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INTRODUÇÃO

É comum em todos os seres vivos, através de seus processos metabólicos, a


transformação da matéria em energia, onde os materiais são absorvidos, parte é usada para
gerar energia e outra parte, o que não lhe é útil, é jogada fora. Com os seres humanos, não
é diferente, a espécie humana apresenta uma relação constante na produção de resíduos.
Onde quase todas atividades produzidas por seres humanos terminam por deixar na
natureza os resíduos. Apesar desta ligação dos resíduos com a espécie humana, estes até
pouco tempo não eram motivos de preocupação para a maioria dos povos.

A palavra resíduos derivada do latim residuu, significa aquilo que resta de destino
final de qualquer substancia. O termo resíduo sólido serve para designar o resíduo como
sólido e assim diferenciando do restante que são os resíduos líquidos, constantemente
lançados nos esgotos e os gasosos, lançados no ar principalmente através de chaminés de
fabricas, veículos e queimadas.
Em termos práticos podemos definir resíduo sólido como materiais sólidos
indesejáveis ou descartados, resultantes das diversas atividades, sejam eles de origem
doméstica ou industrial.

Muita gente, levando em conta a grande extensão territorial do Brasil, ainda pensa
que todos os recursos naturais do nosso País são inesgotáveis. Grande erro. Grande falta de
conhecimento. É preciso abrir os olhos e ficarmos bem atentos, o futuro de nossa terra vai
depender das nossas atitudes de hoje, poderemos passar por sérias e graves dificuldades e
ainda comprometer a sobrevivência das gerações futuras.

O efeito nocivo dos resíduos sólidos municipais no meio ambiente, na saúde dos
ecossistemas bem como na saúde dos próprios indivíduos que ali habitam chamam a
atenção de muitos, escritores pesquisadores, ambientalistas e até dos governantes. Estes até
parecem apreciar a obra, tamanha a sua insensibilidade com o caso. Observam as
deficiências nos sistemas de coleta e disposição final, mas permanece inerte a situação e
continuam sem uma política de proteção a fauna e a flora destes habitantes.
Há somente duas alternativas: ou tratamos nossos solos com amor e carinho,
recuperando-o e produzindo alimentos sadios, ou tentamos explorá-los ainda mais e
pereceremos por causa da desertificação, da falta de água e dos tóxicos em alimentos, ar e
água (PRIMAVESI, 2004).

O gerenciamento dos resíduos sólidos em áreas rurais até pode parecer


insignificante, tendo como base as dimensões de espaço é insipiente e específico para
alguns setores produtivos ou para alguns tipos de materiais descartados. Como exemplo,
podem ser citados os recipientes de agrotóxicos que possuem legislação especifica para seu
recolhimento, descarte, tratamento e disposição final. Os resíduos sólidos, se descartados
inadequadamente no ambiente, podem provocar alterações intensas no solo, na água e no
ar, além da possibilidade de causarem danos a todas as formas de vida, trazendo problemas
que podem aparecer, com freqüência, somente anos depois de terem sido descartados.

Uma política de gestão ambiental que tenha grande capacidade de monitoramento e


controle e, ao mesmo tempo, conserve e recupere a qualidade de nossos geoambientes.

Esta política ambiental deverá administrar os hidroambientes de forma a identificar


os manejos adequados da caatinga e das serras úmidas (Souza Filho, 2006).

A preocupação da ação nociva do homem sobre o meio ambiente não é recente no


Brasil, Cunha (1902), no início do século passado, em sua obra "Os Sertões", já alertava a
sociedade para a ação daqueles que degradavam os recursos naturais, na região do
Nordeste, aliada às condições desfavoráveis dos fatores climáticos destacando: "um agente
– o homem". E, ressaltou: "Este, de fato, não raro reage brutalmente sobre a terra e, entre
nós, assumiu em todo o decorrer da história, o papel de um terrível fazedor de desertos."

Esta pesquisa tem por finalidade apresentar, de um lado, um ponto de vista


equilibrado sobre os benefícios do uso de diversos materiais e por outro lado, os riscos
ambientais envolvidos quando se negligencia no seu uso.

Mostrar a sociedade à falta de atenção para os problemas de falta de gestão dos


recursos ambientais relacionados principalmente ao gerenciamento dos resíduos sólidos. E
em caso particular, pequenas comunidades do Ceará, onde o descaso das autoridades
municipais termina por deixar as populações expostas e a origem dos riscos a que estão
submetidas. A pesquisa está baseada em uma revisão bibliográfica e na experiência do
autor, que atua nas áreas descritas, locais onde os resíduos sólidos são jogados.

2 – OS RESÍDUOS SÓLIDOS E O MEIO AMBIENTE

2.1 – PRODUÇÃO E DESCARTE DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

“O meio ambiente (...) proporciona, como fonte supridora, recursos (matéria e


energia, em última instancia) para transformação, e acolhe como força de dejetos, todo o
lixo (matéria e energia degradadas) em que, em derradeira análise, se convertem os
produtos resultantes do processo econômico” (CAVALCANTI, 2006).

A sociedade moderna foi condicionada a um aumento de consumo e a cultura de


descarte. Essa cultura levou à produção de toneladas de resíduos sólidos que, na maioria
das vezes, não tem destino adequado. Diversas formas são utilizadas atualmente para
esconder a destinação final inadequada de resíduos, prática comum no Brasil, desta forma
inúmeras possibilidades de contaminação ou poluição podem ocorrer, trazendo reflexos à
saúde coletiva.
A solução preferencial para o destino do lixo ainda consiste em conduzi-lo para
longe, preferencialmente, para locais afastados das áreas habitadas. São os vazadouros a
céu aberto, mais conhecidos como lixões, situados na periferia das cidades ou as margens
vias de acesso aos municípios nas zonas rurais, como também ao redor das próprias
residências, como mostra a figura abaixo:
Figura 2 – Lixão de Itapajé.

