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PARTE

O SETOR DE ENERGIA
SOLAR FOTOVOLTAICA NO BRASIL
Nesta seção será apresentado um panorama do setor solar
fotovoltaico de geração centralizada no Brasil. Aborda a
representatividade da fonte na matriz elétrica e perspecti
vas e obstáculos para seu crescimento. Apresenta os aspectos

legais e regulatórios mais relevantes do setor elétrico brasileiro,


e respectivas particularidades para projetos de fonte solar
foto-
voltaica. Descreve as regras, classificações e os ambientes de

comercialização de energia elétrica (regulado, livre e mercado


de curto prazo), além dos regimes de produçaão independente
de energiae de autoprodução. Por fim, lista e traz as principais
características das usinas e projetos de geração centralizada de

energia elétrica solar fotovoltaica vencedores dos leilöes do


Ambiente de Contratação Regulada.
CAPITULO 01

PANORAMA DE MERCADO
Eduardo Tobias Neme Fernandes Ruiz

1.1 FONTE SOLAR FOTOVOLTAICA NA MATRIZ ELÉTRICA


Desde o ano de 2014, foram realizados sete leilöes no Ambiente de Contratação
Regulada (ACR) nos quais 160 projetos de geração centralizada solar fotovoltaica (FV)
venderam energia elétrica em contratos de 20 anos. Em conjunto, eles têm potência
de 4,767 GWac (5,979 GWp) e declararam um investimento de capital da ordem de
RS 24,7 bilhões (ANEEL, 2020a). Até 30/06/2020, 99 projetos de geração centralizada
haviam entrado em operação, totalizando 2,880 GWac, todos eles vencedores de leilões
do ACR (ANEEL, 2020b).

-o- Potência (MWp)


1.116
1.2001.049
1.000 O-
1.044 1.030 Potência (MWac)
- - Garantia fisica (MWm)
Venda (MWm)
929
800890 834
696
600 530
574
400 254
233 246 241
202 - 173
200 204
202 232 245 229
170 160
y6L0Z a

LER2014 1°LER2015 2 LER2015 A42018 A62019


DY
LLOZ

Fig. 1.1. Potência e venda total dos projetos solares FV vencedores de leilões de ACR.
Fonte: ANEEL (2020a); Brasil Energia (2020).
01.PANORAMA DE MERCADO 29

1.2 0BSTÁCULOS PARA CRESCIMENTO


1.2.1 Queda na demanda por energia elétrica
A severa crise econômica que o Brasil enfrentou entre o segundo trimestre
de 2014 e 2016 (IPEADATA, 2020) impactou direta e negativamente o consumo e as
projeções de consumo futuro de energia elétrica. Consequentemente, a demanda para
contratação de energia elétrica de novos projetos por parte das distribuidoras caiu de
forma significativa (ANEEL, 2020a). Esse contexto de sobrecontratação acarretou,
inclusive, o cancelamento de dois leilões de 2016, além da criação de um inédito
leilão de descontratação em 2017. Foram 25 meses sem a realizaço de leilões com
participação da fonte solar FV, retomada em dezembro de 2017.
Apesar do crescimento modesto do Produto Interno Bruto (PIB) de 2017 a
2019 (IPEADATA, 2020), a demanda por parte das distribuidoras reaqueceu os leilões
de 2017 e 2018 (ANEEL, 2020a). Porém, voltou a cair em 2019, conforme indicado
na figura 1.1. Em 2020, as perspectivas de aceleração do crescimento da economia
e do consumo de energia elétrica foram, novamente, frustradas devido à pandemia
da COVID-19.

122 Aumento da concorencia nos leilões do ACR


Em paralelo à queda no volume de contratação de energia elétrica no ACR,
o desenvolvimento de projetos greenfield solares FV seguiu crescendo. Consequentemente,
a concorrência entre projetos da mesma fonte, que jáera grande (em tono de 13 projetos
para cada projeto vencedor), aumentou (ANEEL, 2020a; EPE, 2020), conforme pode
ser observado na figura 1.4, a seguir.
A maior concorrência nos leilðes foi um dos causadores da acentuada queda
no preço médio de venda da energia elétrica a partir de 2017, conforme observado
na figura 1.5, a seguir. Outra consequência da alta concorrência foi a redução do
montante de energia elétrica vendida por projeto. Nos leilões de 2019, o volume
médio de venda de energia elétrica representou em torno de 34% da garantia fisica'
versus 94,1% no Leilão de Energia Nova (LEN) A-4 2018. O principal racional desta
mudança de estratégia de comercialização foi buscar melhores preços no Ambiente de
Contratação Livre (ACL).

1. Termo definido no item 3.2.


30 EDUARDO TOBIASNEME FERNANDES RUZ

1.000 Projetos cadastrados


140,0
125,2
900- Projetos vencedores 827
120,0
-o-Concorència (múltiplo) A
800
700 649 620
-100,0
574
600 80,0
500
400 3882 60,0
400
300 225 -40,0
200 148 7
109 20,0
100
20
0
LEN
A32013 LENAS2014LER2014
LENAS2013 1LER2015 LENA42017
2LER2015 LENA42018
LENA42019
LENA62019

Fig. 14. Concorrência entre projetos solares FVpor leilão do ACR.


Fonte: ANEEL (2020a); EPE (2020).

100 88.16
90 O- 84,30
78,36
80
70
60
50
44,02
40-
5 35,24
30
17,62 20,38
20
10

LER2014 1 LER201S 2 LER2015 LENA42017 LENA42018 LENA42019 LENA62019

Fig. 1.5. Preço médio de venda de energia elétrica de projetos defonte solar FVpor leilao no CR
Fonte: ANEEL (2020a).

123 Gargalos no escoamento da energia elétrica


Devido ao crescimento do número de projetos greenfield
eólicos e solarc
a
disponibilidade de margem de escoamento de energia elétrica em de
muitos pon
2. Os preços são das datas em que ocorreram o leilão.
01. PANORAMA DE MERCADO 31

conexão da região Nordeste tornou-se um ponto crítico para a


viabilização de proje
tos. Contudo, esse gargalo tem se amenizado conforme avançam os investimentos
no sistema de transmissão e distribuição de energia elétrica no Brasil. Este tema é
detalhado no item 8.2.

1.2.4 Concorencia com projetos eólicos


Nos leilões do ACR, desde 2015, projetos solares FV e eólicos têm concorrido
em igualdade de condições pelos mesmos pontos de conexão, tendo prioridade o projeto
que vender energia elétrica ao menor preço. No ACL, por sua vez, as fontes solar e
eólica concorrem diretamente em preço.

1.2.5 Mudanças regulatórias e tributárias


A iminência da aprovação de novas e importantes mudanças regulatórias, deta-
Ihadas no item 2.6, a vigência do Preço de Liquidação de Diferenças a partir de 2021 e
as propostas de reforma tributária em discussão nolegislativo federal são novos riscos
a serem ponderados pelos investidores.
Especificamente sobre as reformas regulatória e tributária, a incerteza quanto
ao escopo, à aprovação e ao cronograma de implementação dificulta a quantificação
dos impactos na competitividade da fonte. Os riscos referentes a mudanças tributárias
e regulatórias também são abordados no capítulo 13 eno item 18.2.1).

12.6 Exposiço do CAPEX? à variaço cambial

A grande maioria dos projetos de geração centralizada solar FV contempla


módulos importados em seu orçamento, conforme detalhado no item 10.5.2. Dado
que o módulo representa em torno de 40% do investimento total do empreendimento
(EPE, 2020), pode-se concluir que a exposição cambial do orçamento do projeto
e muito relevante. Consequentemente, a competitividade da fonte solar FV versus
outras fontes e, portanto, a velocidade de sua expansão, sofre importante interferência
da taxa de câmbio.

1.2.7 Experiéncia da cadeia produtiva e qualificação de mão de obra


Apesar de haver 5,92 GWac em UFV em operação no Brasil, de geração centra-
lizada e distribuída, a indústria solar FV é ainda recente no país (ABSOLAR, 2020).

3. Capital Expendures, em português, investimento de capital.


32 EDUARDO TOBIAS NEME FERNANDES RUIZ

instalada somente em
2017.c.
A fonte atingiu seu primeiro GWac de capacidade Como
inerentes à c u r v a de aprendizado da inserção datecnoi.
tal, carrega consigo desafios enologia
e desenvolvimento
produtiva.
da cadeia
18 abordam temas relacionados àcada.
O capítulo 10, o item 11.l e o capítulo
e qualificação de mão de obra, riscos, deca
produtiva da fonte no país, disponibilidade Brasil.
operação de UFVs no
fios e liçoes aprendidas na implantação«

1.3 PERSPECTIVAS DE CRESCIMENTO


também são muitos os tatores que levam a crer que
Apesar dos muitos desafios,
o setor solar FV de geração
centralizada no Brasil tem boas perspectivas de crescimento
está entre os mais competitivos do
Para começar, o nível de irradiância solar no país
fator é a contínua queda no custo de
mundo (PEREIRA et al., 2017). Outro importante
produção de energia elétrica da fonte, tanto pela evolução da tecnologia, quanto pela
em reais. Outros vetores de crescimento são:
queda do custo de captação de recursos
a redução do risco de implantação
dos projetos, decorrente de curva de aprendizado
de energia elétrica.
local; e a diversificação das estratégias de comercialização
investidores internacionais
Ademais, a presença e a contínua entrada de grandes
de crescimento
do setor no Brasil endossam a tese de que a fonte tem grande potencial
no país.

1.3.1 Queda no custo de prdução da energia elétrica solar FV


venda de
Não foi somente concorrência a causa de tamanha queda do preço de
energia elétrica nos leilões do ACR. A queda no custo de produção da energia eleu
teve um papel fundamental. Como referência, a energia elétrica de fonte solar FV To

vendida a preços médios inferiores aos da fonte eólica nos dois leilões realizados
2019, conforme ilustrado na figura 1.6, a seguir
Por
A causa da queda do custo de produção de energia elétrica solar FV,
vez, também é multifatorial. Os principais fatores são:
i) queda no CAPEX referente à parcela dos equipamentos e serviços P
cados em moeda estrangeira; e c i f -

ii) queda no CAPEX referente à parcela dos equipamentos e serviços


cados em reais;
ii) aumento no desempenho da tecnologia solar FV;
iv) menor custo de captação de recursos próprios em reais;
v) menor custo de captação de recursos de terceiros em reais.
01. PANORAMA DE MERCAD00 33

100-
88,16
90 84,30
80 78,36
70
6057,43
52,91
50-
44,02
40
35,24
30 23,90
32,80 20,83
20
- Preço médio solar FV
10 20,30 17,62 20,38
Preço médioeólica
LER2014 1°LER2015 2LER2015 LENA42017 LENA42018 LENA42019 LENA62019

Fig. 1.6. Preço médio de venda de projetos de fonte solar FVe eólica por leilão no ACR.
Fonte: ANEEL (2020a); ANEEL (2020c).

Queda
Maior do CAPEX
desempenho

Menor custo
decapital

Queda no custo de
produção de energia
elétrica solar FV

Fig. 1.7. Fatores que causarama queda no custo de produção de energia elétrica solar FV.

a) Queda no CAPEX em moeda estrangeira e em reais


Em um período de 43 anos a tecnologia FV
apresentou consistentemente um
ganho decompetitividade médio de
28,5% ao ano, medida a partir do preço dos
módulos (corrigidos pela inflação) em USS
por Watt pico desde 1976. De 2010 a
o
preço dos módulos caiu 85% (BLOOMBERG NEF, 2019). No
2019,
Brasil, o custo médio dos
módulos importados caiu 72% de 2012 a
2019, de USS 0,89 para USS 0,25 por Wp
(ETENE BNB, 2020), conforme pode ser observado na
figura 1.8.
4. Os preços são das datas em que ocorreram os leilðes.
34 EDUARDO TOBIAS NEME FERNANDES RUIZ

Volume de importaçôes 0

-0- Estimativa
de custo unitário
1.200 F0,90
0,89
0,80
1.000
0,65 F0,70
800 0,60
0,62 0,51 0,50
600 0.39 F0403
0,33
400 0,30
F0,20
200
F0,10
2014 2015 2016 2017 2018 2019
2012 2013

Estimativa de custo médio dos módhulos FV importados no Brasil.


Fig. 1.8
Fonte: ETENE BNB (2020).

reais dos
Apesar de não muito expressiva, também ocorreu queda
no custo em

inversores, conforme declarado pelos projetos habilitados aos leilões do ACR (EPE,
2020). A redução do fator de dimensionamento do inversor (vide item 10.1.3()
considerado no arranjo desses projetos também contribuiu com a redução do CAPEX

b) Aumeto no desempenho da tecnologia


Para além da queda do investimento por Watt pico, a tecnologia tem evoluido
em desempenho. Alguns dos fatores que contribuíram para o aumento do desempe
nbo dos projetos no Brasil foram a adoção de trackers, de módulos com tecnolog"
half-cut cell e bifaciais, de módulos de menor degradação e de maior qualidade, alem
s
de otimizações no arranjo das usinas que trouxeram redução nas perdas. Essesg
retletem em maior fator de capacidade das usinas. O fator de capacidade
se
me
previsto dos projetos vencedores dos leilões do ACR subiu de 19,3% no Leilao o
Energia de Reserva (LER) de 2014 para 24,5% no LEN A-4 de 2019 (ANEEL, 202
BRASIL ENERGIA, 2020).
A UFV de melhor desempenho em 2019, Juazeiro >O1 ,
atingiu fator de capacidade' de 26,7% (ANEEL, 2020a; CCEE, 2020).

c) Menor custo de captação de recursos próprios em reais


Após atingir o pico de 10,71% a.a. em janeiro de 2016, o IPCA começoud eder

ãoda
(IBGE, 2020), permitindo ao Banco Central do Brasil (BACEN) iniciar ciclo
de reduy
5. Considera a garantia fisica, como numerador, e a potência em dor.

6. Considera produço anual efetiva em MWh, medida no


MWp, como deno erador,
centro de gravidade, como
e a
potência em MWp multiplicada por 8.760 horas, como denominador. nu
01. PANORAMADEMERCADO 35

meta da SELIC (referência de taxa livre de risco no Brasil), conforme ilustrado na figura 1.9.
De 14,25% a.a., no auge da recessão em 2016, a SELIC meta foi reduzida para 2,0% a.a.
em agosto de 2020, minima histórica (BACEN, 2020). Junto, caíram as curvas futuras
de juros que são referências para o custo de captação de recursos próprios e de dívida
das empresas, e de custo de oportunidade de investidores.

15.0 IPCA
12,5 PIB
- SELIC meta
10,0-
7.5
5,0
2,5
0,0-
2,5
5,0 ..
7,5
2013
T 1
2 0 1
2014T1
T33
2014
2015T12015T32016T1
T3
201T2017T1 2018T1 2019T1
63
2017
T3
2 0 1T
83 2 0 1
2020T1
T93

Fig. 1.9. Indices macroeconómicos.


Fonte: IBGE (2020); Ipeadata (2020); BACEN (2020).

Particularmente para investimentos no setor solar FV, a redução do risco de


implantação e de desempenho dos projetos também contribuiu para a redução do
custo de capital. A redução do risco reflete-se em menor prêmio de risco cobrado pelos
investidores.

d) Menor custo de captação de recursos de terceiros em reais


Analogamente, crédito para projetos e empresas do setor solar FV - a custo

de mercado também ficou mais barato. As debêntures incentivadas, por exem-


plo, tornaram-se opção competitiva, tanto em taxa quanto em prazo. Segundo dados
do Ministério da Economia (ME, 2019), a média do prazo total das emissões de
debêntures incentivadas por projetos de infraestrutura aumentou de 9,6 anos emm
2018 para 13,3 anos em 2019, e a duration de 5,7 anos para 7,1 anos. A remune
ração média, por sua vez, caiu de 6,6% para 4,7% ao ano sobre o IPCA. Com isso,
as debêntures tornaram-se fonte representativa de financiamento de projetos no

7. Para o PIB considerou-se a variação percentual em relação ao mesmo periodo do ano anterior.
Para o IPCA é considerada a variação dos úiltimos 12 meses sobre o primeiro mês de cada
trimestre.
EDUAADO TOBIAS NEME
FERNANDES RUIZ
36
debentures incentivadas
o volume
de emissões de para
setor. De 2018 para
2019, RS 1,22 bilhão (ME, 2020
152%, atingindo
solar FV
cresceu

projetos de geração
figura 1.10.
conforme indicado na

4.884

5.000 Bancos comerciais


4.500 BNDES 1.266
Debênture incentivada
4.000
FNE/BNB
485
3.500
3.000 2.509

2.500

2.000- 1.221
3.133
1.500 1.229
1.000 529
381
1.288 346
500 -700 280
381
2016 2017 2018 2019 31/03/2020
centralizada solar FV
Fig. 1.10. Financiamentos de longo prazo para projetos de geração
porfonte.
Fonte: BNB (2020); BNDES (2020); ME (2020).

As condições de financiamento junto a bancos de desenvolvimento no Brasil


também ficaram mais competitivas a partir de 2016, quando o Banco do Nordeste do
Brasil (BNB) voltou a financiar projetos de geração centralizada de energia elétrica
com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste. Oferecendo
redito de longo prazo ejuros subsidiados, o BNB tem sido a principal fonte de crédito

para projetos do setor desde 2017 (BNB, 2020). Destacam-se também as adequações
feitas pelo BNB e BNDES em suas linhas de financiamento para contemplar, de
for
competitiva, projetos cuja estratégia de comercializaço considera o ACLe o mercauo
de curto prazo. As alternativas de financiamento disponíveis, e respectivas condiçoe
estão detalhadas no item 16.2.

1.3.2 Menor risco de implantação dos


projetos
A redução do risco relativo à
solar FV no Brasil também implantação projetos de geração centrala
de da
contribuiu para a queda no da energia elétnca ndida
no ACR. Desde preço
2014, quando houve o
99 usinas jáentraram em primeiro leilão do ACR exclusivo parava 1fonte,
operação. Houve, portanto, uma
importante curva dcapren
01. PANORAMA DE MERCADO 37

dizado na construção de UFVs no Brasil. Não somente dos


investidores, mas também
de toda a cadeia de suprimentos, dos
órgãos ambientais, dos reguladores, financiadores,
prestadores de serviços etc.
A
redução do risco de implantação, do ponto de vista do investidor, reflete-
-se na redução do prêmio de risco
exigido sobre seu custo de captação de recursos.
Consequentemente, aceita-se uma menor taxa interna de retorno sobre o investimento.
O tema custo de capital será explorado no capítulo 17.
Sobre esse tema, o item 18.3 traz testemunhos importantes de desafios enfren-
tados e lições aprendidas por investidores e formecedores na implantação e operação
de UFV no Brasil.

1.3.3 Diversificação da estratégia de comercializaço de energia elétrica


Um dos mais importantes vetores para crescimento do setor solar FV no Brasil
são as estratégias de comercializaç o de energia elétrica altermativas à venda exclusiva
no ACR. O grande descasamento de oferta de projetos greenfield e demanda no ACR
fomentou o desenvolvimento de novas estratégias pelos empreendedores. Visando
viabilizar economicamente novos projetos, passaram a priorizar a negociação de
contratos de longo praz0 no ACL.
A participação do ACL no consumo total de energia elétrica tem crescido.
Segundo a consultoria Thymos Energia (2019), a participação atingiu 33% em 2019
e chegará a 39% em 2023. Também houve expressivo aumento no número de consu-
midores do ACL. O crescimento foi de 255% entre 2015 e 2019, chegando a 6.492
consumidores (CCEE, 2019).
Esta e outras estratégias alternativas de comercialização de energia elétrica
e respectivas vantagens e desvantagens são abordadas no capítulo 14. Os diferentes

ambientes de comercialização de energia elétrica e os regimes de produção independente


deenergiae autoprodução são detalhados no capítulo 3.

1.4 PROJEÇOES DE CRESCIMENTO


Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica ANEEL (2020d), há 36
projetos de geração centralizada solar FV, com energia elétrica comercializada no ACR,
com outorga de autorização emitida e com previsão de início de operação até 2024,
conforme figura 1.11. No total, esses projetos representam potência de 1,089 GWac.
Em 16/07/2020, cinco estavam com oba em andamento (166,2 MWac) e 31 (922,7 MWac)
não iniciados.
38 EDUARDO TOBIAS NEME
FERNANDES RUIZ

428
450
361
400
350

300 204
250
200
150

100 76
20
50

2022 2023 2024


2020 2021
comercial de projetos solares FV do ACR or
1.11. Previsão para liberação de operação
Fig.
potência.
Fonte: ANEEL (2020d).

venderam energia elétrica no ACR,


Para além da implantação dos projetos que já
de comercialização
crescimento do setor com projetos cuja estratégia
espera-se grande
com estudo realizado pela
exclusivamente o ACL. De acordo
contemple parcial ou
foram mapeados 27 contratos de médiolongo
Clean Energy Latin America (CELA),
elétrica solar FV no ACL referentes a projetos que
somam
prazo de venda de energia
2,3 GWp de potência (FREIRE, 2020).
de 293 projetos greenfield de geração
Segundo a ANEEL (2020b), há um total
centralizada solar FV com outorga de autorização
emitida cuja construção ainda não
GWac. Destes, em 16/07/2020,
foi iniciada. No total, representam potência de 11,889
215 eram projetos sem contratos no ACR, com potência total de 9,258 GWac (ANEE
obra em andamento,
2020d). Adicionalmente, há outros seis projetos fora do ACR com
o cronograma
em um total de 202,6 MWac (ANEEL, 2020d). A figura 1.12, apresenta
ACR.
previsto de início de operação desses 221 projetos, até então, fora do

7.000
5.782
6.000
5.000
4.000
3.000-
2.000 1.650
962 952
1.000
115

2020 2021 2022 2023 2024


bACR

Fig. 1.12. Previsão para liberação de operação comercial de projetos solares FVjord
por poténcia.
Fonte: ANEEL (2020d).
01. PANORAMA DE MERCADO 39

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40 EDUARDO TOBIAS NEME FERNANDES RUIZ

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THYMOS ENERGIA. Snapshot mercado brasileiro de energia elétrica. Geração Distributida e
Oportunidades de Negócio no Ambiente de Contratação Livre (ACL). São Paulo, Demares
Advogados, 28 nov. 2019.
CAPITULO 07

RECURSO SOLAR
Eduardo Tobias Neme Fernandes Rui

O objetivo desta análise é avaliar as premissas de desempenho da UFV consi


deradas pelo empreendedor/desenvolvedor do projeto. Em última instância, entender
e criticaro volume de energia elétrica contemplado na composição da receita, ano a
ano, durante toda a vida útil do projeto.
Caso se conclua que as premissas de volume não são factíveis, será necessário
estimar quais outras deveriam ser consideradas no cenário base da análise de viabilida
de econômica do projeto. Neste caso, é importante avaliar o risco dessas premissas se

mostrarem diferentes do esperado. Também épreciso entender o quanto elas podemvarial,


tanto para melhor quanto para pior (cenário otimista e pessimista). Desta forma, quando
da análise de riscos e de viabilidade econômico-financeira, será possível realizar uma

avaliação de cenários e de sensibilidade de premissas de forma coerente tecnicamente.


Caso o investidor e sua equipe não sejam especialistas nesse tema, preCIsa
buscar assessoria técnica independente. Comumente, a avaliação de recurso solar
baseada em certificação solarimétrica. As certificações têm escopo e metoaol
endedor
relativamente padronizados. Quando do desenvolvimento do projeto, o empreen
vestidor
normalmente contrata, pelo menos, uma certificação para uso próprio. Logo, o inves
ntra-
tem a opção de contratar uma nova certificação, como segunda opinião, e/ou
-se
tar um parecer técnico com escopo mais abrangente e customizado. Recomend
étrica

a contratação de ambos, uma vezque dados obtidos na certificação solarim


os
c e n t r o

não são suficientes para o cálculo do volume de


energia elétrica entregue no c espe
de gravidade'. Seja qual for o caso, é imprescindível a contratação de as
empre larno
cializadas e independentes, com vasta experiência na de recurso
avaliação so
o n t o

1. Centro de gravidade é o ponto virtual onde geraçaão e consumo se igualam, e


que são consideradas todas as compras e vendas de energia na CCEE (CCEE, 20204
é
neste
07.RECURSO SOLAR 129

Brasil elou no exterior. E tambem


importante que sejam empresas de
o mercado. credibilidade e
boa reputação perante
Dado que o tema 'recurso solar' é peculiar a
projetos desta fonte, este capítulo terá
Auas abordagens. A primeira e familharizar o investidor
leigo com o conceito de irradiação
colar, cálculo da estimativa de produção de energia elétrica feito
o
pela certificadora,
erdas, cenários de produçåo (P50 e P90) e o cálculo do fator de
capacidade efetivo. Com
iesO. munir-lhe de informações para compreender a memória de cálculo das
projeções
de oeração de energia elétrica e perdas consideradas no modelo
econômico-financeiro.
Asegunda abordagem é apresentar qual escopo deve minimamente ser contemplado em
um Darecer técnico para criticar as premissas consideradas pelo empreendedor.

7.1 IRRADIAÇÃO SOLAR NO BRASIL

7.1.1 Conceitos

Radiação, irradiância ou irradiação? Neste livro será considerada a nomenclatura


adotada por Duffie e Beckman (2013 apud PEREIRA et al., 2017) e pelo Atlas Brasileiro
de Energia Solar do INPE- Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Irradiância solar
éo fluxo de radiação solar incidente em uma superficie. E medido em Watt por metro
quadrado (W/m?).
Conforme ilustrado na figura 7.1, a seguir, a irradiância solar que incide sobre
a Terra é composta por duas componentes: direta e difusa. Outros conceitos relevantes
são a irradiância global horizontal, a iradiação solar e o albedo, descritos a seguir

a) Irradiância direta horizontal (Ga)


A irradiância direta horizontal éa taxa de energia por unidade de área do feixe solar

diretonuma superficie horizontal (PEREIRA et al., 2017, p. 19).

b) Irradiância difusa horizontal (Gan)


A iradiancia difusa horizontal é a taxa de energia incidente sobre uma superficie
norizontal por unidade de área, decorrente do espalhamento do feixe solar direto pelos cons-

ntes atmosféricos (moléculas, material particulado, nuvens etc.) (PEREIRA et al., 2017, p. 19).

c) Irradiância global horizontal (G)


A iTadiância global horizontal, em inglês, global horizontal irradiance (GHI),
éa horizontal (PEREIRA et
x a de energia total por unidade de área incidente numa superficie
1, 2017, p. 19). Portanto, a GHI é a soma da Gu e da Gai
130 EDUARDO TOBIAS NEME FERNANDES RUIZ

d) Irradiação solar

Airradiação solar é definida como a integral da irradiância no tempo ou a energa


radiante incidente acumulada em um intervalo de tempo. E medida em Wan
et al., 2017).
Watt hora pw
metro quadrado (Wh/m?) (Pereira

e) Albedo

A figura 7.1 traz outro conceito importante. Albedo é palavra de origem


que significa "brancura'. E definida como a fração da irradincia
latina
solar incidente so
uma determinada superficie que é refletida. Também chamado de coeficientee de Solbre
de erefle
(COAKLEY, 2003). Esta é a premissa mais importante na determinação do incrementad
produção que a face traseira de módulos bifaciais proporcionará. O tema dos módale
bdulag
bifaciais e outras inovações tecnológicas recentemente adotadas no Brasil -es
detalhados no item 10.1.

Sol

Topo da Atmosfera

Albedo

Fig. 7.1. Componentes da


irradiância solar
Fonte: Pereira et al. (2017,
p. 19).
07. RECURSO SOLAR 131

Mapa de iradiação
7.12
Afigura 7.2 traz a GHIl média parao período de um dia em todo o território
eiro (Wh/m/dia) (PEREIRA et al., 2017, p. 36). Por ser uma média anual, basta
multiplicar o valor por 365 (dias) para transformá-la na irradiação global horizontal
h/m/ano). Para fins de simplificação, este livro usará a nomenclatura GHI
anual

global horizontal.
também para irradiação

60W 50W

60
whyin',di

g. 7.2. Mapa de GHI diária - média anua.


Fonte: Pereira et al.
(2017, p. 36).
132 EDUARDO TOBIASNEMEFERNANDES AUIZ

A região Nordeste é a que apresenta maiores valores de GHI, entres


5,39 e
5,59 kWh/m/dia. Também é a região de menor variabilidade interanual, com Saa
médias anuais entre 5,43 e5,50kWh/m' (PErEIRAet al., 2017). Esses
Esses valore
valores conside.
ram a média anual dos totais diários entre os anos de 2005 a 2015.

7.1.3 Benchmark de GHI de projetos de geração solar FV no Brasil


Segundo a EPE (2020), os projetos de geração solar FV habilitados
leilðes de energia nova de 2019 têm GHI entre 1.913 kWh/m* e 2.427 kWh/ma.
ilitados paraos
ano. Os valores baseiam-se em uma amostra bastante representativa. Como referéng
por
a EPE habilitou 580 projetos (20.469 MWac) para o LEN A4 e 685 (24.753 MWa
encia,
para o LEN A-6.
A figura 7.3 apresenta diagramas de caixa (baxplot) de todos os projetos de geracdo
solar FV habilitados em todos os leilöes do ACR já realizados, segregados por estado
As caixas cinzas indicam a distribuição de valores da amostra entre o primeiro (P25
e terceiro quartis (P75). As barras verticais indicam os valores máximos e mínimos.
Os pontos acima e abaixo das barras verticais, quando aplicáveis, são valores outlien
O círculo branco representa o valor médio da amostra.

2.600

E 2.400-

2.200

2.000-

1.800-

1.600-
BA CE PB PE PI RN MG MS SP TO Centro-Oeste
Nordestesudeste

Fig. 7.3. GHI de projetos solar FV, por estado, cadastrados nos leilões do ACR.
Fonte: EPE (2020).
07. RECURSO SOLAR 133

Paracadastramento e habilitação nos leilões do ACR esses projetos utilizaram


de 163 estações solarimétricas para cadastramento e habilitação
edicões de irradiação
med

O número de estações instaladas tem crescido bastante. Destas


ns leilões
nos leilöes do ACR.
vez em 2019 (EPE, 2020).
163, 59 foram usadas pela primeira

12
ESTIMATIVA DE PRODUÇAO DE ENERGIA ELÉTRICA

721 Requisitos para certificação solarimétrica


dos projetos para participação em leilões do ACR,
Para fins de cadastramento
as certificações
de dados solarimétricos e a certificação de produção anual de energia
diversos requisitos especificos. Dentre eles:
elétrica devem observar
nacionais e internacionais, destaque com
i)seguirrecomendações de entidades
para IEC-InternationalElectrothecnical
Commission, ABNT-Associação
Brasileira de Normas Técnicas, INPE e INMETRO -

Instituto Nacional de

Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial;


certificar médias mensais e horárias de GHI nolocal do empreendimento;
i)
GHI conforme exigência prevista no Art. 6° da Portaria MME
i) medir a -

mínimo de 12
n.° 102, de 2016 no local do empreendimento, por período
-

meses consecutivos. Para empreendimentos com tecnologia de concentração


da radiação, o período mínimo é de 36 meses consecutivos;
emitidas por entidade certificadora independente, especializada
em
iv) ser
internacionalmente.
projetos de energia solar FV e reconhecida nacional ou

122 Calculo da estimativa de produção anual de energia elétrica

a) Como a certificadora calcula


As tabelas 7.1 e 7.2 replicam, de forma resumida, a memória de cálculo da
produção anual de energia elétrica, tal como é certificada. Para esse cálculo adotaram
3epremissas hipotéticas de GHI e perdas. Foi considerado módulo monofacial com
00Wpe trackers de um eixo. Para facilitar o entendimento, calculou-se a produção
de um único arranjo de 1 kWp de potência.
O cálculo parte da premissa de GHI anual em kWh/m?. Para fins de determinação
do C a ser adotado, a certificadora considera o chamado Ano Tipico Meteorológico
T.OTMY é obtido considerando-se os 12 meses mais representativos dentre o
histórico de dados analisado.
134 EDUARDO TOBIAS NEME FERNANDES RUIZ

Calcula-se, então, a irradiação global no plano dos "coletores' (módula


considerando as caracteristicas técnicas do tracker adotado no arranjo. No Caso Ls), ja
njo. No caso, h
incremento de 25% no GHI anual. Na sequência, são calculadas perdas aue a
os módulos do arranjo. Foi considerado 402.
irradiação efetiva incidente sobre %para
coletivo dessas perdas. Logo, a iradiação
efetiva nos módulos é de 2.400 kWh/m2

nominal do arranjo no ano I de UFV com 1 kwn.


Tabela 7.1. Cálculo da produção módulo
monofacial e tracker de 1 eixo.

tem Desvios Unidade


2.000 kWh/mlano
GHI: irradiação global horizontal
25,00% 2.500 KWh/m/ano
Irradiação global no plano dos módulos
Perdas por sombreamentos, ångulo e sujeira 4,00% 2.400 KWh/m/ano
2.400 kWh/m/ano
Irradiação efetiva nos módulos
Area de módulos necessária para 1 kWp 4,778 m/kWp
eficiência unitária 11.467 kWh/ano
Produção hipotética do arranjo com
Eficiência efetiva na conversão FV (em STC) 20,93% kWp/m
.400 kWh/ano
Produção nominal no arranjo (em STC)

Levando-se em conta as características técnicas do módulo FV adotado.

potência de 1 kWp. No caso, é


a
são necessários 4,778 m2 de módulos para uma

100% da irradiação fosse


área equivalente a 2 módulos de 500 kWp. Supondo que
em uma área
de
convertida em energia elétrica, a produção anual desses módulos
como os modis
4,778 m2 seria de 11.467 kWh (2.400 x 4,778) por ano. Contudo,
ten eficiência de conversão fotovoltaica de aproximadamente 20,93%, a produça"
nominal no arranjo, em Standard Test Conditions, é de 2.400 kWh/ano. Note q
STC
2.400 kWh/m? por ano é convertido em 2.400 kWh por ano. Não é coincidêencia. Em
(1.000 W/m, 25 °C), cada kWh/m2 de irradiação incidente produz 1 kWh de eicts

dade (PVsyYST, 2020). culoda


Caso o módulo fosse bifacial, haveria uma linha adicional, antes do cal

iradiação efetiva nos módulos, indicando o incremento percentual de irradiagao


derivada da parte traseira dos módulos. nom

A 1abela 7.2, é uma continuidade do cálculo da tabela 7.1. Da produgao cada

nal do arranjo, de 2.400 kWh/ano, são deduzidas perdas que ocorrem e d


i n i c i a

módulo inversor. Dentre elas, perdas devido à temperatura, àdegradação ulose


e o

dos módulos (Light induced Degradation LID), por discrepância


-

entre eoleid
colet

nos cabos de corrente continua. Neste exemplo, foi considerada uma pera orrente

de 13% na produção. Logo, a produção do aranjo que chega ao inversor,


07.RECURSO SOLAR 135

a é de 2.088 kWh/ano. Adotou-se 1,5% como premissa de perdas decorrentes

d
incluindo sua eficiência. Ao final, obteve-se 2.057 kWh/ano de esti-
inversor,

mafiva de produção bruta de energia


elétrica do arranjo, na saída do inversor, já em
corente alternada.

est1mativa de produção de energia elétrica no ano 1 de UFV com


Tabela 7.2. Cálculo da
monofacial e tracker de 1 eixo.
IkWp, módulo
ltem Desvios Unidade
2.400 kWh/ano
nominal no arranjo (em STC)
Produção
-13,00% 2.088 kWh/ano
módulo e inversor
Perdas entre
2.088 kWh/ano
chega no inversor
Produção em CC que
-1,50% 2.057 KWh/ano
Eficiência e perdas do inversor
2.057 kWh/ano
CA na saída do inversor
Produgão bruta em

é
produção bruta em CA na saída do inversor
a
Para todos os fins, a chamada
Este
elétrica da UFV objeto de certificação.
energia
estimativa de produção anual de
ano de operação. Para cadastramento
cálculo, no entanto, estima a produção primeiro
no
anual pelo
deve apresentar a estimativa de produção
nos leilões do ACR, a certificação
a taxa estimada de degradação
anual dos módulos
de 20 anos. Para isso, deduz-se
prazo
da produção bruta em CA calculada.
diferentes portes, é comum o cálculo
da
Para a comparação entre projetos de
specific yield. Para isso, divide-se
inglês,
chamada produção especifica em CA(Yac),
em
instalada (kWp). Neste exemplo,
aprodução bruta em CA (kWh/ano) pela capacidade CA
como a capacidade instalada considerada
foi de 1 kWp, a produção especifica em
é de 2.057 kWh/kWp/ano.
b) Cálculo via performance ratio
elétrica da UFV é a
Outra forma de estimar a produção anual de energia
partir do performance ratio (PR). O PR é a razão do total da produção de energia
eletrica na saída do inversor pela energia teoricamente disponível (IRENA, 2016).
ogo, a produção anual de energia elétrica calculada na certificação é consequência

Consequentemente, quanto maior o PR, mais eletricidade é obtida da


reta do PR.
iradiação solar incidente.
Conhecendo-se o PR, basta multiplicá-lo pela irradiação global no plano dos
nOdulos (GIL) para obter a produção especifica em CA (Yhc). Então, multiplicar o Yc
Peld Capacidade instalada da UFV para chegar ao valor da estimativa de sua produção
anual de energia elétrica.
136 EDUARDO TOBIAS NEME FERNANDES RUIZ

Ye-PR x Gur
em CA na saida do inversor (em
Em que: Yac: produção específica Whk
PR: performance ratio (em %); GIL
irradiação global no plano dos muP
plano dos módulosWpland
kWh/m/ano).
Caso não conheça
se o PR da UFV, é possível calculá-lo a partir

förmula (IrENA, 2016):


Yac
PR Gnr X A1kw X NSTC

Em que: PR: performance ratio (em ) ; Yac: produção específica em CA na


na esaida
do inversor (em kWh/kWp/ano); Grur: irradiação global no plano dos mád
108
(em kWh/m/ano); A1 kW: área de
módulos necessária para 1 kWp (em milW
Wp
Nsnc: eficiência efetiva na conversão fotovoltaica em STC (em %).
Para o exemplo do item (a), o PR seria de 82,28%, conforme cálculo a segi

2.057
PR
2.500 x 4,778 x 20,93%

O PRé útil para comparar desempenho e qualidade da configuração de diferentes


projetos de UFV, independentemente do local onde será construído. Isso é possivel, pos
ao mesmo tempo em que contempla o impacto global de perdas na produção bruta d

arranjo, näão depende do GHI nem da orientação/inclinação dos módulos. Por esta
mesma

do indie
razão, a adoção ou não de trackers tem efeito praticamente nulo no cálculo
OPR também não é afetado pela eficiência da conversão FV de diferentes módtules
No entanto, a comparação tem suas restrições, uma vez que a temperatura meu
yetas
do local onde será instalado o projeto tem grande impacto no cálculo. Muitos Pr
étrica
no Nordeste, por exemplo, têm perdas maiores que 10% na produção de energ
exclusivamente devido à temperatura média do local.
erênciu
O PR também é frequentemente usado como indice contratual de re
2020

para garantia de desempenho de UFV quando de seu comissionamento (PvSY*


Do ponto de vista da análise de viabilidade econômica do projeto, o r
a m e n t e

uma das premissas consideradas para fins de análise de sensibilidade. Alterau


estimad

pode-se sensibilizar diretamente o valor da produção anual de energia ele


Para maiores detalhes sobre o tema análise de sensibilidade, vide item 18.2.

7.2.3 Considerações sobre perdas certficadas


a n u a l d e energ

Conforme observado no item 7.2.2, a estimativa da produção


anua anya
elétrica é consequéncia direta do PR que, porsua vez, é consequência das perdas
07. RECURSO sOLAR 137

Ae certificações descrevem em detalhe o conceito de cada uma das


em 0 Cálculo da estimativa de produção anual de perdas
critérios adotados para a definição dessesenergia
que elétrica. Além
apresentam os crite
n os
isso, valores para o projeto
Recomenda-se, portanto, que o investidor
certificado.
dedique tempo na leitura de,
uma certificação do projeto analisado. A leitura facilitará o entendimento
todologia de cálculo da produção como um todo, inclusive os riscos e incertezas
da n
atrelados ås estimativas e detalhamento das caracteristicas técnicas do projeto.
Vale ressaltar que essas perdas são calculadas para uma configuração especi-
hea e predeterminada de projeto. Em outras palavras, para uma composição única de
acnologia empregada, especificação e quantificação de equipamentos e materiais,
layout ete. Logo, qualquer alteração no projeto, por menor que seja, irá impactar na
estimativa de produção de energia elétrica. Consequentemente, será necessária uma
nova simulação de produçåo e, idealmente, uma nova certificação.
Outra consideração importante é que a estimativa de produção bruta em CA é
calculada na saída do inversor, ou seja, não considera as demais perdas atéo centro de
gravidade do respectivo submercado. Portanto, ainda que se concretizasse a estimati-
va de produção, o volume faturado de energia elétrica seria necessariamente inferior.
O item 7.3.2 trar mais informações sobre as perdas não consideradas no cálculo da
certificação de produção.

124 Cenários de produço: P50 e P90


No ato do cadastramento de projetos para participação nos leilöes do ACR, devem
ser apresentados valores de produção anual de energia elétrica certificada em MWh/ano,
por 20 anos, para dois cenários (MME, 2016):
i) cenário P50: trata-se do volume anual estimado de produção de energia
elétrica com probabilidade de ocorrência igual ou maior que 50%,
1) cenário P90: trata-se do volume anual estimado de produção de energia
eléirica com probabilidade de ocorrência igual ou maior que 90%.

Para ambos os cenários, deve constar na certificação a premissa de incerteza


padrão considerada no cálculo.
cenário P50 é referência de estimativa de produção anual média de energia
F O r 1sso, normalmente, é o cenário usado como 'base' para fins de análise de
V1abilidade econômico-financeira do
projeto.
Lomo referência, o relatório GlobalRenewables Performance Review, publicado
Ftch
Ratings (2020), compara a estimativa de produção anual P50 à produção
4 Art. 6 da
Portaria MME n.° 102 de 2016.
138 EDUARDO TOBIAS NEME FERNANDESRUIZ

solar FV e eólica localizadas em


efetivade 58 usinas operacionais de geração 2 paises,
anuais de volumes efeti.
Dentre os projetos solares FV, 56% das medições ivame e
P50e 30% ficaram entre 950/
produzidos superaram a estimativa de produção oe
do P50. Dentre os projetos eólicos, no entanto, 89% das medições
ões foram infer inf 1009%
à estimativa de P50. O relatório
analisou outras variáv como
disponibilidaeioresdas
solar/eólico.
usinas e volatilidade do recurso
Segundo a Fitch Ratings (2020),
a análise claramente demonstra que
projetos
n.

solares FV têm risco operacional inferior, melhor desempenho e menorvolatilida


ade de
com projetos eólicos.
produção de energia elétrica quando comparados
O cenário P90, por sua vez, é mais conservador. Portanto, é uma estimativad
volume de produção anual inferior. Para fins de análise de viabilidade pelo empre
dedor/investidor, é útil como referência para construção de cenario pessimisa. O P90
mpreen-
também é usado comumente como cenário de referência por credores e agências
risco de crédito para fins de análise de capacidade de pagamento de serviço da divid
pelo projeto, quando a divida é estruturada na modalidade projectfinance. Para detalhes
sobre modalidades de financiamento de projetos, consultar capítulo 16
Conforme citado no item anterior (7.2.3), a produção anual de energia eléri
ca certificada não considera perdas da saída do inversor até o centro de gravidade,
independentemente do cenário. Portanto, tais perdas precisam ser consideradas pelo
investidor em sua análise.

7.3 FATORES DE CAPACIDADE NO BRASIL


7.3.1 Conceito
O fator de capacidade (FC) é calculado pela razão entre a produção anualereu
(após todas as perdas) de energia elétrica e a produção anual teórica caso operasse
100% da capacidade instalada (IRENA, 2016). Também pode ser chamado de fator
carga (loadfactor).

FC
Produção anual efetiva |MWh]
8.760 [horas] x Capacidade instalada |MWpl
como

OFCéparámetro chavepara medição do desempenho do empreendimc


um todo, pois mede
o percentual de aproveitamento efetivo da capaciaadc
Ele pode ser usado para comparação com a estimativa de produção e para
co
com projetos concorrentes.
étrica

Para fins deste


livro, 'produço anual efetiva' é volume de energl
o onde

em MWh/ano faturado, ou seja, do


entregue no centro de gravidade do submer
07. RECURS0 SOLAR 139

aUEV. Portanto, dela são deduzidas


estálocalizada a

gra todas
stvidade. Esta éa premissa que compora a receta bruta do as perdasEaté
projeto. a premissa
ocentroque
de

multiplicara0
preço de venda da energia elétrica.

132
Conceito aplicado a prmjetos grenfield
O cálculo da estimativa de produção anual efetiva de projetos greenfield é um
desafio, pelo esconhecimento dos valores das perdas. As perdas até a saída do inversor
desaadas. assim como a degradação anual dos módulos. No entanto,
siocertificad
partir daí,
a
reendedor/investidor estimá-las. Como parte das perdas não certificadas
cabe ao empreendedc

são exógena ao projeto, o nível de incerteza é relativamente alto.


S
Aesafio é ainda maior quando o objetivo é comparar oFC
do projeto em análise
projetos concorrentes. Ao estimar o FC de projetos concorrentes, sejam opera-
cio Ol g7eenfield, é imprescindivel que se use o mesmo critério de cálculo do FC.
Há. por exemplo, quem use o valor da garantia fisica como aproximação para
a produção anual efetiva, por se tratar de uma informação pública. O uso da garantia
fisica é uma boa referência, pois seu cálculo já incorpora estimativa para a maior parte
das perdas. No entanto, tenm suas limitações; uma delas sendo o fato de não considerar
as perdas até o centro de gravidade. Há também quem use a potência em corente alter
nada como referência de capacidade instalada no cálculo do FC. Não é recomendado
o uso da potência em CA como referência para comparação entre projetos, pois cria
distorções na análise. A potência em CA éa capacidade instalada de inversores, não de
módulos FV. Caso seja usada, favorecerá projetos com maior fator de dimensionamento
doinversor (vide item 10.1.3f).

113 Consideraçöes sobre perdas 'não certificadas


Para fins de estimativa da produção anual efetiva de projetos greenfield, deve
*partir da estimativa da produção bruta em CA na saída do inversor (certificada)e
descontar:
degradação anual acumulada dos módulos;
consumo interno e perdas elétricas entre a saida do inversore o ponto de

medição da UFV;
TETF-Taxa Equivalente de Indisponibilidade Forçada;
TEP- Taxa Equivalente de Indisponibilidade Programada;
perdas elétricas entre o ponto de medição da UFV e o ponto deconexãojunto
a
Concessionária de transmissão ou distribuigçao,
d s entre o ponto de conexão e o centro de gravidade.
140 EDUARDOTOBIASNEME FERNANDES RUIZ

As estimativas das perdas (i), (ii)e (vi) não são efetivamentecritica.


que constem na certificação da produção anual de energia elétrica. Apesar de nee cadas, ainda
para o cálculo da garantia fisica do projeto, normalmente, são informmadae aneces4
as diretamente
pelo empreendedor à certificadora.
As perdas (ii) a (v) são parcialmente exógenas ao projeto. A perda (vi.

vez, é totalmente exógena e de dificil estimativa.


