caso do ortopolifosfato de sódio. Sob essa condição, o VMP do
elemento ferro aumenta de 0,3 mg/L para 2,4 mg/L e para o elemento manganês
aumenta de 0,1 mg/L para 0,4 mg/L.
Uma informação importante que ao novo texto trouxe consta no artigo 39:

Art. 39. A soma das razões das concentrações de nitrito e nitrato e seus
respectivos VMPs, estabelecidos no Anexo 9, não deve exceder 1.
§ 1º O critério definido no caput deste artigo é expresso pela seguinte inequação:
(Concentração nitrato/VMP nitrato)+(Concentração nitrito/VMP nitrito) ≤1.

No anexo 9 que trata das substâncias que causam risco à saúde, o nitrato terá
um VMP de 10 mg/L e o nitrito 1,0 mg/L. Porém, a soma dessas das razões dessas
duas espécies presentes não pode ser maior do que 1,0 mg/L. Isso é importante
ressaltar, pois essas formas estão o tempo todo sendo consumidas e produzidas
em reações químicas, mudando suas concentrações rapidamente. Dessa forma,
medindo-se a razão entre elas e limitando esse valor à 1 mg/L é provável que se
torne mais fácil e simples o cumprimento desse parâmetro.
O artigo 39 do antigo texto foi totalmente suprimido pela Portaria 888 e não
consta mais no novo texto. Ele trazia recomendações importantes quanto ao pH
que devia ser mantido na rede de distribuição e o teor máximo de cloro residual
livre.

Art. 39. A água potável deve estar em conformidade com o padrão organoléptico de
potabilidade expresso no Anexo X a esta Portaria.
§ 1º Recomenda-se que, no sistema de distribuição, o pH da água seja mantido na faixa
de 6,0 a 9,5.
§ 2º Recomenda-se que o teor máximo de cloro residual livre em qualquer ponto do
sistema de abastecimento seja de 2 mg/L.

Em termos práticos, os operadores tendem a seguir os limites de pH descritos


nos anexos para desinfecção (anexos 3, 4 e 5 para mananciais superficiais e 6, 7 e
8 para mananciais subterrâneos) que têm um limite entre 6,0 e 9,0. Porém, como
não há uma determinação explícita dos valores que devem ser seguidos, a água
potável contendo valores de pH acima ou abaixo desses limites não estará fora do
padrão. Claro que, todavia, sabe-se que valores fora dessa faixa contribuem
fortemente para problemas operacionais como a formação de incrustações ou
173

corrosão das tubulações, portanto, dificilmente os operadores irão fornecer a água


potável fora desses limites.
O parágrafo 2º recomendava um teor máximo de cloro residual de 2,0 mg/L em
toda a rede de abastecimento. Novamente, isso gerava uma interpretação ambígua,
pois na tabela de substâncias perigosas havia o VMP de 5,0 mg/L para esse mesmo
parâmetro. Como não há consenso se uma “recomendação” tem o mesmo peso de
uma determinação, esse parágrafo foi suprimido no novo texto.

9.5. CAPÍTULO VI, VII e VIII


Os capítulos VI, VII e VIII trazem informações sobre o plano de amostragem,
penalidades e disposições finais.

Art. 42. Os responsáveis por SAA e SAC devem analisar pelo menos uma amostra
semestral da água bruta em cada ponto de captação com vistas a uma gestão preventiva
de risco.
§ 1º Nos Sistemas e soluções alternativas coletivas de abastecimento de água para
consumo humano, supridos por manancial superficial devem realizar análise dos
parâmetros Demanda Química de Oxigênio (DQO), Demanda Bioquímica de Oxigênio
(DBO), Oxigênio Dissolvido (OD), Turbidez, Cor Verdadeira, pH, Fósforo Total, Nitrogênio
Amoniacal Total e dos parâmetros inorgânicos, orgânicos e agrotóxicos, exigidos neste
Anexo.
§ 2º Sistemas e soluções alternativas coletivas de abastecimento de água para consumo
humano, supridos por manancial subterrâneo devem realizar análise dos parâmetros
Turbidez, Cor Verdadeira, pH, Fósforo Total, Nitrogênio Amoniacal Total, condutividade
elétrica e dos parâmetros inorgânicos, orgânicos e agrotóxicos, exigidos neste Anexo.

Quanto ao monitoramento do manancial, também traz detalhes sobre a


determinação de cianobactérias a partir do monitoramento de clorofila-a.
As disposições finais também trazem como informações importantes os prazos
de 12 meses para implementação dos ensaios de determinação de esporos de
bactérias aeróbias e 24 meses para o novo VMP de dureza (que diminuiu de 500
mg/L para 300 mg/L).

9.6. ANEXOS DA PC5 – ANEXO XX


Finalmente, ao término da PC5 – Anexo XX encontram-se os anexos que
dispõem, entre outras coisas, dos padrões microbiológicos, físico-químicos e
organolépticos que a água deve atender para ser considerada potável. O estudante
que for citar algum parâmetro descrito nessas tabelas deve usar a seguinte
transcrição (por exemplo – teor de ferro):

“O anexo 11 do anexo XX da Portaria de Consolidação nº 5/2017, alterada pela


Portaria MS nº 888 de 4 de maio de 2021 descreve que o valor máximo permitido
para a substância ferro é de 0,3 mg/L.”
174

9.6.1. Anexo 1 – Padrão Bacteriológico


A PC5 – Anexo XX descreve o número de amostras que podem apresentar a
presença de coliformes totais ou Escherichia coli no sistema de abastecimento:

Figura 9.2: Tabela de padrões bacteriológicos – Anexo 1. Fonte: PC5 – Anexo XX.

É importante ressaltar que a presença de Escherichia coli não é permitida em


nenhuma hipótese, pois a E.coli é um indicador de contaminação fecal com origem
no trato intestinal de animais de sangue quente.
Em SAA e SAC logo na saída do tratamento também não pode haver a presença
de coliformes totais, pois isso seria um indicador de que o processo de desinfecção
não está sendo eficiente. Porém, nas redes de distribuição e pontos de consumo a
presença de coliformes totais é tolerada em níveis mínimos:
- 1 amostra positiva para sistemas e soluções que abasteçam menos de 20
mil habitantes.
- até 5% das amostras positivas para sistemas e soluções que abasteçam
mais de 20 mil habitantes.

