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e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes

Escola Técnica Aberta do Brasil

Meio Ambiente

Tratamento de Águas

Ellen Bárbara Santos Domingues Morais

Ministério da
Educação
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Escola Técnica Aberta do Brasil

Meio Ambiente

Tratamento de Águas

Ellen Bárbara Santos Domingues Morais

Montes Claros - MG
2011
Presidência da República Federativa do Brasil
Ministério da Educação
Secretaria de Educação a Distância
Ministro da Educação Coordenadores de Cursos:
Fernando Haddad
Coordenador do Curso Técnico em Agronegócio
Secretário de Educação a Distância Augusto Guilherme Dias
Carlos Eduardo Bielschowsky
Coordenador do Curso Técnico em Comércio
Coordenadora Geral do e-Tec Brasil Carlos Alberto Meira
Iracy de Almeida Gallo Ritzmann
Coordenador do Curso Técnico em Meio
Governador do Estado de Minas Gerais Ambiente
Antônio Augusto Junho Anastasia Edna Helenice Almeida

Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia Coordenador do Curso Técnico em Informática


e Ensino Superior Frederico Bida de Oliveira
Alberto Duque Portugal
Coordenador do Curso Técnico em
Vigilância em Saúde
Simária de Jesus Soares

Coordenador do Curso Técnico em Gestão


em Saúde
Reitor
Zaida Ângela Marinho de Paiva Crispim
João dos Reis Canela
TRATAMENTO DE ÁGUAS
Vice-Reitora e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Maria Ivete Soares de Almeida
Elaboração
Pró-Reitora de Ensino Ellen Bárbara Santos Domingues Morais
Anete Marília Pereira
Projeto Gráfico
Diretor de Documentação e Informações e-Tec/MEC
Huagner Cardoso da Silva
Supervisão
Coordenador do Ensino Profissionalizante Wendell Brito Mineiro
Edson Crisóstomo dos Santos
Diagramação
Diretor do Centro de Educação Profissonal e Hugo Daniel Duarte Silva
Marcos Aurélio de Almeida e Maia
Tecnólogica - CEPT
Juventino Ruas de Abreu Júnior
Impressão
Gráfica RB Digital
Diretor do Centro de Educação à Distância
- CEAD Designer Instrucional
Jânio Marques Dias Angélica de Souza Coimbra Franco
Kátia Vanelli Leonardo Guedes Oliveira
Coordenadora do e-Tec Brasil/Unimontes
Rita Tavares de Mello Revisão
Maria Ieda Almeida Muniz
Coordenadora Adjunta do e-Tec Brasil/ Patrícia Goulart Tondineli
CEMF/Unimontes Rita de Cássia Silva Dionísio
Eliana Soares Barbosa Santos
AULA 1

Alfabetização Digital
Apresentação e-Tec Brasil/Unimontes

Prezado estudante,

Bem-vindo ao e-Tec Brasil/Unimontes!

Você faz parte de uma rede nacional pública de ensino, a Escola


Técnica Aberta do Brasil, instituída pelo Decreto nº 6.301, de 12 de dezembro
2007, com o objetivo de democratizar o acesso ao ensino técnico público,
na modalidade a distância. O programa é resultado de uma parceria entre
o Ministério da Educação, por meio das Secretarias de Educação a Distância
(SEED) e de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC), as universidades e
escola técnicas estaduais e federais.
A educação a distância no nosso país, de dimensões continentais e
grande diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pes-
soas ao garantir acesso à educação de qualidade, e promover o fortalecimen-
to da formação de jovens moradores de regiões distantes, geograficamente
ou economicamente, dos grandes centros.
O e-Tec Brasil/Unimontes leva os cursos técnicos a locais distantes
das instituições de ensino e para a periferia das grandes cidades, incenti-
vando os jovens a concluir o ensino médio. Os cursos são ofertados pelas
instituições públicas de ensino e o atendimento ao estudante é realizado em
escolas-polo integrantes das redes públicas municipais e estaduais.
O Ministério da Educação, as instituições públicas de ensino técnico,
seus servidores técnicos e professores acreditam que uma educação profis-
sional qualificada – integradora do ensino médio e educação técnica, – não só
é capaz de promover o cidadão com capacidades para produzir, mas também
com autonomia diante das diferentes dimensões da realidade: cultural, so-
cial, familiar, esportiva, política e ética.

Nós acreditamos em você!

Desejamos sucesso na sua formação profissional!

Ministério da Educação
Janeiro de 2010

Tratamento de Águas 3 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


AULA 1

Alfabetização Digital
Indicação de ícones

Os ícones são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas


de linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual.

Atenção: indica pontos de maior relevância no texto.

Saiba mais: oferece novas informações que enriquecem o assunto ou


“curiosidades” e notícias recentes relacionadas ao tema estudado.

Glossário: indica a definição de um termo, palavra ou expressão utilizada


no texto.

Mídias integradas: possibilita que os estudantes desenvolvam atividades


empregando diferentes mídias: vídeos, filmes, jornais, ambiente AVEA e
outras.

Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em diferentes níveis


de aprendizagem para que o estudante possa realizá-las e conferir o seu
domínio do tema estudado.

Tratamento de Águas 5 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


AULA 1

Alfabetização Digital
Sumário

Palavra do professor conteudista............................................ 11


Projeto instrucional............................................................ 13
Aula 1 - Água, um bem fundamental........................................ 15
1.1 A água e o corpo humano........................................... 15
1.2 Consumo de água e desenvolvimento............................. 16
1.3 Distribuição da água no planeta................................... 17
1.4 Qualidade da água................................................... 17
Resumo.................................................................... 18
Atividades de aprendizagem............................................ 18
Aula 2 - Conceitos gerais relativos ao tratamento de água............... 19
2.1 Saneamento básico.................................................. 19
2.2 Abastecimento de água............................................. 20
Resumo.................................................................... 22
Aula 3 - Requisitos de qualidade da água para consumo humano....... 23
3.1 Requisitos físicos..................................................... 23
3.2 Requisitos químicos.................................................. 24
3.3 Requisitos microbiológicos.......................................... 25
Resumo.................................................................... 26
Atividades de aprendizagem............................................ 26
Aula 4 - Tratamentos da água para o consumo humano.................. 27
4.1 Tratamento domiciliar............................................... 27
4.2 Tratamento público.................................................. 28
Resumo.................................................................... 31
Atividades de aprendizagem............................................ 31
Aula 5 - Instalações típicas para tratamento das águas de abastecimento.33
5.1 Captação de água bruta do manancial............................ 33
5.2 Estação elevatória e adutora de água bruta..................... 34
5.3 Estação de tratamento de água (ETA)............................ 34
5.4 Reservatórios de compensação.................................... 37
5.5 Estação elevatória e adutora de água tratada................... 38
5.6 Reservatórios de distribuição da cidade.......................... 38
5.7 Rede de distribuição................................................ 39
Resumo.................................................................... 40
Aula 6 - Hidráulica – conceitos gerais........................................ 41
6.1 Conceito de hidráulica.............................................. 41
6.2 Propriedades físicas dos líquidos.................................. 41
6.3 Hidrostática........................................................... 44
6.4 Hidrodinâmica........................................................ 47
Resumo.................................................................... 47
Atividades de aprendizagem............................................ 47

Tratamento de Águas 7 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Aula 7 - Coagulação e mistura rápida....................................... 49
7.1 Definições de coagulação e mistura rápida ...................... 49
7.2 Parâmetros para o projeto de unidade de mistura rápida..... 50
7.3 Medição de vazão.................................................... 51
Resumo.................................................................... 52
Atividades de aprendizagem............................................ 52
Aula 8 - Misturadores empregados na mistura rápida..................... 53
8.1 Misturadores hidráulicos............................................ 53
8.2 Misturadores mecanizados.......................................... 56
Resumo.................................................................... 58
Aula 9 - Floculação............................................................. 59
9.1 Mistura lenta ou floculação ........................................ 59
9.2 Tipos de floculadores................................................ 59
9.3 Normas da NBR 12216 para projetos de floculadores........... 65
9.4 Ensaios de floculação (Jar-test).................................... 66
Resumo.................................................................... 67
Atividades de aprendizagem............................................ 67
Aula 10 - Decantação.......................................................... 69
10.1 Decantação ou sedimentação..................................... 69
10.2 Dimensionamento hidráulico para a decantação............... 69
10.3 Tipos de decantadores............................................. 70
10.4 Formatos e números de decantadores........................... 71
10.5 Zonas dos decantadores........................................... 72
10.6 Dispositivos dos decantadores.................................... 72
10.7 Limpeza dos decantadores........................................ 73
Resumo.................................................................... 75
Atividades de aprendizagem............................................ 75
Aula 11 - Filtração.............................................................. 77
11.1 Introdução ........................................................... 77
11.2 Tipos de filtros...................................................... 78
11.3 Materiais filtrantes.................................................. 80
11.4 Tipos de fundo falso................................................ 82
11.5 Lavagem dos filtros................................................. 83
Resumo.................................................................... 87
Atividades de aprendizagem............................................ 87
Aula 12 - Produtos químicos utilizados no tratamento das águas de abas-
tecimento....................................................................... 89
12.1 Introdução........................................................... 89
12.2 Coagulação.......................................................... 90
12.3 Ajustagem de pH................................................... 90
12.4 Controle de corrosão............................................... 90
12.5 Controle e remoção de odor e sabor............................ 90
12.6 Desinfecção.......................................................... 91
12.7 Fluoretação.......................................................... 93
Resumo.................................................................... 95
Atividades de aprendizagem............................................ 95

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 8 Meio Ambiente


Aula 13 - Estações de tratamento de água padronizadas e compactas.97
13.1 Introdução........................................................... 97
13.2 ETA padronizada ou convencional................................ 97
13.3 ETA compacta....................................................... 98
13.4 Considerações gerais sobre ETAs................................100
Resumo...................................................................100
Atividades de aprendizagem...........................................100
Referências..................................................................... 101
Currículo do professor conteudista.........................................104

Tratamento de Águas 9 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


AULA 1

Alfabetização Digital
Palavra do professor conteudista

Caro aluno,

O conhecimento é essencial para a prática de qualquer profissão


no mundo moderno, permitindo até mesmo o seu comprometimento com a
melhoria da condição de vida da população humana.
Nesta disciplina, onde estudaremos o tratamento das águas, você
vai avançar ainda mais nos seus conhecimentos sobre o meio ambiente e
ampliar a sua visão de técnico.
Os textos e as atividades foram preparados de forma que a sua par-
ticipação resulte em aprendizagem. Além disso, também é preciso pesquisar,
raciocinar e observar.
Durante esta fase de seu estudo, você desenvolverá importantes
noções sobre:
• conceitos gerais relativos ao tratamento de água;
• requisitos de qualidade da água para o consumo humano;
• tratamentos da água para o consumo humano;
• instalações típicas para tratamento das águas de abastecimento;
• hidráulica aplicada ao tratamento de água;
• coagulação;
• floculação;
• sedimentação;
• tipos de decantadores;
• filtração;
• modalidades de filtros;
• produtos químicos utilizados no tratamento das águas de abas-
tecimento;
• estação de tratamento de águas padronizada e compacta.

Desejo que este caderno seja muito útil a você. Estude com deter-
minação e competência, pois estas características são importantes degraus
para o seu sucesso.

Se esforce e vença!

Tratamento de Águas 11 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


AULA 1

Alfabetização Digital
Projeto instrucional

Disciplina: Tratamento das Águas (carga horária: 56h).

Ementa: Conceitos gerais relativos ao tratamento de água; aborda-


gem genérica dos diversos processos de tratamento; instalações típicas para
tratamento das águas de abastecimento; hidráulica aplicada ao tratamento
de água – conceitos gerais; teoria da coagulação; mistura rápida: processos,
dimensionamento e projeto; floculação: teoria, projeto e dimensionamento;
teoria da sedimentação; decantadores convencionais e de fluxo laminar: pro-
jeto e dimensionamento; teoria da filtração; filtros: modalidades, projeto e
dimensionamento; produtos químicos utilizados no tratamento das águas de
abastecimento; estação de tratamento de águas padronizada e compacta.

AULA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM MATERIAIS CARGA


HORÁRIA
Aula 1. Reconhecer a importância da 3h
Água, um bem água;
fundamental entender a distribuição da
água no planeta.
Aula 2. Conhecer os principais concei- 3h
Conceitos gerais tos e informações relativos ao
relativos ao tra- tratamento das águas.
tamento de água
Aula 3. Conhecer os requisitos físicos, 3h
Requisitos de químicos e microbiológicos da
qualidade da água, relacionando-os com os
água para o con- padrões de qualidade da água
sumo humano para o consumo humano.
Aula 4. Reconhecer os métodos utili- 4h
Tratamentos da zados no tratamento da água
água para o con- para o consumo doméstico.
sumo humano
Aula 5. Conhecer as instalações 5h
Instalações convencionais utilizadas para
típicas para produzir água potável.
tratamento das
águas de abaste-
cimento

Tratamento de Águas 13 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Aula 6. Conceituar hidráulica; 5h
Hidráulica - con- definir as propriedades físicas
ceitos gerais dos líquidos;
estabelecer os princípios
básicos e os fundamentos que
regem a hidráulica.
Aula 7. Entender a coagulação e seus 3h
Coagulação e processos;
mistura rápida conhecer os parâmetros para
o projeto de uma unidade de
mistura rápida;
compreender vazão e seu
cálculo.
Aula 8. Conhecer os tipos de disposi- 4h
Misturadores tivos utilizados para a mistura
empregados na rápida.
mistura rápida
Aula 9. Entender o processo de flocu- 6h
Floculação lação;
conhecer os tipos de flocula-
dores;
aprender as normas e os en-
saios para o procedimento da
floculação.
Aula 10. Aprender o processo de decan- 5h
Decantação tação e seus principais parâ-
metros de dimensionamento
hidráulico;
reconhecer os tipos de decan-
tadores, seus formatos, núme-
ros, zonas e dispositivos;
estudar a limpeza de decanta-
dores.
Aula 11. Entender a teoria da filtração; 6h
Filtração conhecer os tipos de filtros,
materiais filtrantes e fundos
falsos;
aprender como ocorre a lava-
gem dos filtros.
Aula 12. Conhecer os principais produ- 5h
Produtos quími- tos químicos utilizados nas es-
cos utilizados no tações de tratamento de água
tratamento das para o consumo humano.
águas de abaste-
cimento
Aula 13. Diferenciar as ETAs convencio- 4h
Estações de tra- nais das compactas;
tamento de água conhecer ETA compacta aberta
padronizadas e e ETA compacta fechada;
compactas aprender as considerações
necessárias para a execução de
projetos de ETAs.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 14 Meio Ambiente


AULA 1

Alfabetização Digital
Aula 1 - Água, um bem fundamental

Objetivos
Reconhecer a importância da água como fonte de vida e de desen-
volvimento.
Entender a distribuição da água no planeta.
Compreender a importância da qualidade da água no âmbito da
preservação deste recurso e da sua relação com a transmissão de doenças.

1.1 A água e o corpo humano


Nosso corpo é constituído, em média, por 60 a 70% de água. Essa
quantidade deve permanecer constante para garantir a homeostase e o bom
funcionamento do organismo.
Diariamente, perdemos água pelo suor, pela respiração, pelas fezes
e pela urina. Para nos sentirmos bem, devemos ingerir a mesma proporção
de água que o corpo perde a cada 24 horas.
Quando a quantidade de água no corpo começa a diminuir, sentimos
sede. Se essa perda for muito intensa, pode ocorrer um quadro conhecido como
desidratação, o qual, em casos graves, expõe a pessoa ao risco de morte.
A falta de água para o ser humano é mais prejudicial ao organismo
do que a falta de alimento.

• O ser humano pode


passar até 28 dias sem
comer, mas apenas
3 dias sem ingerir
líquidos.
• Um adulto precisa
ingerir de um litro e
meio a dois litros de
água por dia.
• Uma criança precisa
ingerir de cinquenta
a sessenta ml de água
para cada kg de peso,
por dia.

Figura 1: Quantidade de água nos principais tecidos e órgãos do corpo humano.


Fonte: Disponível em: <http://anossaagua.blogspot.com> Acesso em 07 de abril de 2011.