O valor destas perdas, em conjunto, é significativo. Logo, sua anáis
ser criteriosa por parte do investidor. Portanto, recomenda-se a opinião de em
especialista e independente sobreo valor a ser considerado para cada needempresa
estimativa da produção anual efetiva do projeto analisado.
perda paraa

7.3.4 Benchmark de FC de usinas e projetos no Brasil

a) Usinas
A tabela 7.3 apresenta ranking das 10 usinas fotovoltaicas operacionais cOm
maior FC efetivo do Brasil no ano de 2019. O FC calculado segue o conceitoapre
sentado no item 7.3.1. Ele considera a produção anual efetiva em MWh, medidaw
centro de gravidade, como numerador, e a capacidade instalada em MWp de cada usim
multiplicada por 8.760 horas, como denominador.

Tabela 7.3. Ranking de fator de capacidade de UFVs em 2019.

Projeto Estado Fatorde capacidade Potência(MWp)


Juazeiro Solar ll BA 26,7% 34,41
Juazeiro Solar I BA 26,3% 34,41

Juazeiro Solar IV BA 25,8% 34,41


Bom Jesus da Lapa BA 25,3% 37,16
Bom Jesus da Lapa II BA 25,2% 37,16
Pirapora 2 MG 25,0% 36,83
Pirapora 4 MG 25,0% 36,83
Pirapora 3 MG 24,9% 3683
São Pedro IV BA 24,6% 32,91
Pirapora 5 MG 24,6% 36,83
Fonte: Brasil Energia (2020); CCEE (2020b).
07. RECURS0 SOLAR 141

b) Projetos

A figura 7.4 apresenta a média do FC dos projetos vencedores de cada leilão


sse cálculo
cálculo foi considerada
o a garantia fisica de cada projeto como refe
.
Para esse
DoA estimativa da produção anual efetiva. Como denominador, utilizou-se
para
CC (M Wp). Observa-se que a tendência tem sido de aumento do FC.
rencia

em
potência
apo
Ogrande
a salto de 2014 para 2015 foi devido, principalmente, à maior adoção de trackers
detrimento
de struturas metálicas fixas.
em

281
26
24,5
23,3 23,4
24 22,3 22,0 21,8
22- O-

20 19,3

18-

16
LER2014 10LER2015 20LER2015 A42017 A42018 A42019 A62019

Fig. 7.4. Média dofator de capacidade dos projetos vencedores dos leilões do ACR.
Fonte: ANEEL (2020); Brasil Energia (2020).

4 ESCOPO DA ANALISE DA ESTIMATIVA DE PRODUÇÃO DE ENERGIA ELETRICA


Kecomenda-se considerar no escopo de contratação do parecer técnico inde-

pendente, no mínimo, as seguintes questöes:


Qual a GHl anual considerada no cenário base? A metodologia para cálculo
1MY e adequada? Qual o período de referência de medição considerado para este

uO Qualis) a(s) base(s) de dados solarimétricos utilizada(s)? Qual o periodo de


0 n o local previsto para a UFV? Qual a incerteza considerada para os dados
de recurso solar?

ngeral, a premissa de GHI anual é razoável? Caso não seja, o parecer deve
Tecomendar valor aser considerado caso base.
para o
Qual seria aa margem
Oualaseria marg de erro razoável para a premissa de GHI anual adotada, e
qual respectivo
impacto no volume de produção de energia elétrica em cada cenário?
142 EDUARDO TOBIAS NEME FERNANDES RUIZ

anual efetiva de energia elétti.


Qual o valor considerado de produção
cenário P50 quanto para o cenário P90? Oue
projeto, ano a ano, tanto para o fora
consideradas para cada uma
das perdas nao certificadas"? Qual o a .
as premissas Esses valores na
determinação dessas premissas?
sän
e referências
adotadas na

técnicas da infraestrutura de conexão e com


factives
e coerentes com as
características o ponto
parecer deve sugerir Os valores das nea
de conexão previsto? Caso
não sejam, o
erdas a
considerados no caso base.
serem
considerado neste cálculo baseoL.e
O volume de produção bruta em CA
Foram feitas mais de uma certificaeto
certificação independente? De qual empresa?
bruta AC?
icação?
as estimativas de produção
Caso positivo, como se comparam
A produção bruta AC certificada é consistente com as características técnies
mais recentes previstas para a usina? As caracteristicas tecnicas mais recentes previstas

são definitivas ou antecipa-se, por parte do empreendedor, alguma mudança? Cas


estimar potenciais impactos na estimativa de
positivo, especificar quais mudanças e
produção bruta AC.
Quais foram as premissas de incerteza consideradas no cálculo da produção
bruta AC para cada ano de operação? Qual a incerteza considerada para o periodo de
20 anos? Essas premissas são coerentes com os dados de recurso solar utilizados, e as
caracteristicas técnicas do projeto consideradas na estimativa de produção?
As premissas das variáveis que compõem o cálculo do PR, inclusive quanto a0
inversor, são compatíveis com as características técnicas da usina e condições fisicas
e edafoclimáticas do local onde ela será construída? São razoáveis, considerando os
equipamentos especificados, as garantias dadas pelos fornecedores, o arranjoe layout
do projeto? A premissa adotada de degradação inicial e anual dos módulos durante toda
a vida útil do projeto é factivel e por quê? Caso haja premissas que não sejam factives,
o parecer deve indicar valores a serem considerados como caso base.
Qual seria a margem de erro razoável para a premissa de PR adotada para
projeto em análise, e qual o respectivo impacto no volume de produção de energ
elétrica em cada cenário?
O intuíto deste parecer técnico não é de comparar a competitividade do projeto
analisado com projetos concorrentes. A análise da competitividade relativa do projeto
é discutida em detalhe no item 14.2.

REFERENCIAS
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Disponível
de-leiloes. Acesso em: 14 jun. 2020.
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Acesso em: 12 fev. 2020.


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de 2016. condições para cadastramento de


Estabelece as
E Portaria n. °102, de 22 de março
leilðes de
em energia nova, fontes alternativas e de energia
de
empreendimentos de geração técnica para participação em leilões de
com vistas à habilitação
de reserva junto à EPE,
Oficial da União, 23 mar. 2016.
energia elétrica. Diário
brasileiro de energia solar. 2. ed. São
José dos Campos: INPE, 2017.
PEREIRA, et
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https://www.pvsyst.com/help/index.
Performance ratio, 2020. Disponível
em:
PVSYST.
23 jul. 2020.
html?performance_ratio.htm. Acesso
em:

wwewrertznreooTgUR
CAPITUL0 D8

LOCALIZACAOEMARGEM DE ESCOAMENTO
EduardoTobias N. FRuiz e Heloisa FA. Scaramuce

Os objetivos da análise de localização do projeto e disponibilidade de margem


de escoamento são de avaliar se:
i) a localização do projeto é viável tecnicamente e possui, ou não, restrições
sob o ponto de vista ambiental
i) a escolha privilegia fatores maximizadores da geração de energia elétrica:
minimizadores de CAPEX e OPEX;
i) as premissas técnicas e econômicas consideradas na modelagem econômico
-financeira, derivadas da escolha da localização são razoáveis.

As análises referentes aos objetivos (i) e (iii) serão tratadas neste capitulo
A análise do objetivo (ii) será explorada mais objetivamente no item 14.2.
Diferentemente das análises dos capítulos anteriores, esta pode indicar ainviab
lidade técnica do projeto em um determinado local. Por exemplo, pela impossibilida:
de conectar o projeto por restrições fisicas ou fundiárias, de implantar a usina em deer
idade
minada área em decorrência de restrições ambientais ou, ainda, pela indisponibliae
de margem de escoamento no ponto de conexão escolhido.
Do ponto de vista da viabilidade
econômica, é importante apurar qual o nsco
premissas consideradas mostrarem-se diferentes do esperado. Da escolha dalocaliza
elas
ao proyeto den vam, direta ou indiretamente, premissas muito importantes. Dentre
anhode
irradiação; perdas de produção devido à temperatura dos módulos; albedo; tarnau
0
área e respectivo custo; dimensionamento da nto de CAPEX
para
potência; orçamento
parque e infraestrutura de transmissão, valor da TUST/D; estimativas de TEIF e 1
cursos

cronograma de implementação do projeto; elegibilidade a financiamento comrecu


de fundos constitucionais etc.
08. LOCALIZAÇÃO EMARGEM DE ESCOAMENTO 145

É importante que o mvestidor entenda o quanto essas premissas


poderiam variar,
tantopara melhor quanto para pior (cenário otimista e pessimista). Desta forma,
ra melh

daanális de riscos e de viabilidade económico-financeira, será possível realizar uma


quando
avaliaçãode cenários e de sensibilidade de premissas de forma coerente tecnicamente.
Para tanto, é imprescindivel a contratação de um parecer de empresa indepen-

com vasta
riência no escopo e no setor solar FV brasileiro, além de boa
experi
dente,
o mercado.
reputação perante

CRITERIOS PARAESCOLHA DA LOCALIZAÇÃO DO PROJETO


A escolha da localização para um projeto de geração centralizada solar
FV depende de vários fatores. Segundo o relatório Technical Concept Guidelines
tidin-Scale Solar PV, publicado pela Intemational Renewable Energy Agency (IRENA,
2016, p. 31, 161-163), os três principais critérios são meteorologia, características do
local e infraestrutura, por sua vez subdivididos em 17 fatores. Um artigo intitulado
solar power plants
Aframeworkjor selecting the locafion of very large photovoltaic
on a global/supergrid (SARACOGLU et al., 2018) elenca 11 critérios e os subdivide em
191 fatores, dentre os quais destacam-se: GHI; infraestrutura e integração das linhas
de transmissão de alta tensão; condições geológicas, topográficas, climáticas e de

disponibilidade de água no local.


Guardadas as particularidades do Brasil, serão considerados oito critérios, subdi-
vididos em 22 fatores, para avaliação - pelo investidor - da escolha da localização do

parque feita pelo empreendedor. São eles:

AL.I Meteomlogia

i) Qual a GHI em kWh/m?/ano?


11) Qual a temperatura ambiente média e máxima anual?
mensal?
1) Qual o histórico de pluviometria anual e respectiva distribuição
V) Hå precedentes de condições climáticas adversas, tais como fortes tempes-

ddes, vendavais, inundações, erosão, seca, granizo, maresia etc.?

8.1.2 Laracteristicas fisicas das áreas do parque


a Tamanho da área
Qual a demanda total de área útil? Qual o volume de área útil e área total
pros Quantas matrículas área útil e total por matrícula? Quantos
do e qual a
146 EDUARDO TOBIAS N. ERUIZ EHELOISA FA. SCARAMUCCI

do imóvel? Os im:
proprietários? Qual a situação juridica dos proprietáriose móveis
suficientes para viabilizar a potência dimensionada para o parque? Quais
ais imóvé
Existem restriçðes de construção em aluma
georreferenciamento?
imóvel? Há disponibilidade de áreas vizinhas para expansão do parque, se necparte
possuem

Mapear projetos, solares e eólicos, proximidades quecessári


em desenvolvimento nas proximidades que
posamo
áreas.
concorrer pelas mesmas

b) Uso da terra

É um imóvel rural? Qual o uso atual das áreas do parque? Quais são o .
Ds prin
cipais usos da terra nessa região? Há previsão legal ou precedente de restriço.
uso do solo para construção de parque de geração de energia elétrica e subestacd
Há construções ou obras residenciais, comerciais ou industriais próximas que possam
am
de alguma forma, interferir no custo ou cronograma de implantação do parque ou, ainds
provocar sombreamento no parque?

c) Relevo

Qual a declividade da área? Foi feito estudo topográfico? As estimativas de


es de terraplenagem são razoáveis? As condiçðes de solo e relevo são compativeis
com as premissas de CAPEX e cronograma de implantação?

d) Condições de solo e subsolo


Foi feita sondagem do solo?
Qual o tipo de solo? A premissa de incidenci
de sujeira nos módulos é coerente com o tipo de solo? As condições de subsolo sao

compatíveis com o dimensionamento de fundações do parque e da subestaço?


OS
tem condições de drenar a chuva o anotodo, ou hárisco de inundação? As condiçoes
subsolo so compatíveis com as
premissas de CAPEX e cronograma de implantaçao?
Qual o risco e o histórico de inundação? Qual o risco e histórico de erosão?
e) Sombreamento
A premissa de sombreamento considerada na
tível certificação solarimétrica e co
topografia
com a do terreno? E
compatível
ção? Leva em consideração eventuais interferências layout parque
com o do e da
su
das áreas vizinhas? O orga
de despesas
operacionais considera verba para controle do crescimento de e t a ç ã o ?

Essa verba é razoável, considerando as vog


características edafoclimáticas da regi e as
premissas adotadas de sombreamento? Qual seria a margem de erro p a r aa

premissa de sombreamento? razo£ver


08. LOCALIZAÇÃO E MARGEM DE ESCOAMENTO
147

f Albedo

Qual foi a premissa de albedo adotada, e qual a metodologia de cálculo aplicada?


Dremissa
oremissa é compatív
compativel com as caracteristicas especificas de cor e textura do solo,
A
durante as quatro estaçðes do ano? O orçamento de despesas operacionais considera
verba para controle do crescimento de vegetação na área do parque? Essa verba é
mnativel com a premissa de albedo utilizada? Qual seria a margem de erro razoável
de albedo?
para a premissa

81.3 Caracteristicas fisicas das áreas da infraestrutura de conexão

a) Traçado da linha de transmissão e interferências

Traçado já foi definido? Qual a tensão da linha? Qual o estágio do projeto


de engenharia referente à linha de transmissão? Quais foram os critérios utiliza-
dos para definição do traçado? Foram identificadas interferèncias fisicas no traçado,
quais? Elas inviabilizam ou oneram excessivamente o orçamento e/ouo cronograma
para construção da linha? Quantos quilômetros de linha estão previstos? Quantos
imóveis serão afetados pela linha e quais as atividades, se houver, exercidas em tais
imóveis? Há áneas públicas ou somente particulares? Quantos proprietários particulares?
Qual o perfil dos proprietários particulares?
Há questões quanto ao traçado que se sobrepõem ao tema de impactos socioam-
bientais e arqueologia. Elas são relevantes e devem ser endereçadas, independentemente
da classificação de critérios e fatores elencados neste capitulo, dentre elas:
1) O traçado demanda supressão de vegetação em quantas propriedades?
i) Detalhar interferência do traçado em Åreas de Preservação Permanente (APP).
11) O traçado priorizou áreas antropizadas e sem precedentes de relevância

arqueológica e de patrimônio histórico e cultural?


V) O traçado passa por reservas indígenas ou áreas de quilombolas?
V)O traçado priorizou não passar por comunidades?

b) Uso da terra
traçado passa exclusivamente por imóveis rurais? Qual o uso atual das áreas

necessárias? Quais são os principais usos da terra, adjacentes ao traçado da linha?


dprevisão legal ou precedente de restrição do uso do solo para construção de linha
ransmissão? Há construções ou obras residenciais, comerciais ou industriais próxi-
Das que possam, de alguma forma, interferir no custo ou cronograma de implantação
do empreendimento?
148 EDUARDO TOBIAS N. E RUIZ E HELOISA F A. SCARAMUCCI

c) Relevo
Foi feito estudo topográfico? O traçado passa por alguma área cuja ton..
orçamento e/ou cronograma de
pogra
construção da litnha
fia onere, excessivamente, o
de
transmissäão? Caso positivo, é possível alterar o traçado para resolver esse Droki.
roblemg)
As estimativas de volumes e respectivo custO de terraplenagem consideraram o esh.
tudo
condições de solo e relevo, em geral, são compatíveis com as nre
topográfico? As premis
sas de CAPEX e cronograma de implantaçâo da linha? Caso negativo, estimarsvalore
cenário base.
prazo realistas para

d) Condições de soloe subsolo


Foi feita sondagem do solo? Qual o tipo de solo? A sondagem apontou alguma
área inviável para a instalação das torres? Há áreas com risco de alagamento e/ou erosã

Após a análise do conjunto das características fisicas, o assessor técnico deve

opinar:
i) se o projeto da subestação elevadora, da linha de transmissão de interesse
restrito e do escopo necessário para a conexão são viáveis tecnicamente;
i) se o orçamento de CAPEX e cronograma de implantação dainfraestruturade
conexão são factiveis. Caso negativo, estimar valor realista para cenáriobase
ii) sobre uma margem de erro razoável para o orçamento de CAPEX da infraes
trutura de conexão, para mais e para menos;
iv) sobre uma margem de erro razoável para o cronograma de implantação da

infraestrutura de conexão, para mais e para menos.

8.1.4 Impactos socioambientais e arqueologia do projeto


Este tema éé objeto do capítulo 12. Em suma, o investidor precisa averiguar, pae
todas as áreas do projeto,aspectos socioambientais
se e a
arqueologia
i) podem inviabilizar o projeto;
11) foram adequadamente contemplados nas premissas de CAPEX e OPEX
11) toram adequadamente contemplados na premissa de cronograma de lan
tação do projeto.

8.1.5 Restrições legais e de acesso às áreas do projeto


a) Regularização fundiária (parque e infraestrutura de conexão)
i) Há áreas irregulares? Quais são as áreas e qual sua relevância para o escopo
do projeto?
08. LOCALIZAÇÃO EMARGEM DE ESCOAMENTO 149

as iregularidades?
ii) Quais são
ii) As situaçöes de irregularidade podem
vir a inviabilizar o projeto por falta
de área por falta de acesso para conexão elétrica?
ou
necessárias para regularização de cada propriedade, e qual
iv) Quais as medidas
o custo e prazo envolvidos?
vir excessivamente o orçamento
v) As situações de irregularidade podem
a onerar

do projeto?
de CAPEX ou o cronograma de implantação
das irre-
vi) Orçamento de
CAPEX contempla valor razoável para adequação
gularidades mapeadas?
premissa de custo de regularização das
vi) Estimar margem de
erro para a

propriedades.
O cronograma de implantação leva em consideração o tempo necessário
vii)
e/ou prospecção de áreas substitutas?
para regularização das propriedades
razoável para a premissa de prazo de regularização
ix) Estimar margem de erro
das propriedades.

da regu-
Como referência, alguns dos temas de pesquisa quando da avaliação
larização fundiária das áreas proteto são:
o imóvel;
e inexistência de ônus sobre
i) regularidade da tituledie do imóvel
ii) regularidade e atualize,ä da matrícula;
certificado de cadastro de imóvel rural;
ii) existência e regularidade do
mínimo do imóvel a título de Reserva Legal;
iv) atendimento efetivo do percentual
Ambiental Rural (CAR);
v) registro da Reserva Legal no Cadastro
vi) se aplicável, preservação de APP;
vii) registro de APP no CAR;
ambiental
cumprimento de termo de ajustamento de conduta
Vin) existência e

firmado,
Ix)se aplicável, adesão ao Programa de Regularização Ambiental;
Imposto sobrea
declaração e pagamento de impostos, em especial, ITR -
o
X)
Propriedade Territorial Rural;
XI) se as certidöes do cartório de registro de
imóveis referentes à matrícula do

móvel contêm a averbação do georreferenciamento


do imóvel, executado

de acordo com norma técnica específica para tal finalidade;


área se refere a
s e o georreferenciamento traz a descrição de toda a a que

matrícula do imóvel.

lodo imóvel rural no Brasil é obrigado a manter um percentual mínimo de


r a de vegetação nativa, denominada Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação
150 EDUARDO TOBIAS N. FRUIZ EHELOISAEA.SCARAMUCCI

das normas sobre APP. O Art. 12 da Lei Federal n.° 12.651/12 prev
denominada Amazônia Legal, preservação de 80% do imóvel em áreas de florest região
em área de cerrado e 20% em áreas de campos gerais. Para imóveis localizad 39%
área total. Segundo ora da
Amazônia Legal, devem ser preservados 20%% da esta
é considerada Amazônia Legal: os estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, Rond mesma lei
Amapá e Mato Grosso e as regiðes situadas ao norte do paralelo 13° S, dos estad
Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridiano de 44° W, do estado do Maranhão,
ados de

60ow B"OW

N1BGGE
NEZ
7UA
SURIIAME
Amazônia
2014
Legal
JYANA sUYANE

COONGIA

RR
eana
o AU anttc

sao

Tefesina
CE

PI

RbBahca

E SA

BOSVIA

k n GO So Captal Federa
G01ania
Captas Estaduas

AJunicipos Amazdnia Legal

MS LLmte Amazônialegal
T

Fig. 8.1. Mapa da Amazónia legal


Fonte: IBGE Instituto Brasileiro de
-

Geografia e Estatistica.

A obrigatoriedade da Reserva e s c o l h a

da
Legal é um tema especialmente relevante ine jeitasà
localização de parques de geração solar FV. Ocorre áreas
que parte das s
manutenção de 35% e de 80% de vegetação tem alta mplo, a maior

parte do estado do Maranhão e todo o Tocantins. irradiação. Por exemp

b) Investimento estrangeiro e mc o s t a s

imóvel rural, de zona de fronteira, v


em
marítimas ou próximas a
estabelecimentos militares
O parecer técnico a ser elaborado com relação aos imóveis deverd
©IS do projeto
considerar, primeiramente, projeis8 a p ó sa

se a estrutura societária/imobiliária do projeo


08.LOCALIZAÇÃO EMARGEM DE ESCOAMENTO 151

entrada do investidor, caracter investimento estrangeiro para fins da Lei Federal


709/71. Caso positivo, então, seriam relevantes as seguintes questoes: (i) os
n.°5.709,
nhveis que compreendem o empreendimento estão localizados em área rural? (i) quais
m
eão Os Módulos de Exploração Indefinida (MEI) aplicáveis à localidade do projeto?
considerado esta localizado em região de fronteira, próximo a costas
ci) algum imóvel
estabelecimentos militares?
maritimas ou a
i) Imóvel rural: a Lei Federal n.° 5.709/71 regula a aquisição de imóveis rurais
residentes no Brasil e por pessoa juridica estrangeira auto-
por estrangeiros
rizada a funcionar no Brasil. As disposições de tal lei também se aplicam às
pessoas juridicas brasileiras das quais participem, a qualquer título, pessoas

estrangeiras fisicas ou jurídicas que tenham a maioria do seu capital social e


residam ou tenham sede no exterior.A lei prevë uma série de restrições para a
necessidade de
aquisição de imóveis rurais, tais como limitações territoriais e
e Reforma
aprovação prévia do INCRA Instituto Nacional de Colonização
-

74.965/74.
Agrária. Aludida lei foi regulada pelo Decreto Federal n.°
O tema foi alvo de grande debate, sobretudo após a Constituição Federal de
1988 e a Emenda Constitucional n.° 6, de 1995. A Lei Federal n.° 8.629/93
5.709/71 ao dispor que o
ampliou a aplicação do disposto na Lei Federal n.°
arrendamento de imóvel rural pelas pessoas fisicas ejuridicas abrangidas pelo
disposto no parágrafo anterior também estará sujeito restrições previstas
às
na Lei Federal n.° 5.709/71. O Congresso Nacional será competente para
autorizar tanto a aquisição ou o arrendamento além das restriçðes previstas
na Lei Federal n.° 5.709/71.
Entre 1994 e 2010, a Advocacia-Geral da União emitiu quatro pareceres
dando seu entendimento sobre o tema. Embora os três primeiros pareceres
tenham sido, de forma geral, favoráveis à aquisição de imóveis rurais por
entendeu que as restrições
estrangeiros, o quarto parecer, emitido em 2010,
brasileiras com
da Lei n.° 5.709/71, deveriam ser aplicadas às empresas
de lei em tramitação
capital social majoritariamente estrangeiro. Há projetos
ha anos buscando derrubar as restrições existentes.
Procuradoria
Assim, o cenário atual, de acordo com interpretação emitida pela
Geral da República, a qual vincula o INCRA e todos os cartórios de registro
de imóveis do País, é de restrição à aquisição e locaç o/arrendamento de
moveis rurais por empresas estrangeiras ou empresas brasileiras controladas

por capital estrangeiro.


Em razão de tais restrições, as operações de aquisição e locação/arrenda-
mento em questão estariam sujeitas à prévia aprovação pelas autoridades

govemamentais, sob pena de nulidade.


152 EDUARDO TOBIAS N. F RUIZ E HELOISA E A. SCARAMUCCI

ii) Faixa de fronteira: a Lei Federal n.° 6.634/79 determinou quea


de 150 Km de largura, paralela à linha divisória terrestre do território
será denominada 'faixa de fronteira' e será considerada área indispenes
segurança nacional. Salvo com o consentimento prévio do conselho d
rança nacional, serão vedadas, na faixa de fronteira: transaçðescom Seg
imovel
rural que impliquem na obtenção, por estrangeiro, do lomínio, da posse
qualquer direito real sobre o imóvel; e participação, a qualquer título. de.
geiro, pessoa natural ou juridica, em empresa que seja titular de direita
estran
real
sobre imóvel rural.
ii) Costas marítimas ou estabelecimentos militares: de acordo com o An. 205
205
do Decreto-lei n.° 9.760/46, dependem de prévia autorização do presidene
da República, a venda, a concessão ou a transferência à pessoa estrangein
de imóveis da União situados dentro da faixa de 100 metros ao longo da
costa maritima ou de uma circunferência de 1.320 metros de raio em tomo
das fortificações e estabelecimentos militares. Há uma exceção prevista no
Decreto-lei que não se aplica ao caso de projetos solares.

c) Onus de garantia
Os imóveis possuem algum tipo de ônus ou gravame? Detalhar.

d) Desapropriação ou instituição de servidão administrativa para passagen


Os imóveis afetados pela infraestrutura de conexão do projeto são de propried
de püblica ou privada? Quais atividades são exercidas em tais imóveis? Há opçies de
traçado em imóveis vizinhos? Tais imóveis vizinhos são públicos ou privados? Qu
atividades são exercidas nos mesmos?
AANEEL regulou a Declaração de Utilidade Pública (DUP) de áreas ac terra

necessárias à implantação de instalações de


geração e de transporte de energia c
por concessionários, permissionários e autorizados. No caso de empreendinc s de
geração, são consideradas instalações de
'transporte de energia elétrica' toda ey e
instalação de interesse restrito de agente outorgado destinada ao acesso a0
transmissão ou distribuição. A DUP caracteriza interesse público sobre bensSibpriva
e fundamenta a intervenção na propriedade, permitindo a instituição de serv idão

administrativa ou
desapropriação. No de bens
1ota afetação
caso públicos, a DUP denoad a mentos

especifica para fins de energia elétrica, cabendo ao interessado


postular 1nsu
que permitam o pretendido uso.

1. Art. 1° da Resolução Normativa ANEEL n.° 740/16.


08.LOCALIZAÇÃO EMARGEM DE ESCOAMENTO 153

As Áreas necessárias à implantação de empreendimento de geração de energia


elétrica poderão serderão ser declaradas de utilidade pública pela ANEEL concomitantemente

a08
de Qutorga de autorização para exploração de geração de energia elétrica, nos
nsdo estudo de viabilidade técnica e econômica (EVTE) ou Projeto Básico. Para
termos
isso,o interessado deve fazer solicitaçõesàANEEL, especificando se as áreas são para

de desapropriação ou instituição de servidão administrativa.2


fns
Para as áreas não contempladas na outorga, em momento diverso da outorga, o
ateressado poderá solicitar à ANEELa emissão da DUP complementar, cujo reque-
nt
rimento deverá conter3

a representação dos polígonos das áreas objeto do requerimento, obtidos em


escala maior ou igual àquela do Projeto Básico ou EVTE, individualizadas por
destinação, em concordância com os memoriais descritivos, especificando a
dimensão em hectares e a sua utilização no empreendimento, discriminadas
porestadoemunicípio;
i) os memoriais descritivos com as coordenadas dos vértices das poligonais;
ii) a licença ambiental coerente com a fase do empreendimento.

Conforme disposto na Resolução Normativa ANEEL n.° 740/16, o autorizado

favorecido pela DUP deverá:


comunicar aos proprietários ou possuidores, na fase de levantamento cadastral
i)
topográfico, a destinação das áreas de terras onde serão implantadas
as
ou

instalações necessárias à exploração dos serviços de energia elétrica;


da implantação do
1i) promover ampla divulgação e esclarecimentos acerca
ou possuidores das
empreendimento, para a comunidade e os proprietários
areas a serem atingidas, mediante reunião pública ou outras ações especificas
de comunicação, tratando inclusive de aspectos relacionados à delim ção
das áreas afetadas e aos critérios para indenização,
demonstrados å
1) desenvolver máximos esforços de negociação, que serão
de
ANEEL, com os proprietários ou possuidores, objetivando promover,
das
1Oma amigável, a liberação das áreas de terra destinadas implantação
à
elétrica;
instalações necessárias à exploração dos serviços de energia
) avaliar as áreas de terra, benfeitorias e indenizaçðes, segundo os critérios
preconizados pela ABNT, mantendo disponível à ANEEL o laudo de avaliação.

2. Art. 2
da Resoluçi Normativa ANEELn.° 740/16.
3. Art.
3 da Resoluçi Normativa ANEEL n.° 740/16.
SCARAMUCCI
EDUARDO TOBIAS N. E RUIZ
EHELOISA F A.
154

um acordo quanto
å indenizacão.
Caso nãoseja possível chegar a er devida
se

imóveis afetados, o empreendedor deverá iniciar


ar .um
pelo proprietário dos ou servidão administrativa.
proCess
a instituição da
desapropriação
judicial para

8.1.6 Intraestrutura disponivel para o projeto


da infraestrutura necessária
Faz-se fundamental um diagnóstico prévio
.

para o
empreendimento como um todo
versus infraestrutura disponivel
na região.
Sendo un
no orçamento
investimentos necessários de adeauo
viável, estimar e contemplar ções ou
nas despesas operacionais do projeto. De
complementações e eventuais impactos vese
dessas adequações no cronograma de implantação do troie
avaliar, também, impacto
o o.

a) Utilidades, telecomunicações, moradia e serviços


Há captação de água e condições de obtenção de outorga nos locais das obra?
Durante a construção, há acesso à energia elétrica disponivel via distribuidora ou
possibilidade de usar geradores? Há disponibilidade e quais as condições de sinal de
telefonia móvel? Internet? Telefonia fixa?
Existem na região moradias com abastecimento de água potável e esgotamento
sanitário? Existe na região serviços de saúde, alimentação, comércio, agências bancárias
e lazer para a mão de obra envolvida? Qual a distância desses locais para o local das
obras do projeto?
A infraestrutura disponível é compatível com o orçamento de CAPEX e OPEX
e cronograma de implantação do projeto? Em caso negativo, qual o impacto em termes
de custo e cronograma de implantação para solucionar as restriçðes existentes?

b) Acesso às áreas
Existe logístico sem restrições de tráfego para o transporte dos equi
acesso
mentos e máquinas,
sejam nacionais ou importados? Será necessário algum investimen
adicional no acesso aos locais das obras na fase de
construção? Esses investiment
estão considerados
no orçamento de CAPEXe no cronograma de implantaça0 Caso
não estejam, qual seu
impacto em termos de custo e cronograma?
c) Conexão ao SIN
Qual é a forma de conexão (no barramento de onamento

subestação ou por see


de linha)? Caso seja em subestação, em qual subestação e qual
pretende
se
conecta
sua capacidade instalada? A conexão é no sistema de transmissão ou no ae
ção de energia elétrica? Quais foram os critérios A n e x ã o ?

para escolha do ponto de cou


Há outras possibilidades de enão

pontos de conexão para o projeto? Quais säão e por


foram escolhidas?' Aque distância está da em é o
subestação elevadora do parque?
08. LOCALIZAÇÃO EMARGEM DE ESCOAMENTO 155

onrietário da subestação escolhida? A subestação já está em operação? Caso negativo,


roprietário o

de entrada em da
operação subestação? Qual ponto a tensão no de
a estimativa
«
ual
qual a
estimativa

conexão?.Qual o estágio do projeto de engenharia referente à conexão? Em qual estágio

de obtenção do Parecer de Acesso junto à distribuidora/transmissora está


do processo
detalhes do processo nos itens 9.2 e 9.3)?
o projeto (vide
Foi feito estudo de margem
de escoamento neste ponto de conexão? Qual a esti-
remanescente no ponto de conexão, na subárea e na área de conexão?
mativa de margem
disponivel pode inviabilizar a conexão do projeto, considerando sua potência,
A margem

rangTama de implantação, estratgia comercialização e a concorrência com outros


de

nrojetos de geração (de quaisquer fontes) em desenvolvimento na região? Mapear proje-


concorrer
tos de geração
de energia elétrica em desenvolvimento na região que possam
barramento, subárea e área.
remanescente de escoamento no mesmo
nela capacidade
há vãos disponíveis para novas conexões
No caso de conexão em subestação,
de novos vos? Caso requeira construção de novos
(quantos?) ou requer construção
extensão? Há área disponível na subestação
vãos,há barramento disponível ou requer
de novos vãos e/ou extensão de barramento? Caso não haja, há área
para a construção
existente disponível? Foram feitos estudos técnicos de avaliação
adjacente à subestação
(e.g. fluxo de potência e curto-circuito)? Nestes estudos
do acesso ao ponto de conexão

restrições técnicas ou fisicas que inviabilizem o


acesso
elou consulta foram identificadas
do projeto?
ou onerem excessivamente o orçamento e/ou o cronograma de implantação
Foi dimensionado qual o escopo e valor do investimento a ser feito pelo proje-
de
to para conexão? Caso conecte-se em subestação, existe escopo cuja execução é
responsabilidade do proprietário da subestação? Caso exista, foi considerado no orça-
da
projeto? Foram consideradas as exigências proprietário
do
mento e cronograma do
infraestrutura e realização de obras?
Subestação para acessoa seu site, conexão em sua
razoavelmente no CAPEX e
Estes investimentos e exigências foram contemplados
CTOnograma, respectivamente? Qual seria uma margem de erro razoável em reais para
0 orçamento de CAPEX da conexão? O prazo necessário para viabilizar a construção
GEsta infraestrutura, inclusive eventuais licenciamentos, Parecer de Acesso e contratos

0e conexão de uso do sistema, está considerado de forma realista no cronograma de

nplantação do projeto? Estimar potencial atraso que o processo de conexão pode


CaLSar no
cronograma global de implantação do projeto.

17 Disponibilidade e qualificação de mão de obra


Este tema é objeto dos capitulos 10 e 11. De forma geral, o investidor precisa
v a r a disponibilidadee qualificação de mão de obra no entorno do parque,
Subestação elevadora, da linha de transmissão e do ponto de conexão. A avaliação
SCARAMUCCI
156 EDUARDO TOBIAS N. F RUIZ E HELOISA E A.

deve ser feita tanto para a fase de implantação quanto de operação,


demanda de mäo de obra para serviços eventualmente terceirizados. Deve contemp
se eventual déficit de disponibilidade e/ou qualificação: Deve-se aval
local escolhido;
i) pode inviabilizar o
i) foi adequadamente contemplado nas premissas de CAPEXe OPEY
EX,
ii) foi adequadamente contemplado na premissa. cronograma de implantacko
do projeto.

disso, para projetos que contem com incentivos fiscais municinais


Além
em
geral, é possível que seja exigida a utilizaçao de determinado percentual de måoio
obra local. Neste caso, foi considerada a mão de obra disponível no local e
eventu
investimento com treinamentos e capacitação?

8.1.8 1ermos e condiçoes comerciais para as areas do


projeto
a) Para as áreas do parque
Caso empreendedor tenha ou pretenda comprar áreas, além das possíveis
o

restrições mencionadas no item 8.1.5(b), a principal


questão é qual o valor pago ou
negociado. Para contratos de arrendamento e direito de uso de
detalha os principais termos e superficie, o item 196
condições a serem avaliados. As perguntas mais Tele
vantes para a análise são:
i) Qual a modalidade contratual adotada ou
de de
pretendida (arrendamento ou dire
uso
superficie) para cada imóvel?
ii) Quais imóveis já foram
contratados e quanto eles
necessária? representam da a a total
ii) Quais imóveis não foram
contratados e
quanto eles representa área
total necessária?
iv) Qual o status da
negociação dos imóveis não contratados?
V)Qual o risco do projeto não
contratar todas as áreas pretendidas
V1) Caso não contrate todas as áreas acto nas
caracteristicas do projeto e em
em
negociação, qual seria 0
sua viabilidade ca?
v11)Qual o risco do técnica e econo
projeto demorar mais do que o rtodas

as áreas pretendidas? esperado para conua


vii) Qual o prazo dos contratos?
1x) O prazo é compatível com a
vida útil dos ativose
cialização da energia elétrica?
com a
estrategia
x)Qual o preço, índice de
contratado e reajuste e a forma de pagamento de
imóvel

em
negociação? cau
08. LOCALIZAÇÃO EMARGEM DE ESCOAMENTO 157

xi) Estão previstos adiantamentos ou pagamentos prévios ao início da construção

ou operação do parque? Quais os termos?


da
em negoc1ação é competitivo se comparado aos demais
xi) O preço negociadoe
usos da terra na região, inclusive, caso aplicável, para projetos solares e
eólicos de concorrentes?

contempla premissas de preço razoáveis para imóveis


vi O cenário base os

não contratados?

de preço contempla custos assessórios de responsabilidade do


xiv) A premissa
tributos de transferência
projeto, por exemplo, o pagamento do ITR,
custos e

de propriedade ou custos de registro do contrato no Registro de Imóveis?


xv) Estimar a margem de erro para a premissa de preço dos imóveis não contra-
tados, para cima e para baixo.

b) Para as áreas da infraestrutura de conexão


e as da linha
Há duas principais diferenças entre a negociação das áreas do parque
normalmente é maior que a
de transmissão. A primeira é a quantidade de imóveis que
necessánia para o parque. A quantidade pode ser muito maior a depender do comprimen-
to da linha. A segunda é a modalidade contratual e, consequentemente, a precificação.
faz necessária
Portanto, a complexidade da negociação é maior, principalmente quando
se

a desapropriação ou instituição de servidão administrativa de áreas em processo judicial.


A depender das características do projeto, a probabilidade do processo de

cronograma de implantação comno um todo pode


ser
contratação das áreas atrasar o
bastante alta. Por essa razão, o investidor deve ser bastante diligente nessa avaliação e na
critica do cronograma apresentado pelo empreendedor. Para além das questões listadas
anteriormente para as áreas do parque, o parecer técnico precisa ter especial atenção
a estimativa de eventuais atrasos no cronograma e sobrecustos com as indenizações.

MARGEM DE ESCOAMENTO NO PONTO DECONEX


A garantia de margem de escoamento para um determinado projeto dá-se com
emissão do Parecer de Acesso e celebração do Contrato de Conexão as Instalações
de Distribuição (CCD) ou de Transmisão (CCT) e do Contrato de Uso do Sistema de
stnbuição (CUSD) ou de Transmissão (CUST), conforme aplicável. Os processos
Slicitação de acesso aos sistemas de distribuição e transmissão de energia elétrica
estão detalhados nos itens 9.2 e 9.3.
No entanto, no caso do LEN, LFA e LER, a Portaria MME n.° 444, de 25 de
Osto de
2016, estabelece diretrizes gerais para definição de capacidade remanescente
158 EDUARDOTOBIASN. F RUIZ E HELOISA F. A. SCARAMUCCI

para escoamento de geração de energia eletrica. lais diretrizes pode


m ser utiliza
das pelos projetos vencedores em substituição ao processo de acesso .

lem
Não obstante, a cada leilão, disposições específicas podem: conven
ser emitidas pelk

8.2.1 Diretrizes gerais para definiço de capacidade remanescente do SIN no ACR

Segundo a Portaria MME n.° 444/16, a capacidade remanescente do Cns


escoamento de geração poderá ser considerada para determinação dos SIN
eterminação dos resu
dos leilões. Trata-se da capacidade remanescente de escoamento de enerpia.
ca dos barramentos da Rede Básica, Demais Instalações de Transmissão DI
DIT)e
Instalação de Transmissão de Interesse Exclusivo de Centrais de Geração para Cone
onexão
Compartilhada (1CG).

a) Definição da capacidade remanescente


Na definição da capacidade remanescente do SIN para escoamento de geração
deverão ser observados
prazos e atribuiçðes a seguir
os

i) o ONSe a EPE deverão emitir a Nota Técnica Conjunta ONS/EPE de


Metodologia, Premissas e Critérios em até 20 dias da publicação das dire
trizes do leilão, a qual deverá ser aprovada pelo MME em até 10 dias do seu
recebimento. Uma vez aprovada, será disponibilizada nos sites da ANEEL,
EPE e ONS;
ii) concluída a etapa de cadastramento do leilão, a EPE encaminhará às conces
sionárias de transmissão consulta formal sobre a viabilidade fisica de conexao
nos barramentos candidatos indicados pelos empreendedores no cadasr
tramentoe nos demais barramentos impactados pelas usinas cadastrdue
Aconsulta deve ser respondida em até 15 dias de seu nentos

recebimento. Barai
candidatos são barramentos da Rede Básica, DIT ou ICG
ponto de conexão por meio do qual um ou mais
cadastrad ração

empreendimentos sac
acessam diretamente o
meio

sistema de transmissão, ou indiretamente p


de conexão no sistema de
distribuição;
ii) será publicada, nos sites da ANEEL, da EPE e do ONS, em até 7) ae antes

da data de realização do leilão, a Nota Técnica de Quantitativos


cidade

Remanescente do SIN para escoamento de d e conter,no

geração. Anota deveta e n t e

mínimo, o seguinte: a informação quantitativa para


de escoamento; casos de referência
capacidade rc eração

utilizados; e a configuraçao idade


contendo o nome do empreendimento,
data de início de operaçao,
instaladaeoambiente de contratação considerado.
08.LOCALIZAÇÃO EMARGEMDEESCOAMENTO 159

de conexão
b) Alteração do ponto
No prazo de 5 dias da publicação da Nota Técnica de Quantitativos da Capacidade

Remanescente
Bemanescente do do SIN para escoamento de geração, o empreendedor poderá, por sua
alterar junto a EPE a informação quanto ao ponto de conexão do projeto
onta e risco,
indicadono ato do cadastramento. Tal alteração estará limitada à substituição do ponto
de conexão por um dos pontos de conexão para os quais tenha sido publicada capacidade
escoamento na aludida nota técnica.
remanescente para
esc0amento no ponto de conexão
c) Garantia de margem de
leilão deverá realizado mediante
O acesso ao SIN dos vencedores do
ser cone-

remanescente do SIN para


xão à instalação considerada na definição da capacidade
escoamento de geraçãO. Para queo
acesso e
a reserva de margem sejam garantidos, o
conforme prazos e condições estabelecidos nos editais dos leilões:
projeto vencedor deve,
de da usina;
i) obter o ato de outorga de autorização para exploração geração
ii) celebrar o CCEAR ou CER;
ii) celebrar o CUST e o CCT ou o CUSD e o CCD, conforme aplicável.

No barramento em que houver limitação fisica para a conexão de empreen

dimentos de geração, os vencedores da fase final do leilão poderão, por sua conta e
tal opção no sistema do leilão.
risco, utilizar conexão comparihadz, devendo ratificar

d) Revisão e atualizaçs dns diretrizes gerais

As diretrizes acima estão em constante processo de revisão e atualização, de


das
experiência das instituiçöes envolvidas adquirida aplicação
na
forma a refletir a

diretrizes desde 2013. Além disso, tais revisões consideram a realidade mais
recente

dos leilões de energia elétrica, como a baixa demanda pelas distribuidoras, redução
ao atraso de entrada em operação das novas instalações de transmissão, atualizações
regulatórias promovidas pela ANEEL, dentre outras."
Um exemplo de revisão foi a decisão pela transferência para o empreendedor,
de construção de novas linhas de transmissão e subestaçðes. Parte dos leilöes
SCO
e energia elétrica realizados de 2009 a 2013 tinham editais prevendo condições das
comercial". Destes
Lparticpantes receberem o atestado de "apta para operação
eilbes, resultou um total de 49 usinas "aptas para operação comercial", mas sem ter como

Ccoar sua energia elétrica em função do atraso dos empreendimentos de transmissão


energia elétricaassociados Consequentemente, desde 2015, têm sido afastados o

Item 3.5 da Nota


Técnica MME n.° 112/19/DPE/SPE.
tem 4.10 da Nota Téenica
MME n.° 112/19/DPE/SPE.
160 EDUARDO TOBIAS N. E RUIZ E HELOISA F. A. SCARAMUCCI

Art. 9 da Portaria MMEn.° 514/11 eoArt. 16 da Portaria MME n.° 132/13


tem que uma usina seja considerada "apta para operação comercial" etenhhhaquegarant
o recebimento de receita de seus contratos regulados firmados com as dist
Outro exemplo é a discussão acerca dos diferentes critérios estabelent tribuidor
ACL no cálculo da
empreendimentos de geração do ACR e do capacidade reman
OPE/SPE, item
cente de escoamento. A Nota Técnica MME n.° 112/19/DPE/SPE, item
4.44,contem
de adotar critériosco
pla proposta de revisão das diretrizes com objetivo
o

para os dois ambientes.

8.22 Análise da margem de escoamento remanescente

Para melhor entendimento, segue exemplo de análise da capacidade rena


ema
nescente de margem de escoamento para o estado da Paraíba (PB) com base na
Nota
Técnica 0025/20 (ONS, 2020) de Quantitativos de Capacidade Remanescente d
SIN para escoamento de geração, publicada pelo ONS em 27 de março de 2020 pan
ar
o LEN A-4/2020.

Tabela 8.1. Capacidade remanescente parao leilão.


Barramento candidato Tensão Barramento area Area
230 kV 280 MWac
Coremas MWac s 280 MWac
69 kV s 265 MWac
Santa Luzia ll 500 kV 1.200 MWac s.200 MWac s 1.200 MWac
Campina Grande l 230 kV
s1.600 MWac s 1.600 MWac s 1.600 MWac
Fonte: Adaptado de ONS (2020, p. 100).