9.6.2. Anexo 2 – Padrão de Turbidez para Água Pós-


Desinfecção ou Pós-Filtração
A turbidez pode atuar de forma negativa nos processos de desinfecção da água,
diminuindo a eficiência do processo à níveis que podem ser comprometedores para
a saúde humana. Por isso, seu monitoramento após a etapa de filtração (no caso
de mananciais superficiais) ou pós-desinfecção (no caso de mananciais
subterrâneos) se faz necessário. Não apenas por isso, a turbidez também é um
indicativo da remoção de cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium, por isso,
seus valores devem sempre serem mantidos os mais baixos possíveis pois, de uma
forma indireta, estará comprovando a eliminação desses microrganismos da água.
175

Figura 9.3: Tabela de padrões de turbidez para água pós-desinfecção ou pós-filtração – Anexo
2. Fonte: PC5 – Anexo XX.

Notem que há um valor máximo aceitável para amostras que não alcançam o
VMP estabelecido (entre 95% e 99%). Para as amostras que não se enquadrarem
dentro desse percentual o VMP também não pode ser extrapolado indefinidamente,
pois isso comprovaria um péssimo desempenho dos processos de filtração e
desinfecção. Assim, há um limite máximo de turbidez para amostras que não
alcançam o VMP.

No exemplo mostrado, as amostras colhidas após o processo de filtração rápida


devem comprovar uma turbidez máxima de 0,5 uT em 95% das amostras pelo
menos. Para aquelas amostras que não alcançarem esse índice de VMP, o valor
máximo de turbidez aceita também não deve ser maior que 1,0 uT.

9.6.3. Anexos 3, 4, 5, 6, 7 e 8 – Tempo de Contato Mínimo


para Desinfecção
Os anexos 3, 4 e 5 tratam do tempo de desinfecção para obtenção de um
residual de cloro em função do pH e da temperatura. O anexo 3 traz os parâmetros
para o cloro residual livre. O anexo 4 para o cloro residual combinado e o anexo 5
para o dióxido de cloro. Esses três anexos se aplicam somente para águas
superficiais, enquanto os anexos 6, 7 e 8 têm a mesma finalidade citada, mas se
aplicam para águas subterrâneas.

Figura 9.4: Recorte de parte da tabela de tempo de contato mínimo – Anexo 3. Fonte: PC5 –
Anexo XX.
176

9.6.4. Anexo 9 – Substâncias que Apresentam Risco à


Saúde
É nesse anexo que encontramos o VMP (Valor Máximo Permitido) para diversas
substâncias que causam doenças nos seres humanos. A tabela divide-se em
substâncias inorgânicas, orgânicas, agrotóxicos e desinfetantes e produtos
secundários da desinfecção.
O estudante deve se atentar para o fato que alguns valores são expressos em
mg/L (miligramas por litro = 10-3 g/L) enquanto outros valores são expressos em
concentrações menores ainda, em µg/L (microgramas por litro = 10-6 g/L). É o caso
do cobre, por exemplo, cuja concentração máxima é de 2 mg/L (0,002 g/L),
enquanto o benzeno tem um VMP de 5 µg/L (0,000005 g/L).
Nesse anexo aparece o VMP para o cloro residual livre, que não deve ultrapassar
a concentração de 5,0 mg/L.
A Portaria 888 trouxe diversas alterações nos VMPs, inseriu uma série de novos
produtos químicos (principalmente agrotóxicos) e retirou outras substâncias.

Figura 9.5: Trechos da tabela de padrão de potabilidade para substâncias químicas que
apresentam risco à saúde – Anexo 9. Fonte: PC5 – Anexo XX.

9.6.5. Anexo 10 – Padrões para Cianotoxinas


O anexo 10 descreve os VMPs para cianotoxinas (substâncias liberadas por
cianobactérias). A portaria 888 acrescentou a substância Cilindrospermopsinas.

Figura 9.6: Tabela de padrão de cianotoxinas – Anexo 10. Fonte: PC5 – Anexo XX.
177

9.6.6. Anexo 11 – Padrão Organoléptico


Substâncias organolépticas são aquelas que não necessariamente oferecem
risco ao consumidor, porém, a presença delas pode causar a rejeição no consumo
da água por alterar alguma característica sensorial ao ocasionar gosto, odor ou
sabor, por exemplo.
Nesse anexo aparecem substâncias como alumínio, amônia, ferro e sulfatos,
além de características físico-químicas como gosto e odor, teor de sólidos, cor
aparente e turbidez. O VMP de turbidez informado aqui é aquele que, de fato, deve
chegar até a casa do consumidor.
Algumas alterações importantes que a Portaria 888 trouxe e que merecem
destaque são:
- Redução do VMP da dureza de 500 mg/L para 300 mg/L.
- Redução do teor de sólidos totais dissolvidos de 1.000 mg/L para
500 mg/L.
- Retirada da substância química Tolueno (inserida agora no anexo 9).

Figura 9.7: Tabela de padrão organoléptico – Anexo 11. Fonte: PC5 – Anexo XX.

9.6.7. Anexo 12 – Frequência de Monitoramento de


Cianobactérias
Em mananciais superficiais as cianobactérias implicam em uma série de
problemas. A presença desses microrganismos causa gosto, cheiro e cor, além de
ser possível a liberação de cianotoxinas. Portanto, seu monitoramento deve ser
realizado conforme a tabela do anexo 12.
178

Figura 9.8: Tabela de frequência de monitoramento de cianobactérias em mananciais


superficiais – Anexo 12. Fonte: PC5 – Anexo XX.

9.6.8. Anexo 13 – Frequência de Monitoramento de


Parâmetros Físico-Químicos para SAA
O anexo 13 traz a frequência de amostragem para controle dos padrões físico-
químicos da água em função do local de amostragem, da população abastecida e
do tipo de manancial. Apenas para SAA.

Figura 9.9: Tabela de número mínimo de amostras e frequência de amostragem para SAA –
Anexo 13. Fonte: PC5 – Anexo XX.

