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5.

MEDIÇÃO DE DESCARGAS PARCIAIS

5.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

Antes de se falar sobre as descargas parciais (DP), convém fazer alguns


comentários gerais sobre a utilização dos termos técnicos que normalmente são
encontrados na literatura.
Em alta tensão, quando se tem aplicado um determinado valor de tensão por sobre
um arranjo qualquer, automaticamente ocorrerá tensões induzidas em outros objetos
próximos, ionização das moléculas de ar nas superfícies condutoras, geram-se sinais
eletromagnéticos e forma-se uma distribuição de campo elétrico no espaço em volta do
arranjo, pois este está diretamente relacionado com a tensão aplicada. Conforme a
intensidade e o mapeamento desse campo elétrico é que surgem os diversos fenômenos os
quais nos preocupamos em determinar as influências e intensidade. Desse modo surgem os
diversos problemas nos sistemas de transmissão tais como perdas de energia;
interferências nas freqüências auditivas, de rádio e TV; corona visual; descargas parciais
como será visto agora e até mesmo descargas disruptivas quando o campo elétrico é
suficientemente alto para promover a ionização de todo um percurso até outro elemento na
proximidade.
O campo eletromagnético é o responsável inicial de todos os fenômenos e conforme
o problema que se deseja resolver existe uma nomenclatura adequada e grandezas mais
convenientes.
Todos os fenômenos acima são devidos à "ionização" das moléculas de ar em
regiões onde o campo elétrico torna-se crítico e por isso esse termo não é empregado para
retratar nenhum dos itens acima. A "ionização" apenas representa a separação dos
componentes de uma molécula neutra.
O termo "efeito corona" foi reservado para ser utilizado no caso de descargas
ocorrendo no ar em torno de um elemento condutor assim como "streamer" ou "descarga
auto-sustentada".
Inicialmente, pode-se dizer que o termo "descargas parciais" é utilizado tanto para o
caso de descargas nas cavidades ou bolhas de um material isolante quanto para o caso das
descargas em superfícies condutoras. As descargas nas cavidades ou bolhas de materiais
isolantes contribuem para a deterioração do material e também podem gerar ondas
eletromagnéticas que interfiram nas recepções de rádio. O principal inconveniente das
descargas nessas cavidades é a deterioração do isolante e atualmente fundamentalmente
utiliza-se a denominação de "descargas parciais" para representar esse fenômeno.

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Descargas parciais são descargas elétricas localizadas, ou seja, que não chega a
percorrer todo o caminho dentro de um material isolante colocado entre dois condutores
submetidos a uma diferença de potencial.
Quando uma tensão é aplicada aos terminais de um dielétrico (ar, SF6, óleo isolante,
fenolite, resinas, etc.), podem ocorrer descargas em parte desse dielétrico nos pontos onde
houver maior intensidade de campo elétrico ou onde a constante dielétrica (e) for menor
como no caso de pequenas bolhas de ar no interior de um isolante sólido.
Para efeito de compreensão pode-se dizer que a DP é uma descarga disruptiva
ocorrendo em pequena parte de um material isolante.
No caso de dielétricos sólidos essas descargas são produzidas pela ionização de
pequenas cavidades de ar no interior do dielétrico; no caso dos líquidos, pela ionização de
bolhas de gás no seu interior; no caso do ar pela ionização das moléculas de ar que se
encontram nos pontos de maior gradiente de potencial.
Descargas parciais podem ocorrer em qualquer ponto do dielétrico; na junção de dois
dielétricos diferentes ou adjacentes ao condutor; podem também ocorrer seguidamente em
vários pontos do dielétrico.
A necessidade dos ensaios de DP's vem do fato que estas descargas são uma fonte
contínua de deterioração do material isolante, ou seja, modificam suas propriedades
dielétricas, além de poderem, dependendo de sua intensidade, gerar interferências.
Dependendo da intensidade das DP's, a vida útil do material será reduzida. Inclusive,
um dos itens a que se propõe o ensaio de DP's é o de determinar a relação existente entre
as grandezas que regem as DP's e a vida útil do dielétrico. Outro motivo é a utilização cada
vez mais freqüente dos materiais poliméricos que envelhecem mais rapidamente sob os
efeitos da ionização, conjuntamente com razões econômicas que tendem a minimizar as
espessuras isolantes.