Segundo o IBGE, ainda hoje, no Brasil, de todo o lixo coletado, a maior parte tem
como destino certo, locais inadequados, ecologicamente incorretos, lançados na natureza.
Embora haja variações significativas de uma região para outra. Vejamos a tabela abaixo:

Quantidade diária de lixo coletado (t/dia)


Grandes Unidade de destino final do lixo coletado
Vazadouro a Vazadouro Estação
Regiões Total Aterro Aterro Estação de
céu aberto em áreas de Incineração Outra
controlado sanitário compostagem
(lixão) alagadas triagem
Brasil 228413,0 48321,7 232,6 84575,5 82640,3 6549,7 2265,0 1031,8 2796,4
Norte 11067,1 6279,0 56,3 3133,9 1468,8 5 - 8,1 116,0
Nordeste 41557,8 20043,5 45 6071,9 15030,1 74 92,5 22,4 178,4
Sudeste 141616,8 13755,9 86,6 65851,4 52542,3 5437,9 1262,9 945,2 1734,6
Sul 19874,8 5112,3 36,7 4833,9 8046,0 347,2 832,6 30,1 636,0
Centro-
14296,5 3131,0 8 4684,4 5553,1 685,6 77 26 131,4
Oeste
TABELA -1: Quantidade diária de lixo coletado, por unidade de destino final do lixo
coletado, segundo as Grandes Regiões – 2000 no Brasil.
Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000.
Com base nos dados da pesquisa observa-se que a poluição do meio ambiente por
resíduos sólidos parece estar ligada à educação e ao desenvolvimento. O fato é constatado
quando analisamos os dados e constatamos que nas regiões Norte e Nordeste do Brasil,
além de serem as mais pobres, e também as que apresentam o menor índice de
escolaridade, apresentam as maiores taxas das que tem destino do lixo o meio ambiente, ou
seja, estão entre as mais jogam os resíduos a céu aberto. A situação pode ser visualizada no
gráfico abaixo:

Gráfico 2 – Principais formas de disposição final do lixo no Brasil – 2000


Fonte: Adaptado de D’Almeida e Vilhena, 2000

Observamos ainda, que o gráfico mostrados por D’ Almeida e Vilhena(2.000), que


73% de todo lixo produzido no Brasil é jogado na natureza, com ou sem maiores cuidados
e terminam por contaminar e destruir os ecossistemas.

Continuando a cadeia produtiva dos resíduos sólidos chegamos à fase de transporte


e ai vem outro fator preocupante, é mais uma ação danosa, o transporte quase sempre
inadequado de resíduos sólidos, já que, na maioria dos casos é feito em veículos
sucateados, de forma ambiental insatisfatória.

Nos grandes centros urbanos pelo menos os veículos são mais conservados, e mais
adequados. O que agrava mais é que em pequenas cidades ou vilarejos, o transporte destes
resíduos, quando existe, é feito em veículos inadequados, e até carroças a tração animal é
usada para tal finalidade. Assim tem endereço final quase sempre os lixões, áreas
impróprias, constituindo-se assim no maior responsável direta e indiretamente pela
poluição dos recursos hídricos.

2.2 – O DESTINO DAS EMBALAGENS

Desde meados dos anos 80, nos países desenvolvidos, as tendências de embalagem
passaram a sofrer influência dos questionamentos sobre a relação com o Meio Ambiente,
especialmente sobre o destino final dos materiais de embalagem após o consumo do
produto acondicionado. Embalagens recicláveis ou biodegradáveis passaram a ter imagem
positiva aos olhos do consumidor e dos órgãos legislativos.

A embalagem é fundamental na preservação dos produtos, conseqüentemente, no


uso racional dos recursos da natureza e do trabalho humano. Entretanto, como após o
consumo do produto o que ainda resta é a embalagem, as pressões sobre a participação da
embalagem no resíduo sólido urbano ainda persistiam. Essa situação é mais marcante em
sociedades industrializadas, onde a perda de materiais orgânicos (alimentos) é minimizada
pelos processos de conservação e pela embalagem.

Muito do desenvolvimento tecnológico da produção de embalagens nos últimos


anos foi motivado pelas pressões das questões ambientais, a exemplo da redução de peso
significativa das embalagens, do uso de embalagens retornáveis. Da combinação de
materiais visando facilitar a reciclagem (como a substituição de base cups por base
petalóide em garrafas de PET - polietileno tereftalato e o emprego de tampa e pote de
mesmo material), rótulos de garrafas de vidro de fácil remoção para facilitar a higienização
(entre usos sucessivos) em sistemas retornáveis e inúmeros outros exemplos.

Quando a preocupação é o Meio Ambiente, os princípios do desenvolvimento


sustentável devem prevalecer e aspectos como consumo de energia, consumo de recursos
naturais, poluição de ar, água e solo devem ser analisados em conjunto, para se concluir
sobre o real impacto do produto ou de sua embalagem sobre o meio ambiente. Quando se
pensa na relação da embalagem com o meio ambiente e, inclusive, para medir a eficácia de
processos ou uso de embalagens desenvolvidas de forma ecológica, em nome do Meio
Ambiente, torna a discussão mais séria, pois até que ponto estas não agridem o meio
ambiente.

3 – FORMAS ALTERNATIVAS DE DESTINO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

3.1. – OS ATERROS SANITÁRIOS

Como substitutos dos lixões foi criado o aterro sanitário, que já se apresenta com
algumas melhorias, mas o lixo continua sendo exposto, com o tempo muitos trasbordam e
acabam por retornar ao estágio anterior, além do mais, o chorume produzido continua a
contaminar os aqüíferos que abastecem a própria cidade. A deposição em aterro representa
a alternativa menos desejável de lidar com os resíduos da sociedade, embora atualmente
ainda seja o método mais usado para o destino final destes.

O chorume se forma devido a decomposição dos resíduos de natureza orgânica,


sendo um líquido percoloso com alto potencial poluidor e pode provocar impactos
negativos à qualidade das águas.

Em algumas cidades, principalmente nos grandes centros urbanos, já utilizam


canaletas, onde se recolhe este chorume para uma estação de tratamento, amenizando o
problema. No entanto em cidades menos desenvolvidas o que se observa é a produção do
chorume proveniente destes depósitos de resíduos, escorrendo em busca dos mananciais da
região.

