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ANFÍBIOS

Alvorada de Minas
Conceição do Mato Dentro
Dom Joaoaquim

MINAS GERAIS
2

© 2014 BY BICHO DO MATO EDITORA


Todos os direitos reservados

Coordenação Editorial e Gráfica - Roberto Murta


Coordenação Técnica e Científica - Tudy Câmara
Supervisão Técnica e Revisão de Textos - Bruno Pimenta
Pesquisa e Texto de Adultos - Bruno Pimenta / Danielle Costa / Roberta Murta-Fonseca
Pesquisa e Texto de Girinos - Tiago Pezzuti
Fotografia - Roberto Murta
Edição de Fotografia - Roberto Murta
Revisão Ortográfica de Texto - Gustavo Guimarães
Projeto Gráfico e Diagramação - Ricardo Baroni
Mapa - Rafael Liberal
Ilustrações - Julia Thompson / Ivan Magalhães
Capa - Roberto Murta (imagem de Bokermannohyla alvarengai)
Pré-Impressão e Impressão - Gráfica Formato

Ficha Catalográfica
Anfíbios : Alvorada de Minas, Conceição do Mato Dentro,
A579 Dom Joaquim : Minas Gerais / Bruno Pimenta ... [et al.] ;
fotografia Roberto Murta. -- Belo Horizonte : Bicho do
Mato, 2014.
196 p. : il. color. ; 24 cm.

Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-61359-04-1

1. Anfíbio – Minas Gerais. I. Pimenta, Bruno. II. Murta,


Roberto. III. Título.

CDD 597.8098151

Bruno Pimenta
3

Bruno Pimenta
Danielle Costa
Roberta Murta-Fonseca
Tiago Pezzuti

Roberto Murta / fotografia

ANFÍBIOS
Alvorada de Minas
Conceição do Mato Dentro
Dom Joaquim

MINAS GERAIS
4

Belo Horizonte - 2013


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SumÁRIO

PREFÁCIO............................................................06
APRESENTAÇÃO..................................................07
AGRADECIMENTOS.............................................09
INTRODUÇÃO......................................................11
ANFÍBIOS............................................................16
VOCALIZAÇÃO....................................................23
REPRODUÇÃO.....................................................25
CONSERVAÇÃO DE ANFÍBIOS ANUROS.................31
GLOSSÁRIO ILUSTRADO......................................38

Fichas das espécies.......................................41


FAMÍLIA BUFONIDAE ........................................................................42
FAMÍLIA BRACHYCEPHALIDAE..........................................................48
FAMÍLIA CENTROLENIDAE.................................................................50
FAMÍLIA CRAUGASTORIDAE..............................................................52
FAMÍLIA ODONTOPHRYNIDAE..........................................................54
FAMÍLIA CYCLORAMPHIDAE..............................................................62
FAMÍLIA HYLIDAE..............................................................................64
FAMÍLIA HYLODIDAE........................................................................126
FAMÍLIA LEPTODACTYLIDAE...........................................................130
FAMÍLIA MICROHYLIDAE..................................................................154

CHAVE DE ADULTOS...........................................159
CHAVE DE GIRINOS.............................................173
BIBLIOGRAFIA..................................................190
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PREFÁCIO
As formações serranas do interior de Minas Gerais destacam-se por seu esplendor
visual, paisagens únicas e por suas riquezas minerais e biológicas. Além disso, as
serras correspondem a formações onde espécies endêmicas são encontradas com
frequência, representando ambientes relevantes para a sua preservação.

Dentre essas formações destaca-se a Serra do Espinhaço, uma cadeia montanhosa que
constitui uma área única em termos de formações geológicas, riqueza de paisagens e
uma alta diversidade de espécies faunísticas e florísticas, muitas exclusivas da região,
que se estende desde a região central do estado de Minas Gerais até o norte da Bahia.
Apesar de o número de especialistas em anfíbios no Brasil ter apresentado um
crescimento expressivo nos últimos anos, pouco se conhece sobre esses vertebrados,
especialmente face à imensa diversidade ainda inexplorada. O desconhecimento
sobre os anfíbios é ainda maior nas serras, o que é explicado pela dificuldade de
acesso aos micro ambientes dessas formações e/ou pelo maior grau de endemismos,
em última análise resultantes do terreno acidentado que funciona como barreira ao
fluxo gênico.

Assim, trabalhos que tratam da descrição da fauna de anfíbios em ambientes serranos


do Brasil são importantes e fundamentais para o desenvolvimento dos estudos em
herpetologia e também como fonte de informação para a preservação adequada da
diversidade de espécies. A presente obra traz em seu escopo a importância inerente
às obras descritivas. Além de ser ricamente ilustrada, contém informações relevantes
sobre as 58 espécies de anfíbios conhecidas para os municípios de Conceição do Mato
Dentro, Alvorada de Minas e Dom Joaquim. Essa expressiva diversidade de espécies
é explicada pelo fato desses municípios estarem localizados em região formada pelos
biomas Mata Atlântica e Cerrado.

O livro traz ainda informações sobre taxonomia, morfologia, hábitos, reprodução,


vocalização, girinos e conservação, além das fichas das 58 espécies e chaves de
identificação. O texto, de fácil leitura, permite ampla compreensão ao leitor leigo e
as fotos coloridas possibilitam entender parte da dinâmica do mundo desses animais.
Além disso, os dados científicos constituem uma rica fonte de informações aos
pesquisadores interessados em fauna.

Carlos A G Cruz
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APRESENTAÇÃO
Até há pouco tempo falar de meio ambiente era privilégio de poucos brasileiros. O
assunto era restrito aos naturalistas, às salas de aulas e a uns poucos ambientalistas.
Em 1972 a Organização das Nações Unidas (ONU), preocupada em organizar as
relações do Homem com o Meio Ambiente, faz a convocação para a 1ª Conferência
Internacional sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo. Na época,
os cientistas já detectavam graves problemas que poderiam ocorrer em razão da
poluição atmosférica provocada pelas indústrias. De lá para cá, cada vez mais a
preocupação relacionada aos temas ambientais, à preservação e ao uso dos recursos
naturais vem aumentando.