Ceara
Santa Parais0
Mirim l
Cruz
Extremoz ii

LEGENDA
PARAIBA piloes Grande
Coremas SaLstúzia João Pessoa
JuTg ermeVKA
Milagres
MilagresIn ****
****
** * * * * * * * * * * *
. Grande
(22) UTE Camplna Santa Mussurell
Subestaçdo (20)
Grande .a J.Pessoa l desie
500&V U T E Termonor
Cotemina
230
y U T E Termoparalod

(S0 Sem o4ga servs


SPSem Pregsko
Pau Ferro Goianinha
1)LTs Trceaias ndcen
Tacainbo
,
* Eazadas
Angelim
Garanhuns l

Fig.8.2. Sistema elétrico no estado


da Paraiba.
Fonte: ONS (2020, p. 80).
08. LOCALIZAÇÃO EMARGEM DE ESCOAMENTO 161

Neste caso, há subestaçðes com possibilidade para novas conexões


somente trës
mais
linha:SE
Coremas; SE Santa Luzia 1; e SE Campina Grande I11. Caso um ou
de
fontes, ao se cadastrarem no LEN A-4/2020, declarem conexão
orojetos
de quaisquer
thestação Coremas
na tensão de 230 kV, concorrerão diretamente pela margem
na S
remanescente
de 280 MWac.

escoamento remanescente
Concoencia pela margem de
8.2.3
de margem de escoamento remanescente é um ponto crítico
A disponibilidade
de todas fontes no Brasil. Devido
viabilização ou näão de projetos greenfield
as
nara a
dessa fonte concentram-se no Nordeste,
dependência do recurso solar, projetos
Piauí e Rio Grande do Norte. Situação similar
em especial nos estados da Bahia, Ceará,
Desde 2015, projetos solares e eólicos têm concorrido em
aplica-se para a fonte eólica. projeto
pontos de conexão, tendo prioridade
o
igualdade de condições pelos
mesmos

elétrica ao menor preço.


que vender energia leilões tem
cadastrados
projetos greenfield solares FV
nos
A quantidade de
à de 2016, ano a partir do qual passou a
crescido ano a ano (EPE, 2020a), exceção
consecutivos (EPE,
ser obrigatória a medição
de irradiação por período de 12 meses
cadastrados 794 projetos, totalizando 28.667 MWac,
2018). Para oA-4 de 2020, foram
cadastrada (EPE, 2020b). Portanto, superando
equivalentes a 55,7% de toda a potência
da potên-
os 659 projetos eólicos
cadastrados (20.825 MWac), que representaram 40,5%
histórico de projetos solares FV cadastrados
Cia total inscrita. A seguir, gráfico com o
nos leilões do ACR.

1.000-
900- 827
751
800

700- 649
574
620

600-
500 400 382
420
400-
295
300 225
2000g 148
100
LENA32013 LENA52014LER2014
LENAS2013 1 LER2015 2 LER2016
1 LER2016
2 LER2015 LENA42018
LENA42017 LENA62019
LENA42019

F Histórico de projetos solares FV cadastrados nos leilões do ACR.


Fonte: EPE (2020a).
HELOISAEA SCARAMUCCI
162 EDUARDOTOBIAS N. ERUIZE

dos 47.965 MWac em proietas.


Comoexemplo,no LEN A-4 de 2017,
(de todas as fontes). 70% estavam
localizados nos quatro estados citados N cadastadoy
muitos projetos localizados no Rio Grande do Norte e Bahia não foram habilit eelel
indisponibilidade de margem. A capacidade remanescente total foi de 19.100 M

No Rio Grande do Norte, havia


somente 0,4 GWac de margem versue
,8 0
havia 4,2 GWac de margem versus 13,5 GWac cadaa
G
cadastrados. Na Bahia
(ePower Bay. 2017) Logo. ocorrem - de fato - asos em que o empreended dastradg
dedorinves

tidor desenvolve e investe em um projeto que, mais adiante, se torne inviável tn.
técnica
ou economicamente.
Contudo, esse gargalo tem se amenizado conforme avançam os investimenie
no sistema de transmissão e distribuição de energia elétrica no Brasil. Verificouse
nos ülimos anos, houve um declinio considerável na quantidade de empreenimen
tos de geração impactados diretamente por indisponibilidade de transmissão (MME
2019). No LEN A-4 de 2019, por exemplo, foram cadastrados 51,2 GWacemprojets
de todas as fontes, para 61,2 GWac de margem de escoamento disponíveis nas áreas
(ePower Bay, 2019). Ainda assim, a concorrência por alguns pontos de conexão m
Nordeste segue alta, principalmente em 69, 138 e 230kV.A seguir, gráficocom anis
da disponibilidade de margem de escoamento por estado, com base na Nota Técnica
n.0046/19 do referido leilão.

20.000 Margem nos barraments


18.000-
Margem nas áreas
16.000-
Cadastramento EPE
14.000
12.000-
10.000

8.000
6.000
4.000
2.000
0
BA RN PI CE MG PB TO MT
PE PR SC MA RS Ms SP GO RAL
Fig. 8.4. Margem de escoamento 019
Fonte: E-Power Bay (2019).
remanescente versus poténcia cadastrada LE
-
08. LOCALIZAÇÃO EMARGEM OE ESCOAMENTO 163

de expansão do sistema de transmissão


8.24 Plano
Cemndo o PDE 2029 (EPE, 2020c), planeja-se uma expansão de 32% no sistema
eg
brasileiro nos próximos dez anos. O sistema cresceria de 154.419 Km
transmissão

de
2019 para 203.417 Km em 2029, representando um investimento estimado de
em

prevista é majoritariamente em 230 e 500 kV.


73.6 bilhões. expansão
A
DS

fisica das linhas de transmissão no Brasil de 2019 a 2029 em Km.


Tahela 8.2. Evolução
800 kV 750kV t600kV500 kV440 kV345 kV230 kVTotal
ensão

12.816 52.827 6.800 10.327 59.920 154.419


Estimativa dez./2019 9.046 2.683
228 1.526 16.179 48.998
2.920 28.146
Evoluçao 2 0 2 0 - 2 0 2 9

20.735 122 1.294 9.644 31.795


2020-2024
7411 106 232 6.534 17.203
2.920 0
2025-2029
2.683 12.816 80.973 7.028 11.853 76.098 203.417
Estimativa 2029 11.966

Fonte: EPE (2020c).

Para as subestações, o PDE 2029 planeja uma expansão de 41% nos próximos
cresceria de 396.092 MVA' para
557.354 MVA,
dez anos. A capacidade consolidada
bilhões. Da mesma forma,
investimento estimado em R$ 30,1
representando um
500 kV.
a expansão planejada
é majoritariamente em 230 e

Brasil de 2019 a 2029 em MVA.


Tabela 8.3. Evolução fisica das subestações
no

230kV Total
750ky 500kV 440kV 345kV
Tensão
106.552 396.092
181.416 30.082 53.145
Estimativa dez./2019 24.897
16.102 54.334 161.262
0 85.052 5.773
Evolução 2020-2029
30.628 99.533
2.750 9.269
2020-2024 0 56.886
23.706 61.728
3.023 6.833
2025-2029 28.166
160.886 557.354
35.855 69.247
Estimativa 2029 24.897 266.468

Fonte: EPE (2020c).

82.5 Hisco de construção de infraestrutura de conexão de tercei0s


leilões passaram a alocar 0
item 8.2.1 (d), desde 2015 os
Conforme citado no

de terceiros aos projetos de geração.


d e construção da infraestrutura de conexão
Os
AR preveem que o atraso da entrada em operação das instalações de transmissão

6. MVA-megavolt-ampere.
HELOISA F A. SCARAMUCCI
164 EDUARDO TOBIAS N. E RUIZ E

a usina que estejam sob resnon.


ou não
distribuição necessárias para
e/ou
do vendedor não o exime
das obrigações estabelecidas no contrato. nsabvilidad
cabe ao empreendedor/investidor ponderar tanto o rie
Portanto,
escoamento quanto 0 de construção dainfrae
ponibilidade de margem de utura d
conexão em sua análise. O escopo sugerido de analise referente ao ponto
de
está descrito no item 8.1.6(c).
conesa

REFERENCIAS
ANEEL. Resolução Normativa n.°740, de 11 de outubro de 2016. Estabelece os Drocedi.
gerais para requerimento de Declaração de Utilidade Pública - DUP. de áreae
de tere
necessárias à implantação de instalaçðes de geração e de Transporte de Energia Eléti
trica p
concessionários, permissionários e autorizados e dá outras providências.

BRASIL. Decreto-lei n.° 9.760, de 5 de setembro de 1946. Dispôe sobre os bens imóveis
eis da
União e dá outras providências.
BRASIL. Lei n.° 5.709, de 7 de outubro de 1971. Regula a aquisição de imóvel rural por
estrangeiro residente no país ou pessoa jurídica estrangeira autorizada a funcionar no Brasi
Diário Oficial da União, 11 out. 1971.

BRASIL. Decreto n.° 74.965, de 26 de novembro de 1974. Regulamenta a Lei n.° 5.709,de
de outubro de 1971, que dispõe sobre a aquisição de imóvel rural por estrangeiro residemt
no Pais ou pessoa jurídica estrangeira autorizada a funcionar no Brasil.

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Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.

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constitucionais relativos àreforma agrária. Diário Oficial da Uniäo, 26 fev. 1993.
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agosto de 1995. Disponivel em: htp:/w
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Brasília, 2012.
Institui o novo código florestal basileire
EPE. Instruções para solicitação de cadastramento e habilitação técnica com vistas a paçio
nos leilbes de energia elétrica. Revisão pau
5, de 23 de outubro de 2018. EPE, 2018.
D
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MME. Portaria n.°444, de 25 de agosto de 2016. Estabelece Diretrizes Gerais para Definição
de Capacidade Remanescente do SIN para escoamento de geração de energia elétrica. Diário
Oficial da União, 29 ago. 2016.

MME. Nota Técnica n.° 112/19/DPE/SPE, 2019. Disponível em: htp://www.mme.gov.br/c/


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Acesso em: 27 fev. 2020.
ONS. Nota Técnica n. °0046/19, de 13 de maio de 2019. LEN A-4/2019: quantitativos da capacidade
remanescente do SIN para escoamento de geração pela rede básica, DITE ICG. ONS, 2019.
ONS. Nota Técnica n.° 0025/20, de 27 de março de 2020. LEN A-4/2020: quantitativos da
capacidade remanescente do SIN para escoamento de geração pela rede básica, DIT E ICG.
ONS, 2020. Disponível em: https://abraceel.com.br/wp-content/uploads/post/2020/04/
NT-0025-ONS-2020-LEN-A-4-2020.pdf. Acesso em: 26jun. 2020.
SARACOGLU, B. O. et al. A framework for selecting the location of very large photovoltaic
s0arpower plants on a global/supergrid. Energy Reports, v. 4, p. 586-602, nov. 2018.
CAPITULD 09

REGULAÇAO EAUTORIZAÇOES
Heloisa FA Scaramuccie Eduardo Tobias NFRuUz

A análise da regulação setorial aplicada a projetos greenfield de geração cent


lizada solar FV éfundamental para subsidiar a decisão de investimento. Consiste en
conhecer bem as atuais 'regras do jogo' para avaliar se as premissas adotadas plo
projeto são razoáveis e viàveis tanto do ponto de vista de custo quanto de cronograma
Também consiste em avaliar potenciais alterações na regulação no curto e médio prazo
e estimar respectivos impactos no fluxo de caixa do projeto. Desta forma, quando da
análise de riscos e de viabilidade econômico-financeira, será possível realizar umam
avaliação de cenários e de sensibilidade de premissas de forma coerente tecnicamente
A análise regulatória deste capítulo contempla:
i) a outorga de autorização para exploração de geração de energia elétrica:
ii) o regime de exploração do projeto;
1) as
obrigações do gerador de energia elétrica;
1) o acesso ao sistema de transmissãoe distribuição de energia elétrica;
v) o cadastramento e habilitação para leilões;
vi) as
mudanças regulatórias.
No tema regulatório, ainda
que o investidor tenha bastante expernëncia, rc
taçãodo
-se a contratação parecer de consultor
de
independente especializado. conuray
A
parecer é um importante instrumento de suporte ao investidor na:
giade
1) identificação e análise de riscos do projeto e definição da estrale
gerenciamento destes;
trica
ii) definição ou avaliação da estratégia de comercialização de energia
i) definição da estratégia de financiamento.
09. REGULAÇÃO EAUTORIZAçÕES 167

ant0. é
Paratanto, imprescindivel a contrataçao de uma empresa com vasta
n do setor elétrico, com bastante familiaridade
experiência
com
projetos
e mr e g u l a ç a

olarFVno Brasil, além de boa reputação peranteomercado. de geração


Nesse sentido, o principal objetivo deste capitulo é sugerir
Nessesentido, oprincipal o
qual o escopo mínimo
nlado
s e rcontemplado nesse parecer,
e, consequentemente, na
análise do investidor. Antes
so,
devido à elevância
relevâ: e
complexidade tema,
do este
capitulo detalha os processos
hspleito
Outorga de autorização para exploração de geração de energia elétrica; e
Bcesso aossistemas de transmissão e distribuição de energia elétrica.

AUTORIZAÇÃO PARA EXPLORAÇAO DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

gL1 Pocesso de obtenção da outorga de autorização


O procedimento para obtenção da outorga de autorização para exploração de
gEracão de energia elétrica está regulado na Resolução Normativa ANEEL n.° 876/20,
querevogou a Resolução Normativa ANEEL n.° 676/15. A figura 9.1 ilustra cada etapa
do processo0.

Registro de Despacho de
registro de
Requerimento Publicação
requerimento de outorga de outorga
de outorga requerimento
de autorização de autorização
de autorização de outorga (DRO)

HFig.9
de
de energiapas do processo de obtenção da outorga de autorização de exploração geraço
elétrica.

d Registro de requerimento de outorga de autorização


Oregistro de requerimento de outorga de autorização para exploração das centrais
geradoras FV com potência poderá ser dirigido à ANEEL, pelo
Com potënd superior a 5.000 kWac
documentos abaixo:
g a l da empresa, mediante a apresentação dos Fazendas
comprovação de gularidade fiscal para com as Municipal e
Estadual do domicílio ou sede do interessado,
i) organogram do de acionis-
ganograma grupo econômico, contendo aberturado quadro
tas, participação acionária final, inclusive de quotista/acionista pessoa
fisica, constando onome ou razão social;
N. F RUIZ
168 HELOISA F. A. SCARAMUCCI E EDUARDO TOBIAS

ii) ato constitutivo, estatuto ou contrato sOC1al em vigor, em meio diit.t

damente registrado no órgão competente, acompanhado do atoooe


que instinú
igital, dei
a atual administração;
iv) contrato de constituição
de consórcio, quando for o caso. a oqual o
contemplar a indicação da participação percentual de cada em
presa, ea
designação da lider do consórcio, sem prejuízo da responsabilidade
bilidade sosolid
das demais empresas consorciadas;
v) comprovação de inscrição e regularidade perante o Conselho Recim
egional &
Engenharia (CREA) do engenheiro responsável pelas informações téc
Cnicas
b) Despacho de registro de requerimento de outorga de autorização
Os registros de requerimento de outorga de autorizaço serdo recebidos peéi
ANEEL mediante despacho, que terá como finalidade, dentre outras, facilitar a obtenca
da Informação de Acesso junto às concessionárias de distribuição ou ao ONS e facilita
a obtenção de licenças e/ou autorizações aos órgãos responsáveis pelo licenciameto
ambiental e demais órgãos públicos.
O Despacho de Registro de Requerimento de Outorga de Autorização (DRO)
servirá também de registro para fins de habilitação técnica pela EPE com vistas à parie
cipação nos leilðes de energia do ACR, sendo que outras informações e documentos
serão solicitados para tal participação, conforme previsto no capitulo 3.3.
O DRO não gera direito de preferência, exclusividade ou garantia de outorga
de autorização para o empreendimento. A solicitação do DRO é optativa, podendo a
empresa interessada requerer diretamente a outorga de autorização.
O DRO de projeto solar FV terá prazo indeterminado. Após a publicação do DR
pela ANEEL no Diário Oficial da União, o interessado poderá empreender as a
necessárias à implantação do empreendimento, inclusive iniciar a sua construção. No

entanto, o interessado somente poderá conectar-se ao sistema elétrico, bem comome


a operação em teste e comercial, após a publicação do ato de outorga de autorizay
para a exploração da central geradora e a celebração dos contratos de conexao usO
da rede elétrica conforme regulamentação da ANEEL.

c) Requerimento de outorga de autorização


da
Aautorização deverá ser requerida à ANEEL, pelo representante Ieg
empresa, mediante a apresentação dos documentos listados no item 9.1.1@),acn
documentos a seguir:
gital;
i) licença ambiental compatível coma etapa do projeto, em meio diga
2ária.de
ii) Informação de Acesso, em meio digital, emitida pela concessiona
espeito
distribuição, pelo ONS, ou ainda, excepcionalmente, pela EPE, a re
09. AEGULAÇÃO E AUTORIZAÇÕES 1659

viabilidade da conexão do empreendimento. Tal documento deve ser


anresentado à ANEEL em ate 60 (sessenta) dias após sua emissão;
ário executivo do empreendimento para emissão de outorga;
ii)
Cronograma fisico completo da implantação do empreendimento em que
deverão ser destacadas as datas dos principais marcos, incluindo início das
obras civis das estruturas, inicio da montagem dos arranjos FV, início das
ras da subestação e/ou da linha de transmissão de interesse restrito, início
da oneracão em teste (por unidade geradora) e início da operação comercial
(por unidade geradora);
da usina;
v) arranjo geral
elétrico unifilar geral simplificado;
vi) diagrama
i l estudo simplificado contendo os dados do local do empreendimento,
de pelo menos um ano, referentes às leituras de irradiação global horizontal,
Ou de irradiância global, difusa e direta - podendo ou a componente difusa

ou a componente direta, ser calculada. Esse estudo deve apresentar as curvas


de 'dia médio' para cada mês do ano e histograma com a distribuição de
da
frequência anual da irradiância solar, de forma a subsidiar a previsão
produção anual de energia elétrica da central geradora FV;
solarimétricas e de estimativa da produção
vii) sumário de certificação de medições
anual de energia elétrica associada ao empreendimento, emitida por certi-
com base em série de dados nos termos
do item vii.
ficador independente,

de
d) Publicação de outorga de autorização para exploração geração

Para fins de outorga da autorização, a ANEEL analisará seguintes aspectos


os

FV:
dehnidores da capacidade de geração e das condições de operação da central geradora
) disponibilidade de dados sobre a radiação solar local;
i) capacidade instalada;
de distribuição, constituído de
cone-
1) acesso às instalações de transmissão e

xão e uso.

as outorgas de autoriza-
AKesolução Normativa ANEEL n.° 876/20 prevê que
de 36 meses para entrada
em
de geração solar FV fixarão prazo limite
Poetos
Esta regra não se aplica para
Comercial, contados da data de sua publicação.
POetos que se conectarão na Rede Básica.
de 35 anos. Para pedido
g a s de autorização emitidas possuem vigência
de prorrogação de outorga. a ANEEL analisará os seguintes aspectos:

qualificação juridica e fiscal do interessado;


170 HELOISA E A. SCARAMUCCI E EDUARDO TOBIASN. E RUIZ

ii) adimplência com as obrigações intrassetoriais;


i) cumprimento dos contratos de venda de energia elétrica:
iv) aspectos técnicos relacionados às condições de operação e m
empreendimento;
manuter do
v) histórico do requerente quanto ao comportamento e penalidades
no desenvolvimento de outros processos de autorização e cone
idades imputada
serviços de energia elétrica.

Nos casos de empreendimentos que participem de leilões do ACR Sem.


as correspondentes autorizações de exploração de geração da ANEEL, a autopossuir
será outorgada pelo MME. Neste caso, a outorga da autorização orização
seguirá crono
e critérios previstos no edital do respectivo leilão. grama

9.1.2 Alteração de caracteristicas técnicas do projeto


E comum projetos greenfield de geração solar FV passem por alterações t
que
caracteristicas técnicas, principalmente quando há mudança no controle societário. Tas
mudanças, quando necessárias, podem impactar de forma relevante o cronograma de
implantação do projeto. A consequência direta é o retrabalho no processo de obtençio
da outorga de autorização.
Porém, poderá haver, também, consequências indiretas
Por exemplo, a necessidade eventual de
alterações no processo de acesso ao sistem
elétrico; licenciamento ambiental do parque e/ou da infraestrutura de conexão;
pleit
de incentivos fiscais, dentre outras.
Portanto, ainda que a alteração das caracterisueas
seja motivada pelo próprio investidor, os desdobramentos e impactos da decisão deven
ser
compreendidos e avaliados previamente.
De acordo com a Resolução Normativa ANEEL n.° 876/20, para fins de alc
ração da capacidade instalada e demais alterações de caracteristicas técnicas, a auto
rizada deverá apresentar à ANEEL a (a} e
documentação mencionada nos itens .l.
(c)atualizada.
Nos casos de
empreendimentos que comercializaram energia elétrica no leilöes
do ACR, devem-se
observar, também, as instruções disponíveis no sitio
sitio
da ANEEL
na internet. Tais
instruções refletem o disposto na Portaria MME n.° 481, dc-26kdede

novembro de 2018, que estabeleceu as altera


diretrizes para a análise e
aprovaçao
ções de características técnicas de
empreendimentos de
5foi
geração cuja autoTI
outorgada pelo MME.
Em ambos os citação

empreendedor deverá protocolar, na ANEEL, S


casos, o
de alteração de características técnicas pormeio

do projeto que será objeto de análise,


de modelo de requerimento
PO
disponível no sitio eletrônico da ANEEL.
09. REGULAÇÃOEAUTORIZAÇÕES 171

modalidades de alteração de caracteristicas técnicas: as alteraçðes


Há duas modalidades

mnleto) e Tipo B onexão). Se a empresa requerer apenas alteração que


TipoA (com
Tipo sistema de transmissão de interesse restrito, deverá optar pela alteração
sister
seu
o
envoenvolver
pvolva
aa altera
alteração do seu projeto de geraço,
envolver
incluindo ou não a alteração
Tipo
B Se
oB.sistema transmissão de interesse restrito, deverá optar pela alteração Tipo A.
de transmissão.

d es e u

ACESSO A0 SISTEMA
DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
32
O aceso da
central geradora ao sistema de distribuição é regulado por resoluções
sobretudo a a Resolução Normativa ANEEL n.° 506/12, e pelos Procedimentos
ANEEL,
dh
ie Distribuição (PRODIST).

21 Procedimento para acessSo ao sistema de distribuicão


inicialmente solicitado à distribuidora titular de concessão ou
O acesso deve ser
em que se localizarão as instalações do projeto de geração
permisão na área geográfica
deve
Dentre as alternativas de conexão do projeto, a distribuidora
Solar FV acessante.
custo global, que pode indicar a conexão: em instalações
observar o critério de minimo
atua em outra área de concessão ou permissão; em
pertencentes à distribuidora que
exclusivo de central
instalações pertencentes à transmissora; ou em instalações de uso

geradora.!
distribuidora deve verificar a
Quando de Consulta ou Solicitação de Acesso,
a

de
outras distribuidoras parecer técnico
acerca
necessidade de solicitar ao ONS ou a

mpactos do acesso sobreo sistema de transmissão ou


de distribuiço, respectivamen-
ou Parecer de Acesso.2 O processo
de emissão do
TE,para de
elaboração informação
fornecidas
Farecer Técnico pelo ONS está detalhado no item 9.3.2(c). As informações
consideradas na análise do critério
PEIO ONS Ou por outras distribuidoras devem ser
necessidade de obras no
CUsto global relativo ao acesso. Na hipótese de
O
m a de transmissão ou de distribuição de terceiros, devido a0 acesso solicilado,
fornecidos ao
demais informações associadas devem ser compatibilizadose
projaessante na respectiva Informação de Acesso ou Parecer deAcesso."

1.
Parágrafos Primeiro Segu
gundo do Art. 7° da Resolução
e
Normativa ANEEL n.° 506/12.
2.
Art. da Resolução Normativa ANEEL n.° 506/12.
.
Parágrafo Primeiro do Art. 8 da Resolução Normativa ANEEL n.° 506/12.
ParágrafoSegundo do Art. 8° da Resolução Normativa ANEEL n.° 506/12.
TOBIAS N. F RUIZ
172 HELOISA E A SCARAMUCCI EEDUARDO

Na hipótese de ser indicada a conexão em instalações pertencentes.


ncentes aou
distribuidora ou transmissora, o projeto acessante deve formalizar Consulta
nte d
a
ou Solicitação de Acesso à outra distribuidora ou ao ONS, respectivamentes
O Parecer de Acesso é o documento por meio do qual a distribuidors
consolida a avaliação sobre a viabilidade técnica do acesso solicitado, de
o sistema elétrico contemple os requisitos para atendimento ao projeto interessa
forma q
mantenha o atendimento aos demais acessantes, dentro dos
acesso e
nidos no PRODIST, devendo ser referenciado no CUSD e no CCD correspond.
requisitos def
A distribuidora deve garantir ao projeto acessante as condiçóes estabelecidas no Pare
tece
de Acesso, em particular o ponto de conexão, ate a celebração dos respectivos CIR
e CCD. Essa garantia está condicionada ao cumprimento, pelo projeto acessante, dn
prazos de sua responsabilidade durante as etapas de viabilização do acesso
De acordo com o PRODIST," as etapas que constituem os procedimentos j
acesso ao sistema de distribuição são:
i) Consulta de Acesso;
i) Informação de Acesso;
ii) Solicitação de Acesso;
iv) Parecer de Acesso.

Na figura 9.2, é apresentado fluxograma simplificado das interações desde a


Consulta de Acesso até a celebração do CUSD/CCD para projetos de geração. O fuxe
grama é aplicável para projetos em processo de obtenção de outorga de autorizagio
para exploração de centrais geradoras para comercialização de energia elérica torau

ambiente de leilões do ACR.

5. Item 6.5.1 da Seção 3.1 do Módulo 3 (PRODIST, 2016).


6. Item 4.2 da Seção 3.1 do Módulo 3
(PRODIST, 2016).
7. Art. 9° da Resolução Normativa ANEEL n.° 506/12.
8. Item 2.1 da Seção 3.1 do Módulo 3 (PRODIST, 2016).
09. REGULAÇÃO EAUTORIZAÇÕES 173

Envio à distribuidora
de comprovação
APB
de protocolo
ASE
DRO 60 dias

Processo de
Informação obtenção de
C o n s u l t a

60
de Acessoo outorga/alterac
deAcesso
dias
deoutorga
30 dias
1 ano
(sem obras)

Solicitação Parecer Celebração


de Acesso de Acesso CUSD/CCD
90
dias

120 dias
(com obras)
projeto básico) ASE (despacho de adequabilidade do sumário
Nota: APB (despacho de aprovação do e

Cxecuivo).

Fie 9.2. Etapas para


acesso ao sistema de distribuição por projetos de geração fora do ACR.
Fonte: PRODIST(2016- Módulo 3, p. 21).

9.22 Particularidades para habilitaço em leilöes no ACR


No caso de interesse em se cadastrar projetos de geração solar FV para participação
em leilões de energia elétrica no ACR, as etapas de Consulta de Acesso e Informação de
Acesso não são aplicáveis, devendo ser utilizado o Documento de Acesso para Leilo
(DAL) ou o próprio Parecer de Acesso.
O DALé o documento por meio do qual a distribuidora acessada apresenta
oOnsiderações a respeito da viabilidade da alternativa de conexão solicitada pela central
radora e demais informações requeridas no regulamento especifico do leilão."
DAL SOmente pode ser utilizado pelo projeto de geração para cadastramento com
as a
habilitação técnica no leilão para o qual foi elaborado."A figura a seguir
e n t a um fluxograma simplificado das interações durante a elaboração do DAL.

9.
Item 2.1.8 da Seção 3.1 do Módulo 3 (PRODIST, 2016).
10.Item 5.2 da
Seção 3.1
1. hem 5.3 da Seção 3.1 do Módulo 3 (PRODIST, 2016).
do Mödulo 3 (PRODIST, 2016).
174 HELOISA F A. SCARAMUCCI E EDUARDO TOBIAS N. F RUIZ

30 dias
Solicitação DAL

Pendências de 5 dias
informaçöes Central ou acordo
geradora

Fig. 9.3. Etapas para obtenção do Documento de Acesso para Leilo no ACR.
Fonte: PRODIST (2016-Módulo 3, p. 23).

Caso o projeto vença o leilão, deverá ser formalizada a


Solicitação de Ace
cessu
visando à emissão do Parecer de Acesso. Emitido o Parecer, poderá ser celebrads
CUSD e CCD com a distribuidora acessada, conforme detalhado no item 92.1.

9.3 ACESSO AO SISTEMA DE TRANSMISSÄO/REDE BÁSICA


O serviço de transporte de grandes quantidades de energia elétrica por lnga
distncias é feito utilizando-se uma rede de linhas de transmissão e subestações en
tensão igual ou superior a 230 kV, denominada Rede Básica (ANEEL, 2004).
Dentre as atribuições do ONS está a análise das condições de acesso dos usuanc
Rede Básica, por meio de conexão às instalações-sob
responsabilidade da transmisso
e às DIT. Também são analisados
impactos no sistema de transmissão que possain
Causados por acessos às instalações sob responsabilidade de distribuidora." DITsiD
demais instalações de transmissão não classificadas como Rede Básica tes de
integr
outorgas de autorização para exploração de geração e/ou concessões de transi issäa,
conforme Manual de Controle Patrimonial do Setor Elétrico esolução
aprovado pela K
Normativa ANEEL n.° 674/15.
das
A Conexa0 ás
instalações de transmissão está amplamente regulada atrav
Resoluções Normativas ANEEL n. 281/99, 67/04, 68/04, 320/08, 442/11,
e
722/16eo uso do sistema de transmissão pela Resolução Normativa ANEEL n.° 66
bservaro
Além disso, para conexão às instalações de transmissão deverá se
o ntosd
disposto nos Procedimentos de Rede (ONS, 2017, 2018, 2019). Os Procedim

12. Procedimentos de Rede, Submódulo 3.1 (ONS, 2017, 2018, 2019).


09. REGULAÇÃO EAUTORIZAÇÕES 175

mentos do ONS que estabelecem as


Redesãodocumentos
sistemáticas e os requisitos técnicos
ários a0
cessários ao.
exercício, no âmbito do Sistema Interligado Nacional (SIN):
i) das atribuições de planejamento e programação da operação;
i) desupervisão, coordenação e controle da operação
de administração de serviços de transmissão de energia elétrica;
iv) de garantia do livre acesso å Rede Básica:
de proposição de ampliaçoes e retorços para a Rede Básica e para as DITs.

documentos estabelecem também as responsabilidades do ONS e dos

agentes

1 Principios básicos para acesso as instalações da transmissora


No que tange ao aceso as instalações sob responsabilidade da transmissora,
é necessário considerar os seguintes princípios básicos (ONS, 2017, 2018, 2019):
i) o acesso é um direito assegurado, nos termos da Lei Federal n.° 9.074/95,
a qualquer agente de geração, distribuição, importação/exportação, consu-
midor ou titular de registro de central geradora de capacidade reduzida,
genericamente denominados acessantes";
ii) a qualidade e o desempenho do sistema elétrico devem ser preservados,
observados os limites dos indicadores estabelecidos nos Procedimentos de
Rede. para que se evite o comprometimento do atendimento a usuários do SIN;
ii) a efetivação do acesso está condicionada à celebração dos correspondentes
contratos de conexão e uso da rede elétrica e à implantação das eventuais
ampliações e reforços indicados no Parecer de Acesso.

De acordo com o Decreto Federal n.° 2.655/98, as condições gerais do acesso0

eastarifas corespondentes devem:


asegurar tratamento não discriminatório a todos os usuários;
) garantir a cobertura de custos compatíveis com custos-padro;
estimular novos investimentos na expansão dos sistemas;
v) induzir a
utilização racional dos sistemas
N) minin Os custos de ampliação ou utilização dos sistemas elétricos.

32 Procedimento para
mentb ara acesso ao sistema de transmissão/Rede Básica

Oprocess para acesso ao


a sistema de transmissão consiste das seguintes etapas:
176 HELOISA EA. SCARAMUCCI EEDUARDO TOBIAS N. E RUIZ

wwA ww

Consulta Informação Parecer Solicitação Parecer Contratação


de acessomplantet
de Acesso Técnico de Acesso de Acesso
de Acessoo
(CUST/CCT)0aCone
www.w.a

Fig. 9.4. Etapas para acesso ao sistema de transmissão por projetos de geração ACI

A solicitação do acesso à Rede Básica por meio de conexão às instalaçdes


responsabilidade da transmissora é necessária para a avaliação da viabilidade téni
técnica
do acesso. Ela deve ser encaminhada pelo projeto acessante diretamente ao ONS,

a) Consulta de Acesso
A Consulta de Acesso visa esclarecer o acessante quanto aos requisitos para a
conexão às instalações sob responsabilidade da transmissora. 3 Fazem parte da Consulta

de Acesso os procedimentos a serem realizados pelo projeto acessante para" a solicite:


ção da Informação de Acesso ao ONS e para a emissão pelo ONS de Parecer Téoio
e de documento equivalente de acesso, conforme aplicável.
O processo de Consulta de Acesso compreende as seguintes etapas:
i) o projeto acessante contata o ONS e inicia a Consulta de Acesso, e fomee
informações básicas sobre o empreendimento e o sistema elétrico de nteres

para sua conexão;


ii) o ONS fornece ao acessante informações básicas sobre o sistema elen
de interesse e disponibiliza os casos de referência do Plano de Ampliag es
e Reforços (PAR) para o acessante realizar os estudos de integração do seu

empreendimento ao sistema elétrico;


sárias
1) quando for o caso, o ONS fornece ao acessante as instruções neces
energia elética, a
para a realização dos estudos especificos de qualidade de energia ecu
apresentados na etapa de solicitação de acesso;
serem
e n i r a

v) o projeto acessante identifica os pontos de conexão de interesse


em contato com o agente de transmissão, para a obtenção das inro
necessárias à conexão;

13. Procedimentos de Rede, Item 1.2 do Submódulo 3.2 (ONS, 2017, 2018, 2019)
14. Procedimentos de Rede, Item 1.6 do Submódulo 3.2 (ONS, 2017, 2018, 2019)
15, Procedimentos de Rede, Item 6.2.1 do Submódulo 3.2 (ONS, 2017, 2018, 2019)
09. REGULAÇÃO EAUTORIZAÇðES 177

agente de transmissão, conforme o caso, disponibiliza ao acessante as


informações necessárias à conexão;
realiza os estudos para definir a melhor alternativa de
vi) o projeto acessante
conexão de integração do seu empreendimento ao sistema elétrico, sob a

custo global, em consonância com o PAR e/ou o PDE,


ótica do minimo
conforme o caso;
solicita a ANEEL autorização paraimplantação de
a
vi) o projeto acessante
Sua conexäão ou de obtenção ou alteração da outorga de autorização para
conforme o caso;
exploração de central geradora,
sob
no caso de outorga de autor+zação para conexão às instalações responsa-
vii)
emitido pela ANEEL,
bilidade da transmissora, o acessante, de posse do DRO
de Informação de Acesso acompanhada
protocola no ONS sua solicitação
sistêmica da conexão pelo ONS.
dos dados necessários à avaliação

Acesso16
b) Informação de
exploração de
Para a obtenção alteração de outorga de autorização para
ou
acessante incluem
serem realizados pelo projeto
os procedimentos a
central de geração,
de Acesso ao ONS.
solicitação de Informação ao formecimento
de Acesso pelo ONS fica condicionada
A emissão da Informação Procedimentos
acessante-das informações e dos
dados requeridos nos
- pelo projeto da parte do acessante, após a avaliação,
o ONS
de Rede. Não existindo pendências
no ONS
até 30 dias, contados da data de protocolo
emite a Informação de Acesso
em
informar ao aces-
houver pendência, o ONS deverá
da correspondente solicitação. Se
mencio-
da solicitação, sendo que o prazo
sante em até 15 dias da data do protocolo
ONS das
retomado a partir do recebimento pelo
nado de 30 dias fica suspenso, sendo
informações faltantes.

c Parecer Técnico7
emissão de Parecer
distribuidora deve solicitar ao ONS
Sempre que necessário, a
do acesso requerido no sistema
de impactos, no sistema de transmissão,
CCnico acerca
Parecer de Acesso.
de Informação de Acesso ou de
usnbuição para fins de emissão necessidade de obras no sistema de
rarecer Técnico deve indicar os impactos e se há
O processo para
aLSmissão relativos ao acesso requerido no sistema de distribuição.
Cmissão do Parecer Técnico pelo ONS compreende as seguintes etapas:

2018, 2019).
0. Procedimentos de Rede, Jtem 6.3 do Submódulo 3.2 (ONS, 2017,
.FTocedimentos de Rede, Item 6.4 do Submódulo 3.2 (ONS, 2017, 2018, 2019).
0.FTOCedimentos de Rede, Item 6.2.1 do Submódulo 3.2 (ONS, 2017, 2018, 2019).
178 HELOISAFA.SCARAMUCCIEEDUARDO TOBIAS N. ERUIZ

i) a distribuidora protocola no ONS sua solicitação de Parecer Té


panhada dos dados e estudos necessários à avaliação sistêmica écnico acom
pelo ONS: da conexd
ii) não existindo pendências, o ONS deve emitir o Parecer Téeni.
30 dias da data de protocolo da solicitação da distribuidora; Técnico em
i) se houver pendéncia, o ONS deverá informar à distribuidora e
em até ibuidora
15 d
da data do protocolo da solicitação, sendo que o prazo
mencionado n
ii fica suspenso na data de notificação das pendências item
pelo ONs, sendo
retomado a partir do recebimento pelo ONS das informações
faltantes,
d) Solicitação de Acesso
A solicitação de acesso deve formalizada pelo acessante ao agente de
ser
trae
trans
missão com antecedência mínima em relação à data de entrada em operação do
emmren
dimento. No caso de conexão permanente, a antecedenc1a deverá ser de três
anoss, se se

o acesso envolver a de
implantação obras de ampliação e/ou reforço na Rede Básjca
nas DIT, nas ICG, além de obras no próprio
ponto de conexão. Para os demais cas8
a antecedéncia deve ser de um ano.
partir do protocolo da solicitação de acesso, o agente de transmissão deve:
A
em 3 dias úteis, enviar a
solicitação de acesso ao ONS e informar ao acessante sobre o
referido envio; e, em até 30 dias, enviar as seguintes informações ao acessante:
i) a viabilidade fisica, as condições contratuais e os prazos requeridos para a
conexão;
1) os requisitos técnicos mínimos necessários às caracteristicas do ponto de
conexão;
111) as normas e
padrões técnicos de caráter geral e os requisitos técmcos minin
a serem atendidos.

A partir do protocolo de recebimento de Solicitação de Acesso para uso


em caráter permanente, o ONS deve2", em até 30 dias:
1) verificar oatendimento aos dados, informações, documentos e
necessários à Solicitação de Acesso e identificar a necessidade ae
de estudos especificos;
ica
para realização de
11) enviar resposta acessante, incluindo: orientações para reanzav
ao
ações
eventuais estudos especificos de
qualidade de energia; dados, intoT de
documentos e estudos fornecidos na Solicitação de Acesso e,

19. Procedimentos de Rede, Item 6.1 do


Submódulo 3.3 (ONS, 2017, 2018, 2019
20. Procedimentos de Rede, Item 6.2 do Submódulo 3.3 (ONS, 2017, 2018, 2019).
09. REGULAÇÃO EAUTORIZAÇÕES 179
entificação de pendência(s), informar se impeditiva(s) ou não para a emissão
Acesso; e as condiçóes contratuais e os prazos envolvidos no
do
Parecer de Aces
processo de acesso;

uma
12 via
via cda Solicitação de Acesso ao agente de transmissão a ser aces-
enviar
ii) Os casos de conexão as DIT'ou às ICG, também à concessionária
nos c a s o s
sadoe,
de distribuição;
ou permissionarna

iv)
comuni
aSolicitaçãoede Acesso requerida aos agentes afetados pelo acesso.
Na falta de algum dado, intormação, documento ou estudo necessário à elabo-
N fa
Dorecer de Acesso, o acessante deve solucionar as pendências e enviar as
nagiodoPa
es faltantes ao ONS, em 15 dias da data de solicitação feita por esse órgão.

Acesso21
Parecer de
el
consolida as avaliações de viabilidade técnica dos acessos
OParecer de Acesso
ou às DIT e é parte integrante do CUST. A principal finalidade
aliritados à Rede Básica
solicita

é analisar a capacidade disponivel do sistema para atender o projeto aces-


dh narecer
snte e manter o atendimento aos demais agentes dentro dos requisitos de segurança,

qualidade e confiabilidade, definidos nos


Procedimentos de Rede. Tem como função
sECundária antecipar questões relevantes de natureza regulatória e operativa ou aspectos

qe afetem a qualidade do serviço oferecido pela Rede Básica e pelas DIT.


0ONS emite o Parecer de Acesso para contratação do uso da rede em caráter
ele
permanente. O Parecer é emitido com validade de 90 dias. Caso expire o prazo,
pode ser revalidado pelo ONS por até 90 dias adicionais, uma única vez. A emissão
OCTe nOs seguintes prazos, contados do protocolo de recebimento de toda a docu-

mentação necessária:
) 30 dias, se não for identificada a necessidade de obras de ampliações, reforços
Ou melhorias nas instalações de transmissão;
) 120 dias, se for identificada a necessidade de reforços elou melhorias nas
instalações de transmissão, sendo que, nesse caso, é indicado o praz0 para

viabilização técnica do acesso;


a

ano, se foridentificada a necessidade de ampliações nas instalações de


dSmissão, sendo que, nesse caso, a análise da viabilidade técnica do acesso
complementada no ciclo de estudos de ampliações e retorços.

OParecer de Acesso emitido


er deve ser encaminhado ao acessante, com cópia para
Concessioná
arTa de transmissão- responsável pelas instalações no ponto de conexão

P Procedimentos
deRede, Item 6.4 do Submódulo 3.3 (ONS, 2017, 2018, 2019).
180 HELOISA EA. SCARAMUCCI EEDUARDO TOBIAS N.ERUIZ

pretendido; para a concessionária ou permissionária de distribuição-


ão - rest
responsáve.
área onde se localiza o ponto de conexão; e para os demais agentes afetadosnel
ea
OParecer de Acesso pode ser revisado pelo ONS em decorrênciade peloa
de:
i) fornecimento de informações incoretas por parte do acessante
i) alteração de dados formecidos pelo acessante durante o processo de a
i) constatação de motivo técnico não previsto quando da elaboracão de aceso
de Acesso ecen
iv) alteração de Montante de Uso do Sistema de Transmissão (MUST). cond
condições estabelecidas na Resolução Normativa ANEELn.° 666/1.
v) antecipação da entrada em operação do empreendimento;
vi) para contemplar postergação da entrada em operação do empreendime.
en-
to, conforme condições estabelecidas Resolução Normativa ANEEI
na

n. 666/15, desde que não tenha havido investimentos na rede associados


ao acesso solicitado.

f)Contratação do acesso22
Aprioridade de atendimento, em relação a novas Solicitações de Acesso, vigo
até 90 dias a partir da emissão do Parecer de Acesso. Nesse prazo e de acordo com os
Procedimentos de Rede, o projeto acessante deve celebrar o CUST com o ONS elouo
CUSD com a concessionária ou permissionária de distribuição responsável pela ie
onde se localiza o ponto de conexão pretendido, conforme o caso.
Se o CUSTCUSD não for celebrado durante a validade do Parecer de Acesoe
se as condições de acesso nele previstas deixarem de ser aplicáveis em virtude de outras
Soicitações de Acesso posteriores, o projeto acessante fica sujeito a novas condiðes
de acessoe novos prazos.
No caso do CCT, o prazo e os procedimentos para sua celebração devem o0scrvar

o disposto no Art. 12 da Resolução ANEEL n.° 281/99 e nas Resoluções Normaivs


ANEEL ara

n.
a ANEEL.
67/04, 68/04, 320/08, e 722/16. O ONS encaminha os CCT eCUSTP

9)Implantação da conexão23
O acessante deve providenciar, dentre outras: onexão;
1) a especificação detalhada dos equipamentos e das instalações para a cote
que
11) a elaboração do projeto executivo das instalações do ponto deconex
deve ser submetido à aprovação prévia do agente de transmissäã0,

22. Procedimentos de Rede, Item 6.5 do Submódulo 3.3 (ONS, 2017, 2018,2019)
23. Procedimentos de Rede, Item 6.6 do Submódulo 3.3 (ONS, 2017, 2018, 2019).
09. REGULAÇÃO EAUTORIZAçðES 181

a aquisição dos equipamentOs, a execução das obras civis e a montagem


eletromecânica das suas instalações de conexão;
i) o Comissionamento das instalações de conexão.

esas ações podem ser realizadas pelo agente de transmissão, quando contratado
ez, cabe ao agente de transmissão
elo acessante.
acessado acompanhar e
specionar as obras civis, a montagem e o issionamento das instalações do ponto
aevão. O ONS pode acompanhar, quando julgar necessáio, o comissionamento
d econexão.

instalações de
conexão.
das

9.3.3 Pariculaidades para habilitação em leilöes no ACR


Para fins de habilitação técnica pela EPE do projeto nos leilöes de energia
elétrica no ACR, deverá ser obrigatoriamente apresentado o Parecer de Acesso, ou
a Informação de Acesso ou um documento equivalente para acesso às instalações de
Rede Básica ou DITs, conforme o caso. Esses documentos devem ser emitidos pelo
ONS no caso em que a data de início de suprimento ocorrer em prazo igual ou inferior

a tres anos, e quando superior devem ser emitidos pela EPE.


Os documentos equivalentes de acesso são emitidos ao final do processo de
análise de cadastramento e apenas para os empreendimentos habilitados tecnicamente
para participar do leilão; e são exclusivos para cada leilão. Além disso, a obtenção do
documento equivalente de acesso não substitui quaisquer etapas associadas aos processos
de Consulta de Acesso ou Solicitação de Acesso junto ao ONS.

9.4 ESCOPO DA ANÁLISE REGULATÓRIA EDE AUTORIZAÇÖES


A seguir, recomenda-se o escopo mínimo a ser contemplado no parecer técnico
egulatório e, consequentemente, na análise do projeto pelo investidor.