Outro produto que não é visto a olho nu, mas quem se aproxima de um aterro
sanitário pode sentir, através de um cheiro forte é o gás metano. O gerenciamento do gás
metano em aterros sanitários, oriundo de materiais degradados é um dos maiores
problemas de gestão, com efeito durante muitos anos, mesmo após fechamento do aterro
por mais de 100 anos. Uma solução para evitá-lo seria a sua utilização como fonte
energética.
3.2 A INCINERAÇÃO (QUEIMA DO LIXO)

Dentre as soluções para destino dos resíduos sólidos esta parece ser a alternativa
menos aceitável. Provoca graves problemas de poluição atmosférica e exige investimentos
de grande porte para a construção de incineradores. O seu poder de contaminação se dar
pelo lançamento de gases poluentes, como o dióxido de carbono, provenientes da queima
dos resíduos, que irão contribuir para a redução da camada de ozônio.

Figura 2 – Buraco usado para queima de resíduos sólidos.

3.3 - A COMPOSTAGEM

É uma maneira fácil e barata de tratar o lixo orgânico (detritos de cozinha, restos de
poda das plantas dos jardins, fragmentos de árvores), mas se limita aos resíduos sólidos de
natureza orgânica.

3.4 - A RECICLAGEM

Com a reciclagem é possível reduzir o consumo de matérias-primas, o volume de


lixo e a poluição. É vista com entusiasmo pelos governos e pelos defensores da causa
ambiental como solução para o lixo inorgânico (plásticos, vidros, metais e papéis).
Segundo Demajorovic (1996), “é muito mais econômico fabricar uma garrafa nova com os
cacos de uma garrafa quebrada, ou uma lata de refrigerante através da refundição do
alumínio já beneficiado”. Sem dúvida a gestão dos resíduos sólidos precisa buscar novas
formas, de lidar com o lixo, uma forma mais inteligente que possa conciliar a praticidade
com o esgotamento da matéria prima na natureza.

Embora seja um processo em crescimento, com a reciclagem é possível recuperar e


reutilizar a maior parte dos materiais que é jogado fora. Latas de alumínio, vidro e papéis,
facilmente coletados e processados, estão sendo reciclados em larga escala em muitos
países, inclusive no Brasil, ainda não é economicamente atrativo para todos os casos.
Assim, nos restam as alternativas: evitar produzir lixo, reaproveitar o que for possível e
reciclar ao máximo.

Experiências acumuladas em diferentes partes do mundo não levaram muito tempo


para sugerir que as vantagens da reciclagem do lixo fossem relacionadas a vários fatores,
uma vez que sua adoção estava necessariamente condicionada por vários aspectos, tais
como a quantidade de matéria-prima disponível, a energia demandada e as ofertas de
mercado, dentre outros.

O processo de reciclagem, porém, apresenta alguns fatos negativos um dos maiores


entraves é o risco que expõe aos catadores de lixo. Já que nestes materiais pode ser
encontrada uma variedade muito grande de resíduos químicos, dentre os quais merecem
destaque pela presença mais constante: pilhas, baterias, inseticidas, solventes e outros
produtos químicos como o chumbo, cádmio e mercúrio. No quadro a seguir observamos a
distribuição destes materiais nas principais capitais do país:
Materiais Brasil Salvador Porto Alegre Fortaleza São Paulo
Papel e papelão 24,5 16,2 22,1 22,6 18,8
Plásticos 2,9 17,1 9 8,2 22,9
Vidro 1,6 2,9 9,2 3,3 1,5
Metais 2,3 3,7 4,7 7,3 3
Outros 52,5 60,2 55 58,6 53,8
Fonte: D` Almeida e Vilhena 2000
TABELA -2: Composição percentual do lixo domiciliar em cidades brasileiras.

Uma grande variedade de materiais pode ser recuperada:


 Alumínio: a reciclagem do alumínio é feita em dois setores: latas de alumínio e
alumínio secundário, incluindo este último caixilharia e portas, com qualidade
variável. Há muita demanda para latas dado que se gasta menos 95% de energia para
obter uma nova lata de alumínio a partir de uma velha do que a partir do minério
(bauxite);

 Papel: os principais tipos de papéis reciclados são jornais velhos, cartões, papel de alta
qualidade e papéis misturados. Cada um destes tipos tem características diferentes em
termos de tipo de fibra, origem, homogeneidade e tinta impressa, tendo
consequentemente valores diferentes no mercado;

 Plástico: a percentagem de plástico usado que é reciclada ainda é muito baixa;

 Vidro: material comumente reciclado, incluindo vidro plano e de garrafas, muitas vezes
separado por cor;

 Metais ferrosos (ferro e aço): a maior parte do aço reciclado vem dos automóveis,
sendo importante também a reciclagem de latas de aço usadas para sumos e alimentos;

 Metais não ferrosos: são recuperados de vários equipamentos caseiros, como tachos,
escadas e mobílias;

 Borracha: proveniente dos pneus.


A tabela seguinte sintetiza as principais vantagens e desvantagens das
principais alternativas de gestão de resíduos sólidos.

Tratamento Vantagens Desvantagens


Permite o prolongamento da vida
A necessidade de lavar/desinfectar
útil dos aterros, a diminuição das
os recipientes pode gerar um
necessidades de incineração, a
volume de efluentes líquidos
Reutilização poupança de matéria prima e de
maior e mais carregado;
energia e do custo de tratamento de
necessidade de reorganizar os
resíduos; promove a alteração dos
circuitos de recolha/produção.
hábitos de consumo.
Permite poupança de matérias Dificuldades de recolha e destino
primas e energia e a redução do dos materiais separados e em
Reciclagem volume e dos custos de tratamento garantir um fornecimento contínuo
dos resíduos; promove a alteração de matéria-prima de boa qualidade
dos hábitos de consumo. aos compradores.
Permite uma redução de 90% em
Custo elevado, devido à
volume e 70% em massa.
sofisticação tecnológica exigida,
Teoricamente, qualquer tipo de
nomeadamente ao nível de
resíduo pode ser incinerado,
Incineração sistemas de tratamento; emissão
embora tenham maior interesse os
de poluentes (gases, cinzas
com maior poder calorífico, como
volantes, escórias); necessidade de
por exemplo o plástico; produção
um aterro de apoio.
de energia eléctrica.
Necessidade de espaços de
Após o esgotamento da vida útil, a
grandes dimensões, para além de
Aterro paisagem pode ser recuperada,
um controlo e monitorização
Sanitário construindo-se jardins, campos de
contínua dos gases produzidos,
jogos ou zonas de recreio.
das águas lixiviantes e pluviais.

