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Metodologia para Análise de Viabilidade Econômica de Investimentos em


Fontes Renováveis de Energia no Estado do Amazonas

Conference Paper · August 2014

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5 authors, including:

Alessandro Bezerra Trindade Rubem Souza


Federal University of Amazonas Federal University of Amazonas
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Políticas Energéticas para a Sustentabilidade
25 a 27 de agosto de 2014
Florianópolis – SC

Metodologia para Análise de Viabilidade Econômica de


Investimentos em Fontes Renováveis de Energia no Estado do
Amazonas

Alessandro Bezerra Trindade1


Fernando Santos Folhadela2
Geraldo Vasconcelos Arruda Neto3
Israel Wallysson Freitas da Silva4
Rubem Cesar Rodrigues Souza5

RESUMO
O Projeto de Cooperação Técnica BRA/IICA/09/001 celebrado entre o IICA e a
Eletrobras tem a finalidade de criar processos e metodologias para o
desenvolvimento da capacidade da Eletrobras e de seus parceiros na execução de
projetos com foco no atendimento de energia elétrica, com ênfase na utilização de
fontes renováveis de energia. O programa “Luz para Todos” atendeu até inicio de
2014 cerca de 3,0 milhões de famílias rurais, que em sua maioria, foram
beneficiadas com serviços de energia elétrica por meio de extensão de redes de
distribuição. No entanto, há uma significativa parcela de brasileiros em regiões rurais
remotas, onde nem sempre essa extensão é possível, demandando outras soluções
para o seu atendimento. Legislações específicas determinam que as
concessionárias devem atender à totalidade dos seus mercados por meio de
licitação, incluindo os custos diretamente associados à prestação do serviço de

1 Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), alessandro.b.trindade@gmail.com,


92-8801-4648.
2 Folhadela Consultoria e Assessoria, fernando@folhadela.com.br, 92-8135-9789.
3 Eletrobras Amazonas Energia, geraldo.neto@eletrobrasamazonas.com, 92-8179-8686
4
Eletrobras, israel.silva@eletrobras.com, 21-2514-5049
5
Universidade Federal do Amazonas, rubem_souza@yahoo.com.br, 92-8128-8899
1
energia elétrica em regiões remotas dos Sistemas Isolados, caracterizadas por
grande dispersão de consumidores e ausência de economia de escala. Diante desse
contexto é oportuno o desenvolvimento de ferramentas de engenharia econômica
que auxiliem a análise dos Projetos de Referência atuais, visando eventuais
correções e melhorias nos próximos Projetos. O artigo apresenta uma metodologia
que possibilita analisar o fluxo de caixa de Projetos de Referência para eletrificação
rural de sistemas isolados, ponderando receitas e despesas, possibilitando análise
da taxa de retorno do empreendimento, lucratividade e payback. A metodologia foi
desenvolvida a partir dos dados de projeto de 74 comunidades dos municípios de
Carauari e Barcelos no Estado do Amazonas, e possibilita ainda uma análise
comparativa do investimento por um empresário neste tipo de projeto e em
aplicações financeiras disponíveis no mercado.
Palavras-chave: Sistemas isolados, metodologia, análise de viabilidade econômica,
fontes renováveis, Amazonas
ABSTRACT
The Technical Cooperation BRA/IICA/09/001 celebrated between IICA and
Eletrobras aim to create processes and methodologies to improve Eletrobras’s
capabilities and of its partners to implement projects of electrical energy care with
emphasis in use of renewable energy sources. The “Light for All” attended around
3.0 million of rural households up to the beginning of 2014, most of them benefited
with electric services by extension of the main grid. However, there are a lot of
Brazilian households at isolated rural areas where the extension of the main grid is
not possible, demanding other type of solutions. Specific Laws demand that all the
Energy Companies must attend 100% percent of its market by bidding, including the
costs related to offer electric energy service to isolated areas, which the consumers
are scattered and where there is not scale economy. Based at this context is
opportune the development of economic engineering tools that can help the analysis
of isolated rural areas electrification projects, targeting correctness and
improvements to future projects. This paper presents a methodology that make
possible cash flow analysis of reference projects to electrify isolated rural areas,
balancing income and outcome, performing return over investment, profitability and
payback analysis. The methodology was created based in data from 74 isolated
areas from two cities of Amazon State, and performs yet a comparative analysis
among a private investment in electrification and ordinary financial investments
available at the market.
2
Keywords: Isolated systems, methodology, economic feasibility analysis, renewable
sources of energy, Amazon State

