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TRADUCÇÃO
DAS
OBRAS POLITICAS DO SABIO JURISCONSULTO
JEREMIAS BENTHAM ,
POR MANDADO
DO SOBERANO CONGRESSO
DA S
TOMO I.
LISBOA:
NA IMPRENSA NACIONAL.
ANNO 1822.
RB 23- a 33098
-***
11
RITI
SH
( 8 )
INTRODUCÇÃO.
DAS
PENAS LEGAES ,
JEREMIAS BENTHAM.
PREFACIO
OU
DAS PENAS LEGAES.
THEORIA
DAS
PENAS LEGA E S.
LIVRO PRIMEIRO.
Principios geraes.
CAPITULO I.
Definições , e Distincções .
CAPITULO II.
Classificações.
1. Penas corporaes.
2. Penas de privação , ou de perda de al-
gum direito , ou privilegio ( 1 ) .
CAPITULO III.
$
(1 ) Limito-me a esta classificação que não he mais do que
hum esboço : lembro-me de offerecer n'hum resumo huma re-
vista analytica de todas as penas com a miudeza do Author ;
ainda que seja quasi impossivel definir exactamente duas classes
de objectos , que muitas vezes são tão similhantes que se não
distinguem por maior que seja o cuidado em similhante ma
teria , ha sempre alguns pontos , em que as penas se točão ,
e baralhão por hum modo imperceptivel : huma pena pecunia
ria , por exemplo , vem a ser pena corporal , quando por meio
della fica o individuo privado de poder satisfazer ás primeiras
necessidades da vida.
Nota de M. Dumont.
C 2
( 20 ).
CAPITULO IV.
Tom . I. D
( 26 )
Do Traductor P,
Tom I. E
( 34 )
CAPITULO VI.
1. Divisibilidade
3. * Commensurabilidade.
4. Analogia.
5. Ser exemplar.
6.° Economia.
1
A pena deve ser economica , isto he , não
deve ter senão o gráo de severidade necessario
para alcançar o seu fim. Tudo o que he além da
necessidade, não só vem a ser hum mal superfluo ,
mas traz comsigo huma alluvião de inconvenien-
tes, que tendem, mais ou menos, a enfraquecer o
systema penal : he o unico motivo racionavel ,
que indispõe o Povo contra as penas.
As pecuniarias tem esta qualidade n'hum
gráo eminente : todo o mal, que sente o que pa-
ga, se converte em beneficio para o que recebe.
Em relação á despeza publica , ha certas penas,
que se oppoem especialmente ao principio de eco-
nomia ; por exemplo : as mutilações applicadas
( 40 )
7. Ser reparavel.
12. Popularidade.
CAPITULO VII.
I.
Primeira causa da analogia ..
II.
IV.
Disfarce.
12 CAPITULO IX.
CAPITULO X.
CAPITULO XI.
LIVRO II.
CAPITULO I
SECCA OH.
3
( 1 ) Chamão- se simples , não porque o sejão n'hum 1 sen-
tido absoluto ; mas comparativamente com outras penas.
(( 80 )
SECÇÃO I.
SECÇÃO II.
SECÇÃO III.
Das mutilações.
M 2
( 92 )
CAPITULO. III.
CAPITULO IV.
Da prizão .
1. 1.
Penas de sede , e fome. Alimento sufficiente.
- Debilitação geral em
todo o corpo. Morte.
N. B. Não basta huma
regra geral para este
effeito , sería ociosa ,
futil he preciso huma
serie de regulamentos ,
que determine as onças
de pão , ou de outros
alimentos , que se de-
vem dar aos prezos.
2. 2.
Sensações de frio em Vestidos sufficientes se-
diversos gráos de inten- gundo o clima , e a esta-
sidade. - Circulação ção .
- Regulamen
tos
preza. Membros tolhi- precisos a este respeito.
dos. Morte. -- Construcç
ão de edi-
ficio disposto de modo ,
que possa conservar
scm perigo de incendio
hum temperamento con-
veniente .
( 102 )
3. 3.
Sensação de calor. Modo de construir a ca-
Abatimento de forças deia de sorte , que possa
habitual. Morte, reparar o ardor do sol ,
e conservar o ar livre.
4. 4.
*
Sensação de humida- O chão assoalhado 9 ou
de. Febres , e ou- calçado : ar fresco e no
tras doenças. Morte. inverno conductores , por
onde entre o calor.
5. 5.