Nota: A escolha alternativa da incineração à deposição em aterro é bastante


polémica face aos gases tóxicos libertados, nomeadamente pela queima de plásticos,
com a produção de dioxinas (compostos cancerígenos), sendo por isso incentivada a
política dos 3 R´s.

4 – A RESPONSABILIDADE PELOS RESÍDUOS SÓLIDOS

O cidadão deve estar consciente de que sua responsabilidade não se encerra na


entrega do lixo para a coleta. Para tal, serão necessárias mudanças nos hábitos de consumo,
não apenas no que diz respeito à quantidade, mas também ao tipo de produto adquirido. A
Agenda 21 propõe que “a sociedade precisa desenvolver formas eficazes de lidar com o
problema da eliminação de um volume cada vez maior de resíduos.”
Segundo Idrogo (2007), “no Brasil, o lixo está legislado pela resolução n.º 257, do
Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA”, o qual impõe normas de proteção
ambiental. E conclui que: “no ambiente brasileiro são inúmeros os casos nos quais as
empresas estão efetivando ações destinadas a reduzir o lixo, a descontaminação da água e
do solo, bem como, à preservação de áreas do entorno no qual estão localizadas”.

Existem alguns mecanismos, coordenados pelo Ministério do Meio Ambiente


através do IBAMA, que visam proteger os recursos naturais, sobretudo a água, a flora e a
fauna. Estas sanções estão previstas na legislação, mas é uma luta difícil, pois não existem
indicadores claros de quando pode ser caracterizado um mau uso do solo. A "justiça
agrária" ainda não é algo claro e desenvolvido no Brasil.

Lamentavelmente, o que se observa é que desde a ocupação inicial, pelos


colonizadores, o território brasileiro vem tendo seus recursos naturais desbaratados
irresponsavelmente pelos usuários, sem que os ocupantes dos poderes públicos punam
esses agressores.

As discussões acerca da sustentabilidade datam da década de 70, quando


ambientalistas atentaram para a questão da degradação ambiental, devido a um processo
histórico que visava apenas ao crescimento econômico. Em 1987 foi publicado o Relatório
de Brundtland tornando o conceito de desenvolvimento sustentável mais popular e no
Brasil a discussão se intensificou depois da RIO-92 ECO-92 com a criação da Agenda 21
(MARTINETTI, 2006).
A Agenda 21 propõe que “a sociedade precisa desenvolver formas eficazes de lidar
com o problema da eliminação de um volume cada vez maior de resíduos. Os Governos,
juntamente com a industria, as famílias e o público em geral, devem envidar um esforço
para reduzir a geração de resíduos e de produtos descartados”.

Pouca importância, até então dada, do ponto de vista sanitário e ambiental, à


questão do lixo das cidades. Reflete o conceito de que ao lixo não é atribuído valor algum.
Expressão disso seria o fato dele nunca ter recebido outra conotação além daquela de
inutilidade. inspirado os modelos de gestão de resíduos sólidos. É uma tentativa, buscando
a origem do problema, de ocultar um modelo econômico que tem se comportado de forma
predatória com a natureza, tratando-a como fonte ilimitada de recursos e, ao mesmo tempo,
espaço inesgotável de absorção dos resíduos das atividades humanas.

A conseqüência principal de todo esse processo é a necessidade de incidir sobre


aqueles que produzem, sejam as pessoas em suas residências, as instituições públicas, as
empresas, as fábricas, os hospitais, estimulando a criação de uma nova cultura do lixo. A
educação pode se constituir em importante ferramenta nesse sentido. Por meio dela, torna-
se possível reconstruir uma idéia do lixo mais compatível com a nova tendência mundial,
pelo menos em discurso, de atuar sobre a produção do lixo. Para tanto, torna-se necessário
que cada um comece com uma reflexão sobre a produção de lixo em sua casa; fique atento
ao desperdício tão comum em nossa cultura.

O Poder Público municipal é o principal protagonista na área de saúde pública e de


educação pré-escolar e fundamental. É ele, também, o responsável por serviços públicos da
maior relevância para a saúde ambiental e a qualidade de vida, como a coleta, o tratamento
e a disposição de resíduos, o abastecimento de água e o esgotamento sanitário. Realiza
obras de drenagem e de abertura e conservação de vias públicas e estradas vicinais. E pode
realizar o licenciamento ambiental de empreendimentos de impacto local e desenvolver (ou
não) programas de combate à erosão, proteção de mananciais, controle do uso de
agrotóxicos, educação ambiental etc.
Por outro lado, é também um empreendedor que se apropria de espaços, consome
insumos e produz resíduos, podendo realizar obras sem a devida avaliação do custo social
e ambiental perante os benefícios pretendidos.

Nessa frente interna, cabe ao Poder municipal organizar-se adequadamente e


viabilizar as ações. Há muitos desafios para superar.

5 - A POLUIÇÃO DAS ÁGUAS PELOS RESÍDUOS SÓLIDOS


Como veremos na figura abaixo, de toda a água que existe na terra, apenas 0,007%
está disponível para nosso consumo.

GRÁFICO 1: Disponibilidade da água no mundo


Adaptado de Deca

E o que fazemos? Cuidamos dela? Não! Tratamo-la como se fosse infinita. Não
levamos em conta que a cada dia aumenta a população mundial e como conseqüência disto
aumenta o consumo de água potável. Hoje, metade da população mundial (mais de 3
bilhões de pessoas) enfrenta problemas de abastecimento de água. Muitas fontes de água
doce estão poluídas ou, simplesmente, secaram. Mesmo assim diariamente são
desperdiçados milhares de metros cúbicos de água própria para o consumo humano, mas
isto não é o pior, o mais grave é a contaminação a qual a submetemos.
Conforme é mostrado na figura abaixo, a responsabilidade das pessoas, pode ser
retratada assim, parecendo que os rios não coisas sem dono.

