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Universidade Eduardo Mondlane

Faculdade de Ciências
Departamento de Matemática e Informática

Licenciatura em Matemática
Licenciatura em Informática – Regime Diurno

Fundamentos de Geometria - 2021

Texto de Apoio 3
Exemplos de exercícios de demonstração

1. Seja ABC um triângulo isósceles de base BC . Demonstre


que a bissectriz do seu ângulo externo de vértice A é
paralela à sua base.

Hipótese: ∆ABC é isósceles, AE é bissectriz do ângulo


externo de vértice em A, ou seja, do ângulo DAB

Tese: AE // BC

Demonstração:

Passos Justificação

1. DAˆ E = EAˆ B = α̂ Por hipótese e pela definição de bissectriz dum ângulo.

2. ABˆ C = ACˆ B = βˆ Por hipótese e pela propriedade sobre os ângulos


adjacentes à base num triângulo isósceles

3. DAˆ B = βˆ + βˆ = 2 βˆ Pela propriedade do ângulo externos: o ângulo externo


dum triângulo é igual à soma dos internos não
adjacentes a ele.

4. Mas DAˆ B = 2α̂ Pela hipótese e pelo passo 1.

5. Então, como DAˆ B = 2α̂ e Pelos passos 1. e 3., propriedade transitiva da relação
de igualdade e princípios de equivalência de equações.
DAˆ B = 2 βˆ ,
temos que , 2αˆ = 2 βˆ , ou seja, αˆ = βˆ

6. Uma vez que os ângulos α e β são Pelos passos anteriores e pela propriedade que diz que
alternos-internos e são congruentes, se os ângulos alternos-internos definidos em duas
então concluímos que AE // BC , rectas intersectadas por uma terceira forem
c.q.d. congruentes, então as rectas são paralelas.

1 Fundamentos de Geometria.2021. Texto de Apoio 3


Regente: Ida Alvarinho
2. Na figura, o triângulo ABC é equilátero e
AE = EB = BF = CF = AD = CD . Demonstre que
o triângulo DEF também é equilátero.

Hipótese: ∆ABC é equilátero.


AE = EB = BF = CF = AD = CD
Tese: ∆DEF é equilátero

Demonstração:
Passos Justificação

1. Como o ∆ABC é equilátero, temos que Por hipótese e Critério l.l.l. da congruência de
AB = BC = AC triângulos.

Então, ∆ACD ≅ ∆ABE ≅ ∆BCF

2. Os triângulos ACD , ABE e BCF são Por hipótese e pelo passo anterior.
todos isósceles. Logo, todos os seus
ângulos da base são congruentes.
Representemo-los por α .
3. No ∆ABC , todos os seus ângulos Pela hipótese e propriedade dos ângulos dum
medem 60º triângulo equilátero.

4. Então, Pelos passos anteriores e definição de ângulo


DCˆ F = DAˆ E = EBˆ F = 360º −(2αˆ + 60º ) giro.

5. Então, ∆DCF ≅ ∆DAE ≅ ∆EBF Pela hipótese passo anterior e Critério l.a.l. da
congruência de triângulos.

6. Daqui vem que DF ≅ DE ≅ EF , ou seja Por serem lados correspondentes de


o ∆DEF é equilátero c.q.d. triângulos congruentes e definição de triângulo
equilátero.

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Regente: Ida Alvarinho
3. Mostre que a soma dos comprimentos das diagonais dum quadrilátero qualquer é maior
que a soma dos comprimentos de dois lados opostos desse quadrilátero.

Hipótese:

ABCD é um quadrilátero qualquer

AC e BD são suas diagonais

Tese:

AC + BD > AD + BC
e
AC + BD > AB + CD

Demonstração:
Passos Justificação
1. Seja o triângulo ABO. Temos que: AB < AO + BO 1. Num triângulo, qualquer lado
é menor que a soma dos
outros dois.
2. Seja o triângulo DOC. Temos que: CD < DO + CO 2. A mesma razão que em 1.