41
Autorizaço para exploração de geração de energia eletnca
Qual o status do processo de obtenção da outorga de autorização? O status é
velcoma fase de desenvolvimento do projeto? Quais as pendências e respectivo
status p o atendimento, por parte do projeto, das condições necessárias e precedentes
para
a r para próxima etapa do processo? Dentre as pendencias, ha alguma que
inviabilize acontinuidade ou impacte severamente ocronograma do projeto? Quais as
açbes 2 andamento para atendimento das pendências? Disponibilizar cronograma para
E RUIZ
E EDUARDO TOBIAS N.
182 HELOISA EA. SCARAMUCI

considerado no cronogra
da outorga de autorização. O prazo a è factiven
obtenção
seria um prazo razoável para
um cenário base? Oual. Oual seria e
Caso não seja. qual o
cenário otimista e para
um pessimista? Os gastos previstos relaci prauy
para um são factíveis? Caso .
processo de obtenção
da outorga de autorização
razoável?
negativo, qui
seria uma estimativa
tazer alteração das característie
Está prevista ou o investidor pretende
cnica
do projeto? Qual o escopo da alteração? alteração
A observa as diretrizes
diretrizes dae
definid
na Portaria MME n.° 481/18? Planeja-se alterar antes ou após a comercializacão
comereialização fo1 ou pretende-se oue o
energia elétrica?' Caso seja após,
a

ACR? Caso positivo, a alteração pretendida respeita as regras previstas no editol


eilão? Planeja-se formalizar, junto a ANEEL, as alterações antes ou após a emisg
da outorga de autorização? Foram mapeados os impactos (e.g. licenciamento ambitn.
tal, acesso ao sistema elétrico, REIDI etc.) e desdobramentos desta decisão,ant
em ações quanto no cronograma? Detalhar estas açõese impactos no cronograma
Os impactos mapeados já foram incorporados no cronograma de obtenção da
outorga de autorização e no das atividades de implantação do projeto impactada
Qual o impacto no cronograma fisico global do projeto, ou seja, na data de entda
em operação comercial? Os novos prazos considerados no cronograma do projeto
são factiveis? Caso não sejam, qual seria um prazo razoável para um cenário base?'
Qual seria o prazo para um cenário otimista e para um pessimista? Foram estimados os
gastos adicionais no desenvolvimento do projeto, decorrentes dos desdobramentos da
ração de características técnicas? A estimativa é razoável? Caso não seja, qual sena uma
alte
estimativa razoável?
Disponibilizar cronograma fisico completo da implantação do
projeto apresentsu
à ANEELno processo de requerimento de outorga de
entre o
autorização. Quais as dhferenge
cronograma fisico apresentado à ANEEL e o ais
recente, usado como base pela cronograma fisico interno,
equipe de gestão do projeto? são
para a ANEEL para cada marco de cada unidade geradora
Os prazos apresenu
factiveis? Caso u
sejam, quais são os marCos com maior
risco de atraso? Qual
a ANEEL na
iminência de atraso de marcos no estratégia para liaar
a

as normas da ANEEL? cronograma? estratégia e a


Esta
Quais os riscos, derivados desta bcesso de
obtenção da outorga de autorização ou, estratégia, para o pr
da operação em teste e posteriormente, para o processo Oe
comercial das unidades
eração

Vale ressalvar que a critica do geradoras?


cronograma fisico do projeto é escopo
a r e c e r

de engenharia, detalhado no capitulo 10. Neste ao.


ulatório,

tópico, cabe
parecer
obtenço da outorga de autorização regue
criticar o cronograma do ao
processo de explo
ração de geração de energia elétrica. pard
09. REGULAÇÃO EAUTORIZAçðES 183

Regime de exploração
g42
o item 3.6 apresentou em detalhes as características dos regimes de APE e PIE.
investidor avaliar o regime escolhido pelo empreendedor (caso definido),
Cabe ao investid

nreender o racional da escolha e impactos estruturais, de risco e de viabilidade


conómicado projeto. Este escopo de análise é multidisciplinar, ou seja, sua abrangéncia
i além do temaregulatório..Logo, cabe ao investidor definir a qual(is) especialista(s)
vaialém
atribuirá cada tópico.
O empreendedor já definiu o regime de exploração? Qual? 0 registro de
torga
erimento de outo: de autorização junto à ANEEL já foi feito contemplando

regimede exploração definido, ou será necessário alterá-lo? O projeto atende os


remuisitos regulatórios necessários para enquadramento neste regime de exploração?
re

racional da escolha? Quais as vantagens e desvantagens desta escolha versus


Oual o

0 Outro regime?
Caso tenha optado por APE, para quem será destinada a energia elétrica? Por que

projeto? Qual perfil carga de de energia


escolha deste consumidor como sócio
do o
a
volume etc.)? De quem ele
elétrica desta empresa (e.g. modulação, sazonalização,
contratos?
elétrica hoje, quais as fontes, características principais dos
compra energia
societária? Qual ser sua contribuição de capital próprio
Qual será sua participação
e de garantias para obtenção
de financiamento? Avaliar a capacidade financeira da
nas fases de desenvolvimento e implementação
do projeto?
empresa. Qual será seu papel
do Qual percentual da
Qual será sua função e ingerência na fase operacional projeto?
o excedente? Qual a estratéégia
garantia fisica será dedicada ao autoconsumo qual
e

elétricos considerados na
de comercialização do excedente? Quais são os encargos
Sua participação já está formaliza-
modelagem financeira e respectivos valores?
da'? Caso positivo, avaliar contratos preexistentes entre empreendedor e a empresa

acordo de investimentos etc.).


(eg. carta de intenções, term sheet, acordo de acionistas,
ua participação foi ponderada quando da definição do cronograma
de implantação do
especial,
ponderada no orçamento de despesas operacionais,
em
projeto? Também foi
despesas gerais e administrativas?

943 Obrigaciões do gerador de eneryia elëtrica


elétrica, uma
principais obrigações do gerador energia
O tem 2.5.5 listou as de
de geração solar FV
IOTIzado pela ANEEL. Cabe ao investidor avaliar se o projeto
Cumprindo (ou tem capacidade de cumprir) essas obrigações, conforme aplicáveis
de desenvolvimento do projeto. Em não cumprindo ou não podendo cumprir,
g
ES$ari0 entender as pendências e impeditivos. Então, avaliar se elas colocam em
184 HELOISA EA. SCARAMUCI E EDUARDO TOBIAS N. F RUIZ

risco a continuidade ou podem causar relevante impacto nos custos e crow

projeto. Eventuais impactos devem


ser devidamente dimensionados e nsograma da
análise de riscos e de viabilidade econômico-financeira do investidor templadoy
Como referência, muitas dessas obrigações estão contempladas nae
nas dema
análises deste e de outros capítulos do livro. Por exemplo: neste capítulo, asol
de acesso ao sistema de energia elétrica e celebração dos contratos de conexán solicitac
no capitulo 12, a obtenção dos licenciamentos ambientais; ou, no capítulo l0 a
aimplan
tação do projeto conforme cronograma. Dentre as demais obrigações, vale verif
o projeto: aderiu ou prevê adesão à CCEE para poder comercializar energia eléri
presta à ANEEL informações relativas ao seu andamento, e se mantém atualizae
étrica,
dados cadastrais e organograma societário do empreendimento.

94.4 Acesso ao sistema de transmissão e distribuiço de energia eletrica


As questoes que envolvem a escolha do ponto de conexão, restrições técnicas,
margem de escoamento e investimentos necessários já foram exploradas no item 8.1.60)
Logo, as questões a seguir serão direcionadas ao processo de obtenção do acesso.
O acesso dar-se-á no sistema de transmissão ou no de distribuição de energia
elétrica? Qual o status do processo de obtenção do acesso ao sistema? 0 stanusé
compativel com a fase de desenvolvimento do projeto? Quais as pendéncias eresper
tivo status para o atendimento, por parte do projeto, das condições necessárias
precedentes para avançar para próxima etapa do processo? Dentre as pendéncias,
alguma que inviabilize a conexão naquele ponto ou impacte severamente o cron
grama do projeto? Quais as ações em andamento para atendimento das pendências
uso
Disponibilizar cronograma para obtenção do Parecer de Acesso e contrataçåão do
e conexão ao sistema de energia elétrica. Está prevista ou o investidor pretende t
ma
alteração do ponto de conexão originalmente escolhido? Caso positivo, o cronogru
não

contempla esta alteração?0 prazo considerado no cronograma é factive!? Caso


a um
seja, qual seria um prazo razoável para um cenário base? Qual seria o prazopad
ode
cenário otimista e para um pessimista? Os gastos previstos relacionados ao proces
Caso
oblenção do Parecer de Acesso e contratação do uso e da conexão são factiveis:
eSsose
negativo, qual seria uma estimativa razoável? O cronograma contempla osproce
sada?

prazos necessários para interação, aprovações e obras junto à concessionária ace


a ser

Os riscos relativos aos atrasos da infraestrutura de transmissão ou distribuiçaod S no

implantada pela concessionária de transmissão ou distribuição estão contempleu


orçamento e no cronograma?
09. REGULAÇÃO EAUTORIZAÇÕES 185

Cadastramento e habilitação para Ieilöes


Se a estratégia de conmercializaçao de energia elétrica do projeto envolver
em leilðes,
ticipação em leil seja do ACR ou do ACL, é de fundamental importância que o
pu a conformidade do projeto com os requisitos usualmente
estidor investigue neces
narapara habilitação. Ressalta-se que este escopo do parecer é multidisciplinar, uma
sários
esses requisitos incluem documentação regulatória (e.g. DRO, Informação de
vez que
Acesso, DAL etc.), ambiental, de engenharia, societária, fundiária, contábil etc. Logo,
cabe ao investidor definir a qual(is) especialista(s) atribuirá cada tópico.
Deve-se averiguar se hå histórico de cadastramento do projeto em questão em
hes anteriores. Caso positivo, o projeto foi habilitado? Caso não tenha sido habili
leilöes anteriores.

Lado. qual fi
foi aa causa
causa da inabilitação? A causa é solucionável? A qual preço e em qual
tado, qual
Drazo? O que está sendo feito para solucionar o problema?
Ainda que o projeto tenha sido habilitado no leilão mais recente, é importante
verificar se os requisitos necessarios para a habilitação permanecem válidos. Porexem
plo, se as licenças ambientais não estão vencidas ou se o projeto passou por alguma
alteração de características técnicas.
Caso o projeto nunca tenha sido cadastrado em um leilão, vale averiguar quais
dos requisitos usualmente requeridos nos editais esto atendidos e quais não, conforme
detalhado no item 3.3.4. Por exemplo, se o projeto já foi registrado na ANEEL, cujo
protocolo de solicitação é de apresentação obrigatória no ato de cadastramento para
leilöes do ACR.
Caso o projeto já tenha comercializado energia elétrica em leilão do ACR,
é necessário verificar se está cumprindo as obrigações posteriores à data do leilo,
previstas no respectivo edital. Por exemplo, entrega na CCEE dos documentos de
habilitação, envio dos documentos de constituição da SPE, aporte de garantia de fiel
Cumprimento etc.

946 Mudanças regulatonias

Ciente da atual discussão de reforma do marco


regulatório do setor elétrico (vide
L 2.6), cabe ao investidor identificar e analisar possiveis alterações regulatórias que
n O projeto. O investidor deve mapeá-las quanto ao seu conteudo e como estas

aram o projeto técnica e economicamente. Além disso, obter opinião independente


Caprobabilidade de aprovação de cada possível alteração regulatória e respectiva
U.mativa de prazo
para entrada em vigor.
ESta mesma
abordagem se aplica quaisquer a outras potenciais mudanças
Tegulatórias em discussão. Por exemplo, eventuais mudanças nas diretrizes gerais para
186 HELOISA EA. SCARAMUCCI EEDUARD0 TOBIAS N. F. RUIZ

definição de capacidade remanescente do SIN para escoamento de ae.


elétrica proposta na NT MME n." 112/19/DPE/SPE. Da mesmaforms o de ene
incluir no escopo a análise de possíveis alterações em incentivos
Por exemplo, desconto sobre
s govermammentaiy ecomenda
detalhados no capitulo 13. o

Alguns exemplos de temas regulatórios que devem ser monitorad


TUST/TUSD,
que impactam projetos de geração
centralízada solar FV são:
monitorados, uTa ve
i) cancelamento ou alteração de incentivos fiscais e tarifários (en .
descon
na TUST/TUSD, PADIS, REIDI, diferimento de diferencialldedealaliquota
ICMS na compra de equipamentos etc.);
i) legislação ambiental (eg Codigo Florestal, diretrizes para
licenciameniose
entos ec.,
ii) criação de novos encargos setoriais ou aumento do valor de encaree
rgos e
tentes (eg. PLS 232 propõe que o custo da compra de lastro pelocot
seja rateado entre todos os consumidores); govemo
iv) controle da oferta ou demanda (e.g. mecanismos e leilões de descontrataec
de energia elétrica, regras de revisão de garantia fisica do projeto,
curtaimen,
racionamento etc.);
v)mudanças no MCP (e.g. PLD horário, alterações no piso e teto do PLD
regras de contabilização e liquidação de operações, tais como registro dos
contratos, depósito de garantias das operações e rateio da inadimplência etc
vi) diretrizes dos leilöes de ACR (e.g. mudança da modalidade de contrataçio
de disponibilidade para quantidade, cálculo da margem de escoamento
remanescente etc.).

Caso o projeto de geração solar FV seja híbrido ou associado a outra fonie


deve-se, adicionalmente, averiguar o escopo e o andamento das discussões de cnaga
de legislação/regulamentação especifica. Tão logo haja base legal especifica, e
modelo de negócio pode ganhar relevância.

REFERENCIAs
ANEEL. cõesgerais
Resolução Normativa n."281, de I de outubro de 1999. Estabelece as conargoio nsmissão&
de contratação do acesso, compreendendo o uso e a conexão, aos sistemas ae
distribuição de energia elétrica. Diário Oficial da União, 4 out. 1999.
ANEEL. Resolução Normativa n. "67, de 8 de junho de 2004. Estabelece as regras d d ecomposição

da Rede Básica. Diário Oficial da União, 11


jun. 2004. e n t o s

ANEEL. Resolução Normativa n. "68, de 8 de junho de 2004. Estabelece 0s


proiald
para implementação de reforços nas demais instalações de transmissão. Diário
União, 11 jun. 2004.
09. AEGULAÇÃO EAUTORIZAçÕES 187

Pecoucão Normativa n."320, de l0 de junho de 2008. Estabelece os critérios para a


A N E E L

classificação das ICG. Diário Oficial da União, 11 jun. 2008.


ativa
ANEEL Resolução Normati n.°442, de 26 de julho de 2011.
Regulamenta a forma de
classificação
instalações de transmissão de energia clétrica destinadas a
das
e custeio da
interligaçdes:intermacionais. Diário Oficial da União, 5 ago. 2011.
R e s o u ç ã o N o r m a t i v a n. ° 5 0 6 , d e 4 de setembro de 2012. Estabelece as condições

stribuição por meio de conexão a instalações de propriedade de


ANE

ao siste: de
acesso
e
Oficial da União, 19 set. 2012
distribuidora. Diário
ANEEL Resolução Normativa 666, de 23 de junho de 2015. Regulamenta a contratação do
sistema de transmis em caráter permanente, flexível,
uso do
temporário e de reserva de
nacidade e as formas de estabelecimento dos encargos correspondentes. Diário Oficial da

União, 29 jun. 2015.


EEL Resohução Normativa n.°674,de 11 de agosto de 2015. Aprova a revisão do Manual
Normativa
Controle Patrimonial do Setor Elétrico MCPSE, instituido pela Resolução
e
-

n. 367. de 2 de junho de 2009. Diário Oficial da União, 18 ago. 2015.

Normativa n. 676, de 25 de agosto de 2015. Estabelece os requisitos


"

ANEEL. Resolução
da instalada
necessários à outorga de autorização para exploração e alteração capacidade
bem como os procedimentos para registro de centrais
de centrais geradoras fotovoltaicas,
geradoras com capacidade
instalada reduzida. Diário Oficial da União, 1 set. 2015.
de 31 de maio de 2016. Estabelece critérios para o acesso
ANEEL. Resolução Normativa n. °722,
7 2016.
à Rede Básica. Diário Oficial da União, jun.

ANEEL. Resolução Normativa n.


°
876, de 10 de requisitos e
março de 2020. Estabelece os

procedimentos necessários à obtenção de outorga de autorização para exploraçãoeàalteração


Termelétricas e outras
da capacidade instalada de centrais geradoras Eólicas, Fotovoltaicas,
fontes altermativas e à comunicação de implantação de centrais geradoras com capacidade
instalada reduzida. Diário Oficial da União, 13 mar. 2020.

BRASIL. Lei n.°9.074, de 7 de julho de 1995. Estabelece normas para outorga e prorrogações
das concessões e permissões de serviços públicos. Brasília, 1995.
BRASIL. Decreto n.°2.655, de 2 de julho de 1998. Regulamenta o mercado atacadista de energia
clétrica. Diário Oficial da União, 3 jul. 1998.
MME. Portaria n.° 481, de 26 de novembro de 2018. Estabelece diretrizes para alteração de
Oficial da União, 28 nov. 2018.
caracteristicas técnicas de empreendimentos de geração. Diário
IME. Nota Técnica n.° 112/2019/DPE/SPE, 2019. Disponível em: http://www.mme.gov.br/c/
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de Rede. Submódulo 3.1, 2017, 2018, 2019. Disponível http://www.


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Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema 14
2016. Disponível em: https://www.aneel.gov.br/prodist. Acesso
em:
L12jan.
out. 2020.
CAPITULO 11

CUSTOS EDESPESAS OPERACIONAIS


Eduardo Tobias Neme Fernandes Ruiz

Este capitulo trata da análise das premissas de orçamento para custose despesas
do projeto durante sua fase operacional. Para respaldar esta análise, exploram-se as
principais rubricas de custos e despesas de um projeto de geração centralizada solar FV.
O objetivo do investidor deve ser de avaliar se os valores orçados peloempreen
dedor serao suficientes para gerir, operar e manter o empreendimento nos niveis de
desempenho previstos na certificação de recurso solar. Quanto aos encargos elétricos,
deve-se entender se o valor orçado está calculado corretamente. Para o orçamento
ree
rente aos demais gastos não relacionados ao
desempenho, verificar se seguem padrao
de mercado e se são compatíveis com o porte, localização e as características tecnicas
e
tecnológicas do projeto. Caso as premissas de custos e despesas não sejam factivels
apurar quais deveriam ser os valores considerados para o cenário base. Adicionalmente.
caso a
estratégia de operação e manutenção (O&M) contemple terceirização. deve
avaliar se há restrições quanto à disponibilidade de formecedores qualificados. Se houc
estimar eventuais
impactos em custo e desempenho do projeto.
Doponto de vista da viabilidade econômica, é importante o investidor
apu
qual o risco das premissas de custo e
despesas consideradas mostrarem-se an
les do
esperado. Além disso, entendero quanto essas variar,

tanto para melhor


premissas poderla
d,
quanto para pior (cenário otimista e pessimista). Desta
quando da análise de riscos e de viabilidade i
vel econômico-financeira, Serd p
realizar uma avaliação de cenários e de sensibilidade de premissas
coerente tecnicamente.
Vale ressaltar que « investidor cialista
não precisa, necessariamente, ser espoe
no tema para analisar
de conexão.
adequadamente um projeto de UFV e
respectiva mita
strutura
11. CUSTOSE DESPESAS OPERACIONAIS
219

Dara esta finalidade existe a


figura de
consultores técnicos
ctivos pareceres. Entretanto, caso não seja independentes e
respecti

resp ariamente, saber definir o escopo desses


especialista, o investidor
precisa,
pareceres. Nesse sentido, este
recomendações do escopo minimo a ser capitulo
az contemplado
vista os objetivo da analise citados anteriormente.
em um
parecer, tendo em

Doreceres técnicos são înstrumentos


importantes de
suporte ao investidor para
efinição da estratégia de gerenciamento
riscos para a fase
de
operacional do projeto. Para
toé imprescindível a contrataçao de uma empresa com vasta
tanto,
experiência nos escopos
analisados e no setor solar FV brasileiro, além de boa reputação o mercado.
perante

11 OPERAÇAO EMANUTENÇÃO DO PROJETO


Os gastos com O&M do projeto são o item de custo mais
representativo de um
projeto de geração solar FV. Como tal, merece especial atenção pelo investidor durante
sua análise. Vale ressaltar que o escopo de O&M não está restrito à UFV. A infraes-
trutura de conexão também requer serviços de O&M. Portanto, seus custos devem ser
contemplados no estudo de viabilidade econômica.

1111 Escopo de D8M

No item 19.3 são descritos os principais termos e condições que devem constar
em um contrato de O&M, inclusive o escopo, garantias de desempenho, peças sobres
salentes e seguros.
Em suma, são atribuições do escopo de 0&M do empreendimento (ENGIE
SOLAR, 2019):
1)operação local e remota;
11) negociação com fornecedores;
)) gestão da limpeza de módulos e roçadas,
manutenção preventiva, corretiva e preditiva;
da manutenção e de
Planejamento, monitoramento e controle para gestão
peças sobressalentes;
Eestão de garantias dos equipamentos (e do fornecedor de O&M, caso tercei-

rizado);
Vin) segurança patrimonial;
Vin) mapeamento de riscos,
X instruções de manobras/operação,
X) treinamentos e capacitação elc.
220 EDUARDO TOBIAS NEME FERNANDESRUIZ

Para referencia, itens 18.3.2 e l8.3.4 apresentam testemunhos reais de.


os de empresas
de projetos no Brasil. Alguns sä
dos pontos levantados são referentes
investidoras na O&M lalocal
do escopo de O&M ås particularidades do do
à necessidade de customização onde
de vegetação e seur
para considerar tipificação
projeto. Por exemplo,
está o
de chuvas e infraestrutura de acessa
respectivo
controle, caracterização do solo, regime
da UFV, Weider Silva (2019) enfst:.
Quanto ao escopo de manutenção a
que
o inversor é o equipamento que causa as maiores perdas de produção quando
ocome
uma falha. Essas perdas são mais relevantes em projetos que operam com inyerso
TSOTes
centrais. Ademais, o inversor é o equipamento que apresenta o maior indice de falha en
em
uma UFV de geração centralizada. No entanto, A confiabilidade do inversor temaunertsd
tado
com as garantias de 10 anos comumente disponíveis e as garantias/planos de serviço estendidos
de 20 anos ganhando espaço (KLSE et al., 2018 apud SiLVA, 2019). E importante,
enfatizar que a vida útil dos inversores é inferior à dos módulos FV.
Para mais exemplos de riscos e causas que podem impactar a operação do projeto
e. consequentemente, seu desempenho, custos e vida úil, consultar o item 18.2.16
Aprofundidade da análise do escopo de 0&M por parte do investidor depender
da fase de desenvolvimento em que o projeto se encontra. Conforme aplicável. a análise
deve contemplar, no mínimo, as seguintes questões:
O escopo considera a 0&M tanto da UFV quanto da infraestrutura de conexão?
Caso terceirizado, o contrato é full scope? Caso não seja, qual o escopo não coberto'
Considera adequadamente a necessidade de peças sobressalentes? Prevê contra-
tação de garantia estendida dos inversores? Detalhar o escopo da garantia estendida
considerada. Caso negativo, está prevista no CAPEX verba para retrofit ou substinuição
dos inversores? Contempla controle de vegetaçãoe roçada, limpeza de módulos com
frequênciae escopo compatíveis com as caracteristicas edafoclimáticas do local. topo
grafia e premissa de performance ratio adotada? Considera-se também a limpeza da tate*
traseira dos módulos? Escopo contempla segurança patrimonial? Prevé treinamento 1a

equipe na fase pré-operacional, acompanhamento do comissionamento, tesc.P artida

e período de operaço assistida? Considera manutenção dos piranomeiro Escopo


contempla atendimento de todas as normas regulamentadoras trabalhistas, al n de
boas práticas referentes à saúde e
segurança do trabalho?
Caso o escopo de O&M
seja terceirizado, quais são as garantias de des
nho previstas e respectivos parâmetros? Os parâmetros seguem padrôes
padrões de
ac mercad
intenacionais locais para projetos similares? Os
e Coma
parâmetros são compa
premissa adotada de produção e entrega de energia elétrica do projeto?
Para o caso dos itens de
escopo necessários, porém, não previstos origa
mplar
estimar qual seria o acréscimo de custos
para incorporá-los. Recomenda-se cO
este acréscimo no
orçamento de O&M do caso base.
11. CUSTOSE DESPESAS OPERACIONAIS 221

11.12 Orçamento de 08M


A análise por parte do investidor do orçamento de 0&M do
plar, no minimo, as seguintes questões:
projeto deve contem-
Oual a
premissa de orçamento de O&M previsto para cada ano de operação
do empreendimento? Como se chegou a este valor? Apresentar memória de
cálculo,
cotações (se houver), referëncias para análise. Qual foi o
e
valor considerado para
contingencias? Qual foi o racional para a
determinação deste valor? As cotações, se
houver, são recentes e
completas? Caso a estratégia seja de terceirizar eo contrato não
seja full scope, identificar e estimar custo do escopo não
contemplado.
A premissa contempla o escopo de O&M da
infraestrutura de conexo?
O orçamento é compatível com a estratégia de contratação (e.g. terceirizada,
própria,
mista etc.)? E compativel com a solução tecnológica e
arranjos considerados no design
da UFV? E compatível projeto de engenharia da infraestrutura de conexão?
com o

E coerente com os níveis de desempenho considerados no modelo


econômico-financeiro
e as garantias de
desempenho que serão demandadas do fornecedor, caso terceirizado?
E compativel com a topografia do local?
Contempla custo com sistema de monitora-
mento e controle dos ativos? Pondera
restrições de disponibilidade e qualificação de
mão de obra? O orçamento
prevê mobilização da equipe a tempo de acompanhar o
comissionamento, testes, partida e período de operação assistida dos ativos? A premissa
de custo da garantia estendida de
inversores, caso aplicável, é razoável? Contempla
valor suficiente para peças sobressalentes? Considera o valor do
prêmio das apólices
de seguro
para a fase operacional? Prevê custos com segurança patrimonial? O orça
mento supõe atendimento de todas as normas regulamentadoras trabalhistas, além de
oas präticas referentes à saúde e segurança do trabalho? Contempla verba recorrente

para processos trabalhistas?


Contempla custo com o descomissionamento, remoção e destinação dos ativos
ao final de vida úil (caso não
sua
esteja considerado no orçamento de investimento
oE Capital))? Caso esteja prevista repotenciação da UFV, qual o impacto estimado no

yanento de O&M? Qual o racional do valor considerado? O valor do O&M após a


repotenciação é razoável?
Caso aplicável, qual o percentual deste orçamento cotado em moeda estran-

ECira Quais moedas? Qual de câmbio considerada na premissa de


a cotação da taxa
amento? Considera custo para contratação de derivativos cambiais? Caso terceiri-
adO, qual o indice de reajuste do(s) contrato(s)? Para o escopo realizado com equipe
propria, qual a premissa de reajuste de custos considerada e por que? As premissas de
POJeçoes macroeconomicas de índices de inflação e câmbio são de fonte independente
c Credibilidade? As premissas de projeções macroeconômicas estão atualizadas?
222 EDUARDO TOBIAS NEME FERNANDES RUIZ

Questões quanto à tributação


incidente sobre gastos com 0&M são tra.
M são traladas to
item 13.1.2(e).
um escopo com
considerando
Em suma, o orçado é razoável
valor
npleto. a
estratégia de 0&M adotada,
a solução tecnológica contemplada pelo projeto. as carac
edafoclimáticas do local, a disponibilidade e qualificacao d.
teristicas fisicas e e
m2o
de obra e o desempenho esperado? Caso negativo, indicar premissa a ser considerads
ada
como caso base. O que seria uma margem de errO, para mais e para menos. vel

a premissa de custo de O&M


adotada para este projeto?
para

11.1.3 Estratégia de 0aM


As principais estratégias são:
i) 0&M próprio;
i) operação própria e manutenção terceirizada;
ii) operação terceirizada e manutenção própria;
iv) O&M terceirizados.

Qual a estratégia de O&M do projeto? A estratégia é a mesma para o parque


e para a infraestrutura de conexão? Quais são suas vantagens e desvantagens para
este projeto em especifico? Esta estratégia é adequada e por quê? Existe mão
obra disponivel e qualificada e/ou fornecedores qualificados na região para suporar
esta estratégia?
Em se tratando de um projeto greenfield, a estratégia de uso de mão de obra propra
estará suscetível a uma curva de aprendizagem, ainda que os profissionais conra.ae
ados
tenham experiência individualmente. Essa curva é mais acentuada no primeiro a de

operação. Nesse sentido, o investidor deve ponderar eventuais consequenelas essa

curva nas
premissas de desempenho do projeto e custos considerados. Um n gador

desse risco seria ter como sócio


do projeto uma empresa com experiència em peração

de UFVs o
no Brasil.
Ao considerar a
terceirização, por sua vez, é importante avaliar d d

0ade de serviço. Essas


empresas com capacidade técnica e financeira
para prestar o Servi
empresas devem ser especialistas na fonte riència

solar FV e, preferencialmente. ter exf


prévia com projetos no Brasil. Para mais considerações sobre a anaise olha de
fornecedores, vide item 10.4.1.
Seja qual for a estratégia, é
importante que ela seja definida e
p l e m e n t a d a

com a necessåria 1e
antecedência. A equipe de O&M precisa ser contratadaa
acompanhar fase de comissionamento e testes
a
dos

dos ativos e receber treinain


formecedores de equipamentos.
11. CUSTOSE DESPESAS OPERACIONAIS 223

11.14 RecursOs humanos


Quantidade de profissionais necessária e sua qualificação são diferentes nas
A

de construção e operaçao. Logo, 0 parecer deve avaliar este tópico


hces

a da fase operacional, pesa na analise quanto do


caso
separadamente.
escopo de O&M do empreen-
dimento será feito por equipe propria, e quanto por terceirizada. Nessa fase, também
devem ser consideradas a demanda por profissionais no local do projeto para demais
atividades. por exemplo, administrativas.
Conforme antecipado no item 10.7, qualificação de mão de obra técnica é um
gargalo no Brasil. Weider Silva (2019) afima que a atividade de O&M de usinas de
oeracão centralizada solar FV ainda não está totalmente madura. Muitos provedores de
serviços locais e fabricantes de equipamentos contam com poucos profissionais capacitados na área
SuvA, 2019). Além disso, por se tratar de empregos por período indeterminado, pode não
haver profissionais qualificados interessados em trabalhar no local do
empreendimento.
Nesse sentido, é relevante avaliar o custo beneficio de investimentos incrementais em
tecnologia da informação para que seja minimizada a demanda por profissionais no local.
O escopo da análise por parte do investidor deve
contemplar as seguintes questões:
Há disponibilidade suficiente de mão de obra na
região? A mão de obra disponível
tem a
qualificação necessária? E possivel contratar/qualificar a mão de obra necessária
Sem
comprometer o orçamento previsto? Como será atingido este objetivo?
Caso não haja mão de obra suficiente ou suficientemente
qualificada na região,
quais as soluções possíveis? Qual o risco dessas
restrições impactarem o desempenho
operacional do empreendimento? Em sendo um risco relevante, determinar
tOS de
parâme
impacto (probabilidade e severidade) no desempenho para fins de análise de
Sensibilidade e de cenários no modelo econômico-financeiro. Em havendo soluções,
dis Suas
consequências no orçamento da fase operacional? Essas consequências já
estão previstas no
cenário base?
aso a
opção seja por terceirizar parte ou todo o escopo de O&M do empreen-
dimento, deve-se avaliar - ontratualmente - a melhor forma de alocação dos riscos
deco
ecorrentes de restriçõ« de de mão de obra local para
o fornecedor contratado. disponibilidade qualificação
e

112 TUST/TUSD

1121 Caracteristicas

C acesso aos sistemas de transmissäão ou distribuição pelos agentes do


setor de e
Hgia elétrica, previsto no Art. 11 da Lei Federal n.° 9.074/95e no Art. 13
224 EDUARDO TOBIAS NEME FERNANDES RUIZ

está sujeito ao pagamento dos respectivos


os eencargose
do Decreto Federal n.° 2.003/96,
são reguladas e estabelecidas nela
tarifas de uso e conexão. A TUSTeaTUSD ANEB
da concessionária
acessada pelo uso dos
sistemas sistem de
Elas referem-se à remuneração
distribuição ou transmissão.
em reais, múltiplo de uma not
A tarifa TUST ou
TUSD é um valor mensal, tencia
alternada). No LEN A-4 de 2019, por exemplo, a maior TUIST D
em kWac (corrente
atribuida a um projeto foi de RS 10,581/kWac/ms e a menor de RS 0,625/kWac m

referida denomina-se Montante de Uso do Sistem


(ANEEL. 2019). A potência ma de
Transmisso (MUST) ou de Distribuição (MUSD), conforme aplicável. Trata
ata-se,
do sistema contratada pelo projeto junto à concessiona
onárna
portanto, da potência de uso
acessada. O valor devido produto da multüplicação da TUST/D pela MUST D.

Sistema de Transmissão (EUST) ou de Distribuican


é denominado Encargo de Uso do
(EUSD). Por ser uma tarifa calculada com base em potëncia, ela é mais onerosa

projetos de geração com fonte solar FV do que para projetos de outras fontes
para
Isso ocore devido ao menor fator de capacidade da fonte solar FV.
OArt. 4°da Resolução Normativa n.° 559/13, prevë que projetos vencedores de
LEN terãoa TUST/D estabelecida por resolução homologatória publicada previamemte
à realização do respectivo leilo. O valor indicado na resoluç o vigora até o fim do
monetánia
prazo da outorga e não poderá ser alterado; cabendo, somente, atualização
a cada ciclo tarifärio, pelo Indice de Atualização da Transmissão (1AT). Para o LEN

A-4 de 2019, por exemplo, as tarifas foram publicadas pela Resoluço Homologatora
n. 2.554/19. Para o LEN A-6 de 2019, as tarifas foram estabelecidas pela Resoluçao

Homologatória n.° 2.603/19.


terao o
OArt. 5° da mesma resolução prevê que projetos não vencedores de LEN
valor da TUST estabelecida, por dez ciclos tarifários, à época da outorga de autorna
Ao fim dos dez ciclos, nova TUST será estabelecida com vigência por mais deze

e assim sucessivamente, até o fim da outorga (ANEEL, 2013).


Tanto projeto de APE quanto de PIE a partir de fonte solar FV podem se Dene

ficiar de redução na TUST e TUSD. Este tema é tratado em detalhe no item


pre
Ainda assim, depois dos custos de 0&M, a TUST/D segue sendo o custo mais

sentativo do projeto.

11.2.2 Escopo de análise pelo investidor


2s0 não seja
O valor da TUST/D do projeto é conhecido? Qual éo valor' Cas
r e s s a

conhecido, qual a premissa considerada? Qual o critério adotado para detci e do

premissa? Essa premissa é razoável, considerando as características do pi


11. CUSTOS EDESPESAS OPERACIONAIS 225

de conexão? Caso não seja, esümar premissa a ser considerada no caso base e
ponto
erro, para mais e para menos.
margem de
Foi considerado o beneticio fiscal de redução na TUST/D? Qual o desconto
siderado? Qual foi a premissa considerada de reajuste do valor da tarifa: indice
consider

fregquência? A premissa consideradae razoável considerandoo histórico do lAT?

Oual a premissa de MUST/D considerada? Ela é compativel com as caracte

risticas
ist do projeto? Quais penalidades
as previstas
usualmente verifique uso
caso se

em volume maior que o MUST/D a ser contratado?


efetivo do sistema
O EUST/D foi calculado corretamente no modelo financeiro? Quais impostos

incidem sobre o encargo? Eles


foram contemplados no modelo financeiro e calculados

corretamente?

Há grande controvérsia quanto à incidência de ICMS sobre o pagamento da


TUSTD pelo gerador. Por essa razão, este tema é ratado em detalhe no item 13.1.2(b).

11.3 DEMAIS ENCARGOS SETORIAIS


de
A seguir, detalham-se a TFSEE, contribuições à CCEE e ONS encargo
e

conexão ao sistema de transmissão/distribuição. Para particularidades dos encargos

aplicáveis à APE, vide item 3.6.2.

11.1 axa de fiscalização de serviços de energia elêtrica


Decreto
ATFSEE foi criada pela Lei Federal n.° 9.427/96 e regulamentada pelo
reaeral n.° 2.410/97 com o objetivo de custear o funcionamento da ANEEL
Unitário Anual (BETU)
A axa equivale a 0,4% do Beneficio Econômico Tipico
dos
agentes. O BETU é um valor em reais múltiplo da capacidade instalada (em

TFSEE para cada autoprodutor produ-


da usina. O BETU e a e
alternada) anualmente por meio de despa-
de energia elétrica são fixados
Pidente o BETU foi de
o ano de 2020,
Plcado pela ANEEL. Como referência, para
TFSEE em reais
define o exato valorda
RS 764,73/kWac (ANEEL, 2020). O despacho
Dar
para cada ager com vencimento no dia 15 de
cada
4gente. A taxa é cobrada em 12 parcelas,
nes
d
subsequente ao mês de competëncia. ela é mais onerosa
capacidade instalada,
seruma taxa calculada com base
em
*O fator de capacidade.
para fonte solar FV, devido
ao menor
projetos de geração
OS de
gerá com
226 EDUARDO TOBIAS NEME FERNANDES RUIZ

11.32 Contribuição associativa à CCEE


Trata-se do rateio do orçamento anual da CCEE entre todos os agentes. Oar
mento é revisado pela CCEE todo més de outubro. Um montante de 5% do orçamenta
orça-
é rateado igualmente entre todos os agentes. Para o raleio dos demais 95%, 0 crité
itério
baseia-se no volume de energia elétrica comercializada por ano. Nesse caso, para
cálculo da contribuição associativa de um determinado projeto, a CCEE considera seu
volume comercializado dividido pelo volume comercializado pelo mercado como um
todo. Portanto, é um valor em reais, por ano, diferente a cada ano.

11.3.3 Conthbuição associativa ao ONS

A contribuição ao ONS estáprevista na Lei Federal n.°9.648/98, regulamentada


pelo Decreto Federal n.° 2.655/98. Ela tem como objetivo financiar parte do orçamento
do ONS. O valor do orçamento é definido em Assembleia Geral do ONS e submeido
à aprovação da ANEEL. Segundo o Art. 34 da Resolução Autorizativa n. 328 04,
esta é uma das fontes de recursos do ONS. Ela é calculada com base em rateio entre
associados, proporcional ao número de votos na Assembleia Geral. Säo associa-
dos do ONS agentes de produção, importadores de energia elétrica, de transmisão,
distribuição, exportadores e determinados consumidores, conforme prev o Art. 15 da
referida resolução.

11.34 Encargo de conexão ao sistema de transmissão/distribuiço


O encargo de conexão ao sistema de transmissão deve cobrir os custos incormdos
com o
projeto, construção, equipamentos, medição e operação e manutençao ao
de
po
conexo, conforme prevê o Art. 18 da Resolução Normativa ANEEL n.° 28199.
encargo de conexo ao sistema de distribuição deve ser calculado com basc
em custos
associados às instalações de são

definidos de acordo com


responsabilidade do acessante, oS
quais
o Art. 38 da Resolução Normativa ANEEL n. >U0 1- m
regulamenação especifica relativa a cada tipo de acessante.
Laso o
encargo seja aplicável ao projeto e pago antes do inicio da operagas
deve ser considerado
como parte do
orçamento de investimento de caplal.

11.3.5 Escopo de análise pelo investidor


Ha
algum encargo incidente sobre o TUST/D, TFSEE
e das
projeto analisado além da TUST/D, 1
contnbuições à CCEE e ao ONS? É aplicável
Istema

o encargo de conexao a
11. CUSTOS EDESPESAS OPERACIONAIS 227

de transmissão/distribuição? Deve-se considerar/contingenciar algum valor referente

à eventual cobrança do encargo de serviços do sistema?


Quais foram os valores considerados para os encargos citados? Apresentar
memöria de cálculo considerada. Os encargos foram calculados corretamente? Incidem
mem

impostos sobre esses valores? Caso positivo, quais são? Foram adequadamente contem-
plados no modelo financeiro? Os valores considerados são coerentes com as caracte-
risticas do projeto? Os valores de referéncia de orçamento anual do ONS e CCEE são
compativeis com os de anos anternores? Foi considerado algum reajuste desses valores
a0 longo dos anos, qual? São razoáveis os critérios de reajuste adotados?

11.4 ARRENDAMENTO/DIREITO DE USO DE SUPERFÍCIE


As questões relacionadas ao custo, indice de reajuste e forma de pagamento de
cada imóvel contratado e em negociação para viabilização do projeto estão listadas
no item 8.1.8. O item 8.1.8(b) contempla particularidades para as áreas da linha de
uransmissäo e demais instalações de interesse restrito, conforme aplicáveis. Por sua vez,
o iem 19.6 detalha os principais termos e condições a serem avaliados em contratos
de arrendamento e direito de uso de superficie. Cita, inclusive, parâmetros de como
asualmente precificados, e a forma de pagamento de contratos para projetos de
geração solar FV no Brasil.
Em suma, deve ser objeto de análise do investidor a premissa de custos conside-
ada pelo uso das áreas que fazem parte do projeto e que ainda não foram contratadas.
Deve-se avaliar se essa premissa é razoável para o cenário base. Caso negativo, estimar
qual seria um custo razoável. Estimar, também, margem de erro. para cima e para baixo.
Eventuais valores de indenizações a proprietários que terão áreas desapropriadas
ou
objeto de instituição de servidão administrativa somente devem ser considerados
ESta rubrica caso pagos após a entrada em operação do projeto. Caso haja áreas que
Oram ou serão
adquiridas pelo projeto, o valor referente à aquisição deve constar do
orçamento de investimento de
capital.

11.5 SEGUROS

uais são as apólices consideradas, coberturas, franquia. prazo e demais condi-


çõe
Televantes? Quais foram os critérios adotados pelo empreendedor na definição
das
apólices e respectivas
Macese res condições? O empreendedor elaborou, formalmente, uma
Matriz de Risco
cos do projeto e um Plano de Seguros? Ele contou com a assessoria de
228 EDUARDO TOBIAS NEME FERNANDESRUIZ

corretora de seguros especializada? As apolices consideradas e respectivas condi.


são coerentes com as características do projeto? lições
Qual a premissa de custo do prëmio considerada para cada apólice? Fors.
oram
feitas cotações? As cotaçðes são recentes? A premissa de custo é comnatid
om
as condições contempladas de cada apólice (eg. cobertura, franquia, prazo e
É razoável. considerando o perfil de risco do projeto? Está em linha com val
padrão de mercado? Caso não seja razo vel ou não esteja em linha com padröes d
e
mercado, estimar qual seria um custo razoável. Estimar, também, margem de
ero,
para cima e para baixo.
As apólices serão contratadas de forma recorrente ou pontual? Caso haja alguma
pontual, entender como o custo deve ser contemplado no modelo financeiro. Caso haia
escopo de 0&M terceirizado, quais desses custos jå estão contemplados no orçamento
de O&M (evitar dupla contagem)?
Qual a premissa de reajuste considerada para o valor do prêmio das apólices de
contratação recorrente? A premissa é razoável, considerando as caracteristicas do projeto?
O capitulo
20 aborda o tema de seguros em detalhe. Descreve as
categorias
de seguros e enumera as apólices recomendadas para serem contratadas em cada fase
do projeto de geração solar FV. O item 20.1 dedica-se à recomendação de elaboração
de programa de seguros especifico para o projeto em análise previamente à decisão
de investimento. Vale ressaltar que somente devem ser considerados aqui valores de
prêmio de apólices de seguro pagos na fase operacional do projeto.

11.6 OUTROS CUSTOS EDESPESAS


Quanto aos demais custos e despesas operacionais, o investidor deve avaliar
Se os valores considerados, em conjunto com o orçamento de 0&M, serão suficientes

para operaro empreendimento nos níveis de desempenho previstos. Parao orçamento


referente aos gastos não relacionados ao de
desempenho, verificar se seguem pa
mercado e se são ojeto.
compatíveis com o porte, a localização e as caracteristicas do p
Caso os valores considerados não sejam razoáveis, estimar qual
serna
orça-
u
mento razoável para cada uma das principais rubricas de custos e despesas aqui istadas.

Estimar, também, margem de erro, para cima e para baixo.


Devido à grande variedade de itens que podem compor esta categorna gastos,
avras,
recomenda-se ao investidor uma análise pelo método da curva ABC. Em outras palavr
analisar os 20%% dos itens que representem 80% do valor apresentado pelo
mplos
dedor. Caso o empreendedor no tenha detalhado esse item, seguem alguns
geração solar FV
de outros custos e despesas usualmente relevantes para projetos de geraa
11. CUSTOS EDESPESAS OPERACIONAIS 229

relativos à venda de energia elétrica:


) gastos
segurança patrimonial, caso não esteja contemplada no escopo de O&M;
) socioambientais (e.g. atendimento de condicionantes das licenças de operação,
Tenovação de licenças, coleta de resíduos, eventuais taxas de compensação
ambiental, custos relativos ao atendimento das obrigações previstas no parecer

de Principios do Equador etc.);


i) gerais e administrativas (eg. folha de pagamento de funcionários próprios,
contabilidade, auditoria, publicações legais, rateio de custos incrementais
do acionista com a gestão do ativo etc.).

Sobre o item (i), ressalta-se que projetos cuja estratégia de comercialização


não seia de venda exclusiva no ACR incorrerão em gastos relativos a esforço comer-
cial de venda e respectivos custos transacionais. Por exemplo, originação de clien-
tes. elaboração de propostas, contratação de assessor jurídico e, conforme aplicá-
vel, contratação de garantias financeiras. Sempre que tais gastos ocorrerem após a
entrada em operação do projeto, devem ser considerados no orçamento de custos e
despesas operacionais.
Sobre o item (iv), caso o projeto venda ou pretenda vender energia elétrica no
LEN, deve considerar que será assinado um CCEAR para cada distribuidora compra-
dora. No limite, a depender do leilaão, pode haver dezenas de distribuidoras partici-
pantes. Quanto maior o número de CCEAR, maiores os custos de gestão, faturamento,
cobrança, controles etc.
Além dos custos e despesas operacionais destacadas, vale citar o 'custo' com
a depreciação dos ativos e as despesas financeiras, do ponto de vista de geração de

caixa, a premissa do regime de depreciação a ser adotado só érelevante caso o projeto


ople pelo Lucro Real. Nesse caso, a depreciação reduziria o valor a pagar de IR e
SLL. No regime do Lucro Presumido a depreciação não impacta o cálculo de IR
LL Portanto, não tem efeito caixa. Para detalhes sobre os regimes tributários,
consultar o item 13.1.1
A depender da estratégia de financiamento do projeto, o valor das despesas

r a s pode ser bastante relevante. Aqui, cabe considerar não somente os juros
incid
s sobre financiamentos, mas também o custo de garantias financeiras (e.g.
ancaâria),
ia o 1OF, e de despesas recorrentes derivadas do financiamento; por

plo, administrador de contas, agente fiduciário, classificaço de risco etc. Este


Cma será tratado em detalhe no capítulo l6.
230 EDUARDO TOBIAS NEME FERNANDES RUIZ

REFERENCIAS
1 de outubro de 1999. Estabelece as
ANEEL. Resolução Normativa n.°281, de e a conexão, aos sistemas de gei
de contratação do
distribuição de
acesso,

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comprcendendo o uso
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ANEEL. ResoluçãoAutorizativa n. ONS. Diário Oficial da União, 2004. perador
El trico
Nacional do Sistema
-

de 4 de setembro de 2012. Estabelece


n.°506, as
ANEEL. Resolução Normativa
meio de conexão a instalações de Dranrcondiços
de acesso ao sistema de distribuição por de
distrbuidora. Diário Oficial da
União, 19 set. 2012.

ANEEL. Resolução Normativa n.°559, de 27 de junho de 2013. Estabelece o procedimen


cálculo das Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão -TUST. Diário Oficial da ['n
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ANEEL. Resolução Homologatória n.°2.554, de 28 de maio de 2019. Disponivel em: htme


www.2.anel.gov.br/aplicacoes/editais geracao/documentos/reh20192554ti.pdf.Acesso am
26 jun. 2020.

ANEEL. Resolução Homologatória n.°2.603, de 16 de setembro de 2019. Aprova o Edital io


Leilão ANEEL 004, de 2019, e seus Anexos. Diário Oficial da União, 16 set. 2019
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BRASIL. Lei n.°9.074, de 7 de julho de 1995. Estabelece nornmas para outorga e prorrogaçies
das concessões e permissões de serviços públicos. Brasilia, 1995.

BRASIL. Decreto n.°2.003, de 10 de setembro de 1996. Regulamenta a produção de energia


elétrica por Produtor Independente e por Autoprodutor. Brasilia, 1996.
BRASIL Lei n.°9.427, de 26 de dezembro de 1996. Institui a Agência Nacional deEnerg
Elétrica- ANEEL disciplina
e o regime das concessões de serviços públicos de energa
elétrica. Brasilia, 1996.

BRASIL. Decreto n.° 2.410, de 28 de novembro de 1997. ecial de


Dispõe sobre o regime espro
preço aos consumidores de Gás Liquefeito de Petróleo. Diário Oficial da Unio, 1 aez.