Diante de toda problemática da poluição hídrica, cabe salientar que a água é um


recurso natural indispensável à vida e que embora o planeta em que vivemos tenha muita
água somente parte dela está apropriada para consumo.

A água urbana é contaminada a cada segundo, tendo em vista que boa parte dos
resíduos sólidos produzidos por seus habitantes são jogados nos rios que cruzam as
cidades, aonde muitos antes de chegarem às cidades possuem vida, já em sua saída das
zonas urbanas mais parecem um esgotão. Já que ali não há mais vida, pois os peixes não
conseguem sobreviver à escassez de oxigênio provocada pelo excesso de matéria orgânica
jogada pelos esgotos. Ale do chorume gerado pela deposição dos resíduos sólidos em
lixões. Normalmente a sua cor de cristalina, como deveria ser, assume uma coloração
escura e fedida, como se estivesse podre.

“O esgoto indevidamente lançado in natura, alem de ferir a estética e provocar


maus odores, causa uma série de inconvenientes” (DACACH, 1991).
A água é essencial à vida dos homens, flora, fauna e solo. A água pura, nos cursos
ou reservatórios para uso doméstico, agrícola e outros fins, é um recurso natural finito. A
produtividade de uma terra é função da fertilidade do solo e da água nele contida. Solo e
água têm suas funções complementadas. Um dos efeitos nocivos da degradação do solo é a
perda da sua capacidade de retenção e armazenamento de água.
A água da chuva que não se infiltra no terreno escoa superficialmente. Em função
do volume e da velocidade, a água que escorre provoca o arrastamento de partículas de
solo e de insumos nele aplicados, depositando os sedimentos em baixadas, lagos e
reservatórios e assoreando os cursos d'água.
Os elementos nutrientes e agrotóxicos, carreados para os rios pelas enxurradas,
poluem-nos afetando o equilíbrio do sistema e alterando a qualidade da água que é
utilizada no abastecimento doméstico.
Além do assoreamento dos rios e reservatórios provocados pela erosão hídrica dos
terrenos, as fontes utilizáveis de água são tradicionalmente maltratadas e poluídas orgânica
e quimicamente. Nelas são jogados resíduos de indústrias e lixos os mais variados. O
conceito dos habitantes em relação à água é o mesmo para os demais elementos da
natureza; pela falta de conscientização ou mesmo educação ambiental, não há preocupação
em preserva-los.
Devido ao alto índice de desflorestamento, em muitas zonas do país a deficiência de
água ocorre em diversos períodos do ano, pois as precipitações escoam rapidamente para
os cursos d'água e mares.
O lixo urbano é um problema Municipal, para o qual os Prefeitos não dão a devida
atenção, sob o aspecto sanitário. Por vezes, o local escolhido para o recolhimento do lixo
domiciliar e mesmo hospitalar, é situado às margens de cursos d’água e, quando chove,
forma-se o chorume, que corre para os rios e, destes, algumas vezes, para os reservatórios
de água que abastecem as residências.
Em nosso país há, destacadamente, alguns rios e baías que, tradicionalmente, estão
poluídos e que - devido à falta de colaboração da população – mesmo com gastos
financeiros pelas autoridades governamentais, jamais serão despoluídos. Como exemplo,
são citados o rio Tieté, em São Paulo, o rio Paraíba do Sul (RJ, SP, e MG.) e a Baía da
Guanabara. Levantamentos revelam que são lançados, diariamente, nessa baía 200
toneladas de detritos provenientes de lixos transportados por rios que passam por 15
Municípios do Estado do Rio de Janeiro.

Na zona rural a situação não é diferente a situação se agrava a cada dia pois a água
gerada por atividades agrícolas, onde resto de pesticidas ou até mesmo o esgoto doméstico
é eliminado no ambiente, visto que muitas vezes não há condições financeiras ou
informações suficientes para tratá-las.
A água isenta de poluição é indispensável à vida humana, animal, flora e à
produtividade do solo. Surpreende-nos, pois, que mesmo sabendo deste conceito básico,
indivíduos agridam os cursos d`água, poluindo-os.
Lamentavelmente, na região do Semi-árido, os usuários dos recursos naturais não
empregaram práticas adequadas às características climáticas, mas adotaram rotinas de
zonas de condições diferentes, resultando na formação de áreas estéreis.

Felizmente, devido á escassez que já bate a porta, programas de uso racional da


água surgem em diversas partes do mundo. E novas leis estão sendo criadas com a
finalidade de preservar a água.

No Brasil, regidos pela Lei nº 6938 de 31/08/1981, alterada pela Lei 7804 de
10/07/89, que rege a política Nacional de Meio Ambiente , no seu artigo 15.º, assinala que:
“O poluidor que expuser a perigo a incolumidade humana, animal ou vegetal, ou estiver
tornando mais grave situação de perigo existente, fica sujeito à pena de reclusão de 1 (um)
a 3 (três) anos e multa de 100 (cem) a 1.000 (mil) MVR”.

6 – OS RESÍDUOS SÓLIDOS EM COMUNIDADES DO CEARÁ

Nesta região castigada pelas irregularidades nas precipitações, mas quando chove, é
mais fácil perceber a quantidade de lixo que jogado ao redor das casas sendo carregados
pela enxurrada e às margens dos reservatórios percebem-se plásticos boiando que
terminam por depositar-se em baixo d’água.

6.1 OS RESÍDUOS DOMICILIARES


Falar na gestão de resíduos sólidos rurais é algo que parece difícil de se imaginar
nessas regiões do estado do Ceará. É fato comum, quando se afasta das zonas urbanas e
nos aproximamos de vilarejos, você passa nas estradas e percebe quanto lixo é jogado na
natureza. Hoje com a melhoria da qualidade de vida dos sertanejos, criaram o hábito de
fazerem suas compras nas cidades próximas e quando retornam para casa com suas
compras, trazem muitas embalagens, principalmente as plásticas.