9.6.9. Anexo 14 – Frequência de Monitoramento de


Parâmetros Microbiológicos para SAA
O anexo 14 traz a frequência de amostragem para controle dos padrões
microbiológicos da água em função do local de amostragem, da população
abastecida e do tipo de manancial. Apenas para SAA.
179

Figura 9.10: Tabela do número mínimo de amostras mensais para o controle da qualidade da
água – Anexo 14. Fonte: PC5 – Anexo XX.

9.6.10. Anexo 15 – Frequência de Monitoramento de


Parâmetros Físico-Químicos e Microbiológicos para
SAC
O anexo 15 traz a frequência de amostragem para controle dos padrões físico-
químicos e microbiológicos da água em função do local de amostragem, da
população abastecida e do tipo de manancial. Apenas para SAC.

Figura 9.11: Tabela do número mínimo de amostras e frequência de amostragem para SAC –
Anexo 15. Fonte: PC5 – Anexo XX.
180

alternativa coletiva de abastecimento (SAC)


QUESTÕES SOBRE A pode ser compreendida como:

PORTARIA DE A) Conjunto de obras e dispositivos que


levam água potável até o consumidor
CONSOLIDAÇÃO Nº 5 – por meio de rede de abastecimento.
ANEXO XX B) Veículo transportador de água potável.
C) Sistema de abastecimento coletivo
destinado a fornecer água potável sem
1. A Portaria MS nº 888 de 4 maio de 2021 rede de distribuição.
tem como finalidade: D) Sistema de abastecimento de água para
consumo humano unifamiliar.
A) Revogar e substituir a Portaria de
Consolidação nº 5 – Anexo XX.
B) Alterar o texto do Anexo XX da Portaria 5. Água para consumo humano, segundo a
de Consolidação nº 5. PC5 – Anexo XX, pode ser definida como:
C) Complementar o texto do Anexo XX da
Portaria de Consolidação nº 5. A) A água que foi submetida ao tratamento
D) Regulamentar o texto do Anexo XX da buscando atingir os padrões de
Portaria de Consolidação nº 5. potabilidade.
B) A água que atenda aos padrões de
potabilidade tendo como origem
2. De acordo com a Portaria de exclusiva os mananciais superficiais.
Consolidação nº 5 – Anexo XX um sistema C) A água que atenda aos padrões de
de abastecimento de água (SAA) pode ser potabilidade tendo como origem
compreendido como: exclusiva os mananciais subterrâneos.
D) A água potável destinada à ingestão,
A) Conjunto de obras e dispositivos que preparação de alimentos e à higiene
levam água potável até o consumidor pessoal, independentemente da sua
por meio de rede de abastecimento. origem.
B) Veículo transportador de água potável.
C) Sistema de abastecimento coletivo
destinado a fornecer água potável sem 6. Quanto às exigências de operação para
rede de distribuição. os SAA e SAC que fornecem água potável,
D) Sistema de abastecimento de água para assinale a única alternativa verdadeira:
consumo humano unifamiliar.
A) Dependendo do sistema pode ser
dispensado o responsável técnico.
3. De acordo com a Portaria de B) As redes de distribuição devem operar
Consolidação nº 5 – Anexo XX uma solução com, pelo menos, 90% de sua
alternativa individual de abastecimento (SAI) capacidade em pressão positiva.
pode ser compreendida como: C) Toda água para consumo humano deve
passar por um processo de desinfecção
A) Conjunto de obras e dispositivos que ou cloração.
levam água potável até o consumidor D) Águas provenientes de fontes
por meio de rede de abastecimento. subterrâneas devem ser submetidas ao
B) Veículo transportador de água potável. processo de filtração.
C) Sistema de abastecimento coletivo
destinado a fornecer água potável sem
rede de distribuição. 7. O novo texto dado pela Portaria MS nº
D) Sistema de abastecimento unifamiliar de 888/2021 excluiu os ensaios de bactérias
água para consumo humano. heterotróficas e vírus entéricos para o
monitoramento da qualidade microbiológica
da água. Em compensação, um novo ensaio
4. De acordo com a Portaria de foi adicionado. Esse ensaio deve ser
Consolidação nº 5 – Anexo XX uma solução realizado em ETAs que não realizam a pré-
oxidação e à medida em que nota-se que a
181

qualidade da água bruta está se 10. Segundo a PC5 – Anexo XX, alterado
deteriorando, parâmetro que pode ser pela Portaria MS 888 de 4 de maio de 2021,
verificado a partir da contagem de o pH recomendado na rede de
Escherichia coli. Caso os resultados não abastecimento deve ser de:
sejam positivos, procede-se ao
monitoramento de (oo)cistos na água bruta. A) 6,0 a 9,5.
A figura abaixo mostra a sequência de B) 5,5 a 9,0.
ensaios: C) 7,0 a 10,0.
D) O novo texto não traz mais a
recomendação de valores de pH na
rede de abastecimento.

11. Os valores máximos permitidos para os


parâmetros Ferro e Manganês na água
potável estão descritos no anexo 11 da PC5
– Anexo XX. Esses VMPs são de 0,3 mg/L
para o ferro e 0,1 mg/L para o manganês.
O ensaio em questão mencionado no texto Porém, a legislação permite que esses
e que não aparece na imagem é: valores sejam ultrapassados, conforme
descrito no seu artigo 38. Essa situação só
A) Monitoramento de cianotoxinas na água será possível se:
tratada.
B) Contagem de cianobactérias no A) O processo de remoção de ferro e
manancial. manganês na ETA se comprovar
C) Avaliação da eficiência da remoção de ineficaz.
esporos de bactérias aeróbias. B) Se o manancial possuir naturalmente
D) Monitoramento de clorofila-a no teores de ferro e manganês acima do
manancial. VMP.
C) Se essas substâncias estiverem
complexadas com produtos químicos
8. Em relação ao texto da questão anterior, que não ofereçam risco à saúde
todos esses ensaios podem ser dispensados humana.
caso o processo de filtração rápida alcance D) O pH da água tratada seja baixo o
valores de turbidez na água filtrada de no suficiente para manter essas
máximo: substâncias dissolvidas.

