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INTRODUÇÃO
O serviço a Deus tem sido um dos assuntos mais freqüentes na ordem do dia das
igrejas. Um grande número de simpósios, seminários e fóruns de debates tem
ressaltado o tema, visando levar a efeito o mandamento do Senhor Jesus, publicado
pouco antes de ascender aos céus: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as
nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os
a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado...” (MATEUS 28.19). A ordem
é clara e precisa ser cumprida sem demora. Porém, antes desta ordem, o Mestre
estabeleceu outros estatutos, os quais servem de esteio e fundamento para que a
primeira seja cumprida: Amor - “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns
aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis.
Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.”
(JOÃO 13.34-35); Rompimento com o passado - “E Jesus lhe disse: Ninguém, que
lança mão do arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus.” (LUCAS 9.62);
ou ainda: Renuncia total - “E, chamando a si a multidão, com os seus discípulos,
disse-lhes: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz,
e siga-me.” (MARCOS 8.34). A urgência no cumprimento do serviço eclesiástico não
deve resultar em negligência os comandos do Senhor citados acima.
O caminho é o mesmo: Cristo. E é por Ele que a obra é realizada, sem se recorrer a
subterfúgios, ou simplesmente para satisfazer interesses pessoais. Submissão
completa ao Senhor é o caminho para o servo, para isso, um retorno ao Seminário
do Mestre se faz propício. Segundo Coleman (1964), a tarefa é demasiadamente
grande e, conforme o modelo de Jesus, terá que ser empreendida recorrendo-se ao
exercício de algumas práticas específicas, a fim de estimular no discípulo o sentido
de obediência, com vistas a que seja tratado e possa realizar a obra ministerial de
maneira irrepreensível.
A partir de uma nova visão no meio daqueles que compõem a liderança, tais como
pastores, missionários, evangelistas, professores, será possível uma
conscientização da igreja de que é mister realizar a obra de Deus nos moldes dos
apóstolos, para que assim, tanto o que prega quanto o que ouve, absorva a
essência dos ensinamentos do Mestre à luz do Espírito Santo assimilando o método
validado por Jesus, o qual imprime Sua marca àqueles que se deixam moldar por
Sua ação, que também pode ser traduzido por caráter do Senhor imprimido na vida
do obreiro. “Cristo em vós, a esperança da Glória!”. (COLOSSENSES 1:27b).
Desde a grande comissão ordenada pelo Senhor Jesus aos seus discípulos, há mais
de dois mil anos atrás, muito tem se perdido do eco santo que ressoou no cume do
Monte das Oliveiras:
Esta ordem explícita ainda ecoa nos dias atuais, porém, os discípulos carecem de
um revestimento completo. A obra não pode ser realizada na força humana, e sim,
no poder do Espírito Santo, mediante a ação do qual o obreiro recebe os elementos
básicos para serem utilizados como instrumento na proclamação do evangelho.
Assim é que o próprio Mestre promete: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós
o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a
Judéia e Samaria e até os confins da terra”. (ATOS 1:8). Este poder é a capacitação
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[...] Alicerçados no poder eterno que Jesus detém e que prometeu exercer
em prol da Sua obra, na qual Seus servos participam, os discípulos
receberam a incumbência de evangelizar o mundo. Sua missão consistia
em levar as almas à conversão, batizar os convertidos para fazerem parte
da Igreja de Cristo e ensiná-los a viver segundo Seus ensinamentos e no
Seu poder, sentindo Sua presença espiritual acompanhando cada um dos
seus [...] (SHEDD, 2001, p.1382)
No século XXI, a missão entregue por Jesus aos seus discípulos, ainda não foi
cumprida totalmente. Qual será o motivo? O que acontece nos arraiais evangélicos?
Qual interesse tem prevalecido? O que se tornou mais importante do que obedecer
à voz do Mestre? O que esta faltando?
O que se percebe é que o plano de Jesus precisa ser seguido, primeiramente pela
liderança, e, por conseguinte, pelos liderados. Por intermédio desta liderança
consciente de sua responsabilidade e compromisso com o “Ensinador de todas as
coisas” e a partir desta, a capacitação se tornará mais presente no seio da igreja.
Foi assim com a Igreja Primitiva e assim será com a Igreja da atualidade, pois o
plano é o mesmo, e a sua eficácia também o é. Um retorno às bases do ensino de
Jesus é fundamental:
Eis por que é tão importante observar o caminho pelo qual Jesus manobrou,
a fim de atingir os Seus objetivos. O Mestre desvendou a estratégia de Deus
para conquistar o mundo. Cristo tinha confiança no futuro, precisamente
porque vivia de conformidade com esse plano sempre à Sua frente. Assim,
pois, nada havia que se fizesse por acaso, em Sua vida – não havia palavra
inútil. Estava sempre atarefado no trabalho de Deus (ver Lucas 2:49). Jesus
viveu, morreu e ressuscitou tudo de acordo com o que fora previamente
determinado. Tal como um general que seguisse o Seu plano de batalha,
assim também o Filho de Deus planejou para vencer. Não lhe era dada
oportunidade de arriscar-se. Pesando cada fator variável e cada alternativa
da experiência humana, Ele concebeu um plano que não poderia falhar.
(COLEMAN, 1964, p. 16).
Olhando para o Mestre que tinha convicção da vitória da sua missão previamente
planejada é que a igreja marchará triunfante contra todas as ciladas do arquiinimigo
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de Cristo e dos seus. É através da marca do caráter de Cristo impresso nos obreiros
(todos os envolvidos na obra ministerial) é que se realizará de maneira eficaz a
tarefa inacabada, a começar naquele que nasceu de novo.
Quando essa regeneração ocorrer no seio da Igreja, toda sociedade ganhará. Antes
de conquistar o mundo deve-se conquistar a si próprio, pois só assim o Evangelho
será levado à sociedade com poder para transformá-la em todas as suas bases. Não
foi assim com os apóstolos? Todos não foram transformados no âmago do seu ser?