Na década de 1980, o Brasil passou a ter uma maior preocupação com a natureza,
com seus cursos d’água, com a biodiversidade. Leis foram criadas e passaram
a exigir, quando da intenção de instalação de um empreendimento ou de uma
atividade potencialmente prejudicial, um estudo destinado a avaliar os impactos
que a atividade traria ao meio ambiente. Nascia então o Processo de Licenciamento
Ambiental Brasileiro.

Para licenciar qualquer tipo de empreendimento que utilize os recursos naturais, os


órgãos ambientais exigem que sejam feitos estudos que avaliem os impactos nos
meios físico, biótico e socioeconômico decorrentes do empreendimento. A legislação
também prevê a participação da sociedade em geral no processo de licenciamento
através das Audiências Públicas. Nesses eventos, que são abertos à população, são
discutidas todas as implicações inerentes ao empreendimento, esclarecendo dúvidas
e acolhendo sugestões.

Um desses estudos vem sendo realizado pelo Empreendimento Anglo American


Minério de Ferro Brasil S.A, localizado nos municípios de Conceição do Mato Dentro,
Alvorada de Minas e Dom Joaquim, na borda leste do Espinhaço Meridional, região
central do estado de Minas Gerais.

A Serra do Espinhaço é uma cadeia montanhosa que constitui uma área única em
termos de formações geológicas, estendendo-se da Serra de Ouro Branco, na região
central do estado de Minas Gerais, à Serra da Jacobina, ao norte do estado da Bahia.
A Serra divide-se em três grandes blocos conforme o domínio da vegetação. A área
sul está localizada no domínio da Mata Atlântica; a área central, no Cerrado; a área
norte, na Caatinga. A grande riqueza de paisagens e a alta diversidade de espécies
faunísticas e florísticas, muitas endêmicas da região, na área sul e na área central,
foram responsáveis pelo título de Reserva da Biosfera do Espinhaço, em 2005, pela
UNESCO.

A diversidade cultural é outro diferencial da Serra do Espinhaço. Além disso, a


abundância de alimentos, os cursos d’água e os abrigos formados por lapas, cavernas
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ou cavidades atraíram o homem pré-histórico e grupos indígenas. Depois chegaram


os portugueses, os africanos e outros tantos povos atraídos pela busca do ouro que
brotava a céu aberto. Nos dias de hoje a mineração representa uma das principais
atividades econômicas dos municípios ali localizados.

Como parte dos estudos ambientais que estão sendo realizados pela Anglo American,
a empresa comprometeu-se a elaborar um livro: “O livro deverá conter informações
sobre a taxonomia, morfometria, ocorrência, distribuição, fenologia reprodutiva,
girinos e cantos dos anfíbios da área. Uma chave taxonômica para identificação de
adultos e girinos, provida também de ilustrações científicas e fotos, deverá fazer
parte do livro. O livro deverá ser acompanhado de um CD-ROM interativo com as
fotos, textos e vocalizações, o que possibilitará que os resultados atinjam a esfera
técnico-acadêmica, mas também a comunidade em geral que tenha curiosidade e
interesse no meio ambiente e na qualidade ambiental, incluindo os moradores locais
e turistas”.

E assim foi elaborado o livro intitulado Anfíbios - Alvorada de Minas - Conceição


do Mato Dentro - Dom Joaquim - Minas Gerais.

O livro contempla 58 espécies de anfíbios, número considerado alto se comparado


com outros estudos realizados na Serra do Espinhaço. Um fato que contribui para
tanta diversidade é a localização dos municípios de Alvorada de Minas, Conceição
do Mato Dentro e Dom Joaquim em região formada por dois biomas: Mata Atlântica
e Cerrado. Esses biomas são considerados como hotspots de biodiversidade. Por
se tratar de uma área de contato entre dois biomas, a região contempla espécies
endêmicas da fauna das duas formações, ou seja, espécies que são encontradas
apenas naqueles biomas. O livro traz informações sobre taxonomia, morfologia,
hábitos, reprodução, vocalização, girinos e conservação, além das fichas das 58
espécies, chaves de identificação e um CD-ROM interativo.

A proposta dos autores foi compartilhar o conhecimento sobre as espécies de anfíbios


locais com pessoas sensíveis à causa ambiental para que, conhecendo um pouco
desses “bichinhos” fascinantes, elas possam ajudar na preservação dessas espécies e
do meio ambiente como um todo.

Boa leitura!

Tudy Câmara
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AGRADECIMENTOS
Elaborar um livro não é uma das atividades mais fáceis. São muitas as variáveis para
que os profissionais envolvidos consigam atingir seus objetivos, principalmente
quando se tratam de amantes do que fazem e primam em agradar os leitores.

Gostaríamos imensamente de agradecer a confiança que a Anglo American depositou


na Bicho do Mato Editora para a elaboração desta obra e ao apoio irrestrito de seus
colaboradores tanto no escritório central, em Belo Horizonte, quanto no campo, em
Alvorada de Minas, Conceição do Mato Dentro e Dom Joaquim.

Agradecemos especialmente aos biólogos especialistas que fizeram essa obra existir!
Ao Bruno Pimenta, pela escrita dos capítulos introdutórios, pela revisão de todos os
textos e, junto a Danielle Costa e a Roberta Murta-Fonseca, pela pesquisa e elaboração
dos textos das fichas das espécies, da chave de identificação de adultos, do glossário
e também pela coordenação das campanhas de campo. A Ana Paula Baeta, ao Felipe
Carvalho de Queiroz e ao Itamar Vinícius Perpetuo Leão, pelas campanhas de campo.
Ao Tiago Pezzuti, por tudo que a obra apresenta sobre os girinos. A Julia Thompson e
ao Ivan Magalhães, pelos desenhos esquemáticos e das estruturas que possibilitaram
a elaboração das chaves de identificação. Ao geógrafo Rafael Liberal, pela elaboração
do mapa de localização da área de estudo. À empresa Target, pela confecção do CD
interativo.

Agradecemos a toda a equipe técnica e administrativa da Bicho do Mato Meio


Ambiente que, ao longo desses últimos anos, apoiou as campanhas a campo para
que o estudo fosse realizado com sucesso.

Agradecemos à equipe do Centro de Apoio da Bicho do Mato em


Conceição do Mato Dentro, que acolheu com muito carinho seus pesquisadores.