1. INTRODUÇÃO
O Projeto de Cooperação Técnica BRA/IICA/09/001 (Acesso e uso da
energia elétrica como fator de desenvolvimento de comunidades do meio rural
brasileiro), firmado entre o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura
(IICA) e a Eletrobras, tem por finalidade a criação de processos e metodologias para
o desenvolvimento da capacidade da Eletrobras e de seus parceiros na execução de
projetos com foco no atendimento de energia elétrica, com ênfase na utilização de
Fontes Renováveis de Energia (FRE), e no seu uso produtivo como vetor de
desenvolvimento de comunidades rurais.
A Lei nº 10.438, de 26 de abril de 2002, dispõe sobre a universalização do
serviço público de energia elétrica e o Decreto nº 7.520, de 8 de julho de 2011,
institui o Programa Nacional de Universalização do Acesso e Uso de Energia
Elétrica – “LUZ PARA TODOS (LPT)”, para o período de 2011 a 2014.
O Programa LPT completa dez anos de existência no ano de 2014,
atendendo cerca de 3,0 milhões de famílias rurais, que em sua maioria, foram
beneficiadas com serviços de energia elétrica por meio de extensão de redes de
distribuição. No entanto, há uma significativa parcela de brasileiros em regiões rurais
remotas, onde nem sempre essa extensão é possível, demandando outras soluções
para o seu atendimento, como a utilização de Sistemas Individuais de Geração com
Fontes Intermitentes (SIGFI) e Minissistemas Isolados de Geração e Distribuição de
Energia Elétrica (MIGDI).
As publicações da Lei nº 12.111, de 09 de dezembro de 2009, do Decreto nº
7.246, de 28 de julho de 2010, Decreto nº 7.355, de 5 de novembro de 2010,
Portaria MME nº 600, de 30 de junho de 2010 e Portaria MME n° 493, de 23 de
agosto de 2011, que dispõem sobre os serviços de energia elétrica nos Sistemas
Isolados, determinam que as concessionárias devem atender à totalidade dos seus
mercados por meio de licitação, incluindo os custos diretamente associados à
prestação do serviço de energia elétrica em regiões remotas dos Sistemas Isolados,
caracterizadas por grande dispersão de consumidores e ausência de economia de
escala.
Logo, os agentes de distribuição de energia elétrica deverão anualmente
submeter à aprovação do Ministério de Minas e Energia (MME) o planejamento do
3
atendimento dos mercados nos Sistemas Isolados, para o horizonte mínimo de cinco
anos.
Com base nesse planejamento, as concessionárias de energia elétrica
devem submeter Projetos de Referência que busquem a redução do custo total da
geração nos Sistemas Isolados, para avaliação e habilitação pela Empresa de
Pesquisa Energética (EPE). E apenas recentemente as concessionárias
apresentaram os primeiros Projetos de Referência.
Diante desse contexto, no qual há ainda uma variável adicional relacionada
a mudanças na legislação pertinente, além do processo todo ser muito recente para
as concessionárias, é oportuno o desenvolvimento de ferramentas de engenharia
econômica que auxiliem a análise dos Projetos de Referência atuais, visando
eventuais correções e melhorias nos próximos Projetos.
O presente artigo demonstra uma metodologia criada e aplicada neste ano na
concessionária Eletrobras Amazonas Energia, possibilitando que se analise o fluxo
de caixa dos futuros Projetos de Referência que vão a Leilão para interessados do
setor privado. A metodologia possibilita analisar ainda a taxa interna de retorno do
investimento, o índice de lucratividade e o payback sob diversas óticas e simulando
cenários distintos até se chegar na melhor relação custo-benefício sob a ótica da
concessionária, mas sem deixar de ser atrativo para um possível investidor. A
metodologia mostra ainda a possibilidade de se comparar, sob a ótica do investidor,
a atratividade de Projetos de Referência em relação às oportunidades
disponibilizadas atualmente pelo mercado financeiro brasileiro.