Foram transformados e puderam levar o encargo sagrado. Eles foram trabalhados
durante todo o ministério de Cristo aqui na terra. Não deveriam olhar para a obra
missionária como se esta fosse uma profissão que veio substituir a que outrora
exerceram, mas uma missão que alcançaria homens e mulheres, jovens e adultos,
anciãos e crianças, e todos seriam redimidos em conseqüência ao esforço sacrifical
daqueles que se tornaram, por livre e espontânea vontade, imitadores de Cristo. E,
em decorrência deste entendimento colocado em prática, revolucionaram a
sociedade da época. “[...] Estes homens que tem alvoroçado o mundo, chegaram até
aqui!”. (ATOS 17:6b).
pontos fundamentais. Por fim, ponderar-se-á acerca das distorções trazidas pelo
hedonismo e mundanismo para meio evangélico, descaracterizando o seu modo de
ser e de agir, portanto descaracterizando o modelo de caráter almejado para o povo
“separado”, vale dizer, santo. Concluindo-se com a explicitação do modelo traçado
por Deus, o qual é composto de elementos que serão individualmente abordados.
1. CARÁTER
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1.1. Definição
A origem da palavra ética vem do termo grego ethos, que significa modo de
ser, o caráter. Os romanos traduziram esse termo (ethos), para o termo
latim mos (ou mores), que quer dizer "costume", de onde vem a palavra
moral. Tanto ethos (caráter) como mos (costume) indicam um tipo de
comportamento propriamente humano que não é natural. Os indivíduos não
nascem com ele. É adquirido ou conquistado por hábito, no convívio social.
Ética e moral, pela própria etimologia, diz respeito a uma realidade humana
que é construída histórica e socialmente a partir das relações coletivas dos
seres humanos nas sociedades onde nascem e vivem. (SANTOS, 2007). 1
E a moral? A moral já está relacionada com agentes externos que compõem uma
cultura de uma sociedade. É o conjunto de opiniões, ou regras que norteiam a
conduta de um grupo de indivíduos ou toda uma sociedade, que determina como
válidas ou inválidas sua ações e que deve ser observado e seguido por todos. Está
intimamente relacionado com o contexto histórico, geográfico e cultural de uma
determinada sociedade. O que, no Brasil, é estabelecido como imoral, no que diz
respeito ao casamento, na Índia pode ser considerado como moral e até mesmo
legal, como, por exemplo, o sistema de castas. A moral não compõe o cerne do ser
humano, porém pode ajudar a moldá-lo no desenvolvimento do seu caráter.
A ética atua na área dos valores, do julgamento entre o que é certo ou errado. Ela
opera como um árbitro, avaliando e disciplinando os relacionamentos na sociedade.
Percebesse também, que semelhante a moral, a ética é um elemento exterior que
contribui para a formação do ser humano, pois este se utilizará dela para julgar
situações relacionais, que já foram convencionadas pela sociedade como
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Grifo nosso
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Por fim, o caráter, esse que faz parte da personalidade, e que difere da ética e da
moral, pois é inerente a alma do homem, ou seja, ele compõe o íntimo do ser
humano; ele pode ser moldado, através da ética e também da moral, além de outros
fatores, porém, a decisão final acerca da submissão, ou não, a estes
condicionadores sociais de ensino está no campo da escolha do próprio ser
humano.
O caráter é a distinção que cada ser humano carrega consigo a qual se manifesta na
sua conduta diante dos relacionamentos do dia-a-dia no meio da sociedade. Ele
pode ser moldado por agentes internos e externos: valores, virtudes, limitações e
fraquezas, que também, fazem parte dos elementos que integram o caráter.
dos amigos, pelo relacionamento com o contexto escolar, e por outros contatos que
vão fornecendo sua colaboração educacional, para que o individuo tenha o seu
caráter modelado de forma gradual (o ciclo habitual), o qual só termina com a sua
morte. É um processo de amadurecimento que ocorrerá em um plano cadenciado, e
isso, com o auxílio da educação em todas as suas nuances, pois é ela que formará o
homem-moral, mediante a intervenção dos paradigmas que lhe são impostos pela
sociedade. Isto porque os valores nomeados por ela, servem de padrões meritórios
para reger a conduta do ser moral dentro de um ambiente racional. Ou seja, é ela
quem nomeia e aquilata as questões morais e éticas oriundas de cada sociedade
em todas as épocas.
O ramo da ciência que estuda o caráter é a psicologia. É ela que promove uma
exegese pormenorizada que percorrendo duas vertentes, tem poderes para adentrar
nesse componente de estudo. Ela descreve cada individuo na sua essência e com
todas as suas peculiaridades, e ainda, faz o “raio -X” do ser humano, o qual é único
no seu modo de ser, e será identificado por sua maneira de externar-se no seu
cotidiano. Criado por Deus, sendo o único exemplar no meio de bilhões de
semelhantes, que muitas vezes são parecidos, porém nunca idênticos:
1- caráter;
2- temperamento;
3- capacidades;
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4- Autoconsciência.
O regente do ser humano nos seus traços e no seu jeito de ser, constitui-se numa
somatória do seu próprio desenvolvimento pessoal. Os elementos que compõe este
regente, que pode ser a família, a escola, a igreja, ou própria sociedade, são
integrados e desenvolvem o processo em períodos e momentos diferentes ou não,
porém, cumprem o seu papel como agentes formativos na vida de cada indivíduo:
Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim.
Se vós fósseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não
sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos
odeia. (JOÃO 15. 18-19).
Não ameis o mundo e aquilo que no mundo há, se alguém amar o mundo, o
amor do Pai não está nele. Porque tudo que está no mundo, a
concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida,
não procede do Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem
como sua concupiscência, porém, aquele que faz a vontade de Deus
permanece eternamente. (I JOÃO 2.15-17).