3. Somando membro a membro as inequações de 1. e 2., 3. Pelos passos 1. e 2. E


temos: princípios de equivalências de
inequações.
AB + CD < AO + BO + DO + CO
AB + CD < AC + BD
ou seja,
AC + BD > AB + CD , c.q.d
4. Procedendo do mesmo modo, considerando os 4. Pelas mesmas razões que em
triângulos AOD e BOC, teremos: 1., 2. e 3.

BC < BO + CO
AD < AO + DO

Somando membro a membro:

AD + BC < BO + CO + AO + DO
AD + BC < AC + BD

ou seja,
AC + BD > AD + BC , c.q.d.

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Regente: Ida Alvarinho
4.Mostre que unindo os pontos médios dos lados consecutivos do losango obtém-se um
rectângulo.

Hipótese:
ABCD é um losango
E, F, G e H são pontos médios dos respectivos lados do losango

Tese:
EFGH é um rectângulo

Demonstração:
Passos Justificação

1. AC ⊥ BD 1. Por serem diagonais dum losango

2. No triângulo ABD, o segmento FE é linha 2. Definição e propriedade da linha


média, pois F e E são pontos médios dos média.
respectivos lados. Logo, FE // BD .

3. Como FE // BD e AC ⊥ BD , temos 3. Se uma recta r é perpendicular a uma


que FE ⊥ AC . recta s, é perpendicular a todas as
rectas paralelas à recta s.

4. No triângulo BCD, o segmento GH é linha 4. A mesma razão que em 2.


média. Logo, GH // BD .

5. Como FE // BD e GH // BD , temos 5. Propriedade transitiva do paralelismo


que FE // GH . de rectas no plano.

6. Como FE // GH e FE ⊥ AC , temos 6. A mesma razão que em 3.


que GH ⊥ AC .

7. No triângulo ABC, o segmento é linha 7. A mesma razão que em 2.


média. Logo, GF // AC .

8. No triângulo ACD, o segmento EH é linha 8. A mesma razão que em 2.


média. Logo, EH // AC .

9. Como, por 3. e 6. temos que FE ⊥ AC 9. Por 3., 6., 7. e 8.


e GH ⊥ AC e
como, por 7. e 8. temos que GF // AC e
EH // AC , podemos concluir que:
FE ⊥ GF e EH ⊥ GH .

10. Como FG // EH e FE // GH , 10. Definição de paralelogramo.


concluímos que EFGH é um
paralelogramo.

11. Por 9. e 10. podemos concluir que EFGH 11. Definição de rectângulo.
é um rectângulo, c.q.d.

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Regente: Ida Alvarinho
5. Demonstre o seguinte critério de congruência de triângulos: “Dois triângulos são
congruentes se tiverem os três lados congruentes, cada um a cada um.”
(Obs: Pode usar, para fazer esta demonstração, os outros critérios de congruência de triângulos.)

Hipótese:
∆ABC , ∆DEF
AB ≅ DE , AC ≅ DF e
BC ≅ EF

Tese:
∆ABC ≅ ∆DEF

Demonstração:

Passos Justificação

1. Tracemos a semi-recta AQ tal que Definição de semi-recta, definição e amplitude


∠BAQ ≅ ∠EDF dum ângulo, construção elementar.

2. Na semi-recta AQ marquemos o ponto G tal Definição de segmento d erecta e seu


que AG = DF comprimento.

3. Consideremos os triângulos DEF e ABG:


a) AB ≅ DE a) Por hipótese
b) Por construção (passo 2)
b) AG ≅ DF c) Por construção (passo 1)
c) ∠FDE ≅ ∠BAG

4. Logo, ∆DEF ≅ ∆ABG Pelo Critério de congruência de triângulos: l.a.l.

5. Assim, FE = BG = BC Lados correspondentes de triângulos


congruentes e pela hipótese.
AG = DF = AC
6. O triângulo ACG é isósceles. Logo, Pelo passo 5 e pela propriedade dos ângulos
∠ACG ≅ ∠AGC adjacentes à base dum triângulo isósceles.