2. A METODOLOGIA
A metodologia nasceu de uma consultoria realizada dentro da
concessionária Eletrobras Amazonas Energia, em Manaus, sendo financiada pelo
Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). A demanda, que
deu origem à metodologia e a uma ferramenta em planilha eletrônica, veio da
necessidade de se avaliar 74 Projetos de Referência, usados como base para as
futuras licitações da concessionária, para eletrificação com energia solar fotovoltaica
de comunidades isoladas nas cidades de Carauari e Barcelos no Amazonas.
A metodologia parte dos dados dos Projetos de Referência dos MIGDIs e
SIGFIs das 74 comunidades, e permite análise do fluxo de caixa dos projetos dentro
do horizonte previsto para os futuros contratos de licitação, analisar indicadores
destes projetos (taxa interna de retorno, lucratividade e payback), além de comparar
4
o retorno financeiro de se investir em Leilões de energia com as aplicações
financeiras comuns do mercado, visando comparar atratividade e garantir
interessados nos Leilões. Passos usados para se chegar à metodologia:
 Obtenção de dados dos Projetos de Referência para as comunidades-alvo
 Levantamento bibliográfico com relação a custos e fluxo de caixa
o Custos fixos e custos variáveis
o Balanço patrimonial real de empresas do setor elétrico
o Manual de Contabilidade do Serviço Público de Energia Elétrica
o Depreciação de equipamentos
 Levantamento de informações sobre impostos e taxas incidentes em
empresas com a característica de PIE – Produtor Independente de Energia
 Definição e coleta de série histórica de cinco aplicações financeiras mais
usadas no mercado para comparação
 Montagem do fluxo de caixa para cada uma das comunidades estudadas
 Cálculo de critérios de investimento para os empreendimentos analisados
(taxa interna de retorno, índice de lucratividade, payback)
 Criação de opções para se realizar simulações com o fluxo de caixa
(obtenção de empréstimo em banco, atuação no percentual da carga de
custos para avaliar redução dos mesmos e o impacto nos indicadores)

2.1 Os dados necessários dos Projetos de Referência


São necessários os custos de operação e manutenção e os custos de
instalação, por comunidade. Além do modelo de negócio dos Leilões.

2.1.1 - Custos de Operação e Manutenção (O&M)


Os custos anuais necessários para a comunidade-alvo são: custo total de
mão-de-obra (incluindo salário e encargos), custo de manutenção preventiva, custo
de manutenção corretiva, custo de reposição dos equipamentos (de acordo com a
vida útil adotada para os mesmos), custo com minirrede (caso dos MIGDIs), custo
com comercialização (caso dos MIGDIs) e o custo de monitoramento (caso seja
adotado modelo na qual a planta é monitorada e controlada à distância)

2.1.2 - Custos de Instalação ou de Investimento

5
Os custos de instalação são dependentes do tipo de energia usada na
eletrificação. Para o caso de energia solar fotovoltaica, são necessários para cada
comunidade: o custo total dos painéis fotovoltaicos, o custo do banco de baterias,
custo de controladores, custo dos inversores, custo da minirrede (para os MIGDIs),
custo do padrão de entrada e do kit de instalação interna, o custo da automatização
da minirrede (caso seja automatizada), custo do sistema de monitoramento (se a
planta for monitorada via satélite), custo da rede inteligente (se aplicável), os custos
acessórios, custo de transporte de equipamentos, custo de pessoal e custo de
transporte de pessoal.

2.1.3 – Modelo de Negócio


Aqui são necessárias duas informações: a taxa mínima de atratividade (TMA)
anual utilizada nos cálculos dos Projetos de Referência, e; a duração dos contratos a
serem assinados com os ganhadores dos Leilões de energia.