Agradecemos ao IBAMA, principalmente ao Mauro Guimarães, pela concessão das


licenças de captura e transporte para a realização do monitoramento da fauna de
anfíbios, proporcionando o levantamento de dados para a elaboração deste livro.

Agradecemos aos biólogos Bruno Pimenta, Danielle Costa, Felipe Carvalho de


Queiroz, Felipe Carvalho de Souza Pinto, Isabela Brcko, Marina Walker, Pedro Peloso,
Rafael Campos, Rafael Cunha Pontes, Reginaldo Assencio Machado, Renata Pirani,
Roberta Murta-Fonseca, Ronald Rezende de Carvalho Júnior, Thiago Silva-Soares,
Tiago Pezzuti e Vinícius São Pedro, que cederam gentilmente fotos para compor as
imagens do livro.
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Agradecemos também aos biólogos Ariovaldo Giaretta, Bruno Pimenta, Célio Haddad,
Fernanda Centeno, José Perez Pombal Júnior, Magno Segalla, Mario R. Moura, Milena
Delatorre Nunes, Renata Magalhães Pirani, Roberta Murta-Fonseca e Tiago Pezzuti,
por disponibilizarem as vocalizações para a composição do CD-ROM.

Agradecemos aos Srs. Cely de Souza Finamore, Vicente de Paula Finamore e Djalma
José de Jesus Santana pelo apoio nas campanhas de campo.

Agradecemos aos cidadãos de Conceição do Mato Dentro, Alvorada de Minas e


Dom Joaquim, que nos ajudaram com informações, muitas vezes preciosas, sobre
essa fauna e autorizaram nossa entrada em suas propriedades para que pudéssemos
executar nosso trabalho.

Agradecemos em especial ao Prof. Carlos Alberto Gonçalves Cruz pelo prefácio do


livro.

Por fim, agradecemos a todos que, direta ou indiretamente, ajudaram na elaboração


dessa obra.

Bicho do Mato Editora


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Introdução
O conhecimento sobre a composição de espécies (ou seja, quais espécies são
encontradas nos diversos ambientes) de uma determinada localidade ou região é
o início de qualquer iniciativa de conservação e manejo da fauna. É primordial que
informações básicas acerca dessas espécies, como seus hábitos e ambientes de
ocorrência, estejam disponíveis para que a comunidade científica, órgãos públicos e
sociedade em geral possam planejar e implementar ações para garantir a perpetuidade
das populações de animais silvestres em consonância com as atividades econômicas
necessárias ao pleno desenvolvimento de uma cidade, região ou estado.

Dessa maneira, o primeiro passo para a elaboração deste guia foi verificar quais
espécies de anfíbios anuros já foram registradas nos municípios de Alvorada de Minas,
Conceição do Mato Dentro e Dom Joaquim, justamente para termos conhecimento
sobre a riqueza do grupo na região e podermos reunir estudos científicos com as
informações necessárias ao entendimento da taxonomia, distribuição geográfica
e história natural dessas espécies. Para construirmos essa lista, foram utilizadas
diferentes fontes de informação, sendo a maioria delas resultante dos estudos
ambientais elaborados para licenciamento de empreendimentos da Anglo American.

Inicialmente, foram consultadas as listas dos Estudos de Impacto Ambiental (EIA)


da Mina do Sapo e do Mineroduto Minas-Rio, neste último considerando apenas os
registros efetuados nos municípios citados. Posteriormente, foram acrescentadas
as espécies encontradas durante os Programas de Monitoramento da Herpetofauna
destes dois empreendimentos, que compreendem coletas de dados nestes municípios
desde 2009 e que ainda estão em andamento. Finalmente, foram incluídos dados
encontrados em artigos científicos que citam a ocorrência de algumas espécies
para a região. Nesta etapa, percebemos como são escassas as informações sobre a
ocorrência de espécies na Cadeia do Espinhaço e como estudos de campo relacionados
a licenciamentos ambientais podem contribuir para o conhecimento local e regional
da biodiversidade do nosso estado.

Alguns dos registros encontrados se referiam a espécies não identificadas ou cuja


ocorrência na região não era corroborada pela literatura especializada. Dessa
maneira, foram considerados somente os registros de espécies que tiveram
exemplares coletados e depositados em coleções científicas, o que permitiu confirmar
suas identificações. Ainda assim, sete espécies permaneceram sem identificação
(indicadas por conterem os termos “sp.”, “aff.” ou “gr.” em seus nomes) e dependem
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de revisões mais amplas sobre o gênero ou grupo de espécies a que pertencem.

A identificação de algumas espécies ou a determinação de que se tratavam de


espécies ainda a serem estudadas foi realizada por colegas herpetólogos que também
desenvolvem trabalhos na região do Espinhaço Meridional ou que se encontram
envolvidos em investigações sobre determinadas espécies ou grupo de espécies. Esta
livre troca de informações com outros profissionais foi de fundamental importância
para as pesquisas que culminaram na elaboração deste livro.

Os textos sobre cada espécie foram separados por Famílias de anfíbios anuros. As
Famílias são categorias utilizadas pelos zoólogos para reunir espécies de gêneros
aparentados, que compartilham uma história evolutiva e diversas características
morfológicas e comportamentais. Na região de estudo, as 58 espécies conhecidas
até o momento representam 10 diferentes Famílias.

Os textos das fichas das espécies foram organizados da seguinte maneira:


inicialmente, é apresentado o nome científico da espécie, acompanhado por autor
e ano de publicação (ou seja, o pesquisador ou pesquisadores que descreveram a
espécie e o ano em que sua descrição foi publicada). Em seguida, o(s) nome(s)
popular(es) pelo(s) qual(is) as espécies são conhecidas. Esses nomes podem variar
entre diferentes regiões do estado ou do país. Neste guia foram indicados os nomes
mais comumente usados na região de Conceição do Mato Dentro. O item seguinte,
“distribuição geográfica”, apresenta as regiões, estados e/ou países onde cada
espécie já foi encontrada, segundo informações obtidas na literatura especializada e/
ou conhecimento dos autores.