BRASIL. Lei n.° 9.648, de 27 de maio de 1998. Autoriza o Poder Executivo


reestruturação da ELETROBRÁS e de suas subsidiárias. Brasilia, 1998.
a
prom
BRASIL. Decreto n."2.655, de 2 de julho de 1998. Regulamenta o mercado atacadista energia

elétrica. Diário Oficial da União, 3 1998. jul.


ENGIE SOLAR. Desafios de
nerica

integração em plantas fotovoltaicas. In: Intersolar Soul


Anais. São Paulo, 2019.
Fotovolt, ano 5,
SILVA, W. Etapas de operação e manutenção de sistemas fotovoltaicos. Revista
n. 23, p. 50-59, jul./ago. 2019. ro
CAPÍTUL0 12

SOCIOAMBIENTAL ELICENCIAMENTOS
Eduardo Tobias N. F Ruiz e Heloisa F. A. Scaramucci

Oobjetivo desta análise é avaliar se o projeto contemplou consistentemente e de


forma completa todos os aspectos socioambientais, de patrimônio histórico e cultural e
de licenciamento para as fases de
construção e operação. Além disso, se as premissas
adotadas são executáveis e razoáveis do
ponto de vista de custo e cronograma para fins
de análise de riscos e de viabilidade
econômico-financeira. Cas0 não sejam, apurar
quais as premissas a serem consideradas para o cenário base no modelo econômico-
-financeiro do investidor. Nesse contexto, é importante apurar qual o risco dessas
premissas se mostrarem diferentes do esperado. Também é preciso entender o quanto
eiaspoderiam variar, tanto para melhor quanto para pior (cenário otimista e pessimista).
Dessa forma,
quando da análise de riscos e de viabilidade econômico-financeira, será
possivel realizar uma
avaliação de cenários e de sensibilidade de premissas de forma
coerente tecnicamente.
Para a avaliação das questões socioambientais de um projeto solar FVe elaboraçãão
un
parecer técnico, é recomendada a contratação de uma consultoria socioambien
pendente, com vasta experiência nesse escopo e no setor solar FV brasileiro,
boa reputação perante o mercado. A contratação do parecer é um importante
nento de suporte ao investidor para definição da estratégia de gerenciamento de
OSpara as fases de
implementação operação
e do projeto.
E1anto, caso não seja um especialista, o investidor precisa, necessariamente,
r definir o escopo desse parecer. Nesse sentido, o objetivo principal deste capítulo
e qual escopo deve, minimamente, ser contemplado em um parecer técnico
Onsequentemente, naanálise pelo investidor
Or
Tim, aborda-se o tema da certificação de energia renovável produzida por
UFVs como opo
portunidade de receita incremental à venda de energia elétrica.
232 EDUARDO TOBIAS N. ERUIZ EHELOISAEA.SCARAMUCCI

12.1 IMPACTOS SOCIDAMBIENTAIS

O primeiro objeto do escopo do parecer e a avaliação dos impactos socioamhi


tais do projeto, ou seja, tanto do parque gerador quanto da infraestrutura de cone
bien-
incluindo eventual linha de transmiss o de interesse restrito. onexão,
De acordo com Hoffman (2008), na avaliação de impactos socioambientaic de
de
um projeto, devem-se considerar os seguintes aspectosS: caracteristicas do site industrial
ar, água, fauna e flora, saúde e segurança humana, ruídos, poluição visual, proximidada
a locais relevantes do ponto de vista histórico e cultural, infraestrutura de transno
sporte,
disponibilidade de serviços públicos e proximidade de população indigena.

12.1.1 Impactos ambientais


O processo de licenciamento ambiental de projetos de geração e transmissão de
energia elétrica no Brasil, detalhado no item 12.2, requer a realização prévia de estudo
de impactos ambientais. Os estudos mais comuns são o Estudo de Impacto Ambiental
(EIA) e o Relatório Ambiental Simplificado (RAS).
Segundo Giordano (2000), no Brasil, o ElA é uma das principais ferramentas de
gestão do meio ambiente; é um instrumento de planejamento com o intuito de minimizar
os impactos ambientais. Deve contemplar necessariamente:
i) diagnóstico da área de influência;
ii) análise de impactos;
ii) definição de medidas mitigadoras;
iv) elaboração de programa de monitoramento e acompanhamento.

O relatório derivado do EIA é denominado Relatório de Impacto Ambienta


(RIMA). Ele deve refletir de forma resumida e de fácil entendimento as conclusoes
do ElA. Entretanto, como esses estudos devem ser necessariamente conduzidos po
empresa independente, formada por grupo multidisciplinar, eles tendem a serbastan
caros e demorados.
étricos
ORAS, por sua vez, aplica-se exclusivamente para empreendimentos eicu
com
pequeno potencial de impacto ambiental, tais como parques de geraçao s0 iente
Estabelecido pela Resolução n.° 279 de 2001 do Conselho Nacional do Meio
Amo
(CONAMA), o RAS deve contemplar:
i) descrição do projeto;
ii) diagnóstico e prognóstico de seus prováveis impactos ambientais nas
de implantação e operação;
ii) medidas de mitigação, monitoramento e controle.
12. SOCIOAMBIENTAL ELICENCIAMENTOs 233

No caso de projetos de geração centralizada solar FV. um dos principais e mais


pactos aml
muns impactos ambientais é relacionado à necessidade de supressão de vegetação.

No Brasil
há uma rigorosa legislação ambiental para que um imóvel rural esteja em
Em 2012 foi publicada Lei n.° 12.651 que dispõe sobre a proteção da
uaçãoregular.
vegetação
nativa. A lei é conhecida como Código Florestal.
outro ponto de atenção é a eventual cobrança de "compensação ambien-
aplicável para empreendimentos sujeitos ao EIA. Conforme o Decreto Federal
n* 6.S4S/09, a compensação ambiental está limitada a 0,5% dos investimentos totais

do empreendimento e pode ser cobrada uma única vez.

Do ponto de vista de impactos ambientais, o escopo do parecer técnico deve


incluir. minimamente, as seguintes questões:
i) Foi elaborado o RAS ou o RIMA do parque gerador e da infraestrutura de
conexão, incluindo linhas de transmissão de interesse restrito? Caso negativo,
avaliar preliminarmente quais os principais impactos ambientais negativos
do projetoe opinar sobre a probabilidade do ElA ser exigido para o parque
ou para a linha.
i) Algum dos impactos mapeados pode, potencialmente, inviabilizar a obtenção
de alguma licença ambiental ou a própria implantação ou operação do projeto?
ii) O imóvel cumpre o Código Florestal (Lei n.° 12.651/12)? Em caso negati-
vo, quais são as medidas necessárias de adequação, e qual seria seu custo e
prazo estimados?
V) Aplica-se a compensação ambiental para este projeto? Em caso positivo,
qual o valor e quando deve ser pago?
V) Os custos envolvidos na contratação dos estudos de impacto ambiental e taxa
de compensação ambiental, se aplicáveis, estão considerados no orçamento
de CAPEX?
)prazo para contratação e realização dos estudos está considerado no
cronograma de implantação do projeto?
A S estimativas de custose prazo para os estudos e taxas são raz0aveis para
este projeto?

Na
a dnalise de investimento de projetos de infraestrutura é comum atentar-se

SOmente par
OSmpactos ambientais negativos. No entanto, nesse caso, há também
impactos ambientais positivos. A geração de energia elétrica a partir da fonte solar FV
nãoemit
er
s e s de efeito estufa (GEE), não tem ruido e não produz resíduos em sua
operação.
de GEE Logo, ecomenda-se incluir, no escopo do parecer, estimativa de emissões
de GE
evitadas com oempreendimento ao longo de sua vida úil.
234 EDUARDO TOBIAS N. FRUIZ EHELOISA FA. SCARAMUCCI

12.1.2 Impactos sociais


Os impactos sociais negativos em projetos de geração de energia solar Fy
N ão
de
limitados. Um ponto atenção é referente a desapropriaçao de terras para construcão
de linha de transmissão. A depender do desenho e da extensão da linha, o volume uçãod
de
imóveis a serem desapropriados ou objeto de servidão pode ser relevante. De todaea
as
formas, deve fazer parte do parecer a analise de eventuais impactos sociais, além dos
os
ambientais, decorrentes da desapropriação desses imóveis.
O mapeamento dos aspectos e externalidades positivas advindos da constricka
coperação do projeto na região é benéfico para várias finalidades. Esse material, ainda
que levantado pelo próprio empreendedor, impacta positivamente a opinião e visão
sobre o projeto junto a vários stakeholders; por exemplo, credores, órgãos emissores
de licenças, reguladores do setor elétrico, concedentes de incentivos fiscais, prefeitura,
além dos próprios investidores. Tambémé esperado que o empreendimento contempie
planejamento a realização de algum projeto de cunho exclusivamente social,
visando atender comunidades do entormo.
O mapeamento dos impactos sociais deve incluir, dentre outros tópicos
as seguintes questões:
i) Quais os impactos sociaisnegativos e positivos- da construção e operação
do projeto na região?
i) Qual a expectativa de geração de empregos diretos e indiretos durantea
construção e durante a operação?
ii) Será possivel contratar mão de obra local?
iv) Haverá algum trabalho de qualificação de mão de obraloca.
v O investimento no projeto irá contribuir para a melhora do Indice de
Desenvolvimento Humano (IDH) do municipio em que serå instalad0
vi) O investimento previsto contempla algum projeto social ou atividades o

compensação por impactos sociais negativos no entorno do parque


vii) Qualaestimativa de aumento de arrecadação de impostos para o mun p10
e para o governo estadual?

12.1.3 Principios do Equador


Segundo Hoffman (2008), os Princípios do Equador são um conjunto le do
diretrizes

todo
voluntárias desenvolvidas para padronizar a forma como instituiçðes
o mundo avaliam e
financeados dos
gerenciam questões socioambientais de seus projetos nna
Os principios são baseados nas politicas e diretrizes socioambientais do Internao
Finance Corporation (IFC), braço privado do Banco Mundial.
12.SOCIOAMBIENTAL ELICENCIAMENTOS 235

Drasil, boa parte dos grandes bancos nacionais adotaram os


já Principios do
Equador
Dentre eles, Unibanco,
Dentre eles, Itaú-Un Bradesco, Banco do Brasil, Caixa
Econômica
Federal e otorantim. O BNDES ainda não adotou (1DEC, 2018).
Se ofuturo credor do projeto for adepto aos Principios, ele poderá exigir que o
ioa essas diretrizes
diretrizes. A obrigatoriedade ou não dependerá das caracteristicas do
proyeto siga essas
ndimento
ndimento e do financiamento.
e do finand Caso exija, será necessária a contratação de uma
onsultor especializada para fazer essa avaliação em beneficio do credor.
Na pråtica. do ponto de vista do acionista do projeto, os Principios do Equador
e significarão custo e prazo adicionais para a fase de implantação, ainda que o
sempre

rojeto esteja em conformidade. Portanto, é relevante o investidor averiguar, preferen-


riaimenie dentro do escopo do parecer socioambiental, se:
i) será obrigatório o atendimento aos Principios do Equador;
ii) quais são as possiveis não conformidades do projeto;
)algumas dessas diretrizes podem, potencialmente, inviabilizar a execução
do projeto;
iv) os custos envolvidos na avaliação, mitigação, atendimentoe monitoramento
dos principios estão considerados nos orçamentos de CAPEX e OPEX;
v)essas atividades esto consideradas no cronograma de implantação do projeto;
vi) as premissas consideradas pelo empreendedor de custo e prazo envolvidos
no atendimento das diretrizes são factíveis.

22 PATRIMONIO HISTÓRICOE CULTURAL


Simpactos ao meio ambiente causados por projetos de infraestrutura sempre
realizadas.
Clados aos aspectos culturais das comunidades onde essas obras são
d e lais impactos, a Portaria Interministerial n.° 60/15 estabelece a participação
dos seguinte órgãos no processo de licenciamento ambiental:
) Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN
) Fundação Nacional do iíndio (FUNA);
m)
Fundação Cultural Palmares (FCP)
v) Ministério da Saúde.

Desde 24/03/2020, com base no Decreto Federal n." 10.252, de 20 de fevereiro

2020, FCP referente ao processo de


iceneci thouve ma transferéncia de competência da
lcomunic
icenciamento:
o ambiental ao INCRA. Antes de tal Decreto,
o INCRA tinha que
fundiária das comunidades
ser

uSobre as tratativas relacionadas à questão


236 EDUARDO TOBIASN E RUIZ EHELOISA EA SCARAMUCCI

INCRA emitir instrução normatizando nr


quilombolas. A partir de então, cabe
ao a
0
de licenciamento ambiental.
Dependendo do impacto elou localização do projelo, é possivel que ele seis
inviabilizado no local inicialmente previsto. Assim, e necessário que o parecer técnie
seja
nico
análise de determinados aspeclos
culturais e das comunidades que serio
contemple a
afetadas pelo projeto, conforme
detalhados a seguir.

1221 IPHAAN
A manifestação do IPHAN é imprescindivel para que determinados empreen-
dimentos não causem danos ou destruam os bens culturais acautelados, conforme
indica o Anexo II da Instrução Normativan.° 1, de 25 de março de 2015. Assim
a participação do IPHAN é requerida sempre que houver intervenção na área de
influéncia direta do empreendimento em bens culturais acautelados em åmbito federal.
Bens culturais acautelados em âmbito federal são aqueles:
i) tombados, nos termos do Decreto-lei n.° 25, de 30 de novembro de 1937:
i) arqueológicos, protegidos conforme o disposto na Lei n.° 3.924, de 26 de
julho de 1961;
ii) registrados, nos termos do Decreto n.° 3.551, de 4 de agosto de 2000;
iv) valorados, nos termos da Lei n.° 11.483, de 31 de maio de 2007

O IPHAN se manifestará nos processos de licenciamento ambiental a partir da


solicitação formal do órgão ambiental licenciador.

1222 FUNA

A iniciativa dos estudos, delimitação e demarcação das terras dos povos indi-
genas no Brasil é da competéncia do Ministério da Justiça, por meio da FUNAL.
dos indios às suas terras é
direito um direito constitucional, e projetos em tais áreas
podem ser inviabilizados.

12.2.3 INCRA

Contorme previsto no Decreto Federal n." 4.887/03, o INCRA é competentc


para titulação dos territórios quilombolas. As comunidades OS
quilombolas
são
grup
etnicos,predominantemente constituídos pela população negra, que se autoac em

por meio das relações ali-


especificas com a terra, o parentesco, o territono, d aue
dade, as tradições e práticas culturais próprias. om
O direito de propriedade dos qu
12. SOCIOAMBIENTAL ELICENCIAMENTOS 237

c terras
terras é um direito constitucional, e projetos
bos
sobre suas em tais terras podem
s e r i n v i a b i l i z a d o s .

ciderando as questões apresentadas, o escopo do parecer técnico deve incluir


eguintes questões sobre patrimônio histórico e cultural e arqueologia:
Eai verificado banco de dados da FUNAI para confimação que as áreas do
projeto não se sobrepõem a áreas indigenas?
Foi verificado banco de dados do INCRA para confirmação que as áreas
do projeto não se sobrepõem a
assentamentos rurais e terras
quilombolas?
)Foi verificado se o local onde está previsto o parque e respectiva infraestru-
tura de conexão pode ter interferência sobre bens culturais acautelados sob
responsabilidade do IPHAN?
iv) Foi feito estudo ou projeto específico de avaliação de potencial de impacto
do empreendimento no patrimônio arqueológico? Caso positivo, quais foram
as conclusões?
v)A localização do parque gerador e de sua infraestrutura de conexão pode.
potencialmente, inviabilizar a obtenção de alguma licença ambiental ou a
própria implantação do projeto?

Além dos indigenas e


dos quilombolas, há diversas outras comunidades tradi
cionais que ainda não gozam de uma proteção especifica e há discussões juridicas
sore o assunto. Tais comunidades incluem, por exemplo, ribeirinhos, quebradeiras
de coco-babaçu, seringueiros, faxinalenses, dentre outros.

12.3
LICENCIAMENTOS, AUTORIZAÇÕES EALVARAS
erceiro objeto do escopo do parecertécnico é a avaliação dos licenciamentos
se demais autorizações e alvarás para o projeto serconstruído e operar
121
Licenças ambientais do projeto
A: licenças ambientais, em geral, são separadas para o parque gerador, para
As
a subestae

linha de transmissão de interesse restrito. Porém,
casos emElevadora para e a
que uma ùnica licença.
podem ser solicitadas em conjunto e ser objeto de
O federal ou munici-
palpal. dependlicenciamente ambiental pode ocorrer no âmbito estadual,
vir a ser dependendo da lo
d a localidade e de possíveis impactos ao meio ambiente que possam

sados peloeempreendimento.
238 EDUARDO TOBIASN.E RUIZ E HELOISA F A SCARAMUCCI

O objeto do processo de licenciamento é tificar os impactos do


mento ao meio ambiente e ao homem e propor eventuais medidas para
empreeendi-
evitar, mitigar
ou compensar tais impactos. O procedimento do licenciamento ambiental de atividad.
potencialmente poluidoras normalmente possui três fases: lad es
i) Licença Prévia (LP): aprova a localização e
concepção do empreendimento
atestando a sua viabilidade; ento,
i) Licença de Instalação (LI): autoriza a instalação do
empreendimento;
iil) Licença de Operação (LO): autoriza o inicio da operação do
empreendimento
o.
No entanto, a Resolução n.°279/01 do CONAMA estabeleceu um
procedimento
de licenciamento ambiental simplificado para empreendimentos elétricos com
pequena
potencial de impacto ambiental, sujeito à prévia apresentação do legislação RAS. A
federal não regula, especificamente, a situação de projetos solares. Logo, o enquadra
mento de tais projetos como pequeno potencial de impacto ambiental é feito caso a
caso, o que pode trazer incerteza e burocracia
para os empreendedores.
No caso de projetos sujeitos ao licenciamento em nível
estadual, alguns esta-
dos regularam o assunto e previram regras
especificas referentes ao licenciamento de
projetos solares em tais estados, inclusive a infraestrutura corelatada abrangida pelo
licenciamento, tal como a infraestrutura de conexo (linhas de interesse restrito e subes-
tação). Assim, para os empreendimentos sujeitos a licenciamento ambiental estadual
nos estados onde o tema foi
regulado, haverá menor burocracia e maior clareza quanto
ao prazo e
providências envolvidas no licenciamento do projeto.
Conforme mencionado no item 12.2, em razão dos aspectos culturais e de
patrimonio histórico dos locais onde as obras serão realizadas, os seguintes orgaos.
conformeo caso, fazem parte do processo de licenciamento ambiental: IPHAN, FUNAL,
INCRA e Ministério da Saúde.
E comum
empreendedores e investidores do setor solar FV subestimarem o praa
necessário para cumprir todas as
exigências do IPHAN, no contexto da obienga
licenciamento ambiental. Esse é caminho crítico
ão
tema no cronograma de impiaia
do projeto enão pode ser
negligenciado pelo investidor em sua anans
ASSim, no tocante ao licenciamento ambiental, o escopo do parecer deve cluir,
minimamente, as
seguintes questões sobre licenciamento ambiental
do
) Quais as licenças ambientais necessárias para a instalação e operaao
parque gerador e da linha de transmissão?
i) Qual órgão é responsável a
slação
pela emissão das licenças e quai
e
aplicável?
11) Q u a i s a s l i c e n ç a s a m b i e n t a i s j áo b t i d a s , q u a l s e u p r a z o d e v a l i d a d e c quais

as respectivas condicionantes preestabelecidas?


12 SOCIOAMBIENTAL ELICENCIAMENTOs 239

iv Qual o status de cumprimento das condicionantes das licenças em vigor?


Como são os processos de obtenção das demais licenças, quais as etapas,
condições precedentes, partes envolvidas e estimativa de prazos?
iQual o status de cumprimento das condições precedentes e etapas para
obtenção dessas licenças?
i)Conforme aplicável, mapear, detalhar e estimar prazo das etapas necessárias
junto ao IPHAN, tanto para a área do parque gerador quanto para infraes-
trutura de conexão.

viil) Há previsão legal de restrição do uso do solo que conflite com o escopo do

projeto?
ix) Há histórico de negativa de licenças ambientais para projetos similares na
região? Detalhar circunstâncias.
x) Há razões para considerar a possibilidade do órgão emissor recusar a soli-
citação de alguma licença? Detalhar circunstâncias.
xi) Quais são as prováveis condicionantes a serem solicitadas pelo órgão emissor
para cada licença a emitir?
xii) Os custos envolvidos para obtenção dessas licenças, incluindo estudos e
pagamento de taxas, e cumprimento das respectivas condicionantes estão
considerados no orçamento de CAPEX e OPEX?
xii) O prazo para obtenção dessas licenças e cumprimento das respectivas condi-
cionantes estão considerados no cronograma de implantação do projeto?
xiv) As estimativas de custos e prazo para obtenção dessas licenças e cumpri-
mento das respectivas condicionantes consideradas pelo empreendedor
são factíveis?
Xv) Qual seria a margem de erro razoável para a premissa de prazo de obtenção
das licenças para instalação e operação do parque gerador e da infraestrutura
de distribuição?
xvi) Qual seria a margem de erro razoável para a premissa de custo de obtenção
e
cumprimento das condicionantes dessas licenças?

L32
Autorização para supressão vegetal do projeto
Qualquer atividade que envolva o corte ou retirada da vegetação nativa de um
Tequer uma Autorização para Supressão de Vegetação (ASV) a seremitida pelo

ambiental competente. Essa obrigação consta no Art. 1° do Código Florestal


que ás florestas e demais formas de vegetação um
caráter de interesse püblico.
AASV certificará planejamento adequado para manejo do impacto ambiental
um o

e,geralmente, inclui compensações ambientais tais como plantio de árvores ou medidas


240 EDUARDO TOBIAS N. E RUIZ E HELOISA F. A. SCARAMUCCI

conduzidos, inclusive
equivalentes. Determinados estudos devem
ser para caracter.
da ASV.
subsidiar o pedidode cterização
qualitativa dos tipos de vegetação a serem suprimidos, para
As questöes colocadas com relação às licenças ambientais a serem ahord
no parecer técnico deverão, tanto quanto aplicáveis, ser replicadas para a ASv

12.3.3 Alvaás de construção e operação do projeto

A construção e a operação do parque gerador tambem estão sujeitas a um proce.


dimento junto à prefeitura do municipio onde esteja localizado visando à obtenção de.
alvará de construção, antes do início da construção, e alvará de operação, antes do inicin
da operação. O mesmo vale para a infraestrutura de conexão do projeto.
Não existe uma regra única para todas as obras. A emissão dos alvarás estará
sujeita à legislação municipal e ao Código de Obras do municipio onde será o projeto.
Os documentos a serem apresentados variam caso a caso, mas alguns são comuns. Por
exemplo, a apresentação de projetos, matricula do imóvel e ART emitida pelo engenheiro
responsável. E comum que os municípios exijam, além dos alvarás, autorização do
Corpo de Bombeiros (chamada de Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros -AVCB)
e avaliação da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).
As questoes colocadas com relação às licenças ambientais a serem abordadas
no parecer técnico deverão, tanto quanto aplicáveis, ser replicadas para os alvarás de

construção e operação. Adicionalmente, as questões deverão contemplar as regras do


Codigo de Obras dos municipios afetados e as regras de cálculo das taxas a serem pagas
à prefeitura. Alguns municipios têm cobrado as taxas considerando toda a área do parque
solar como área construida, ou seja, como se em toda área houvesse construção civil

1234 Demais autorizações aplicáveis


A eventual necessidade de outras autorizações, licenças alvarás devera
ser
e
avaliada caso a caso, considerando-se as caracteristicas e localização da UFV e dcs
sua

infraestrutura de conexão.

12.4
CERTIFICAÇÃO DE ENERGIA RENOVÁVEL
O Programa de Certificação de Energia Renovável no Brasil utilhia elatafor
i

ma de
registro e emissão de certificados do International REC Standara.
ficado de energia renovável, em
a
inglês International Renewable Energy Cert inie
(-REC), comprova a geração de 1 MWh de inje
energia elétrica renovável gera
12 SOCIOAMBIEN TAL E LICENCIAMENTOS 241

ada no sistema elétrico (REC Brazil, 2020). O


objetivo do programa é de
tir que aisquer empresas evidenciem, por meio da
permi
de certificados,
eiumo dede energia eltrica é
seu consumo
compra que
proveniente de fontes
renováveis. Do ponto de
ista do projeto
de geração solar FV, é uma
elétrica.
oportunidade de receita adicional à
venda da energia
Segundo o Instituto Totum (2020), responsável pela
emissão dos 1-RECs no
e l os certificados já são aceitos em 70
paises. Há 25,4 GW de capacidade insta-
lada usinas de geração
de renovavel registrados, sendo a
China e o Brasil os lideres.
o Rrasil há 110 usinas aptas a emit1r RECs. Destas, dez são do
setor solar,
1es a duas empresas: nove da
pertencen-
Green Yellow Brasil Energia e Serviços Ltda.; e uma
do
da grupo Enel Green Power, por meio da Enel
Soluções Energéticas Ltda. A grande
maioria das usinas registradas no Brasil são parques eólicos.

3.000.000

2.531.508
2.500.000

2.000.000-

1.494.765
1.500.000

1.000.000

500.000 337.579
180.397
50.000
0

2016 2017 2018 2019 2020*

Dados compilados até 15/05/2020.


Fig. 12.1. 1-RECs emitidos no
Fonte: Instituto Totum Brasil
(2020).

OBrasil, foram emitidos 4.594.249 1-RECs até 15/05/2020. equiva- Portanto,


lentes à geração de 4.594.249 MWh. Os dados de volume comercializado de 1-RECs
por Brazil, 2020).
empreendimento por comprador são públicos (REC

REFERENCIAS
BRASIL.Decret
eartisstO
e
o n. "25, de 30 de novembro de 1937. Organiza a proteço do património
histórico

artistico nacio' Rio de Janeiro, 1937.


SCARAMUCCI
242 EDUARDO TOBIASNF RUIZE HELOISA FA.

BRASIL. Lei n."3.924, de 26 de julho de 1961. Dispðe sobre os monumentos arqucol


ológicos e
pré-históricos. Brasília, 1961.

2000. Cria o Programa Nacional do Pat


BRASIL. Decreto n. °3.551, de 4 de agosto de trimônio
Imaterial. 2000.

de 20 de novembro de 2003, Regulamenta terras quilomhol.


bolas.
BRASIL. Decreto n."4.887,
Brasilia, 2003.

°11.483, de 31 de maio de 2007. Dispõc sobre a revitalização do setor ferovis


viário.
BRASIL. Lein.
Brasilia, 2007.

14 de maio de 2009. Regulamenta compensação ambiental


BRASIL. Decreto n." 6.848, de
Brasilia, 2009.
BRASIL. Lei n. ° 12.6.51, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa,

Brasilia, 2012.

BRASIL Decreto n.
°
10.252, de 20 de fevereiro de 2020. Aprova a estrutura regimental do
INCRA. Brasilia, 2020.
CONAMA. Resolução n.°279, de 27 de junho de 2001. Licenciamento ambiental simplificado
de empreendimentos elétricos com pequeno potencial de impacto ambiental. Diário Oficial
da União, 29 jun. 2001.
GIORDANO, S. R. Gestão ambiental no sistema agroindustrial. In: ZILBERSTAJN, D.; NEVES.
M. F. Economia e gestão dos negócios agroalimentares. São Paulo: Pioneira Thomson
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HOFFMAN, S. L. L. The law and business of international project finance. 3. ed. Ardsley
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IDEC - Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor. Guia dos Bancos Responsáveis, [S.L
S.n.), 2018.
NSTITUTO TOTUM. Boletim informativo do Programa Brasileiro de Certificação de Energu
Renovável. Newsletter 17, maio de 2020.

IPHAN. Instrução Normativa n.° 1, de 25 de março de 2015. Estabelece procedimen


administrativoS a serem observados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artls| da
Nacional nos processos de licenciamento ambiental dos quais participe. Diario
União, 25 mar. 2015.
MMA. Portaria Interministerial n. " 60, de 24 de março de 2015. Estabelece proceali
ública
administrativos que disciplinam a atuação dos órgâos e entidades da administraçao do
federal em processos de licenciamento ambiental de competência do Instituto Dia
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis Ibama, 2015.
cesso

REC BRAZIL. Site institucional. 2020. Disponível em: https://www.recbrazil.com.br.


em: 17 mai. 2020.
CAPÍTUL0 13

INCENTIVOS FISCAIS ETRIBUTAÇÃO


Eduardo Tobias N. F Ruiz e Heloisa FA. Scaramucci

Oobjetivo desta análise é avaliar se:


i) as premissas de impostos incidentes e aliquotas consideradas são coerentes
com as características do projeto;
1i) oprojeto está considerando corretamente todos os incentivos fiscais aplicáveis
e qual a probabilidade de obtenção de cada um deles;
i) o planejamento tributário considerado éo mais eficiente.
Nesse contexto, é preciso entender o quanto as premissas tributárias e fiscais
poderiam se mostrar diferentes, tanto para melhor quanto para pior (cenário otimista
e pessimista).

Além disso, o investidor deve estar atento a possiveis impactos tributáriose


fisca
n o projeto derivados das reformas tributária e regulatória do setor elétrico
em

iCUSSão. Recomenda-se mapeá-las quanto ao seu conteúdo, analisar como impactarnam


oprojeto técnica e economicamente e obter opinião sobre a probabilidade de aprovação
climativa de prazo para sua entrada em vigor. Dessa foma, quando da análise de
niscos e de
05 viabilidade econômico-financeira, será possivel realizar uma avaliação de
cenários e de sensibilidade de premissas de forma coerente.
Caso o investidor não seja especialista nas áreas fiscal, tributária e regulatória,
Tecomenda-se a ntratação de parecer de consultor independente. Nesse sentido, este
capitulo
g esugere qua. o escopo que deve minimamente ser contemplado em um parecer
r e qual
e,
sequentemente,:na análise pelo investidor.
244 EDUARDO TOBIASN.E RUIZ E HELOISA F A. SCARAMUCCI

13.1 TRIBUTAÇÃO
As propostas de refoma tributária, em discussão no legislativo federal, cone:
side
ram rever os regimes de tributação e a tibulaçao sobre os insumos, encargos, desne
spesas
operacionais, receitas e distribuição de dividendos do projeto? Quais são as alteracec
em
discussão? Qual a probabilidade estimada para aprovação?' A partir de quando as
novas
regras valeriam? As alterações valeriam reiroativamente? Qual seria, objetivamente
ente,
impacto na carga tributária do projeto?
Estimar margem de erro, para mais e Dara ma 0s,
da premissa de impacto na carga tributaria do projeto para quantificação do risco.

13.1.1 Regime de trbutaçaão


São dois os regimes de tributação possiveis para projetos de geração solar FV:
Lucro Real e Lucro Presumido. O quadro 13.1 ilustra os tributos e respectivas aliquotas
vigentes para cada regime.

Quadro 13.1. Tributação dos regimes de Lucro Real e Presumido para projetos de geração solarFV
Regime
tributário Lucro Real LucroPresumido
IRP 15% do LAIR 15% sobre 8% da receita bruta
IRPJ adicional 10% sobreo queexceder R$ 20 mil/mês 10% sobre o que exceder RS 20 mil/ms
CSLL 9% sobre LAIR
9% sobre 12% da receita bruta
PIS/PASEP | 1,65% da receita bruta 0,65% da receita bruta
COFINS 7.6% da receita bruta 3% da receita bruta
Fonte: Lei Federal n.° 9.249/95; Lei Federal n.° 10.637/02; Lei Federal n.° 10.833/03.

a) Lucro Real
Segundo o Art. 13 da Lei Federal n. 9.718, 27 de novembro de 1998. a opcão
pelo regime tributário dá-se anualmente
por parte da empresa. O Art. 14 prevc
determinadas empresas são obrigadas a adotar o Lucro Real, incluindo as esas:
empre
cuja receita total no ano calendário anterior seja es
superior ao limite de RS 78 miu
ouproporcional ao número de meses do período, quando inferior a 1 uc ou
(11)cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de
investimentos
de

desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamentoc nvesti

mento, dentre outras.


No caso de
UFV, desde que seu faturamento anual se enquadre na regrda acima,

poderá livremente optar pela adoção do Lucro Real ou Lucro Presumido.


de receita total foi alterado ao longo do tempo, conforme a seguir. Porem, não existe

previsão legal de atualização monetária de tais valores.


13. INCENTIVOS FISCAIS E TRIBUTAÇÃO 245

) RS 24 milhões de 1998 a 2002, conforme Lei Federal n." 9.718 de1998;


) R$ 48 milhões de 2003 a 2013, conforme Lei Federal n.° 10.637 de 2002:
i) RS 78 milhöes a partir de 2014, conforme Lei Federal n.° 12.814 de 2013.

No Lucro Real, a cobrança do Programa de Integração Social (PIS), do Programa

Formação
Servidor Püblico (PASEP) e da Contribuição para o
do Patrimônio do
de
amento da Seguridade Social (COFINS) dá-se por um regime chamado 'não
cumulativ regido pelas Leis Federais n.° 10.637, de 2002, e n.° 10.833, de 2003,
Spectivas alterações subsequentes. Apesar das alíquotas serem maiores, o regime
respecti
não cumulativo' permite que a pessoa juridica abata do valor a pagar créditos de
PIS PASEP e COFINS pagos: () sobre bens e serviços utilizados como insumo

nrodução de bens ou produtos destinados à venda; e (ii) sobre máquinas, equipamentos


e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, dentre outros.
Outra vantagem é que os valores de prejuízo fiscal acumulados poderão ser
compensados na base de cálculo de lucro líquido, sempre que houver lucro. No entanto,
há um limite de compensação. O Art. 15 da Lei Federal n.° 9.065, de 20 de junho de
1995, restringe a compensação a 30% do lucro liquido de cada ano.

b) Lucro Presumido
Para optar pelo Lucro Presumido, a empresa precisa ter receita total no ano
calendário anterior até o limite de RS 78 milhões ou proporcional ao número de meses
do periodo, quando inferior a 12 meses.
O Lucro Presumido é uma forma de tributação considerada simplificada por
pemitira presunção da base de cálculo do Imposto de Renda (IRP)e da Contribuição
Social Sobre o Lucro
Líquido (CSLL) das pessoas juridicas. Para tanto, a legislação prev
d o faturamento da empresa será considerado lucro para fins de cálculo do imposto
0 , Ctal presunção é feita através de tabelas prefixadas tanto do IRPJ como da CSLL.
rara o IRPJ, as margens de presunção de Lucro Antes do IRPJ (LAIR) consi-

p o r esse regime de tributação vão de 8% a 32% da receita bruta. No caso de


oetos de geração solar FV aplica-se 8% sobre a receita bruta com venda de energi1a
UCa. Para a CSLL, 12% da receita bruta éa regra geral e 32% é aplicável ås empresas
PEslação de serviços em geral, intermediação de negócios e administraço, locação
d de bens móveis, imóveis ou direitos. Portanto, aplica-se 12% sobre a receita
ruta com a
venda de
acima, aplicam-se as energia do IRPJe
elétrica. Após identificação da base de cálculo conforme
a

alíquotas da CSLL conforme abaixo:


k P J : 15% sobre a base de cálculo do Lucro Presumido, bem como adicional

0 % sobre a parcela que exceder a RS 20.000,00 por mês;


CSLL: 9% sobre a
base de
cálculo do Lucro Presumia
246 EDUARDOTOBIAS N. ERUIZ EHELOISA F A. SCARAMUCC

Na prática, a aliquota efetiva de IRPJ aplicável a projeto de gerac.


FV é de 2.00% (8% x 25%) sobre a receita bruta com venda de energia
ação solar

que exceder RS 20.000,00 por


mês. Para CSLL 1,08% (12% x 9%) da recei elétrica
bruta
exceder R$ 20.000,00 por més. Por outro lado, não se aplica o incentivn c
que
SUDENE (vide item 13.2.2), que prevë redução de 75% da alíquota de IRPI no
fiscal
por um
periodo de 10 anos.

As aliquotas do PIS/PASEP e COFINS aplicáveis sobre a receita bruta da


la
venda de energia elétrica são de 0,65% e 3,00%, respectivamente. A cobrança dá-se
por regime chamado 'cumulativo', regido pelas Leis Federais n." 9.715 e 9.718 4
1998 e alterações subsequentes. As aliquotas são menores que aquelas do Lucro Real
No entanto, o regime 'cumulativo' não permite abatimento de créditos.
Vale ressaltar que as alíquotas de IRPJ, CSLL, PIS/PASEP e COFINS do regime
de Lucro Presumido não se aplicam sobre as receitas financeiras de uma UFV, para as

quais há legislação especifica.

e)Considerações para projetos de geração solar FVeescopo do parecer


O regime do Lucro Presumido tem sido o mais adotado por projetos de gera-
ção centralizada solar FV organizados como SPEs. A principal razão é a menor carga
tributária. Projetos de geração solar FV têm margem de lucro operacional elevada
uma vez quea 'matéria-prima' (iradiação) é gratuita. Logo, geralmente, pagam menos
PIS PASEP, COFINS, IRPJ e CSLL do que se estivessem no regime de Lucro Real.
Entretanto, com a queda observada dos preços de venda de energia elétrica, a margem

de lucro operacional tem sido cada vez menor.


No caso do PIS e COFINS, para além do argumento da margem de lucro opera-
cional. pesa a favor do Lucro Presumido o incentivo fiscal REIDI (vide item 13.2
ativo tixo.
Ele suspende o PISe COFINS sobre as aquisições de bens destinados ao
inclusive bens importados. Portanto, reduz muito a capacidade da UFV de aprovel

créditos do PIS e COFINS no regime de Lucro Real.


ao
Ha outras variáveis relevantes para serem consideradas na análise da escolha
a e
regime de tributação. Por exemplo, o regime de depreciação dos ativos ea estrareea
s
financiamento do projeto. Se a alavancagem financeira do projeto for alla, as u
Lucro
comjuros terão grande peso no cálculo do LAIR. Consequentemente, no caso u

eal, as despesas financeiras e a depreciação diminuirão o IRPJ e CSLL a pagar


ilidade.

efeito é conhecido como 'Iax shield'. No Lucro Presumido não há essa possioi
uma vez que o IRPJ e a CSLL são calculados sobre o valor da receita bruta.
Quanto á escolha do regime de tributação, o escopo do parecer deve ne

minimamente, as seguintes questões: dedor?

1) Qual a premissa de regime de tributação adotada/prevista pelo emprece


13 INCENTIVOs FISCAIS E TRIBUTAÇÃO 247

à Oual o racional da escolha do ponto de vista econômico, operacional e de


riscos? Vantagens e desvantagens?
ii) Caso seja Lucro Presumido, avaliar se este enquadramento é factível, do ponto
de vista de limite de faturamento anual, ao longo de toda a vida útil do projeto.
de regime tnbutário gerar questionamento do fisco? Caso
iv) Há risco da opção
positivo, detalhar risco, probabilidade de ocorrência e estimar eventual
impacto financeiro.
v) A premissa de despesas operacionais é compativel com as obrigações
decorrentes do regime de tributação pretendido? Por exemplo, gastos com
contabilidade, auditoria, divulgação de resultados, juridico, recolhimento
de impostos, controles, sistema de informação etc. Caso não seja, indicar

sugestão de premissa a considerar.

1212 Tnbutos relevantes para projetos de geraço solar FV


a) ICMS sobre a venda de energia elétrica

Atributação do ICMS incidente na comercialização de energia elétrica étema


tratado na legislação interna dos estados. Cabe a verificação de norma especifica
operação comercial praticada pelo gerador em cada estado e conforme o

perfil da operação e adquirente da energia elétrica.


As operações de comercialização, incluindo aquelas com liquidação financeira

na CCEEe que envolvam liquidações no MCP, são reguladas pelo Convénio ICMS
15/2007 do Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ), exceto quanto aos
estados listados no Anexo Único do Convênio ICMS 77/2011. São eles: Santa Catarina,
Sergipe, São Paulo, Mato Grosso, Bahia, Goiás e Maranhão.
Em regra, para os estados signatários do Convênio ICMS 15/2007, quando a
energia elétrica é destinada ao consumidor final, a responsabilidade pelo recolhimen-
9 do ICMSé do fornecedor. No caso de liquidações no MCP, cabe o recolhimento
PEO agente com posição devedora no MCP. Para ambos os casos, o Convênio 1CMS

Uprevê que o imposto é devido no próprio estado de consumo da energia elétrica


(CCEE, 2018).
Convenio 1CMS 77/2011, por sua vez, institui a denominada substituição
d a . E o regime de tributação o qual é atribuido a um determinado contribuinte
(geralmente empres
resas distribuidoras de energia elétrica) a responsabilidade pela reten-
gamento do 1CMS devido pelas operações subsequentes com uma mercadoria.
d o s casos, atribui-se a responsabilidade pelo recolhimento do ICMS às
tribuidoras. Ocálcu
lculo do ICMS é realizado observando o preço praticado na opera-
são final
(CCEE, 2018).
248 EDUARDO TOBIAS N. FE RUIZ E HELOISA F A. SCARAMUCCI

No caso de projetos de autoprodução de energia no incide 1CMS Sah.


bre o
volume de energia elétrica destinada a consumo própri0, sempre que a producan Seja

dado que não haverà venda ou circulação da energia elétrica pela red.
junto à Ocarga,
escopo do parecer deve incluir, minimamente, as seguintes questões case
rede
caso o
PIE:
projeto esteja classificado
como

i) A energia elétrica foi ou pretende-se que seja vendida para consumidoras


(es)
final(is)?
i) Caso positivo, em qual(is) estado(s) se dará(ão) o consumo e qual a aliquota

de ICMS aplicável a cada caso?


il) De quem é a responsabilidade pelo recolhimento do ICMS em cada caso?

iv) Como dá o cálculo do ICMs?


se

v) Como se dá o cálculo do PIS/PASEP e COFINS? Deve-se considerar na


base de cálculo o preço de venda da energia elétrica com ou sem o lCMS?
Há precedente de divergências de entendimento e disputas sobre como se dá
o cálculo nos respectivos Estados?
vi) A premissa de preço de venda de energia elétrica no modelo financeiro
empla corretamente o cálculo do ICMS, quando aplicável, e do PIS
PASEP e cOFINS?
vii) A precificação pela venda da energia elétrica nos contratos negociados elou
negociação contempla corretamente o cálculo do ICMS e de quem é a
responsabilidade pelo recolhimento?

O escopo do parecer deve incluir, minimamente, as seguintes questões caso o

projeto esteja classificado como APE:


i) Projeto prevê a produção da energia elétrica junto à carga?
a
ii) Caso positivo, qual volume de energia elétrica se prevê ser destinado
consumo próprio?
ii) A negociação comercial entre empreendedor/investidor e consumidorcon
derou a não incidência de ICMS sobre este volume?
de
iv) O modelo financeiro contempla corretamente as premissas detrbutagção
ICMS sobre a venda de energia elétrica?

valem
Para o volume excedente de energia elétrica queserádestinado a terceiros.
as mesmas perguntas listadas anteriormente para projetos classificados como PIE

b) ICMS sobre a TUST/TUSD paga pelo produtor de energia eletrica


A incidência de ICMS sobre a TUST/TUSD no cálculo do EUST/D pago pec
eSta
ado

gerador de energia elétrica é matéria de compet¿nciaestadual e pode varnar


13. INCENTIVOS FISCAIS ETRIBUTAÇÃO 249

Porexemplo, o estado de São Paulo e outros estados entendem que a gera


p a r ae s t a d o .

smissão e distribuição da energia elétrica são indissociáveis e concomitantes.


ção, t
tais estados defendem a legalidade da cobrança do ICMS sobre todos os
Portanto, tais
cos relacionados ao fornecimento energia elétrica e do sistema de transmissão/
custos
relacionadosa
de uso

distribuição contidos nas faturas das concessionárias/autorizatárias.


distribuição contidos
O tema é de grande controversia e objeto de divergência de entendimento entre

astumas
as turn responsáveis pelojulgamento de questôes tributárias no Superior Tribunal de
iea (ST). Tanto a 1° tuma como a 2" turma do STI proferiram decisões favoráveis
Jus
contribuintes do ICMS sob o fundamento de que a TUST e a TUSD remuneram
evercicio de uma atividade de meio de transporte da energia elétrica que não estaria
no campo de incidência do referido tributo. Contudo, em março de 2017, a 1 turma do
STJ decidiu, por maioria apertada de votos, que os valores relativos à TUST e TUSD
deveriam compor a base de cálculo do ICMS, ou seja, incidiria ICMS sobre a TUST/D
de energia elétrica. A decisão pela legalidade da incidéncia do ICMS
Dga pelo gerador
deveu-se ao entendimento de que seria impossivel dividir as etapas do fornecimento
de energia elétrica para fins de incidência do ICMS.
A questão foi levada à primeira seção do STJ, que écomposta por ministros das
'e2 turmas, para que a jurisprudência sobre o tema seja pacificadae uniformizada.
O escopo do parecer deve incluir, minimamente, as seguintes questões:
i) Incide ICMS sobre TUST/D paga pelo gerador de energia elétrica no estado
onde estará localizada a UFV?
) Caso positivo, qual a alíquota e como se dá o cálculo?
) Qual o status dos precedentese uniformização de jurisprudência referentes
à incidência ou não do ICMS sobre a TUST/D paga por projeto de geração
de energia elétrica?
V) A premissa de alíquota e a memória de cálculo do ICMS sobre a TUST/D
paga pelo projeto estão corretas no modelo financeiro?
Aprecificação da energia elétrica considerada nos contratos de venda nego-
Ciados e/ou em negociação contempla corretamente o cálculo do ICMS sobre
pagamento da TUST/D do projeto?

