Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
80
Descargas parciais são descargas elétricas localizadas, ou seja, que não chega a
percorrer todo o caminho dentro de um material isolante colocado entre dois condutores
submetidos a uma diferença de potencial.
Quando uma tensão é aplicada aos terminais de um dielétrico (ar, SF6, óleo isolante,
fenolite, resinas, etc.), podem ocorrer descargas em parte desse dielétrico nos pontos onde
houver maior intensidade de campo elétrico ou onde a constante dielétrica (e) for menor
como no caso de pequenas bolhas de ar no interior de um isolante sólido.
Para efeito de compreensão pode-se dizer que a DP é uma descarga disruptiva
ocorrendo em pequena parte de um material isolante.
No caso de dielétricos sólidos essas descargas são produzidas pela ionização de
pequenas cavidades de ar no interior do dielétrico; no caso dos líquidos, pela ionização de
bolhas de gás no seu interior; no caso do ar pela ionização das moléculas de ar que se
encontram nos pontos de maior gradiente de potencial.
Descargas parciais podem ocorrer em qualquer ponto do dielétrico; na junção de dois
dielétricos diferentes ou adjacentes ao condutor; podem também ocorrer seguidamente em
vários pontos do dielétrico.
A necessidade dos ensaios de DP's vem do fato que estas descargas são uma fonte
contínua de deterioração do material isolante, ou seja, modificam suas propriedades
dielétricas, além de poderem, dependendo de sua intensidade, gerar interferências.
Dependendo da intensidade das DP's, a vida útil do material será reduzida. Inclusive,
um dos itens a que se propõe o ensaio de DP's é o de determinar a relação existente entre
as grandezas que regem as DP's e a vida útil do dielétrico. Outro motivo é a utilização cada
vez mais freqüente dos materiais poliméricos que envelhecem mais rapidamente sob os
efeitos da ionização, conjuntamente com razões econômicas que tendem a minimizar as
espessuras isolantes.
Figura 5.1– (a) Material dielétrico com cavidade; (b) Circuito equivalente.
82
Quando a tensão sobre a cavidade atinge U+ ocorre uma nova descarga. Isto
acontece várias vezes até que a tensão VA sobre a amostra decresce e a tensão VC cai para
U-, quando ocorre uma nova descarga.
As descargas na cavidade causam pulsos de corrente nos terminais da amostra,
conforme também se vê na figura 5.2, onde se pode notar que os pulsos se concentram nas
regiões onde a variação da tensão é máxima.
C A ´ CB
q1 = D U ( + Cc )
CA + CB
Como, normalmente, b << a, então:
q1 @ D U ´ ( C B + C C ) (5.1)
q1 = ò i ( t )dt (5.2)
Porém, q1 não pode ser medida diretamente por nenhum detector de descargas
parciais.
Como resultado da descarga, a carga q1 é liberada no material dielétrico através da
83
Figura 5.3 – Equivalente ao circuito 5.1 (b) depois da descarga
Sendo ΔV a queda de tensão que ocorre entre os terminais do equipamento,
provocada por uma descarga parcial na cavidade CC, de acordo com as figura 5.3,
demonstra-se que:
CB CB D q1
DV = ( )DU = ( )( ) (5.3)
CA + CB CA + CB CC
Sendo que a variação da tensão na cavidade (ΔU) é dada em kV, enquanto que a
tensão nos terminais do equipamento (ΔV) é de mV para Volts. Mas, ΔV não pode ser
relacionado com ΔU e Δq1, pois, os valores das capacitâncias CA e CB normalmente não são
conhecidas.
Por outro lado, a parcela de carga que teria de ser injetada nos terminais do objeto
para compensar ΔV, devido a ocorrência de q1 (equação 5.1) é igual a:
q = D V ´ (C A + C B ) (5.4)
Ou, como a equação (5.3),
q = C B ´ DU (5.5)
A carga q é conhecida como a carga aparente da descarga parcial, enquanto que a
carga na cavidade é dada pela equação (5.1). As equações de 5.1 a 5.5 são originadas de
uma análise matemática dos circuitos das figuras 5.2 e 5.3, isto porque os valores de
capacitâncias mostrados no circuito da figura 5.2 não são conhecidos, devido a isso a
equação 5.2 torna-se importante no processo de medição da carga aparente.