Desprovidos de coleta de lixo, todos os resíduos sólidos produzidos nas


comunidades rurais são lançados nas proximidades das residências, alguns parecem achar
bonito e os lança nas margens das estradas, ficando estes materiais expostos, podendo ser
consumidos por animais como mostramos na figura abaixo:

Fonte : FUNVERDE
FIGURA -1: Animais se contaminam com a ingestão dos resíduos sólidos jogados a
beira das estradas.

Em todos municípios visitados, com raras exceções, todos utilizam lixões a céu
aberto, em dez os resíduos sólidos são queimados ao ar livre, e o lixo hospitalar
contaminado tem o mesmo destino do lixo domiciliar.
Figura 3 – Lixão de Pentecoste

Os lixões dos municípios estudados não atendem a nenhuma especificação técnica


estabelecida para aterros sanitários. Por exemplo, quanto à vida útil do lixão, sabe-se que é
determinada pela quantidade de lixo depositado em relação ao tamanho da área disponível,
necessitando monitoramentos constantes.

Nos municípios desta região, a vida útil média dos lixões é de onze anos, mas o do
município de Itapajé já possui trinta anos. Vejamos a distância média de alguns lixões
para a sede de algumas cidades da região: em Itatira, Canindé, Itapajé, Pentecoste e
Paracuru, Choró os lixões estão localizados dentro do distrito sede, Tejuçuoca dista 8km
da sede. Quanto à distância mínima de corpos hídricos, os lixões dos municípios de Itatira,
Canindé, General Sampaio, Tejuçuoca e Itapajé estão localizados ou sobre ressurgências
hídricas, aterrando-as e/ou contaminando suas águas, ou em trechos de riachos, afluentes
dos tributários do rio Curu.

Devido os rios cearenses não estarem enquadrados na Resolução do Conselho


Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) n.º 357 de 17 de março de 2005, tomou-se como
referência os padrões estabelecidos para a classe 2, considerando-se os parâmetros
referentes ao abastecimento humano. Conforme a Resolução, as águas destinadas ao
abastecimento humano que estão enquadradas na classe 2, têm que ser submetidas ao
tratamento convencional antes de serem consumidas.

Esse tratamento supõe quatro operações distintas: floculação, decantação, filtração


e desinfecção. No tratamento são utilizados, nos municípios da bacia, o sulfato de
alumínio, no processo de floculação, e o cloro (gasoso ou sólido) no processo de
desinfecção. Entretanto, o único município que realiza o procedimento completo de
tratamento da água é Canindé, enquanto que Paracuru, Itatira e Paramoti realizam o
tratamento simplificado, apenas filtrando e desinfectando a água. O restante dos
municípios adicionam sulfato de alumínio na água durante o processo de tratamento
simplificado, com o intuito de diminuir a turbidez.

6.3 ESGOTAMENTO SANITÁRIO


O sistema de esgotamento sanitário nos treze municípios visitados ou é inexiste ou
é deficitário. Mesmo os quatro municípios – Canindé, Pentecoste, Paraipaba e Paracuru –
que possuem sistema de esgotamento e tratamento de águas residuárias, além de
atenderem, em geral, pequena parcela da população, seus sistemas não funcionam
adequadamente, sendo os efluentes tratados lançados nos corpos hídricos em condições
aquém do ideal exigido pela legislação brasileira.

6.3.1 Esgotos Domésticos e Hospitalares


Dos treze municípios que compõem a bacia do Curu, somente quatro possuem
algum tipo de sistema público de esgotamento sanitário: Pentecoste, com tratamento por
Reator Anaeróbio de Manta de Lodo (RALF) associado a filtro, e Canindé, Paracuru e
Paraipaba, com sistema de lagoas de estabilização. Paraipaba é o município onde a maior
porcentagem da população é atendida, já que 64,8% contam com os serviços de
esgotamento sanitário (CAGECE, 2004f).
O destino final dos esgotos tratados é o rio Canindé, no município de Canindé, e o
rio Curu, nos municípios de Pentecoste e Paracuru. Em Paraipaba, o esgoto tratado é
utilizado para irrigar plantações de coqueiros e depois escoa para o complexo de seis
lagoas do perímetro irrigado Curu-Paraipaba. Em todos os casos, os resíduos sólidos
produzidos no tratamento, como os sólidos grosseiros, a areia e o lodo, têm como destino
final o lixão.
Quanto aos outros nove municípios, os domicílios possuem fossas, mas a maior
parte das casas lança os esgotos na rua, em canais a céu aberto, que escoam diretamente
para os corpos lóticos ou lênticos mais próximos.
2.3.2 Esgotos dos Matadouros Públicos
Na bacia do Curu, onze municípios possuem matadouro público. No caso de Itatira
e Apuiarés, os animais são abatidos clandestinamente. Nos municípios de Paramoti e
Caridade, apesar de possuírem matadouros, a freqüência de abate é baixa, já que grande
parte da carne é comprada em Canindé ou é originária de outras regiões do país,
principalmente do centro-oeste.
São abatidos semanalmente cerca de 185 bovinos, 118 caprinos e ovinos, e 120
suínos, nos onze municípios pesquisados. Os municípios que mais abatem animais são os
de Pentecoste e Canindé, representando cerca de 70% do abate total de bovinos
(informação verbal)[3].
As figuras 8 e 9 exemplificam o esgotamento sanitário e a estrutura do matadouro
público de dois municípios inseridos na bacia do Curu.
2.2 Abastecimento de Água Potável
Em São Luís do Curu e Apuiarés a água é captada diretamente do leito do rio Curu.
Lagoas interdunares abastecem as cidades litorâneas de Paracuru e Paraipaba e a cidade de
Itatira é abastecida por mananciais subterrâneos, através de poços tubulares. As sedes dos
municípios de Umirim, Pentecoste, General Sampaio e Paramoti são abastecidas pelas
principais barragens, Caxitoré, Pentecoste e General Sampaio, denominadas estratégicas.
Caridade e Canindé são abastecidas por barragens de pequeno porte, o São Domingos e o
São Mateus, respectivamente. Já a cidade de Itapajé é abastecida na maior parte do ano por
uma ressurgência hídrica no maciço de Uruburetama, conhecida como Barragem do
Escorado. As figuras 5, 6 e 7 demonstram alguns dos principais mananciais de
abastecimento público da bacia do Curu.