Créditos de ICMS sobre investimentos, custos e despesas


un ema relevante para o gerador, do ponto de vista economico, sempre que
he couber
elétries a res
responsabilidade pelo recolhimento do ICMS sobre a venda de energia
uCtrica. OInciso 1do arágrafo 2° do Art. 155 da Constituição Federal de 1988 define
que o
à
1CMS seránão
não cumulativo,
« pensando-se o que for devido em cada operação relativa
rculação de mercado
adorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores
250 EDUARDO TOBIAS N. E RUIZ E HELOISA F A. SCARAMUCCI

pelo mesmo ou outro Estado [..). Portanto, em havendo valor a pagar de ICMS GA.
pelo gerador, há a possibilidade de compensá-lo com créditos oriundos do pagamenie (débito)
ICMS embutido nos investimentos, custos e despesas. Sendo esteo caso,recomenda do
da-se
que o parecer contemple o seguinte escopo:
i) Sobre quais investimentos, custos e despesas aplicam-se o aproveitamen
nento
s créditos de ICMS durante as fases de construção e operação?
i) Como se dá a operacionalização da compensação desses créditos?
i) Os créditos e débitos de ICMS estão sendo calculados corretamente no
modelo financeiro? Caso negativo, quais são as adequações necessária 7

d) Créditos de PIS/PASEP e COFINS sobre investimentos, custos e despesas


Considerando o regime de Lucro Real, sobre quais gastos e investimentos
aplicam-seo aproveitamento dos créditos de PIS/PASEP e COFINS durante as fases de
construção e operação? Como funciona contabilmente a recuperação desses créditos?
Os créditos e débitos estão sendo calculados corretamente no modelo financeiro?
Caso negativo, quais são as adequações necessárias?

e) Tributação sobre gastos com operação e manutenção


Caso os serviços de O&M sejam feitos com equipe própria, não há tributação
especifica sobre os serviços, já que a empresa pagará os salários dos colaboradores
responsáveis por tais atividades. Caso os serviços sejam terceirizados, estarão sujeitos
ao Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), cuja aliquota irá vanar
a depender do municipio onde forem prestados os serviços, e ao PIS e à COFINS.
sem prejuízo do IRPJ e CSLL. Em qualquer dos casos, o escopo de O&M contempla
aquisição de produtos, tais como materiais, peças e equipamentos sobressalentes. Pa
esses itens deve ser avaliada tributação especifica, de acordo com respectivo código
Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM).
O escopo do
parecer deve incluir, minimamente, as seguintes questOes
) O projeto considera equipe própria ou terceirizada para operar os atv
(UFV e infraestrutura de conexão)?
1) O projeto considera equipe própria ou terceirizada para fazer a manuteneau
dos ativos (UFV e infraestrutura de
conexão)?
ii) Caso terceirizado, a compra de materiais. peças e equipamentos de reposiçao
ant
para a 0&M do empreendimento é faturada diretamente pelo fabrica
sera
a0 projelo, cobrada
ou pelo fornecedor? Se cobrada pelo formecedor
faturada como produto ou serviço?
como
Caso terceirizado, qual percentual do valor do contrato será faturado
serviço e qual percentual será faturado como produto?
13. INCENTIvOS FISCAIS ETRIBUTAÇÃO 251

Oual a aliquota de ISS aplicável ao contrato de operação e/ou manutenção


nofs) municipio(s) onde serão prestados os serviços?
vi) O orçamento previsto no modelo financeiro com serviços de 0&M e inves-
timentos com materiais, peças e equipamentos contemplam a tributação
coreta? Caso negativo, qual o impacto no orçamento?

Caso não esteja definido se o empreendedor fará O&M da UFV e infraestrutura


conexão com equipe própria ou terceirizada, é importante simular esses dois cenários
de
no mod financeiro. Essa decisão também impacta a análise de riscos do projeto.
mais informações sobre O&M, vide item 11.1.
Para

12
13.2 INCENTIVOS FISCAIS APLICÁVEIS
Existem diversos incentivos fiscais nas esferas federal, estadual e municipal
disponiveis para projetos de geração de fonte solar FV. Ë importante o entendimen-
10, em detalhe, de cada um deles para que o investidor possa avaliar seus beneficios
e ponderar impactos de eventuais alterações ou a não obtenço desses incentivos.
Especialmente em períodos de discussão de reforma do marco regulatório do setor
elétrico e de reforma tributária.
Logo, o escopo do parecer deve incluir, minimamente, as seguintes questões:
i) Quais os beneficios fiscais aplicáveis a este projeto?
i) Para cada incentivo, qual a esfera responsável pelo beneficio (e.g. federal.
estadual ou municipal), qual é o órgão responsável pela concessão, qual a
legislação aplicável e como é o processo de obtenção?
ii) O projeto contempla todos esses beneficios em seu estudo de viabilidade
econômica?
V) O projeto considera adequadamente os custos a serem incorridos com a
obtenção de cada beneficio e com o cumprimento, posterior, de eventuais
obrigaçõese contrapartidas dele decorrentes?
) O projeto contempla o processo de obtenção de todos esses beneficios em
Seu
cronograma de implantação?
Quais as chances de obtenção de cada beneficio e por quê?
) AS propostas de reforma tributária e do setor elétrico em discussão podem

mpactar a continuidade ou abrangência dos incentivos fiscais considerados


para o projeto?
vii) Caso positivo, detalhar quais são as alterações equantificar potenciais impac-
tOs. Estimar margem de erro, para mais e para menos, da quantificação dos
referidos impactos.
HELOISA F A SCARAMUCCI
252 EDUARDO TOBIASN. E RUIZ E

de aprovação de cada alteração considerad


erada.
ix) Opinião sobre probabilidade
as novas regras entrariam em vigoree
x) Opinião sobre a partir de
quando e se

valeriam retroativamente.

Dentre os incentivos fiscais aplicáveis a projetos de geração centralizada e.


solar
FV. vale destacar:

13.2.1 REIDI
O REIDI Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da
Infraestrutura - é um incentivo fiscal federal baseado na Lei Federal n." 11.488/07
(Arts. 1° a0 5), Decreto Federal n.° 6.144/07, Instrução Normativa n.° RFB 1.911/19e
Portaria MME n° 318/18. O beneficio prevé, para projetos de infraestrutura, incluindo
projetos de geração centralizada solar FV, a suspensão integral da contribuição para
o PISe a COFINS sobre bens destinados ao ativo fixo e serviços. Os gastos incluem
máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos novos, materiais de construção e
prestação de serviço por pessoa juridica estabelecida no país.
O Decreto Federal n.° 6.144/07 atribuiu ao MME a competência para estabelecer
quais projetos são passíveis de enquadramento e publicar a portaria de aprovação do
requerimento ou despacho de indeferimento.
O processo de obtenção do incentivo consiste nos seguintes passos:

Protocolo do
requerimento Análise do Publicação Protocolo do Análise do
Publicação da
da
de enquadra
mento na
requerimento
pela ANEEL ortariapleito ao
do MME REIDI
na Receita
pleito pela
Receita
habilitação do
projeto ao

ANEEL e MME enquadrando REIDI no


o projeto Federal Federal D.O.U.

Fig. 13.1. Etapas para


habilitação do projeto ao REIDI
A Portaria MME n.°3 18/18
prevê que a solicitacão do enquadramento no REIDI
seja feita à ANEEL. Para r
isso, a pessoa juridica titular do precisa apresentar
requenmento específico com a projeto precisa a
autonzação para exploração de documentação
de
ali
listada, inclusive o nümero
geração de energia elétrica (vide item
9.1)
13INCENTIVoS FISCAIS ETRIBUTAÇÃO 253

Encerrada a análise pela ANEEL, ela encaminhará ao MME os documentos


resentados e a manifestação acerca da adequação do pleito. O projeto será conside-
aprese

enquadrado no REIDI mediante a publicação de portaria do MME. Alteraçðes


enquadrado no RE
ado
aracteristicas técnicas ou de titularidade dos projetos enquadrados não ensejarão a
ublicaçãode nova portania pelo MME para os fins do REIDI, desde que tais alterações
autorizadas pela ANEEL ou pelo MME.
tenham sido
deverå ser submetido à Secretaria da Receita
Após tal enquadramento, o pleito
Fejeral, conforme Instrução Normativa RFB n.° 1.911/19.Aformalização da habilitação

ao REIDI dá-se por meio de publicação no Diário Oficial da União.


Também poderá usufruir do beneficio do REIDI a pessoa juridica co-habilitada
ao REIDI é aplicável à pessoa juridica que aufira receitas
aoregime. A co-habilitação
decorrentes da execução por empreitada de obras de construção civil, contratada pela

pessoa juridica habilitada ao REIDI. Além disso, a coabilitação estará sujeita aos

seguintes requisitos aplicáveis à pessoa juridica a ser coabilitada:


i) comprovação de atendimento de todos os requisitos necessários para a
habilitação ao REIDI;
i) cumprimento das demais exigências estabelecidas para fruição do regime;
i) não ser optante pelo regime tributário Simples Nacional de que trata a Lei
Complementar n.° 123, de 14 de dezembro de 2006;
iv) não estar iregular em relação às contribuições e aos impostos administrados
pela Receita Federal do Brasil.

1:22 SUDENE e SUDAM


Incentivo fiscal federal baseado na Lei Federal n.° 13.799/19, que alterou a
Medida Provisória n." 2.199/14. O benefício prevê para empresas que fazem investi-
tDenios produtivos considerados prioritários para o desenvolvimento regional na regiáo
uperintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) e Superintendência
do Desenvolvimento da Amazónia (SUDAM), redução de 75% da aliquota de IRPJ por
um periodo de 10 anos. O incentivo é elegível para projetos de geração centralizada

solar FV.
O beneficio é válido para projetos protocolados e aprovados até 31 de dezembro
Lucro
4023 e aplicável somente se o projeto estiver no regime de tributação por
Oprojeto deve obter laudo constitutivo do direito ao beneficio junto à SUDENE
UDAMa ser emitido pelo Ministério da Integração Nacional e solicitar seu reco-
Cimento junto à Secretaria da Receita Federal.
nportante destacar que a redução de 75% do IRPJ não éuma isenção. Segundo
o
parágra 3° do Art. 19 do Decreto-lei n. 1.598/77, o beneficiário deve constituir
SCARAMUCCi
254 EDUARDO TOBIAS N. F RUIZ E HELOISA F A.

'reserva de incentivos fiscais' como valor resultante do beneficio. Este valorsA


ser utilizado para absorção de prejuízo ou aumento de capital social, não podend. podera
endo ser
distribuido aos sócios.

13.2.3 Redução da TUSD e TUST


Projetos de APE e de PIE a partir de fonte solar FV podem se beneficiar de
de
redução na TUST e TUSD. A redução está prevista na Lei Federal n.° 9.427/96
que
foi modificada por diversas leis posteriores e prevê condições distintas de desconto
ao longo do tempo.
Os descontos previstos na Lei Federal n. 9.427/96 foram regulados pela
Resolução Normativa ANEEL n.° 77/04, nos termos a seguir.
Fica estipulado o percentual de redução de 50%, a ser aplicado às tarifas de uso
dos sistemas de transmissão e de distribuição, incidindo na produção e no consumo da
energia elétrica comercializada ou destinada à autoprodução, para empreendimentos
com base em fonte solar:
i) cuja potência injetada nos sistemas de transmissão ou distribuição seja igual
ou inferior a 30.000 kW; ou
i) cuja potência injetada nos sistemas de transmissão ou distribuição seja supe-
rior a 30.000 kW e igual ou inferior a 300.000 kW que sejam vencedores de
LEN, LER ou LFA realizado a partir de 1° de janeiro de 2016; ou
ii) cuja potência injetada nos sistemas de transmissão ou distribuição seja supe
rior a 30.000 kW e igual ou inferior a 300.000 kW que sejam autonzados a

partir de 1° de janeiro de 2016.

Para os empreendimentos com base em fonte solar que entraram em operao


comercial até 31 de dezembro de 2017, o percentual de redução é de 80°% aplicavc
10 primeiros
nos anos de operação da central geradora, aplicando-se o desconto
S0% para os anos
subsequentes. onadas
No entanto, dentre as medidas para modernização do setor elétrico menet
pos.
no item 2.6, o Grupo de Trabalho 'Racionalização de Encargos e Subsidios
p
extinção do subsídio referente ao desconto na TUST/D para novas outorgas ac autor

zação para exploração de geração de energia elétrica, e descontinuidade do acs

para renovação de outorgas nas seguintes bases:


do
i) os descontos não serão aplicados aos empreendimentos: apos
suas

prazo constante do instrumento inicial de outorga; em prorrogaçoe o da


lia
outorgas; decorrência de
ou em alterações da outorga em

capacidade instalada;
13. INCENTIVos FISCAIS E TRIBUTAÇÃO 255

iOs descontos serão aplicados somente aos empreendimentos outorgados até


30 meses após a entrada em vigor das alterações, e desde que atendam aos
seguintes requisitos: tenham solicitado outorga no prazo de 18 meses da
entrada em vigor das alterações; e tenham iniciado a operação comercial
da sua ültima Unidade Geradora no prazo de 48 meses da entrada em vigor
das alterações.

Essa proposta de extinção foi oficializada em 1° de setembro de 2020, com a


hlicacão da Medida Provisória n.° 998. Esta prevê uma regra de transição para o
pu
Em do desconto para novas outorgas. O Inciso I, Art. 4°, indica que a redução de 50%
na TUST/D ainda será aplicável a novos projetos que, cumulativamente, solicitarem
a Qutorga de autorização até 31 de agosto de 2021 e iniciarem a operação em até

48 meses contados da data da outorga.

1324 Beneficios estaduais sobre o lCMS

Incentivo fiscal estadual eventualmente aplicável e regulado diferentemente em


cada estado. O beneficio pode prever, dentre outras coisas: diferimento do pagamento
de ICMS sobre aquisição de bens destinados ao ativo fixo; e reduções ou financiamento
das alíquotas de ICMS, arrecadadas no estado de origem, sobre a receita do projeto.
Esses beneficios geralmente são concedidos pelas Secretarias Estaduais de Indústria
eComércio e/ou da Fazenda.

1325 Beneficios municipais sobre o lSsUNN

Incentivo fiscal municipal eventualmente aplicável e regulado diferentemente


Cada município. O beneficio pode prever, dentre outras coisas, redução de tributos
pcavels a deteminados serviços, sobretudo durante a construção da usina. No entanto,
e m vista que os projetos solares são desenvolvidos em regiðes que. geralmente,
pouco industrializadas e os municipios não possuem muitas fontes de receitas, é
q u e os municípios não apresentem beneficios e façam movimentos para, tanto
quianto
possível, aumentar a arrecadação.

132.6 Ex-tarifário

ex-tarifário consis na redução temporária da aliquota do imposto de importa


ção de bens
de capital quando não houver a produção nacional equivalente. O objetivo
256 EDUARDO TOBIAS N. ERUIZ EHELOISA F A. SCARAMUCC

desse regime é promover a atração de investimentos no Brasil, desonerando os.

direcionados a empreendimentos produtivos.


aportes
As Resoluções n. 69 e 70, da Câmara de Comércio Exterior (Camex), Duhlic d
adas
em 20 de julho de 2020, incluíram cerca de 110 ex-tarifários relacionados a méa
ulos
motobombas.
solares, inversores, trackers e
Assim, ficam alteradas para 0%, ate 31 de dezembro de 2021, as alíquotas
do
Imposto de Importação, na condiço de ex-tarifários, incidentes sobre os bens de capital
listados nas aludidas Resoluções.

13.2.7 PADIS
Um outro incentivo que afeta a cadeia produtiva solar FV diretamente e, indireta:
mente, os projetos de geração, está previsto no Programa de Apoio ao Desenvolvimento
Tecnológico da Indústria de Semicondutores (PADIS). O PADIS foi criado pela Lei
Federal n. 11.484/07, e regulamentado pelo Decreto Federal n.° 6.233/07.
Trata-se de um conjunto de incentivos fiscais federais para contribuir para
a atração de investimentos nas áreas de semicondutores. No caso da cadeia solar
FV, os incentivos aplicam-se às células FV (NCM 8541.40.16) e módulos FV
(NCM 8541.40.32), incluindo lingotes de silício e a purificação do silicio.
O programa contempla redução a 0% nas alíquotas do Imposto de Importação,
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), PIS/PASEP e COFINS na aquisição
local ou importada de máquinas, equipamentos, aparelhos, instrumentos utilizados na
implantação dos investimentos industriais.
A desoneração aplica-se, ainda, a insumos e matérias-primas, bem como ferra-
mentas de software. Os produtos incentivados pelo programa constam dos Anexos la
IV do Decreto Federal n.° 6.233/07, conforme alterado.

13.28 Beneficio sobre o IR para adquirentes de debêntures incentivadas


Conforme previsto na Lei Federal n.° 12.431/11, as debêntures emitidas por
SPE, Constituídas sob a forma de sociedade por açðes, para financiar a implementagao
de projelos de infraestrutura considerados como prioritários têm seusrendimeu
oferecidos à tributação exclusivamente na fonte nas seguintes condições:
1 % para pessoas fisicas (bem como para não residentes que nao jam
localizados em paraísos fiscais);
ii) 15% para pessoas jurídicas.
auto
O mesmo tratamento é dado
para debêntures emitidas por concessionarla, a
ri2ataria ou arrendatária (constituidas na forma de S.A.) objeto de distribuiçao pa
13. INCENTIVOSFISCAIS ETRIBUTAÇÃO 257

O Decreto Federal n.° 8.874/16, regulamentou as condições para aprovação


e nrojetos de investimento considerados como prioritários na área de infraestrutura.
dosprojetos
entendidoprioritário, o projeto deve ser aprovado pelo ministério
como
Para que seja a Portaria MME n.° 364/17
responsável. No caso da geração,
respe
regula o assunto e deta-
tos e documentos a serem apresentados para o enquadramento do
Iha os procedimento
projet como prioritário. Projetos de geração centralizada solar FV são elegiveis ao
MME.
enquadramento junto
ao

o beneficio fiscal indicado no item (i) também vale caso as pessoas fisicas
adquiram cotas de determinados Tundos de investimentos, desde que cumprar
exigéncias previstas na Lei Federal n. 12.431/11.As modalidades de fundos elegíveis
a esse beneficio e respectivos requisitos são:

a) Fundo de Investimento em Renda Fixa (FIRF)

Os FIRFs deverão aplicar, no mínimo, 85% do Patrimônio Líquido (PL) em


ativos de infraestrutura. Porém, nos dois primeiros anos contados da data da primeira
integralização de capital, o percentual minimo de ativos de infraestrutura poderá ser
de 67% do PL. O prazo máximo para enquadramento no percentual minimo de 85% é
de 180 dias contados a partir da primeira integralização de capital.

b) Fundo de Investimentos em Direitos Creditóios (FIDC)


Os FIDCs deverão aplicar, no mínimo, 85% do PL em ativos de infraestrutura.
Porém, nos dois primeiros anos contados da data da primeira integralização de capital,
o percentual mínimo de ativos de infraestrutura poderá ser de 67% do PL. O prazo

maximo para enquadramento no percentual mínimo de 85% é de 180 dias contados a


partir da primeira integralização de capital.
C) Fundo de Investimento em Participações em Infraestrutura (FIP-E)

OFIP-IE foi criado pela Lei Federal n.° 11.478/07 e regulamentada pela Instrução
Omativa CVM n.° 578/16. De acordo com tal lei e regulação, o FIP-IE deve observar
OSeguinte, dentre outros aspectos:
) investir 90% do PL em SPE com foco em novos ou expansões de projetos
de
infraestrutura, incluindo energia;
) ser constituído como condomínio fechado;
ii) ter, no minimo, cotistas, e nenhum deles deve ter participação superior a
40% do FIP-IE;
participar do processo decisório das sociedades investidas, com efetiva
influência na definição de suas políticas.
258 EDUARDO TOBIASN. F RUIZ E HELOISA FA. SCARAMUCI

REFERENCIAS
2004. Estabelece os proced:.
n.° 77, de 18 de agosto de
ANEEL. Resolução Normativa clétricos de transmissão e de distriko
vinculados àredução das
tarifas de uso dos sistemas istribuiç
hidroelétricos e base em
aqueles com fonte solar, cólica. bic
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potência injetada nos c
buição
ou cogeração qualificada. cuja da União. 19 ago. 2004,
menor ou igual 30.000 kW. Diário Oficial
a
seja
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BRASIL. Decreto n.°1.598,


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1977.

BRASIL. Constituição Federal.


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Gráfico, 1988.

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dezembro de 1995. Altera a legislação do imposto de renda das
BRASIL. Lein.°9.249, de 26 de
como da contribuição social sobre o lucro liquido. Brasilia, 1995.
pessoas juridicas, bem
BRASIL. Lei n.° 9.427, de 26 de dezembro de 1996. Institui a Agência Nacional de Enereia
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elétrica. Brasilia, 1996.

Dispõe sobre contribuições para PIS/


BRASIL. Lei n.°9.715, de 25 de novembro de 1998.
as

PASEP.Diário Oficial da União, 26 nov. 1998.


legislação tributária federal.
Lei n. 9.718, de 27 de novembro de 1998. Altera
° a
BRASIL
Brasilia, 1998.
2001. Altera a legislação do
BRASIL. Medida Provisória n.° 2.199-14, de 24 de agosto de
fiscais de isenção e de redução. Brasilia
imposto sobre a renda no que se refere aos incentivos
2001.
PASEP
Cobrança não cumulativa de PIS
e
BRASIL. Lein.°10.637, de 30 de dezembro de 2002.
Brasilia, 2002.
BRASIL. Lei n.° 10.833, de 29 de dezembro de 2003. Altera a legislação tributária feaerd
Brasilia 2003.
BRASIL. Lein.°11.478, de 29 de maio de 2007. Institui o Fundo de Investimento em Particla
em Infraestrutura (FIP-IE) e o Fundo de Investimento em Participação na Produção Econou
Intensiva em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (FIP-PD&I). Brasilia. 200
tria de
às
BRASIL. Lei n." I1.484, de 31 de maio de 2007. Dispðe sobre os incentivos inaus
equipamentos para TV Digital e de semicondutores. Brasilia, 2007.

BRASIL Lein"11.488,de 15 de junho de 2007. Cria o REIDI. Brasilia. 2007


tação e
a forma de habinl
6.144, de 3 de julho de 2007. Regulamenta
°
BRASIL. Decreto n.

co-habilitação ao REIDI. Brasilia, 2007. feito d


critérios pata
BRASIL. Decreto n.°6.233, de 11 de outubro de 2007. Estabelece
habilitação ao PADIS. Brasilia, 2007. sobre

BRASIL. Lei n."12.431. de 24 de junho de 2011. Dispöe sobre a tributação inciaci


debéntures de infraestrutura. Diário Oficial da União, 27 jun. 2011.
CAPÍTULO 14

ESTRATEGIA MERCADOLÓGICA
E COMPETITIVIDADE
Marilia Martins Múffalo Rabassa

Com a queda abrupta da demanda por energia elétrica, dos preços de compra
de energia elétrica nos leilões do ACRe do custo de equipamentos de geração solar
FV. conforme discutido nos capítulos 1 e 10, novas modalidades e estratégias de
comercialízação ganharam releváncia paraprojetos de geração solar FV. Até então.
variáveis preço e demanda eram dadas pelo mercado, o risco de crédito era conhecido e

os contratos de venda padronizados. Agora, essas variáveis passaram a ser diferenclas

Competitivos.
Ao mesmo tempo, a quantidade de projetos de geração solar FV cresceu signit
em
cativamente nos últimos anos (EPE, 2020a). São mais de 28,6 GWac (EPE. 20205)
projetos greenfield prontos para comercializar energia elétrica, aumentando a concorc
cia para assegurar contratos de venda. Quando da negociação da venda da energidc
olares
noACR, um projeto solar FV concorre pelo preço mais competitivo com projetos
outras
FVs de todo o Brasil, além da concorrência pelo ponto de conexão com projetos ac
o com
fontes de vez, não só concorre pelo preço mais
geração. No ACL. por sua
competu
projetos solares FVs de todo o Brasil, mas também com projetos de geração de quaisquer

outras fontes.
elétrica
Dai a importáncia da escolha da estratégia de comercialização deenergla solar

e da análise da competitividade ao desenvolver ou adquirir um projeto de geraçad


comer

FV. Visando essa


avaliação, este capitulo explora as diferentes estralega solar
Cialização de energia elétrica e características intrinsecas de projetos de geraya
FV que maximizam sua
competitividade.
14.ESTRATEGIA MERCADOLÓGICA ECOMPETITIVIDADE 261

14.1
ESTRATÉGIAS DE COMERCIALIZAÇAO DE ENERGIA ELÉTRICA
Modalidades de
comercializaço
41.1
ecta secão serão abordadas diferentes estratégias de comercialização de ener-
de geração solarFV, incluindo suas principais caracteristicas,
por projetos
gia elétrica
vantagens e desvantagens.

no ACR
a) Venda exclusivamente
A comercialização de energia elétrica exclusivamente no ACR foi a estratégia

de comercialização estreante de projetos de geração solar FV. A modalidade consiste


todo o montante da garantia fisica do projeto por meio dos
na venda de. praticamente,
eilbes promovidos pelo Govermo Federal. Foi amplamente utilizada pela grande maioria
dosprojetos que tiveram contratos de venda assinados entre os anos de 2013 e 2017.
A venda exclusivamente no ACR é composta por processo licitatório consolidado
e transparente por meio de leilões eletrônicos promovidos pela CCEE. O cronograma
de implantação e etapas regulatórias é predefinido em edital e os contratos são padro-
nizados. Portanto, resultando em pequeno esforço comercial para a venda de energia
elétrica. Adicionalmente, nos certames LER e LEN (A-3 ou A-4), o projeto vencedor
Tecebe a garantia de margem de escoamento da energia elétrica no ponto de conexão
indicado na inscrição.
A contraparte dos CCEARs pode ser tanto a CCEE, no caso do LER, como um
de distribuidoras de energia elétrica que declararam necessidade de compra,
o caso de LEN, LEE e LFA. Em todos esses casos, o risco de crédito dos contratos
Ge leilões é historicamente
baixo, tanto pelo risco de inadimplemento da CCEE, como
peia
pulverização de compradores nos demais casos. No entanto, a queda da demanda
Energia elétrica nos leilöes do ACR majorou o risco de crédito de alguns CCEAR,
Edida em que poucas distribuidoras participaram. No LEN A-4 de 2019, por exem-
OUve somente duas distribuidoras compradoras, sendo uma delas responsável por
d o volume total contratado (CCEE, 2019). Portanto, diferentemente do ACL, no
LEN
ou
o
projet toma a decisão do preço de venda da energia elétrica sem saber quem
s
guantas são
o
suas
contrapartes.
da energia elétrica é definido pelo próprio mercado em decorrência
modalidade de leilão reve
everso, ou seja, o CCEAR é assinado com os projetos que
apresentem onmenor
o r preço de venda. Como é possível visualizar na tabela a seguir,
FV
preço
tem médio de comercialização de energia elétrica pelos projetos de geração solar
FV
deestem ido uma
destinadosofrido
uma«queda significativa desde 2013, quando ocorreu o primeiro leilão
exclusivamente à geração solar FV.
262 MARILIA MARTINS MUFFALO RABASSA

Tabela 14.1. Preço médio de venda de energia elétrica por projetos de geração solar E
Preço médio de venda Preço médio de venda Taxa de càmbio
Leilão do ACR (BRL) (USD) na data
Leilão de Pernambucoo R$ 242,66/MWh USS 103,26/MWh R$ 2,35/US$s
LER 2014 R$ 215,12/MWh USS 88,16/MWh R$ 2,44/USS
1° LER 2015 R$ 301,79/MWh US$ 84,30/MWh R$ 3,58/USS$
2 LER 2015 RS 297,75/MWh US$ 78,36/MWh R$ 3,80/USS
LEN A-4 2017 R$ 145,71/MWh US$ 44,02/MWh R$ 3,31/USS
LEN A-4 2018 R$ 118,07/MWh USS 35,24/MWh R$ 3,35/USS
LEN A-4 2019 R$ 67,48/MWh US$ 17,62/MWh R$ 3,83/USS
LEN A-6 2019 R$ 84,39/MWh USS 20,38/MWh RS 4,14/USS
Fonte: ANEEL (2020a); IPEA data (2020).

Apesar disso, é importante ressaltar que os preços dos leilöes a partir de 2019
não refletem nos preços de uma estratégia de venda exclusivamente no ACR. Nos
leilões de 2019, os projetos de geração solar FV comercializaram, em média, 34% da
garantia fisica no LEN A-4 e 36,5% no LEN A-6 (ANEEL, 2020a).
Outras características favoráveis relevantes dos CCEAR são o reajuste de preço
anual pela inflação (IPCA) e prazo do fornecimento de 20 anos. Para maiores detalhes
sobre os termos e condições dos CCEAR vide item 19.2.
Existem cerca de 137 projetos vencedores de leilões que utilizaram a estratégia
exclusivamente no ACR, totalizando 3,729 GWac de capacidade instalada,
conforme detalhado no capítulo 4.

b) Venda para ACR e ACL


Consiste na venda de energia elétrica de um mesmo projeto parcialmente para o

ACR e para o ACL. Nesta modalidade,


gerador beneficia-se das vantagens do
o
e, ao mesmo
tempo, busca preços superiores com a venda de parte da energldci
para consumidores ou comercializadoras de energia. Desta forma, conseguc anter
u
retomos financeiros atrativos matriz de risco mais equilibrada.
e uma
Essa modalidade tenta associar o melhor dos dois mundos. No ACR, há o
cronno
Brama regulatório
preestabelecido, prioridades no escoamento da energia elérica
ponto de conexão, contrato de longo prazo com condições conhecidas pelo mercado e

risco de crédito baixo ou elétrica


pulverizado. No ACL, os preços de venda ac u solares FV
praticados, em geral, são superiores aos praticados no ACR pelosprojetos VS
Je precisanm ser
Apesar das vantagens, essa estratégia apresenta
alguns desafios que pie
evados em
consideração. Um desses desafios é o esforço comercial que o enp
preendedo

a
devera caso

realizar para a assinatura de contratos de venda no ACL, principalmen


1. Os preços são das
datas em que ocorreram os leilões.
14. ESTRATÉGIA MERCADOLÓGICA ECOMPETITIIDADE 263

ea:
energia elétrica diretamente para um consumidor final e não
vende
em que o projeto
a uma comercializadora. Outro desafio é dos prazos de contrato que são menores,
ara uma comercializador

p a r a

figura 14.1.4
onforme figura 14.1.Adicionalmente, é preciso estar atento para o risco de crédito da
aparte do CCEAL, o risco de submercado e de sazonalização da energia elétrica,
detalhados no capítulo 18.
conforme

100.000 Até 6 meses


90.000 6 meses a 1 ano
Acima de 1 ano até 2 anos
80.000
Acima de 2 anos até 4 anos
70.000 Acima de 4 anos até 8 anos
60.000 Acima de 8 anos até 12 anos
Acima de 12 anos
50.000

40.000-

30.000
20.000-

10.000-

0TTTIT

Fig. 14.1. Montantes de contratos CCEAL no centro de gravidade por duração.


Fonte ABSOLAR (2018).

Esta estratégia começou


amplamente utilizada por projetos de geração
a ser
SOlar FV a
partir do ano de 2017, em que houve uma queda significativa nos preços de
energia elétrica negociados nos leilões do ACR. Existem cerca de 46
OES de
projetos vence-
leilões que utilizaram a estratégia de venda
para ACR e ACIL, totalizando
, 4 GWac de
capacidade instalada (ANEEL, 2020a). Porém, nem todos os projetos
dma contraparte para a qual foi realizada a venda de energia elétrica no ACL.
UmACmplo
exemplo queque divulgou a contraparte é o projeto Serra do Mel I e 2, da Voltalia do
I e Comercializou cerca de 35% da sua garantia física no LEN A-6 de 2019 e,
onalmente, ass
assegurou contrato de 20 anos no ACL diretamente com a Braskem
(AGENCIA CANAL ENERGIA,
2020a).
c) Venda exclusivamente no ACL
Est
*ld
modalidade consiste na venda da totalidade da energia elétrica do projetono
ACL.A
mais contraparte do contrato pode ser um ou mais consumidores finais e/ou uma ou
mercializadoras de energia. Nesta estratégia, todas as caracteristicas do contrato
264 MARÍLLA MARTINS MÚFFALO RABASSA

são negociadas diretamente entre as partes, tais como: preço; prazo; submercado da
de
entrega da energia elétrica; curva de entrega; penalidades etc.
O esforço comercial do projeto nessa estratégia é alto, tanto para a identificac
da contraparte como também para a negociação dos termos do contrato. De forma geral
cação
os contratos apresentam preços maiores que os praticados no ACR, porém, praa
razos
enores. O risco de crédito da contraparte pode sersignificativamente maior, além de
de
ser concentrado no caso da venda para um único consumidor. Um risco de crédito maior
pode dificultar e encarecer o acesso a financiamento para o projeto, principalmente nos
casos em que a contraparte é uma comercializadora de energia elétrica.
Outra desvantagem é o maior risco de indisponibilidade de margem de escoa-
mento de energia elétrica no ponto de conexão, se comparado a um projeto com CCEAR
previsto para conectar-se no mesmo ponto. Conforme abordado no item 8.2.1 (c), projetos
vencedores de alguns tipos de leilöes no ACR possuem margem de escoamento garan-
tida. Logo, têm prioridade para a conexäo ao sistema de transmissão ou distribuição.
A prioridade de conexão para os projetos de ACR também abrevia o prazo
para contratação da conexão e do uso dos sistemas de transmissão ou distribuição.
Consequentemente, favorece o cronograma de implantação do projeto do ACR versus
aqueles dedicados ao ACL exclusivamente. Segundo levantamento feito pela ABSOLAR
(2019) junto ao mercado, para um projeto do ACL são necessários 15 meses desde a
obtenção do DRO até a assinatura do CUST/CCT.
Alem disso, conforme detalhado no item 11.2, projetos que vendam energia
elétrica no LEN tÉm a TUST/D estabelecida, por todo o prazo da outorga, previamente
a realiza_ão do respectivo leilão. Logo, definida previamente a determinação do preço
de venda da energia elétrica pelo empreendedor. Por outro lado, projetos não vence
dores de LEN terão o valor da TUST estabelecida, por dez ciclos tarifários, à epoca da

outorgade autorização (ANEEL, 2013). Como a outorga implica no compromisso de


construirprojeto
o confome cronograma lá determinado, o enmpreendedor, frequente
mente, negocia o preço de venda da energia elétrica antes. Portanto, negocia o prego
sem sabero valor
da TUST/D.
Essa modalidade de comercialização pode ser realizada com contraparte unica ou

omdversas contrapartes. As vantagens de utilizar diversas contrapartes éa pulveri.s ão


do risco de
crédito, além da possibilidade de negociar condições comerciais alc es
ercial
para cada contrato. Apesar destas
vantagens, a modalidade apresenta esforço Co
ainda mais elevado, dada a necessidade de lidar com diversas contrapartes. Além sSO,

na maior esforço de
faturamento, gestão da energia e gestão contratual do pr jeto
A
popularidade desse tipo de estruturação para projetos de geração
cresceu com o advento de
soar
leilðes privados. Destaque para os leilðes organizad
10 a
amente pelos braços de comercialização de distribuidoras de energia elétrica, con
CEMIG (FREIRE,
2019) ea COPEL (FReiRE, 2020a).
14 ESTRATEGIA MERCADOLÓGICA ECOMPETITIVIDADE 265

De acordo com estudo realizado pela CELA, já existem mais de 58 contratos de


a de energia elétrica solar FV no ACL, dos quais 27 assinados e 31 em negociação.
enda a 6,5 GWp em capacidade instalada (FREIRE, 2020b). Um exemplo
Eles equivalem
estruturado nessa modalidade éo projeto UFV Atlas Casablanca,
rático de projeto
P r á

d aAtlas Renewable Energy, que assinou contrato com a Anglo American para forne-

imento de energia
Cim
elétrica por 15anos (AGtNCIA CANAL ENERGIA, 2020b).
Venda para ACL e MCP
d
Esta modalidade de comercialização é derivada da modalidade de venda no ACL
norém com o diferencial de que parte da garantia física do projeto fica descontratada.
LoRO, esta parte é liquidada no MCP. Essa estratégia é utilizada quando se acredita
que as condiçðes
de preço da energia eletrica no MCP seråão superiores às condiçöes
obtidas no ACL. É também oportuna quando não é possível contratar toda a garantia
comerciais de contrato
fisica do projeto por falta de demanda ou quando as condições
no ACL não viabilizam economicamente o projeto.
O principal ponto de atenção desta modalidade é a volatilidade do PLD, que
pode apresentar valores entre R$ 39,89/MWh e RS 556,58/MWh (ANEEL, 2019a).
OPLD, até 2020, era calculado semanalmente para cada submercado do SIN em três
diariamente com base
cargas (leve, moderada e alta). Em 2021 passará a ser calculado
horiria. Seu valor é definido com base no custo de operação do sistema elétrico. Portanto,
varia em função da demanda de energia elétrica no sistema e do custo de geração para
atender a demanda, sendo altamente influenciado pela afluência das usinas hidrelétricas
CCEE, 2020a), o que torna complexa a previsão dos seus valores no longo prazo. Como
referéncia, segue gráfico como histórico do PLD para ilustrar a volatilidade de preço
da energia elétrica no MCP. Para maiores detalhes sobre a metodologia de cálculo do
PLDe as regras de contabilização e liquidação de operações no MCP, vide item
3.5.
900
800 SE/CO
700 Sul
Nordeste
600 Norte
500
400
300-
200
100
0
uef OL

. 1

u n .

Fig. 14.2.
Fonte: CCEEHistórico
do PLD por ercado.
(20206).
266 MARÍLIA MARTINS MÚFFALO RABASSA

e/ou atraso nos Daoan


é o risco de inadimplência
Outro ponto de atenção
no item (e), a
no MCP. Este tema será tratado guir.
pela energia elétrica liquidada solar FV que utilizam essa abordagem
de energia
Grande parte dos projetos
contratos n0 ACL. Desta forms
maioria da garantia f+sica
do projeto em
compromete a
ao MCP de modo a mitigar riscos associados à varia uriação
reduzindoo peso de exposição
a maioria dos projetos de geração solar FV possi
do PLD. É importante ressaltar que
da energia gerada. Contudo a
ao MCP, em torno de 5-10%
umapequena exposição um montante maior
item diz respeito a projetos que possuem
estratégia descrita nesse
de exposição ao MCP.

e) Venda no MCP
consiste em o projeto realizar toda a
Esta modalidade de comercialização
dessa estratégia é
venda de elétrica do projeto no MCP. A principal vantagem
energia
da energia elétrica com preço, na média, superior ao
a expectativa de comercialização
porém está sujeito às variações
ACLeACR. Requer baixo esforço de comercialização,de receitas.
imprevisibilidade
positivas e negativas do PLD e alta
são a volatilidade e a falta de
Os principais pontos de atenção dessa estratégia
na capacidade do projeto de
previsibilidade do PLD, o que influencia significativamente
econômica do projeto. O racional dessa
contratar financiamento e na própria viabilidade
médio da energia elétrica no MCP
estratégia está centrado na premissa de que o preço
o investidor contratar mais
seria maior que no ACR eACL. Logo, é de suma importância
de um estudo de projeção de longo prazo de PLD junto a empresas - independentes

análise de cenários e
especializadas. Recomenda-se que o escopo do estudo contemple
referências para a analise
atribuição de probabilidades. Tais estudos munirão o investidor de
de viabilidade econômica do Ainda assim, recomenda-se considerar um prëmio
projeto.
econômica. As
de risco no custo decapital do acionista quando da análise de viabilidade
mesmas recomendações valem para a estratégia de venda parcial no MCP,
do item anterior.

Devido à exposição integral ao MCP, passa a ser relevante a


análise do risco ae
no MCP
COmO
inadimplência e/ou atraso nos pagamentos pela energia elétrica liquidada
referência, segundo a CCEE, o inadimplemento real do MCP em 2019, sem consiacta

valores da conta GSF, foi da ordem de aproximadamente R$ 1 milhão (GODol, 201


Ate a data de publicação deste livro, não foi identificado nenhum projeto de gertav
1drr gue tenha optado por utilizar essa modalidade de comercialização no Brasi

) APE 'tradicional
de de
AAutoprodução de Energia também pode ser considerada uma
moaaidd aliza o
reala
Comercialização, mesmo nos casos em que o consumidor de energia elétrica
investimento completo do projeto.
14 ESTRATEGIA MERCADOLOGICA ECOMPETITIVIDADE 267

Como explicado no item 3.6, um APE é um consumidor que optou por investir
pria de energia elétrica. A estruturação da modalidade APE tradicional
eração própria
na
core quando oo consumidor de energia elétrica realiza o investimento direto em uma
orTe quando

lanta de geração para neficio próprio. Nesse caso, a empresa desenvolvedora do


rojeto poderia ser remunerdda pelo consumidor de várias formas. Dentre elas: uma
projetd
de venda ou de «desenvolvimento deste projeto; serviço de gestão da construção
venda ou
eceita de
sina FV: da gestão da usina FV quando operacional; do serviço de operação e manu-
dau
usina
tencão do projeto: da comercialização de excedentes e déficits de energia elétrica etc.
modalidade APE é vantajosa para o consumidor de energia elétrica, pois
não há incidéncia dos encargos CDE e PROINFA. Adicionalmente, sobre a energia
onsumida através da APE não deve incidir ICMS, mesmo tendo como destino
o consumidor final, pois não ocorTe a operação de compra e venda de fato. Por outro
lado, a estruturação desse modelo de comercialização pode ser proibitiva para alguns
consumidores, dado que é necessário que realize o investimento no projeto, além de se
tomar, do ponto de vista regulatório, responsável por toda a gestão do projeto.
O interesse pela estruturação de projetos de geração solar FV na modalidade
APE tem crescido nos últimos anos, porém muitos projetos têm dificuldade de avançar
dada a necessidade de investimento pelo consumidor. Tendo em vista esse desafio,
empresas desenvolvedoras de projetos buscam alternativas para que seja possível
assegurar contratos nessa modalidade. Por exemplo: a estruturação de projetos na
modalidade Equiparado à APE"', descrita a seguir; a avaliação da possibilidade de
assinatura de contrato de arrendamento da usina entre o projeto (arrendador) eeo
consumidor (arrendatário) como forma de retirar a necessidade de investimento pelo
Consumidor; dentre outras.
De acordo com o Sistema de Informações de Geração da ANEEL (SIGA)
ANEEL, 2020b), existem 176 projetos de geração em operação na modalidade APE,
GO que, até então, nenhum deles possui como fonte a geração solar Fv.

9) Equiparado à APE
Uma modalidade de comercialização que deriva da APE tradicional é a Equiparado
APE. Ela eé estrutu o consumidor de energia elétrica
se torna acionista
do projeto geração emquando
iadeestruturada conjunto com o desenvolvedor do projeto. Para que possa
ser cons em uma SPE.
quiparado à APE, o projeto deve estar segregado
Adiciona COCEAL com a SPE do projeto
preciso que o consumidor assine um
,tere beneficios
para e
que possa semelhantes ao da APE tradicional.
encargos mencionados
no APE
Nesta modalidade também são aplicáveis
APE tra
as isenções de
desenvolvedor do projeto solar FV
Onal. Desta forma, possibilita ao
268 MARÍLIA MARTINS MÜFFALO RABASSA

negociar um preço de venda de energia elétrica maior do que no ACL,


CL, dado. dado que o
consumidor consegue se benef+ciar dessas isenções de encargos. Porém, a eauina
limitar-se-á à parcela da energia elétrica destinada ao consumo próprio do cons
ou à sua participação no empreendimento, considerando-se a que for menor.
nidor
Um dos principais desafios dessa modalidade é a complexidade da as
u-
ra societária. O consumidor de energia elétrica e o desenvolvedor do proieto.
serão
acionistas da SPE. Logo, deverão negociar acordo de acionistas para regular diverios
versos
temas de gestão e govemança da SPE. Por exemplo, politica de distribuição de divi.
divi-
dendos e responsabilidades entre ambos (vide item 19.7). Além disso, é esperado que
o consumidor de energia elétrica realize investimento para adquirir a sua participacan
ação
na SPE, mesmo que em proporção menor å do APE tradicional. Do contrário, há riseo
regulatório de descaracterização da estrutura como APE. Por fim, ainda ocorre a inci
dência de ICMS sobre parcela da energia elétrica produzida pelo projeto e vendida
para o consumidor.
Esta modalidade tem sido utilizada como forma de minimizar para o consu-
midor o valor do investimento no projeto e mitigar o risco da gestão pelo consumidor
da modulação e sazonalização característico da fonte. Ainda não houve divulga-
ção de projetos de geração solar FV que utilizaram essa estrutura. Porém, empresas
atuantes em energias renováveis já utilizam essa modalidade de comercialização há
alguns anos para projetos de outras fontes. São exemplos: a Engie (PoLITO, 2018)
que fez parceria com a Claro em 2018 para complexo eólico na Bahia; a AES Tietë
(2020) que oferece esse 'produto' em seu website, inclusive colocando-se como
finan
ciador do investimento que cabe consumidor final;
ao Casa dos Ventos (2013)
e a
que anunciou em janeiro de 2018 acordo com a Vale S.A para projeto eólico de
151,2 MWac na Bahia.

1412 Vantagens e desvantagens das modalidades


Com base na
descrição das modalidades do item 14.1.1, foi elaborada u
matriz resumindo as
principais características das estratégias do ponto de vIStd do
gerador (investidor/desenvolvedor do o das
projeto). Desta forma, auxiliando a avaliaçao
pOssibilidades de
comercialização para um projeto de geração solar FV pelo inve> tidor.
A matriz foi idealizada com
base em 12 critérios de avaliação, que sao descritos
a seguir: ae
1) esforço comercial: nivel de esforço de venda da erador

terá. Classificado como


energia elétrica queo
baixo', 'médio' ou *alto';
1) risco de crédito: nível do ora de
risco de crédito da contraparte compru
energia elétrica do projeto. Classificado como 'baixo', 'médio ou aalto';
14
ESTRATEGIA MERCADOLÓGICA E
COMPETITIVIDADE 269
revisibilidade do preço: nível de previsibilidade do
nergia elétrica durante a vida útil do preço de venda da
média' ou 'alta'; projeto. Classificada como
"baixa',
:.nrazo do contrato: prazo do contrato
estimado, com base nos prazos usual-
mente observados para cada uma das modalidades de
Classificado como "longo, 'médio-longo', 'médio', comercialização.
Mrisco de submercado: casoo
'médio-curto' ou 'curto';
projeto seja responsável por
elétrica em submercado diferente do qual se encontra. entregar energia
aplicável' ou 'não aplicável"; Classificado como
vi) risco de sazonalização: caso a sazonalização seja ou
da carga (do flat conforme a curva
consumidor). Classificado como 'aplicável' ou 'não
vii) gestão da UFV: caso o aplicável;
desenvolvedor/investidor siga responsável pela gestão
do projeto e,
posteriormente, do ativo. Classificado como 'sim' ou 'não';
vii) implementação regulatória facilitada: caso o projeto se beneficie de
implantação regulatória prioritária para a emissão de Ato de
Outorga de
Autorização para Exploração, Parecer de Acesso, entre outros. Classificado
como 'sim' ou 'não';
ix) garantia de conexão: caso o projeto se beneficie de garantia de
margem de
escoamento de energia elétrica em seu
ponto de conexão, para os casos em que
há essa especificidade nos leilões de ACR.
Classificado como 'sim' ou 'não';
x) complexidade contratual: nível de
complexidade dos contratos de comer-
Cialização de energia elétrica ou, no caso de Equiparado à APE, o nível de
complexidade do acordo de acionistas/investimento. Classificada como
baixa', 'média' ou *alta";
N) investimento pelo consumidor: modalidade na qual há a necessidade do
consumidor de energia elétrica realizar investimento no projeto. Classificado
como 'sim' ou
'nãdo';
All) financiabilidade: é o nível de risco de insuficiência parcial ou total de recur
3Os para financiar o projeto. Classificado como "baixo', "médio' ou 'alto'

Com matriz descrita, é possível ter uma visâo global e comparativa


na
entre as estr
Se degias de comercialização para que o investidor possa avaliara que mais
enquadre no seu perfil.
270 MARÍLIA MARTINS MÚFFALO RABASSA

3
14. ESTRATÉGIA MERCADoLÓGICA E COMPETITIVIDADE 271

14.1.3 Consideraçoes sobre as estrategias de comercializaco

A
A definicão da estratégia de
comercialização de energia elétrica de um
faz parte de um processo complexo e particular. Como tal, precisa levar em projeto
consi-
deraç tanto
as caracteristicas intrinsecas de cada
projeto (e.g. localização, recurso
colar. margem de escoamento no ponto de conex o, solução técnica, entre outros).

amo as características do seu acionista e grupo econômico do qual o projeto faz parte
(ce. custo de capital, apetite a risco, portfölio de projetos etc.).
Dada essa complexidade de variáveis, apesar deste capítulo elencar as estraté-
oias de comercialização, suas vantagens, desvantagens, potenciais riscos e tendências,
não há como indicar uma estrategia como mais vantajosa que outra para projetos de

geração solar FV, em geral.