Os dois parágrafos após o item “distribuição geográfica” contêm informações sobre


características morfológicas (estruturas e forma do corpo) e de coloração de adultos
e girinos, respectivamente. As espécies são primeiramente categorizadas quanto
ao tamanho (pequeno, médio ou grande porte), sendo esta uma característica
comparativa apenas entre espécies do mesmo gênero. Uma espécie grande de
Dendropsophus (pererequinhas), por exemplo, não terá o mesmo tamanho de
uma espécie grande de Rhinella (sapos-cururu). Foi priorizada a apresentação
de características que podem ser percebidas a olho nu, para que o guia possa,
efetivamente, servir como uma ferramenta em campo. No entanto, isso nem sempre
foi possível para os girinos, devido tão somente ao tamanho desses animais.

Termos técnicos, ao aparecerem pela primeira vez no guia, são negritados para
indicar que esse termo é acompanhado de uma explicação breve sobre seu significado
(normalmente entre parênteses, logo após o termo). No caso de características
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morfológicas, o leitor ainda tem como fonte de consulta o Glossário Ilustrado, que
traz desenhos esquemáticos de adultos e girinos com indicações sobre as estruturas
usadas para caracterizar e diferenciar as espécies. O glossário é muito importante
não só para auxiliar os leitores menos habituados aos termos técnicos e à anatomia
de anfíbios anuros, mas também para que os pesquisadores possam verificar qual
terminologia foi utilizada ao longo do guia, dada a diversidade de nomes atribuídos
a uma mesma estrutura na literatura corrente. Por isso, a consulta ao glossário é
recomendada sempre que o guia for usado.

No item “espécies correlatas”, os textos procuram auxiliar na distinção de espécies


que poderiam ser confundidas entre si por compartilharem padrões de colorido
ou apresentarem características morfológicas semelhantes, para que os leitores
possam perceber a diversidade de cores e formas que podem ser encontradas entre
os anfíbios anuros. Nesse item são ressaltadas as características mais úteis ou mais
facilmente visualizadas em adultos, que podem rapidamente separar as espécies
umas das outras.

Em “história natural” são abordados aspectos sobre os hábitos, ambientes onde


vivem, temporada de vocalização, como se reproduzem e onde se desenvolvem os
girinos de cada espécie. Esse item auxilia na percepção de que diferentes espécies
têm preferências por determinados tipos de ambientes e quão diversificados são os
hábitos desses animais.

Finalmente, o item “bibliografia” lista todas as referências bibliográficas (artigos


científicos, livros e dissertações) consultadas para reunir as informações sobre cada
uma das espécies. As referências são integralmente apresentadas ao final do livro,
após as chaves de espécies.

As chaves de espécies são uma ferramenta bastante útil para a identificação dos
animais encontrados em campo. Elas foram elaboradas somente para as espécies
da região de estudo abrangida por este guia. São apresentadas duas chaves, uma
para anfíbios anuros adultos e uma para girinos, dadas as grandes diferenças entre
essas duas fases de vida. Ambas são baseadas nas características apresentadas nos
textos de cada espécie, podendo ser acrescentados alguns atributos para facilitar a
identificação.

As chaves têm estrutura dicotômica, ou seja, são sempre apresentadas duas


opções para serem seguidas. O leitor escolhe uma das opções de acordo com as
características apresentadas pelo animal que se deseja identificar. Quando uma das
opções é escolhida, o leitor é instruído a seguir para uma nova dicotomia, com outras
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características, até que o conjunto de suas escolhas leve à identificação da espécie.


As chaves são acompanhadas por diversas ilustrações, que ajudam o leitor a verificar
se as características indicadas nas dicotomias ocorrem no animal que está sendo
analisado.

Girinos de diferentes espécies, mas do mesmo gênero, possuem características


anatômicas bastante semelhantes entre si. Dessa forma, em algumas situações não
é possível distinguir as espécies por meio da chave dicotômica. Quando isso ocorre, a
chave informa, sem que sua estrutura seja modificada, quais espécies compartilham
aquelas características. A chave de girinos contempla 50 espécies, enquanto a chave
de adultos tem todas as 58 espécies. Esta diferença ocorre porque o ciclo de vida de
duas espécies não envolve a fase de girino e, para outras seis espécies, o girino ainda
não é conhecido.

É importante ressaltar que anfíbios anuros normalmente apresentam algumas


variações de colorido e morfologia nem sempre descritas na literatura ou encontradas
por especialistas. Dessa forma, é possível que, em alguns momentos, ocorram
discrepâncias entre os textos/chaves de espécies e os exemplares encontrados
em campo. Quando isso ocorrer, recomenda-se que sejam analisadas outras
características, além daquela que apresenta variação, para se chegar à correta
identificação da espécie.
Amplexo de Dendropsophus minutus (pererequinha).
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Anfíbios
Os anfíbios são vertebrados terrestres encontrados em praticamente todo o mundo,
excetuando-se as regiões de frio extremo, como os polos. O nome anfíbio deriva das
palavras gregas amphi (duplo) e bio (vida), em alusão ao fato de a maioria das espécies
apresentar larvas aquáticas (os girinos ou marias-sapudas) e adultos terrestres,
dividindo essas fases de sua existência entre os dois tipos de ambientes. Em todo o
planeta já foram catalogadas 7187 espécies de anfíbios.

Existem atualmente três grupos, ou Ordens, diferentes de anfíbios. Os anfíbios anuros