A) 0,3 uT
B) 3,0 uT. 12. O artigo 39, parágrafo 1º da PC5 –
C) 30 uT Anexo XX, alterado pela Portaria MS
D) 300 uT 888/2021 define que os teores de nitrato e
nitrito devem cumprir o que se pede no
anexo 9, que estabelece um VMP de 10,0
9. O artigo 32 da PC5 – Anexo XX mg/L para o nitrato e 1 mg/L para o nitrito,
estabelece as concentrações mínimas de além de cumprir o proposto pela inequação
cloro residual no sistema de distribuição de descrita abaixo:
água, incluindo reservatórios, redes e
pontos de consumo. Respeitando a seguinte [𝑁𝑖𝑡𝑟𝑎𝑡𝑜] [𝑁𝑖𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜]
+ ≤1
ordem: cloro residual livre, cloro residual 𝑉𝑀𝑃𝑁𝑖𝑡𝑟𝑎𝑡𝑜 𝑉𝑀𝑃𝑁𝑖𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜
combinado e dióxido de cloro, os teores
mínimos de cloro residual mencionados pelo Um ensaio na água potável mostrou que as
artigo 32 devem ser respectivamente de: concentrações de nitrato e nitrito eram de,
respectivamente, 2 mg/L e 0,9 mg/L.
A) 0,2 mg/L, 2,0 mg/L e 0,2 mg/L. Conforme estabelecido pelo anexo, essa
B) 0,5 mg/L, 2,0 mg/L e 0,2 mg/L. amostra está cumprindo o que pede a
C) 0,5 mg/L, 0,2 mg/L e 2,0 mg/L. legislação?
D) 0,2 mg/L, 4,0 mg/L e 5,0 mg/L.
182

A) Sim, a amostra cumpre integralmente o ( ) Sim


que se pede na legislação. ( ) Não
B) Não, embora os valores do ensaio sejam
menores que o VMP a inequação é
excedida. 16. O anexo 9 da PC5 – Anexo XX contém
C) Não, pois tanto os VMPs, quanto a diversas substâncias que apresentam risco
inequação, estão sendo ultrapassados. à saúde humana. Esse anexo consiste em
D) Não, pois os VMPs são ultrapassados, uma tabela com os parâmetros e seus
embora a inequação não seja excedida. respectivos VMPs, subdividida em quatro
categorias. Essas categorias são:

13. A dureza é um parâmetro de grande A) Substâncias químicas inorgânicas,


importância na água potável. A Portaria MS substâncias químicas orgânicas,
888/2021 alterou o VMP desse parâmetro, agrotóxicos e subprodutos da
algo inédito, pois esse valor não era alterado desinfecção.
desde que surgiu nas legislações referentes B) Substâncias químicas, padrões
à água potável. Esse novo valor que passará organolépticos, cianotoxinas e
a vigorar 24 meses após a publicação da radioatividade.
Portaria é de: C) Substâncias químicas, agrotóxicos,
subprodutos da desinfecção e
A) 250 mg/L cianotoxinas.
B) 300 mg/L D) Padrões organolépticos, agrotóxicos,
C) 500 mg/L cianotoxinas e radioatividade.
D) 1.000 mg/L

17. Das substâncias listadas abaixo, todas


14. Em relação à presença de coliformes pertencem ao anexo 11 que trata dos
totais na água potável, o Anexo 1 da PC5 – parâmetros organolépticos da água, com
Anexo XX diz que: exceção de:

A) É totalmente proibida a ocorrência. A) Alumínio.


B) Tolera-se a ocorrência de 1 amostra B) Cor real.
mensal o processo de desinfecção. C) Cor aparente.
C) Tolera-se a ocorrência na rede de D) Sulfato.
abastecimento em 1 amostra mensal
para SAA e SAC que abastecem menos
de 20 mil habitantes. 18. Abaixo está uma parte da tabela do
D) Tolera-se a ocorrência na rede de anexo 14, que define o número mínimo de
abastecimento em até 15% das amostras mensais no sistema de distribuição
amostras mensais ensaiadas para SAA para SAA:
e SAC que abastecem mais de 20 mil
habitantes. População abastecida: 130.000 a
250.000
Número mínimo de amostras: 40
15. Um município hipotético com 30 mil + 1 para cada 2 mil habitantes.
habitantes realizou durante um mês o ensaio
de 30 amostras de água na rede de Calcule o número mínimo de amostras a
distribuição, conforme o anexo 1 da PC5 – serem ensaiadas para uma cidade com 150
Anexo XX. Dessas 30 amostras ensaiadas, mil habitantes e marque a alternativa
apenas 1 testou positiva para a presença de correta:
coliformes totais. Com base nessas
informações calcule o percentual de A) 75 amostras
amostras fora do padrão e compare com o B) 115 amostras
que é exigido no anexo 1. No mês em C) 175 amostras
questão o município cumpriu o que se exige? D) 215 amostras
(Marque apenas sim ou não)
183

ANEXO 1: ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DO ENSAIO DE


JAR-TEST

Método: varredura em Jar-test.

Objetivo: Determinar a concentração ideal de coagulante e também o pH que


melhor favorece a floculação e decantação para remoção de cor e turbidez da água.

Materiais:
- Equipamento de jar-test;
- Espectrofotômetro selecionado com a análise de cor ou colorímetro;
- Turbidímetro;
- pHmetro;
- Proveta (2 L);
- Pipeta graduada (10 mL ou 25 mL).

Reagentes:
- Solução de sulfato de alumínio (0,1% a 1%);
- Solução de cal hidratada (0,1% a 1%) ou solução de hidróxido de sódio
(0,1% a 1%).

Métodos – Determinação da concentração ideal de coagulante:


1) Fazer a leitura do pH, cor, turbidez e alcalinidade da água bruta;
2) Corrigir o pH e a alcalinidade (caso necessário);
3) Homogeneizar muito bem a amostra e transferir com a proveta o volume de
2,0 litros para cada jarro do jar-test e posicioná-los corretamente no
equipamento;
4) Com a pipeta graduada, adicionar nos copos de reagente as concentrações
de varredura (verificar a tabela A1.1 de estimativa de sulfato de alumínio em
relação à cor e/ou turbidez). Fazer a varredura em concentrações acima e
abaixo do recomendado;
5) Ligar a agitação dos jarros na velocidade de mistura rápida (100 rpm);
6) Adicionar simultaneamente o sulfato de alumínio nos jarros e deixar em
agitação rápida por 2 minutos;
7) Após o período, diminuir a agitação dos jarros para a velocidade de mistura
lenta (50 rpm) por mais 20 minutos;
8) Em seguida, desligar a agitação e deixar o conjunto em repouso por 20
minutos;
9) Coletar simultaneamente uma alíquota de aproximadamente 50 mL de cada
jarro nos copos de amostra e proceder à leitura do pH, cor e turbidez,
anotando os resultados na primeira tabela.