2.2 Definição da estrutura de CUSTOS


Estamos inseridos em mercados cada vez mais competitivos, onde o lucro
deixou de ser baseado na receita, no faturamento, mas, sim, resultante dos custos
cometidos, de tal modo que, ansiar lucro, é dominar custos. Lucros e custos são
grandezas contrariamente proporcionais. O lucro será alto se o custo for menor.
Assim é de suma importância para toda a atividade econômica a noção dos custos e
os efeitos destes sobre a economia como um todo.
A bibliografia ensina que custos:
 É tudo o que se investe para obter um produto, um serviço ou uma utilidade
(SÁ, 1995).
 Refere-se ao valor dos fatores de produção consumidos por uma empresa
para a produção ou distribuição de produtos/serviços (LEONE, 1997).
Dentre os custos econômicos que devem ser considerados em um fluxo de
caixa estão os custos fixos e os variáveis.
Segundo o Manual de Contabilidade do serviço público de energia elétrica
(ANEEL, 2008):
 Os custos fixos de produção são aqueles custos indiretos da produção que
ficam relativamente constantes, qualquer que seja o volume de produção, tais
como a depreciação e manutenção do edifício e equipamento da unidade

6
produtiva, e o custo da gerência e administração da unidade produtiva.
Também conhecido pela sigla (MSO) conforme tratamento adotado pela
ANEEL no Plano de Contas (ANEEL, 1997).
 E os custos variáveis de produção são os custos diretos de produção que
variam diretamente, ou quase diretamente, com o volume de produção, tais
como materiais indiretos e mão-de-obra indireta.
Na maior parte da literatura são considerados como partes que compõem os
custos de geração:
𝐸(𝑐) = 𝐶𝑇 = 𝐶𝐹 + 𝐶𝑉
Ou seja, o custo total (CT) é igual a soma do custo fixo (CF) com o custo
variável (CV). O Gráfico 01 ilustra essa composição.

Gráfico 01 – Custo fixo e custo variável


Sendo que o custo fixo é formado pelos custos de capital e pelos custos fixos
de operação e manutenção (O&M). E o custo variável é formado pelo custo do
combustível C e pelos custos variáveis de O&M.
Considera-se que no cálculo dos custos das energias renováveis o preço do
combustível é zero bem como a parcela variável dos custos em O&M, logo alguns
autores classificam como ativos isentos de risco (AWERBUCH e BERGER, 2003).
Baseado nesse contexto, neste artigo, os custos variáveis foram desprezados e
onde se lê custo entenda-se que são os custos fixos.
Em suma, o Quadro 01 apresenta a estrutura adotada neste Artigo com
relação ao Fluxo de Caixa de empreendimentos de eletrificação rural de sistemas
isolados baseado em energia solar fotovoltaica. E o Quadro 02 a estrutura do DRE
(Demonstrativo de Resultado de Exercício).

7
Quadro 01 – Estrutura do Fluxo de Caixa usado no artigo

O primeiro item de destaque na estrutura do fluxo é o FLUXO DE


INVESTIMENTO E LIQUIDAÇÃO, compreendendo os investimentos em ativos,
gastos pré-operacionais, capital de giro e valor residual. Aqui apenas os
investimentos em ativos foram utilizados.
No segundo item de destaque do Fluxo está o FLUXO OPERACIONAL,
composto pela subtração das RECEITAS dos CUSTOS. A RECEITA é formada pela
receita de suprimento de energia elétrica. Esta é a receita, em Reais por ano, a ser
paga ao Produtor Independente de Energia na prestação do serviço de suprimento
de energia elétrica nos Projetos de Referência, incluindo custos de operação,
manutenção e eventual expansão, compreendendo a utilização de tecnologias não
convencionais e o fornecimento de equipamentos eficientes, inclusive para uso
doméstico, bem como custos de serviços comerciais associados, em nome da
Concessionária. Na composição feita neste estudo, a receita de suprimento foi
composta pelo valor anualizado do investimento somado ao valor do custo anual de
O&M, acrescidos dos impostos aplicáveis e depreciação anual. Para o primeiro ano
8
adotou-se que a usina (ou sistema individual) levará 6 meses para ser construída e
comissionada, ou seja, até os 6 primeiros meses não existe receita e nem custos. Os
CUSTOS vêm dos Projetos de Referência.
O último item é o FLUXO FINANCEIRO, no qual a Consultoria estabeleceu o
seguinte cenário: o empresário ou Produtor Independente de Energia não vai usar
100% do seu próprio dinheiro para investir no projeto de eletrificação. Ele vai ao
mercado financeiro e faz um empréstimo, mais comumente na linha especial do
BNDES para o setor elétrico. Sendo assim, embora adotado com um valor padrão
de 80% do total de investimento como empréstimo, a ferramenta permite que se
façam simulações com outros valores. Outros cenários analisados foram: não
obtenção de empréstimo (usando 100% capital próprio), 50% de empréstimo (50%
capital próprio) e 80% de empréstimo (20% de capital próprio).
A amortização englobaria o valor total do investimento dividido pela
quantidade de anos do financiamento (desconsiderando a carência dada pelo
BNDES). E os juros da dívida seguem o padrão adotado pelo BNDES 6.