Por ser um marco não modista, como afirma Goergen (2001), percebesse a
necessidade de se tratar do assunto por todos os indivíduos, num processo de
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É o que preocupa. Uma das queixas mais freqüentes que se faz hoje em dia é
a falta de ética na sociedade, na política, na indústria, no comércio e nas
finanças, e até nas esferas esportivas, culturais e religiosas. Parece imperar a
busca desenfreada das vantagens que se podem auferir de todos os aspectos
da vida, o espírito de burlar a lei sempre que possível, sonegar os impostos,
aproveitar-se dos outros e usufruir o máximo da impunidade de que gozam os
poderosos. Ninguém dá maior importância aos critérios éticos. A violência
tornou-se o modo de agir característico, em particular, das classes
dominantes. (CATÃO, 1995, p. 11).
Os mandamentos de Deus devem ser considerados, pois eles estão acima da visão
grega. Esta, por sua vez, pelo menos em um de seus aspectos, é precisa na
ponderação que faz sobre o homem na contemporaneidade, pois para se
diagnosticar as mazelas, é necessário se fazer um levantamento acurado do objeto
de estudo, e assim, concluir-se pelo tratamento adequado. Nesse caso o objeto
seria o próprio homem. “A educação diz respeito ao homem, não a coisas; assim,
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Tanto na família como na escola, a educação moral vai dando forma ao individuo,
inculcando valores que fazem parte da cultura em suas diversas épocas, mas que
não deixam também de ser soluções tecidas nos diálogos subjetivos e nas
problemáticas que afetam a sociedade. Deduz-se que o educador tem no seu bojo
esses valores morais que servem como exemplo para seus discípulos, se bem que
os grandes pensadores (Sócrates, Platão, Protágoras) advogam a vertente que:
A virtude não pode ser ensinada e compara sua função à de uma parteira.
Diz-se ignorante se dele se esperasse algum conhecimento ou receita no
campo da moral. Não faz longos discursos sobre a moral como os sofistas,
mas apenas perguntas perturbadoras que desestabilizam os jovens nas
suas opiniões e os induzem a buscar, eles mesmos, a solução de seus
problemas. Com isso, os jovens percebiam que a virtude não decorre de um
processo racional de explicações conceituais, senão que de uma reflexão
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Se porventura a escola não seja a principal ensinadora da moral - por mais relevante
que seja a situação - é como se ela andasse na contramão da urgente mobilização
em fomentar essa educação. É ela, ainda, um dos canais privilegiados para
mobilizar a sociedade para um debate em torno da questão que sinaliza a ponta do
iceberg moral: professores, alunos e comunidade ao erigir o diálogo como solução,
não se eximem dos seus papeis no cenário de transformações econômica, política,
cultural e educacional, em que a moral tem seu lugar de destaque, pois é ela
essencial para o desenvolvimento de todas as lides sociais, dando a Deus o lugar
que sempre lhe pertenceu, para que os debates acerca do tema, produza mudanças
benéficas.
No mundo Globalizado, onde as estruturas sociais são afetadas por esse processo
que traz consigo a competitividade e exacerbada atuação da lei da sobrevivência,
têm surgido escolas nas quais se educam o individuo para desenvolverem seus
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Até que ponto o ser humano se mantém integro diante de uma necessidade licita,
mas que só pode ser satisfeita se forem utilizados meios espúrios? Constantemente
é necessário decidir entre o certo e o errado, e muitas vezes o prêmio não se
traduzirá em lauréis, ou mesmo em bônus financeiro, mas, a simples satisfação de
fazer o que agrada a Deus. “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas
convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por
nenhuma delas.” (I CORINTIOS 6.12).
O desafio estar em procurar viver a justiça mesmo diante dos desejos que se
mostram de forma ilegítima, porém, tentadora:
Em tempos difíceis, a ética, a moral e o caráter cristão não devem sofrer variações
no seu elevado padrão. Pois é esse padrão que requer dos obreiros um bom porte,
diante das mazelas, ou querelas da vida, com ou sem globalização:
Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de
Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por
Deus. Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria
humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com
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Se, para o mundo a evidência é que o melhor profissional é aquele que consegue,
além de absorver as recomendações técnicas, trabalhar em equipe e manter-se
eticamente irrepreensível, o padrão celestial anseia por tudo isso e muito mais,
mediante o modelo da pessoa de Jesus Cristo. O referencial globalizado não é
padrão para os valores que são inerentes aos cidadãos do Céu, os quais devem
fazer:
[...] todas as coisas sem murmurações nem contendas; para que sejam4
irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio de uma
geração corrompida e perversa, entre a qual resplandecem5 como astros no
mundo; (FILIPENSES 2.14-15).
Mesmo diante do desafio da globalização, o crente em Jesus Cristo, tem que brilhar,
recordando-se sempre que não é detentor de luz própria, porém a luz que está nele
é o reflexo da Glória do Pai que está nos Céus. É o Senhor quem opera, por
intermédio da Sua Palavra, a construção do caráter de Cristo no obreiro. Porque o
querer é do homem, mas o efetuar é de Deus, e Deus opera tanto o querer quanto o
efetuar (FILIPENSES 2.13). A palavra chave nos tempos atuais é formação. É
através dela que o líder cristão será submetido ao padrão de Deus e percorrerá a
4
adaptado- no original sejais e resplandeceis.
5
idem.
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Seara no poder do Espírito Santo. Deus quer os seus filhos capacitados para
enfrentar a maior de todas as batalhas que a Igreja já atravessou: o secularismo.
É certo que a Igreja não é uma empresa, porém, muitas instituições empresariais
tem desenvolvido esforços no sentido de investir no preparo de seus futuros líderes,
demonstrando assim sabedoria. “E louvou aquele senhor o injusto mordomo por
haver procedido prudentemente, porque os filhos deste mundo são mais prudentes
na sua geração do que os filhos da luz.” (LUCAS, 16.8). Enquanto líderes locais tem
falhado nesse aspecto, olhando o futuro obreiro como uma ameaça à sua liderança
e não como aquele que contribuirá para dar continuidade à obra. Preciosa é a lição
do Apóstolo Paulo: “[...] Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento vem de Deus.