5.2 QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS DAS DESCARGAS PARCIAIS ?

Estas estão apresentadas a seguir:


Ø Ocorrem somente em pequena parte do material isolante;
Ø São de curta duração em relação ao ciclo da senóide (ordem de nano
segundos);
Ø Tem a frente muito íngreme sendo discretas no tempo, podendo ser
consideradas como função impulso na escala elipsoidal de registro das
descargas.
Ø São repetitivas e ocorrem seguidamente em vários pontos do dielétrico;
Ø As disrupções ocorrem em meio gasoso;
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Ø A grandeza normalmente utilizada para a medição de DP's é a carga medida
normalmente em pico coulombs; ela está diretamente associada à
deterioração do dieléttrico (a taxa de repetição, ou seja, o no de DP's por
unidade de tempo, também é importante). Pode-se também medir as DP's em
mV o que não é muito freqüente visto a grande influência na leitura, da
capacitância do objeto que está sendo ensaiado;
Ø Promovem elevação de temperatura do fluído e erosões pelo choque
mecânico entre elétrons e moléculas da parede da cavidade;
Ø Há perdas de energia nas cavidades.

5.3 REPRESENTAÇÃO ELÉTRICA DE DESCARGAS PARCIAIS

O comportamento de descargas parciais internas a uma isolação submetida a tensão


alternada, pode ser caracterizado com o circuito equivalente da figura 5.1. Esta figura
mostra um sistema típico de isolação sólida, sujeito a ocorrência de descargas parciais,
devido a cavidade existente em seu interior. A cavidade possui uma capacitância CC e as
partes sadias do dielétrico são representadas pelas capacitâncias CB, em série com CC, e
CA, correspondente ao restante da isolação não envolvida na geração de descargas
parciais.

Figura 5.1– (a) Material dielétrico com cavidade; (b) Circuito equivalente.

A alta tensão aplicada ao sistema descrito acima é designada por VA e a tensão


através da cavidade por VC. Quando esta tensão VC atinge a tensão disruptiva U+ ocorre
uma descarga na cavidade. Então, a tensão reduz-se a V+, quando a descarga é extinta.
Esta queda de tensão pode ser considerada como uma função degrau, pois se desenvolve
em menos de 100 ns, intervalo de tempo este que é muito menor do que o período da onda
de 60 Hz.

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Quando a tensão sobre a cavidade atinge U+ ocorre uma nova descarga. Isto
acontece várias vezes até que a tensão VA sobre a amostra decresce e a tensão VC cai para
U-, quando ocorre uma nova descarga.
As descargas na cavidade causam pulsos de corrente nos terminais da amostra,
conforme também se vê na figura 5.2, onde se pode notar que os pulsos se concentram nas
regiões onde a variação da tensão é máxima.

Figura 5.2 – Surgimento de descargas internas.

Inicialmente a carga q1 da cavidade, poderia ser tomada como uma medida da


intensidade da descarga parcial. Supondo-se que a capacitância CC ao se descarregar,
sofra uma queda de tensão ΔU, q1 pode ser calculada por:

C A ´ CB
q1 = D U ( + Cc )
CA + CB
Como, normalmente, b << a, então:

q1 @ D U ´ ( C B + C C ) (5.1)

O cálculo da carga também pode ser dado por:

q1 = ò i ( t )dt (5.2)

Porém, q1 não pode ser medida diretamente por nenhum detector de descargas
parciais.
Como resultado da descarga, a carga q1 é liberada no material dielétrico através da

capacitância C A e C B . Onde ΔU é a variação da tensão U como resultado da descarga. O


circuito equivalente durante a redistribuição da carga Δq1 é mostrado na figura 5.3.

