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DIÁRIO DE PESQUISA

O diário de pesquisa pode ser organizado para documentar o


processo de construção de uma pesquisa, seja ela com a finalidade de
construção de um artigo, TCC, dissertação, tese ou qualquer outro
objetivo específico.
Alguns Programas de Pós-Graduação e áreas de conhecimento
exigem que o pesquisador crie e alimente um diário de pesquisa, que
deve ser publicado ou apresentado ao orientador.
O diário ao qual me refiro aqui é aquele no qual você vai
documentar as principais informações sobre a sua pesquisa, porém, de
modo privado e íntimo. Será um documento feito por você e para você.
Você não precisa mostrar o seu diário de pesquisa para ninguém,
a não ser que você queira, e ele não é um material burocrático, mas sim
um item de consulta individual.

Como criar um diário de pesquisa?


Comece com as demandas mais urgentes, o que for mais
importante para a pesquisa, e sinta-se livre para fazer como quiser.
Optar por um caderno ajuda a ter um momento offline, sem distrações
digitais, mas nada impede que seja feito no computador ou tablet. Há
quem faça em formato de áudio, mas o acesso ao seu conteúdo se torna
menos prático.
O diário de pesquisa não precisa ser bonito, colorido ou artístico.
Ele não precisa mostrar a sua melhor letra, ser sem rasuras ou ser feito
no melhor caderno e com os melhores materiais: basta que seja
organizado. Faça as anotações para você, no formato e na linguagem que
forem mais práticas. Talvez pareça um esforço bobo, mas o diário de
pesquisa te poupa muito trabalho.

O que deve conter no diário de pesquisa?


Registre tudo: seus sentimentos, atividades práticas, lista de
tarefas e de leituras, decisões sobre a pesquisa etc. Todos os dias, relate
o que fará, o que precisa fazer e suas ideias a respeito disso. Está com
medo? Nervoso? Com dúvidas? Motivado? Escreva sobre isso.
O que não sugiro que você escreva no seu diário: fichamentos das
suas leituras. Para isso, acho melhor um diário de leituras.

ESTRUTURA DO DIÁRIO DE PESQUISA

É importante fazer constar na primeira página do diário o tipo de


conteúdo que você irá encontrar nele. Não precisa ser muito específico,
faça apenas uma indicação de para quê se destina o seu diário – assim,
você sempre terá uma certa noção do que poderá encontrar nele.
Você pode selecionar tópicos como:
- Dúvidas
- Decisões
- Insights
- Comentários
- Planejamento
- Organização
- Análise de dados
- Resumos e fichamentos
E qualquer outro tipo de conteúdo que pretenda escrever no seu
diário de pesquisa.
Delimitação do problema
Logo na primeira página do diário de pesquisa, é importante fazer
constar os principais elementos do seu trabalho – e a sua
problematização é um deles. Deixe o seu problema escrito na íntegra,
para que fique sempre à mostra quando você precisar retornar a ele.

Objetivos geral e específicos


O princípio para os objetivos é o mesmo que o dito para o
problema: eles são uma parte norteadora para a sua pesquisa, por isso,
precisam estar próximos a você, guiando as suas leituras e a sua escrita.

Etapas da pesquisa
Elencar as etapas da pesquisa, ainda que de forma mais genérica,
ajuda a delimitar, posteriormente, um cronograma mais específico.
Numere cada etapa e distribua a totalidade delas dentro do tempo que
você tem disponível para desenvolver sua pesquisa.
Exemplo:
1) Consolidação do projeto de pesquisa
2) Levantamento bibliográfico
3) Análise de fontes teóricas
4) Organização do roteiro de escrita
5) Redação do trabalho – parte I
6) Qualificação da pesquisa
7) Redação do trabalho – parte II
8) Revisão do texto
9) Formatação do texto
10) Entrega do trabalho
Se essas forem as etapas da sua pesquisa, e você tiver 8 meses para
concluí-la, você precisa ter uma média geral do tempo que cada item
desses irá consumir. A organização da escrita acadêmica sempre parte
de um planejamento mais geral até um mais específico, e esse tópico do
seu diário é o primeiro passo para conseguir organizar sua pesquisa.