Tratamento de Águas 15 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


1.2 Consumo de água e desenvolvimento
Como você acaba de aprender, a água é um recurso fundamental
para a vida. Foi na água que a vida surgiu, e seria difícil imaginarmos a so-
brevivência de qualquer forma de vida na falta deste recurso vital.
Para o ser humano, a importância da água tornou-se evidente a
partir da descoberta de que a produção de alimentos dependia da oferta de
água empregada nas plantações.
As cidades que cresceram no Egito, após a revolução agrícola (5000
anos antes de Cristo), estabeleceram-se próximas aos rios que atendiam suas
necessidades (GRASSI, 2001). Adiante, a água também passou a ser usada na
movimentação de máquinas, como os moinhos, e, por fim, na indústria.
Assim, percebemos porque a água é hoje uma das substâncias mais
utilizadas pelo ser humano para a sua sobrevivência, o seu bem-estar e a sua
saúde.

Homeostase: estado de
equilíbrio do organismo.

Desidratação: ação de
tirar água de.

Dessedentação: ação
de tirar/saciar a sede.

Ecossistemas:
conjuntos de seres vivos
e elementos inanimados
nas interações de um
meio natural.

Mananciais: nascentes
de água.

Potabilidade: qualidade
da água própria para ser
bebida.

Figura 2: Usos múltiplos da água no mundo.


Fonte: Disponível em: <http://www.cesan.com.br/e107_images/11-2.jpg> Acesso em 06 de abril de 2011.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 16 Meio Ambiente


1.3 Distribuição da água no planeta
De acordo com Silva (2004), nosso planeta está inundado de água;
um volume de aproximadamente 1,4 bilhão de Km3 cobre cerca de 70% da
superfície da Terra. Apesar disso, a água não está distribuída de maneira
uniforme no planeta, e nem sempre está disponível de acordo com as nossas
necessidades.
A maior parte da população do mundo não tem acesso à água. Pior
que isso é sabermos que estudos indicam uma diminuição da água disponível
para o nosso uso. Tal diminuição ocorre como consequência de uma grande
demanda por alimentos gerada pelo crescimento populacional mundial.

No Brasil, cerca de
70 a 80% da água
doce disponível está
na Bacia Amazônica,
onde vive 7% da
população. O restante,
aproximadamente
20%, distribui-se
desigualmente pelo
país. A região Sudeste,
com 43% da população,
conta com apenas 6%
da reserva hídrica.
Já a região Nordeste,
que abriga 29% da
população, dispõe de 3%
de água doce.

Figura 3: Distribuição da água no planeta.


Fonte: Disponível em: <http://www.geografiaparatodos.com.br/img/img06.jpg> Acesso em 08 abr. 2011.

1.4 Qualidade da água


A qualidade da água disponível é uma característica que pode agra-
var o problema da falta deste recurso.
A qualidade da água no nosso planeta tem piorado a cada dia. A po-
luição da água intensificou-se após a Segunda Guerra Mundial, quando foram
observados aumentos nos processos de urbanização e industrialização. Além
da poluição dos mananciais, outra ocorrência preocupante é o desperdício,
que corresponde à metade da água necessária para o abastecimento das
grandes cidades do nosso planeta.
Dessa forma, muitas pessoas ainda não têm acesso à água em quan-
tidade suficiente e com características de potabilidade.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 25 milhões de
pessoas no mundo morram por ano devido a doenças transmitidas pela água,

Tratamento de Águas 17 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


e aponta também que, nos países em desenvolvimento, 70% da população
rural e 25% da população urbana não possuem abastecimento apropriado de
água para o consumo humano (STEFANELLI e OLIVEIRA, 2009).
Leia a cartilha, Água
não tratada é porta
Há muito tempo, o homem percebeu a possibilidade de adquirir do-
aberta para várias enças pela água. Da mesma forma, registros sobre medidas visando à melho-
doenças, da Companhia ria da qualidade de água existem desde 2000 anos antes de Cristo. Todavia,
de Saneamento de
Minas Gerais - COPASA somente no século XIX a água foi reconhecida como meio de veiculação de
MG. Disponível em: doenças, sendo ainda constatado que seria possível de se reduzir esse risco
<http://www.copasa.
através do tratamento da água (ROSSIN, 1987).
com.br/media2/.../
COPASA_Doenças.pdf>
Resumo
Nesta aula, você entendeu que é impossível pensar em vida e de-
senvolvimento sem fazer qualquer referência à necessidade de água. Apren-
deu ainda que a água não está distribuída de maneira uniforme no planeta,
o que é agravado pela disponibilidade conforme as necessidades humanas.
Dessa forma, muitas pessoas ainda não possuem acesso à água com carac-
terísticas de qualidade que lhes garantam bem-estar e saúde, já que a água
representa um importante meio de veiculação de doenças quando não rece-
be tratamento adequado.

Atividades de aprendizagem
1) A tirinha a seguir refere-se à distribuição de água no planeta. Analise-a e
responda ao que se pede.

Fonte: Disponível em: <http://planetasustentavel.abril.com.br/imagem/fwa/1250536984224_133.


gif> Acesso em 06 de abril de 2011.

Alguns pesquisadores afirmam que, daqui a 20 anos, aproximadamente, as


guerras entre as nações não serão por causa do petróleo, mas por causa da
água. Por que se acredita que isto pode acontecer, se mais de 70% do planeta
Terra é coberto de água?

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 18 Meio Ambiente


AULA 1

Aula 2 - Conceitos
Alfabetização gerais relativos ao
Digital
tratamento de água

Objetivos
Conhecer os principais conceitos e as informações importantes
para o estudo do tratamento das águas.
Perceber as relações entre saneamento básico e qualidade de vida.

2.1 Saneamento básico


Você conhece o ciclo hidrológico e sabe que a quantidade total de
água que existe na Terra é praticamente a mesma desde que o nosso planeta
se formou. Mas por que existem pessoas sofrendo com a falta de água? A
resposta está nas alterações ambientais, como drenagem dos solos, desma-
tamentos, ocupação humana etc. Convém lembrar que os seres humanos
precisam de água potável, aquela que é própria para beber e que pode ser
consumida sem trazer danos à saúde.
Neste contexto, o saneamento básico constitui, de acordo com a
Organização Mundial de Saúde (OMS), o controle de todos os fatores do meio
físico do homem, os quais exercem ou podem exercer efeitos prejudiciais ao Drenagem: escoamento
seu bem-estar, à sua saúde e à sua sobrevivência (OTTONI e OTTONI, 1999). de águas de terrenos
encharcados, por meio
Logo, o saneamento básico é o instrumento governamental pelo qual deve de tubos, valas ou
ser garantida água potável à população. fossos.
Dispor: colocar ou
• De maneira geral, o saneamento básico consiste em: distribuir.
• tratar e distribuir a água em quantidade satisfatória para garan- Pluviais: provenientes
da chuva.
tir as condições básicas de sobrevivência;
• coletar, tratar e dispor adequadamente as águas residuárias (es-
gotos sanitários, resíduos líquidos industriais e agrícolas);
• recolher e destinar adequadamente o lixo;
• coletar as águas pluviais e controlar empoçamentos e inunda-
ções.

Tratamento de Águas 19 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Figura 5: Principais ações do saneamento básico.
Fonte: Disponível em: < http://www.correnterioleca.com/fotos/cicloagua.jpg> Acesso em 14 de
abril de 2011.

2.2 Abastecimento de água


Como você notou, o abastecimento de água é uma das competên-
cias do saneamento básico. Para Medeiros (2011), o Sistema de Abastecimen-
to Público de Água constitui-se no conjunto de obras, instalações e serviços
destinados a produzir e distribuir água a uma comunidade, em quantidade e
qualidade compatíveis com as necessidades da população, para fins de con-
sumo doméstico, de serviços públicos, de consumo industrial e outros usos.
No Brasil, o abastecimento de água atinge 81,91% da população,
sendo 92,57% do meio urbano e 27,95% do meio rural (TOZATO e PIRES, 2010).
O que você acha de complementar seus conhecimentos sobre este assunto
pesquisando os dados de abastecimento de outros países?
Como você pode perceber, o sistema de abastecimento de água
pode ser um indicativo do desenvolvimento e da saúde pública de um país, já
que transforma a água inadequada para o consumo humano em um produto
que esteja de acordo com os padrões de potabilidade.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 20 Meio Ambiente


Para entendermos melhor o abastecimento de água, veja, a seguir,
as partes constituintes de um sistema de abastecimento público de água.
• Manancial: é a fonte de onde se tira a água. Antes de se escolher
um manancial, deve-se observar a quantidade e a qualidade da
água do mesmo.
• Captação: é o conjunto de equipamentos e instalações utilizados
para retirar a água do manancial.
• Adução: parte do sistema constituída de canalizações que pro-
movem o transporte da água em um sistema de abastecimento
público. A adução pode ser por gravidade, recalque ou mista.
Adução por recalque ocorre por rebaixamento de lençóis de
água através de tubulações e bombeamento com consumo de
energia elétrica. Já a adução mista é aquela em que parte do
transporte de água é feita por gravidade e a outra parte por re-
calque. Deve-se priorizar a adução por gravidade para se evitar
gastos adicionais de energia.
• Reservatório de distribuição: depósito empregado para acumular
água para atender ao consumo e às demandas de emergência.
• Rede de distribuição: circuito que leva a água do reservatório
ou da adutora para pontos de consumo a serem abastecidos na
cidade.
• Tratamento: visa remover impurezas existentes na água, bem
como eliminar micro-organismos que causem mal à saúde, ade-
quando a água existente no manancial ao padrão de qualidade
em vigor.
• ETA: estação de tratamento de água.
• ETAR: estação de tratamento de águas residuais (esgotos sanitá-
rios, resíduos líquidos industriais e agrícolas).

Figura 6: Esquema do Sistema de Abastecimento de Água.


Fonte: Disponível em: <http://www.aguasdomondego.pt/files/115.jpg> Acesso em 14 de abril de 2011.

Tratamento de Águas 21 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


• Padrão de qualidade: é o conjunto das características de quali-
dade da água para o consumo humano, quantificadas por núme-
ros ou classificadas por propriedades específicas, cujos valores
lhe conferem a condição de ser adequada para este uso oficial-
mente. Tais padrões, segundo a ABNT, Associação Brasileira de
Normas Técnicas, (NBR 12216, 1992), são constituídos por um
conjunto de parâmetros e respectivos limites, como, por exem-
plo, concentrações de poluentes, em relação aos quais os resul-
tados dos exames de uma amostra de água são comparados. Os
padrões são estabelecidos com base em critérios científicos que
avaliam o risco para uma dada vítima e o dano causado pela ex-
posição a uma dose conhecida de um determinado poluente. No
Brasil, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) esta-
belece os critérios científicos para a proteção das comunidades
aquáticas, da saúde humana e animal.
• Controle da qualidade: é uma função tecnológica que visa às
informações através das quais se mantém um sistema público
de abastecimento de água em condições que fazem com que,
do mesmo, se obtenha e se mantenha a qualidade estabeleci-
da através do padrão. A detecção de variações na qualidade da
água no sistema de abastecimento é feita por meio de:
• inspeção sanitária periódica em todo o sistema (do manancial
ao consumidor); e
• conhecimento da qualidade da água em qualquer fase do seu
percurso (do manancial ao consumidor) por meio de análises
da água.

Resumo
Leia a Resolução
CONAMA 020/86, que A aula sobre conceitos gerais relativos ao tratamento de água per-
classifica as águas mitiu que você entendesse que o saneamento básico é um instrumento públi-
doces, salobras e salinas
do território nacional, co cuja principal função é garantir saúde e qualidade de vida a uma popula-
definindo os padrões de ção. Agora, você sabe também que o abastecimento público de água é uma
qualidade de cada uma
dessas classes, segundo
das competências do saneamento básico, e que se constitui em um sistema
os usos que se quer de obras, instalações e serviços destinados a produzir e distribuir água potá-
dar-lhes. Disponível em: vel a uma comunidade.
<http://www.mma.gov.
br/conama/>

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 22 Meio Ambiente


AULA 1

Aula 3 - Requisitos
Alfabetização de qualidade da água
Digital
para consumo humano

Objetivo
Conhecer os requisitos físicos, químicos e microbiológicos da água,
relacionando-os com os padrões de qualidade da água para o consumo hu-
mano.

3.1 Requisitos físicos


Cor: pode ser o resultado da presença de substâncias como metais,
matéria orgânica em decomposição, algas, plantas aquáticas, protozoários
ou resíduos de indústrias de mineração, refinarias, explosivos, papel etc. A
cor em sistemas públicos de abastecimento de água é indesejável para o
consumidor e prejudicial para algumas indústrias, já que, para nós, uma água
com cor é sinônimo de água suja e imprópria para o consumo.

Figura 7: À esquerda, água imprópria para o consumo humano; à direita, água


incolor, esteticamente própria para o consumo humano.
Fonte: Disponível em: <http://www.membrodebanco.blogspot.com> Acesso em 15 de abril de 2011.

Odor e sabor: são as características principais usadas para deter-


minar o uso ou a aceitabilidade da água, pois nós não consumimos uma água
com cheiro ou sabor. A presença de odor ou sabor na água pode ser o resul-
tado da ação de fatores naturais como algas, vegetação em decomposição,
bactérias e fungos, e também fatores artificiais gerados da ação humana,
como os fenóis e certas aminas.

Tratamento de Águas 23 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Turbidez: é originada da presença de fragmentos sólidos em sus-
pensão na água, os quais diminuem a claridade e a transmissão da luz do
meio aquático. Pode ser provocada por plânctons, detritos orgânicos e outras
Algas: organismos
aquáticos
substâncias, como zinco, ferro, compostos de manganês e areia, resultantes
fotossintetizantes. do processo natural de erosão ou de escoamentos domésticos ou industriais.
Se na sua cidade existe rio ou mesmo lago ou lagoa, você já deve ter obser-
Protozoários:
organismos vado que, na estação chuvosa, a água fica “barrenta” devido às enxurradas
microscópicos, e ao processo de erosão. Nessas condições, a água possui alta turbidez. Por
constituídos por uma outro lado, uma água “limpa” possui baixa turbidez.
única célula. Alguns são
causadores de doenças.

Fenóis: substâncias
químicas obtidas
principalmente através
da extração de óleos
a partir do alcatrão.
Geralmente, são sólidos,
cristalinos, tóxicos e
pouco solúveis em água.

Aminas: classe de
compostos químicos
orgânicos nitrogenados
derivados do amoníaco
(NH3).

Plânctons: micro-
organismos que vivem
flutuando próximos à
superfície da água.

Detritos orgânicos:
materiais orgânicos Figura 8: Diferentes estágios de turbidez da água de um lago em Sertanópolis (PR).
resultantes de processos Em A, água turva e avermelhada, logo após dias de chuvas. Em B, água menos
metabólicos ou em turva e mais límpida.
decomposição, como Fonte: Disponível em: <http://www.cmbconsultoria.com.br/wp-content/gallery/ecovillas_mon_
fezes e cadáveres. abr08/figura1-2_estagio-agua.jpg> Acesso em 15 de abril de 2011.

Erosão: desgaste do
solo pela ação de
elementos como o vento
3.2 Requisitos químicos
e a água.
pH: o significado da sigla é potencial hidrogeniônico; este índice
Ocular: referente ao
olho.
indica a acidez, a neutralidade ou a alcalinidade de uma substância. Na água,
pode contribuir para a corrosão das estruturas das instalações hidráulicas e
Incrustações: referente do sistema de distribuição, podendo acrescentar à própria água elementos
à incrustar.
químicos como: ferro, cobre, chumbo, zinco e cádmio. O potencial hidroge-
Incrustar: cobrir com niônico, geralmente, não causa efeitos diretos aos consumidores, sendo que
crosta dura. seu índice normal pode variar de 6,5 a 9,5. Alguns estudos indicam que um
índice de pH acima de 11 pode acarretar irritação ocular e problemas de pele.
Alcalinidade: é causada pela presença de sais na água, principal-
mente os sais de sódio e cálcio. Em níveis moderados, a presença de sais na
água não altera o nosso consumo, porém, concentrações elevadas podem
gerar sabor desagradável.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 24 Meio Ambiente


Dureza: é causada principalmente pelo cálcio e pelo magnésio, di-
luídos na água. Normalmente, este requisito é expresso pela quantidade de
carbonato de cálcio na água. Índices superiores a 200mg/l podem causar
incrustações no sistema de distribuição e gerar um consumo excessivo de
sabão, já que o carbonato de cálcio atrapalha a formação de espuma. Uma
água com índice elevado de dureza, quando aquecida, provoca incrustações
de carbonato de cálcio. Agora, você já sabe que, se ocorrer, por exemplo, o
fechamento dos orifícios do seu chuveiro, é porque a água que você consome
apresenta índice elevado de dureza.
Salinidade: ocorre quando há muito sal dissolvido na água. A água
do mar é salgada e podemos ter, nas áreas onde os rios desembocam no mar,
uma mistura de água doce com a salgada, originando a água salobra. A sali-
nidade é uma propriedade importante, pois nós não bebemos água salgada
nem salobra.
Oxigênio dissolvido: é um requisito muito importante, já que a
maioria dos organismos necessita deste composto para a respiração. O oxi-
gênio dissolvido na água é oriundo da atmosfera ou da fotossíntese realizada
pelas algas e pelos vegetais aquáticos. Por isto, a medida de oxigênio é mui-
to importante para se determinar o estado de saúde da fonte de água que
utilizamos. Quando temos pouco oxigênio na água, é provável que a mesma
esteja com algum problema. Por exemplo: despejo de esgotos ou restos de
comida em excesso na água fazem com que os organismos microscópicos,
que também respiram, se reproduzam muito depressa, reduzindo a quanti-
dade do oxigênio dissolvido na água.