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Figura 5.3 – Equivalente ao circuito 5.1 (b) depois da descarga
Sendo ΔV a queda de tensão que ocorre entre os terminais do equipamento,
provocada por uma descarga parcial na cavidade CC, de acordo com as figura 5.3,
demonstra-se que:

CB CB D q1
DV = ( )DU = ( )( ) (5.3)
CA + CB CA + CB CC
Sendo que a variação da tensão na cavidade (ΔU) é dada em kV, enquanto que a
tensão nos terminais do equipamento (ΔV) é de mV para Volts. Mas, ΔV não pode ser
relacionado com ΔU e Δq1, pois, os valores das capacitâncias CA e CB normalmente não são
conhecidas.
Por outro lado, a parcela de carga que teria de ser injetada nos terminais do objeto
para compensar ΔV, devido a ocorrência de q1 (equação 5.1) é igual a:
q = D V ´ (C A + C B ) (5.4)
Ou, como a equação (5.3),

q = C B ´ DU (5.5)
A carga q é conhecida como a carga aparente da descarga parcial, enquanto que a
carga na cavidade é dada pela equação (5.1). As equações de 5.1 a 5.5 são originadas de
uma análise matemática dos circuitos das figuras 5.2 e 5.3, isto porque os valores de
capacitâncias mostrados no circuito da figura 5.2 não são conhecidos, devido a isso a
equação 5.2 torna-se importante no processo de medição da carga aparente.

5.4 DEFINIÇÕES

A seguir são definidos os termos aplicados ao ensaio de descargas parciais com


base na norma IEC 60270 (2000).

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5.4.1 Pulso de Descarga Parcial

Pulso de corrente ou de tensão que resulta de uma descarga parcial que ocorre
dentro do equipamento. O pulso é medido utilizando-se um circuito detector adequado,
localizado dentro do circuito de medição.

5.4.2 Carga Aparente

Valor absoluto da carga de um pulso de descarga parcial que, se injetada


instantaneamente entre os terminais do objeto sob ensaio, causando uma variação
momentânea da tensão entre seus terminais de um valor igual ao da própria descarga
parcial. A carga aparente não é igual a quantidade de carga realmente transferida através
da cavidade considerada no isolante, a qual não pode ser medida. A carga aparente é
geralmente expressa em picoCoulombs.

5.4.3 Taxa de Repetição de Pulso

Taxa entre o número total de pulsos de descargas parciais registrada em um


intervalo de tempo selecionado e a duração deste intervalo de tempo. Na prática apenas
pulsos de acima de uma intensidade específica são considerados.

5.4.4 Tensão de Início de Descargas Parciais

Mais baixa tensão na qual são observadas descargas parciais, quando aplicada no
equipamento é gradualmente aumentada a partir de um valor baixo no qual não são
observadas descargas parciais de intensidade superior a um valor mínimo especificado.

5.4.5 Tensão de Extinção de Descargas Parciais

Mais alta tensão aplicada na qual cessam as descargas parciais, quando a tensão é
gradualmente diminuída a partir de um valor superior a tensão de início de descarga. Para
se determinar a tensão de extinção levam-se em consideração apenas descargas parciais
de intensidade superior a um valor mínimo especificado.

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5.5 MÉTODOS DE DETECÇÃO DE DESCARGAS PARCIAIS

A detecção de descargas parciais se baseia na medição dos efeitos característicos


resultantes da descarga. A interpretação dos resultados dessas medições é o que permite
avaliar as condições do sistema de isolamento. Existem métodos desenvolvidos para
detectar descargas parciais, baseados no tipo de manifestação consequente da ocorrência
do fenômeno, são eles: detecção química, detecção elétrica e detecção acústica.