7. Do mesmo modo, no triângulo isósceles BCG A mesma razão que a anterior.


temos: ∠BCG ≅ ∠BGC

8. Assim temos que: Pelos passos 6 e 7 e conceito de soma de


ACB = ACG + BCG = AGC + BGC = AGB ângulos.

9. Logo, ∆ABC ≅ ∆ABG Pelo Critério de congruência de triângulos: l.a.l.

10. Como ∆DEF ≅ ∆ABG e ∆ABC ≅ ∆ABG , Pelos passos 4 e 9 e propriedade transitiva da
então ∆DEF ≅ ∆ABC , c.q.d. relação de congruência de figuras geométricas.

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6. Demonstre que um triângulo ABC que tem duas medianas iguais, é isósceles.

Hipótese: ∆ABC em que

BD e CE são medianas; BD = CE

Tese:

∆ABC é isósceles

Demonstração:

Nº. Passos Justificação

1. D e F são pontos médios dos respectivos lados, ou Pela hipótese, pela definição de
seja AD = CD e AE = BE mediana dum triângulo e pela definição
de ponto médio dum segmento.

4. Seja F o ponto de intersecção das duas medianas. Pelo Teorema de Ceva.


BD CE 2
Temos que: DF = , EF = , BF = BD
3 3 3
2
e CF = CE
3

3. Como BD = CE , então DF = EF e BF = CF . Pela hipótese e pelo passo 2.

4. ∠BFE ≅ ∠CFD Por serem verticalmente opostos.

5. Logo, ∆BFE ≅ ∆CFD Pelos passos 3. e 4. e pelo Critério l.a.l.


da congruência de triângulos

6. Logo, BE = CD Lados correspondentes de triângulos


congruentes

7. Então, BE = CD = AE = AD Pelos passos 1. e 7.

8. Logo, AE + EB = AD + DC , ou seja, Pelo passo anterior e comprimento dum


segmento de recta.
AB = AC .

9. ∆ABC é isósceles, c.q.d. Pelo passo anterior e definição de


triângulo isósceles.

6 Fundamentos de Geometria.2021. Texto de Apoio 3


Regente: Ida Alvarinho
7. Na figura, o triângulo ABC é equilátero. Sabendo que D ∈ CF ,
E ∈ AD , F ∈ BE e que CAˆ D = ABˆ E = BCˆ F , prove que o
triângulo DEF é equilátero.

Hipótese:
∆ABC é equilátero, ou seja, AB = BC = AC
D ∈ CF , E ∈ AD e F ∈ BE
CAˆ D = ABˆ E = BCˆ F = β1

Tese: ∆DEF é equilátero, ou seja, DE = EF = DF

Demonstração:

Nº Passos Justificação

1 ∆ABC é equilátero; logo, Os ângulos dum triângulo equilátero são todos


congruentes entre si.
BAˆ C = ABˆ C = BCˆ A = β
2 Mas temos que: Soma de ângulos adjacentes.
BAˆ C = BAˆ D + CAˆ D = β , ou seja:

BAˆ D + β = β
1
ABˆ C = ABˆ E + CBˆ E = β , ou seja:

CBˆ E + β = β
1
BAˆ C = BCˆ F + ACˆ F = β , ou seja:
ACˆ F + β = β
1
Daqui vem que BAˆ D = CBˆ E = ACˆ F = β 2

3 Consideremos os triângulos ABE, ACD e BCF: Pelo passo 2. e pelo critério de congruência de
triângulos a.l.a.
AB = BC = AC
CAˆ D = ABˆ E = BCˆ F = β1
BAˆ D = CBˆ E = ACˆ F = β 2
Logo, ∆ABE ≅ ∆CAD ≅ ∆ABE
4 Por serem lados correspondentes de triângulos
Logo, AD = BE = CF e
congruentes
AE = BF = CD
5 Pelo conceito de soma de segmentos de recta
Logo, DE = EF = DF , ou seja, o ∆DEF é
Pela definição de triângulo equilátero
equilátero, c.q.d.