(Ordem Anura) são os mais comuns e numerosos, sendo popularmente conhecidos
por sapos, rãs, gias e pererecas. Essa divisão informal das espécies está normalmente
relacionada à textura da pele, presença de discos adesivos nas pontas dos dedos das
mãos e dos pés e grau de dependência da água. Os sapos são animais de pele rugosa,
membros curtos e robustos e podem ser vistos afastados de corpos d’água. Várias
espécies, notadamente as do gênero Rhinella (sapos-cururu), são conhecidas do
grande público por serem frequentemente vistos próximos às casas, principalmente
nas periferias das cidades e zonas rurais. As rãs e gias possuem pele lisa, dedos
delgados, pernas longas e robustas e são comumente encontradas nas margens ou
dentro d’água, em poças, lagoas, açudes e brejos. Moradores de zonas rurais têm o
hábito de se alimentar de algumas espécies de rãs e gias, como é o caso da rã-manteiga
ou caçote (Leptodactylus latrans) e da rã-pimenta (Leptodactylus labyrinthicus), o
que torna esses animais bem conhecidos nessas regiões. A maioria das espécies de
pererecas possui pele lisa e membros longos e esbeltos, mas a característica mais
marcante desses animais é a presença de discos adesivos nas pontas dos dedos dos
pés e das mãos, o que permite que escalem superfícies verticais. Assim, as pererecas
são normalmente vistas empoleiradas sobre a vegetação às margens de corpos
d’água. Muitas pessoas conhecem as pererecas ao encontrá-las no banheiro, caixas
d’água ou outros locais úmidos no interior ou entorno de residências, razão pela qual
algumas espécies são chamadas pererecas-de-banheiro, como é o caso de Scinax
fuscovarius. Até 2012, quando foi realizada a última atualização da lista de espécies
do Brasil, eram conhecidas 913 espécies de anfíbios anuros no país, o que o torna líder
em riqueza desse grupo no planeta. A maioria dos anuros tem hábitos noturnos, mas
existem algumas espécies com atividade diurna.

Os anfíbios da Ordem Gymnophiona são popularmente conhecidos como cobras-


cegas. São animais de corpo alongado e cilíndrico, o que faz com que sejam
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confundidos com serpentes pela maioria das pessoas. As cobras-cegas são vistas
raramente, porque, em sua maioria, vivem em galerias sob a terra e só frequentam a
superfície em poucas ocasiões. Normalmente isso acontece após fortes chuvas, que
alagam suas galerias e as forçam a sair, ou quando a terra é trabalhada para cultivo,
limpeza ou construção, o que acaba por desalojar esses animais. Algumas espécies
são aquáticas. Pelo fato de a maioria ser fossorial (ou seja, viverem em ambiente
subterrâneo), esses animais são pouco estudados e são conhecidas apenas 31 espécies
no Brasil.

As salamandras pertencem à Ordem Caudata. São animais de corpo alongado, com


patas curtas e cauda bem desenvolvida. São pouco conhecidas no Brasil, por viverem
apenas em algumas localidades da região amazônica. Até 2012, era registrada
apenas uma espécie no país, chamada Bolitoglossa paraensis, mas uma revisão
recente demonstrou que, na verdade, existem cinco espécies, todas na Amazônia.
As salamandras brasileiras são todas noturnas e arborícolas (isto é, vivem sobre a
vegetação).

Todos os anfíbios dependem, em maior ou menor grau, de ambientes úmidos, porque


boa parte da respiração é feita através da pele, havendo algumas espécies em que
a respiração é exclusivamente realizada dessa maneira. A respiração pulmonar,
portanto, é acessória à cutânea. A manutenção da pele constantemente úmida é o
fator que permite a troca dos gases da respiração. Por isso, esses animais são sempre
encontrados sobre o solo ou folhiço úmido, poças, lagoas, açudes, brejos, riachos
e córregos, seja na vegetação marginal, no solo próximo às margens, na vegetação
emersa ou aquática ou mesmo dentro d’água (à exceção das cobras-cegas, que
encontram ambientes úmidos sob o solo mesmo longe de corpos d’água). Algumas
espécies se especializaram em ocupar pequenos espaços onde a água da chuva fica
retida, como bromélias e ocos de árvores. Nestes locais os anfíbios realizam todas as
atividades relacionadas à alimentação e reprodução.

Os anfíbios anuros são majoritariamente carnívoros e se alimentam de outros animais,


principalmente insetos. No entanto, alguns estudos mostram dietas um pouco mais
abrangentes, incluindo minhocas, aranhas e pequenos vertebrados. Existe uma
espécie no Brasil, típica das restingas do Rio de Janeiro, chamada Xenohyla truncata,
que é a única para a qual se conhece o hábito de se alimentar de frutos de bromélias.
Indivíduo da Ordem Gymnophiona (cobra-cega).
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As salamandras pertencem à Ordem Caudata. São animais de corpo alongado, com


patas curtas e cauda bem desenvolvida. São pouco conhecidas no Brasil, por viverem
apenas em algumas localidades da região amazônica. Até 2012, era registrada
apenas uma espécie no país, chamada Bolitoglossa paraensis, mas uma revisão
recente demonstrou que, na verdade, existem cinco espécies, todas na Amazônia.
As salamandras brasileiras são todas noturnas e arborícolas (isto é, vivem sobre a
vegetação).

©Pedro Peloso

Bolitoglossa caldwellae (salamandra)

Todos os anfíbios dependem, em maior ou menor grau, de ambientes úmidos, porque


boa parte da respiração é feita através da pele, havendo algumas espécies em que
a respiração é exclusivamente realizada dessa maneira. A respiração pulmonar,
portanto, é acessória à cutânea. A manutenção da pele constantemente úmida é o
fator que permite a troca dos gases da respiração. Por isso, esses animais são sempre
encontrados sobre o solo ou folhiço úmido, poças, lagoas, açudes, brejos, riachos
e córregos, seja na vegetação marginal, no solo próximo às margens, na vegetação
emersa ou aquática ou mesmo dentro d’água (à exceção das cobras-cegas, que
encontram ambientes úmidos sob o solo mesmo longe de corpos d’água). Algumas
espécies se especializaram em ocupar pequenos espaços onde a água da chuva fica
retida, como bromélias e ocos de árvores. Nestes locais os anfíbios realizam todas as
atividades relacionadas à alimentação e reprodução.

Os anfíbios anuros são majoritariamente carnívoros e se alimentam de outros animais,


principalmente insetos. No entanto, alguns estudos mostram dietas um pouco mais
abrangentes, incluindo minhocas, aranhas e pequenos vertebrados. Existe uma
espécie no Brasil, típica das restingas do Rio de Janeiro, chamada Xenohyla truncata,
que é a única para a qual se conhece o hábito de se alimentar de frutos de bromélias.
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Vitreorana uranoscopa (perereca-de-vidro)


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Leptodactylus latrans (rã-manteiga) predando Hypsiboas crepitans (perereca).

Devido à dependência da umidade, o período das chuvas é aquele onde os anfíbios


são encontrados em seus picos de atividade. Um grande número de indivíduos de
várias espécies deixa seu abrigo, onde se protegeu da seca e das baixas temperaturas
durante o inverno, e ocupa os ambientes acima mencionados, sendo facilmente
percebidos não só pela abundância em que esses animais passam a aparecer como
também pelos sons que emitem (cantos ou coaxos), no caso específico dos anuros.