5.5.1 Detecção Química

A análise de gases dissolvidos em óleo é a técnica utilizada para monitorar falhas em


equipamentos de alta tensão isoladas a óleo. O diagnóstico de base tem fundamento na
natureza e quantidades relativas de gás produzidas pela decomposição do óleo sob
diferentes condições de defeito. Os gases mais significativos produzidos pela decomposição
do óleo são: hidrogênio (H2), metano (CH4), etano (C2H6), etileno (C2H4) e acetileno (C2H2).
A deterioração do óleo ocorre durante o funcionamento normal do transformador, mas, arcos
elétricos e descargas parciais também contribuem para a produção de gases na isolação.
As técnicas químicas de detecção de descargas parciais visam medir esses componentes e
relacioná-los com o tipo de falha.
As falhas identificáveis têm como origem o sobreaquecimento do isolamento e a
ocorrência de descargas elétricas em seu interior, em vários níveis de intensidade. Com
base na estimativa da temperatura de decomposição do óleo, é possível associar uma
provável falha que possa estar ocorrendo no mesmo. À medida que a intensidade de uma
descarga elétrica atinge proporções de uma descarga contínua ou a condição de um arco
elétrico, a temperatura do óleo na região em torno desta descarga atinge temperaturas que
vão de 700 ºC a valores da ordem de 1800 ºC. Assim, quando ocorrem descargas de maior
intensidade, portanto, ocasionando regiões com temperaturas elevadas, a concentração de
acetileno se torna significativa. Quando a descarga é de baixa intensidade o mesmo não é
detectado ou apenas traços de sua presença. Desta forma a descarga elétrica de alta
intensidade é associada à presença do acetileno. Sua presença em um nível significativo no
óleo é uma evidência de que em algum momento ocorreu uma descarga. Logo, se entre
duas verificações ocorrer uma alteração significativa da concentração deste gás é uma
evidência de que ocorreu uma descarga.
A realização de uma análise de gases isoladamente não permite um correto
diagnóstico das condições do transformador, portanto é necessário que se leve em conta o
histórico de análise, pois, a formação de gases é um processo acumulativo não fornecendo
informações sobre a condição atual do equipamento. Outra desvantagem dos métodos

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químicos é que não produz informações sobre a localização da falha. Além disso, esses
ensaios não podem ser realizados em tempo real.
Quando há uma falha incipiente em evolução no transformador, a concentração dos
gases a ela associadas ultrapassam os valores normais de degradação da isolação. O gás
que caracteriza o tipo de falha incipiente é chamado de gás chave. A figura 3.3 a seguir
indica os gases chaves e proporções relativas para quatro tipos de falta gerais [16].
1. Óleo – Térmico: produtos da decomposição incluem etileno e metano, juntos com
pequenas quantidades de hidrogênio e etano. Traços de acetileno podem ser formados se a
falha é grave ou envolve contatos elétricos.

Figura 5.4 – Óleo superaquecido (IEEE C57.104, 1991).

2. Celulose – Térmico: grandes quantidades de dióxido de carbono e monóxido de


carbono são desprendidas do aquecimento da celulose. Gases hidrocarbono, como metano
e etileno, serão formados se a falha envolve uma estrutura impregnada em óleo.

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Figura 5.5 – Celulose superaquecida (IEEE C57.104, 1991).

3. Corona – Elétrica: descarga elétrica de baixa energia produzem hidrogênio e


metano, com pequenas quantidades de etano e etileno. Montantes comparáveis de
monóxido e dióxido de carbono devem resultar de descargas parciais em celulose.

Figura 5.6 – Corona em óleo (IEEE C57.104, 1991).

4. Arco e descargas parciais – Elétrico: grandes montantes de hidrogênio e acetileno


são produzidos, com menor quantidade de metano e etileno. Dióxido de carbono e
monóxido de carbono também podem se formar se a falha envolve celulose. O óleo deve
ser carbonizado.
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Figura 5.7 – Arco no óleo (IEEE C57.104, 1991).