Métodos – Determinação do pH ideal:


10) Descartar a água utilizada no primeiro ensaio e lavar os jarros somente com
água;
184

11) Adicionar 2,0 litros de água bruta em cada jarro e posicioná-los no


equipamento;
12) Variar o pH dos jarros com a solução básica (cal hidratada ou hidróxido de
sódio) fazendo uma varredura de valores;
13) Preencher os copos de reagente com a concentração ideal de coagulante
determinada anteriormente;
14) Proceder igualmente aos procedimentos descritos nas etapas de 5 a 9.

Tabela de Apoio:
A tabela A1.1 a seguir apresenta uma estimativa do sulfato de alumínio em relação
à cor e turbidez:

Resultados:
Inserir os resultados da primeira bateria de testes em uma tabela conforme modelo
a seguir:

JARROS
PARÂMETROS
1 2 3 4 5 6
pH inicial
pH final
Cor final (uH)
Turbidez final (uT)
Conc. coagulante
(mg/L)
Concentração ótima de coagulante: ________ mg/L.

Inserir os resultados da segunda bateria de testes na próxima tabela:

JARROS
PARÂMETROS
1 2 3 4 5 6
pH inicial
pH final
Cor final (uH)
Turbidez final (uT)
Conc. Coagulante
(mg/L)
pH ótimo de coagulação/floculação: _________ .
185

ANEXO 2: NOTAS DE AULA COM EXEMPLOS PRÁTICOS


DA REALIZAÇÃO DE ENSAIOS DE JAR-TEST

INTRODUÇÃO
As águas naturais necessitam de processos físico-químicos de clarificação para
remover principalmente a cor e a turbidez presentes e atingir os padrões de
potabilidade estabelecidos pela legislação.
Atualmente empregam-se coagulantes químicos como o sulfato de alumínio e o
sulfato férrico para realizar essa tarefa.
Entretanto, a quantidade desses produtos químicos que deve ser utilizada para
tratar a água raramente é decidida através de cálculos estequiométricos, uma vez
que a água possui dezenas de parâmetros físico-químicos que alteram
consideravelmente o rendimento (ou até mesmo a ineficiência) dos produtos, tais
como a alcalinidade, o pH, a temperatura da água, a cor, a turbidez, etc.
Por se tratarem de produtos químicos, a utilização deles deve ser feita com
cautela, utilizando sempre uma concentração ótima de trabalho, nem a mais e nem
a menos.
Em face dessas necessidades, surge o Jar-test (ou teste de jarros). O jar-test
consiste em uma bateria de testes realizados na água para, entre outras coisas,
determinar o pH ideal de coagulação e a concentração ótima de coagulante que
deve ser aplicada à água para que ocorra seu tratamento.
Essa análise otimiza o uso de produtos químicos e permite realizar em pequena
escala ensaios em água bruta que deverão ser aplicados à ETA para que o
tratamento da água ocorra da melhor forma possível.
Nas ETAs tradicionais o ensaio de jar-test ocorre ao menos uma vez por dia ao
iniciar os trabalhos e repete-se sempre que necessário caso a qualidade da água
varie muito ao longo do dia.
O ensaio de jar-test permite testar novos coagulantes, verificar a formação e
decantação dos flocos formados, estimar gradientes de velocidade e tempos de
detenção hidráulico, entre tantas outras possíveis aplicações.

O EQUIPAMENTO JAR-TEST
Há no mercado inúmeros modelos de equipamentos de jar-test. Alguns com
apenas 1 jarro, outros com 2, 4, 6 ou mais.
Alguns modelos são analógicos e dependem do técnico para realizar todos os
procedimentos como a variação da velocidade de agitação, o lançamento do
coagulante, a interrupção da agitação, etc.
Outros mais modernos e digitais facilitam o trabalho ao realizarem todas essas
tarefas de forma autônoma. Entretanto, as características principais e similares a
todos os equipamentos são presença do jarro e do dispositivo de agitação.
Basicamente, o equipamento busca imitar uma ETA em pequena escala. Na ETA
há tanques e dispositivos específicos para a coagulação, floculação e decantação,
enquanto no jar-test isso tudo ocorrerá dentro de cada jarro.
Os jarros são preparados com diferenças na concentração de coagulante ou no
pH de forma a realizar uma varredura de possibilidades de trabalho, sempre
186

buscando a melhor concentração de coagulante a ser aplicada na água bruta e o


melhor pH de trabalho do coagulante.

Figura A2.1: Exemplos de equipamentos de jar-test disponíveis no mercado.

Figura A2.2: Fotos de ensaios.

O ENSAIO DE JAR-TEST
Antes de iniciar os ensaios de fato, deve-se medir a cor, a turbidez, a alcalinidade
e o pH inicial da água bruta.
Em seguida adiciona-se o volume de (pelo menos) 1 litro de água bruta em cada
jarro. Dependendo do modelo do jarro esse volume pode ser de até 2 litros, mas
deve-se tomar o cuidado para que a água não seja lançada para fora do jarro
durante a agitação e que todos os jarros tenham o mesmo volume de água.
Em seguida, verifica-se na literatura os valores recomendados de coagulante
para as características iniciais da água. Dentro desses valores recomendados,
deve-se fazer uma varredura, fracionando as concentrações em cada jarro. O
primeiro jarro terá a menor concentração recomendada e o último a maior
concentração. Os jarros intermediários terão valores intermediários de
concentração.
187