Cronograma
O cronograma já é um momento mais específico que as etapas de
pesquisa, pois você já pode estipular prazos mais curtos para cada
momento do processo. Aqui, comece a pensar em divisões determinadas
por dias ou semanas exatas.

Fichamento do trabalho
Essa parte é reservada para pesquisas oriundas de um texto
anterior, como TCC’s escritos a partir de trabalhos avaliativos feitos
para disciplinas da graduação ou teses e dissertações escritas a partir
de monografias.
Nesses casos, é importante fazer um fichamento desse trabalho
original e anexá-lo ao seu diário de pesquisa, para que você possa
registrar aquilo que será aproveitado e qual o conteúdo que ficou a
desejar no momento da escrita primária.
Esse é o momento de encontrar qualidades e defeitos na sua
primeira tentativa de desenvolver determinada pesquisa, com o intuito
de aprofundar os pontos devidos. Esse trabalho de mergulho teórico
pode até ser registrado em outra parte do diário de pesquisa, mas, no
fichamento do trabalho, é ideal que constem apenas as críticas e
decisões iniciais, que já foram avaliadas em outra oportunidade.
Lista de leituras
Basicamente, esta é uma lista de todos os materiais que você
precisa ler para construir a sua pesquisa. Aqui, você pode dividir por
categorias, como: leituras básicas, leituras complementares, leitura de
dados, leituras teóricas ou literárias etc.

Lista de tarefas
É sempre bom manter uma lista de tarefas mais geral para aquelas
atividades que você precisa executar, mas que não se encaixam em
nenhum outro item específico do diário, por serem mais administrativas
ou burocráticas. Ex.: falar com o orientador, orçar serviços de revisão,
enviar pedido de ficha catalográfica para a biblioteca da universidade
etc.
Além disso, você pode abrir uma lista que funcione como uma
espécie de documentação e planejamento que será construído dia a dia.
Para cada atividade que você desenvolver, escreva o que foi feito e em
que dia isso foi realizado; se essa tarefa precisar ser interrompida,
registre o que deverá ser feito no dia seguinte e a partir de que ponto
você deve continuar o trabalho.
Dessa maneira, você poderá dar seguimento às atividades sem
que precise rememorar com detalhes tudo que já foi feito e quais serão
os próximos passos, pois você já terá indicado como esse processo de
retomada precisa ser feito.
Elementos do texto

1. Introdução
Aqui, é bom elencar todos os itens obrigatórios para a compor a
introdução. Ao finalizar a escrita dessa parte do texto, retorne ao diário
de pesquisa para verificar se todos os requisitos foram atendidos.

2. Capítulo I
• Estrutura de sumário: você pode destrinchar os tópicos do
sumário relativos a esse capítulo, criando subtópicos. Assim, terá uma
noção mais detalhada de como o capítulo inteiro irá se desenvolver.
• Projeto de texto: especificar ainda mais os subtópicos elencados
na estrutura de sumário.
• Mapa mental: a partir do projeto de texto, elencar toda a linha de
argumentação que você irá seguir ao longo da escrita da capítulo.
• Estrutura definitiva de sumário (pode haver necessidade de
modificação após finalizar o projeto de texto e o mapa mental)
• Lista de referências (específicas desse capítulo)
• Lista de pendências (correções a serem feitas, referências não
localizadas, itens a incluir etc.)

3. Capítulo II e Capítulo III (e quantos mais forem cabíveis):


repetir os itens do capítulo I, mas acrescentar outros que façam sentido
de acordo com o desenrolar da sua pesquisa.
Exemplos: análise de dados, observações de estudo experimental,
transcrição de estatísticas, documentação de uma atividade de campo,
lista de citações1 etc.