De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá
o crescimento.” (I CORÍNTIOS 3.6-7).
2. O MOLDE DE DEUS
A ênfase para a realização do trabalho ministerial, têm sido, muitas vezes, baseada
em técnicas humanas que, na maioria das vezes, não são abalizadas pelo Espírito
Santo. São métodos que substituíram a essência do Evangelho de Jesus por
interesses, religiosidades e programas tão bem elaborados que o exigido ao líder é
que ele pregue bem, e leve a multidão a uma tão grande emoção que lhes
despertem o interesse de estar dominicalmente de volta à igreja local, para buscar a
“benção”. Ora, o que se requer do líder não é um desempenho de um apresentador,
e sim, que o caráter de Cristo seja uma marca evidente na sua vida. “Porque já é
manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita não com tinta,
mas, com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de
carne do coração”. (II CORÍNTIOS, 3.3). A ênfase deve ser Cristo e o seu evangelho
como único poder para transformar a multidão que participa dos cultos. “Até que
Cristo seja formado em vós". (GALATAS 4. 19).
A porta de Deus para preparar o obreiro são os seminários teológicos. Porém, outras
instituições têm tomado para si esse ofício que remonta a época dos profetas (II
REIS 6.1-2). Com a promulgação da Lei nº. 9.394/96 - Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB)7 houve uma abertura para a exploração no âmbito da
6
S.m. 1. Massa natural Ígnea do interior da terra. LUFT, Celso Pedro, Minidicionário Luft. 19ª. Ed. São Paulo:
Ática, 1999, p. 309.
7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/l9394.htm
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É obvio que ao ensinar acerca de Deus e dos seus preceitos, não se deve perder o
foco do grau da importância com a matéria a ser tratada. E, pelo menos dois
pressupostos devem ser analisados de forma mais direta: 1 - A capacidade de
absorção do aluno, no conhecimento a ser aplicado e seu anseio em adquirir aquele
conhecimento. Ele de per si, deve desejar aprender e se submeter ao ensino que lhe
é ministrado, pois somente dessa forma poderá amadurecer na formação do seu
caráter e, consequentemente ser útil na obra de Deus. Além do que, o ensino
teológico é a preparação para a aplicação das bases no trato com a Palavra do
Senhor e na sua aplicação na vida do obreiro e na causa.
Nessa linha pujante, em que é percebida uma trilogia - Deus, professor e aluno,
nota-se a posição que cada um assume na formação do caráter cristão na vida do
discente. Será esse que deverá estar preparado para enfrentar os “fundamentos
cristãos” na atualidade, em face do imediatismo e do resultado proposto pela
teologia da prosperidade8. Os seminários e faculdades comprometidas com Deus e
a sua Palavra, vêem um grande fluxo de ensinos espúrios que penetram seus
arraiais e nas próprias igrejas. O ensino teológico é relegado, ficando em segundo
plano, que cede lugar as experiências sensoriais dos fiéis, os quais, erroneamente,
atribuem isso ao avivamento do Espírito Santo.
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Teologia da prosperidade, também conhecida como confissão positiva, palavra da fé, movimento da fé e
evangelho da saúde e da prosperidade, é um movimento religioso surgido nas primeiras décadas do Século XX
nos Estados Unidos da América. Sua doutrina afirma, a partir da interpretação de alguns textos bíblicos como
Gênesis 17.7, Marcos 11.23-24 e Lucas 11.9-10, que os que são verdadeiramente fiéis a Deus devem desfrutar de
uma excelente situação na área financeira, na saúde, etc.
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O chamado do Mestre aos seus discípulos foi para promoverem uma obra especifica
na qual não se poderia levar em consideração em primeiro plano os interesses
pessoais dos obreiros, ou de grupos religiosos. A prioridade era o ensino, pois
através dele o objetivo seria alcançado:
Eles seriam mestres, evangelistas, que com fidelidade apontariam o caminho - que é
Cristo - para todas as pessoas. Não haveria lugar para outra instância além da
proposta de Cristo: "Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a
sua cruz, e siga-me.". (MARCOS 8. 34). A Bíblia deve sempre ser o centro do ensino
teológico de base. Fora disto, isso, o que se tem é um outro evangelho. “Toda a
Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para
corrigir, para instruir em justiça;” (II TIMÓTEO 3.16).
Ao dar início a sua missão aqui na terra, Jesus sabia que teria que traçar uma
estratégia para alcançar o seu objetivo, que foi a implantação do reino de Deus entre
os homens. Dentre as táticas empregadas por Jesus, estava o de preparar líderes
capazes de guiar as massas humanas. Embora Ele pregasse e ensinasse às
multidões, a prioridade era o preparo do pequeno grupo.
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A seleção feita por Jesus na escolha dos seus apóstolos, carece de uma análise um
pouco mais profunda para penetração dos métodos de seleção de Jesus, pois o fim,
fundamental era: arregimentar homens que pudessem ser tratados e moldados em
seu caracteres. Seriam pescadores de homens aptos para serem discípulos do
Mestre:
É o poder de Deus que vai entrar em operação no caráter dos discípulos: “E disse-
me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza.” (II
CORÍNTIOS 12:9a). É Deus chamando, capacitado e enviando pela sua Graça.
Houve uma escolha, não aleatória, mas, Cristo através da orientação divina, os
escolheu: “E aconteceu que naqueles dias subiu ao monte a orar, e passou a noite
em oração a Deus. E, quando já era dia, chamou a si os seus discípulos, e
escolheu doze deles, a quem também deu o nome de apóstolos”. (LUCAS 6.12-13).
A Bíblia diz que aqueles homens foram escolhidos por orientação divina, porém suas
aptidões naturais não foram relegadas. Eles seriam tratados na formação do caráter.