Dendropsophus rubicundulus (pererequinha-verde) coaxando.


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Na região de Conceição do Mato Dentro que, neste guia, inclui esse município e os
municípios limítrofes de Alvorada de Minas e Dom Joaquim, já foram encontradas
58 espécies de anfíbios anuros, riqueza que é considerada alta quando comparada
a outras localidades da Serra do Espinhaço em Minas Gerais cujo conhecimento
sobre a fauna de anuros é relativamente satisfatório. Por exemplo, na região de Nova
Lima, são conhecidas 35 espécies; na Serra do Cipó, região vizinha à de Conceição
do Mato Dentro, mas caracterizada pelo predomínio dos campos rupestres e do
Cerrado, ocorrem 43 espécies; na RPPN Santuário do Caraça, em Catas Altas - MG,
são encontradas 44 espécies; na Serra de Ouro Branco, em Ouro Branco - MG,
foram registradas 47 espécies; e na região de Ouro Preto já foram catalogadas 49
espécies. Contribuem para a elevada riqueza em Conceição do Mato Dentro o fato
de a região estar situada na zona de contato entre dois grandes biomas brasileiros,
a Mata Atlântica e o Cerrado, contendo elementos da fauna endêmicos dessas
duas formações, ou seja, que não são encontrados em outros biomas. A perereca
Hypsiboas lundii é endêmica do Cerrado, enquanto a perereca-de-vidro (Vitreorana
uranoscopa), o sapo-de-chifres (Proceratophrys boiei), a perereca-de-moldura
(Dendropsophus elegans), a pererequinha-do-brejo (Dendropsophus seniculus), o
sapo-ferreiro (Hypsiboas faber), a perereca-porco (Hypsiboas pardalis), a perereca-
listrada (Hypsiboas polytaenius), a perereca-castanhola (Itapotihyla langsdorffii), a
perereca-macaco (Phyllomedusa burmeisteri), as pererecas Scinax carnevallii, Scinax
eurydice, Scinax luizotavioi e Scinax machadoi, e a rãzinha-da-mata (Chiasmocleis
schubarti) são endêmicas da Mata Atlântica. Além disso, a grande variedade de
ambientes e fisionomias (florestas, campos rupestres, campos cerrados, córregos,
riachos e brejos, além das áreas artificiais - açudes, pastos, etc.) permite que várias
espécies, dos mais diversos tamanhos e hábitos, encontrem condições diferenciadas
para ocupação e manutenção de suas populações. Ou seja, quanto maior a variedade
de ambientes disponíveis, maior a possibilidade de espécies diferentes ocorrerem na
mesma área ou região.

Isso ocorre porque os anfíbios anuros apresentam uma série de adaptações


(características anatômicas, fisiológicas, genéticas e/ou comportamentais) que os
permitem ocupar os mais diversos tipos de ambiente. Existem espécies adaptadas
à ocupação de áreas abertas (campos naturais ou pastagens, cerrados, campos
rupestres, plantações, entorno de habitações humanas, etc.) e de áreas florestais,
havendo ainda espécies que conseguem transitar entre essas duas. Determinadas
espécies são tipicamente associadas a corpos d’água lênticos (ou seja, de águas
paradas ou de renovação lenta, como poças, lagoas, açudes e até mesmo remanso de
riachos), enquanto outras são adaptadas a viver junto a corpos d’água lóticos (águas
22

rápidas, como rios, riachos, córregos, com ou sem corredeiras), podendo estes serem
permanentes ou temporários. Existem ainda espécies que realizam todo seu ciclo de
vida (o que significa dizer que nascem, sofrem metamorfose de girino para adulto,
crescem e se reproduzem) dentro de bromélias ou ocos de árvore.

Além da elevada riqueza, há de se ressaltar a ocorrência de grande número de espécies


endêmicas da porção meridional da Serra do Espinhaço (isto é, encontradas apenas
no trecho da Serra do Espinhaço pertencente a Minas Gerais) na região de Conceição
do Mato Dentro. Dentre os 58 anuros aí encontrados, 13 (22,4%) não ocorrem fora
desse complexo montanhoso. Algumas dessas espécies têm distribuições geográficas
bastante restritas, como a rãzinha-do-riacho (Hylodes otavioi), conhecida apenas das
localidades limítrofes da Serra do Cipó, Conceição do Mato Dentro e Morro do Pilar,
e a perereca Scinax machadoi, encontrada até o momento nas duas primeiras e em
Catas Altas.

Corpo d’água lêntico: lagoa artificial (barragem).

Corpo d’água lótico: riacho.


23

Vocalização
Ao ouvir um sapo coaxando, poucas pessoas se dão conta da importância da
vocalização, ou canto, dos anfíbios anuros e do número de situações diferentes em
que são utilizados. Primeiro, deve-se saber que apenas os machos são capazes de
emitir cantos. Segundo, cada espécie tem um canto único, diferente de todas as
outras espécies. Dessa maneira, é possível identificar uma espécie de anuro apenas
pela audição de suas vocalizações.

Os anuros machos possuem uma estrutura chamada saco vocal, situada na região
gular, que fica sob o assoalho da boca, e é capaz de se expandir bastante, criando
uma câmara de ressonância. É dessa forma que o som pode ser amplificado e ouvido à
distância. O ar armazenado nos pulmões é forçado pela traqueia e passa pelas cordas
vocais, que vibram e produzem som, em um processo análogo à produção da voz
nos humanos. Ao chegar à cavidade oral, o ar encontra a boca e as narinas fechadas,
sendo direcionado a passar por dois orifícios, chamados fendas vocais, que o levam
ao saco vocal. A chegada repentina do ar infla rapidamente o saco vocal, causando a
vibração de suas paredes e a ampliação e propagação do som no ambiente. O ar volta
aos pulmões e é novamente impulsionado em direção ao saco vocal, em um processo
cíclico que pode ser repetido diversas vezes. De tempos em tempos, o ar dos pulmões
é renovado e o processo reiniciado.

Macho de Hypsiboas albopunctatus (perereca-cabrinha) vocalizando.