De toda forma, é evidente que cada vez mais os projetos de geração solar FV
estão migrando de estratégias de comercialização de menor complexidade e risco conhe-
cido, como éo caso dos leilões no ACR, para estratégias mais complexas e elaboradas,
como é das modalidades de vendas no ACLe APE. Nesse caso,
o caso
assegurando
CCEAL não somente com comercializadoras de energia elétrica, mas também com
consumidores finais, conforme os exemplos descritos neste capítulo
Apesar das tendências mencionadas, ao analisar a melhor estratégia de comer-
cialização para o projeto, o investidor precisa ter resposta positiva para quatro ques-
tionamentos iniciais:
1) Possui capacidade comercial para executar essa estratégia?
ii) Está confortável com o nivel de previsibilidade de receitas da estratégia
escolhida?
11) A estratégia se enquadra no perfil de riseo do acionista?
A estratégiapermite que o acionista obtenha o retorno esperado com o projeto?

Caso a resposta a esses questionamentos iniciais for positiva, a estratégia de


TC1al1zação é viável. Caso contrário, é necessário buscar outra estratégia que se
Enquadre melhor ao perfil do projeto e acionista.

42
COMPETITIVIDADE DE PROJETOS DE GERAÇAO SOLAR FV
nível de competitividade de de geração solar FV é
projeto
.nder 0 um
essencial para que
Pard que as premissas adotadas na estratégia de comercialização de energia
elétrica se concretizem.
Um projeto de é
tem maisumchances geraçgeração solar FV que possui alta competitividade aquele que
nances de êxito na comercialização do que projetos concorrentes, sendo
272 MARÍLIA MARTINS MÚFFALO RABASSA

que o conceito de projetos concorentes não se limita somente a projetos


etos de
de Rera.
geração
oníveis,
solar FV. O racional é avaliar objetivamente, com os dados disponí a rentabilidad
de diferentes projetos, supondo as mesmas premissas comerciais de venda daene
elétrica: preço; prazo; risco de crédito etc.
energia
Dentre as características de um projeto de geração solar FV no Brasil, as m.
mais
importantes para a sua competitividade são:
1) recurso solar;

ii) potência
ii) ponto de conexão;
iv) elegibilidade a financiamento de fundos constitucionais;
v) orçamento de CAPEX e cronograma de pagamento
vi) orçamento de OPEX;
vii) custo de capital do investidor.

fatores, quatro são intrínsecos do projeto em avaliação, ou seja, não podem


Destes
ser modificados,
independentemente da capacidade técnica e de negociação do investidor.
São eles o recurso solar, potência, ponto de conexão e
elegibilidade a financiamento
junto a fundos constitucionais. A potência pode ter alguma flexibilidade, a depender do
layout adotado e da disponibilidade de área; porém, não muita. Portanto, são essas quatro
características que requerem atenção especial de investidores na avaliação de projetos e
serão abordadas neste capítulo. Cabe ao investidor buscar dados de
referência de projetos
concorentes a fim de situar-se quanto à real competitividade do projeto em análise.
Opoder de barganha, capacidade técnica, econômica e experiência na negociaçao
do CAPEX e OPEX, assim como o custo de
capital do investidor também são fatores
cruciais na competitividade de um projeto. Quanto menor o CAPEX, OPEXe custo
de capital do investidor maior a competitividade do projeto.
de
Apesar disso, por se traa
características particulares a cada investidor, não serão abordadas neste capitulo.
A partir do entendimento das
caracteristicas de projeto aqui indicadas, o investo
terá condiçðes de fazer um
primeiro filtro, ou seja, descartar projetos com
fatores
baixa
competitividade. Dessa forma, direcionar seus esforços de análise em jetos
que possuam maior chance de serem
proje
bem-sucedidos.
14.2.1 Elementos relacionados ao recurso solar
a) Irradiação
A de
iradiação é
dos principais elementos de
um
competitividade de um proj
geração solar FV e seus dados estão de
todo
amplamente disponíveis para consulta. n 0
oterritório brasileiro possuir excelente irradiação, existem iação
regiðes com
u
14. ESTRATEGIA MERCADoLÓGICA E
COMPETITIVIDADE 213

exemplo, grande parte da região nordeste do


traordinária. Por
dinária. Por
país, o
que torna os
localizados nessa região mais competitivos.
pro

b) Fator de capacidade
Apesar do fator de capacidade estar
diretamente associado à irradiação na
egião em que o projeto está localizado, ele também reflete a solução técnica utilizada
o projeto. Portanto, tambem e um excelente elemento de
pel no comparação quesito
avaliação do recurso solar e que também pode indicar restrições ou
vantagens
técnicas dos projetos.
Maiores detalhes sobre irradiação e fator de capacidade são explorados no
capítulo 7.

1422 Elementos relacionados à potência do projeto

a) Proporção de investimentos fixos no CAPEX

O tamanho do projeto pode ser um elemento de competitividade caso possua


investimentos fixos relevantes no CAPEX, ou seja, aqueles que não variam conforme
a capacidade instalada do projeto.
Um exemplo de investimento fixo que pode ser relevante é o custo da linha de
transmissão, caso o ponto de conexão esteja distante do projeto. A linha de transmissão
precisa ser construída independentemente do tamanho do projeto. Portanto, projetos
maiores têm maior capacidade de diluir o investimento fixo na linha de transmissão
o que projetos menores, reduzindo o seu impacto na competitividade.

E importante ressaltar que, ao fazer essa análise, é preciso observar os limites


de capacidade da linha de transmissäo em quest o, para que o projeto não exceda o

ute da linha e necessite de investimentos adicionais.

b) Capacidade instalada do projeto


podem instalada se bene-
forma geral, projetos maiores em capacidade
ic uma OPEX. Não somente
ganhos de relevantes tanto no CAPEX quanto no
escala
dna Oluição de investimentos e despesas fixas., mas também pelo poder de barganha
dos projetos
1dçao com fornecedores. Vide capítulo 4 para consulta potência
à
4
geração solar FV vencedores dos sete leilöes do ACR.

Frojetos de expansão de capacidade instalada(brownfield)


Tam
e m chamados de projetos bronnfield, so expansões de outras usinas em
operação ou em construção. Nesse do compartilhamento de
Ouem caso, podem beneficiar-se
274 MARÍLIA MARTINS MÚFFALO RABASSA

infraestrutura e recursos humanos jáexistentes. Consequentemente, reduzindoac


e OPEX para o novo projeto, aumentando sua competitividade.
reduzindo CAPEX

14.2.3 Elementos relacionados ao ponto de conexo

a) Distância até o ponto de conexão

Um dos principais fatores de competitividade relacionados ao ponto de conev'.


de um projeto é a distáncia at o ponto de conexão. Tudo mais constante. qianto
mais
próximo, menores serão os investimentos com infraestrutura de conexão. Logo. maio
será a competitividade do projeto. Esse elemento é relevante se estivermos comparand
projetos de tamanhos similares, dado que projetos com maior capacidade instalada
podem absorver custos maiores com a infraestrutura de conexão, conforme explicado
nos elementos relacionados à potência do projeto.

b) Margem de escoamento remanescente do ponto de conexão


A margem de escoamento remanescente no ponto de conexão almejado pelo
projeto (barramento, subárea e área) é um dos fatores cruciais para a sua viabilidade.
Conforme detalhado no item 8.2, a concorrência por ponto de conexão entre projetos
solares FVs e eólicos no Nordeste é muito grande. Por conta deste fator, diversas
subestações estão em sua capacidade máxima ou próxima à máxima, impossibilitando
ou limitando a conexão de projetos novos.
E de extrema importância que seja realizada a avaliação do ponto de conexão
planejado para o projeto, de forma a definir se há a capacidade para a conexão do proje-
to avaliado, além de avaliar a concorrência pela capacidade instalada remanescente.
c)Custode TUST/TUSD
Há uma variável que, por vezes, foge aos olhos dos investidores: o cuso a
TUST/D do projeto em questão. A diferença da tarifa de um projeto para ouo p de
ser
significativa e ela representa o segundo custo mais relevante do proJero.
sendo

inferior somente ao custo de O&M. Esse custo é definido da


considerando o impa
conexão do projeto na Rede Básica e é um
especifico para cada projeto conectao
ponto de conexão.
Como
referência, e
no LEN A-4 de 2019, o projeto de maior TUST/D
TO
RS 10,581/kWac/mês, e o de menor foi de RS 0,625/kWac/mês (ANEEL, 2010b). Em
se tratando da segunda maior linha de
custo do DRE de
Ser o fiel da
um projeto, esta pre c0
balança em um
processo competitivo. Como a TUST/D é uma
função

domontante de uso do sistema, seu valor representa um percentual malor da receita


14. ESTRATEGIA MERCAD0LOGICA E COMPETITIVIDADE
275

liquio
ra um projeto solar FV se comparado a projetos de outras fontes, devido ao
fator de capacidade.
menor
Anremissa da TUST/D é exógena ao projeto, mas sua
referência de custo é
dado publico. No caso de projetos que comercializam
um
energia elétrica no ACR, a
ANEEL publica esse custo previamente à realização do leilão por meio de
ANEEL
resolução
homologatória que consta nos editais de geração (ANEEL, 2020c).

dOutroselementos relacionados ao ponto de conexão


Conforme detalhado no capítulo 8, outros fatores relevantes são: concorrência
direta com outros projetos de quaisquer fontes pelo mesmo ponto de conexão; se a
subestação já está em operação; a tensão e capacidade instalada da subestação; avaliação
de restrições técnicas ou f+sicas que onerem ou inviabilizem o acesso pelo projeto etc.

1424 Elegibilidade a financiamento de fundos constitucionais

Outro fator importante na análise da competitividade do projeto é se ele está


localizado ou não em área de atuação dos fundos constitucionais, que serão abordados
em detalhe no capítulo 16. Os fundos constitucionais atuam nas regiões do Nordeste
(incluindo o norte de Minas Gerais e do Espirito Santo) e nas regiðes Norte e Centro-
-Oeste do país, e fornecem financiamento com taxas de juros subsidiadas e prazos
bastante longos para projetos que realizem investimento nessas regiöes.
Portanto, caso o projeto esteja localizado em regiões elegíveis aos fundos cons-
titucionais, ele possuirá um diferencial competitivo em relação a projetos localizados
em outras
regiões do país.

REFERENCIAS
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KOs desafios da geração solar fotovoltaica no ACL. Workshop
Solar fotovoltaica no mercado livre -ÁBRACEEL ¢ ABSOLAR". Sao Paulo, 2018.

Anais. São Paulo,


20tDesafios para a Solar FV no ACL. In: Intersolar South America.
2019
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autoproducao/. Acesso em: 29 abr. 2020.
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276 MARÍLIA MARTINS MUFFALO RABASSA

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-

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União,
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ANEEL. Resolução Homologatória n. °2.554, de 28 de maio de 2019. ANEEL. 20196. ponivel


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mercado livre de energia renovável com a Vale. São Paulo, 2018. em: Disponível https://
www.casadosventos.com.br/pt/13-press-releases/238-casa-dos-ventos-assina-parceria-com
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CCEE. Info Leilão n.°026-29°Leilão de Energia Nova (A-4). jul. 2019. Disponivel em: htp:
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ccee.org.br/portal/faces/pages publico/o-que-fazemos/como ccee_atua/precos prec0
medios?_afrlLoop-2343719774186733& adf.ctrl-state=19w93b54nk_1#!%40°o40o3.
afrlLoop%3D2343719774
mai. 2020.
186733%26 adf.ctrl-state%3D19w93b54nk_5. Acessoem
EPE. Nota técnica
dos
n.°003/2020/EPE-DEE. Projetos fotovoltaicos nos leilðes de energla álises
leilðesA-4 e A-6 de 2019, jan. 2020a.
EPE. Release
Cadastramento Leilão A-4/2020, gOv.
ian. 2020b. Disponível em: http://www.epe5
br/sites-pUleiloes-de-cnergia/Paginas/Leilão-de-Energia-Nova-A-4-de-2020.aspN.
em:
16 jul. 2020.
FREIRE. W. Cemig realizará novo leilão para compra energie pelo prazo de 19 anos. Canal
Energia 2019. Disponível em: 71/cemig-
https://www.canalenergia.com.br/noticias/551
realizara-novo-leilao-para-compra-energia-pelo-prazo-de-19-anos. Acesso em io un.
2020.
CAPÍTULO 15

GESTÃOEGOVERNANCA
EduardoTobias N.F Ruize Heloisa F A. Scaramucc

Esta análise não deixa de ser uma análise de risco pelo investidor. O risco.
contudo, não é um risco do projeto em si. Eo risco das pessoas responsáveis pelas
fases de desenvolvimento, implementação e operação do projeto - contribuirem, mais
ou menos, com a materialização das premissas base do fluxo de caixa previsto para

o projeto.
Logo, é primordial avaliar o perfil, as capacidades e a experiência dos empreen-
dedores e respectiva equipe que desenvolveramo projeto, com especial atenção àquelks
recomenda-se assegurar que os
que permanecerão após o investimento. Além disso,
interesses dos profissionais que conduzirão o projeto estejam alinhados com aqueles
dos acionistas.
Para o investidor, esse trabalho não se encera quando da decisão do investimento.
Após investir, ele deve acompanhar de pertoo andamento do projeto. Recomenda-se
participar nas principais decisões, ter acesso prontamente a informações operacionals
e financeiras relevantes, opinar na contratação de profissionais-chave, equipamentos
serviços de valor relevante e, quando necessário, intervir na gestão. Daí a importana
ara
da governança corporativa e da comunicação entre a empresa e os investidores pa
o sucesso do projeto.
dois
Nesse contexto, este capitulo descreve as principais caracteristicas dos
principais tipos societários (limitada e anônima), suas vantagens e desvantagens
ponto de vista do investidor, e o papel do Conselho de Administração na governainça
do projeto.
15. GESTÃOE GOVERNANÇA 279

15.1 PAPEL DO EMPREENDEDOR


É papel do empreendedor:
i) conceber a ideia do negócio ou projeto;
i) concretizar um projecto, desde o nascimento da ideia até a fase de
1989, p. I7);
produção (RoLDÁO,
ii) ter capacidade de convencimento dos clientes, do mercado, dos funcionários
e dos investidores da viabilidade técnica e econômica do
projeto.
Outros papéis são: criar e permear uma cultura
organizacional adequada com
os objetivos do projeto; e liderar e inspirar a
equipe envolvida, principalmente na fase
desenvolvimento e implementaçãäo do projeto.

15.2 CAPACIDADE DE EXECUçÃO


1521 Empreendedores
Roldão (1989) identifica as seguintes características do empreendedor como
ligadas ao sucesso do negócio:
i) familiaridade e conhecimento do setor;
i) liderança reconhecida no passado;
ii) reputação.

Hoffiman (2008) destaca a importância da experiência, tanto do empreendedor


quanto da equipe gerencial, em projetos similares e para as diferentes fases de um
projeto: desenvolvimento, construção, partida e operaçao.
De acordo com Roldão (1989), a
capacidade de concretizar projetos passa pela
perseverança e, frequentemente, pela necessidade. Algumas características desejáveis
do
empreendedor de um projeto industrial greenfield seriam:
i) boa gestão da ansiedade;
n) autonomia, autoconfiança e autodomínio;
ii) determinação;
iv) aceitação da tomada de riscos;
v)bomsenso,
vi) rápida adaptação à mudança.
Koldão (1989) afirma que as sociedades de capital de risco americanas conside-
ram
2 Seguintes caracteristicas do empreendedor como ligadas ao sucesso do negócio:
280 EDUARDO TOBIAS N. F RUIZ EHELOISA F A. SCARAMUCc

i)capacidade deesforço intenso;


ii) avaliare reagir bem ao risco;
iii) capacidade de argumentar
sobre o negócio;
iv) atenção ao detalhe:

v) empatia.

15.22 Equipes de gestäo, inmplantaço e operação


Este item trata dos executivos (não empreendedores) e da equipe do nre
gestao. São os
rojets
responsável pelas áreas técnica, financeira,
comercial e de responsá
dos principais contratos e ativos
pela negociação, contratação, execução gestão
e
vos o
de da análise o organograma corens
projeto. O investidor deve usar como ponto partida rente
além das descriçöes dos cargos.
eo previsto do projeto,
Ao analisar a equipe existente e potenciais candidatos, não basta buscar
expe
riência prévia no segmento em questão. Em outras palavras, uma equipe experiente na

gestão de uma usina fotovoltaica operacional não necessariamente será uma boa equine
para viabilizar um projeto greenfield equivalente. Esse argumento é mais latente para
fase de implementação, cujo escopo, dinâmica e riscos såo completamente distintos de
um ativo operacional. Portanto, é um diferencial a experiência prévia na implantacão

de um projeto greenfield.
Outra variável a serconsideradaéo entrosamento das equipes envolvidas coma
implantação do projeto (eg. engenharia, compras, gerente de projetos) com a de opera-
ção e manutenção. Na transição de um projeto de geração FV para a fase operacional
muitos imprevistos, conforme relatado no item 18.3, por executivos
podem ocorrer

responsáveis pela implantação e operação de projetos FVs no Brasil. Logo. a


precisam estar prontas para responder rapidamente a qualquer adversidade. Est
risco mais latente para projetos desenvolvidos de forma independente, ou seja. que nâo

são parte de um portfólio de projetos de uma empresa estabelecida. Por mais qualificads
que sejam os funcionários individualmente em um determinado projeto, existira uma
curva de aprendizado no entrosamento entre as equipes. Esse entrosamento poue
acelerado contratando pessoas que já trabalharam juntas anteriormente.
nção.
As competências comercial e de financiamento requerem especial atena
ar
Oprotagonismo do ACL trouxe como desafio a necessidade de originar clientes,negoct
contratos de venda de energia elétrica customizados e manter um bom relacionamel
pós-venda. Nada disso era importante quando prevalecia a estratégia decomercial
integral da energia elétrica no ACR. Pelo mesmo motivo, a estruturação definanciame
duas
de longo prazo deixou de ser corriqueira, um produto de 'prateleira'. Logo, essas
ração
competências se tornaram fundamentais para que um projeto greenfield de s
centralizada solar FV entregue o valor econômico esperado
ionista.

pelo investidor aci


15. GESTÃO E GOVERNANÇA 281

Cabe, portanto, ao investidor conhecer muito bem cada um dos


empreendedores
e
nrofissionais-chave
orofissionais-chas do projeto, incluindo sua
capacidade técnica e
gerencial,
compe
tências, experièncias., pertil, personalidade e reputação. Na falta de profissionais internos
adequadamente qualificados no projeto, o investidor deve avaliar a disponibilidade de
arofissionais no mercado com perfil e qualificação desejados para compor a equipe.
pro

15.3 COMPROMETIMENTO

É muito importante que os


empreendedores e profissionais-chave estejam
comprometidos e dedicados a conduzir o projeto, pelo menos, até a conclusão e início da
operação comercial. Para isso, seus interesses precisam estar alinhados aos do investidor.

1531 Capital e Campartlhamento de Riscos


Hoffman (2008) afirma que comprometimento é normalmente medido por
quanto de capital próprio foi colocado no projeto por cada um de seus patrocinadores,
no caso, seus empreendedores.
Nesse sentido, o investidor deve avaliar quanto tempoe dinheiro os empreende-
dores colocaram no projeto e como e quando
esperam auferir seu retorn0. Além disso,
o investidor deve ponderar se os empreendedores têm capacidade financeira para fazer
novos aportes, se necessário.

Outra forma de alinhar interesses é atrelar parte importante do


ganho do empreen-
dedor e de profissionais-chave ao desempenho do projeto. Por exemplo:
i) oferecer participaço acionária ou prêmios em dinheiro atrelados ao desem-
penho do projeto no longo prazo;
ii) converter parte do pagamento pela compra do projeto em participação
acionária;
1) condicionar parte do pagamento pela compra do projeto a marcos do seu
desenvolvimento, dentre outras possibilidades.

1532 Pacote de
remuneração de curto e longo prazo
Aremuneração dos empreendedores e principais profissionais vai depender muito
ad
estrutura da operaçâão de investimento. De qualquer forma, o objetivo do investidor
Ve Serbuscar uma estrutura de remuneração adequada para manter os profissionais
COmprometidos e motivados e retê-los no longo prazo. Do ponto de vista do profissional,
Dalhar em um projeto greenfield é mais desafiador e arriscado, principalmente se o
282 EDUARDO TOBIAS N. E RUIZ E HELOISA F A. SCARAMUCCI

Port. o pacote de remuneração e


projeto é desenvolvido de forma independente. No entanto, sob o ponto
as perspectivas de ascensão devem ponderar esses aspectos.
variável esteja condicionada a
a remuneração
de vista do investidor, é importante que
métricas objetivas de desempenho e a
um período mínimo de permanéência.
e conhecimento
causados por alta rotatividade de
Perdas de informação
no desempenho do projeto,
em especial
profissionais têm grande impacto negativo
ocorrência de problemas a
em um projeto greenfield.
Ainda que seja inevitável a
será determinante para uma execucão
fase de implementação, a equipe responsável
bem ou mal sucedida.

15.4 ESTRUTURA SOCIET EPLANO DE GOVERNANÇA


Investidores estrangeiros geralmente estabelecem sua presença no Brasil através
direto sobre
ativida-
país, viabilizando seu controle
as
de subsidiárias constituídas no
ou nacionais, podem optar
des, administração e pessoal. Os investidores, estrangeiros
isoladamente ou por meio de uma joint
por explorar e implantar um projeto greenfield
venture com um ou mais outros grupos.

15.4.1 Tipos societários

A legislação brasileiracontempla diferentes tipos societários, sendo que os


mais comuns são a sociedade limitada (Ltda.) e a sociedade anônima (S.A.). A defi-
fatores. Dentre eles,
nição do tipo societário a ser adotado levará em conta diversos
a configuração e perfil dos sócios, a estrutura de
controle desejada, a estratégia de
confidencialidade
financiamento, a flexibilidade legal quanto a determinados temas,
e custos de publicação.
As limitadas, em geral, possuem menor custo e maior confidencialidade, tendo
em vista a exigência menor quanto à publicação de atos societários. Por outro lado, as

sociedades anónimas possuem regras societárias que viabilizam e trazem maior segurança
para estruturas de controle com capital votante de 50% mais um e controlecompar
tilhado. As sociedades anónimas também podem emitir titulos e outros instrumentos
negociáveis, como debêntures, e ainda abrir o capital. Sobo ponto de vista tributário,
ambos os tipos societários possuemomesmo tratamento na legislação brasileira. Porém,

é possivel que o país de origem dos investimentos conceda tratamento diferente acs
lucros e perdas de sociedades limitadas e anônimas.
O quadro a seguir representa um resumo das principais caracteristicas das

sociedades limitadas e das sociedades anónimas:


283
15 GESTÃOE GOVERNANÇA

Quadro 15.1. Principais caracteristicas das sociedades limitadas e das sociedades anónimas.
Ltda.
Caracteristicas
S.A.
Leiaplicável
.Código Civil, podendo o contrato| Lei Federal n. 6.404/76 (Lei das S.A.s).
social preverregênciasupletiva pelas
regras aplicáveis às sociedades simples
ou pela Lei das S.A.s.

Numero de Minimo dois, sendo admitida a falta Minimo dois, admitida falta da plurali-
sócios/acionistas da pluralidade pelo prazo de 180 dias. dade até a Assembleia Geral Ordinária
do ano subsequente.

Capitalminimo -Nãohá. Pode ser aplicável em alguns casos,


sendo que, em qualquer hipótese, pelo
menos 10% do capital social subscrito
deverão ser integralizados em dinhei-
ro, no ato da subscrição ou na hipótese
de aumento de capital.

Capitalsocial Eformado por quotas, que podem ser E formado por ações, com ou sem valor
integralizadas em dinheiro ou bens nominal, que podem ser integralizadas
móveis ou imóveis. em dinheiro ou bens suscetiveis de
No caso de contribuição em bens, não avaliação em dinheiro.
é necessáia a avaliaço do valor de Aavaliação dos bens seráfeita portrês
tais bens por empresa especializada,| peritos ou por empresa especializada,
porém os sócios são solidariamente nomeados em assembleia.
responsáveis porcinco anos pela even-. Pode ser uma S.A. aberta ou fechada.
tual diferença entre o valor atribuido As ações podem ser ordinárias ou
aos bens e o valor efetivo destes. preferenciais e ter classes distintas.
.O estatuto social pode autorizar
o aumento do capital social sem
que uma reforma estatutária seja
necessária.

Distribuição de .Pode ser feita a critério dos sócios,|. Não é admitida distribuiçäo despro-
lucros tanto quanto ao prazo como ao porcional, sem prejuizo da possibilida-
valor, dependendo das disposições de de emissão de ações preferenciais
do contrato social. com direitoa recebimernto de dividen-
E possivel distribuição de lucros de dos diferenciados.
formadesproporcionalà participação Como regra geral e salvo exceções
dos sócios na sociedade. especificas, os acionistas têm direito a
um dividendo compulsório a ser esta-
belecido no estatuto social, sujeito à
existência de lucros.
donsabilidade Peranteossócios,cadasócioé respon Responsabilidade dos acionistas
dos sócios está limitada ao preço de emissão
sável pelo valor de sua participação
subscrita e não integralizada. Perante das açoes subscritas ou adquiridas
terceiros, os sócios sao solidariamen que não tenham sido integralizadas,
te responsáveis pelo total do capital observadas determinadas exceçôes.
subscrito e não integralizado. Responsabilidade ilimitada pode ser
Responsabilidade ilimitada poderá aplicável em alguns casos especificos
ser aplicável ao sócio que votar ou de desconsideração da personalidade
aprovar deliberação social contrária juridica.
ao disposto no contrato social e/ou
em lei e em casos especificos nos quais
a desconsideração da personalidade
juridicapode ser aplicável.
284 EDUARDO TOBIAS N. ERUIZ EHELOISAFA.SCARAMUCCI

Ltda. S.A.
Caracteristicas
Deliberação dos
As seguintes matérias estão sujeitas Em geral, aprovaçãode deliberae
à deliberação pelos sócios, observa ocorre por maioria absoluta
sócios dos votoe
dos os quóruns mínimos abaixo (que embora algumas matérias demandem
a aprovação de acionistas
podem ser aumentados no contrato represen.
social): tando, no mínimo, a maioria das açõec
a) aprovação unânime até a inte- com direito a voto.
gralização do capital ou de sócios O estatuto social pode estipular
representando 2/3 do capital se o quóruns maiores, porem não menores
capital estiver integralizado: paraAtas detodas as assembleias deyen
m
nomeação de administrador que ser publicadas.
não seja sócio;
b) sócios representando 2/3 d capi
tal:para remogão de administrador
sócio que tenha sido nomeado no
contrato social;
c)sócios representando 3/4 do capi-
tal: para alteração ao contrato
social; e para fusão, consolidação,
dissolução ou liquidação;
d) sócios representando mais da
metade docapital: para nomeação
de administradores que são sócios
ematoseparadoao contratosocial;
para remoção de administrado
res nomeados em ato separadoao
contrato social; remuneração dos
administradores, se não estipulada
no contrato social; e
e)sócios representando a maioria
dos presentes: nos demais casos.

Deliberações Se as deliberações forem aprovadas As assembleias possuem regras de


por escrito portodos os sócios, não há quóruns de instalação e deliberação,
necessidade de reuniäo ou assembleia. dependendo da matéria.
Assembleias são obrigatórias para| Assembleias anuais são requeridas nos
sociedades com mais de 10 sócios. primeiros quatro meses seguintesao
Reunioes ou assembleias anuais são término do exercicio fiscal para delibe
requeridas nos primeiros 4 meses rar sobre as demonstrações financeiras
seguintes ao término do exercício e contas dosadministradores, uso dos
fiscal para deliberar sobre as demons lucros e distribuição de dividendos
trações financeiras e contas dos admi- e, conforme o caso, eleição deadmi
nistradores e, conforme o caso, eleger nistradores.
administradores
Administração |. Pode ser feita por uma ou mais pessoas Pode ser feita por um Conselho ae
residentes no Brasil indicadas no Administração e uma Diretoria
contrato social ou em ato separado. Somente uma Diretoria (no caso de
Os administradores podem
ser ou S.A.fechada sem capital autorizado).
não sócios. |. OConselho de Administração deve ser
Não há previsão legal sobre a utiliza- composto por, no minimo,trêsind
ção de Conselho de Administração viduos residentes no Brasil, ou nào.
em Ltdas. A Diretoria deveter,no mínimo, dois
diretores residentes no Brasil.Até 1/3|
dos membros do Conselho podem
ser diretores.
285
15. GESTÃOE GOVERNANÇA

Ltda.
Características
S.A.
Conselho fiscal
.
Nãoé obrigatório, mas pode ser cons-| Existência obrigatória, mas o funcio-
tituido com três ou mais membros. namento pode não ser permanente.
Pode ser constituido com três a cinco
membros residentes no Brasil.
Menos custos do que S.A. com ques-. Mais custos que Ltda. com questões de
Custos toes de rotina. Por exemplo, não há rotina, tais como publicações de editais
necessidade de publicação de grande de convocação de assembleia geral,
parte dos atos societários. atas de assembleia e atas de reuniáo
do Conselho de Administração.

Publicaçãode Não há previsão legal expressa sobre. Publicação, em geral, é obrigatória.


demonstrações
a necessidade de publicação, mas há Acompanhiafechada quetiver menos
financeiras
discussão judicial para o caso de Ltda. de 20 acionistas, com patrimônio liqui- |
de grande porte (ativo total superior a do de até R$ 10.000.000,00, poderá
R$ 240 milhões ou receita bruta anual deixar de publicar as demonstrações
superiora R$ 300 milhões). Neste úti- financeiras.
mo caso, algumas Juntas ComerciaisA companhia fechada com qualquer
recusam arquivamento de atas sem a número de acionistas, com patrimônio
publicação das demonstraçõesfinan liquido inferior a RS 2.000.000,00, não
ceiras. A jurisprudência tem entendido será obrigada à elaboração e publi- |
que a publicação nao é necessária. cação da demonstração dos fluxos
de caixa.
. Não pode emitir. Não pode negociar Pode emitir títulos, tais como debên-
Emissão de
quotas em bolsa. tures, partes beneficiárias e bônus
titulos
de subscrição. Pode ser S.A. aberta e
negociar ações em bolsa.

Fonte: Código Civil (Lei n.° 10.406/02); Lei Federal n.° 6.404/76.

No Brasil, é comum que as SPEs de projetos de geração centralizada solar FV


sejam constituídas como limitadas e, posteriormente, transformadas em sociedades
anónimas de capital fechado apóso vencimento do leilão ou a celebração de CCEAL.

542 Atibuições do Conselho de Administração


No caso de joint ventures entre grupos econômicos distintos, é comum que a

SOciedade anônima tenha Conselho de Administração.


De acordo com o Art. 142 da Lei Federal n.° 6.404/76 (Lei das S.A.s), o Conselho
e
Administração possui as seguintes atribuições:
1) fixar a orientação geral dos negócios da companhia;
11) eleger e destituir os diretores da companhia e fixar-Ihes as atribuições,
observadoo que a respeito dispuser o estatuto;
1) fiscalizar a gestão dos diretores, examinar, a qualquer tempo, os livros e
papéis da companhia, solicitar informações sobre contratos celebrados ou
em via de celebração, e quaisquer outros atos;
286 EDUARDO TOBIAS N. FRUIZ EHELOISAEA SCARAMUCC

iv) convocar a assembleia geral quando julgar conveniente ou nos casos pre
revis
tos em lei:
v) manifestar-se sobre o relatório da administração e as contas da diretoria
vi) manifestar-se previamente sobre atos ou contratos, quando o estatuto assi
assim
o exigir:
vii) deliberar. quando autorizado pelo estatuto, sobre a emissão de ações oud.
be
bonus de subscrição:
vii) autorizar, se o estatuto não dispuser em contrário, a alienação de bens d.
ativo não circulante, a constituição de ônus reais e a prestação de garantia
a obrigações de terceiros;
ix) escolher e destituir os auditores independentes, se houver.

A atuação de Conselhos de Administração é importante ferramenta de gestäo


organização, estratégia, controle, acompanhamento e monitoramento das atividades
da empresa/projeto pelos acionistas. A utilização de Conselhos de Administração e
altamente recomendável para um bom padrão de governança corporativa.
De acordo com o Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa
elaborado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa - IBGC (2015

o Conselho de Administração exerce o papel de guardião dos principios, valores, objeto soca
e sistema de governança da organização, sendo seu principal componente. Além de decidir
os rumos estratégicos do negócio, o Conselho de Administração também monitora a
diretoria e atua como elo entre esta e os acionistas.
Uma boa estruturação e indicação de membros para o Conselho de Administração
será determinante para o sucesso do projeto. Dentre as melhores práticas de govenança
corporativa elencadas pelo IBGC no Código das Melhores Práticas de Govemança
Corporativa, incluem-se as seguintes:
i) o conselho deve sempre decidir pelo melhor interesse da companhia, considerando
oobjeto da companhia, sua viabilidade no longo prazo e os impactos decorn
tes de suas atividades, independente das partes que indicaram seusmembros
ii) cabe ao conselho identificar, discutir e garantir a disseminação dos valores
principios da companhia;
ii) o conselho deve estabelecer formas de monitorar, permanentemente, se as
decisões e açðes empresariais estão alinhadas aos principios e valores da
companhia;
iv) para que o interesse da companhia sempre prevaleça, o conselho deve prevenir
e administrar situaçðes de conflitos de interesses, administrar divergências
de opiniðes e prestar contas aos sócios;
v) o conselho não deve interferir em assuntos operacionais.
15.GESTÃO EGOVERNANÇA 287

órgão colegiado, a diversidade de


Por ser um
perfis de seus membros é funda-
ntal, Ela permite que a organização se beneficie da
pluralidade de argumentos e de
orocesso de tomada de decisão com maior
umproe
qualidade e segurança.

143 Comunicaçao, transparencia e prestação de contas


É importante que o investidor estabeleça um
regime de comunicação contínua
e transDarente entre gestores e Conselho de Administraço em relação aos pontos mais
relevantes do andamento do projeto.
Quanto à prestação de contas, é necessário o estabelecimento de relatórios
Operacionais sobre a evolução do cronograma fisico e financeiro da obra. Além disso,
relatório de gastos do projeto com orçado versus realizado e demonstrações financeiras
mensais não auditadas.
Em suma, o investidor precisa estabelecer rotinas formais para estar bem informa-

do-em tempo habil -para poder intervir sempre


que julgar necessário, principalmente
durante a fase de implementação do projeto.

15.4.4 Autonomia e poder de decisão dos executivos


De acordo com o Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa
(IBGC, 2015).
todos os conselheiros, uma vez eleitos, têm responsabilidade para com a orga
nização, independentemente do sócio, grupo acionário, administrador ou parte
interessada que o tenha indicado para o cargo. Os conselheiros devem atuar de
forma técnica, com isenção emocional., financeira e sem a influência de quais-
quer relacionamentos pessoais ou profissionais. Os conselheiros devem criar
e preservar valor para a organização como um todo, observados os aspectos

egais e éticos envolvidos.

Para tanto, o investidor deve definir mecanismos para fazer cumprir uma adequada
gestdo do projeto. Por exemplo, definindo limites de aprovação de gastos dos executivos,
alçadas para tomada de decisão, exigência de pareceres externos para determinadas
aecisões, além dos mecanismos de prestação de contas descritos no item anterior.
Conselheiros independentes especialistas no setor de geração de energia elétrica
podem agregar bastante valor na gestão do ativo. As melhores práticas de govermança
indicam que
para promover a independência no julgamento de todos os conselheiros e a
integridade do sistema de governança, a indicação de conselheiros internos
EDUARDO TOBIAS N. E RUIZ E HELOISA
F A. SCARAMUCCI
288

conselho deve contar apenas com


conselho deve ser evitada. O om
para compor o
conselheiros externos e independentes. Os independentes devem ocupar parti

ao número total de
conselheiros (1BGC, 2015.
cipação relevante em relação
Decisões relevantes devem ser submetidas a processo de aprovação mpanj.
dentre outras:
Ihado com o Conselho de Administração. Como exemplo,
de fornecedores de
Engineering, Procr
i) a escolha, contratação e troca
and Construction (EPC), equipamentos principais (módulos, inversor
ersores
estrutura metálica, transformadores etc.) e O&M;
in) realização de grandes gastos;
respectivos contratos de venda de
il) estratégia de comercialização e ener.

elétrica;
iv) estratégia de financiamento;
v) estratégia de gerenciamento de riscos do projeto, incluindo programa de

seguros e garantias e contratação de derivativos;


vi) em especial, qualquer iniciativa de alteração de escopo do projeto.

Além disso, é preciso prever mecanismos para permitir intervenção do investidor


na gestão do projeto sempre que necessário.
Naturalmente, mecanismos de controle da gestão são uma via de mão dupla
Por um lado, favorecem os investidores, por outro, restringem a autonomia dos execu
tivos. Logo, deve-se encontrar um equilíbrio para não atrapalhar o andamento da
execução do projeto e posterior operação, nem criar custos adicionais desnecessários.

REFERENCIAS

BRASIL. Lei n.° 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as sociedades por açoes
Diário Oficial da União, 17 dez. 1976.
BRASIL. Lei n.° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, 2002.
HOFFMAN, S. L. L. The law and business of international project finance. 3. ed. Ardsiey
Cambridge, 2008.
TBGC. Código das melhorespráticasde governança corporativa. 5. ed. IBGC, 2015. Disponivc
em: https:/lconhecimento.ibgc.org.br/Paginas/Publicacao.aspx?Publd-21138. Acesso en
4 ago. 2020.
ROLDÃO, V. S. Guiaparapreparaçãoe avaliação de investimentos. 2. ed. Lisboa: Monitor, 189.
CAPITUL0 17

VIABILIDADE ECONOMICO-FINANCEIRA
Eduardo Tobias Neme Fernandes Ruiz

A análise da viabilidade econômico-financeira do projeto é uma das etapas mais


a decisão de investimento. E a partir dela que o investidor deve concluir
se o investimento é economicamente viável. Entretanto, a confiabilidade dos resultados
desta análise dependerá completamente das premissas adotadas no modelo econômico-
-financeiro. Consequentemente, os resutados não serão conf+áveis se a análise näo for
feita com premissas realistas.
Nesse sentido, fez-se referência nos capítulos 7 a 16 sobre a importância do
entendimento das premissas de projeto consideradas (cenário base) e de como e quan-
to podem variar, permitindo uma análise de cenários e de sensibilidade de premissas
coerente tecnicamente.
Devido à relevancia dos resultados do modelo econômico-financeiro na tomada
de decisão de investimento, recomenda-se a contratação de empresa de consultoria
financeira independente. A depender do perfil do investidor, o escopo da consulto-
ria poderá ser de elaborar e analisar o modelo econômico-financeiro a partir das
premissas informadas pelo investidor - ou de auditar e analisar o modelo elaborado

pelo investidor. Em ambos os casos, não se recomenda que a análise de viabilidade


seja feita com base no modelo financeiro elaborado pelo empreendedor, devido ao
intrínseco conflito de interesses.
E imprescindível queempresa de consultoria financeira tenha conhecimen
a

to técnico suficiente e experiência na elaboração/auditoria de modelos econômico-


-financeiros similares. No entanto, para que consultor efetivamente agregue valo
o

na análise de viabilidade, ou seja, na crítica das premissas e definição dos cenários e


sensibilidades, é necessário conhecimento específico no setor de geração centralizada
de energia elétrica solar FV.
17 VIABILIDADE ECONOMICo-FINANCEIRA 345

Este Capitulo explorará os seguintes conteúdos:


i) concetos e metodologias clássicas de análise de viabilidade de projetos de
investimento;
dades da geração
ii) particularidac de caixa de
solar FV:
projetos de geração centralizada
lrecomendações e Consideraçoes sobre como aplicar as metodologias clássicas
para os projetos em questão;
Considerações quanto à qualidade da análise de viabilidade.

Antes de entrar na analise, e


importante ressalvar que este livro não considera
investidor.
de capital pelo inv Também nao trata de avaliar
restnça

ientes ou depender
projetos mutuamente
dependentes. O foco é restrito à análise de fundamentos qualitativos e
cludentes
c t c

cntitativos de um projeto ndividual e economicamente independente para a tomada


quanti
de investimento.
da decisão

11 METODOLOGIAS CLÁSSICAS
111 Analise econõmico-financeira

A análise econômico-financeira de uma empresa ou projeto consiste em tres


etapas (PALEPU; HEALY, 2013):

a) Análise estratégica
A primeira etapa consiste na análise da estratégia da empresa ou projeto em
questão e do setor econômico onde estão inseridos, já tratada no capítulo 6. A análise
estratégica também permite a identificação dos fatores que geram lucro para a empresa
aim como seus riscos mais relevantes, proporcionando ao analista a possibilidade de
avaliar a sustentabilidade do desempenho da empresa (ou projeto) e fazer projeções
Tealisticas do desempenho futuro (PALEPU; HEALY, 2013).
A capacidade de uma empresa (ou projeto) de gerar retornos acima de seu custo
e captal depende de suas próprias escolhas estratégicas. Por exemplo, a escolha em

qual mercado se inserirá e qual será sua estratégia competitiva e corporativa (PALEPU;
iEALY, 2013). Portanto, entender as estratégias do setor dá subsídios para prever o
Comportamento futuro do mercado e, logo, projetar consistentemente resultados.

b) Análise contábil
propósito da análise contábil é avaliar em que grau a contabilidade da empresa captura

I-8, tradução nossa). Esta análise só


a
ealidade prática do negócio
n (PALEPU; HEALY, 2013, p.
346 EDUARDO TOBIAS NEME FERNANDES RUIZ

projeto analisado possui um histórico


se aplica em casos em que a empresa ou
um projeto greenfield trata de um negócio novo, sem histórico operacional, essa.
Como
onal, essa parte
da análise não é aplicável.

c) Análise financeira
Por último, a análise financeira. Aqui é onde se faz imprescindível a presença
do modelo econômico-financeiro, uma vez que ela consiste em analisar o fv
de
caixa do projeto, seus resultados e indices financeiros. Tanto os índices como o .
fluxo
de caixa são produtos do modelo.
A análise do fluxo de caixa complementa a análise de indices ao examinar as ativids
Jades
investimento e riscos financeiros da própria empresa(PA
operacionais, gerenciamento de LEPU
HEALY, 2013, p. 5-27, tradução nossa) ou projeto.

17.12 Modelo econõmico-financeiro


O modelo econômico-financeiro é a referência, a representação, o protótipo da

realidade econômica do projeto. Por isso, deve conter todas as caracteristicas do projeto,
ou seja, estar completo. Deve representar o que será a realidade.
Seguindo essa lógica, o modelo, para ser fiel ao projeto, deve contemplar todos
os seus aspectos. Desde as premissas técnicas operacionais e econômicas usadas, até
suas necessidades de investimento e financiamento. Tudo projetado por quantos forem
Os anos planejados de operação, a chamada vida útil do projeto.

17.13 Analise de índices


A análise de índices consiste na avaliação dos dados provenientes dos demonstrativos de

resuttado e do balanço patrimonial da empresa (PALEPU; HEALY, 2013, p. 5-27, tradução nossa).
Os indices são ferramentas para interpretar os relatórios financeiros. Eles podem prover intros

pecção em duas importantes áreas de gestäo: o retorno sobre investimento e a consistênca ca


posição financeira da empresa (HAWKINS, 2002, p. 1, tradução nossa).
Segundo Palepu e Healy (2013), cujo livro foca a análise de empresas, o prime
indice a ser analisado deve ser o Return on Equity (ROE), em português, Retorno sooie
o Patrimônio Liquido. Ele é calculado pela razão entre o lucro líquido e o patrimono
liquido da empresa. Depois, devem ser analisados os três insumos do cálculo do OE
que são
i) margem de lucro líquido (lucro liquido/receita bruta);
ii) giro dos ativos (receita bruta/ativos);
ii) alavancagem financeira (ativos/património líquido).
17. VIABILIDADE ECONOMICO-FINANCEIRA 347

Desta possível
é possivel
esta forma, é avaliar, partir
a da margem de lucro líquido, a gestão
nal: apartir do giro dos atnvos, gestão dos
a
investimentos; e a partir da alavan
financeira, gestao
a dos passivos,
c
aem
a g e n

Brigham e Ehrhardt (2014) apresentam diversostipos de indices. Entre eles,


de liquidez, de gestào de ativos, de gestão de dívida, de rentabilidade e
Ae valor de mercado. Eles defendem a utilidade dos indices, porém adver
indicesde
hre 0S problemas exIstentes em seu uso e a necessidade de fazer os ajustes
fem
eessários. Dentre «os problemas, apontam o fato de os cálculos variarem de acordo
cessários. Dentre

as prátic
com as Dráticas contábeis adotadas por cada empresa, fatores sazonais que podem

distorce
torcer demonstrativos anuais, efeito da inflação sobre os números contábeis ao
do tempo etc.
longo

de caixa incremental
(7.14 Fluxo
Segundo Brealey, Myers e Allen (2020), o valor de um projeto de investimento
de caixa adicional dele decorrente após data de
depende de todo e qualquer fiuxo
a

sua aprovação.

Portanto, ao elaborar o projeto de investimento, deve-se


fluxo de caixa de um

fins
considerar somente fluxos de caixa incrementais positivos negativos para
e
-

econômica. Em outras palavras, considerar aqueles fluxos


de cálculo de viabilidade
investimento em questão e, conforme aplicável,
diretamente relacionados ao projeto de
outras atividades da mesma empresa.
impactos no fluxo de caixa de
externalidades positivas ou negativas
Neste último caso, faz-se referência às
bolso do investidor. São
derivadas da decisão de investir no projeto que impactemo
também chamados de efeitos acessórios (BREALEY;
MYERS; ALLEN, 2020). Por exem-
da
solar FV vizinho a um parque eólico
plo, ao investir em um projeto de geração determinados
mesma empresa, haverá sinergias
derivadas do compartilhamento de

recursos e infraestrutura.
Para ilustrar este exemplo, suponha que os projetos passem a compartilhar
foi feito pelo parque eólico. Suponha que
investimento
Subestação de uso restrito cujo de
de R$ 2.000.000 e o custo
será necessário investimento adicional na subestação
O investimento
de R$ 100.000 para RS 120.000 por ano.
O&M da subestação passará a
ao projeto
solar FV. Agora, suponha que
de RS 2.000.000 é diretamente relacionado 120.000
e contábil,
alocar metade dos RS
npresa decida, do ponto de vista gerencial
diretamente relacionado ao
Nesse caso, o fluxo
de caixa
ano para cada projeto. deve-se também considerar
P ano. No entanto,
solar FV seria de RS 60.000 por
POJeto econômica do projeto solar
incremental para análise
de viabilidade
DxO de caixa
da subestação
de RS 100.000 para RS 60.000 por
"aredução do custo operacional
348 FDUARDO TOBIASNEMEFERINANDESARU

ano atribuida ao parque eólico. Portanto, neste exemplo, deve-se considerar,


comna 0&M
n.
RS 20.000 por ano a título de
fluxg
custo come
de caixa do projeto solar FV, somente

da suhestação.