5.4 DEFINIÇÕES
84
5.4.1 Pulso de Descarga Parcial
Pulso de corrente ou de tensão que resulta de uma descarga parcial que ocorre
dentro do equipamento. O pulso é medido utilizando-se um circuito detector adequado,
localizado dentro do circuito de medição.
Mais baixa tensão na qual são observadas descargas parciais, quando aplicada no
equipamento é gradualmente aumentada a partir de um valor baixo no qual não são
observadas descargas parciais de intensidade superior a um valor mínimo especificado.
Mais alta tensão aplicada na qual cessam as descargas parciais, quando a tensão é
gradualmente diminuída a partir de um valor superior a tensão de início de descarga. Para
se determinar a tensão de extinção levam-se em consideração apenas descargas parciais
de intensidade superior a um valor mínimo especificado.
85
5.5 MÉTODOS DE DETECÇÃO DE DESCARGAS PARCIAIS
86
químicos é que não produz informações sobre a localização da falha. Além disso, esses
ensaios não podem ser realizados em tempo real.
Quando há uma falha incipiente em evolução no transformador, a concentração dos
gases a ela associadas ultrapassam os valores normais de degradação da isolação. O gás
que caracteriza o tipo de falha incipiente é chamado de gás chave. A figura 3.3 a seguir
indica os gases chaves e proporções relativas para quatro tipos de falta gerais [16].
1. Óleo – Térmico: produtos da decomposição incluem etileno e metano, juntos com
pequenas quantidades de hidrogênio e etano. Traços de acetileno podem ser formados se a
falha é grave ou envolve contatos elétricos.
87
Figura 5.5 – Celulose superaquecida (IEEE C57.104, 1991).
89
Figura 5.8 – Exemplificação do Ensaio de Emissão Acústica
90
terminais do objeto, estando o circuito desenergizado, e ajusta-se no medidor um valor
correspondente à carga que foi escolhida.
Para a calibração, todo equipamento deve ser configurado exatamente como usado
durante o ensaio de descargas parciais. Se o equipamento for um transformador trifásico, a
calibração deve ser feita em cada uma das fases.
O calibrador consiste essencialmente de uma fonte de corrente contínua com uma
pequena capacitância em série.
Além dos sinais oriundos das descargas parciais o circuito de ensaio por suas
dimensões funciona como antena e capta sinais de rádio e outras fontes de interferência.
Sendo assim, as medições são afetadas pelo ruído ambiente. Estes distúrbios devem
ser suficientemente baixos para a exatidão nas medições das descargas. O nível dos
distúrbios deve ser preferencialmente abaixo de 50% do valor especificado de descarga
parcial, se não, outro valor deve ser especificado. Pulsos que são claramente identificados
como sendo de origem externa poderão ser desprezados.
Circuito usado nos casos em que o objeto sob ensaio possui uma extremidade
aterrada, sendo esse, mais normalmente adotado no CEPEL.
91
Figura 5.11 - Impedância de medição em série com o equipamento sob ensaio.
Usado nos casos em que o lado de baixa do objeto sob ensaio fica isolado do terra.
Este circuito tem a vantagem de suprimir perturbações que diminuem na razão de C / Ck
onde C é a capacitância do objeto sob ensaio e Ck a capacitância de acoplamento.
Neste circuito tanto o lado de baixa do objeto sob ensaio quanto do capacitor de
acoplamento estão isolados da terra através das impedâncias de medição Zmi e (Zmi)1.
Esse circuito apresenta vantagens no que se refere a problemas de interferências externas.
92
a - calibração direta - a carga é injetada nos terminais de alta do objeto sob ensaio,
estando o circuito desenergizado. Ajusta-se no medidor, uma escala correspondente à carga
que foi escolhida.
b - calibração indireta - nesse caso, o mesmo valor de carga é injetado nos terminais
da impedância de medição. A calibração indireta é feita para que se tenha o valor de escala
conhecido na tela do medidor durante todo o ensaio, podendo ser verificado se necessário.
94