Mão cheiro , substan- Construcção de hum edi-
cias putridas lançadas ficio , em que possa en-
a monte ; hum ar me- trar , e sahir o ar com
fitico. -- Debilida- facilidade , em que se não
de habitual. Mémbros demorem as immundi-
gangrenados. Febre cias mudança de ves-
- re-
das cadeias. Doenças tido aos prezos
contagiosas . Morte. gulamentos de limpeza
€ precisos , e estreitamen-
te observados --- uso fre-
quente de vinagre , e an-
tiputridos , apenas co-
meça a despontar o con-
tagio paredes caia-
das separação dos
doentes assistencia
do Medico. " 1
6 .. 6.
Incommodo, que resul- Applicações quimicas pa-
tão dos vermes . — Do ra os destruir. Syste-
enças de pelle Fal- ma de limpeza geral
ta de somno. Debili- hum homem , que se en-
dade. Morte . carregue deste officio , e
que seja responsavel.
( 103 )
7. 7.
Enfermidades diversas. Enfermaria destinada
para os doentes . Soc-
بار corros medicinaes. 1
8. 8.
Sensações penosas por Quartos para estarem
se offender o pejo , e a separados os prezos nas
modestia. horas do somno , pelo
menos as pessoas de
differente sexo. Gabi-
netes separados para
usos differentes.
9. 9.
Alaridos em tumulto. - Obrigação imposta aos
Palavras indecentes . - Guardas para castiga-
Discursos deshonestos. rem os culpados . Re-
gulamento pregado nas
paredes da cadeia.
10. 10.
Penas , que resultão da Nos paizes protes-
sancção religiosa por se tantes hum Capellão
não fazerem certos deve- destinado para cele-
res particulares , que ella brar o officio divino.
prescreve. Nos paizes catholi
COS hum Sacerdote
para dizer Missa
confessar , etc. ( 1
CAPITULO V.
CAPITULO VI.
Da Carceragem.
-40
Alterceira especie de prizão , a dos malfei-
+
tores.condemnados a ella por toda a vida , he
destinada unicamente para servir de exemplo;
-pois que os réos desta "3 classe não devem voltar
para a sociedade. Estes devem trazer hum signal
indelevel de infamia : a sua condição apparente
deve ser a mais desprezivel , sem que por isso
excite compaixão : a sua condição real deve ser
mitigada , quanto o permitte a natureza do seu
4
crime: o que for de huma extracção menos bai-
xa poderá escolher o officio , em que se quer oc
cuparo que tiver o seu officio será obrigado a
trabalhar para o seu sustento ; mas he preciso
dar -lhe huma parte no ganho da sua industria.
Ha muitas cadeias na Europa , em que os mise-
raveis prezos vivem á custa dos fieis ; mas isto
o que prova he o desmazelo 香 do Governo : entre-
( 125 )
CAPITULO VIII.
CAPITULO IX.
Tom . I. S
( 138 )
CAPITULO X.
SEGUNDA SECÇÃO,
CAPITULO XI.
ENtre as vantagens
Ntre as vantagens , que os Anglo- Ameri-
canos tirárão da sua independencia , ha huma ,
que deve fazer impressão em todo o homem sen-
sivel á honra nacional : a independencia os tem
libertado da triste obrigação de receberem todos
os annos o refugo da população britannica , de
servirem de desaguadoiro das cadeias da Mãi-Pa-
tria , inficionada por este modo a pureza de cos-
tumes de hum Povo, que princi piava a sua exis-
tencia , pela mistura de todas as depravações pos-
siveis (* ) . A America Septentrional ficou desin.
çada desta praga , que durou pelo espaço de mais
de hum seculo : mas poderemos nós dizer até
onde se estenderão as consequencias moraes des-
ta enchente de todos os vicios ?
Tornarei a fallar desta materia interessante ,
quando tractando dos progressos da Nova Zelan-
dia , e da populacão , que alli se fórma , apontar os
inconvenientes ,, que
que se seguem de mandar para
se seguem
alli enxames de malfeitores de tantos em tantos
CAPITULO XII
J.
Casa de correcção. Panoptico.
. y. 6.
Et puer parvulus minabit eos. Isaias Cap. XI
8 Este Filosofo he o Author do Misanthropo.
(1)
Tom. I. Aa
( 186 )
CAPITULO XIII .
C
( 1 ) Livro 11 , Cap. XXVII . , Covardia , mãi da cruel-
dade.