17.15 Modalidades de fluxo de caixa

a) Fluxo de Caixa Livre da Fima


n inglès, é denominado Free Cash Flow to the Firm (FCFF). E ofuxo
e
Caixa livre gerado pelos ativos de uma empresa (ou por um projeto) para remuner
nerar
o lado direito' do Balanço Patrimonial, ou seja, o somatório do passivo e patriméni.
hônio
liquido pelo investimento realizado.
Quando aplicado a um projeto de investimento economicamente segregadn
em uma SPE, o FCFF considera tanto a integralidade dos investimentos feitos nesta
SPE (seja capital próprio, seja de terceiros), quanto a de sua geração operacional de
caixa. por toda a vida útil do ativo. Portanto, o FCFF não necessariamente éigual aos
fluxos de caixa incrementais decorrentes da decisão de investir no projeto, na medida
em que se restringe a considerar os fluxos de caixa daquele CNPJ (Cadastro Naciona

da Pessoa Juridica).
O quadro 17.1 ilustra a composição do cálculo do FCFF em um determinado

periodo

Quadro 17.1. Cálculo do Fluxo de Caixa Livre da Firma.


(+) Lucro operacional

(-)IReCSLL
(+)Depreciação
(-Variação do capital de giro
(-CAPEX
(=)Fluxode Caixa Livre de Firma

Imporlante esclarecer o impacto da variação do capital de giro no cálculo du


FCFF. Caso haja aumento na demanda por capital de giro em um determinado pen0
do, ou seja, caso a variação de capital de giro seja positiva, o fluxo de caixa ivre a
firma será menor e vice-versa. Suponha que um comprador de energia elétricaatd
o pagamento - o projeto seguirá, ainda assim, obrigado a honrar com seus custos

despesas (contas a pagar). Neste exemplo, o projeto iria requerer mais capital de u

ou seja, a variação de capital de giro seria positiva. Consequentemente, haveri3 um

impacto negativo no FCFF.


17VIABILIDADE ECONÓMICO FINANCEIRA 349

Caixa Livre Acionista


bl Fluxo de
ao

Cm inglês,
Em inglês, ééodenominado Free Cash Flow to Equiy (FCFE). É o fluxo de caixa
ado pelos ativos de uma empresa (ou por um projeto) para remunerar o capital
ivTegerado
ipvestido pelos sócios.

Ouando aplicado a um projeto de investimento economicamente segregado

nSPE, o FCFE considera somente o capital aportado pelos sócios e o saldo da


em un

l ode
ação operacional
geraça
caixa após pagamento do serviço da dívida (principal e juros)
alva-se que receitas decorentes de aplicações financeiras e respectivos impostos
são
Consideradas neste cálculo por não serem fruto da operação do ativo.
não
quadro 17.2 ustra a composição do cálculo do FCFE em um determinado

p e n o d o :

Quadro 17.2. Cálculo do Fluxo de Caixa Livre ao Acionista.


(+) Lucro operacional
I R e CSLL

(+)Depreciação
-Variação do capital de giro

(HCAPEX
|( Despesasfinanceiras
HAmortização de dívidas
(+) Novasdividas
(=)Fluxo de Caixa Livre ao Acionista

Note que a única diferença entre o cálculo deste e do FCFF são os fluxos deri-
vados de recursos de terceiros, ou seja, de dívida. Portanto, caso o(s) sócio(s) opte(m)
por financiar o projeto exclusivamente com capital próprio, o FCFE e o FCFF devem
ser idénticos. Logo, neste caso, a TIR e o VPL acionista, descritos no item 17.1.6,
devem igualar-se à TIR e ao VPL projeto.
Caso as) divida(s) contraída(s) pelo projeto demande(m) contas reserva (vide
tem 16.3.5), tanto os recursos necessários para a constituição dessas contas quanto a

vanação de seus saldos devem ser considerados no cálculo do FCFE.

c) Modelo de desconto de dividendos


Em ingles, denominado DividendDiscount Model (DDM),. E um método utilizado
Comumente na avaliação de preço de ações de empresas listadas em bolsa (BRIGHAM;
HARDT, 2014). Também se trata do fluxo de caixa que remunerarà o captal investido
Pelos acionistas. No entanto, diferentemente do FCFE, somente considera o dinheiro
efetiva
elvamente disponibilizado a0 acionista e quando for disponibilizado ao acionista.
350 EDUARDO TOBIAS NEME FERNANDES RUIZ

de atividades não operacion.


Nesse contexto, também contempla
caixa proveniente onais,
de aplicações financeiras.
obtidas por meio com
receitas financeiras
Porexemplo,
recursos do projeto.

17.16 Meticas de analise de viabilidade


métricas mais relevantes para
a análise de
seguir serào apresentadas
A
as viabi
viat

de investimento.
e c o n ô m i c o - f i n a n c e i r a de projetos
lidade

a) Payback descontado
contando o número de anos quee
O periodo de paybock de um projeto é obtido em leva
investimento inicial (BREALEY, Me.
para o fluxo de caixa projetado acumulado
se igualar ao rEs
um ajuste da metodoioga
I13, tradução nossa). O paybackdescontadoé
ALEN, 2020. p.
são trazidos a valor presente
do pavback. Nesse método, os fluxos de caixa projetados
descontados a uma determinada taxa, possibilitando comparar com o investimenta

inicial na mesma base temporal.


Algumas empresas e investidores utilizam -comoum dos par metros de avalia
ção de investimento em um projeto - um número de anos máximo para retornar o
capital investido. A principal desvantagem dessa metodologia é que ela ignora todos os
fuxos de caixa após esse periodo, independentemente de seu valor (BREALEY; MYEs
ALLEN, 2020).
Por outro lado, a principal vantagem é a facilidade de interpretação, uma vez
que avalia em quanto tempo se recupera o dinheiro investido. Contudo, ela não é uma
métrica mais fácil de se calcular, pois também se baseia nas projeções de fluxo de caixa
provenientes do modelo econômico-financeiro.

b) Valor Presente Liquido (VPL)


O valor presente líquido é calculado pela obtenção da projeção do fluxo de
caixa livre gerado por um determinado ativo ao longo de sua vida úil, trazido a valor
presente com base no custo de oportunidade do capital utilizado e, depois, subtraido
o valor do investimento inicial
(BREALEY; MYERS; ALLEN, 2020). Portanto, o VPL s0
será positivo se os fluxos de caixa do
projeto em análise superarem o valor investido
comigido pelo seu custo de oportunidade. Deve-se realizaro investimento sempre que
o VPL for
igual ou maior que zero.
As vantagens dessa
metodologia são:
i) reconhece o valor do dinheiro no
tempo;
ii) não se baseia em valores contábeis;
ii) sua
propriedade de adicionalidade, ou seja, por ele ser medido em valores d
hoje, é possível somar VPLs de diferentes
projetos e até mesmo los
compara-l
.VIABILIDADE ECONÓMICO-FINANCEIRA 351
Taxa Interna de Retorno (TIR)
A taxa
a internainterna de retormo e a taxa de desconto
para a qual o VPL do investimento
ero. A regra de tomada de decisão
zero.

é
igual
a
para essa métrica é fazer o investimento
noprojetos sempre que aTIR for maior que o custo de
MYERS; ALLEN, 2020), oportunidade do capital alocado
BREALEY
ticionalidade, as vantagens são as mesmas do VPL. Quando se
exceção da adici
A exceção
custo de oportunidade do capital com a TIR
a
c o m p a r

gerada pelo projeto,


está-se buscando saber se o VPLe positivo (BREALEY; MYERS, ALLEN,
na verdade
2020).

Dentre as desvantagens do uso da TIR, estão o que a literatura chama de "arma-


RREALEY;, MYERS, ALLEN, 2020, p. 117,
dilhas"(a tradução nossa). Das quatro armadilhas
adas pela
literatura, a mais relevante a ser considerada é a possibilidade de se
lite
aponta

er mais de uma
ais de uma "TIR em um mesmo projeto. Isso ocorrerásempre que houver mais
bter
deinyersão
uma inversãc no sinal dos fluxos de caixa
projetados. Pode ocorrer, por exemplo,
em um projeto
projeto de geração solar FV em que já é concebida uma futura expansão de

capacidade instalada na mesma SPE.


Outra desvantagem da TIR em relação ao VPLé a impossibilidade de comparar a
ntabilidade entre projetos de valores de investimento e/ou de riscos distintos. Investir
renta

um projeto com TIR acionista nominal de 15% a.a. pode ser uma decisão que gera
em
nenos valor que a de investir em um projeto, de mesmo risco, com 12% a.a. em função
da escala de cada projeto. Essa variável é capturada ao se comparar o VPL de cada
projeto. Também no caso do VPL, o risco particular a cada projeto está ponderado no
cálculo da respectiva taxa minima de atratividade.
Vale ressaltar que tanto a TIR quanto o VPL podem ser calculados em termos
reais ou termos nominais. Isso dependerá se o fluxo de caixa do projeto foi projetado
em termos nominais (considerando inflação) ou em termos reais (sem considerar a
inflação). No caso do VPL, depende, também, se a taxa de desconto foi determinada
em termos nominais ou reais. As duas formas são corretas, desde que todos os valores
tenham um único padrão.

17.1.7 Custo de capital


Eo custo de oportunidade do capital a ser investido noprojeto, ajustado ao risco
Dcorrido no projeto. O custo de capital é diferente a depender de sua fonte.

a) Custo de capital do projeto


capital necessário para viabilizar o projeto pode ser proveniente do acio-
Cotista (capital próprio), de terceiros (dívida), ou da própria geração de caixa
a
do PLOJeto. Em se tratando de projeto greenfield, é proveniente, majoritariamente,
352 EDUARDO TOBIAS NEME FERNANDES RUIZ

intuitivo pensar que o


Desta forma, é
Cust
de capital próprio e de terceiros. de
uma ponderação
entre o custo de capital pr
capital de projeto greenfield seja
e de terceiros.
Segundo Brealey, Myers e Allen (2020),
o Weighted Average Cost of of C
Capital
do custo de capital, é a metodologia is
(WACC), em português, média ponderada fins de
seu custo de capital para investima
utilizada por empresas para o cálculo de
média do custo de capital de cada fonts
em novos projetos.O cálculo consiste na ede
financiamento (capital próprio e de terceiros), ponderada pela sua participacao
no
conforme a seguir:
capital da empresa investidora,
Wdx Kd x (1-7) + We
x Ke
WACC
Em que: Wd= é o peso (weighr) da dívida, ou seja, do passivo total sobre o ativo total
tal
da empresa, conforme verificado no Balanço Patrimonial, We =éo peso do patrimónin

ativo total; Kd= é o custo de capital da dívida; Ke é a tara


=

liquido (equity) sobre o


minima de atratividade do capital do acionista; T= é a alíquota de impostos incidentes

sobre o lucro, no Brasil, IR e CSLL.


Segundo esse racional, se a empresa realizar investimento em um novo projeto,

seu custo marginal de financiamento para este projeto seria igual o WACC. Contudo,
por se tratar de parâmetros de uma empresa como um todo, só faria sentido usar o
WACC como taxa de desconto para o fluxo do projeto se esta tiver risco e alavancagem
financeira similares ao da empresa (BREALEY; MYERS; ALLEN, 2020). Portanto, para
todos os outros casos, é mais apropriado calcular o WACC do projeto c
para o custo de capital do projeto.
Deve-se usar o custo de capital do projeto como taxa de desconto do fluxo de
caixa livre do projeto, ou seja, do FCFF.

b) Taxa mínima de atratividade


A Taxa Minima de Atratividade (TMA) do capital do acionista, também chamaca
de custo de capital do acionista, é o custo de oportunidade do capital próprio do investidor
ajustado ao risco do projeto de investimento. Do ponto de vista do cálculo do WACC
do projet0, a TMA representa a Ke. Deve-se usar a TMA como taxa de desconto
fuxo de caixa do acionista, ou seja, do FCFE ou do DDM.
Segundo Brealey, MyerseAllen (2020), geralmente utiliza-se ametodologiado
Capital Asset Pricing Model (CAPM) para determinar o custo de capital doacionisia

Ke =Rf+ Bx (Rm-R
Em que: Ke =
é a mínima de atratividade do capital do acionista; Rf= é
taxa de
taxa
juros de ativo financeiro considerado livre de risco; B= é o coeficiente da contribul
ição
.VIABILIDADE ECONOMICo-FINANCEIRA 353
e uma
marg1nal de ação ao isco das
taxa de
ações de todas as
Rm: é a
retomo média das
ações de empresas do mercado, coletiva-
mencomponente
mente;

Rm-Rf é individualmente todas as


empresas do mercado.
r
OCAPM supöe que o Custo Opr
det O
mercado'. chamado de prêmio
'prêmio de risco
risco de
ae
perfeitamented:.Custo
oportunidade do capital de um
portfölioéperfeitamente diversificado é a
risco de mercado. O , no
premi de rise taxa de juros livre de riscoinvestidor cujo
(Rf somada ao
caso, seria
ciderando o nsco particular da ação em ajuste ao prêmio de risco de merca-
o

do questão. Logo, se o Bde uma


for1,5 e oalor
valor das ações da média
do mercado
subir 1%, assume-se empresa
Subiria 1,5%. expectativa do investidor
A que ação da
a
empr
é que o
ariscada que a media do mercado deva
mais arri. investimento em uma ação

édia do
proporcionar-lhe um retorno acima da
mercado e vice-versa (BREALEY; MYERS,
ALLEN, 2020).

17.18 Analise de cenános

É importante frisar que a análise de viabilidade


nrojeto de investhmento com base em
econômico-financeira de um
um cenário único
e estático não é
A análise só deve ser concluida após a
suficiente.
elaboração de cenários e a realização de análise
de sensibilidade das principais premissas do projeto.
Duas metodologias para a análise de cenários de
projetos greenfield de geração
solar FV serão apresentadas na sequência. Uma
terceira, denominada análise de sensi-
bilidade de premissas, será explorada no item 18.2.3. Em todos os
casos, o objetivoé
mensurar o impacto dos principais riscos do
projeto sua geração de fluxo de caixa.
em

a) Análise de cenários
A primeira
metodologia consiste em variar premissas coletivamente. A partir
do casobase, após analisar o projeto nos diversos aspectos, o investidor pode criar,
pelo menos, outros dois cenários: um pessimista e outro otimista. Nessa
metodologia,
o
1nvestidor iria, no cenário pessimista, piorar um conjunto de premissas; no cenário
otumista, melhorar um conjunto de premissas. Naão há um limite para o número de cenários.
A partir da análise de cenários, surge a possibilidade de uma nova abordagem às
etncas apresentadas de análise de viabilidade. E possivel atribuir probabilidades a cada
um dos cenários e calcular uma média ponderada da TIR, chamada 'taxa esperada de

Teiomo'; ou, em inglés, 'expected rate of return'.Analogamente, a mesma abordagem


pOde ser aplicada ao cálculo do VPL, nesse caso, denominado 'valor esperado do VPL'
0u, em inglês 'expected NPV (BRIGHAM; EHRHARDT, 2014).

E(VPL) = (Probabilidade, x VPL,)


354 EDUARDO TOBIAS NEME FERNANDESRUIZ

b) Simulação de Monte Carlo


de cenr
é a análise de milhares de cenários ao
Uma segunda metodologia possível
produzindo um Valor Esperad
mesmo tempo. Ela é calculada via software, de
o risco da variação
do VPL (BRc.
VPLe um desvio padrão que representa AM
sâo uma maior complexidade e o fato de
EHRHARDT, 2014). Suas desvantagens SSim
como as outras
também depender da parametrização das
metodologias,
das vari
variáveis
pelo usuáno.

17.19 Opçoes reais


São possiveis ações que possam incrementar a geração de fluxo de caira d.
do
efetuadas posteriormente à tomada de decisão de invers
projeto, ou reduzir perdas, esti-
mento. São chamadas opções reais, pois se referem a investimentos em ativos reais
eais.
Tal como opções financeiras, há um 'prêmio' a ser pago na largada em troca de um
m
beneficio futuro que pode ou não ser aproveitado.
Segundo Brealey, Myers e Allen (2020), as principais categorias de opcões
reais são:
i) opção de expansão do projeto;
i) opção de abandono;
ii) opção temporal;
iv) opção de flexibilidade produtiva.

Para o caso da análise de investimento em projetos greenfield de geração solar


FV, aplicam-se as categorias (i) e (ii). A primeira trata de avaliar se vale a pena fazer
um investimento ou incorrer em um gasto marginalmente superior visando baratear
eventual futura expansão. Por exemplo, arrendar uma área maior do que a necessária
para a instalação da UFV.
A opção temporal refere-se à decisão de antecipar ou postergar a data de inicio de
operagão do projeto, após ter decidido investir. É uma opção frequentemente aplicável
a projetos de geração solar FV. Por exemplo, um projeto que tenha vendido energa
elétrica em leilão A-6, mas, desde o princípio, o acionista considerou e tem
incorrnu
em custos adicionais com desenvolvimento do
projeto para ter a flexibilidade de anie
cipar a data de entrada em operação. Caso siga sendo conveniente economicameu
oacionista dará sequência ao plano de antecipação.
Contudo, caso as circunstanui
mudem, ele tem a flexibilidade de não antecipar sem incorrer em penalidades
âmbito do CCEAR.
17VABLIDAOE ECONÓMIC0 FINANCEIRA 355

PARTICULARIDADE DE PROJETOS DE GERAÇÃO SOLAR FV


172

Entendimento da eração de caixa de projeto greenfield de geraçáo solar FV


172.1

O investidor. assim como o financiador, deve se preocupar com a capacidade


de ocaixa do projeto. A anáise do fuxo de caixa complermenta a análise de indices
de
geraça
de
e das
das aatividades
t i v i d a d e s operacionais, da gestão do investimento e dos riscos financeiros da
exame
no
presa (PALEPu; HEALY, 2013,.p. 5-27, tradução nosa). Portanto, é imprescindivel
propriaempresa

enreender e criticar as principais premissas que compôem a geração operacional

caixa de projeto ano a ano. Da mesma forma, compreender e criticar aque-


um
de
compöem seu fluxo de caixa livre, tanto na fase de implementação quanto
Jas que c o m p õ e m

IR
longo da vida útil do projeto. Por exemplo, a variação de capital de giro.,
e

CSLL e CAPEX.

de Resultados
Assim sendo, deve-se começar avaliando no Demonstrativo
as premissas que compõem o Lucro Antes de Juros Impostos
dn Exercicio (DRE)
de centralizada de energia
Depreciação e Amorizaçao (LAJIDA). projetos geração
Em

fonte solar FV, o LAJIDA é composto por:


elétrica a partüir da
i) receita bruta;
i) impostos sobre receita;
infraestrutura de conexão;
i) O&M da usina e da
iv) encargos elétricos;
v)outros custos e despesas operacionais;
vi) custos de desenvolvimento do projeto (fase pré-operacional).

pagamento de impostos sobre


o lucro; e a
Na sequência, deve-se avaliar: o
fase de construção, e no
durante a
variação do capital de giro ano a ano, em especial investi-
entender a composição dos
primeiro ano de operação. Também é importante
durante
de desembolso, tanto durante a construção quanto
mentos e seu cronograma

a fase operacional.
do modelo de um projeto greenfield
explicação dos componentes
Para ilustrar a
segue seu fluxograma
Oe geração solar FV, suas relações de causa-efeito importância,
e

a direita.
cestrutura. 0 fluxograma deve ser lido da esquerda para
356 EDUARDO TOBIAS NEMEFERNANDES RUIZ

Receita

Operação e manutenção

Encargos elétricos

Arrendamento

Outroscustos e despesas D.R.E

Desenvolvimento Fluxo de Caixa Rentabilidade


Premissas
Depreciação Balanço Patrimonial Indices
Impostos Usose Fontes
Capital de giro
investimento
Divida

Macroeconômicas
Fig. 17.1. Fluxograma e estrutura de modelo económico-financeiro de projeto de geração
solar FV

17.22 Análise da geraço de caixa de projeto geenfield de geração solar FV


Na receita, o investidor deve avaliar se os volumes de produço de energia
elétrica, após perdas e consumo interno, e os preços considerados são factíveis. Para o
volume de produção, consumo interno e perdas, deve basear-se nas análises e relatórios
de certificação do capítulo 7 e no parecer do item 10.1. Para o preço, deve basear-se
nas análises do panorama do setor elétrico e solar FV (parte I do livro) e da estratégia
de comercialização e da competitividade do projeto (capítulo 14). Deve considerar,
também, contratos de venda de energia elétrica ou instrumentos preliminares even
tualmente assinados.
Em relação aos impostose incentivos fiscais sobre a receita (capítulo 13), eles
devem ser confimados por um especialista fiscal. Isso, pois a tributação, especial
mente estadual e municipal (1CMS e ISS), varia de acordo com o local do projeto e do
comprador da energia elétrica. Além disso, em havendo a possibilidade de obtençao
de incentivos fiscais, é imprescindível certificar-se de que eles estão sendo calculados
e contabilizados corretamente no modelo financeiro.
Quanto ao O&M da usina e da infraestrutura de conexão, a partir da análise
do escopo, disponibilidade de mão de obra, estratégia de contratação e garantias de
1VABILIDADE ECONOMICO-FINANCEIRA 35

desempe ordados no item 11.1 -o investidor deveria ser


abord
capaz de avaliar se a
oremissa de custos adotada é razoável. Observar, também, se estão sendo considerados
tos com equipe de M na fase de comissionamento e partida do projeto, alem
das peças
as so $obressalentes. Afinal, a cquipe deve ser contratada com antecedncia para
receber treinamento.

Outra categoria de gastos de valor representativo, intrínseca a projetos de geração


e
nergia elétrica, é a de encargos setoriais. Com base na avaliação destes também
ener

ardada no capítulo Il -0 investidor deve entender se as premissas consideradas


abord

estão calculadas corretamente.

Quanto aos demais custos e despesas, o investidor deve avaliar se os valores


nciderados, em conjunto com o orçamento de O&M, serão suficientes para operar
empreendimento nos niveis de desempenho previstos. Para o orçamento referente
o empr
gastos não relacionados ao desempenho (e.g. arrendamento, prêmio de seguros,
espesas gerais e administrativas etc.), verificar se seguem padrão de mercado e se são
desp
compativeis com o porte e a localização do projeto.
Na fase de desenvolvimento do projeto, os custos incorridos pelo empreendedor
Dodem ser representativos. A depender da fase de maturidade em que o investidor avaliar
o projeto, esses custos podem ser mais ou menos conhecidos. O escopo da análise
pelo investidor também dependerá da atribuição da responsabilidade pelos custos.
Por exemplo, se a negociação considerar que o investidor compraráá o projeto ready-
10-build, a responsabilidade pelos custos seria do empreendedor. Neste caso, caberia
investidor considerar em seu modelo financeiro a premissa de valor de compra do
projeto, a título de investimento.
Especificamente sobre a depreciação, do ponto de vista de geração de caixa, a
premissa de regime de depreciação só é relevante caso o projeto opte pelo regime de
tributação do Lucro Real. No caso, a depreciação traria o benef+cio do tax shield, ou
seja, reduziia o valor apagar de IRe CSLL. Do contrário, éé apenas uma rubrica contá-
bil, sem qualquer efeito sobre a geração de caixa do projeto. Por outro lado, o efetivo
nvestimento em manutenção, garantia estendida, retrofit e repotenciação dos ativos

fixos afetamo caixa. Consequentemente, devem ser considerados como investimentos,


tal como o CAPEX pré-operacional. Em ambos os casos, os valores não compõem o

fluxo de caixa operacional do projeto.


o inves-
Superada a análise dos componentes da geração operacional caixa,
de
Daor deve analisar as premissas de impostos e eventuais incentivos fiscais incidentes
DDre o lucro (vide capítulo 13). Deve se assegurar de que as premissas estão de acordo
COm o regime tributárioe estrutura fiscal considerados para o projeto. Novamente, em
certificar-se que estão
navendo a possibilidade de incentivos fiscais, é imprescindivel
Sendo calculados e contabilizados corretamente.
358 EDUARDO TOBIAS NEME FERNANDES RUIZ

composição do
cálculo do capitalal de
de
Na sequência, deve-se analisar a
oi.
giro do
De um lado, as contas
projeto variação ao longo
e sua da vida útil do ativo. a nan
pagar,
encargos eletricos; arrendamen
por exemplo: O&M; pessoal administrativo; impostos; ento
etc. De outro, as contas a receber. Em havendo, de antemao, um contrato assinado.
de
prazo medio de
recebimento
venda de energia elétrica, sabe-se exatamente qual o
da
receita. Nesse caso, fica mais fácil para o investidor criticar os cálculos. Ë coOm
mum
que haja aumento da demanda por capital de giro na fase de comissionamento, test.
testes
e partida do empreendimento até o momento do recebimento do primeiro pagamenta

pela venda da energia elétrica. Essa demanda de capital pode ser representativa
ae,
de qualquer forma, deve fazer parte dos usos totais do projeto. Consequentemente

irá requerer uma fonte de financiamento.


Por último, com base na análise e nos pareceres tratados nos itens 10.5, 13.2
10.6, deve-se criticar o valor dos investimentos e respectivo cronograma de desembolso
previstos. A análise deve ser feita tanto para os investimentos relativos à UFV quanto
para os da infraestrutura de conexão.

17.3 CONSIDERAÇÕES QUANTO ÀAPLICAÇÃO DE METODOLOGIAS CLÁSSICAS


17.3.1 Recomendaço para usSo dos índices
A partir do item 17.1.3, sobre análise de indices, é possivel perceber que a
literatura foca em indices de empresas operacionais. Tendo em vista que este livro
trata daanálise individual de projetos greenfield de geração de energia elétrica por
fonte solar FV, a abordagem precisa ser diferente. Portanto, deve-se considerar
que
os indices serão calculados exclusivamente com base em projeções futuras e que a
viabilidade econômica desses projetos depende exclusivamente de sua geração de fluxo
de caixa projetada.
Neste sentido, apresentam-se, a seguir, os índices recomendados para uso tanto
com base na teoria de corporate finance, como com base nas políticas de avaliação de
projetos do BNDES.

a) Margem LA.JIDA
E calculada em base anual pela razão entre LAJIDA como numerador ea
Receita Líquida como denominador. E uma forma simples de analisar a capacidade
de geração de fluxo de caixa operacional do
projeto e se há algum periodo especifico
no qual a geração é mais frágil. Uma margem LAJIDA baixa não necessariamente e
ruim, a depender do valor investido no projeto. No caso dos projetos de geração solar
17.VIABILIDADE ECONOMIC0-FINANCEIRA 359

natureza de capital intensivo


dada sua naturez
gratuidade da matéria-prima, espera-se
e
F
am LAJIDA alta para que o projeto seja
u m am a
rentável
Lucro operacional + Depreciação

Receita liquida

b)indice de Cobertura Sobre a Divida (ICSD)


é Calculado em base anual pela razão entre: LAJIDA menos IRPJ menos CSLL,
ariacão do capital de giro, como numerador; e a soma dos pagamentos de
menos a vanaça

martizações de principal das dívidas contratadas, como denominador.


Jurose a

LAJIDA -IR CSLL- Variação do capital de giro


Juros + Amortização

O BNDES, atualmente, não considera a variação do capital de giro no cálculo do


CSD de projetos de geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis. Há casos,
menos comuns, em que se considera o saldo de caixa da SPE no cálculo do numerador.

Esse indice serve para avaliar se a geração operacional de caixa do projeto seráá
suficiente para pagar o serviço da divida. E um índice bastante utilizado como par-
metro para limitar o endividamento máximo de um projeto financiado na modalidade
projectfinance. Em geral, credores exigem ICSD anual mínimo de 1,20 ou 1,30 vezes.
Em outras palavras, o pior ano do projeto deve gerar, no mínimo, de 120 a 130% de
caixa, se comparado ao respectivo compromisso de serviço da dívida daquele ano.

c) Endividamento sobre usos


E calculado pela razão do endividamento total do projeto, como numerador,
eOs gastos totais para a implementação do projeto (não somente o CAPEX), como
denominador. Mede o endividamento do projeto em base anual.
E também um índice parâmetro para limitar o endividamento máximo de um
projeto financiado na modalidade project finance. Logo, deve ser calculado com base
valor de financiamento que o empreendedor almeja obter. Para referências de limite
maximo desse indice, praticados pelas principais fontes de financiamento do setor,
vide item 16.2.

d) Divida liquida sobre ativos


E calculada em base anual pela razão entre: a dívida total do projeto (normal-
I e Considerada somente a dívida onerosa)- menos suas disponibilidades, como

UDerador; eo valortotal de ativos, como denominador.


360 EDUARDO TOBIAS NEME FERNANDES RUIZ

Passivo oneroso - Caixa

Ativo total

base nas projeções de Balanço Patrim.


Esse indice é calculado ano a ano com

dois propósitos: o endividan


Iimitar
imonial
do projeto. Ele é utilizado por credores para mento
ao longo da
vida util do projeto, se ele nod.
inicial máximo do projeto; e avaliar,
variar de projeto a projeto, de :
oderá
contrair novas dividas. O fndice máximo pode de acordo
com suas características e perfil de risco.

e Divida líquida sobre LAJIDA


dívida total do projeto (normalmente
Ecalculada pela razão entre: a
rada somente a divida onerosa) - menos suas disponibilidades, como numerador.
onside
consid.

or, e
o LAJIDA, como denominador.

Passivo oneroso-Caixa

LAJIDA

Esse indice é calculado ano a ano com base no Balanço Patrimonial e DRE.
Ele serve para avaliar quantos anos de LAJIDA seriam necessários para quitar a divida
liquida do projeto. Assim como o item anterior, ele é utilizado por credores para: limitar
o endividamento inicial máximo do projeto; e avaliar, ao longo da vida útil do projeto
se ele poderá contrair novas diívidas.

17.32 Uso das modalidades de fluxo de caixa


Em primeiro lugar, deve haver plena coerência entre a categoria de custo de

capital e a modalidade de fluxo de caixa utilizada. Quando analisados o FCFE ou o


DDM, o custo de capital a ser considerado é a TMA do acionista. Quando analisado
o

FCFF, deve ser considerado o custo de capital do projeto.


fluxo
Adicionalmente, deve haver consistência quanto ao uso da inflação. Se o
avaliado for inflacionado, o custo de capital considerado deve, também, ser inflacionado.
0
Se o fluxo avaliado estiver em termos reais, ou seja, sem a incidência de inflação,
custo de capital considerado deve seguir o mesmo critério.
Quanto à modalidade DDM, vale ressaltar que a contabilidade brasileira permite
outras duas formas de retornar recursos para o bolso do acionista: via pagamento u
formas
juros sobre o capital próprio; e via redução de capital social. Portanto, todas as
ar
de retornar recursos para os acionistas devem ser contempladas ao calcular o fluxo
caixa nesta modalidade.
. VIABILIDADE ECONOMICO-FINANCEIRA361

Quanto
anto ao FCFE, deve-se considerar que o
ao FCF
caixa gerado não nifica, necessa
aixa disponibilizado de imediato ao significa, necessa-
acionista. Este é
um ponto
ponto especialmente
f e guando
relevante quando sse trata de projetos
tinanciados na modalidade
um
especialmente
eenforme detalhado no capítulo 16, o(s) credor(es) project finance.
casos, c o n f o
Nesses
c restrições na demanda(m) a constituição
de
de
contas reserva, movimentação de contas-correntes e, em geral,
geral, há
ha
s nadistribuição de dividendos, redução de capital e/ou
nital próprio. Caso no estivesse presa' na SPE, essa pagamento de juros
Tacão poderia ser usada pelos acionistas para outros finsparcela
sobre
de caixa gerada
pelaoper
mais rentáveis do que
icações financeiras de baixo risco e alta liquidez.
Considerando que o objeto do livTo é a análise de investimento do ponto de vista
avestidor/acionista, deve ser priorizada a análise da geração de caixa ao acionista
doin
T atomada
tomada dedecisão.
de Recomenda-se que aescolhaentre as modalidades FCFE ou
para a
nDM seja em função das caracteristicas do financiamento vislumbrado pelo projeto.
Caso o financiamento implique em retenção de volumes relevantes de
Caso
capital no projeto,
Tecomenda-se utilizar a modalidade DDM.

133 Uso das méticas de análise de viabilidade

Deve-se atentar para o fato de que cada modalidade de fluxo de caixa terá um
valorde VPLe um de TIR. No caso do FCFF, denominam-se VPLe TIR do projeto.
No caso do FCFE e do DDM, denominam-se VPL e TIR do acionista. Além disso,
para a mesma modalidade de fluxo de caixa, VPL e TIR do fluxo inflacionado serão
diferentes do fluxo em termos reais.
Tendo em vista que o propósito é avaliar individualmente a viabilidade econô-
mica de projetos greenfield de geração centralizada solar FV, a recomendação é usar
duas métricas. Primeiro, a métrica do VPL como instância definitiva de tomada de
decisão. Em segundo lugar, usar a TIR. O uso da TIR deve-se, principalmente, por
Ser una metodologia muito utilizada no setor e por retratar padrão de rentabilidade de

dferentes projetos, de diferentes portes, do mesmo setor.


Contudo, vale lembrar que a análise de viabilidade de um projeto baseada em
um cenário único não
é suficiente. Portanto, recomenda-se considerar o Valor Esperado
do VPL a
partir de uma análise de cenários.

1I24
Considerações para a determinação do custo de cap1ital
OWACC é uma boa metodologia para cálculo do custo de capital de um projeto,
empre que se conheça a TMA do acionista para aquele projeto. Aqui reside o principal
UCSafio, o de estimar a TMA do acionista.
362 EDUARDO TOBIAS NEME FERNANDES RUIZ

determinação da TMA do
acionista
epende, priprimei.
depende,
Eimportante frisar que a
de seu portfölio de ativos
investidor e das características .Por
ramente, do perfil do do setor deenerpia

exemplo, no caso de
investidor de perfil estratégico (eg. empresa
de ativos, sua TMA
ergia),
do que o de seu portfölio para
risco do projeto for maior
se o
seu custo de capital
(WACC). No caso de fund
andos
maior que
aquele projeto deverá ser
meta prevista no regulamens
custo de capital é a rentabilidade nento
de investimento, seu
isco do projeto, o gestor .
a depender
do do
mesma forma,
do fundo. No entanto, da
rentabilidade meta.
TMA diferente da
fundo pode exigir uma
estimar o Ke, ou seja, a IMA que compõe o WACCC
Como fazer, então, para
do projeto?
a metodologia
do CAPM. isso, é necessá Para
A primeira opção seria usar tomar como referénci
Para estimá-lo, deve-se
estimar o valor do Bda ação do projeto.
de ativos seja maio
da ação de projetos similares ou
de empresas cujo portfölio
o
de geração de energia
ritariamente de similares. Não há, no Brasil, projeto
projetos
listadas em bolsa. Também
elétrica de fonte solar FV, nem de eólica, que tenha ações
bolsa dedicadas exclusivamente a projetos de
não são muitas as empresas listadas em

Brasil. Como se não bastassem essas restriçðes,


geração de energia elétrica renovável
no

um portfólio de ativos majoritariamente


dentre as empresas listadas, a maioria possui
hidroelétrico. Outra limitação é que oß, ainda que munido de referëncias, é calculado
com base em valores históricos. Em se tratando de uma tecnologia de rápida evolução,
dados históricos não so um bom parâmetro; ainda mais para o Brasil, no qual a fonte
solar FV foi adotada em momento mais tardio. Por essas razões, a metodologia CAPM
é inadequada para calcular a TMA de um projeto de geração de energia elétrica solar

FV no Brasil.
Outra opção seria o uso da metodologia denominada risk-adjusted discount
rate (BRIGHAM; EHRHARDT, 2014). Esse método consiste em calcular diretamente o
WACC do projeto com base, exclusivamente, no WACC do acionista. Caso o projeto de
investimento tenha risco maior que o risco do portfólio de ativos do acionista, deve-se
considerar unm prêmio sobre o WACC. Analogamente, para projetos de menor risco,
considerar um desconto. Contudo, Brigham e Ehrhardt (2014) admitem que não há
critério objetivo para dimensionar os ajustes no WACC do investidor.
A aplicação do risk-adjusted discount rate, no entanto, tem limitações. Ela so

faria sentido se o projeto fosse financiado na modalidade corporate finance. Quando


financiado como project finance,o nível de alavancagem eo custo da dívida do projeto
não são correlacionados com o WACC do acionista.
Portanto, independentemente da estratégia de financiamento do projeto,
recomenda-se, a cada investidor, definir a melhor metodologia ou referência de TMA
para o projeto de geração solar FV em análise. Então, a partir da TMA, calcular o0
VMABILIDADE ECONOMICO-FINANCEIRA 363
isso, deve considerar Para
oieto. Para
projeto.
WACCdo a
e custoda divida almejados para o expectativa de nível de alavancagem
projeto. respectivo
Contudo, o uso do
WACC para
cálculo do custo de capital do orojeto também
T e ml i m i

primeira
es. At a

delas
ç õ

é
peculiar ao Brasil. O
d e s

projeto tambem
sobre o custo da dívida. No Brasil, WACC supðe beneficio do
essa
tributário seja de Lucro
Real. Caso
suposição só é válida para projetos
cujo regime oprojeto opte pelo regime
para não incorrer em erro, deve-se regime de Lucro
P r e s u n

considerar o seguinte te na fórmula:


ajuste t
WACC HWd x Kd + We x Ke

limitação, :
Outra limitação,
Outra segundo Brealey, Myers e Allen (2020), é
caixanclo
pelo WACO WACC supõe que o nivel de endividamento do que descontar fluxos
daünil. Entretanto, caso financiado na modalidade projeto será igual por toda
vida útil. Entreta
Sua

será project finance, a estrutura de


decrescente. Nesse caso, o
c g p

do projeto será
italdo
i t a

projeto iniciará operação altamente


e, ano a ano, o endividamento
alavancado
cairá paulatinamente até Sua quitação total.
ate sua
Consequentemente, o valor do WACC
serå difer
WACC será diferente a cada ano.
As dificuldades e limitações, tanto
para calcular a TMA do acionista
nara Custo de capital projeto, Tressaltam a importância de se
ao quanto
realizar uma análise
ie niscos detalhada do projeto. Este tema é tratado em
detalhe no capítulo 18.

14 CONSIDERAÇOES OUANTO AQUALIDADE DA ANÁLISE DE VIABILIDADE


Nunca é demais enaltecer a relevância de se usar
premissas razoáveis, sem
vies e fidedignas no modelo econômico-financeiro utilizado na análise.
Considerando
um modelo sem erros
conceituais, os resultados da análise de viabilidade dependero
completamente das premissas inseridas. Os resultados não serão confiáveis se a análise
Dão for feita com
premissas realistas. Adicionalmente, éimportantea ressalva de que o
modelo é uma foto tirada para um determinado conjunto de premissas. Para cada nova
premissa ou revisão de premissa existente, haverá um novo resultado.
Um estudo sobre
utilizaçaão de metodologias de avaliação de empresas no Brasil
Tealizada em 2004, com 29 profissionais da área de fusões e aquisições, fundos de
a l de risco consultorias constatou que: [.. fol apontado que a qualidade da avalia
e
o e dretamente
proporcional à qualidade dos dados, informações e do tempo despendido
em
CcOmpreendera empresa a ser avaliada (MARTELANC et al., 2004, p. 4). A conclusão é que
S E avaliar um negócio, a principal preocupação não deve ser o resultado, mas sim

dO Oprocesso de avaliação que, se bem feito, diminuirá as chances da geração de

Tesult distorcidos (MARTELANC et al, 2004). Apesar do estudo ter sido focado
364 EDUARDO TOBIAS NEME FERNANDESRUIZ

fazer esta analogia à avalian:


majortariamente na avaliação de empresas, possível
é ação
constatada para avaliação de empresa.
de projetos. Isso, pois a principal metodologia resas
mesma base utilizada na
et al., 2004), Ara
foi o fluxo de caixa descontado (MARTELANC
o cálculo do VPL e da TIR.
está analisando o projeto não estiva.
Portanto, potencial investidor que
se o
pelos empreendedores, ele não ests
stá
seguro quanto às principais premissas apresentadas
o investidor não compreendeu
Isso significa que
pronto para avançar com a avaliação.
dos aspectos da
o suficiente do projeto, do negócio e
do setor. Conhecimento prévio
é demais. Contudo, deve-se haver um nivel
projeto e do mercado onde se insere nunca
conforto pelo investidor na verificação
minimo de entendimento de modo que haja
e

modelo econômico-financeiro.
determinação das principais premissas de
um

Vale lembrar que, do ponto de vista do investidor, a análise de viabilidade


económico-financeira deve ser feita quando o escopo do projeto estiver definido
viabilidade deve ser usada como uma
Do lado do empreendedor, todavia, a análise de
ferramenta de apoio para a definição do escopo do projeto; auxiliando em questões

como escala, localização, arranjo, orçamento e cronograma de investimentos, preço

de venda da energia elétrica etc.

REFERENCIAS

BREALEY, R. A,; MYERS, s. C.; ALLEN, E.Principles ofcorporatefinance. 13. ed. New
York: McGraw-Hill Education, 2020.
BRIGHAM, E. F; EHRHARDT, M. C. Financial management: theory and practice. 14. ed.
Mason: South-Western Cengage Learning, 2014.

HAWKINS, D. F. Basic ratio analysis and equity valuation. Harvard Business School Case
(9-185-149). Boston, 2002.
MARTELANC, R. et al. Uilização de metodologias de avaliação de empresas: resultados de
uma pesquisa no Brasil. São Paulo: FEA-USP, 12 fev. 2004.
PALEPU, K.; HEALY, P. M. Business analysis & valuation: using financial statements, text and
cases. 5. ed. Mason: Thomson South-Western, 2013.
CAPÍTUL0 21

DECISAO DE INVESTIMENTO
Eduardo Tobias Neme Fernandes Ruiz

21.1 FUNDAMENTOS DA DECIS DE INVESTIMENTO


A capacidade de geração de caixa do projeto deve ser o principal fator a ser
considerado pelo investidor em sua análise. Tanto para avaliar qual o retorno previsto
para o investimento, quanto entender e ponderar os principais riscos que podem desviar
os fluxos de caixa do projeto de sua rota prevista.
Após aplicada a metodologia de análise de investimento proposta, o investidor
precisa estar convencido da viabilidade técnica e econômica do projeto. Para isso,
também é essencial a contribuição do empreendedor no fomecimento e fundamentação
das informações de seu projeto.
No contexto da viabilidade técnica, o investidor deve estar confiante de que:
1) o projeto entrará em operação no momento previsto, dentro do custo
previsto, nos parâmetros operacionais previstos (capacidade, eficiência e
disponibilidade);
ii) oprojeto terá a capacidade ao longo de sua vida útil - de manter as premissas

adotadas de volume de geração, de preço de venda de energia elétrica e de


custos e despesas operacionais.

Além disso, no caso de projetos greenfield, é primordial avaliar e/ou definir os


executivosea equipe técnica que farão a implementação do projeto.Assim como aqueles
profissionais chave responsáveis pela comercialização da energia elétrica, estruturação
do financiamento e que farão a gestão e acompanhamento da fase operacional. Esses
profissionais são imprescindiveis para o sucesso do projeto. Para tanto, incentivos
devem ser criados para retê-los.
482 EDUARDO TOBIAS NEME FERNANDES RUIZ

Quanto à estrutura alvo de capital do projeto, o investidor precisa estar confor-


tável que não faltará recursos para viabilizar a conclusão do projeto. Alem disso, que

OS recursos a serem obtidos junto a terceiros sejam contratados em condições similares

àquelas consideradas no modelo financeiro.


Em se tratando de projeto que não tenha toda a sua produção comercializada
no ACR, destaca-se a importância da avaliação da competitividade do projeto versus
seus pares. A alta competitividade do projeto é fator fundamental para mitigar o risco
de obtenção de preço de venda da energia elétrica inferior ao previsto.
Quanto à análise de viabilidade econômica, ressalva-se que os critérios de deci
são de investimento apresentados no item 21.2 consideram um projeto de investimento
economicamente independente, em estágio greenfield. Em outras palavras, avalia-se a
viabilidade econômica do projeto por si só, independentemente da eventual existência
de outros que gerem maior valor ao acionista. Portanto, supõe-se que não há restrição
de capital do investidor. Tampouco contempla-se a hipótese de projetos mutuamente
excludentes (e.g. em um mesmo local decidir por fazer um projeto solar FV ou um

projeto eólico), para os quais os critérios de decisão de investimento seriam distintos.

21.2 DECISÄO DE INVESTIMENTO


Em suma, deve-se decidir investir quando a viabilidade econômica do projeto
VPLacionista positivo ou igual a zero, ainda
for suficientemente robusta para gerar um

adversas em determinados momentos de sua vida útil.


que sujeito a algumas situações
São exemplos de situações adversas: a queda dos preços da energia elétrica;
atraso na

eventuais
construção; sobrecusto na implantação; escalada nos custos operacionais;
anos com geração abaixo do previsto; alteração de incentivos fiscais; de regulação,
dentre outras.
da análise ae
Essa conclusão deve ser obtida a partir da análise de cenários e

sensibilidade das principais premissas. Ambas ponderam a relação risco e retono.

Recomenda-se que o investimento deva ser realizado se, cumulativamente


i) o VPLacionista do cenário base for positivo ou igual a zero;
i) o E(VPL) acionista na análise de cenários for positivo ou igual a zero,
ii) as premissas de riscos para as quais o projeto é mais sensível podem se
satisfatoriamente alocadas e/ou mitigadas.

Caso o VPL acionista do cenário base seja positivo, mas o E(VPL) seja negativ
de
o item (i) deve ser o fator de desempate. Deve-se avaliar se a estratégia definida
alocação e mitigação de riscos reduziria a probabilidade de ocorrência dos cenários
483
21. DECISÃO DE INVESTIMENTO

pessimistas do projeto. Além disso, revisar as premissas consideradas nos cenários


nessimistas de forma a refletir os riscos residuais que serão assumidos pelo projeto,
após a implementação da estratégia de gerenciamento de riscos.
Apesar da análise de cenários ter sido realizada após um estudo aprofundado
do projeto e com base em conclusões de diversos pareceres técnicos, ela foi condu
zida previamente à definição da estratégia de gerenciamento de riscos. Não obstante,
se ainda assim o E(VPL) acionista for negativo, o investimento deve ser descartado
sem hesitação.

21.3 CONTEXTO DO INVESTIDOR


Na tomada de decisão também cabe ao investidor ponderar eventuais fatores
que possam ir além da análise fundamentalista e objetiva de investimento no projeto,
contemplada neste livro. Faz-se referência a fatores particulares a cada investidor, seja
estratégico ou financeiro. Por exemplo, restrição de capital, concorréncia entre projetos
(fotovoltaicos ou não), aderéncia à estratégia de investimento e de gestão de riscos de
portfölio de ativos, prazo de investimento, momento de investir etc.

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