Atualmente a
água é concebida pelos especialistas como um recurso renovável, porém finito, já
que a
poluição e o uso dos recursos hídricos têm aumentado muito, ao ponto de não
permitir a
reposição na velocidade necessária ao consumo (RIBEIRO, 1998). A perspectiva da
Organização Meteorológica Mundial (OMM) é que nos próximos 50 anos haja uma
grave
escassez mundial de água (“O Estado de São Paulo”, março de 1998). A tendência
para um
futuro próximo é de quem quiser utilizar a água terá de pagar, isto já está previsto
na
constituição paulista (Lei 7.663) mas a lei ainda não foi regulamentada (Comitê das
Bacias
dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, 1996).
Embora o planeta Terra tenha 2/3 da sua superfície coberta de água, apenas 2.5%
está disponível sob a forma de água doce. Somente 0.3% destes 2.5% estão
depositados em
reservatórios superficiais (rios e lagos). O Brasil possui cerca de 10% de toda “água
doce”
do planeta. Mais de 70% dessa reserva hídrica está na Amazônia. Em muitas
regiões,
especialmente no Sudeste mais industrializado, a oferta natural está se tornando
escassa e
de má qualidade. No Sul, pequenos proprietários de terra, irrigantes e indústrias
entram em
litígio pelas barragens e uso dos mananciais de grandes e pequenos rios. No
Nordeste o
governo tenta dessalinizar as cacimbas para enfrentar a seca crônica (MACHADO,
1998).
Segundo RIBEIRO (1998) na maior parte do mundo, o principal uso da água está
na
agricultura. O autor cita o exemplo que em algumas regiões da Ásia o consumo de
água no
setor primário chega a ser dez vezes maior que na produção industrial.
No Estado de São Paulo, o quadro é preocupante. A degradação dos recursos
hídricos tem sido intensa, através do uso exagerado de agrotóxicos, do lançamento
de
despejos de toda ordem (agrícolas, industriais, domésticos) em corpos d’água e do
desmatamento junto aos rios e mananciais (RIBEIRO, 1998). Em zonas
agropecuárias,
onde normalmente o abastecimento de água é particular, as chances de
contaminação são
grandes devido a ausência de tratamento da água, representando um risco à saúde
de
homens e animais. Esta escassez de reservas superficiais de boa qualidade levou
inclusive
44
as cidades a buscarem água no subsolo. De acordo com CAPOZOLI (1998) nada
menos
que 462 municípios do Estado, o equivalente a 72% do total, já dependem parcial
ou
completamente dos estoques de água subterrânea para o abastecimento de uma
população
de 5.5 milhões de pessoas.
As criações intensivas de animais podem contribuir significamente para o aumento
da poluição e contaminação dos recursos hídricos. O descarte da água servida
proveniente
da criação diretamente em um pequeno curso d’água, aplicação de estrume líquido
em
grandes quantidades no solo, armazenamento em lagoas sem revestimento
impermeabilizante durante vários anos, transbordamento de tanques ou lagoas,
acúmulo dos
dejetos nos currais, são alguns exemplos do manejo inadequado dos dejetos que
podem
comprometer seriamente os recursos hídricos,

6.2 – Os resíduos de criações e culturas


Figura 16- Formas de aproveitamento dos resíduos da produção agropecuária
(adaptado de NAS, 1977 citado por POLPRASERT, 1989)

Hoje todo produtor rural adquire agroquímicos para uso rural, seja para controlar
as pragas da roça ou para o controle de endo e ectoparasitas de seus animais. O problema
se dar não é quando ele faz a compra e sim na utilização e destino da embalagem. A grande
maioria desprovida de conhecimentos acaba por cometer abusos na dosagem do principio
ativo, fazendo com que os excessos terminem por contaminar o seu próprio reservatório
onde o mesmo busca a água para seu consumo.

O problema no destino das embalagens é porque a grande maioria desconhece os


cuidados que se deve tomar para se livrar destes materiais. Já aqueles que providos de
maior conhecimento e sabe que estes produtos devem receber a tríplice lavagem e ser
encaminhada à loja onde foram adquiridos, esbaram em outro problema. As lojas se dizem
despreparadas para receber as embalagens e o problema retorna ao produtor que consciente
ou não enterra ou joga nos mananciais que cortam suas propriedades.

No Brasil, as estatísticas do aumento no consumo de fertilizantes mostram uma


evolução média anual de 6,5%, a partir de 1970 até 2000, passando de 990 mil toneladas
para 6.568 mil toneladas de nutrientes. Isso equivale, em termos de aumento de consumo
por área, de 27 kg/ha em 1970, para 129 kg/ha em 2000 (ANDA, 2001).

A matéria orgânica gerada pelas fezes dos animais terminam por se perder nos
mananciais, poderia ser usada como adubo orgânico para suas plantações.
A zona rural não é um local de atividades unicamente agrícolas o zoneamento
ambiental é importante para uma qualidade de vida adequada para as populações humanas.
Uma das ações para um coerente saneamento ambiental, com conseqüente elevação da
qualidade de vida da população, é o gerenciamento integrado dos resíduos sólidos. O GIRS
pode ser implantado em pequena escala como uma comunidade rural.

Se alguns cidadãos não cumprem suas obrigações, a sociedade (coletividade) tem o


direito de se indignar contra os infratores, porque estão causando prejuízos que afetam o
meio ambiente, comprometendo a subsistência das populações atual e futura. Os
conservacionistas e os ambientalistas têm a obrigação de manifestar sua desaprovação aos
que, conscientemente, são "fazedores de desertos". Aqueles que, por desconhecimento das
causas e efeitos, agridem os recursos naturais, sugerimos que o Poder Público crie
condições para conscientizá-los e incentivá-los para a realização de medidas preventivas
contra a degradação dos solos.

Por imposição dos consumidores, principalmente do mercado internacional, alguns


agricultores e pecuaristas estão adotando práticas que objetivam preservar os recursos
ambientais, destacadamente - não realizar a queimada dos resíduos vegetais e florestas as
margens dos cursos d’água.