Esses, depois de prontos, seriam os sucessores do Senhor Jesus para continuar a
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Jesus no final do seu ministério terreno atestou a qualificação dos discípulos que
seriam os seus sucessores. Eles seriam os instrumentos de Deus para dar
prosseguimento à obra iniciada por Cristo, porque foram moldados pelo próprio
Mestre. Eles teriam a autoridade de Jesus e seriam semelhantes a Ele no
cumprimento de sua tarefa. Até a perseguição sofrida pelo Mestre eles também
sofreriam:
Se vós fósseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não
sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos
odeia. Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o
seu senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se
guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa. (JOÃO 15. 19, 20)
Nos dias hodiernos, como em tempos antigos, é almejada uma postura elevada dos
obreiros nos seus inter-relacionamentos e uma postura ética, tanto nos negócios
quanto nas diversas áreas de sua atuação social. O nome do Senhor deve ser
glorificado na atitude daquele que diz servi-lo. Segundo Araújo (2007), se, nas
relações seculares, o caráter, é indispensavelmente requerido e, ainda louvado pela
sua pureza, diante do mar de lama social que se observa atualmente, quanto mais
no Reino de Deus. Ele transcende todos os limites da ética e da moral, para além
dos ditames que estes propõem à conduta do homem. O alvo aqui é ser semelhante
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a aquele que tem o caráter mais perfeito de todas as épocas - Jesus Cristo. E isto,
na verdade deve ser observado de maneira integral, pois o servo não deverá viver
uma vida dupla, uma secular e outra eclesial, mas uma evidência universal do
caráter de Cristo impresso no seu, em todos os aspectos e áreas de sua vida.
Uma das expressões do Apóstolo Paulo que demonstra uma ousadia muito grande,
é: "Sede meus imitadores como eu sou de Cristo." (I Coríntios 11.1). Ele requer dos
seus discípulos, uma atitude similar a que ele teve em relação ao conhecimento e
experiência adquirida da pessoa de Cristo. É obvio que a proposta paulina não tem o
efeito imediato, e sim, mediante um preparo que corresponde a um processo, e se
manifesta “de um degrau de glória a outro degrau de glória até a medida da estatura
de Cristo” aprendendo lições de caráter, santidade e abnegação.
O seminário do Mestre é pautado, pelo menos, em três bases específicas para que
se possa legitimar o servo na obra de Deus: conversão, ou novo nascimento,
consagração e santificação. A Bíblia diz: “E assim, se alguém está em Cristo, é nova
criatura: as coisas antigas já passaram; eis que tudo se fez novo.” (II CORÍNTIOS
5.17). Ser nova criatura, ser criado por Deus, ser salvo por Jesus, se revela em
demonstrar isso na prática, mediante a apresentação de um caráter ilibado. Os
discípulos trilharam esse caminho e foram aprovados pelo Mestre, mesmo com suas
limitações inerentes à condição humana. Jesus reservava os ensinos mais
importantes para eles, para que pudessem transmitir mais adiante, e assim também
fazer discípulos. Eles, como transmissores das Boas Novas de salvação, receberiam
um privilegio maior que as multidões que seguiam o Mestre, qual seja, sua presença
pessoal e corpórea na ministração do curso de formação do caráter cristão.
É importante que se diga que o êxito da tarefa de construção deste caráter somente
será possível com a ajuda do Espírito Santo, é Ele o presente de Deus para os
discípulos. E também é Ele quem transforma o individuo e faz com que a obra de
Deus seja concretizada na vida do homem:
Os servos não podem perder de vista o privilégio que existe em realizar a obra de
Deus. Pois foi no meio das multidões que foram içados para seguirem o Mestre, e tal
tarefa não pode ser confundida como uma atribuição comum, pois ao serem
destacados por Cristo para a realização do ministério cristão, assumiram a posição
de “servos de todos”, como um instrumento nas mãos do artista, promovendo
harmonia em um mundo caótico.
O ministério não poderia ser visto, ou tido, como um meio de subsistência. Embora
seja o Senhor quem sustente os seus escolhidos. Isso também seria mais uma
prova de confiança naquele que convocou os trabalhadores para a Seara Santa.
Confiar o seu sustento a Ele é prova inconteste de convicção no seu chamado. Eis
mais uma maneira de ser aperfeiçoado o caráter do obreiro, porque em meio às
necessidades, os fins podem até mesmo ser lícitos, porém se os meios não forem
puros, e o líder lançar mãos deles, a reprovação desse obreiro é correta e
necessária. “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas me convêm;
todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas me edificam.” (I
CORINTIOS 10. 23). O líder de Deus precisa sempre perguntar: “Em meus passos o
que faria Jesus?” 9. Qual a intenção do meu coração?
A meditação da Palavra de Deus, portanto, deve ser uma constante na vida do líder
cristão. Ela é instrumento de Deus para discernir as intenções do ser humano e
proporcionar uma formação perfeita do caráter de Cristo na vida do líder. Pois, como
9
Em seus passos o que faria Jesus foi escrito por Charles M. Sheldon, em 1896.
40
sendo uma espada “corta” na perfeição de Deus, tanto na alma de quem fala, quanto
na de quem ouve. A obra de Deus é feita pelo seu poder através da submissão do
homem aos seus mandamentos:
2.3. Regeneração
Esse procedimento tem uma bilateralidade para que se conclua: de um lado, Deus, e
do outro, o homem. É Deus que através da Sua Graça e Misericórdia, atua mediante
a fé do individuo. E a atitude de decidir mudar, é do homem. É nessa hora que se
opera o maior milagre de todos os tempos em todas as épocas - o novo nascimento.