24

Macho de Dendropsophus rubicundulus (pererequinha-verde) com o saco vocal inflado.

A função primordial do canto é a reprodução. Com ele, os machos atraem fêmeas,


informando-as não só sobre sua localização no ambiente (o que é fundamental, uma
vez que a maioria das espécies é noturna e não pode utilizar a visão para esse fim), mas
também sobre sua condição física. Este é o canto mais frequentemente emitido pelos
machos e é chamado canto de anúncio. Uma combinação de estruturas anatômicas
e sensoriais relacionadas ao ouvido interno e ao sistema nervoso das fêmeas as torna
capazes de escolher, por meio das características dos cantos, os melhores machos
para acasalarem. Além de saber onde estão os machos e quais os mais aptos, a fêmea
consegue também escolher um macho de sua própria espécie, em meio a tantos
animais coaxando ao mesmo tempo, justamente pelo fato de a vocalização ser única
para cada espécie.
Além da função de atrair fêmeas, o canto também é usado para a delimitação de
território, sendo então chamado canto territorial. Machos da maior parte das
espécies de anuros defendem uma parte do ambiente como território para a
reprodução por ela abranger um conjunto de recursos considerados decisivos para
o sucesso em conseguir uma parceira e garantir o desenvolvimento dos ovos e/ou
girinos. A emissão do canto, portanto, serve também para alertar outros machos
próximos sobre sua presença e limites de seu território. Quando outro macho invade
esse espaço, o macho residente passa a emitir cantos diferentes, chamados canto
de encontro e canto agressivo, alertando o invasor para um possível combate físico
caso não se retire. A permanência do invasor após esse “aviso” pode resultar em luta
corporal, como já observado para o sapo-ferreiro (Hypsiboas faber) e a pererequinha
(Dendropsophus minutus).

Outras funções do canto incluem corte, emitido apenas para uma fêmea já próxima,
com o intuito de facilitar a detecção do macho ou guiá-la até o local de acasalamento,
e agonia, quando capturado por um predador, o que acaba avisando indivíduos
próximos sobre o perigo.
25

Reprodução
Dentre todos os vertebrados terrestres, os anfíbios anuros são os que apresentam o
maior número de modos reprodutivos. Chama-se modo reprodutivo à combinação
de características relacionadas a todas as etapas da reprodução e desenvolvimento:
forma da desova (conjunto de ovos) e local onde é depositada (corpo d’água lêntico
ou lótico, solo, câmara subterrânea, bromélia, pendurada em folhas sobre poças ou
riachos, etc.), presença ou não de estágio larval (existem espécies que têm girinos e
outras de cujos ovos já nascem indivíduos semelhantes aos adultos, como Haddadus
binotatus), se o girino se alimenta durante seu desenvolvimento ou não, se um dos
pais ou ambos cuida da desova ou dos girinos, dentre outros aspectos. Atualmente
são conhecidos 39 modos reprodutivos para os anuros, 29 dos quais são registrados
no Brasil.

A maioria das espécies de anfíbios anuros se reproduz na estação chuvosa, quando


há maior número de locais úmidos disponíveis. Nessa época, os machos das espécies
que se reproduzem em corpos d’água lênticos se reúnem em grandes coros ou
agregações reprodutivas, que podem conter dezenas de espécies e milhares de
indivíduos cantando ao mesmo tempo em uma incansável disputa por fêmeas para
se acasalarem. Espécies que se reproduzem em riachos e córregos ou ambientes
externos aos corpos d’água (bromélias, ocos de árvore, solo, etc.) são raramente
vistas formando agregações, permanecendo espalhadas pelo ambiente.

Quando um macho consegue atrair uma fêmea por meio de sua vocalização ou,
em algumas espécies, a encontra após procurá-la ativamente próximo ao sítio
reprodutivo, ele sobe em suas costas envolvendo-a em um abraço nupcial, também
chamado amplexo. A fêmea, então, carrega o macho até o local onde irá ocorrer a
oviposição, ou seja, onde a desova será depositada. O amplexo estimula a fêmea
a liberar os ovócitos, que são fecundados pelo macho à medida que estes saem
da cloaca (abertura para saída de gametas e excretas) da fêmea, caracterizando,
então, a fecundação externa, que é comum para quase todos os anfíbios. Os ovos
fecundados são deixados no local para se desenvolverem.

As desovas dos anfíbios podem ter um número bastante variável de ovos e de


formatos. As desovas mais comuns são compostas por centenas ou milhares de ovos,
depositados como um filme sobre a superfície da água. Várias espécies de rãs, como
a rã-manteiga (Leptodactylus latrans), a rã-pimenta (Leptodactylus labyrinthicus)
e a rã-cachorro (Physalaemus cuvieri), possuem desovas envoltas por uma espuma
que protege os ovos e girinos do ressecamento e de predadores. Outras espécies,
como a rã-do-riacho (Crossodactylus bokermanni), constroem tocas entre as pedras
do leito de riachos, onde os ovos são depositados e permanecem escondidos até o
nascimento dos girinos. Dentre as desovas mais curiosas, está a da perereca-de-vidro
(Vitreorana uranoscopa), que é depositada em folhas penduradas sobre riachos. Com
a movimentação dos girinos após o nascimento, a substância gelatinosa que recobre
26

Casal de Dendropsophus elegans (perereca-de-moldura) em amplexo.

Casal de Hypsiboas albopunctatus (perereca-cabrinha) em amplexo.


27

os ovos é rompida e o girino “pinga” na água para completar seu desenvolvimento.

O girino é uma fase larval aquática presente no ciclo de vida da maioria dos
anfíbios anuros. Os girinos normalmente eclodem de ovos depositados na água
e aí permanecem, alimentando-se de matéria orgânica em suspensão ou raspada
do substrato, de animais mortos, ou até mesmo de outros ovos e girinos. O tempo
que um girino leva para se transformar e adquirir as características de um animal
adulto, fenômeno chamado de metamorfose, é bastante variável entre as espécies
e até mesmo entre populações da mesma espécie. Girinos que se desenvolvem em
ambientes temporários, como poças formadas pelas chuvas, sofrem metamorfose
em período de tempo mais curto que girinos que se desenvolvem em corpos d’água
permanentes. Esta é uma estratégia que evita que a poça seque antes da metamorfose
ser concluída. Girinos que vivem em riachos normalmente demoram mais a se
transformar do que girinos de corpos d’água lênticos, principalmente devido à menor
temperatura dos primeiros.