ENCARNAÇÃO citado por DASSIE (1999b) comenta que o fim mais correto para
o esterco é sua incorporação no solo, mas simplesmente “jogar” aleatoriamente o
esterco no
campo pode causar sérias complicações sanitárias, como a poluição de córregos e
rios, que
acabam por transportar o problema para outros locais.
A matéria orgânica, presente nos dejetos, descartada em um curso d’água serve de
alimento para as bactérias decompositoras, que se reproduzem rapidamente,
respiram e
provocam a diminuição da quantidade de oxigênio dissolvido na água. A falta de
oxigênio
acarreta a morte de outros organismos aquáticos e torna a água imprópria para
consumo e
outros fins (BRANCO, 1983). Organismos patogênicos e o excesso de nutrientes
(principalmente fosfatos e nitratos) também presentes nos resíduos, podem atingir
as águas
subterrâneas e/ou superficiais acarretando problemas de contaminação.
A aplicação excessiva no campo e o acúmulo dos dejetos em locais inadequados
pode resultar em sobrecarga da capacidade de filtração do solo e retenção dos
nutrientes do
estrume, contaminando principalmente a água do subsolo (ENNIX, 1996).

Em sistemas de confinamento, gases nocivos podem provocar danos à comunidade


através da emissão de odores desagradáveis e problemas de saúde a pessoas e
animais
(OLIVEIRA, 1995). Este é um problema cada vez mais em foco, a medida que as
cidades
vão crescendo e se aproximando da zona rural. Segundo OVERCASH (1983b) os
odores
provém principalmente dos estágios intermediários da decomposição anaeróbia dos
dejetos.
Estes gases são subprodutos dos dejetos de animais quando sofrem manejo
inadequado e/ou
são encaminhados a sistemas de tratamento mau dimensionados (ENNIX, 1996).

Com a praticamente inexistência de pressão da sociedade ou das autoridades para


um manejo ambientalmente correto dos resíduos da atividade leiteira, os critérios
que
definem este manejo ficam se tornam predominantemente econômicos e ficam a
cargo do
produtor decidir o que fazer. Esta decisão depende se o produtor considera os
dejetos
dentro de sua atividade como um resíduo, que deve ser descartado, ou como um
subproduto, que deve ser aproveitado.
7 - Conclusões

Com base nos estudos apresentados que demonstram, mesmo de forma genérica
como a gestão dos resíduos sólidos pode ser conduzida, auxiliando ou até mesmo
dificultando a implantação da Gestão da Qualidade. No entanto, com base nas normas que
regem a gestão ambiental no Brasil, observa-se uma predisposição para utilizar os
princípios definidos na série de normas ISO 14000, no entanto para atender os princípios
da série de normas isso 9000 ainda existe um caminho mais longo a ser percorrido.

Para tanto se torna necessário fazer uma conscientização do cidadão com a


finalidade de modificar sua forma de pensar e agir, com mais consciência de que sua
responsabilidade não se encerra na entrega do lixo para a coleta. Assim serão necessárias
mudanças nos hábitos de consumo, não relacionadas apenas a quantidade, mas também é
preciso levar em consideração a qualidade do produto adquirido.

O lançamento de resíduos sólidos na natureza requer por parte dos governantes


uma busca de mudança comportamental das pessoas em relação a sua produção e a
maneira de se desfazer destes materiais. Dessa forma utilizando-se de tecnologias que
estejam dentro das suas capacidades técnicas e de recursos, para gradativamente irem
adquirindo maior controle sobre os efeitos ambientais e na saúde, provocados pelos seus
próprios resíduos. Esses desafios devem ser enfrentados, e um dos principais é o de buscar
novos modelos de políticas públicas urbanas que combinem o esforço de crescimento
econômico com as ações equilibradas para obtenção de condições dignas de vida para as
populações, com redução nas taxas de degradação do meio ambiente.

As comunidades sertanejas por apresentarem menor grau de escolaridade e ficarem


isoladas, acabam por sofrer pelo abandono das autoridades, essas comunidades
inconscientes podem provocar fortes impactos ambientais, rompendo o equilíbrio do
ecossistema. Necessitam assim de uma maior grau de conscientização, objetivando uma
melhor qualidade de vida. Envidando em um esforço para reduzir a geração de resíduos e
de produtos descartados.
Falta critérios técnicos para aplicação dos dejetos no campo para melhor
aproveitamento de suas propriedades físico-químicas. Por falta de análises não se
sabe se as
quantidade aplicadas atendem as necessidades das culturas ou se estão sendo
aplicados em
excesso, sendo mais provável a primeira opção. A introdução do conceito de
reciclagem
dos nutrientes parece ser uma boa alternativa para otimizar os benefícios da
aplicação dos
dejetos no campo.

8 – Referências

http://www.anda.org.br/home.aspx
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICCAS – ABNT.
Coletânea de normas de sistemas da qualidade. Rio de Janeiro: ABNT, 1995.
CAVALCANTI, Clóvis. et all. Memórias do seminário natureza e sociedade nos
Semi-Áridos. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 2006.
CERVO, A. L. & BERVIAN, P. A. Metodologia científica. São Paulo: Makron
Books, 1996.
CUNHA, Euclides. Os sertões. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1902.
DADACH, Nelson Gandur. Tratamento primário de esgoto. Rio de Janeiro: EDC,
1991.
FUNEVERDE. Disponível em: www.funverde.org.br, acessado em 2007.
IBGE. Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000. Disponível em:
www.ibge.gov.br. Acessado em 2007.
IDROGO, Aurélia. A. Caderno de Sistema integrado de Gestão, João Pessoa,
2007.
MARTINETTI, Thais Helena, Universidade Federal de São Carlos – UFSCAR,
Águas: qualidade da água para usos distintos. Disponível em: www.cori.unicamp.br.
Acessado em 2007.
PRIMAVESI, Ana. O manejo ecológico do solo. São Paulo: Nobel, 2002.
SOUZA FILHO, F. de A. et all. Memórias do seminário natureza e sociedade nos
Semi-Áridos. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 2006.

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