3.3 Requisitos microbiológicos


Coliformes totais: constituem-se em um grande grupo de bactérias
que são utilizadas como indicadores da qualidade microbiológica da água;
originários de solos poluídos e não poluídos e de fezes de seres humanos e
outros animais. Este requisito é recomendado como referência da eficiência
do tratamento e da integridade do sistema de distribuição. O número de
coliformes é expresso pelo “número mais provável” (NMP) e representa a
quantidade mais provável de coliformes existentes em 100 ml da água da
amostra. Se uma amostra apresentar resultado positivo para coliformes to-
tais, é feita, imediatamente, uma recoleta da amostra para nova avaliação
e, continuando o resultado, são tomadas ações corretivas na rede de distri-
buição do sistema, com análises posteriores para nova avaliação. A Portaria
Nº 518/2004 do Ministério da Saúde permite que os sistemas que coletam
mais de 40 amostras por mês apresentem resultados positivos para 5% das
amostras coletadas. Para sistemas que coletam menos de 40 amostras por
mês, é permitido que apenas uma amostra apresente resultado positivo para
coliformes totais.
Escherichia coli ou coliformes fecais: é um grupo de bactérias
que indicam a contaminação da água somente por fezes. A quantidade de
coliformes fecais na água que bebemos deve ser nula.

Tratamento de Águas 25 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Resumo
Na aula 3, você conheceu os requisitos físicos, químicos e micro-
biológicos da água. Você pode verificar que tais requisitos são indicativos do
padrão de aceitação para o consumo humano, pelo qual a água potável deve
estar em conformidade. Desta forma, a avaliação desses requisitos constitui-
-se na maneira mais efetiva de garantir a segurança da qualidade da água.

Atividades de aprendizagem
1) Você conhece a qualidade da água consumida no lugar onde você mora?
Para saber, pegue a conta de água da sua casa ou da casa de um amigo e
localize, nela, as informações referentes à qualidade da água. Em seguida,
faça as atividades a seguir.

a) Anote os dados sobre coliformes totais e Escherichia coli (número de amos-


tras analisadas, número de amostras fora dos padrões e número de amostras
dentro dos padrões).

b) Com base nos dados anotados e em seus conhecimentos sobre os signifi-


cados desses parâmetros, faça uma análise da qualidade da água que você e
sua família consomem.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 26 Meio Ambiente


AULA 1

Aula 4 - Tratamentos
Alfabetização Digital da água para o
consumo humano

Objetivo
Reconhecer os métodos utilizados no tratamento da água para o
consumo doméstico.

4.1 Tratamento domiciliar


É o tratamento da água realizado em nossas casas. Neste tratamen-
to, normalmente, a quantidade de água tratada é pequena, pois se destina a
ser usada como bebida, no preparo de sucos e de alimentos.
O tratamento domiciliar deve ser tanto mais rigoroso quanto menos
confiável seja a água.

4.1.1 Filtração

Você já deve saber que a filtração é o processo domiciliar mais usa-


do para o tratamento da água. Este processo consiste em fazer a água passar
por um material que possua poros bem pequenos, que impedem a passagem
das substâncias que estão em suspensão na água.
A eficiência da filtração depende do tamanho dos poros do filtro.
O filtro mais usado em filtração doméstica é o de porcelana, geralmente,
em forma de um cilindro chamado vela. Este filtro pode vir dentro de um
recipiente, geralmente de barro, onde é adicionada a água para a filtração,
ou dentro de um cilindro metálico, o qual é acoplado a uma torneira que
fornece a água para o processo.
A filtração retira as impurezas e a maior parte dos micróbios, dei-
xando a água com bom aspecto e livre da maioria dos organismos causadores
de doenças. No entanto, alguns micróbios, especialmente vírus, atravessam
os filtros.

Tratamento de Águas 27 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Suspensão: estado dos
fragmentos de um sólido
que, misturados à massa
de um líquido, não se
dissolvem nele.

Micróbios: micro-
organismos que não se
pode ver a olho nu.

Surtos: aparecimentos
repentinos.
Figura 9: Da esquerda para a direita: filtro ou vela de porcelana, recipiente de
barro para filtro e cilindro metálico para filtro acoplado à torneira.
Asfixia: interrupção da
Fonte: Disponível em: <http://www.casadosfiltros.com.br> Acesso em 16 de abril de 2011.
respiração.

Voláteis: que podem se


transformar em gás ou
4.1.2 Fervura
vapor.
A fervura não elimina a sujeira da água, mas mata os micróbios, evi-
Oxidam: que se
combinam com o tando que seja transmitida alguma doença. Este processo de tratamento da
oxigênio. água é uma prática importante em certas ocasiões, especialmente quando
ocorrem surtos de doenças de veiculação hídrica.
Coloidal: estado de
um corpo que tem a Como você aprendeu na aula 3, a água contém oxigênio dissolvido,
aparência de cola de e é esta característica que permite a sobrevivência de alguns animais aquá-
gelatina.
ticos, como os peixes. No entanto, quando fervemos a água, sai o ar que
estava dissolvido nela. Se você colocar um peixinho em um aquário com água
fervida, ele morrerá por asfixia. Assim, quando fervermos a água, devemos
mexê-la com uma colher ou passá-la sucessivamente de um recipiente para
outro. Essas atitudes simples devolverão o ar para a água, tornando-a mais
A fervura deve
ser relativamente leve e agradável ao paladar.
demorada, de 3 a 5
minutos em ebulição,
pois alguns micro- 4.2 Tratamento público
organismos resistem
às altas temperaturas,
desde que por pouco O tratamento público é utilizado para grandes quantidades de água,
tempo. pois a sua finalidade é o abastecimento da população de toda uma localida-
de. Normalmente, é feito em uma ETA (estação de tratamento de água).
Os processos que, em conjunto, consistem no tratamento de água
para abastecimento são os descritos a seguir.
• Aeração: troca de gases entre a água e o ar. O objetivo principal
é a remoção de gases dissolvidos, compostos orgânicos voláteis
e bactérias que oxidam facilmente.
• Coagulação: transforma, por adição de um agente coagulante,
as impurezas que se encontram em suspensões finas, em estado
coloidal e, algumas, mesmo em suspensão em partículas que
sejam removidas por sedimentação ou filtração.
• Floculação: aglomeração de material coloidal e em suspensão,
após a coagulação por agitação lenta.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 28 Meio Ambiente


• Sedimentação ou decantação: é o processo pelo qual se verifica
a deposição de materiais em suspensão, pela ação da gravidade.
• Filtração: consiste em fazer a água passar através de substân-
cias porosas, capazes de reter ou de remover algumas de suas
impurezas.
• Desinfecção ou esterilização: consiste na eliminação de micro-
-organismos patogênicos da água, tornando-a apropriada para o
nosso consumo.
• Fluoretação: é a aplicação de flúor na água para prevenir a for-
mação de cáries dentárias, especialmente em crianças.
• Correção de pH ou alcalinização: é a aplicação, na água, de cal
hidratada ou de carbonato de sódio. Este procedimento serve
para corrigir o pH da água e preservar a rede de encanamentos
de distribuição.

Figura 10: Esquema simplificado de uma estação de tratamento de água.


Fonte: Disponível em: <TTP://proavirtualg49.pbworks.com/f/1161183072/i0trat_agua.gif> Acesso
em 16 de abril de 2011.

Mais adiante, neste caderno, estudaremos todos os detalhes (teo-


rias, processos e dimensionamentos) das etapas do tratamento público da
água.
A água que é fornecida à sua casa deve ser filtrada para ser con-
sumida como bebida, mesmo se for tratada em estação de tratamento, pois
há possibilidade de contaminação nas caixas d’água e em função de possíveis
rompimentos de canos. Desta maneira, também é importante que as caixas
d’água fiquem tampadas e sejam limpas a cada seis meses.

Tratamento de Águas 29 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Figura 11: Como fazer limpeza de caixa d’água.
Fonte: Disponível em: <http://www.saae.sp.gov.br/Caixa_d_%C3%A1gua.jpg> Acesso em 16 de
abril de 2011.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 30 Meio Ambiente


Resumo
Nesta aula, você compreendeu que os processos de tratamento da
água são maneiras de manter a qualidade de vida, evitando doenças que
poderiam ser adquiridas pela ingestão de água contaminada por micro-orga-
nismos causadores de doenças. A aula aprofundou a sua análise sobre as for-
mas de tratamento da água domiciliar, destacando os processos de filtração
e fervura. Você aprendeu ainda que o tratamento público da água envolve
processos mais amplos, efetuados em uma ETA.

Atividades de aprendizagem
1) Sobre o tratamento domiciliar da água, responda as questões a seguir.

a) Por que ele é necessário mesmo quando a água sai de uma estação de
tratamento?

b) Qual é a importância da filtração?

c) Qual é a importância da fervura?

Tratamento de Águas 31 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


AULA 1

Aula 5 - Instalações
Alfabetização Digitaltípicas para trata-
mento das águas de abastecimento

Objetivo
Conhecer as instalações convencionais utilizadas para produzir
água potável.

5.1 Captação de água bruta do manancial


É o conjunto de equipamentos e instalações utilizado para a retira-
da de água do manancial ou água bruta, com a finalidade de conduzi-la ao
sistema de abastecimento.
A captação pode ser superficial ou subterrânea.
A superficial é feita nos rios, lagos ou represas, por gravidade ou
bombeamento. Se for feita por bombeamento, é necessária a construção de
uma casa de máquinas contendo conjuntos de motor bomba junto à captação.
A captação subterrânea é efetuada através de poços artesianos, 
perfurações com 50 a 100 metros, feitas no terreno, para captar a água dos
lençóis subterrâneos. Essa água também é sugada por motores bombas, ins-
talados perto do manancial, e enviada à superfície por tubulações.
É imprescindível que você saiba que a seleção da fonte abastece-
dora de água é muito importante na construção de um sistema de abasteci-
mento. Deve-se procurar um manancial com vazão capaz de proporcionar o
abastecimento de toda a comunidade. Além disto, lembre-se que qualquer
tipo de captação de águas para abastecimento não deve ser localizada a
jusante de um lançamento de esgotos.

Vazão: escoamento.

Jusante: direção para a


qual correm as águas de
um rio.

Hidráulico: que se
refere à água.

Microbiológica: relativo
à ciência dos micro-
organismos.

Aduzida: trazida,
Figura 12: Captação superficial de água no rio Paraguai. exposta.
Fonte: Disponível em: <http://www.riosvivos.org.br/arquivos/27734255.jpg> Acesso em 25 de
abril de 2011.

Tratamento de Águas 33 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


5.2 Estação elevatória e adutora de água bruta
São instalações que levam a água até a ETA; são compostas por con-
juntos de motor bomba, tubulações de ferro fundido, PVC, aço ou concreto
armado e peças acessórias, como registros e válvulas.

Figura 13: À esquerda, estação elevatória de água. À direita, adutora com entrada
de água bruta para tratamento.
Fonte: Disponível em: <http://www.boavista.rr.gov.br/produtos/produto7/07_DiagInt_
SaneamAmbiental3.PDF> Acesso em 18 de abril de 2011.

5.3 Estação de tratamento de água (ETA)


Corresponde a um bloco hidráulico ou aglomerado de processos,
de ordem química e microbiológica, pelo qual a água bruta passa para obter
requisitos de qualidade.
Uma estação convencional, além da estrutura de captação de água
bruta, compreende em unidades de tratamento contendo os processos que
você estudou na aula 4, item 2, sobre o tratamento público da água.

• Mistura rápida (aeração/coagulação) e floculação

Figura 14: Esquema da unidade na qual ocorrem a mistura rápida e a floculação.


Fonte: Disponível em: <http://www.o2engenharia.com.br/abastecimento3.html> Acesso em 18 de
abril de 2011.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 34 Meio Ambiente


Figura 15: Tanque de floculação com formação dos flocos.
Fonte: Disponível em: <http://farm3.static.flickr.com/2262/2021583351_c7adb0b89b.jpg> Acesso
em 25 de abril de 2011.

• Decantação

Figura 16: Tanques de decantação.


Fonte: Disponível em: <http://www.collett.com.br/upload/imagens/guandu_2.jpg> Acesso em 25
de abril de 2011.

• Filtração

Figura 17: Tanque de filtração.


Fonte: Disponível em: <http://www.boavista.rr.gov.br/produtos/produto7/07_DiagInt_
SaneamAmbiental3.PDF> Acesso em 18 de abril de 2011.

Tratamento de Águas 35 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


• Desinfecção, fluoretação e alcalinização

Figura 18: Esquema da unidade onde ocorrem os processos de desinfecção,


fluoretação e alcalinização.
Fonte: Disponível em: <http://www.o2engenharia.com.br/abastecimento3.html> Acesso em 18 de
abril de 2011.

Figura 19: Tanques de desinfecção, fluoretação e alcalinização.


Fonte: Disponível em: <http://www.prominent.com.br/Portaldata/1/Resources/applications/
potable_water/a_trinkwasser_desinfektion.jpg > Acesso em 25 de abril de 2011.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 36 Meio Ambiente


A ETA também deve conter as divisões estruturais descritas a seguir.
Casa de bombas: trata-se de um abrigo para o conjunto de bombas
que transportam a água tratada para os reservatórios de distribuição local.
Oficina: local no qual são realizados possíveis consertos dos equipa-
mentos e das máquinas utilizados na ETA.
Casa de produtos químicos: corresponde a um local destinado ao
depósito dos produtos químicos utilizados nas unidades de tratamento da ETA.
Casa química: é um local no qual se encontram os laboratórios e a
sala de controle das unidades da ETA.

Figura 20: Laboratório de ETA.


Fonte: Disponível em: <http://www.saeituiutaba.com.br/images/laboratorio_eta.jpg> Acesso em
25 de abril de 2011.

Além dessas divisões estruturais, uma ETA deve apresentar um local


para agregar vestiários, refeitório e setor administrativo.

5.4 Reservatórios de compensação


São reservatórios de água tratada localizados na saída da ETA; ser-
vem para a compensação entre a vazão produzida e a vazão aduzida.

Figura 21: Reservatórios de compensação.


Fonte: Disponível em: < http://www.saaec.com.br/blog/wp-content/uploads/dois_reservat2.jpg>
Acesso em 25 de abril de 2011.

Tratamento de Águas 37 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


5.5 Estação elevatória e adutora de água tratada
É o conjunto de equipamentos e instalações utilizado para retirar
água da ETA e conduzi-la ao sistema de reservatórios.

Figura 22: Estação elevatória e adutora de água tratada.


Fonte: Disponível em: <http://www.sanasa.com.br/imagens/noticias/569_2.jpg> Acesso em 25 de
abril de 2011.

5.6 Reservatórios de distribuição da cidade


São reservatórios de água tratada localizados nos bairros; servem
para o abastecimento da população.

Figura 23: Reservatório de distribuição.