5.5.2 Detecção Acústica

A ocorrência de descargas parciais nos transformadores podem causar perturbações


mecânicas no óleo que se propagam em todas as direções. Através da técnica de emissão
acústica é possível captar sinais emitidos pelas descargas em um ponto qualquer do
transformador. Os sinais de emissão acústica são ondas mecânicas de natureza transitória
que se propagam através do óleo isolante e estrutura interna até superfície externa do
equipamento. Estas ondas são captadas e transmitidas através de sensores piezoelétricos
montados sobre a superfície do equipamento. Estes sensores transformam os sinais
captados em sinais elétricos onde são transmitidos através de cabos até uma unidade de
processamento de sinais [17, 18]. Nesta unidade de processamento o sinal é digitalizado e
feito a sua caracterização, apresentado na figura 5.8:

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Figura 5.8 – Exemplificação do Ensaio de Emissão Acústica

Os principais parâmetros para caracterização são: Amplitude máxima, número de


contagens, energia, duração, frequência média e tempo de subida. Esses parâmetros são
apresentados na figura 5.9.

Figura 5.9 – Principais parâmetros de um sinal de emissão acústica

Uma de suas principais vantagens em relação às demais técnicas é sua capacidade


de localizar as descargas parciais no interior do equipamento.

5.5.3 Detecção Elétrica

O método de detecção elétrica possui alta sensibilidade e, sendo o mais utilizado,


possui processos de configuração e calibração padronizados. Além disso, estes métodos
trazem informação sobre a magnitude do defeito através da relação com o nível de carga
elétrica.
Esse método possui a desvantagem de ser suscetível a ruídos. O ambiente está
imerso em consideráveis níveis de ruído eletromagnético, podendo até inviabilizar a
medição, tornando difícil diferenciar ruído de um pulso de descarga.

5.6 CALIBRAÇÃO DO SISTEMA DE MEDIÇÃO NO ENSAIO DE CIRCUITO COMPLETO

A calibração do equipamento é feita para verificar se o sistema de medição estará


apto para indicar corretamente o valor de descarga parcial. A calibração do sistema de
medição do circuito de descargas parciais consiste em injetar uma carga conhecida nos

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terminais do objeto, estando o circuito desenergizado, e ajusta-se no medidor um valor
correspondente à carga que foi escolhida.
Para a calibração, todo equipamento deve ser configurado exatamente como usado
durante o ensaio de descargas parciais. Se o equipamento for um transformador trifásico, a
calibração deve ser feita em cada uma das fases.
O calibrador consiste essencialmente de uma fonte de corrente contínua com uma
pequena capacitância em série.
Além dos sinais oriundos das descargas parciais o circuito de ensaio por suas
dimensões funciona como antena e capta sinais de rádio e outras fontes de interferência.
Sendo assim, as medições são afetadas pelo ruído ambiente. Estes distúrbios devem
ser suficientemente baixos para a exatidão nas medições das descargas. O nível dos
distúrbios deve ser preferencialmente abaixo de 50% do valor especificado de descarga
parcial, se não, outro valor deve ser especificado. Pulsos que são claramente identificados
como sendo de origem externa poderão ser desprezados.

5.7 COMO SÃO AS MEDIÇÕES DE DESCARGAS PARCIAIS?

Existem basicamente três circuitos de ensaio de DP's conforme esquematizados nas


figuras 5.10, 5.11, 5.12.
Esses circuitos fazem parte das normas NBR 6940/1981 – “Técnicas de ensaios
elétricos de alta tensão – Medição de descargas parciais” e IEC 60270/2000 – “High-Voltage
Test techniques – Parcial discharge measurements”.

Figura 5.10 - Impedância de medição em série com o capacitor de acoplamento.

Circuito usado nos casos em que o objeto sob ensaio possui uma extremidade
aterrada, sendo esse, mais normalmente adotado no CEPEL.

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Figura 5.11 - Impedância de medição em série com o equipamento sob ensaio.

Usado nos casos em que o lado de baixa do objeto sob ensaio fica isolado do terra.
Este circuito tem a vantagem de suprimir perturbações que diminuem na razão de C / Ck
onde C é a capacitância do objeto sob ensaio e Ck a capacitância de acoplamento.

Figura 5.12 - Circuito de ensaio equilibrado ou balanceado.

Neste circuito tanto o lado de baixa do objeto sob ensaio quanto do capacitor de
acoplamento estão isolados da terra através das impedâncias de medição Zmi e (Zmi)1.
Esse circuito apresenta vantagens no que se refere a problemas de interferências externas.