Então, corrige-se a alcalinidade (se necessário) e acerta-se o pH de todos os


jarros para o mesmo valor (se necessário).
Inicia-se a agitação rápida (geralmente uma velocidade maior que 150 rpm). A
agitação rápida simula a coagulação.
Adiciona-se simultaneamente as doses de coagulante preparadas para cada
jarro e aguarda-se 2 minutos.
Após esse período a agitação é reduzida para uma velocidade lenta (geralmente
menor que 20 rpm) durante 20 minutos. A agitação lenta simula a etapa de
floculação.
Após os 20 minutos, encerra-se a agitação e os jarros ficam descansando por
mais 20 minutos. Essa etapa sem agitação simula a decantação em uma ETA.
Finalmente, recolhem-se alíquotas de água de cada jarro e procede-se a uma
nova leitura de cor, turbidez e pH. O jarro que apresentar a melhor redução de cor
e turbidez corresponderá àquele que tem a melhor concentração de coagulante a
ser utilizada.
Após essa primeira bateria onde se decidiu a melhor concentração de
coagulante, repete-se o processo todo novamente.
Nessa segunda bateria, todos os jarros receberão a mesma dose ótima de
coagulante que acabara de ser determinada. Contudo, o pH de cada jarro agora
será diferente, ocorrendo uma varredura nos valores possíveis.
Varia-se, então, o pH de cada jarro (pode ser em escala de 0,5 em 0,5, por
exemplo) e repete-se todo o procedimento de agitação, descanso e posterior leitura
de cor, turbidez e pH.
O jarro que apresentar o melhor índice de redução nos valores de cor e turbidez
será aquele que apresentará o melhor pH de coagulação também.
Terminada a segunda bateria de testes o analista terá como resultados a melhor
concentração de coagulante e o melhor pH a serem aplicados na água bruta que
será tratada em uma ETA.

FABRICAÇÃO DO COAGULANTE CONCENTRADO


Antes de iniciar o ensaio de jar-test o técnico deve, primeiramente, preparar as
soluções de coagulante superconcentrada e de alcalinizante.
O coagulante deve ser preparado em laboratório preferencialmente com mesma
concentração utilizada na ETA.
Suponha uma ETA que trabalha com o coagulante sulfato de alumínio em uma
concentração de 10.000 mg/L, o técnico então pesará uma massa de 10 g
(10.000 mg) de sulfato de alumínio em balança analítica e dissolver em 1 litro de
água, obtendo a mesma concentração utilizada na ETA.
Em seguida, o analista determina as faixas de varredura para o coagulante e
procede aos cálculos estequiométricos para determinar os volumes de solução que
devem ser aplicados em cada jarro.
Assim como com o coagulante, a solução alcalinizante também deve ser
preparada preferencialmente com a mesma concentração daquela usada na ETA.
A solução alcalinizante visa ajustar a alcalinidade da água para que o pH não
diminua consideravelmente quando o coagulante for utilizado, mantendo o pH
dentro da faixa de trabalho.
O alcalinizante pode ser preparado com cal virgem, hidróxido de sódio ou
barrilha.
188

Aqui cabe lembrar que para o sulfato de alumínio 1,0 mg/L de coagulante
consome aproximadamente 0,50 mg/L de alcalinidade.

DESENVOLVIMENTO DO ENSAIO
O ensaio de jar-test envolve diversos procedimentos que devem ser realizados
antes e após a agitação.
Determinação dos parâmetros de ensaio, das concentrações e volumes de
coagulante, correção de alcalinidade, etc.
Uma série de decisões precisam ser tomadas em razão dos resultados possíveis.
É quase impossível abranger todas as possibilidades em uma única aula teórica.
Em função disso, tentarei mostrar de forma prática com dois exemplos que
buscam abranger o máximo possível o desenvolvimento do ensaio e as decisões
que devem ser tomadas na prática.
O exemplo A2.1 será realizado em uma circunstância onde a alcalinidade não
precisa ser corrigida, enquanto no exemplo A2.2 isso será necessário.
Relembrando que são exemplos teóricos feitos com valores arbitrários.

EXEMPLO A2.1
Em um dia de trabalho na ETA as condições da água bruta eram as seguintes:
• Cor = 48 uH
• Turbidez = 95 uT
• Alcalinidade = 33 mg/L CaCO3
• pH = 6,8
- Realizar um ensaio de jar-test para determinar a melhor concentração de
coagulante e o melhor pH para o tratamento da água.
• Concentração do coagulante sulfato de alumínio = 10.000 mg/L
• Concentração do alcalinizante Ca(OH)2 = 5.000 mg/L

Faça as estimativas de dosagem ideal de coagulante e pH ótimo de trabalho para


um equipamento de jar-test com 6 jarros e 1,5 litro de água bruta em cada jarro.

Desenvolvimento:
- Primeiramente verificamos na literatura qual a faixa de concentração de
coagulante para essas condições de cor (48 uH) e turbidez (95 uT):
189

- Uma das formas mais simples de decidir os valores de varredura é aplicar a


fórmula a seguir para encontrar as concentrações de coagulante em cada
jarro:
(𝑀𝑎𝑖𝑜𝑟 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 − 𝑀𝑒𝑛𝑜𝑟 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜)
𝑅𝑎𝑧ã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑎𝑔𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 =
(𝑛º 𝑗𝑎𝑟𝑟𝑜𝑠 − 1)

- A faixa de trabalho escolhida nesse exemplo é de 16 a 32 mg/L em um jar-


test de 6 jarros, portanto, as concentrações em cada jarro aumentarão numa
faixa de:
(32 − 16) 16
𝑅𝑎𝑧ã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑎𝑔𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 = = = 𝟑, 𝟐 𝒎𝒈/𝑳
(6 − 1) 5

- Em cada jarro as concentrações de coagulante a serem aplicadas serão as


seguintes:

- A partir das concentrações de coagulante em cada jarro, procedemos a


cálculos de diluição para definir o volume de coagulante a ser colocado em
cada copo dosador.

- O jarro 1 requer uma concentração de 16 mg/L a ser feita a partir de uma


solução de coagulante com concentração de 10.000 mg/L e 1,5 L
(1.500 mL) de água bruta:

- O jarro 2 requer uma concentração de 19,2 mg/L:


190

- Repete-se esse procedimento de cálculo para os demais jarros.


