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UNIDADE CURRICULAR: Etnografias

CÓDIGO:

DOCENTE:

A preencher pelo estudante

NOME:

N.º DE ESTUDANTE:

CURSO: Licenciatura Ciências Sociais

DATA DE ENTREGA: 2021

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TRABALHO / RESOLUÇÃO:

GRUPO I

Questão 1 – Frase: (...) nem todos podem ser etnógrafos porque


para mergulhar é preciso não apenas saber mergulhar, mas também
gostar de mergulhar. (Uriarte, 2016, 5).

R: Fazer etnografia não consiste apenas em “ir a campo”, ou “ceder a palavra aos

nativos” ou ter um “espírito etnográfico”, supõe uma vocação de desenraizamento


de várias situações alojadas ao trabalho de campo, e formação para ver o mundo
de maneira descentrada, uma preparação teórica e prática sobre o individuo, para
entender o “campo” que queremos pesquisar. No mundo em que se pretende
desmistificar e trabalhar o campo de pesquisa, dialogando com as pessoas que
pretendemos entender, perceber, e encontrar uma ordem nas coisas, será
certamente um caminho desafiante, pois colocar as coisas em ordem mediante uma
escrita apresentada e realista, polifônica e intersubjetiva, é um trabalho de campo,
sacrificante para quem o faz e pratica ao longo dos tempos.

Ela é assumida como a atividade de recolha de dados do terreno, podendo ser


objeto de uma interpretação e de uma perspetiva comparativa, cujo objetivo é
elaborar leis científicas, com a ambição de uma antropologia evolucionista, não de
forma especulativa, mas assente em dados recolhidos em primeira mão.

Na etnografia, a teoria, as evidencias empíricas e os dados adquiridos estão de tal


maneira interligados que se chega à conclusão de que a teoria e a prática são
inseparáveis. O método etnográfico pode ser considerado como a aproximação da
realidade do que nos propomos estudar e entender, sendo ele dividido em 5
métodos, tais como: “Método estudo de caso”; “Método biográfico”; “Método
comparativo”; “Método de urbanismo errante” e “Método etnográfico”, todos eles
interligados para os mesmos fins.

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Questão 3 - O que é e de que forma se concretiza a prática
etnográfica no contexto da ciberantropologia (Silva, s.d.)? Dê
exemplos.

R: A Era Digital, marcada pela revolução tecnológica que está a mudar as formas de
pensamento, os costumes e os hábitos. A evolução das redes e a utilização cada
vez maior da comunicação digital, no dia-a-dia, está a fazer com que a sociedade
adapte hábitos, tendo em conta, por um lado, a expansão quantitativa da
informação, e por outro, a distribuição da mesma. Caminha-se cada vez mais para
o que hoje se chama de sociedade de informação, sempre no foco principal, uma
vez que toda a economia, cultura, poder político, etc. ganharam uma nova
realidade na qual é indispensável o seu uso diário.

Até ao momento qualquer leitor, era orientado a ler um livro, ou a verificar imagens
ilustrativas, para conhecer e compartilhar da experiência etnográfica e do potencial
analítico conceitual dos antropólogos na sua objetividade científica.

De qualquer modo, a pesquisa etnográfica em ambientes de sociabilidade virtual


poderá contribuir para o enriquecimento da reflexão sobre as sociedades
complexas, visto que o Ciberespaço pode ser compreendido como uma das esferas
constituintes da mesma. O Ciberespaço oferece um cenário, se não equivalente,
pelo menos bastante semelhante ao das sociedades complexas, de cuja reflexão,
no campo da Antropologia. A realidade é que aparentemente a ciberantropologia,
pode ter efeitos mais rápidos e expostos mais frequentemente nas sociedades
presentes.