4. Considerações finais
Utilize esse espaço para, durante o processo de pesquisa, elencar
comentários e observações que devem contar nas suas considerações
finais. Esse é um tópico em constante alteração, mas que precisa ser
construído e reconstruído ao longo da pesquisa, para que não haja
chance de você esquecer de mencionar algum resultado ou conclusão
importante.

Brainstorm
O brainstorm, como o próprio nome indica, é um espaço destinado
à “chuva de ideias” sobre a sua pesquisa. Nele, você pode despejar, de
forma indiscriminada, sem necessidade de organizar linguagem ou usar
termos técnicos, quaisquer eventuais ideias, possibilidades, argumentos
e análises que ache que podem ser úteis para o seu trabalho.
Você pode compartilhar informações e pensamentos como: algo
que você pensou e precisa pesquisar mais detalhadamente; uma
colocação lida em outro texto e que poderia ser explorada; uma sugestão
teórica ou prática apresentada em uma palestra ou conferência etc. Em
especial nos momentos nos quais a escrita trava e a pesquisa parece não
evoluir, o brainstorm pode ser uma ótima fonte para recuperar ideias
que possam ter sido abandonadas ou ficado perdidas.

1Caso específico para alunos que analisam determinados textos, literários ou não, pois podem criar
uma lista para enumerar, por assunto, as páginas do material das quais irão extrair trechos para
análise e citação.
Possibilidades teóricas
Durante o processo de pesquisa, encontramos inúmeras
referências a autores, textos e teorias que podem ou não contribuir para
a construção do nosso trabalho. Por isso, sempre opto por elencar todos
os itens que acho que, em algum momento, podem contribuir de alguma
forma para a minha pesquisa.
De forma bem breve, elenco a referência (nome do autor, do livro,
do artigo etc.) e faço um breve comentário sobre como pensei que
aquele elemento poderia ser utilizado. Quando acho necessário,
principalmente quando a escrita trava ou me falta uma indicação de
repertório teórico, retorno a essa lista para verificar se não há nenhuma
possibilidade de referência para utilização naquele momento.

Mural de dúvidas
O mural de dúvidas é destinado a questionamentos que nós
mesmos precisamos responder durante a nossa pesquisa. São tópicos
que não podemos deixar de esclarecer, seja no nosso texto ou em uma
apresentação oral do trabalho.
Assim, você poderá programar as questões norteadoras de cada
etapa da sua pesquisa. Por isso, tente criar um mural dividido por fases,
etapas ou capítulos do seu trabalho, para que esses questionamentos
sejam elencados conforme uma ordem de progressão de ideias e
argumentos.

Questões para reunião de orientação


Inúmeras dúvidas e sugestões aparecem enquanto estamos
escrevendo, mas nem sempre temos acesso rápido ao orientador ou
muito menos lembramos de tais questões e seus contextos quando
vamos nos reunir com ele. Uma opção, portanto, é criar uma lista de
questões a serem feitas no momento oportuno, sempre especificando ao
seu lado em que circunstância foram pensadas e qual a linha de
raciocínio que levou àquela dúvida ou sugestão.

Outros itens

- Lista de avaliadores externos: específico para pesquisa em que


esse convite precisa ser feito, de modo que a escolha do membro externo
da banca e o convite a ele devem ser realizados com antecedência.

- Diário pessoal: é um item opcional, mas que pode ser visto


como obrigatório, considerando que ter um espaço para refletir e
desabafar sobre o seu percurso de pesquisa pode ser um forte apoio e
aliado nesse momento. Aqui, você pode ter um momento para aplicar o
conceito de “diário” da forma mais coloquial que conhecemos: um
espaço em que você despeja os seus pensamentos, dúvidas, aflições,
conquistas, sonhos, frustrações e planos. Pense nesse espaço do diário
como um brainstorm, mas apenas para sentimentos e emoções.

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