Quadro 02 – Estrutura do DRE (Demonstrativo de Resultado de Exercício)

O Quadro Demonstrativo de Resultado de Exercício consolida o fluxo e


apresenta os indicadores para cada projeto de eletrificação. Ele calcula os impostos
incidentes neste tipo de atividade econômica, apresenta a receita líquida, chega ao
lucro bruto, depois no lucro operacional, aplica o desconto de imposto de renda
(quando aplicável) e calcula a CSSL (contribuição social sobre o lucro), de onde se
obtêm o resultado do exercício ou lucro líquido.

6
Fonte:
http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Apoio_Financeiro/Produtos/FINEM/energia
_geracao_renovavel.html
9
Na parte inferior do DRE, para efeito de análise comparativa e avaliação de
investimentos, foram escolhidos e calculados alguns indicadores importantes.
No que diz respeito aos indicadores associados à rentabilidade dos projetos
foram considerados:
 Valor Presente Líquido (VPL): calcula, em termos de valor presente, o
impacto dos eventos futuros associados a uma alternativa de
investimento. A regra decisória é investir se o VPL for positivo.
 Taxa Interna de Retorno (TIR): compreende determinar a taxa intrínseca
de rendimento do investimento. Matematicamente, a TIR é uma taxa
hipotética que anula o VPL. De forma prática, se a TIR for maior ou igual
que a TMA dos Projetos de Referência, então o investimento tem um
rendimento ótimo.
No que diz respeito a indicadores associados ao risco dos projetos, foi
considerado:
 Período de Recuperação do Investimento (payback): compreende a
indicação do tempo, em anos, de recuperação de um investimento. Em
outras palavras indica quantos anos serão necessários para que o valor
presente dos fluxos de caixa previstos se iguale ao investimento inicial.
 Índice de Lucratividade (IL): estabelece a relação entre o valor presente
das entradas líquidas consideradas no fluxo de caixa e o investimento
inicial. O investimento será rentável sempre que o valor presente das
entradas for superior ao investimento inicial realizado, ou seja, sempre
que o índice de lucratividade apurado for superior a unidade.
A depreciação anual dos equipamentos deve também ser considerada é a
função direta da vida útil dos mesmos. É um custo presente no fluxo de caixa.

2.3 Impostos e taxas incidentes em um PIE


Em função da localidade, devem-se levantar dados sobre os impostos e
alíquotas para se aplicar no fluxo. Os impostos usuais são: Imposto de Renda
Pessoa Jurídica, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, PIS, Cofins e ICMS.

2.4 Considerações sobre expansão


Dependendo dos termos do Projeto de Referência, possa ser que a
concessionária que irá licitar já acrescente uma previsão de expansão anual na

10
geração da energia. Neste caso, o fluxo de caixa deve prever, a cada ano, essa
expansão. A ferramenta de cálculo deve estar adequada a essa situação.