O espaço da rede suporta uma realidade social, constituída por um conjunto de


atividades coordenadas e construída por diversos interlocutores dispersos pelo
espaço físico, ou seja, caracteriza-se pela multiplicidade dos sujeitos envolvidos,
pela coordenação que existe entre eles e, sobretudo, pela convergência de
atividades no sentido de alcançar um sentido comum.

As comunidades virtuais são agregações sociais que emergem da rede, e que a


partir dela podem, pesquisar, informar, assistir, intervir, partilhar conhecimentos e
formar grupos humanos em ambientes virtuais.

O conceito de sociabilidade ampliou-se ao permitir que os mais tímidos, que mal


ousam sair de casa, se relacionem com desconhecidos, quantas vezes através de

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personalidades fictícias criadas para o efeito. Cabe à Antropologia o estudo desses
códigos, no sentido de identificar as representações sociais que transmitem.

Questão 5: Analise a singularidade da contribuição de José Cutileiro


no contexto da antropologia no Portugal dos anos setenta.

R: José Cutileiro aborda a reforma agrária e as suas consequências, afirmando que


a revolução de abril de 1974, transformaram a sua monografia numa fonte
histórica, afirmando que em “setembro de 1976 o sistema de posse de terra e as
relações sociais dele emergentes, estavam substancialmente alterados e estudiosos
de sociedades que visitando “Vila Velha” se quisessem servir do meu livro
encontrariam discrepâncias entre o texto e a realidade”.

É o Antropólogo português mais conhecido e mais citado internacionalmente,


fazendo-se prevalecer de duas razões pertinentes ao trabalho deste investigador,
nomeadamente porque a versão da sua tese foi publicada em língua inglesa e
porque integrou a chamada corrente mediterrânia, orientação esta que marcou a
Antropologia Europeia, desde finais da década de 60 do século passado até à
atualidade. Realizou o seu trabalho de campo em meados da década de 60, numa
zona rural no distrito de Évora, o seu trabalho de campo foi o estudo de uma
sociedade predominantemente alfabeta, mas também pela superstição e pela
miséria, cujas reivindicações eram reprimidas.

Publicou um livro “Ricos e Pobres no Alentejo” – uma sociedade rural portuguesa,


sendo um livro de referência para a compreensão rural alentejana da primeira
metade do século XX, em relação à hierarquia social, resultante da posse da terra,
aos mecanismos políticos do Estado Novo, às relações familiares, grupos sociais,
patrocínio e às desigualdades sociais. Na sua etnografia, o autor aborda a
problemática do “sistema da posse da terra, baseado numa agricultura latifundiária
extensiva na respetiva estratificação social”. O objetivo geral da obra, consistia em
estudar pormenorizadamente estrutura social de meia dúzia de aldeias com menos
de dois mil habitantes, contribuindo assim para um conhecimento mais rigoroso
naquela região, reconhecendo caraterísticas que transcendem o Alentejo e
encontram, na sociedade contemporânea.

Nesta obra de José Cutileiro, analisa também as crises e conflitualidades,


manifestas e latentes, na ordem socioeconómica vigente, os conflitos entre grupos
sociais, desde os existentes até aos em vigor.

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Está também relacionado com o tema “família, parentesco e vizinhança”,
caraterizando as relações conjugais entre marido e mulher, analisando também o
papel das relações entre pais e filhos, o papel das crianças no seio familiar e o tipo
de relações de géneros estabelecidas no seio familiar nuclear. Carateriza os
organismos corporativos, a “Casa do Povo”, na respetiva freguesia e o “Grémio da
Lavoura” no Concelho. Fazia parte integrante da estrutura política, também os
organismos de regulação de ordem, de aplicação das leis, cobrança de impostos,
finalizando com a caraterização de estrutura política, incluindo o exercício de poder
e controle político. Por último o “Patrocinato” é o objeto da obra, onde carateriza os
conceitos de patrocinato e parentesco espiritual, caraterizando as amizades
políticas e pessoais, as dinâmicas evolutivas do paternalismo ao corporativismo, e a
relação entre patrocinato e controle social, a religião é também uma caraterística
generalizada e caraterizada nas suas relações com o sobrenatural e a esfera
religiosa.