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8. Na figura, o trapézio ABCD é isósceles. No lado AB é marcado um ponto P de tal modo que
CP = BC . Demonstre que APCD é um paralelogramo.

Hipótese: ABCD é trapézio isósceles


CP = BC
Tese: APCD é um paralelogramo

Demonstração:

Passos Justificação

1. ABCD é um trapézio isósceles. Logo. DAˆ B = CBˆ A Hipótese e propriedade do trapézio


isósceles.

2. O triângulo BCP é isósceles, pois foi dado que Hipótese


CP = BC

3. Então, CBˆ A = CPˆ B Propriedade do triângulo isósceles

4. Logo, DAˆ B = CPˆ B Pelos passos 1. e 3.

5. Os ângulos DAB e CPB são ângulos Se os ângulos correspondentes definidos


correspondentes definidos em duas rectas (DA e em duas rectas intersectadas por uma
CP) intersectadas pela secante AB; como eles são secante forem congruentes, então as
congruentes (passo anterior), então as rectas AD e
rectas são paralelas.
PC são paralelas, ou seja, AD // PC

6. Ora AD = BC e CP = BC . Por hipótese (trapézio isósceles) e pelo


passo 2.
Logo, AD = CP
Propriedade transitiva da igualdade.

7. Então, como AD = CP e AD // PC , concluimos Critério de paralelogramo: se um


quadrilátero tem um para de lados
que o quadrilátero APCD é um paralelogramo, c.q.d.
simultaneamente congruentes e
paralelos, é um paralelogramo.

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9. Mostre que:
“Se num quadrilátero, as suas diagonais se intersectarem no seu ponto médio, então ele é
um paralelogramo”.

Hipótese: AM = MC e BM = MD

Tese: ABCD é um paralelogramo

Demonstração:

Nº Passos Justificação

1 Consideremos o ∆AMB e o ∆CMD . Verificamos


que:
a) Pela hipótese
a) AM = MC b) Pela hipótese
c) Por serem ângulos verticalmente
b) BM = MD opostos

c) AMˆ C = CMˆ D
2 Logo, ∆ABM ≅ ∆CDM Pelo passo anterior e critério de congruência de
triângulos l.a.l

3 Por serem ângulos correspondentes de


Logo, ABˆ D = CDˆ B triângulos congruentes

4 Daqui concluímos que AB // CD Pelo passo 3, pois: os ângulos ABD e CDB são
ângulos alternos-internos definidos em duas
rectas intersectadas por uma terceira; ora, como
estes ângulos são congruentes,
obrigatoriamente as rectas são paralelas.

5 Consideremos agora o ∆AMD e o ∆CMB . Pelas mesmas razões indicadas em 1.


Verificamos que:
a) AM = MC
b) BM = MD
c) AMˆ B = CMˆ B
6 Logo, ∆AMD ≅ ∆CMB Pelo passo anterior e critério de congruência de
triângulos l.a.l

7 Por serem ângulos correspondentes de


Logo, ADˆ B = CBˆ D triângulos congruentes

8 Daqui concluímos que AD // BC Pelo passo 3, pois: os ângulos ABD e CDB são
ângulos alternos-internos definidos em duas
rectas intersectadas por uma terceira; ora, como
estes ângulos são congruentes,
obrigatoriamente as rectas são paralelas.

9 Logo, o quadrilátero ABCD é um paralelogramo, Pelos passos 4. e 9. e pela definição de


c.q.d paralelogramo.

9 Fundamentos de Geometria.2021. Texto de Apoio 3


Regente: Ida Alvarinho

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