- Ao final, teremos as seguintes concentrações e volumes de coagulante:

- Agora temos que nos certificar que a alcalinidade da água será suficiente
para as doses de coagulantes que utilizaremos.
- Partimos da relação descrita em que cada 1 mg de coagulante sulfato de
alumínio consome 0,50 mg de alcalinidade.
- A alcalinidade da água bruta nesse exemplo é de 33 mg/L CaCO3. Caso
algum resultado seja maior que esse valor a alcalinidade deve ser corrigida.
- Para o jarro 1, cuja dose de coagulante será de 16 mg/L, a alcalinidade
mínima requerida será de:

𝐴𝑙𝑐𝑎𝑙𝑖𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑞𝑢𝑒𝑟𝑖𝑑𝑎 = 16 ∗ 0,50 = 𝟖, 𝟎 𝒎𝒈/𝑳 𝑪𝒂𝑪𝑶𝟑

- Para o jarro 2, cuja dose de coagulante será de 19,2 mg/L, a alcalinidade


mínima requerida será de:

𝐴𝑙𝑐𝑎𝑙𝑖𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑞𝑢𝑒𝑟𝑖𝑑𝑎 = 19,2 ∗ 0,50 = 𝟗, 𝟔 𝒎𝒈/𝑳 𝑪𝒂𝑪𝑶𝟑

- Para o jarro 3, cuja dose de coagulante será de 22,4 mg/L, a alcalinidade


mínima requerida será de:

𝐴𝑙𝑐𝑎𝑙𝑖𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑞𝑢𝑒𝑟𝑖𝑑𝑎 = 22,4 ∗ 0,50 = 𝟏𝟏, 𝟐 𝒎𝒈/𝑳 𝑪𝒂𝑪𝑶𝟑


191

- Repetindo o procedimento para todos os outros jarros, verifica-se que em


nenhum deles será necessário corrigir a alcalinidade, pois em todos a
alcalinidade natural é maior que a alcalinidade requerida.

- Finalmente, o exercício informa que na água bruta o pH natural é de 6,8.


- Para o sulfato de alumínio esse pH é o suficiente, entretanto, o analista com
sua experiência do dia-a-dia saberá se é melhor elevar o pH para outro valor
ou deixá-lo em 6,8.
- Caso fosse necessário elevar o pH isso seria possível de ser realizado com
a própria solução alcalinizante. O analista vai gotejando a solução enquanto
um pHmetro faz as leituras instantâneas até atingir-se o valor desejado.
- Nesse momento é primordial que o pH de todos os jarros estejam no mesmo
valor.
- As condições de ensaio da 1ª bateria serão as seguintes:

- Vamos supor que os resultados da 1ª bateria tenham sido os seguintes:


192

- Decidida a concentração ótima de coagulante, agora procedemos a uma


segunda bateria de testes realizando uma varredura nos valores de pH da
água bruta.
- Um exemplo de possibilidade é variar em 0,5 unidade o pH de cada jarro.
Cada laboratório de ETA e cada analista tem a experiência para decidir qual
deve ser a melhor variação.
- Nessa segunda bateria a concentração de coagulante em todos os jarros
será a mesma.
- Os procedimentos experimentais (tempo de agitação, velocidade de
agitação e tempo de descanso) também são iguais aos da primeira bateria.
- Portanto, na 2ª bateria as condições de teste serão as seguintes:

- Vamos supor que os resultados da 2ª bateria tenham sido os seguintes:

Resultados Finais
- Diante dos resultados, verificamos que a concentração ótima de coagulante
para essa água bruta é de 22,4 mg/L e o pH ideal para a coagulação é de
8,3.
- Caso essa fosse uma situação real de trabalho, o analista informaria aos
operadores da ETA para adequarem as bombas dosadoras para essas
condições de trabalho.

EXEMPLO A2.2:
Em um dia de trabalho na ETA as condições da água bruta eram as seguintes:
193

• Cor = 99 uH
• Turbidez = 39 uT
• Alcalinidade = 12 mg/L CaCO3
• pH = 6,8
- Realizar um ensaio de jar-test para determinar a melhor concentração de
coagulante e o melhor pH para o tratamento da água.
• Concentração do coagulante sulfato de alumínio = 10.000 mg/L
• Concentração do alcalinizante Ca(OH)2 = 5.000 mg/L

Faça as estimativas da dosagem ideal de coagulante e do pH ótimo para um


equipamento de jar-test com 6 jarros e 1,5 litro de água bruta em cada jarro.

Desenvolvimento
- Primeiramente verificamos na literatura qual a faixa de concentração de
coagulante para essas condições de cor (99 uH) e turbidez (39 uT):

- A faixa de trabalho, portanto, será feita em uma razão de:

(𝑀𝑎𝑖𝑜𝑟 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 − 𝑀𝑒𝑛𝑜𝑟 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜)


𝑅𝑎𝑧ã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑎𝑔𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 =
(𝑛º 𝑗𝑎𝑟𝑟𝑜𝑠 − 1)

(32 − 13) 19
𝑅𝑎𝑧ã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑎𝑔𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 = = = 𝟑, 𝟖 𝒎𝒈/𝑳
(6 − 1) 5

- Em cada jarro as concentrações de coagulante a serem aplicadas serão as


seguintes:
194

- A partir das concentrações de coagulante em cada jarro, procedemos aos


cálculos de diluição para definir o volume de coagulante a ser colocado em
cada copo dosador. Lembrando que a solução de coagulante tem
concentração de 10.000 mg/L e o volume de água bruta em cada jarro é de
1.500 mL (1,5 L).

- Teremos as seguintes concentrações e volumes de coagulante:

- Temos que nos certificar que a alcalinidade da água será suficiente para as
doses de coagulantes que utilizaremos.
- Partimos da relação descrita em que cada 1 mg de coagulante sulfato de
alumínio consome 0,50 mg de alcalinidade.
- A alcalinidade da água bruta nesse exemplo é de 12 mg/L CaCO 3. Caso
algum resultado seja maior que esse valor a alcalinidade deve ser corrigida.
-
195

- Como teremos que corrigir a alcalinidade de 3 jarros adicionando


alcalinizante, é inevitável que o pH deles aumente.
- Consequentemente, torna-se muito difícil realizar a primeira bateria de testes
com o mesmo pH para todos os seis jarros.
- Portanto, ao corrigir a alcalinidade do último jarro, sendo esse que requer a
maior quantidade de alcalinizante, iremos também utilizar o mesmo volume
de alcalinizante para todos os outros cinco jarros, mesmo aqueles que não
necessitem de correção.
- Isso se faz necessário para que o pH de todos os jarros sejam iguais na
primeira bateria de testes.

- A correção da alcalinidade é feita de forma estequiométrica.