5.8 COMO É A CALIBRAÇÃO DO CIRCUITO DE ENSAIO?

A calibração consiste em injetar no circuito de ensaio uma determinada carga


escolhida (qc) e medir a indicação correspondente no osciloscópio, gerando um fator de
escala conhecido.
O calibrador consiste essencialmente de uma fonte de corrente contínua (Ec) com
uma pequena capacitância em série (Cc).

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a - calibração direta - a carga é injetada nos terminais de alta do objeto sob ensaio,
estando o circuito desenergizado. Ajusta-se no medidor, uma escala correspondente à carga
que foi escolhida.
b - calibração indireta - nesse caso, o mesmo valor de carga é injetado nos terminais
da impedância de medição. A calibração indireta é feita para que se tenha o valor de escala
conhecido na tela do medidor durante todo o ensaio, podendo ser verificado se necessário.

5.9 COMO SÃO REALIZADOS OS ENSAIOS DE DESCARGAS PARCIAIS?

Atualmente os procedimentos de ensaio de descargas parciais são feitos conforme


os procedimentos das normas NBR 6940/1981 e IEC 60270/2000.
A parte de alta tensão do circuito de ensaio após o filtro ( capacitor de acoplamento e
ligações ) devem estar isentas de corona ( descargas parciais ) até a tensão máxima de
ensaio de descargas parciais.
O objeto sob ensaio deve estar limpo, seco e à temperatura ambiente não tendo
sofrido solicitações mecânicas, térmicas ou elétricas anteriores ao ensaio.
As partes externas do objeto sob ensaio que possam gerar corona, tais como
saliências pontiagudas, devem ser protegidas eletricamente por meio de toróides.
A tensão de ensaio é fornecida normalmente pela norma do equipamento ou
especificações do cliente.
O ruído ambiente deve ser no máximo 50 % do nível especificado de descargas
parciais. Caso haja, e se for comprovado, a existência de algum pulso apreciável de origem
externa, este pode ser desprezado.
No caso de níveis baixos de descargas ( < 10 pC ), o ruído poderá ser maior que 50
% do nível especificado porém não superior a este.
Nenhum ruído pode ser subtraído do valor de DP registrado.
Os ruídos podem variar desde cerca de 1 pC para ambientes blindados até centenas
de pC para áreas não blindadas.
As medições de DP's são realizadas, segundo a norma, com três finalidades
principais:
a - verificar se o objeto sob ensaio não ultrapassa um determinado nível de DP numa
tensão especificada.
b - determinar os valores de tensão nos quais um determinado valor de DP baixo é
ultrapassado em tensão crescente ou extinto em tensão decrescente.
c - determinar a intensidade da DP numa tensão específica.
O que se faz normalmente é determinar, para alguns valores de tensão, os valores
correspondentes de DP's com leitura durante 10 s.
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Pode ser traçada então uma curva de tensão (kV) x carga ( pC ).

5.10 - QUAIS NÍVEIS DE DESCARGAS PARCIAIS SÃO ACEITÁVEIS?

Muito se tem discutido quando se deseja especificar níveis máximos de descarga


que um equipamento pode gerar. As descargas parciais estão relacionadas com a vida útil
dos equipamentos, mas não se pode identificar uma relação numérica aceitável.
Além do mais, o volume de dielétrico, as distâncias de isolamento, as variáveis
climáticas, as solicitações temporárias, as variáveis nas medições de DP's, as
características dos sistemas isolantes e sua dinâmica de comportamento, são alguns fatores
que contribuem com a complexidade do assunto.
Atualmente, a linha mais razoável de pensamento estabelece que as DP's traduzem
um padrão de qualidade do sistema isolante confeccionado e que, quanto menor é o nível
de descarga interna gerada, de melhor qualidade será determinado sistema. Logo, na
máxima tensão de operação de um equipamento, este deverá apresentar DP's de níveis
desprezíveis e próximos dos ruídos ambientes dos sistemas de medição. Numericamente, o
valor de carga aparente não deve ultrapassar 5 a 10 pC para medições em laboratório.

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