Fonte: Disponível em: <http://www.solostocks.com.br/img/caixa-d-agua-tipo-taca-551945z0.jpg>
Acesso em 25 de abril de 2011.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 38 Meio Ambiente


5.7 Rede de distribuição
É a parte do sistema de abastecimento formada de tubulações e
equipamentos acessórios destinados a fornecer água potável aos consumi-
dores de forma contínua, em quantidade, qualidade e pressões adequadas.
Para que uma rede de distribuição possa funcionar perfeitamente,
é necessário haver pressão satisfatória em todos os seus pontos. Onde exis-
te menor pressão, instalam-se bombas, chamadas boosters, cujo objetivo é
bombear a água para locais mais altos.

Figura 24: Rede de distribuição de água tratada.


Fonte: Disponível em: <http://o2engenharia.com.br/abastecimento1_clip_image012.jpg> Acesso
em 26 de abril de 2011.

É muito importante que você saiba que a ABNT (Associação Brasi-


leira de Normas Técnicas), órgão responsável pela normalização técnica no
país, é que fornece a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasi-
leiro. Esta Associação fixa as condições exigíveis na elaboração do projeto de
estação de tratamento de água, destinada à produção de água potável para
o abastecimento público, através da NBR (Norma Brasileira) 12216 (1992).

Tratamento de Águas 39 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Resumo
Você aprendeu que, para que a água seja tratada e chegue ao con-
sumidor, são necessárias instalações típicas dos processos de tratamento.
Assim, você verificou, nesta aula, como ocorre a captação da água bruta
do manancial e como esta água é levada até a ETA, através de uma estação
elevatória e adutora. Na ETA, ficou claro que todos os processos ocorrem
em estruturas físicas adequadas. Da mesma forma, a água que sai da ETA
passa por compartimentos e encanações apropriados até que chegue ao seu
destino: o consumidor.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 40 Meio Ambiente


AULA 1

Alfabetização Digital
Aula 6 - Hidráulica – conceitos gerais

Objetivos
Conceituar hidráulica e suas subdivisões.
Definir as propriedades físicas dos líquidos, enfatizando a água.
Estabelecer os princípios básicos e os fundamentos que regem a
hidráulica.

6.1 Conceito de hidráulica


A palavra hidráulica vem dos termos gregos hydor (água) e aulos
(condução), ou seja, a hidráulica é a ciência que estuda o comportamento
dos líquidos, incluindo a água, em estado de repouso (hidrostática) e movi-
Grandeza adimensional
mento (hidrodinâmica). ou número
A hidráulica pode ser dividida em teórica e prática. A hidráulica adimensional: é um
teórica também é conhecida, na física, como mecânica dos fluidos, e a hi- número desprovido de
qualquer unidade física
dráulica prática ou hidráulica aplicada é também intitulada de hidrotécnica. que o defina.
Dentre as aplicações da hidráulica prática, estão as máquinas hidráulicas
(bombas e turbinas), as obras de saneamento fluviais ou marítimas (como Escoa: que faz ou deixa
correr ou escorrer
as de usinas hidrelétricas), os portos, as vias navegáveis, os submarinos, as lentamente um líquido.
estações de tratamento de água e de esgotos etc.
Interface: limite
comum a dois corpos.
6.2 Propriedades físicas dos líquidos Nivelando: tornando
uma superfície plana,
Massa específica horizontal.

Tensão de
É definida como a massa de um material homogêneo por unidade cisalhamento: tensão
de volume. Matematicamente, podemos calcular a massa específica através gerada por forças
aplicadas em sentidos
da relação entre a massa do fluido e o volume por ele ocupado. Assim, de opostos, porém, em
acordo com Ferraz (2011), sendo m a massa de um fluido e V o seu volume, direções semelhantes
no material analisado.
por definição, a massa específica, r, será:

Tratamento de Águas 41 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Peso específico
O peso específico de um material homogêneo é definido como o seu
peso por unidade de volume. Para Ferraz (2011), a relação estabelecida, em
que P é o peso de fluido contido no volume V, é a seguinte:

Densidade
É a relação entre a massa específica de um material e a massa
específica de uma substância tomada por base. No caso dos líquidos, esta
substância é a água pura a 4o C. Conclui-se, desta definição, que a densidade
é um número puro ou uma grandeza adimensional. Assim, podemos calcular
a densidade de um fluido através da relação entre a sua massa específica, r,
e a massa específica da água pura a 4o C, ro, dada por Souza (2010):

Viscosidade
Quando um líquido escoa, verifica-se um movimento relativo entre
as suas partículas, resultando em um atrito entre as mesmas. Este atrito
interno ou viscosidade é a propriedade dos líquidos responsável pela resis-
tência à deformação.

Compressibilidade e elasticidade
É a propriedade que os corpos têm de reduzir seus volumes sob a
ação de pressões externas. Inversamente, elasticidade é a propriedade que
têm os líquidos de aumentar o seu volume quando a pressão é diminuída.

Adesão
Observamos esta propriedade quando um líquido está em contato
com um sólido, por exemplo, um tubo de vidro. A atração exercida pelas
partículas do vidro pode ser maior do que a atração existente entre as par-
tículas do próprio líquido.

Coesão
É a propriedade das partículas do líquido de resistir a pequenos
esforços de tensão. A formação de uma gota d´água deve-se à coesão.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 42 Meio Ambiente


Tensão superficial
É a tensão existente na interface entre os fluídos. Pequenos insetos
podem caminhar sobre as águas devido ao seu peso não ser suficiente para
penetrar a tensão da superfície.

Figura 25: Representação da tensão superficial.


Fonte: Disponível em: <http://curiofisica.com.br/wp-content/uploads/2009/06/tensao_
superficial_inseto.jpg> Acesso em 29 de abril de 2011.

Capilaridade
No caso da água, ocorre quando a coesão entre as moléculas do
líquido é superada pelas forças de adesão da capilar, gerando uma elevação
do líquido pelo tubo capilar.

Figura 26: Representação da capilaridade.


Fonte: Disponível em: <http://alfaconnection.net/images/FQM010302a.gif> Acesso em 29 abr. 2011.

Tratamento de Águas 43 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


6.3 Hidrostática
Pressão

É muito comum confundir pressão com força. A pressão, no entan-


to, leva em conta não só a força, como também a área em que ela atua.
Pressão é a força dividida pela área (SOUZA, 2010):

Como exemplos, veja as duas possibilidades a seguir.

Figura 27: Exemplos de cálculos de pressão.


Fonte: Disponível em: <http://www.alosolar.com.br/revendedor/inf_hidra.htm> Acesso em 29 de
abril de 2011.

Pressão da água

Diante dos exemplos anteriores, percebam que, quanto maior a


Em grandes
profundidades, os
profundidade, maior a pressão. Transferindo esta informação para a pressão
corpos submersos da água, você pode pensar: por que as pessoas que mergulham no mar, os
podem ser esmagados peixes e os submarinos não são esmagados pela pressão da coluna de água
pela forte pressão da
água. Portanto, as acima deles? Isto não acontece, pois a pressão da água vem de todas as
barragens das represas direções: de cima para baixo, de baixo para cima, das diagonais, da direita
e os reservatórios
para a esquerda, da esquerda para a direita. Logo, até certa profundidade,
dos sistemas de
abastecimento público a pressão da água pode ser equilibrada pela pressão exercida de dentro para
precisam ter a sua parte fora nos corpos nela imersos.
inferior reforçada, pois,
neste nível, a pressão
da coluna de água pode
causar danos a tais
estruturas.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 44 Meio Ambiente


Lei de Pascal

O Princípio de Pascal, ou Lei de Pascal, elaborado pelo físico e


matemático francês Blaise Pascal, mostra-nos que a alteração de pressão
produzida num líquido em equilíbrio transmite-se integralmente a todos os
pontos do líquido e às paredes do recipiente.

Figura 28: Demonstração da Lei de Pascal. A pressão (F) produzida no líquido


transmite-se igualmente a todos os pontos do recipiente.
Fonte: Disponível em: <http://subis.altervista.org/images/pascal.gif> Acesso em 28 abr. 2011.

Vasos comunicantes

Talvez você já tenha visto os pedreiros nivelando uma parede. Eles


costumam usar uma mangueira com água para isto.

Figura 29: Pedreiros nivelando uma parede.


Fonte: Disponível em: <http://www.automacaoindustrial.com/instrumentacao/pressao/img/
int_prensa_hidraulica.jpg> Acesso em 28 de abril de 2011.

Tratamento de Águas 45 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Esta técnica baseia-se no princípio do sistema de vasos comunican-
tes nos quais um líquido apresenta sempre o mesmo nível em todos os ra-
mos, independentemente da forma e do diâmetro deles. Assim, tal princípio
fundamenta-se na Lei de Pascal.

Figura 30: Sistema de vasos comunicantes: a altura (h) do líquido é a mesma.


Fonte: Disponível em: <http://www.iped.com.br/sie/uploads/19028.jpg> Acesso em 28 abr. 2011.

Os diversos canos que ligam o reservatório de uma cidade ou de um


bairro às casas e outros estabelecimentos (escolas, hospitais, escritórios) são
vasos comunicantes. Por isto, o reservatório de uma cidade sempre está no
ponto mais alto da região que ele abastece, funcionando como o recipiente
mais alto do conjunto. Pelo mesmo motivo, as caixas d’água das nossas casas,
que recebem a água do reservatório da cidade, estão no lugar mais alto da
construção.

Figura 31: Do reservatório, a água chega até os domicílios devido ao princípio dos
vasos comunicantes.
Fonte: Disponível em: <http://www.saeituiutaba.com.br/images/fluxo2.gif> Acesso em 28 abr. 2011.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 46 Meio Ambiente


6.4 Hidrodinâmica
Fundamentos do escoamento dos fluidos

As leis teóricas da hidrodinâmica são formuladas admitindo-se que


os fluidos sejam ideais, isto é, que não possuam viscosidade, coesão, elastici-
dade etc., de modo que não haja tensão de cisalhamento em qualquer ponto
da massa fluida. Durante a movimentação, as partículas fluidas deslocam-
-se de um ponto a outro continuamente, sem que a massa do fluido sofra
desintegração, permanecendo sempre contínua, sem vazios ou solução de
continuidade.

Vazão

Vazão (Q) é a quantidade de líquido (V) que passa através de uma


seção por unidade de tempo (T). A fórmula para o cálculo da vazão, segundo
Ferraz (2011), é a seguinte:

A quantidade de líquido pode ser medida em unidades de massa,


de peso ou de volume, sendo estas últimas as mais utilizadas. Por isto, as
unidades mais usuais indicam volume por unidade de tempo:
m3/h (metros cúbicos por hora)
l/h (litros por hora)
l/min (litros por minuto)
l/s (litros por segundo)

Resumo
Na aula 6, você estudou a hidráulica, que é o ramo da ciência que
trata das condições físicas da água e de outros fluidos em situações de re-
pouso e movimento. Foi possível caracterizar os fluidos, em especial a água,
pelas suas propriedades de massa específica, peso específico, densidade,
viscosidade, compressibilidade, elasticidade, adesão, coesão, tensão super-
ficial e capilaridade. Do mesmo modo, você entendeu fundamentos como:
pressão da água, Lei de Pascal, vasos comunicantes, escoamento dos fluidos
e vazão, que são básicos para a compreensão de situações práticas relacio-
nadas ao uso da água.

Atividades de aprendizagem
1) A caixa d’água e os encanamentos de uma casa são considerados um siste-
ma de vasos comunicantes. Explique.

Tratamento de Águas 47 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


AULA 1

Alfabetização Digital
Aula 7 - Coagulação e mistura rápida

Objetivos
Entender a coagulação e seus processos.
Definir mistura rápida.
Conhecer os parâmetros essenciais para o projeto de uma unidade
de mistura rápida.
Compreender vazão e o seu cálculo.

7.1 Definições de coagulação e mistura rápida


Como você já observou neste caderno, as águas para o abasteci-
mento público devem apresentar características de potabilidade, sendo ne-
cessário, para isto, passarem por um processo de sedimentação, que ocorre
logo após a coagulação química, seguida de filtração rápida e desinfecção.
A coagulação é o processo de transformar partículas pequenas, em
suspensão na água, em partículas maiores, que são separadas da água atra-
vés de sua decantação.

Figura 32: Coagulação de partículas na água após a adição de produto químico.


Fonte: Disponível em: <http://daescs.sp.gov.br/imagens/geral/flocusguarau.jpg> Acesso em 30 de
abril de 2011.

Tal processo é executado por uma unidade de mistura, denomina-


da de mistura rápida, na qual é adicionado o coagulante (produto químico
responsável pela aglutinação das matérias que desejamos remover da água),
que é espalhado de forma contínua e homogênea.

Tratamento de Águas 49 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Caso não ocorra uma boa mistura, uma parte da água não é alcan-
çada pelos coagulantes, fazendo com que passe para os decantadores com
partículas em suspensão, reduzindo a eficácia da próxima etapa, que é a
floculação, a qual trataremos na aula 9.
A mistura nesta etapa de tratamento é chamada de rápida porque
deve ser efetuada em um curto espaço de tempo. Desta forma, necessita-se
de um ponto de aplicação com agitação suficiente para assegurar a mistura
completa do coagulante com a água, num tempo pequeno.
Os coagulantes mais empregados são: sulfato de alumínio, cloreto
férrico, hidroxicloreto de alumínio e sulfato férrico. No Brasil, o sulfato de
alumínio é o mais utilizado, por ser o de menor custo.

7.2 Parâmetros para o projeto de unidade de


mistura rápida
O projeto de unidade de mistura rápida é adequado, basicamente,
em função de dois parâmetros: o gradiente de velocidade e o tempo de mis-
tura rápida.

7.2.1 Gradiente de velocidade

O gradiente de velocidade é a diferença entre as velocidades de


duas partículas na água. Em outras palavras, segundo Freitas (2001), o gra-
diente de velocidade representa, em termos físicos, o número de oportuni-
dades de colisões em um determinado tempo, que duas partículas experi-
mentam em função de uma energia externa fornecida ao sistema no qual se
encontram as partículas. Tal energia externa pode decorrer da introdução de
um dispositivo mecânico na água. Assim, o valor do gradiente de velocidade
(COAGULAÇÃO..., 2011) é dado por:
Rotor: parte giratória
de certas máquinas e
motores.

Torque: quantidade de
torção exercida por uma
força sobre um objeto.
Onde:
Reator: motor que
utiliza a reação do
G é o gradiente de velocidade;
oxigênio com um N é a velocidade do rotor em RPM (rotações por minuto);
combustível para T é o torque;
produzir movimentação. V é o volume do reator;
Viscosidade absoluta
µ é a viscosidade absoluta do líquido.
do líquido: resistência
de um líquido ao
escoamento.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 50 Meio Ambiente


Para a mistura rápida, a ABNT, através da NB-592 (NBR 12216/1992),
recomenda G de 700 S-1 a 1100 S-1.

7.2.2 Tempo de mistura rápida

Segundo a NBR 12216/1992 (NB-592) da ABNT, o tempo de mistura


rápida recomendado é de poucos segundos, em misturadores hidráulicos, e,
usualmente, de 0,5 a 3 minutos, em misturadores mecânicos. Tal norma es-
tabelece ainda que as condições ideais do gradiente de velocidade, do tempo
de mistura e da concentração de coagulantes devem ser preferencialmente
determinadas através de testes de laboratório.

7.3 Medição de vazão


Vazão é a quantidade de água, em litros (L) ou metros cúbicos (m3),
que passa por um espaço, numa unidade de tempo (IGNÁCIO, 2011). Isto
significa que a vazão representa a rapidez com a qual um volume escoa, ou
seja, um dado essencial para aperfeiçoar o processo de mistura rápida. Por
exemplo: quando dizemos que a vazão de um rio é de 40m3/hora, queremos
dizer que, por um ponto determinado desse rio, passam 40 metros cúbicos
de água em uma hora. A vazão das bombas geralmente é dada em m3/hora,
assim, em uma bomba que tem a sua capacidade indicada como 60 m3/hora,
diz-se que esta bomba é capaz de elevar até 60 m3 de água em uma hora.
Numa estação de tratamento, o fluxo de água que chega é consi-
derado em litros por segundo. Por exemplo: se a vazão de água que chega
à ETA é de 80 l/segundo, significa que, em cada segundo, chegam 80 litros
de água.
A medição da vazão é a medida necessária para que a água encha
um volume conhecido. Este volume pode ser, por exemplo, o do tanque de
coagulação. Na prática, precisamos conhecer o comprimento, a largura e a
altura do tanque. Em seguida, basta contarmos o tempo gasto para que a
água atinja essa altura. Assim, teremos um volume V (m3) de água que jorrou
no tempo t (seg.). Veja a fórmula para este cálculo, de acordo com Novakoski
(2005):

Onde:
Q = vazão em litros por segundo;
V = (m3) = volume = comprimento x largura x altura;
t (seg.) = tempo em segundos.