- O último jarro irá requerer uma alcalinidade de 16,0 mg/L CaCO3 sendo que
a alcalinidade natural da água bruta é de 12,0 mg/L CaCO3.
- Portanto, é necessário adicionar 4,0 mg/L de alcalinidade artificial no
mínimo.
- O alcalinizante (cal hidratada) é fabricado em uma concentração de 5.000
mg/L, sendo que cada mg/L dessa substância corresponde a um aumento
de 1,35 mg/L de alcalinidade. Portanto, aplicando um fator de correção (f)
ao produto, temos que a concentração pode ser considerada como:

𝐶 = 𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 ∗ 𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒çã𝑜

𝐶 = 5.000 ∗ 1,35 = 𝟔. 𝟕𝟓𝟎 𝒎𝒈/𝑳

- Finalmente, podemos determinar o volume de alcalinizante que será


corresponderá a um acréscimo de 4,0 mg/L CaCO3 de alcalinidade:

𝐶1 ∗ 𝑉1 = 𝐶2 ∗ 𝑉2

6.750 ∗ 𝑉1 = 4,0 ∗ 1.500

6.000
𝑉1 = = 𝟎, 𝟗 𝒎𝑳
6.750

- Teremos as seguintes concentrações e volumes de coagulante e


alcalinizante:
196

- Finalmente, o exercício informa que na água bruta o pH natural é de 6,8.


- Vimos que para o sulfato de alumínio esse pH é o suficiente, entretanto, ao
utilizarmos a solução alcalinizante nos jarros esse valor invariavelmente irá
aumentar.
- Nesse nosso exemplo, iremos supor que o pH aumentou para 7,3 de forma
arbitrária.
- Lembrando que nesse momento é primordial que o pH de todos os jarros
estejam no mesmo valor.
- As condições de ensaio da 1ª bateria serão as seguintes:

- Vamos supor que os resultados da 1ª bateria tenham sido os seguintes:


197

- Decidida a concentração ótima de coagulante, agora procedemos a uma


segunda bateria de testes realizando uma varredura nos valores de pH da
água bruta.
- Iremos utilizar a concentração de coagulante encontrada e variar o pH em
0,5 unidades para cada jarro, partindo de 7,3. Lembrando que esse valor foi
uma decisão arbitrária, apenas para exemplo e simulação.
- Nos jarros com pH maior que 7,3 será adicionada uma quantidade maior de
alcalinizante para atingir o pH necessário, entretanto, não é fundamental que
se saiba precisamente qual será o novo valor de alcalinidade da água. O
importante é que seja suficiente para a dose de 28,2 mg/L de coagulante.
- Novamente, o analista terá experiência prática para decidir a partir de qual
valor de pH ele deve iniciar os ensaios.
- Portanto, na 2ª bateria as condições de teste serão as seguintes:

- Vamos supor que os resultados da 2ª bateria tenham sido os seguintes:

Resultados
- Diante dos resultados, verificamos que a concentração ótima de coagulante
para essa água bruta é de 28,2 mg/L e o pH ideal para a coagulação é de
7,8.
- Caso essa fosse uma situação real de trabalho, o analista informaria aos
operadores da ETA para adequarem as bombas dosadoras para essas
condições de trabalho.
198

CONSIDERAÇÕES FINAIS
- O ensaio de jar-test é muito dinâmico e útil em estações de tratamento de
água.
- Cada ETA tem a liberdade de adaptar o ensaio para a realidade do local de
trabalho, entretanto, os princípios básicos são os mesmos para todos os
sistemas de operação.
- O analista com o tempo adquire muita prática e todos esses procedimentos
passam a ser facilmente executados.
- É sempre bom utilizar o apoio de uma planilha de computador ou similar para
realização dos cálculos, pois otimiza mais ainda o tempo de ensaio.
199

GABARITOS DAS ATIVIDADES


1. PARÂMETROS DA QUALIDADE DA ÁGUA
1 A 6 A 11 A 16 D
2 C 7 B 12 B 17 C
3 V, V, F, F, V, V, V 8 A 13 B 18 D
4 C 9 D 14 V, F, V, F, F
5 B 10 C 15 A

2. SISTEMAS E DISPOSITIVOS PARA CAPTAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA


1 B 6 A 11 C 16 A
2 D 7 B 12 D 17 D
3 A 8 D 13 C
4 A 9 A 14 D
5 D 10 A 15 B

3. USOS DA ÁGUA E CÁLCULOS HIDRÁULICOS BÁSICOS


1 C 9 B 17 C 25 B
2 B 10 C 18 A 26 C
3 C 11 B 19 C 27 B
4 A 12 D 20 B 28 A
5 B 13 C 21 A 29 C
6 C 14 A 22 B 30 D
7 A 15 B 23 C 31 D
8 D 16 C 24 B 32 D

4. COAGULAÇÃO
1 A 8 A 15 A 22 B
2 B 9 C 16 D 23 A
3 V, V, F, F, V, V, F, F 10 B 17 C 24 A
4 B 11 B 18 B 25 C
5 B 12 C 19 D 26 B
6 C 13 D 20 C 27 C
7 C 14 C 21 C 28 B

5. FLOCULAÇÃO
1 B 4 F, V, F, V, F, F 7 C 10 B
2 A 5 C 8 D
3 C 6 B 9 C

6. DECANTAÇÃO
1 C 5 C 9 B 13 B
2 C 6 C 10 D 14 A
3 D 7 A 11 A
4 B 8 D 12 D

7. FILTRAÇÃO
1 D 6 A 11 C 16 A
2 C 7 B 12 A 17 C
3 D 8 D 13 V, V, F, F
4 B 9 A 14 D
5 D 10 B 15 B
200

8. DESINFECÇÃO E PÓS-DESINFECÇÃO
1 B 7 D 13 C 19 D
2 F, Q, F, Q, Q, F, Q, F 8 D 14 B 20 B
3 A 9 B 15 A 21 C
4 C 10 C 16 D 22 D
5 A 11 A 17 B
6 C 12 D 18 B

9. PORTARIA DE CONSOLIDAÇÃO Nº 5 – ANEXO XX


1 B 6 C 11 C 16 A
2 A 7 C 12 B 17 B
3 D 8 A 13 B 18 B
4 C 9 A 14 C
5 D 10 D 15 SIM
201

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Brasília: Ministério da Saúde, 2016.

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Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. Orientações técnicas para
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