No diálogo de Jesus com Nicodemos, relatado no Evangelho de João, Capítulo 3, é
tratado dessa nova vida, que seria a necessidade de uma nova postura, um
indivíduo recriado por Deus em seu espírito. Embora Nicodemos não conseguisse
entender o que Jesus propunha a ele, não o isentou de que, se quisesse ver e entrar
no reino de Deus deveria cumprir a prerrogativa básica:
Jesus deixa claro que, a menos que alguém passe pelo processo do novo
nascimento, jamais entrará no reino de Deus. Ora, se para ver e entrar no reino de
Deus é necessário adentrar a porta da conversão, quanto mais o desenvolver
qualquer que seja o serviço ou tarefa na obra de Deus. A pessoa só pode oferecer
algo que possua, ou então, sobre o qual tenha recebido ordem expressa de alguém
que lhe é superior e seja proprietário, autorizando a dar. A necessidade dessa
regeneração é porque, sem ela, o pecador não pode ser salvo e, por conseguinte,
ser usado na obra de Deus:
Tudo na vida tem um ciclo natural e ordenado, um objetivo especifico: o sol cumpre
seu papel de inundar a terra com sua luz, as estrelas, o mar e todo o universo,
cumprem todo processo designado por Deus do início ao fim de cada dia. Assim
também acontece no mundo espiritual. O princípio da caminhada do cristão na
formação moral e espiritual, começa com a regeneração.
No serviço a Deus, todos os passos devem ser observados, porque não fazendo
isso, o ministério desse obreiro, que não foi regenerado, causará sérios danos à
proclamação do Evangelho de Jesus Cristo entre os homens, mesmo que esse
esteja repleto das melhores intenções em relação à obra. Ele pode até transcorrer
todo o seu tempo terreno dentro de uma igreja, trabalhando nela, porém se não
transpor a porta do novo nascimento, continuará sem ter Deus na sua vida e
consequentemente, sem salvação.
O Deus perfeito requer perfeição dos seus filhos. É a vida de Deus que estabelece
essa perfeição. (JOÃO 10.10). É relevante, no entanto que se diga a recusa à
intervenção divina, é negar a própria natureza e a ligação com Cristo. Porém
existem fatores unilaterais (fatores carnais) que podem atrasar, ou até paralisar o
processo. Esse por sua vez, não deve ser impedido, pois é essa a vontade de Deus:
E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para
evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o
aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do
corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao
conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura
completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes,
levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que
com astúcia enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em
amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, [...].
(FILIPENSES 4.11-15)
44
E assim, o aperfeiçoamento dos regenerados têm que ser algo notório, visível para
eles mesmos e para toda a sociedade, que verá Cristo revelado no caráter de cada
um desses. Esse procedimento poderia ser comparado ao vaso que é moldado pelo
oleiro. A submissão, a entrega total nas mãos do Mestre, proporcionará o alcance de
um outro degrau da carreira cristã, que é uma vida separada para o uso de Deus,
que resulta da santificação.
45
2.5. Santificação
A Bíblia é taxativa quando trata de questões de ordem que são fundamentais para o
para o desenvolvimento daqueles que desejam ser aperfeiçoados. E não só desses,
46
mas também de todos os que são alvo do concerto do Senhor, pois o alcance deste
objetivo é de sublime necessidade para o crescimento da obra de Deus:
Existe um elo entre Deus e seu povo através do sangue de Cristo. Jesus chamou os
discípulos para serem santos, conforme é Santo o Deus Todo-Poderoso. Na sua
Carta aos Romanos, o Apóstolo Paulo instrui: “[...] de cujo número sois também vós,
chamados para serdes de Jesus Cristo. [...] amados de Deus, chamados para
serdes santos10[..].” (ROMANOS 1. 6a – 7a).
3. OS OBREIROS NA ATUALIDADE
Nesses últimos tempos, a Igreja em todo o mundo tem sentido o que o Apóstolo
Paulo descreve na sua Segunda Carta a Timóteo:
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Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos.
Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos,
soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem
afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor
para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos
deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando
a eficácia dela. Destes afasta-te.” (II TIMÓTEO 3.1-5).
O texto paulino não traria tanto alarde se ele estivesse se referindo, exclusivamente,
a aqueles que vivem no mundo e fora da Igreja, porém é justamente por se tratar de
pessoas cujos nomes se encontram no rol de membros de uma igreja local é que se
faz-se necessária uma reflexão maior. A lista de quase vinte elementos, que se
subdividem em adjetivos e termos que caracterizam esses indivíduos, estarrece pela
carga negativa que comportam e que se contrapõem ao modelo de caráter cristão.
E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá
também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de
perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos
repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será
blasfemado o caminho da verdade. E por avareza farão de vós negócio com
palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a
sentença, e a sua perdição não dormita. (II PEDRO 2.1-3).
Ministérios que antes eram desenvolvidos pelo amor, hoje, são apenas uma
caricatura do que fora outrora. Os líderes que se utilizam do ministério para auferir
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proveito meramente material têm se multiplicado. São homens que afirmam que os
fins justificam os meios. Eles se utilizam da argumentação pragmática para trazer
respaldo ao resultado final que alcançaram, sem se importar com os valores éticos e
morais que estão estabelecidos na Palavra de Deus. Na escola de formação de
caráter do Mestre, o ensino anda na contramão da sabedoria humana:
Os que buscaram a Deus encontraram uma vida nova. Tomaram as suas cruzes,
negaram a si mesmos e seguiram a Jesus. A tônica sempre foi a santidade e a
abnegação total ao Senhor. Como então, se medir o grau de espiritualidade, ou
caráter de um líder pela eloqüência de suas pregações? Como calcular o poder de
Deus sobre uma igreja pelas “glórias e aleluias” que são dadas a plenos pulmões?
Ou ainda, como medir a “benção do Senhor” sobre uma igreja local tomando-se por
base o seu relatório financeiro mensal? Esses maus obreiros se apoderam de
argumentos estereotipados para continuarem como células malignas no meio do
corpo salutar da Igreja. Deus não está indiferente a toda essa situação, mas,
aguarda o momento estabelecido por Ele mesmo, para dar a cada um o pagamento
por sua obra, quer boa, quer má:
Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim,
malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos; porque
tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber;
Sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e
enfermo, e na prisão, não me visitastes. Então eles também lhe
responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou
estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos? Então lhes
responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes
pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim. E irão estes para o
tormento eterno, mas os justos para a vida eterna. (MATEUS 25. 41-46).