Logo, se tivermos um tanque que mede 20m de comprimento, 15m


de largura e 0,10m de altura, e gastarmos 500 segundos para enchermos
esses 0,10m, podemos calcular a vazão da água usando a fórmula anterior,
apenas substituindo os valores.

Tratamento de Águas 51 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Portanto:
Q = 20 x 15 x 0,10 x 1.000/ 500
Efetuando a divisão, temos:
Q = 60,0 l/seg

Para calcularmos vazões em reservatórios circulares, usamos a se-


guinte fórmula (NOVAKOSKI, 2005):

Onde:
h = altura;
D = diâmetro do reservatório;
t = tempo em segundos.

Resumo
Nesta aula, conhecemos os detalhes do processo de coagulação e
mistura rápida. Vimos que o sucesso da coagulação depende da rapidez e
da homogeneidade da mistura do coagulante à água. Neste contexto, vimos
que, para se projetar uma unidade de mistura rápida, é necessário conhe-
cer dois parâmetros: o gradiente de velocidade e o tempo de mistura. Você
aprendeu também a calcular a vazão da água dentro de um volume conheci-
do, o que é importante para que possamos determinar a rapidez com que a
água escoa e, consequentemente, melhorar a coagulação.

Atividades de aprendizagem
1) Qual é a vazão da água em um tanque que se enche em 800 segundos e
apresenta as seguintes medidas: 30m de comprimento, 25m de largura e
0,20m de altura?

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 52 Meio Ambiente


AULA 1

Aula 8 - Misturadores
Alfabetização Digital empregados na
mistura rápida

Objetivo
Conhecer os tipos de dispositivos utilizados para a mistura rápida.

Vertedores ou
8.1 Misturadores hidráulicos vertedouros: que
despejam água.

Qualquer aparelho apto a gerar intensa agitação na água, mecânico Ressalto: saliência,
proeminência de coisa
ou não, pode ser utilizado para a mistura rápida, como bombas, misturado- que se destaca da
res hidráulicos, agitadores mecânicos e vertedores. No entanto, os mistura- superfície de que faz
parte; relevo.
dores hidráulicos são os mais utilizados, como o medidor Parshall, a queda
d’água e a malha difusora. Anteparo: objeto que
se põe diante de alguém
ou de alguma coisa.
8.1.1 Medidor ou calha Parshall
É o dispositivo mais utilizado como misturador rápido, pois reúne
as funções de medidor de vazão e de misturador rápido, quando utilizado
corretamente. Ralph Leroy Parshall
É possível conhecer a vazão que atravessa o medidor Parshall atra- (1881-1960). Engenheiro
americano, professor
vés da realização da leitura da altura da lâmina d’água em um setor próximo da Colorado State
à sua garganta. O local exato em que a altura deve ser lida é denominado University, que
inventou, entre 1922 e
seção de medição. Neste local, basta comparar a altura lida (h) com uma
1925, um revolucionário
tabela para que se possa conhecer a vazão. medidor de vazões no
campo da irrigação,
o qual passou a ser
denominado de calha
Parshall. Este medidor,
hoje, é largamente
empregado em todo
o mundo, além de
medidor de descargas
industriais e de vazões
de água de irrigação,
também como medidor
de vazões e efetivo
misturador de soluções
químicas nas estações
de tratamento de água.
Fonte: MEDEIROS FILHO,
C. F. Abastecimento de
água. Campina Grande:
UFCG. Disponível em:
<www.dec.ufcg.edu.br/
Figura 33: Medidor Parshall. saneamento/Abastece.
Fonte: Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d1/%C3%81gua_ pdf> Acesso em 21 de
bruta_e_medi%C3%A7%C3%A3o_em_Calha_Parshall.jpg> Acesso em 27 de maio de 2011. maio de 2011.

Tratamento de Águas 53 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


TABELA 1: Vazões de diversos medidores Parshall, em função das alturas obtidas
nas seções de medição.

Fonte: Disponível em: <www.saneago.com.br/.../Manual_Operacao_de_Estacao_de_Tratamento_


de_Agua.pdf - > Acesso em 27 de maio de 2011.

Para que o medidor Parshall execute com eficiência a mistura rápi-


da, é necessário:
• colocar o coagulante na garganta do medidor, pois, nesta região,
a lâmina d’água é bastante pequena, o que torna possível fazer
com que o coagulante aplicado se espalhe em praticamente todo
o volume de água em processo de tratamento;
• garantir a formação de um ressalto hidráulico logo após a gar-
ganta, pois, no interior do mesmo, ocorre grande dissipação de
energia num tempo muito curto.
Quando esse medidor é usado para medir a vazão de água bruta,
o ressalto hidráulico que nele se forma pode ser utilizado para promover a
mistura rápida. Para isto, é necessário que haja queda livre de 15 cm, no
mínimo.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 54 Meio Ambiente


Figura 34: Mistura rápida no medidor Parshall.
Fonte: Disponível em: <http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/parshal0.jpg> Acesso em 26 de
maio de 2011.

8.1.2 Queda d’água

Em ETAs que utilizam vertedouros para medir a vazão, é possível


aproveitar a queda d’água resultante para realizar a mistura rápida. Para isto
é necessário:
• espalhar, de forma homogênea, o coagulante, ao alcance de
toda queda d’água, utilizando-se uma calha perfurada;
• permitir que o fluxo d’água caia sobre um anteparo.

Figura 35: Aplicação de coagulante em vertedouro retangular.


Fonte: Disponível em: <www.saneago.com.br/.../Manual_Operacao_de_Estacao_de_Tratamento_
de_Agua.pdf - > Acesso em 26 de maio de 2011.

Tratamento de Águas 55 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


8.1.3 Malhas difusoras

São equipamentos utilizados somente para a mistura rápida. As


malhas difusoras são os misturadores rápidos considerados mais eficientes.
Entretanto, são caras e de difícil manutenção.

Figura 36: Malhas difusoras hidráulicas.


Fonte: Disponível em: <www.saneago.com.br/.../Manual_Operacao_de_Estacao_de_Tratamento_
de_Agua.pdf - > Acesso em 26 de maio de 2011.

8.2 Misturadores mecanizados


Os misturadores mecanizados têm sido pouco utilizados, pois pos-
suem equipamentos que devem ser constantemente revisados devido ao uso
e/ou a manutenção inadequada. Mesmo assim, algumas ETAs os utilizam com
sucesso.

8.2.1 Turbinas e hélices

São misturadores mecanizados instalados para efetuarem a mistura


de produtos químicos. Para que ocorra o bom funcionamento desses equipa-
mentos, é necessário que os mesmos permaneçam alojados em tanques que
garantam tempos de mistura pequenos. Adicionalmente, o produto químico
a ser misturado deve ser colocado abaixo da turbina ou hélice.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 56 Meio Ambiente


Figura 37: Câmara de mistura rápida com turbina.
Fonte: Disponível em: <http://www.daejundiai.com.br/daesite/biblio.nsf/V02.01/infraestrutura_
eta_etapas/$file/foto4.png> Acesso em 27 de maio de 2011.

Figura 38: Turbina e hélices hidráulicas.


Fonte: Disponível em: <http://m.albernaz.sites.uol.com.br/Eletromecanica_on_line_Arquivos/
turbinashidro.jpg> Acesso em 27 de maio de 2011.

8.2.2 Rotores de bombas

São aparelhos também utilizados para a mistura rápida. Todavia, é


necessário verificar se os materiais do rotor e da carcaça da bomba apresen-
tam resistência química e física à ação do coagulante.

Tratamento de Águas 57 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Figura 39: Esquema de funcionamento de bomba e rotor.
Fonte: Disponível em: <www.saneago.com.br/.../Manual_Operacao_de_Estacao_de_Tratamento_
de_Agua.pdf - > Acesso em 26 de maio de 2011.

Resumo
Nesta aula, você conheceu os tipos de misturadores hidráulicos e
mecânicos empregados para o processo de mistura rápida. Dentre os mes-
mos, você aprendeu que os misturadores hidráulicos são os mais utilizados,
pois dão resultados tão bons ou melhores do que os dos misturadores me-
cânicos, e não possuem equipamentos que, devido ao uso ou à manutenção
inadequada, possam ficar fora de serviço. Entre tais misturadores, você co-
nheceu a calha Parshall, que, além de misturador, é um instrumento para o
cálculo de vazão.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 58 Meio Ambiente


AULA 1

Alfabetização Digital
Aula 9 - Floculação

Objetivos
Entender o processo de floculação.
Conhecer os tipos de floculadores.
Aprender a normas e os ensaios para o procedimento da floculação.

9.1 Mistura lenta ou floculação


O embasamento da floculação, também chamada de mistura lenta,
é a formação de flocos sedimentáveis de suspensões finas através do empre-
Sedimentáveis: sólidos
go de coagulantes. Contrariamente à coagulação, a floculação ocorre em um em suspensão que se
tempo maior, pois tem por objetivo aumentar as chances de contato entre as sedimentam sob a ação
impurezas da água e os flocos que se formam através da ação do coagulante. da gravidade.
Os flocos formados têm aparência gelatinosa; isto facilita o agre- Ensaios: experimentos.
gamento de partículas na superfície do floco original. Ao longo do tempo,
os flocos aumentam de tamanho (acima de 1 mm de diâmetro) e tornam-se Béqueres: recipientes
utilizados nos
mais sedimentáveis na fase seguinte, a decantação, a qual estudaremos na laboratórios de química.
próxima aula.
Opalescência: termo
utilizado para definir
9.2 Tipos de floculadores o aspecto leitoso de
alguns materiais.

Existem duas maneiras de efetuarmos a agitação necessária ao pro-


cesso de floculação:
• permitindo que a água percorra um caminho com mudanças de
direção através de floculadores hidráulicos;
• mantendo a água em agitação constante por meio de floculado-
res mecânicos.

9.2.1 Floculadores hidráulicos


Floculadores de chicanas
Estes floculadores podem ser de dois tipos: chicanas verticais e
chicanas horizontais.
No primeiro tipo, a água percorre o floculador em movimentos, su-
cessivamente, ascendentes e descendentes. Para evitar que os flocos se depo-
sitem no interior das câmaras de floculação, à medida que vão sendo forma-
dos, os floculadores de chicanas verticais são projetados para que a velocidade
média da água nesses locais não seja inferior a 10 cm/s. Estes floculadores têm
muitas câmaras de floculação, de modo geral, cerca de quarenta câmaras.

Tratamento de Águas 59 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


No floculador de chicanas horizontais, a agitação é garantida pela
passagem da água em tratamento por consecutivas mudanças horizontais de
direção. Como no caso de chicanas verticais, a velocidade média de escoa-
mento da água em seu interior deve ser superior a 0,10 m/s.

Figura 40: Floculadores de chicanas: de cima para baixo, chicanas horizontais e


chicanas verticais.
Fonte: Disponível em: <http:// www.phd.poli.usp.br/phd/docentes/sidney/.../pos/Floculação.ppt>
Acesso em 05 de junho de 2011.

Figura 41: Planta de floculadores de chicanas: de cima para baixo, chicanas


horizontais e chicanas verticais (as setas representam o fluxo da água).
Fonte: Disponível em: <http://tratamentoaguaefluentes.com.br/literaturaPDFdownloads/Agua_
Potavel_Tratamennto_Agua_Consumo_Humano.pdf> Acesso em 04 de junho de 2011.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 60 Meio Ambiente


Floculadores Alabama

Construídos em unidades nas quais a água faz um movimento, no


começo, ascendente, e depois, descendente. Neste tipo de floculador, as
câmaras são sempre conectadas por baixo. Primeiramente, os flocos em for-
mação são lançados para cima, junto com a água em tratamento, em segui-
da, eles descem com o fluxo da água em direção à passagem seguinte. Desta
forma, os flocos que estão subindo colidem com os que estão descendo,
resultando na floculação.
Nos floculadores do tipo Alabama, ao contrário dos floculadores de
chicanas, não há a necessidade de manter a velocidade média de escoamen-
to superior a 0,10 m/s, pois não há a finalidade de arrastar os flocos para
cima. Da mesma forma, nestes floculadores, existem menos câmaras que nos
de chicanas verticais. Normalmente, o número de câmaras dos floculadores
Alabama é em torno de vinte, sendo, por isto, mais fáceis de serem limpos
e ajustados.

Figura 42: Floculador Alabama.


Fonte: Disponível em: <http://lh6.ggpht.com/_KVS5ppXbWs8/Sj85vtlACUI/AAAAAAAAADs/
G9JaRokjWus/14.%20FLOCULADOR%20ALABAMA.jpg> Acesso em 02 de junho de 2011.

Floculadores de bandejas perfuradas

Nestes floculadores, a água é inserida na parede acima de cada câ-


mara de floculação. Ao escoar no sentido descendente, ela passa, através de
orifícios existentes, numa sequência de bandejas perfuradas, intercaladas
perpendicularmente ao sentido do fluxo. A passagem da água por esses orifí-
cios provoca a agitação necessária para que ocorra a floculação. Ao atingir a
parte inferior de cada câmara, a água é então conduzida à câmara seguinte
através de um duto. Para assegurar o arraste dos flocos formados, esse duto
é dimensionado de forma que a velocidade da água em seu interior seja no
mínimo igual a 10 cm/s.

Tratamento de Águas 61 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Este tipo de floculador tem sido utilizado especialmente em esta-
ções de tratamento de águas pré-fabricadas, as quais entenderemos melhor
na aula 13 deste caderno.

Figura 43: Esquema de floculador de bandeja perfurada.


FONTE: Disponível em: <http://www.saneago.com.br/novasan/concursos/2007/pdf/Manual_
Operacao_de_Estacao_de_Tratamento_de_Agua.pdf> Acesso em 02 de junho de 2011.

Os sistemas hidráulicos apresentam algumas desvantagens, como:


pouca flexibilidade em relação à variação de vazão; impossibilidade de va-
riar ou de ajustar o gradiente de velocidade e perda de carga relativamente
alta. Por outro lado, possuem as seguintes vantagens: custo menor de im-
plantação, operação e manutenção; não exige mão de obra qualificada para
operação e manutenção.

9.2.2 Floculadores mecanizados

No Brasil, os principais floculadores mecanizados são os que utili-


zam paletas (que giram em torno de um eixo) e os que empregam turbinas
ou hélices. Como veremos adiante, os floculadores de paleta dividem-se, de
acordo com a sua forma de construção, em: floculadores de paleta de eixo
vertical, floculadores de paleta de eixo horizontal e floculadores de paleta
única de eixo vertical.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 62 Meio Ambiente


Floculadores de paletas

Floculador de paletas de eixo vertical: a água coagulada é intro-


duzida numa série de câmaras. Na primeira delas, o grau de agitação é mais
intenso do que na segunda. Da mesma forma, o grau de agitação na segunda
câmara é mais intenso do que na terceira, e assim sucessivamente, conforme
o número de câmaras. O gradiente de velocidade depende da rotação do
eixo e de características da paleta, como altura, espessura e espaçamento.
Os eixos são movimentados por conjuntos de motores instalados sobre as
passarelas do floculador.

Figura 44: Floculador de paletas de eixo vertical.


FONTE: Disponível em: <http://www.alaqua.com.br/fotosprodutos/floculadorpaletas.jpg> Acesso
em 02 de junho de 2011.

Floculador de paletas de eixo horizontal: da mesma forma que


o floculador anterior, a água coagulada é introduzida numa série de câma-
ras; em cada uma delas, o gradiente de velocidade é mais intenso do que
na seguinte, e menos intenso do que na anterior. Neste caso, o gradiente
de velocidade também depende da velocidade de rotação do eixo e das
características da paleta. Porém, os eixos são movimentados por conjuntos
de motores instalados no interior de poços secos, construídos ao lado dos
floculadores. Essa característica representa a principal desvantagem dos flo-
culadores de eixo horizontal, pois, em dado local, o eixo do equipamento
agitador atravessa a estrutura, sendo necessário instalar, nesta região, uma
gaxeta (equipamento que impede o vazamento de água no local). Por outro
lado, a utilização de floculadores mecanizados de paletas deste tipo pode
ser uma alternativa interessante em ETAs de grandes dimensões.