2.5 Comparando os Projetos com opções do mercado financeiro


Escolheu-se 5 ativos mais comuns disponíveis no mercado e, ao final da
DRE, pega-se o valor obtido da TIR e compara-se com a lucratividade dos ativos. O
índice dos ativos foi calculado como sendo a média de lucratividade real
(descontada inflação) dos últimos 10 anos (2003 a 2013). São eles:
 Índice Bovespa: 13,84% de lucratividade média
 Poupança: 1,99% de lucratividade média
 Títulos públicos do Governo: 12,15% de lucratividade média
 Dólar: 2,58% de lucratividade média
 Euro: -2,87% de lucratividade média

3. USANDO A METODOLOGIA
A metodologia deu origem a uma ferramenta em planilha eletrônica, onde se
consolidou os conceitos e as demandas impostas para a consultoria. Todos os
dados de custos detalhados dos Projetos de Referência das 74 comunidades
isoladas dos municípios de Carauari e Barcelos foram empregados e os resultados,
apresentados de forma resumida na seção de CONCLUSÕES, serviram para que a
concessionária refletisse sobre as premissas adotadas nos projetos e para avaliar o
quão atrativo os projetos de tornaram para um investidor. A ferramenta calcula o
fluxo de caixa do empreendimento, em seguida o Demonstrativo de Resultado de
Exercício, onde os indicadores financeiros puderam ser calculados para cada
comunidade-alvo (valor presente líquido, taxa interna de retorno, índice de
lucratividade e payback). Em seguida, o retorno alcançado com o empreendimento é
comparado com opções disponíveis no mercado financeiro.

4. CONCLUSÕES
De uma forma geral, partindo de dados reais dos Projetos de Referência da
Concessionária Eletrobras Amazonas Energia, e do modelo de negócio adotado por
ela para os futuros Leilões de energia para as comunidades isoladas de Carauari e
Barcelos, mais de um cenário foi avaliado. Indo desde o mais modesto ao mais

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rentável, o único cenário que apresentou fluxo de caixa negativo ou prejuízo foi
quando se simulou 100% do valor de investimento por empréstimo.
Toda a questão esteve centrada em apresentar um cenário onde a
rentabilidade do investimento estivesse acima da TMA estabelecida e que fosse do
mesmo patamar dos índices mais rentáveis disponíveis no mercado financeiro.
À luz do fluxo de caixa, da rentabilidade, do índice de lucratividade e do
payback, chega-se à conclusão de que existem várias situações nas quais investir
nos Projetos de Referência é bem atrativo, por exemplo, financiando-se 50% do
investimento, baixando os investimentos em 10% por negociação durante a fase de
compra dos equipamentos e “enxugando” os custos em 5% por meio de uma
melhora na gestão da empresa ou de se cortar os custos. A lucratividade, nesta
situação, é de cerca de 11%. No cenário de uso de 100% de capital próprio, o
retorno chega a 19%.
A escolha de uma TMA em torno de 12% traz o desafio que os projetos
tenham um retorno tão bom quanto os melhores ativos disponíveis no mercado
financeiro. Isto foi mostrado neste trabalho ao se apresentar os índices da seção 2.5
e ao se apresentar os cenários descritos no parágrafo acima.
A conclusão final que se pode chegar, com relação ao modelo de negócio
proposto para os Projetos de Referência pela concessionária Eletrobras Amazonas
Energia, ao se utilizar a ferramenta deste artigo, é que os cálculos com TMA de 12%
e período de contrato de 20 anos são adequados. Talvez, à partir do momento que
os primeiros Leilões ocorrerem e os projetos passarem pra fase de execução, com
informações dos primeiros anos de funcionamento dos MIGDIs e SIGFIs, o modelo
possa ser reavaliado.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANEEL. “Manual de Contabilidade do Serviço Público de Energia Elétrica”.
Disponível em: http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/leitura_arquivo/arquivos/Manual-
01-2009-despacho-4815-de-2008.pdf. Visitado em: 09/05/2014.
ANEEL. Resolução nº 001 de 24 de dezembro de 1997.
AWERBUCH, S.; BERGER, M. “Applying Portfolio Theory to EU Electricity Planning
and Policy-Making”, Working Paper EET/2003/03, International Energy Agency,
Paris, feb. 2003.
LEONE, G. “Curso de contabilidade de custos”. São Paulo: Atlas, 1997.
SÁ, A. L. “Custo de qualidade total”, Boletim, São Paulo, n.2, 1995.
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