1105 9
UP Et lupus , et turpes instant morientibus ursi orzyborg
Et quæcumque minor nobilitate fera est.
ad Ovidio, TOT
(( 1931 ))
CAPITULO XIV.
(1 ) Petronio Satyr.
( 201 )
103
( 1 ) Vejão-se os debates para se abolir a pena ultima
a respeito do que rouba o valor de quarenta xelins n'huma
casa , em que ha moradores , ou de cinco xelins em huma
loja , em que não estava ninguem , com huma conta analyti-
ca das razões pró , e contra , publicadas por Basilio Monta-
gu , que tem dado á luz igualmente hum resumo interessantis-
Simo , que tem por titulo : Opiniões de diversos Authores so= 0
bre a pena de morte. Londres 1809. No Prefacio , que não
Ee 2
( 220 )
Paradoxo.
Refutação .
oler ned
ag lever CAPITULO XV.
OT, OR
Das Penas subsidiarias.
Divida paga
(1 ) Exem- Por dia Por anno em sete an- L. s. d.
plo nos de pri- 109 11 0
zão
L. s. d. L. s. d.
Divida paga
Trabalhador 01 0 15 13 O em hum an-
no de pri-
zão
Somma 0 3 8 66 18 4 66 18 4
Tom. I. Ff
( 226 )
J
( 227 )
LIVRO III.
CAPITULO I.
CAPITULO IL
r'
Das penas da sancção moral. 7.
1
(( +243 )
1- Publicação do delicto.
11 → Admoestação judicial.
94 Om
(1) No caso de certos delictos contra a policia , por ex
emplo , pezos , medidas de venda publica sem estarem afferi
das , o Magistrado ameaça o réo de fazer publico o seu cri-
me no caso de se não emendar para o futuro. Julga- se está
pena mais severa do que a pena pecuniaria imposta 1 pela jus
tiga
( 247 )
CAPITULO IV.
31.9
Tom. I. LI
(6266 ))
- C
10 ) 0.11 . — Exame das penas pecuniarias.
22 bup ob er D. of : 20
1. Todo o mal , que produzem as penas des-
―
ta especie , está reduzido á simples privação
sa ficar o réo sem esta , ou aquella somma de di-
nheiro. 119 J "
10 2. A sua vantagem particular he poder-se
converter toda cm proveito.
3. Não ha pena , que se possa applicar com
mais igualdade , nem ajustar melhor com a fortu-
na de cada hum Já fizemos ver que a medida a
mais exacta da pena , e a menos defeituosa , era
obrigar o réo a pagar á proporção da sua ren-
da , ou do seu capital. Se Pedro , e Paulo per-
dem cada hum a decima parte dos seus bens , as
suas privações serão differentes em especie , mas
"
no total será o mesmo. A supposição , que a lei
admitte , e que he preciso admittir , he que os
commodos , que se podem obter por hum certo
capital , são iguaes : he verdade que esta sup-
posição he mui vaga , mui pouco exacta ; mas he
a que mais se encosta á verdade , e a mais se-
gura. Nesta hypothese duas pessoas vem a per-
der o mesmo se perdem a mesma somma ; não
a mesma nominal , mas a mesma á porporção
das suas posses. Entre dous réos , hum que he
proprietario de cem libras , e outro de mil , para
serem castigados com igualdade , he preciso ti-
rar a hum dez libras , e a outro cem .
4. A pena pecuniaria he perfeitamente va-
riavel : desce até aos primeiros degrãos da escala
penal ; qualidade esta , que a faz muito superior
aos castigos corporaes , que não prestão para
castigar pequenos defeitos ; porque sempre tra-
zem comsigo alguma sombra de infamia ; em
quanto nas penas pecuniarias não ha outra ver-
( 267 )
Ill. -
Das penas quasi pecuniarias.
400 I
CAPITULO V. node
1
Quando a propriedade tem por objecto cou-
sas reaes , como o fundo de huma terra , huma
casa , apparece debaixo da sua fórma " a mais
simples , e a mais facil de perceber : mas quando
tem por objecto cousas incorporeas , he necessa-
rio para a dar a conhecer , usar de termos abs-
P
tractos ; e para explicar estes termos , reduzilos
ás cousas reaes , de que tirão a sua existencia ,
e o seu significado . Para explicar hum estado ,
por exemplo o estado de marido , he preciso desen-
volver os direitos , que a lei lhe concede sobre a
pessoa , bens , e serviços de hum ser existente ,
quero dizer , de sua mulher. Para explicar huma
dignidade , he necessario desenvolver os direitos ,
que traz comsigo essa dignidade : -o privilegio
exclusivo de usar de hum certo titulo , de tra-
zer certas distincções , de fazer certa figura nes-
ta , ou naquella occasião , de gozar de hum dif-
ferente symbolo de honra , que o uso tem as-
signado a essa dignidade .