Tratamento de Águas 63 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Figura 45: Floculadores mecânicos de paletas: eixo vertical (esquerda) e eixo
horizontal (direita).
Fonte: Disponível em: <http://tratamentoaguaefluentes.com.br/literaturaPDFdownloads/Agua_
Potavel_Tratamennto_Agua_Consumo_Humano.pdf> Acesso em 04 de junho de 2011.

Floculador de paleta única de eixo vertical: a estrutura e o fun-


cionamento são semelhantes ao do floculador de paletas de eixo vertical;
a diferença encontra-se somente no número de paletas. Algumas estações
de tratamento de água brasileiras ainda utilizam este tipo de equipamento.

Figura 46: Floculador mecânico de paleta única.


Fonte: Disponível em: <http://tratamentoaguaefluentes.com.br/literaturaPDFdownloads/Agua_
Potavel_Tratamennto_Agua_Consumo_Humano.pdf> Acesso em 04 de junho de 2011.

Floculadores do tipo de fluxo axial – turbinas e hélices

Seguindo o padrão que acabamos de ver, dos floculadores de pale-


tas, neste tipo de floculador, a água é introduzida numa série de câmaras,
em geral, em número de três. Na primeira delas, o gradiente de velocidade é
mais intenso do que na segunda; por sua vez, o gradiente na segunda é mais
intenso do que na terceira. O gradiente de velocidade depende da rotação
do eixo e das características da hélice ou turbina. Os eixos são movimenta-
dos por motores com variadores de frequência.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 64 Meio Ambiente


Figura 47: Floculador axial.
Fonte: Disponível em: <http://www.centroprojekt-brasil.com.br/imagem/03_agua_flocu.jpg>
Acesso em 04 de junho de 2011.

9.3 Normas da NBR 12216 para projetos de flo-


culadores
1. G (gradiente de velocidade) e t (tempo) a serem aplicados de-
vem ser determinados por meio de ensaios realizados com a
água a ser tratada.
2. Não sendo possível proceder aos ensaios destinados a determi-
narem o período de detenção adequado, podem ser adotados
valores entre 20 e 30 minutos para floculadores hidráulicos, e,
entre 30 e 40 minutos, para os mecanizados.
3. Não sendo realizados ensaios, deve ser previsto G máximo no pri-
meiro compartimento, de 70 s-1, e mínimo, no último, de 10 s-1.
4. Deve ser previsto dispositivo que possa alterar o gradiente de
velocidade aplicado, ajustando-o às características da água e
permitindo variação de pelo menos 20% a mais e a menos do
fixado para o compartimento.
5. Os tanques de floculação devem ser providos de descarga com
diâmetro mínimo de 150 mm e fundo com declividade mínima de
1 %, na direção desta.
6. Os tanques de floculação devem apresentar a maior parte da
sua superfície livre exposta, de modo a facilitar o exame do
processo.
7. A velocidade da água, ao longo dos canais, deve ficar entre 10
cm/s e 30 cm/s.
8. O espaçamento mínimo entre chicanas deve ser de 0,60 m, po-
dendo ser menor, desde que elas sejam dotadas de dispositivos
para a sua fácil remoção.

Tratamento de Águas 65 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


9.4 Ensaios de floculação (Jar-test)
Os ensaios ou experiências de floculação têm como finalidade a
determinação das dosagens ótimas dos coagulantes e do pH ótimo de flocu-
lação. A determinação dessas dosagens é feita por tentativa e comparação,
através da utilização de um aparelho floculador (conhecido por Jar-test), o
qual permite a execução de seis ensaios simultâneos. A amostra de água uti-
lizada (água bruta) deverá ser coletada na caixa de chegada, antes do ponto
de aplicação dos coagulantes ou floculantes.

Figura 48: Aparelho floculador Jar-test.


Fonte: Disponível em: <http://water.me.vccs.edu/courses/env110/clipart/jartest.jpg> Acesso em
02 de junho de 2011.

Um ensaio de floculação ocorre em duas etapas, descritas a seguir.

Determinação da dosagem ótima de reagente floculante

1. Utilizar seis béqueres de 1,5 litros, adicionar 1 litro de água bru-


ta em cada um.
2. Adicionar quantidades crescentes do reagente coagulante a par-
tir do segundo béquer (por exemplo: 10, 12, 14, 16 e 18 ppm).
3. Ligar o jar-test, regulando a velocidade no máximo durante cer-
ca de 10 segundos. Depois, regular a velocidade de extração
para 40 rpm durante 20 minutos.
4. Após o tempo indicado, desligar o jar-test, observar os flocos
formados em cada béquer quanto à quantidade, ao tamanho e à
rapidez de sedimentação e medir o pH de cada béquer.
5. A cada béquer, atribuir uma nota de floculação da seguinte ma-
neira: 0 (não existem flocos), 2 (existe apenas opalescência), 4
(flocos pequenos), 6 (flocos médios), 8 (flocos bons) ou 10 (flocos
muito bons).
6. Recolher o béquer de maior nota de floculação. Este béquer será
o que contém a dosagem ótima de reagente coagulante. Esta
dosagem será chamada dS.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 66 Meio Ambiente


Determinação do pH ótimo de floculação

1. Em cada um dos béqueres de 1,5 litros, adicionar 1 litro de água


bruta, bem como a dosagem ótima de reagente coagulante “dS”
determinada anteriormente.
2. Adicionar quantidades crescentes do reagente alcalinizante a
partir do segundo béquer (por exemplo: 5, 10, 15, 20 e 25ppm).
3. Ligar o jar-test, regulando a velocidade no máximo durante cer-
ca de 10 segundos. Depois, regular a velocidade para 40 rpm
durante 20 minutos.
4. Após o tempo indicado, desligar o jar-test, observar os flocos
formados em cada béquer quanto à quantidade, ao tamanho e à
rapidez de sedimentação e medir o pH de cada béquer.
5. A cada béquer, atribuir uma nota de floculação, assim como foi
feito no ensaio anterior. O béquer de maior nota de floculação
será o que contém a dosagem ótima de agente adjuvante de
floculação, e esta dosagem será chamada dA .

Resumo
Na aula sobre floculação, você entendeu melhor este processo ba-
seado na teoria da mistura lenta. Você conheceu os floculadores hidráulicos
e mecânicos, bem como suas especificações e particularidades do uso. Para
complementar seus conhecimentos sobre a floculação, abordamos também
as normas da ABNT e os ensaios necessários para o procedimento.

Atividades de aprendizagem
1) Por que a floculação também pode ser chamada de mistura lenta?

Tratamento de Águas 67 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


AULA 1

Alfabetização Digital
Aula 10 - Decantação

Objetivos
Aprender o processo de decantação.
Entender os principais parâmetros de dimensionamento hidráulico
da decantação.
Reconhecer os tipos de decantadores.
Conhecer os formatos, os números, as zonas e os dispositivos de
decantadores.
Estudar a limpeza de decantadores.

10.1 Decantação ou sedimentação


Decantação ou sedimentação é o processo de separação dos sólidos
da água pela ação da gravidade.
Você já deve ter observado alguma vez que a água em movimento
arrasta fragmentos, mantendo-os em suspensão. A remoção desses materiais
é obtida a partir da redução da velocidade da água, em tanques chamados
decantadores, a ponto de causar a deposição das partículas em suspensão.
Como você sabe, a decantação é uma etapa que antecede a filtra-
ção, a qual estudaremos na aula 11. Portanto, quanto melhor for a decanta-
ção, melhor será a filtração. Da mesma forma, para que a decantação seja
perfeita, são necessários cuidados como: aplicação correta de coagulante no Taxa de escoamento
superficial: é a
pH ótimo, mistura rápida eficiente e floculação em tempo suficiente para a quantidade de líquido
produção dos flocos. que é aplicada por
unidade de área de uma
unidade durante um
10.2 Dimensionamento hidráulico para a decan- dia.

tação Período de detenção:


é o tempo médio
(geralmente expresso
No dimensionamento hidráulico para o processo de decantação ou em dias) em que os
despejos líquidos
sedimentação, os parâmetros principais que devemos considerar são: taxa permanecem em uma
de escoamento superficial, em m3/ m2. dia; período de detenção ou tempo unidade ou sistema.
de residência, em horas; e velocidade de escoamento, em cm/s. Velocidade de
escoamento:
velocidade de
movimentação das
moléculas de um fluido,
umas em relação às
outras e aos limites
impostos.

Tratamento de Águas 69 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


É muito importante que você saiba que, se a velocidade da água
nos decantadores for muito grande, pode ocorrer o arrastamento de flocos,
impedindo-os de serem retidos nos tanques de decantação. Para que tal pro-
cesso fique claro, estudaremos, a seguir, o funcionamento dos decantadores.

10.3 Tipos de decantadores


A função de um decantador é reduzir a velocidade com que a água
passa, para que os flocos que se encontram em suspensão decantem para o
fundo. Os flocos que já estiverem depositados no fundo ajudarão no proces-
so, pois funcionarão como imãs, atraindo o material que ainda estiver em
suspensão.
Quanto aos tipos, existem os decantadores clássicos ou convencio-
nais e os decantadores tubulares ou laminares. Os decantadores clássicos são
aqueles sem nenhum preenchimento. Já os decantadores tubulares possuem
placas ou tubos no seu interior para aumentar a área de decantação, sendo,
por isto, também chamados de decantadores de alta taxa.

Figura 49: Tanques de decantação convencionais.


Fonte: Disponível em: <http://serv1.codau.com.br:8080/imgTratamentoAgua/decantadores2.jpg>
Acesso em 07 de junho de 2011.

Figura 50: Decantador tubular.


Fonte: Disponível em: <http://www.classificadosmercosul.com.br/simaecao/Fotos/fotos%20eta/
Foto13.JPG> Acesso em 07 de junho de 2011.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 70 Meio Ambiente


O desenvolvimento dos decantadores tubulares resultou de pesqui-
sas, na área de Engenharia Sanitária, à procura de novas tecnologias de
redução dos custos de implantação, manutenção e, principalmente, o aper-
feiçoamento das ETAs. Para estes decantadores, a taxa de escoamento pode
atingir 200 m3/m2 dia. Outra vantagem dos decantadores tubulares é que,
em vez de se instalarem novos decantadores ou de se aumentarem os exis-
tentes, pode-se transformá-los em decantadores de alta taxa e, com isto,
reduzir as despesas com investimentos.

10.4 Formatos e números de decantadores


De acordo com Medeiros Filho (2011), os decantadores podem ser
retangulares ou circulares. Os primeiros funcionam melhor quando apresen-
tam profundidade de 4 a 6 metros, e a relação comprimento/largura é maior
do que 5:1.

Figura 51: Decantador retangular.


Fonte: Disponível em: <http://www.daebauru.com.br/site2006/material/imagens/decantador.jpg>
Acesso em 07 de junho de 2011.

Figura 52: Decantadores circulares.


Fonte: Disponível em: <http://www.aguasdevalongo.net/site/imagens/image002.jpg> Acesso em
07 de junho de 2011.

Tratamento de Águas 71 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Ainda segundo esse autor, o número de decantadores em uma ETA
depende, basicamente, da capacidade da instalação. As menores estações
têm de duas a três unidades. As maiores podem ser projetadas com mais de
dez decantadores.

10.5 Zonas dos decantadores


Os decantadores são divididos em seções ou zonas de acordo com a
etapa do processo de sedimentação.
• Zona de turbilhonamento: fica na entrada do decantador, na
qual ocorre agitamento suficiente para movimentar continua-
mente os grupos de flocos.
• Zona de sedimentação ou decantação: zona sem agitação, para
permitir que os flocos avancem e decantem vagarosamente em
direção à zona de repouso.
• Zona de ascensão: zona sem agitação, como a de sedimentação.
Porém, na saída, os flocos que não alcançam a zona de repouso
seguem o movimento ascensional da água e aumentam a veloci-
dade na passagem pelo decantador.
• Zona de repouso: zona sem agitação e sem interferência do fluxo
do decantador.

Figura 53: Zonas de decantador.


Fonte: Disponível em: <http://analgesi.co.cc/html/figura/46349_1f.jpg> Acesso em 07 jun. 2011.

10.6 Dispositivos dos decantadores


Para que haja mais eficiência no processo de sedimentação, os de-
cantadores apresentam dispositivos de entrada e de saída da água em tra-
tamento.
• Dispositivos de entrada: possuem o fim de gerar condições para
que o fluxo horizontal da água seja o mais uniforme possível. O
dispositivo de entrada mais utilizado é a cortina de madeira ou
de concreto perfurada, cujos orifícios devem ser dimensionados
para velocidades de 0,12 a 0,24 m/s.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 72 Meio Ambiente


• Dispositivos de saída: apresentam vazão controlada entre 2 e 7
l/s (MEDEIROS FILHO, 2011). Os dispositivos de saída mais comuns
são os vertedores e as canaletas.

Figura 54: Saída de água de decantador.


Fonte: Disponível em: <http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/calhadec.jpg> Acesso em 07 de
junho de 2011.

10.7 Limpeza dos decantadores


A limpeza de um decantador precisa ser feita quando o lodo origi-
nado do processo de decantação se acumula além da zona de sedimentação
do sistema. Tal limpeza deve ser controlada para reduzir as perdas de água
resultantes das lavagens dos decantadores. Desta forma, nos diferentes tipos
de decantadores, existem seções denominadas de descarga de fundo, as
quais têm a finalidade de esvaziar os mesmos.

Figura 55: Esquema de decantador mostrando descargas de fundo.


Fonte: Disponível em: <http://www.o2engenharia.com.br/abastecimento3_clip_image005.jpg>
Acesso em 07 de junho de 2011.

Tratamento de Águas 73 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Em decantadores de pequeno tamanho, depois de esvaziados, par-
te do lodo sedimentado em seus interiores precisa ser arrastada até a des-
carga de fundo para ser retirada. Este arraste é feito manualmente, com o
auxílio de jatos de água e rodos. Em decantadores de grande porte, podem
ser utilizados equipamentos chamados de raspadores de lodo, os quais dis-
pensam o esvaziamento completo dos decantadores.

Figura 56: Limpeza manual de decantador convencional.


Fonte: Disponível em: <http://www.mogianaonline.com.br/images/stories/cidades/sao-joaquim-
da-barra/2010-01/24-02-20105.jpg> Acesso em 07 de junho de 2011.

Figura 57: Equipamento raspador de lodo em tanque de decantação.


FONTE: Disponível em: <http://br.all.biz/img/br/catalog/34626.jpeg> Acesso em 07 jun. 2011.

Nos decantadores tubulares, a limpeza é dificultada pela presença


das placas ou dos tubos no seu interior. Assim, projetam-se sistemas de des-
carga hidráulica, que dispensam a entrada de funcionários para realizarem o
arraste manual do lodo sedimentado.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 74 Meio Ambiente


Resumo
Na aula 10, abordamos o processo de decantação ou sedimentação,
e foi possível a você entender os parâmetros fundamentais para o dimensio-
namento hidráulico da decantação. Conhecemos os decantadores conven-
cionais e os tubulares, além de seus possíveis formatos, números, zonas de
sedimentação e dispositivos de entrada e saída. Da mesma forma, estudamos
a limpeza dos decantadores, abordando os sistemas de descarga, a lavagem
manual e os equipamentos raspadores de lodo.

Atividades de aprendizagem
1) O processo de decantação ou sedimentação possui alguma relação com a
turbidez da água? Explique.

Tratamento de Águas 75 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


AULA 1

Alfabetização Digital
Aula 11 - Filtração

Objetivos
Entender a teoria da filtração.
Conhecer os tipos de filtros, materiais filtrantes e fundos falsos.
Aprender como ocorre a lavagem dos filtros.

11.1 Introdução
Depois de decantada, a água em tratamento é encaminhada aos
filtros das estações de tratamento de água.
A filtração é um procedimento físico no qual a água atravessa uma
camada filtrante, de maneira que partículas em suspensão sejam retidas,
produzindo uma água mais limpa.
O número de filtros em uma ETA depende do tamanho da instala-
ção, do número de etapas de construção, do tamanho das tubulações e de
fatores econômicos. Tradicionalmente, utiliza-se um mínimo de três unida-
des para vazões de até 50 litros/s; 4 para 250; 6 para 500; 8 para 1000; e 10
para 1500 (NETTO e RICHTER, 2001).