GRUPO II

Questão 7 - Frase: É um facto que a Antropologia Portuguesa não se


desenvolveu à volta do Império, apesar da dimensão e da
longevidade das nossas colónias; ela centrou-se ao redor da
construção da nação. (Ramos, 2004, 67).

Comente a frase tendo em conta a história da antropologia


portuguesa e o seu papel, sobretudo na passagem do século XIX até
meados do século XX.

R: No começo do século XX, o estudo da cultura focou-se fundamentalmente na


etnografia e no folclore e na sua relação com a identidade nacional. Anos mais
tarde, com a influência do funcionalismo britânico, existiu uma separação da
antropologia (social e cultural) e dos estudos folclóricos. A era etno-folclórica
portuguesa prolonga-se até cerca de 1970, por razões ideológicas associadas à
identidade, ao nacionalismo, ao ruralismo, às tradições e à cultural material.

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Em Portugal, o interesse colocado nos estudos folclóricos acabou por se tornar um
forte obstáculo para o desenvolvimento da antropologia até à segunda metade do
século XX.

Para explicar o processo da literatura folclórica em Portugal, João Leal estudos dois
modelos: romântico – as tradições populares e a literatura consolidam e explicam
a identidade nacional; etnogenealógicos – estruturam os seus estudos em
correntes como a mitologia comparada com as escolas difusionistas pré-
evolucionistas e pretende trabalhar a literatura e tradições populares, servindo de
testemunhos das correntes étnicas.

A década de 1940 foi das mais importantes para a apoteose da nacionalidade, da


autenticidade, das raízes históricas e da cultura popular.

Resumindo, na primeira metade do século XX, os folcloristas portugueses,


centraram-se na vida quotidiana da população mais humilde. Foram abordados
diversos temas, tais como: tecnologias tradicionais, arquitetura popular, vestuário e
artefactos, como partes da cultura material.

Depois de 1960 e particularmente depois de 1974, a Antropologia e as outras


Ciências Sociais, formaram uma nova era em Portugal. Com a implantação de um
regime democrático concedeu novas capacidades para a investigação e ensino.

Leite de Vasconcelos, considerado o autor chave do trabalho etnográfico em


Portugal, dividindo a Etnografia em três ramos, tais como: Território e Povo;
Folclore e Ergografia.

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Desde o seu início no fim do século XIX, a antropologia académica, como projeto de
estudo da condição humana, teve de integrar dois eixos tensos de polarização: um
relacionado com questões de representação política e o outro com preocupações de
natureza epistémica. No que concerne ao eixo político, a antropologia teve sempre
de contribuir para a fundamentação intelectual das entidades coletivas emergentes
na transição do Antigo Regime: povos, nações, etnicidades. A antropologia europeia
foi, assim, chamada a dar conta da constituição da “nação” tanto quanto do
“império”. Na Europa continental em particular, onde a burguesia nacional detinha
a nova hegemonia política, uma elite que se definia como essencialmente
cosmopolita necessitava de captar a essência daqueles em cujo nome governava:
quer fosse o “povo” quer os “nativos” do império.

A possibilidade de uma ordem imperial exigia a capacidade de descrever tanto


aqueles que eram governados internamente (o “povo”), quanto os que eram
governados externamente (os “indígenas”). A este respeito, Portugal não se
diferenciava muito do rumo geral da antropologia neste período. Ao longo do século
XIX e do século XX, a antropologia académica, enquanto discurso sobre a natureza
da humanidade, viu-se presa entre estes dois polos do eixo político: o nacional e o
imperial. Sempre que o império se tornava politicamente menos relevante, o
folclore e a etnologia assumiam centralidade; sempre que crescia a relevância
política do império, a antropologia dos povos exóticos dominava a disciplina.

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