A ausência de compromisso por parte daqueles que não tiveram seus caracteres
moldados mediante o modelo de Cristo, leva muitos a desenvolverem atividades que
não trazem em seu bojo a intenção de expandir o Reino, mas de autopromoção.
Alguns gravam músicas evangélicas, porém diante do público secular negam sua
identidade cristã afirmando que apenas cantam musica “gospel”. Para estes há um
público certo, aqueles que apenas ouvem músicas evangélicas, compram os cds,
50
porém não querem nenhum compromisso com Deus e Sua Palavra. Seguindo essa
mesma linha, pregadores têm enxergado a obra ministerial como o meio de se
empregar. São esses que abarrotam seminários duvidosos, os quais trazem sua
parcela de contribuição, incentivando esses indivíduos, para que se formem como
“ministros” de Deus e “proclamadores” da Verdade.
Por fim, Deus sempre teve na terra um remanescente, o qual sempre foi seu
instrumento para envergonhar os que não se agradaram Dele. O Senhor Jesus
alertou acerca dos hipócritas que exteriorizam algo de bom, mas que na prática são
uma falácia. “Pelos frutos conhecereis”. (MATEUS 7.20). O líder cristão que carrega
as marcas de Cristo atesta que de fato suas qualidades comprovam a integridade do
seu caráter restaurado pelo Espírito Santo. Esses são “sal da terra e luz do mundo”,
(MATEUS 5.13) os quais preservam a semente integra do Evangelho numa conduta
ilibada, a qual aflora nos frutos do seu caráter que é atestado por muitos que vivem
a sua volta, declarando serem esses líderes, homens e mulheres comprometidos
com Deus.
O primeiro dos elementos do caráter formado por Deus no líder cristão, proferidos
por Jesus no “Sermão do Monte”, foi a humildade.
O líder cristão deve possuir esse elemento imbuído no seu caráter. Ele deve estar
pronto para, a exemplo de Jesus abrir mão da sua posição, se for necessário, pra
melhor fazer a obra de Deus.
Outro procedimento do humilde de espírito é a consciência que ele tem da sua total
dependência de Deus para poder guiar a sua vida. Ele sabe que é Deus que realiza
em nós e por nós obra através Dele, e por causa disso, não pode existir lugar para a
soberba no seu coração. “Humildade refere-se simplesmente a enxergar como
realmente somos, nem mais alto, nem mais baixo.” (ERWIN, 2005, p. 69).
O rei Davi foi conhecido como “o homem segundo o coração de Deus”. Ele aprendeu
o caminho para o coração do Pai: “Também da soberba guarda o teu servo, para
que se não assenhoreie de mim. Então serei sincero, e ficarei limpo de grande
transgressão”. (SALMOS 19.3). Embora tenha sido um homem de grandes posses,
a sua confiança estava no Senhor. Um bem-aventurado, “um homem pobre de
espírito”.
O homem de Deus carrega no seu caráter a virtude de derramar lágrimas por não
poder alcançar objetivos mais significativos para o Reino de Deus. Conforme Shedd
(2007), a tristeza desse obreiro é diferente da tristeza que é produzida por
separações prolongadas, dores, ou sofrimentos que produzem a morte. Porém a
ênfase dessa tristeza é o zelo pela Igreja e o amor pelas almas perdidas. É não
53
Ah! se tu conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que à tua paz
pertence! Mas agora isto está encoberto aos teus olhos. Porque dias virão
sobre ti, em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e
te estreitarão de todos os lados; E te derrubarão, a ti e aos teus filhos que
dentro de ti estiverem, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, pois que não
conheceste o tempo da tua visitação. (LUCAS 19.41-44).
O Choro que brotou do Senhor Jesus, ante aquela situação foi a dor em vislumbrar o
destino cruel que aguardava aos moradores daquela cidade. O pecado traz
conseqüências destruidoras para a Igreja, e a sua presença no meio do povo de
Deus deve ser motivo de tristeza profunda, e desejo de mudança na vida do líder
marcado com o caráter de Cristo.
No Sermão do Monte, Jesus afirma que os mansos herdarão a terra. Essa promessa
feita pelo Mestre está ligada ao domínio de si mesmo, ou seja, o autoconhecimento.
Segundo Shedd (2007 apud, HILTON, 2001, p. 26), a mansidão foi posta em
primeiro lugar na escala da perfeição, e o amor ficou num lugar mais elevado. Ele
ainda diz que, “A criatura humana, para descobrir que tipo de pessoa é, necessita
54
descobrir o que ela mais ama e de que maneira expressa esse amor. “Realmente
manso é quem verdadeiramente se conhece e fica consciente de si mesmo, daquilo
que ele é.”. (JEFREY, 1992, apud SHEDD, 2007, p. 26). “Só é manso quem é
autêntico e só é autêntico quem é consciente da sua realidade.” (BEZERRA, 2007,
p.36).
O líder cristão carrega consigo, ou ao menos deve nutrir em si, esse anseio por
justiça. A referência feita por Jesus nesse trecho diz respeito à virtude da busca por
55
A fome de justiça não difere da fome de leite genuíno, espiritual (IPe 2.2-3).
Jesus falou da necessidade de trabalhar pela comida que não perece mas
subsiste para a vida eterna (Jo 6.27). Essa comida refere-se a Jesus
mesmo,cuja carne é verdadeira comida e cujo sangue é verdadeira bebida
para todo discípulo verdadeiro (Jo 6.54). (SHEDD, 2007, p.27)
O homem de Deus deve ter essa mesma virtude que levava o Mestre a se doar
constantemente em prol dos pecadores: curando-os, ensinando-os e caminhando
com eles. Ele ainda deve se colocar no lugar do outro, como intercessor, pois
também é uma expressão da compaixão e o trilhar do caminho do sacrifício. “Sentir
a dor do outro” e, se possível, socorrê-lo.
Este aspecto já foi analisado, anteriormente, no sub tema que versa sobre a
santificação, porém nunca é demais recordar o que o mestre ensina com respeito
este elemento.