Figura 58: Vista parcial de conjuntos de filtros de ETA.


Fonte: Disponível em: <http://www.daebauru.com.br/site2006/material/imagens/decantador.jpg>
Acesso em 13 de junho de 2011.

Tratamento de Águas 77 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


11.2 Tipos de filtros
Os filtros podem ser de fluxo descendente ou de fluxo ascendente.
No primeiro caso, podem ser de camada ou leito filtrante único (simples),
duplo ou triplo (embora estes últimos sejam raros no Brasil).

Figura 59: Filtros descendentes.


Fonte: Disponível em: <http://www.carboniferacriciuma.com.br/site/imagens/img_carbotratap1.
jpg> Acesso em 13 de junho de 2011.

11.2.1 Filtros descendentes

São os filtros mais utilizados em ETAs. Nestes filtros, a água a ser


filtrada é introduzida na parte superior, desce através da camada filtrante e,
logo após, através da camada suporte, à qual estudaremos adiante, atravessa
o fundo falso (coletam a água filtrada abaixo da camada filtrante) e vai para
o reservatório de água filtrada.

Figura 60: Filtro descendente.


Fonte: Disponível em: <http://www.o2engenharia.com.br/abastecimento3_clip_image009.jpg>
Acesso em 15 de junho de 2011.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 78 Meio Ambiente


Os filtros descendentes podem ser classificados conforme o sistema
de filtração.

Comporta afogada:
Filtro de carga e taxa constante espécie de porta
metálica submersa que
É uma versão antiga de filtros descendentes, sendo que os novos regula o escoamento de
um líquido.
projetos de ETAs não o utilizam mais. Neste tipo de filtro, a água decantada
é encaminhada até um canal, que a distribui a todos os filtros. Em seguida, Soleira: parte inferior
do vão do vertedouro,
ela é introduzida em cada filtro através de uma comporta, afogada ou não.
no nível do piso.
Na saída de cada filtro, existe um medidor de vazão associado a uma vál-
vula de controle. Assim, se o medidor constatar aumento na vazão de água Substâncias voláteis:
substâncias que
filtrada, ele sinaliza para que a válvula de controle se feche um pouco. Da evaporam com
mesma forma, se o medidor constatar redução na vazão de água filtrada, facilidade.
ele sinaliza para que a válvula de controle se abra um pouco. Deste modo, a
Mesh: unidade
vazão filtrada é mantida constante em todos os filtros. de medida para
granulometria que tem
sua origem definida na
Filtro de taxa constante e carga variável malha de peneiras.

Neste tipo de filtro, a água decantada é encaminhada a um canal, Retrolavagem: sistema


que, através de
que a distribui a todos os filtros. Em seguida, ela é introduzida em cada filtro reversão do fluxo de
através de uma comporta não afogada, que funciona como orifício do verte- água, elimina todos os
douro para que cada filtro receba continuamente a mesma vazão. Por outro elementos retidos pelas
camadas filtrantes.
lado, a carga (isto é, a diferença entre o nível d’água no interior do filtro e o
nível d’água sobre o vertedouro de água filtrada) irá aumentando com o pas- Contracorrente:
corrente contrária à
sar do tempo. Isto porque o filtro vai se entupindo na medida em que retém
outra.
as impurezas trazidas pela água decantada.
Fluidificar: fazer passar
ao estado fluido.
Sistema de taxa declinante variável

Este sistema é composto por diversos filtros funcionando em pa-


ralelo. Em cada um deles, a comporta de acesso de água decantada está
afogada, isto faz com que todos os filtros do sistema operem como vasos
comunicantes, aos quais já estudamos na aula 6 deste caderno. Além disto,
como no caso dos filtros de taxa constante e carga variável, a água filtrada
é conduzida até um vertedouro, posicionado de tal forma que a sua soleira
assegura um nível d’água no interior de cada filtro de, no mínimo, 10 cm.
Essa medida permite que a camada filtrante esteja sempre imersa na água,
mesmo que a ETA pare de funcionar.

11.2.2 Filtros ascendentes

No interior destes filtros, ocorrem, ao mesmo tempo, a floculação,


a decantação e a filtração. Nestes filtros, a água segue um fluxo ascendente
para ser encaminhada ao reservatório de água filtrada.

Tratamento de Águas 79 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Figura 61: Filtro ascendente: a água entra pelo fundo do filtro e segue em sentido
de elevação até a saída do mesmo.
Fonte: Disponível em: <http://www.hidrosul.com.br/Imagens/Figuras/filtro-russo-serie-FT.jpg>
Acesso em 15 de junho de 2011.

Os filtros ascendentes também são classificados conforme o sistema


de filtração.

Filtro de taxa constante e carga variável

Nestes filtros, a água coagulada é distribuída a cada filtro através


de vertedouros com descarga livre, que asseguram a distribuição de vazões
iguais em todos eles. Tais vazões mantêm-se constantes ao longo do tempo e
em cada filtro. A perda de carga aumenta com o passar do tempo, à medida
que ele vai se tornando mais sujo.

Filtro de carga e taxa variável

Neste tipo de sistema, a água coagulada é distribuída a cada filtro


através de um sistema afogado. Nessas condições, a perda de carga será
igual para todos eles, tendo em vista que ela será igual ao desnível entre a
margem vertedoura da calha coletora de água filtrada e o nível d’água no
interior da câmara distribuidora. Embora a perda de carga seja a mesma
para todos os filtros, ela será variável para o sistema, aumentando com o
passar do tempo, à medida que eles forem se tornando mais sujos. A vazão
em cada filtro será variável ao longo do tempo porque a água buscará o filtro
que estiver menos sujo para atravessar.

11.3 Materiais filtrantes


Os materiais utilizados nos filtros das estações de tratamento de
água são basicamente granulares, especificados adequadamente. Os mate-
riais mais utilizados são a areia e o antracito.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 80 Meio Ambiente


11.3.1 Areia

A areia utilizada nos filtros das ETAs pode ser obtida nos rios ou
lagos, ou mesmo em praias de água salgada. O importante é que seja limpa,
sem barro ou matéria orgânica.
De acordo com Carvalho e Santos (2011), a altura da camada de
areia deve ser de 20 cm, e o tamanho específico dos grãos de 0,5 a 0,9 mm.

11.3.2 Antracito

O antracito é um carvão mineral de cor negra e pobre em substân-


cias voláteis. Sua massa específica é menor do que a da areia, o que faz com
que possa ser utilizado sobre a areia sem se misturar com ela. Essa diferença
de massas é tão marcante que o antracito poderá ser de grãos maiores do
que os de areia.
Pensemos: se o filtro é de areia e antracito, a água passará primei-
ro pelo antracito, que reterá parte das impurezas. Logo, a areia só reterá o
resto da impureza que atravessou o antracito. Diante disto, podemos afirmar
que é mais vantajoso utilizar filtros com areia e antracito, ou seja, tais filtros
trabalham com taxas de filtração maiores do que as dos filtros que só utili-
zam areia.
De acordo com Carvalho e Santos (2011), essa camada deve ter
altura de 45 cm, e o tamanho efetivo dos grãos deve ser de 0,8 a 1,0 mm.

11.3.3 Camada suporte

A camada suporte depende do material filtrante a ser colocado so-


bre ela e do fundo falso (o qual detalharemos adiante) sobre o qual ela se
apoia. Normalmente, ela é constituída de pedregulhos rolados, colocados em
camadas sucessivas, umas sobre as outras, de forma a possibilitar a transição
entre o tamanho dos grãos da camada filtrante e o tamanho dos orifícios
do fundo falso. Ambos, leito filtrante e fundo falso, definirão o número de
camadas e dos diâmetros (máximo e mínimo) dos seixos rolados que as cons-
tituem.
Essa camada tem a finalidade de sustentar a areia, bem como a
camada de carvão. Sua altura é composta de várias outras camadas de pe-
dregulho em alturas e tamanhos diferenciados:

15 cm de pedregulho (diâmetro 3/16 a 10 mesh);


10 cm de pedregulho (diâmetro 3/10 à 3/8);
10 cm de pedregulho (diâmetro 3/10 à 3/8);
10 cm de pedregulho (diâmetro 3/8 à 5/8);
10 cm de pedregulho (diâmetro 5/8 a 1“);
15 cm de pedregulho (diâmetro 2“ a 1”).

Tratamento de Águas 81 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


11.4 Tipos de fundo falso
Como já vimos, durante a filtração, os fundos falsos coletam a água
filtrada sob a camada filtrante. Existem vários tipos de fundos falsos, descri-
tos a seguir.

Figura 62: Fundo falso pré-moldado de cimento (filtro em construção).


Fonte: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_y5VqiCQz0xw/SAZfWkFBpXI/AAAAAAAAABI/
gMcBq9uQlaM/s320/PA160008.JPG> Acesso em 13 de junho de 2011.

Fundos patenteados

São fundos que utilizam componentes produzidos por empresas es-


pecializadas, que os patentearam. Embora apresentem desempenho muito
bom, seu custo é elevado.

Blocos

Podem ser fornecidos em cerâmicas ou em plásticos próprios para


a lavagem com água. Os blocos de fundo falso de filtro são usados para con-
tribuir com os meios filtrantes durante a filtração e distribuir uniformemente
o ar e a água de retrolavagem, quando o meio filtrante precisar ser limpo.

Figura 63: Blocos de plástico para fundo falso de filtro.


Fonte: Disponível em: <http://www.itttreatment.com/pt/ProductPDF/leopold_type_s_
underdrain_brochure.pdf > Acesso em 14 de junho de 2011.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 82 Meio Ambiente


Bocais

Placas com aberturas utilizadas em fundos falsos de filtros de fluxo


ascendente. Lembre-se de que, nesses filtros, a água introduzida é coagulada,
logo, quanto maiores forem os orifícios dos bocais, melhor será o processo.

Figura 64: Bocais empregados em fundos falsos metálicos de filtros ou argamassa


de cimento para distribuir uniformemente a água filtrada do meio filtrante.
Fonte: Disponível em: <http://www.hidrotechsp.com.br/sea/foto_15A.jpg> Acesso em 15 jun. 2011.

11.5 Lavagem dos filtros


Assim como ocorre nos filtros em nossas casas, à medida que vão
retendo a sujeira, os filtros das ETAs vão se tornando mais sujos e necessi-
tam ser lavados. O período decorrente entre duas lavagens sucessivas de um
mesmo filtro é denominado de carreira de filtração.
O que determina a necessidade de se lavar o filtro é um dos se-
guintes fatores: primeiro, se o filtro sujar demais, a ETA transborda, e, se
continuar filtrando, a turbidez da água filtrada excederá o limite aceitável
pelo padrão de potabilidade, o qual você estudou na aula 3 deste caderno.
Normalmente, nas ETAs brasileiras, a lavagem é efetuada introdu-
zindo água tratada em contracorrente no filtro a ser lavado, com velocidade
suficiente para fluidificar o leito filtrante.
Algumas vezes, efetua-se também a lavagem auxiliar, com água ou
com ar, como será visto mais adiante nesta seção.

Tratamento de Águas 83 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Figura 65: Lavagem de filtro de ETA.
Fonte: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/-pR3edkh0JAM/TeT_8q8v2UI/
AAAAAAAAABw/9y_h9OSE8Fo/s250/Limpreza%2Bdos%2Bfiltros.JPG> Acesso em 13 jun. 2011.

A seguir, descreveremos as formas pelas quais se efetua a lavagem


em contracorrente, utilizada em qualquer caso: com ou sem a lavagem auxiliar.

11.5.1 Lavagem via reservatório


É o modo mais utilizado no Brasil. A água tratada é bombeada até
um reservatório situado em nível mais elevado do que as calhas coletoras de
água de lavagem dos filtros. Na hora de lavar, basta abrir o registro de água
para lavagem. A água proveniente do reservatório será acolhida no fundo
falso do filtro e percorrerá (no sentido ascendente) o leito filtrante, fluidifi-
cando-o. A água de lavagem, contendo as impurezas removidas do filtro, será
coletada pela calha coletora de água de lavagem (pode haver mais de uma
dessas calhas em cada filtro). Daí, ela seguirá para o esgotamento da ETA.
É necessário salientar que o volume de água a ser armazenado pelo
reservatório deve ser suficiente para promover a lavagem de, pelo menos,
um filtro.

11.5.2 Lavagem via bombeamento


Este tipo de lavagem ocorre pela utilização de água bombeada por
conjuntos de motobomba, especialmente instalados para este fim.

11.5.3 Sistema autolavável


Algumas ETAs possuem sistemas autolaváveis de filtros ou retrola-
vagem, nos quais todos os filtros se intercomunicam através de seus fundos.
Neste sistema, os filtros são esvaziados antes do processo de limpeza, em
seguida, um jato de água de lavagem é introduzido, sendo que tal água é
recolhida em um tanque de esgotamento e não vai para o reservatório de
água filtrada.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 84 Meio Ambiente


Figura 66: Esquema de filtro autolavável: de cima para baixo, operação normal e
retrolavagem.
Fonte: Disponível em: <http://www.okte.com.br/Equipamentos/Equip_arquivos/fa4.jpg> Acesso
em 15 de junho de 2011.

Tratamento de Águas 85 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Figura 67: Processo de lavagem de filtro de ETA. Em: (A) esvaziamento do filtro,
em (B) lavagem das paredes do filtro, em (C) início da retrolavagem, em (D)
restabelecimento do funcionamento.
Fonte: Disponível em: <http://www.saaej.sp.gov.br/images/lavagem3_grande.jpg> Acesso em 15
de junho de 2011.

11.3.4 Sistemas auxiliares de lavagem

Com o objetivo de obter melhor desempenho da operação de lava-


gem do filtro e também de economizar água, podemos utilizar os sistemas
auxiliares de lavagem.
Anteriormente, rastelava-se a superfície das camadas filtrantes
simples de areia antes de lavá-las em contracorrente. Hoje, muitos opera-
dores “rasgam” essa superfície com forte jato de água. Essa medida reduz a
possibilidade de formação das denominadas “bolas de lama”, que surgem em
decorrência das crostas superficiais que se aderem aos grãos do leito filtran-
te e que não são quebradas pela lavagem em contracorrente.
ETAs de maior porte utilizam equipamentos especiais para proce-
der à lavagem auxiliar do leito filtrante, como os descritos a seguir.
Bocais fixados em braços rotativos: fornecidos para efetuarem
apenas a lavagem superficial (caso de leitos filtrantes simples) ou para efe-
tuarem a lavagem subsuperficial (caso de leitos filtrantes duplos).
Lavagem auxiliar com ar: tipo de lavagem muito utilizado na Eu-
ropa, no qual os filtros que empregam leitos filtrantes de areia com grande
espessura utilizam-na, simultaneamente, com a lavagem ascensional com
água. Enquanto o ar revolve as partículas de areia para a remoção da sujeira,
a água lava os espaços entre as partículas.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 86 Meio Ambiente


Resumo
Nesta aula, você entendeu melhor como ocorre o processo de fil-
tração nas ETAs. Você aprendeu que os filtros podem ser de fluxo descen-
dente ou ascendente. Nesses últimos, além da filtração, ocorre também a
floculação e a decantação. Vimos também quais são os materiais filtrantes
e os fundos falsos que podem ser utilizados em um filtro. Completando seus
estudos sobre filtração, apontamos os possíveis processos de lavagem dos
filtros de uma ETA.

Atividades de aprendizagem
1) Diferencie filtro de fluxo ascendente de filtro de fluxo descendente.

Tratamento de Águas 87 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


AULA 1

AulaAlfabetização
12 - Produtos químicos utilizados no
Digital
tratamento das águas de abastecimento

Objetivo
Conhecer os principais produtos químicos utilizados nas estações
de tratamento de água para o consumo humano.

12.1 Introdução
Os tipos de produtos químicos utilizados em uma ETA podem variar
de acordo com o porte da mesma, as características da água em tratamento
e os consumidores.
Para que você possa conhecer a variedade desses produtos, lis-
tamos os que são considerados mais importantes dentro de cada etapa de
tratamento da água. Algumas das etapas e dos produtos químicos de trata-
mento apresentados você já conheceu no decorrer da nossa disciplina. As
etapas ainda não estudadas, como controle de corrosão, controle e remoção
de odor e sabor, desinfecção e fluoretação, você conhecerá adiante.

Figura 68: Produtos químicos utilizados nas ETAs.