Aqui temos o que depende da lei quanto á
honra considerada em si mesma , que lhe con-
stitue o valor , depende da sancção moral : tam-
bem a podemos considerar como huma especie
de propriedade ; o homem revestido de hum em-
prego de honra , está na posse de receber da so-
ciedade serviços livres , obsequios de preferen-
cia que os homens geralmente estão dispostos
a darem-lhe em consequencia da sua representa-
ção publica.
( 270 )
11.Condição paternal.
0208
V. - Condição de liberdade.
em ,, e
os forcados , com que a revolvem atição ;; as
e atição cál
as caldeiras , ou
lagos ferventes, com os cachões sempre exhalando nuvens mais
de calor que des fumo : quem ouvir ( oestrondo das rodas ,
das cadeias , da gente toda da cor da noite , trabalhando vi-
vamente , e gemendo ao mesmo tempo , sem momento de
tregoas , nem descanço : em huma palavra , quem assistir a
tudolisto , tem formado [ idéal dos castigos infernaes : ..
todos filhos do mesmo pai ramos do mesmo tronco ! Se
compararmos a pintura neira , com o Discurso de Rous
seau sobre a or e fundamento da desigualdade entre os
homens o assombro ainda se torna mais sensivel. Quando
Montaigne nos diz , que os Europeos tractão de barbaros os
costumes dos Indios , porque não vestem casaca o filosofo ti
razão. Quando isto escreviamos , tinhão chegado noticias
de
aeterea aportado à Bahia dous navios com escravatura , eta
que tinhão morrido na passagem 296 negros. Gazeta de In
glaterra de 14 de Junho do presente anno 1821.00 201
Tom. I. Nn
( 282 )
300
- Penas transitivas.
Secção quinta.
1
Temos visto que todas as penas entendião
não só com o réo , mas com todos aquelles , que
tem relações naturaes com elle , e que era inevi-
tavel não participarem da pena. Por tanto não se
tracta neste logar das penas , que o Legislador por
huma lei expressa faz recahir sobre as pessoas, que
tem relação com o réo , penas que não dependem
senão ซี da sua vontade , e que assim como as tem
criado , assim as póde abolir. Em Inglaterra hà
certos casos , em que o neto sem commetter nenhum
crime não póde herdar de seu avô innocente , por-
que os seus direitos se alterárão , e perdêrão pas
sando pelo sangue do pai criminoso : a isto he que
( 295 )
36 ડે ?
( 1 ) Tract. de Legisl. T. II. Das penas que se desvião
do seu fim , ou incompetentes .
( 296 )
3
(*) Logo que as leis não governão , toda a obrigação de
obedecer está na força , não ha direito : logo que eu possa
desobedecer impunemente , poderei desobedecer legitimamen-
te , e toda a força, que póde vencer a primeira , succede no
supposto direito : e pois que o mais forte he que tem razão , não
se tracta senão de ver , se poderei ser o mais forte. Obede-
cei ás potencias da terra O preceito neste caso vem a ser
superfluo. Todo o poder vem de Deos Tambem as doenças
vem de Deos ; e nem por isso he prohibido chamar o me
dico.
Contr. Social. Cap. 3.
( 299 )
-
Septima Secção Penas fortuitas.
LIVRO V. ( 1 )
CAPITULO I.
CAPITULO II .
Excommunhão..
1
( 319 )
72405
( * ) Todo este Capitulo he hum resumo diz o Senhor
Dumont o Immortal Bentham espraiou -se muito mais fallan-
do destas armas , ou penas espirituaès : materia difficultosa de
preceber para quem não está senhor da Jurisprudencia In-
gleza , e pouco interessante ; porque á medida que se espa
Tha a luz da Filosofia vão desapparecendo , e criando ferrugem
estas armas tão acicaladas , e tão frequentes , e tão cortadoras
n'outro tempo. He verdade , que se os Bispos não tem o di-
reito de marcar as suas ovelhas , como as podem conhecert
S$ 2
( ( 324 )
CAPITULO III .
§. 1. - Traição. ( * ) .
( 1) E no homicidio a letra M.
Vv 2
( 340 )
BRITISHY
IBRAH