A recompensa para os limpos de coração é que eles verão a Deus. Deus é Santo e
requer santidade de todos os que são dele. Segundo Shedd (2008), o perigo é que
os redimidos dão lugar aos pensamentos impuros e, por conta disso, a
vulnerabilidade do homem de Deus se torna uma realidade, uma vez que Deus não
comunga com nenhuma sorte de pecado. A limpeza de coração diz respeito a
conservar-se puro diante do Pai até mesmo nos pensamentos e intenções, pois é
Ele quem “sonda os rins e os corações, para dar a cada um segundo suas obras”.
(APOCALIPSE 2.23). Do coração procedem as saídas da vida e é nele que ocorre o
pecado antes de ser materializado, conforme o ensinamento do Mestre com respeito
ao adultério e outros pecados. “Porque do coração procedem os maus
pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e
blasfêmias.” (MATEUS 15.19). Conservar-se puro, propicia uma grande
oportunidade de ser vaso nas mãos de Deus. Nem mesmo o ser humano se agrada
de servir-se de um objeto com impurezas e sujeiras. Quanto mais Aquele que é
Santo, Santo, Santo.
O líder cristão é um instrumento de Deus aqui na terra para promover a paz. A sua
atitude deve ser pautada na ponderação e na solução dos problemas sem fomentar
mais conflitos no meio dos irmãos. O Apóstolo Paulo exorta a Igreja com respeito a
seguir a paz com todos e para que não aceite determinados “irmãos” que estavam
semeando contendas no meio dela. Esta atitude é uma das que O Senhor mais
odeia:
“Estas seis coisas o SENHOR odeia, e a sétima a sua alma abomina: Olhos
altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, o coração
que maquina pensamentos perversos, pés que se apressam a correr para o
mal, a testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas
entre irmãos.” (PROVÉRBIOS, 6.16.19).
Esta perseguição pode ser analisada, pelo menos sob três aspectos: 1- O do
sacrifício individual de cada um em levar a sua própria cruz. Segundo Barreto
(2007), não há justificação sem calvário. A justificação mediante a fé não pode ser
confundida com uma determinada doutrina praticada por alguns grupos não
evangélicos da purificação da alma por intermédio do sofrimento. Calvário
representa lugar de sacrifício, mas de sacrifício do próprio eu, onde a inimizade
existente entre o homem e Deus por causa do pecado é vencida pela justificação:
“Sendo, pois justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus
Cristo [...]”. (ROMANOS 5.1).
Por fim, observasse que todas essas virtudes somadas, umas as outras, são os
elementos que formam o caráter cristão. Jesus as evidenciou na prática, cada uma
delas. Por conseguinte, é a vez dos seus seguidores realizarem a obra no poder do
Espírito Santo e na plenitude do caráter moldado por Deus. Como o Apóstolo Paulo
orientou: "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que
se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade." (II TIMÓTEO 2.15).
4. Conclusão
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Ao final do presente estudo, chega-se à conclusão de que para poder realizar a obra
de Deus, de maneira produtiva e eficaz e, sobretudo, aprovado por Ele, é necessário
se submeter aos seus ensinos, os quais têm como objetivo principal o de formar o
caráter de Cristo em nós. Concluímos também que a necessidade de um
investimento financeiro e um maior acompanhamento da igreja local na formação do
caráter de Cristo na vida de seus futuros líderes é de suma importância, para o êxito
da continuidade da obra, pois os que estão sendo formados substituirão os líderes
atuais.
ser marcados por Deus, pois no âmago das suas almas brota a semente divina. É a
marca de Deus em nós: - seu caráter - sem o qual não estamos completamente
habilitados para fazer qualquer tarefa no reino de Deus, por menor que seja.
É certo que este estudo constituí-se uma pequena centelha, frente às necessidades
que existe no meio ministerial evangélico, porém como já fora dito pelo apóstolo
Paulo: “[..] o que desejamos é a vossa perfeição.” (II CORÍNTIOS 13:9b).
5. Referências Bibliográficas:
63
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Universal, 2003.
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o < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/l9394.htm>. Acesso em: 12/09/2008
6. ANEXO
Reputação é o que os homens pensam que você é; caráter é o que Deus sabe que
você é. (Anônimo)
A felicidade não é a finalidade da vida, mas sim o caráter. (Henry Ward Beecher - 24
de junho de 1813 - 8 de março de 1887)
O caráter, assim como uma cerca, não pode ser fortalecido por uma caiação. (Paul
Frost)
O Senhor conhece pelo nome aqueles que são seus, mas nós os reconhecemos
pelo caráter. (Matthew Henry - 18 de Outubro de 1662 - 22 junho 1714)
O caráter é como uma árvore, e a reputação é como sua sombra. A sombra é o que
nos faz lembrar da árvore, a árvore é o objeto real. (Abraham Lincoln - 12 de
fevereiro de 1809 - 15 de abril de 1865)
Os homens mostram seu caráter de maneira mais clara nas trivialidades, quando
não estão sendo observados. (Arthur Schopenhauer - 22 de Fevereiro 1788 - 21 de
Setembro 1860)
A graça de Deus fará muito pouco por nós se resolvermos não fazer nada por nós
mesmos. (W. Graham Scroggie - 1901 - 1989)
O caráter humano é inútil na proporção em que lhe falta aversão ao pecado. (W. G.
T. Shedd - 21 de junho de 1820 - 17 de novembro de 1894)
O caráter não é esculpido em mármore, não é algo sólido e inalterável. É algo vivo e
mutável, e pode tornar-se doente, como se torna doente o nosso corpo. (George
Eliot)
Todo o homem tem três caracteres: o que ele exibe, o que ele tem e o que pensa
que tem. (Alphonse Karr - 24 de novembro de 1808 - 29 de setembro de 1890)
A medida do caráter de um homem é o que ele faria se soubesse que nunca seria
descoberto. (Thomas Macaulay - 25 outubro 1800 - 28 dezembro 1859)