Fonte: Disponível em: <http://www.mundodakeka.com.br/Imagens/MeioAmbiente/Texto6_01.jpg>
Acesso em 16 de junho de 2011.

Tratamento de Águas 89 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


12.2 Coagulação
• Sulfato de alumínio.
• Sulfato ferroso.
• Sulfato férrico.
• Cloreto férrico.
• Caparrosa clorada (solução de sulfato férrico e cloreto férrico).
• Aluminato de sódio.
Existem ainda substâncias que atuam como auxiliares do processo
de coagulação, como:
• bentonita;
• carbonato de cálcio;
• silicato de sódio;
• certos produtos orgânicos, denominados polieletrolitos;
• gás carbônico.

12.3 Ajustagem de pH
• Cal hidratada.
• Carbonato de cálcio.
• Carbonato de sódio (soda ou barrilha).
• Hidróxido de sódio (soda cáustica).
• Gás carbônico.
• Ácido clorídrico.
• Ácido sulfúrico.
Reveja a importância da ajustagem do pH da água para as ETAs e
para o ser humano na aula 3 deste caderno.

12.4 Controle de corrosão


O controle da corrosão tem como objetivo eliminar o excesso de
gás carbônico na água, que tem efeito corrosivo sobre metais que são, neste
caso, as tubulações da ETA. A prática usual é a adição de cal hidratada, ao
final do tratamento, para elevar o pH para valores em torno de 8,3 e, com
isto, formar uma película de carbonato de cálcio nas tubulações, protegendo-
-as da corrosão. Valores de pH acima de 8,3 provocam excesso de carbonato
de cálcio e, consequentemente, a formação de incrustações nas tubulações.
Os outros produtos, além da cal hidratada, que podem ser usados
neste processo são:
• carbonato de sódio;
• hidróxido de sódio;
• polifosfatos de sódio.

12.5 Controle e remoção de odor e sabor


Consiste em processos físicos e químicos que têm em vista melhorar
o paladar da água.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 90 Meio Ambiente


Como estudamos na aula 3, as principais causas de sabor e odor
na água são: algas, decomposição de vegetais, bactérias, fungos e resíduos
industriais. Os produtos químicos utilizados para controlar e remover o odor
e o sabor das águas de abastecimento são:
• carvão ativado;
• dióxido de cloro;
• cloro;
• ozônio;
• permanganato de potássio;
• bentonita.

12.6 Desinfecção
A desinfecção da água consiste na eliminação dos agentes causado-
res de doenças eventualmente presentes na mesma, sendo parte fundamen-
tal no processo de tratamento para que se possa abastecer a população com
água adequada para o consumo humano.
Tal etapa do tratamento da água ocorre logo após a sua filtração.
Grande parte dos micro-organismos, especialmente vírus e bactérias, é re-
movida da água pela decantação e filtração. Todavia, alguns deles poderão
estar presentes na água filtrada. Por esta razão, a água filtrada é desinfetada.
Os produtos químicos usados no processo de desinfecção da água
para o consumo humano são:
• cloro;
• hipoclorito de sódio;
• hipoclorito de cálcio;
• dióxido de cloro;
• amônia anidra;
• hidróxido de amônia;
• sulfato de amônia;
• ozônio.
Entre os produtos listados, o mais utilizado é o cloro. Para que a
desinfecção seja eficiente, a água deve permanecer em contato com o cloro
no interior de um tanque denominado tanque de contato. O tanque de con-
tato é utilizado também para a adição de outros produtos químicos à água.

Tratamento de Águas 91 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Figura 69: Tanque de contato de ETA utilizado para adição de produtos químicos.
Fonte: Disponível em: <http://www.saeituiutaba.com.br/images/fluxoeta2.gif> Acesso em 16 de
junho de 2011.

De maneira geral, nas ETAs brasileiras, o cloro utilizado está na


forma de ácido hipocloroso e íon hipoclorito.
A portaria n° 36 do Ministério da Saúde institui que a concentração
mínima de cloro residual livre em qualquer ponto da rede de distribuição de-
verá ser de 0,2 mg/l (MANUAL..., 2006). Para respeitarem tal concentração,
as ETAs utilizam aparelhos como os dosadores de cloro e os de análise da
quantidade de cloro na água em tratamento.

Figura 70: Dosadores de cloro da ETA Sabesp.


Fonte: Disponível em: <http://fortalezadesentupidora.com/blog/wp-content/uploa
ds/2011/04/1270936096_87086648_5-DOSADORES-DE-CLORO-Sao-Paulo-1270936096-225x300.jpg>
Acesso em 17 de junho de 2011.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 92 Meio Ambiente


Figura 71: Aparelho de análise de cloro e pH da água.
Fonte: Disponível em: <http://www.produtosparalaboratorio.com/wp-content/uploads/2010/10/
chamada-3400-g.jpg> Acesso em 17 de junho de 2011.

12.7 Fluoretação
A fluoretação tem como objetivo a prevenção da cárie dentária
infantil. Esta etapa está prevista pela Legislação Federal (Portaria nº 635/
75 do Ministério da Saúde), que recomenda o uso do flúor nas águas de abas-
tecimento (BRASIL, 2011). Os produtos químicos mais utilizados para este
processo são:
• fluorsilicato de sódio;
• ácido fluorsilícico;
• fluoreto de sódio (fluorita).

A fluoretação das águas de abastecimento é a forma mais simples,


segura e econômica de se levar o flúor à dieta das crianças. Estatisticamen-
te, está confirmado que a ingestão de água fluoretada pelas crianças, desde
o seu nascimento, reduz a incidência de cárie dental em cerca de 60% (RA-
MIRES e BUZALAF, 2007).
O flúor é aplicado em um tanque de contato. Mas é importante
que você saiba que, enquanto dosagens abaixo da adequada são inefica-
zes na prevenção da cárie dentária, dosagens elevadas poderão ocasionar a
fluorose dentária, caracterizada pelo aparecimento de manchas nos dentes
(NUNES et. al., 2004).

Tratamento de Águas 93 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Figura 72: Fluorose dentária.
Fonte: Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/_5VbHJWh7Vn0/TUrrDFDrLkI/AAAAAAAABEo/
S0BDxZgjG1M/s1600/teeth2.jpg> Acesso em 16 de junho de 2011.

Segundo os padrões de potabilidade do Ministério da Saúde, a Por-


taria 635/Bsb (BRASIL, 1977) estabelece os limites recomendados para a con-
centração do íon fluoreto em função da média das temperaturas máximas
diárias, transcritos na tabela a seguir.

TABELA 2 - Limites recomendados para a concentração do íon fluoreto em função da


média das temperaturas máximas diárias.

Fonte: Disponível em: <http://www.scielo.br/img/revistas/esa/v14n2/a05tab01.gif> Acesso em 16


de junho de 2011.

Da mesma forma como para o cloro, para que as ETAs cumpram os


limites de concentrações de flúor estabelecidos pelo Ministério da Saúde, são
utilizados aparelhos de análise do flúor na água em tratamento e dosadores
de flúor, também chamados de cones de saturação.

Figura 73: Cone de saturação ou dosador de flúor de ETA.


Fonte: Disponível em: <http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/fluor_dosador.jpg> Acesso em 17
de junho de 2011.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 94 Meio Ambiente


Figura 74: Analisador de flúor.
Fonte: Disponível em: <http://www.lfequipamentos.com.br/upload/produtos/big/AQUACOLOR_
FLUOR_2008630131852.jpg> Acesso em 17 de junho de 2011.

Como regra geral para todos os produtos químicos utilizados no


tratamento das águas de abastecimento, lembre-se:
• nunca armazene produtos químicos diferentes, um em contato
com os outros;
• não armazene produtos químicos por longos períodos (máximo
de 6 meses);
• os produtos químicos destinados ao tratamento da água e, em
especial, os que serão utilizados no final da linha de tratamento,
tais como cal de correção e compostos de flúor, não deverão
conter produtos tóxicos em sua composição.

Resumo
Os vários produtos químicos utilizados para tratar a água nas ETAs
são adicionados à mesma nas etapas de coagulação, ajustagem de pH, con-
trole de corrosão, controle e remoção de odor e sabor, desinfecção e fluore-
tação. Nesta aula, você conheceu os principais produtos utilizados em cada
uma dessas etapas. Da mesma forma, aprendeu a importância das mesmas
para a saúde humana, como é o caso da desinfecção e da fluoretação, e para
o próprio sistema físico de tratamento da água.

Atividades de aprendizagem
1)
“Apesar da quantidade de flúor encontrada na alimentação ser baixa, boas
fontes do micronutriente são chás e peixes de água salgada consumidos com
ossos, como a sardinha, por exemplo.”
Fonte: Disponível em: <http://www.revista-fi.com/materias/52.pdf> Acesso em 16 de junho de
2011.

Que relação você faz entre a afirmativa dada e a recomendação do Ministério


da Saúde (Portaria nº 635/ 75) sobre o uso do flúor nas águas de abasteci-
mento?

Tratamento de Águas 95 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


AULA 1

Aula 13 - Estações
Alfabetização de tratamento de
Digital
água padronizadas e compactas

Objetivos
Diferenciar as ETAs convencionais das compactas.
Conhecer ETA compacta aberta e ETA compacta fechada.
Aprender as considerações necessárias para a execução de proje-
tos de ETAs.

13.1 Introdução
Você já aprendeu, nesta disciplina, que estação de tratamento de
água ou ETA é a parte do sistema de abastecimento de água na qual ocorre
o tratamento da água captada na natureza, visando à potabilização para
posterior distribuição à população.
As ETAs podem ser padronizadas ou compactas. A decisão de se
projetar um dos dois tipos depende das vazões envolvidas, do espaço dis-
ponível para a instalação e do tamanho da população que será abastecida.
Além disto, segundo Heller e Libânio (1994), a seleção do processo de trata-
mento deve levar em conta os seguintes fatores:
• as características da água bruta e sua variação ao longo do tempo;
• os padrões de qualidade do efluente a serem adotados; Alvenaria: construção
• a existência de unidades a serem ampliadas ou adaptadas; de tijolos ou pedras.
• o custo de implantação e de operação;
Água clarificada:
• os requisitos operacionais;
água com redução da
• a geração de resíduos a serem dispostos no meio ambiente. turbidez e da cor.

Consumo per capita


A diferença entre ETA padronizada e ETA compacta você entenderá
médio: volume total
ao longo desta aula. de água, distribuída
durante um ano,
dividido por 365 e pelo
13.2 ETA padronizada ou convencional número de habitantes
beneficiados. É
expresso, geralmente,
Tipo de ETA que realiza o tratamento completo da água, conforme em litros por habitantes
você já aprendeu, sendo constituída de captação de água bruta, calha Par- por dia (L/hab.dia).
shall, floculador, filtros, cloração, correção de pH, fluoretação e distribuição. Topografia: descrição
A ETA convencional é projetada para atender a grandes demandas exata e detalhada de
de água, sendo, por isto, construída em alvenaria. Antes da construção, são um lugar, determinando
as dimensões, os
necessários estudos com a definição da população a ser abastecida, a taxa elementos existentes,
de crescimento da cidade e suas necessidades industriais. Além disto, como as variações
altimétricas, os
o sistema convencional é projetado para servir à população por muitos anos,
acidentes geográficos
é necessária mão de obra altamente especializada na construção do mesmo. etc.

Tratamento de Águas 97 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Figura 75: ETA convencional da Copasa.
Fonte: Disponível em: <http://www.copasa.com.br/media/MoRedondo.jpg> Acesso em 17 de
junho de 2011.

13.3 ETA compacta


É um tipo de ETA que também realiza tratamento completo da água.
Porém, é adquirida pronta e possui capacidade de tratamento estabelecida
pelo fabricante. As ETAs compactas são construídas em chapas metálicas ou
em materiais plásticos adequados (fibra de vidro, polipropileno, polietileno
etc.). Em geral, são utilizadas em cidades de pequeno porte.

13.3.1 ETA compacta fechada ou pressurizada


É uma ETA que funciona sob pressão devido ao seu sistema fechado.

Figura 76: ETA compacta fechada.


Fonte: Disponível em: <http://www.pluvitec.com.br/_IMG/solucoes/etaCompacta1.jpg> Acesso em
17 de junho de 2011.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 98 Meio Ambiente


De acordo com Carvalho e Santos (2011), uma ETA compacta fecha-
da possui os equipamentos descritos a seguir.
• Dispersor hidráulico: destinado a proporcionar a rápida mistu-
ra dos reagentes com a água bruta. Os reagentes são injetados
através de conexões, especialmente deixadas sobre a tubulação
de entrada do mesmo.
• Floculador/decantador tubular sob pressão: destinado à coagu-
lação e à remoção dos flocos pelo processo de lodos suspen-
sos. A remoção dos lodos é feita continuamente, através de uma
descarga de fundo. A fim de controlar o processo de coágulo-
-decantação, lateralmente, dispõe de três coletores e amostras,
respectivamente: câmara de lodos (inferior), câmara de água
clarificada (posição média superior) e saída para os filtros (parte
superior).
• Filtro de areia dupla ação: para filtração de água proveniente
do decantador. Dispõe, frontalmente, de distribuidor constituído
por tubos, conexões e registros, destinados às operações de fil-
tragem, lavagem e pré-funcionamento do filtro.
• Dosador de produtos químicos: composto por tanque de prepa-
ração, bombas dosadoras e tubulação de adução.

13.3.2 ETA compacta aberta

A mesma descrição de ETA compacta fechada, com a diferença de


que são abertas, ou seja, não funcionam sob pressão.

Figura 77: ETA compacta aberta.


Fonte: Disponível em: <http://www.enasa.com.br/resources/images/eta-aberta-fibra-vidro.jpg>
Acesso em 17 de junho de 2011.

Tratamento de Águas 99 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


13.4 Considerações gerais sobre ETAs
De acordo com os Processos de Tratamento de Água (2011), projetos
para instalações de qualquer tipo de ETA deverão levar em consideração os
aspectos dados a seguir.
• Alcance do projeto: de modo geral, as estações de tratamento
são projetadas para atender à demanda prevista por um período
de 10, 15 ou 20 anos, principalmente em razão da complexidade
da obra e dos custos de implantação.
• Capacidade nominal: determinada considerando-se o período de
alcance do projeto, a população estimada para o fim de plano e
o consumo per capita médio fixado para a localidade.
• Etapas de construção: a fim de viabilizar a realização da obra, a
implantação da estação de tratamento pode ser planejada para
ser executada por etapas úteis, visando reduzir os investimentos
iniciais, diluindo-os ao longo do tempo.
• Localização: a localização da estação de tratamento, entre o
ponto de captação e o sistema de distribuição, deverá levar em
conta a facilidade de acesso e transporte, a disponibilidade de
energia elétrica, o afastamento das águas de lavagem, a dispo-
nibilidade de terreno, a topografia favorável para a adução de
água bruta e a distribuição de água tratada, o custo do terreno
e as condições de vizinhança.

Resumo
Nesta aula, finalizamos nossos estudos sobre o tratamento das
águas, aprendendo que as estações de tratamento são construídas para
atender às características e às demandas de uma população. As ETAs con-
vencionais, geralmente, são feitas de alvenaria, para abastecer a populações
maiores, por outro lado, as ETAs compactas são feitas de materiais diversos
(plásticos e metais), para suprir o abastecimento de pequenas cidades. As
ETAs compactas podem ser fechadas ou abertas, diferindo apenas na pres-
surização dos sistemas.

Atividades de aprendizagem
1) Com base nos seus conhecimentos adquiridos sobre o tratamen-
to das águas ao longo desta apostila, indique características que você jul-
ga serem necessárias a uma estação de tratamento de água, convencional
ou compacta, para que a mesma possa prestar um serviço de qualidade à
população. Em seguida, discuta e compare a sua resposta com as dos seus
colegas.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 100 Meio Ambiente


Referências
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tamento de água para abastecimento público. NBR 12216. Rio de Janeiro:
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dade no Brasil. Brasília, março de 1977.

_______. Ministério da Saúde. Portaria 518. Normas e padrão de potabilida-


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e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 102 Meio Ambiente


Currículo do professor conteudista

Ellen Bárbara Santos Domingues Morais


Mestre em Produção Vegetal no Semiárido – Unimontes.
Graduada em Ciências Biológicas/Bacharelado – Unimontes.

Tratamento de Águas 103 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Escola Técnica Aberta do Brasil
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 106 Meio Ambiente

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