Tipos variados de desova.


28

A metamorfose é uma transformação muito radical da anatomia e fisiologia de


um anfíbio anuro, pois envolve modificações do corpo e de seus sistemas, então
adaptados à vida aquática, que deverão funcionar em uma forma de vida terrestre.
Primeiro, os girinos respiram através de brânquias, estruturas semelhantes às dos
peixes que permitem a troca de gases respiratórios em meio aquático. Os adultos
respiram tanto pela pele quanto pelos pulmões, portanto é necessária a modificação
de todo o sistema respiratório para captação de oxigênio atmosférico e troca de
gases também em um sistema interno, sem contato com o exterior. Além disso, os
machos desenvolvem todo um aparato relacionado à vocalização, que inclui o saco
vocal, músculos e cartilagens associados à movimentação e passagem do ar pelas
estruturas envolvidas na emissão e propagação do som. A seguir, são desenvolvidos
membros para locomoção em ambiente terrestre, em contraposição à cauda,
que é utilizada para impulsionar o animal dentro d’água. A cauda é gradualmente
reabsorvida por enzimas, desaparecendo por completo nos adultos, daí o nome
Anura, que significa “sem cauda”. A boca e o sistema digestório, anteriormente
adaptados para a filtração/raspagem e digestão de partículas pequenas (incluindo
vegetais), são completamente modificados para aprisionar e deglutir animais
inteiros, além de digerir suas partes moles. Também ocorrem modificações extensas
nos sistemas sensoriais, notadamente visão e audição, para a percepção do ambiente
sem a interferência da água. Qualquer pessoa que já entrou em uma piscina ou lagoa
sabe como é bem diferente enxergar ou ouvir dentro d’água e fora dela.
O estágio transitório entre o girino e o jovem recém-metamorfoseado é chamado de
imago. O imago ainda retém parte da cauda, mas já se aventura fora do ambiente
aquático. Normalmente, o imago não se alimenta, pois a boca do girino ainda está
se transformando na boca do adulto, o que o impede de se alimentar dos itens que
compõem a dieta de qualquer dessas duas fases. A nutrição do imago é fornecida pela
digestão enzimática da cauda, responsável pela energia necessária para as atividades
diárias e término da metamorfose.
29

Girinos sobre pedras no fundo de córrego.

Imago em corpo d’água lótico.


30

Phyllomedusa burmeisteri (perereca-macaco).


31

Conservação de Anfíbios Anuros


A partir da década de 1980, vários relatos de diminuições de populações de anfíbios
anuros começaram a surgir na literatura especializada. Os artigos sobre o tema
reportavam o sumiço de populações inteiras em áreas onde, anteriormente, eram
bastante abundantes, além do encontro de adultos mortos ou agonizantes e de
girinos com malformações anatômicas. Esses declínios foram detectados em várias
regiões diferentes do planeta e, inicialmente, as causas apontadas eram facilmente
reconhecíveis: destruição das florestas, conversão de ambientes naturais em áreas
agricultáveis, drenagem de áreas úmidas, urbanização e outras formas de supressão
ou modificação de ambientes. No entanto, também foram notados desaparecimentos
ou diminuições populacionais em áreas protegidas ou conservadas, teoricamente
menos sujeitas aos efeitos das ações humanas.

No Brasil, foram detectados declínios de várias espécies em áreas de Mata Atlântica


e de Cerrado. Os primeiros relatos vieram da Estação Biológica de Boraceia (na Serra
do Mar de São Paulo), do Parque Nacional do Itatiaia (na Serra da Mantiqueira entre
Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo), da Serra dos Órgãos (em Teresópolis, Rio
de Janeiro) e de um trecho de floresta entre Curitiba e Paranaguá (no Paraná). Pouco
depois, foram comunicados desaparecimentos e reduções populacionais drásticas
em Santa Teresa, na região serrana do Espírito Santo. Mais tarde, foram publicadas
diminuições em populações de anuros na Serra do Cipó, região vizinha à de Conceição
do Mato Dentro, e na Estação Biológica de Paranapiacaba (na Serra do Mar de São
Paulo).

Esses fatos levaram à conclusão de que anfíbios anuros seriam mais sensíveis às
alterações ambientais que outros vertebrados e que seus declínios serviriam de
alerta para eventos de degradação de habitats, tendo sido, inclusive, comparados aos
canários que trabalhadores de minas de carvão mantinham nas galerias subterrâneas
para perceberem a ocorrência de gases tóxicos, que matavam as aves antes que
os mineiros sentissem seus efeitos. A ideia da maior sensibilidade dos anuros foi
inicialmente suportada, tendo em vista uma série de características básicas do
grupo, incluindo a dependência de ambientes úmidos, a pele permeável (ou seja,
que permite a passagem de líquidos e gases entre o ambiente externo e o interior
do corpo e, consequentemente, os tornam suscetíveis a diversos agentes químicos e
biológicos), o tamanho relativamente pequeno (a maioria dos anuros tem peso menor
que 20g) e o metabolismo ectotérmico, ou seja, a temperatura corporal é regulada
pela temperatura ambiente.
32

No entanto, essas características também ocorrem em outros grupos de animais.


Dessa forma, alguns autores sustentam que os declínios de anfíbios anuros são apenas
parte de uma crise de biodiversidade mais abrangente, que afeta diferentes formas
de vida. Por outro lado, é importante notar que o número de espécies de anuros
consideradas ameaçadas de extinção em listas oficiais é proporcionalmente maior que
o número de aves e mamíferos, pelo menos nas Américas. Isto é, quando comparado
ao número total de espécies dessa região, o número de espécies ameaçadas é muito
mais alto em anfíbios anuros do que nestes grupos.

A destruição ou modificação dos ambientes onde vivem os anfíbios é a mais


notória e importante causa de declínios em todo o mundo e também no Brasil. O
desmatamento é seguramente a mais preocupante causa de perda da biodiversidade
como um todo, e, infelizmente, nosso país ainda é um dos líderes mundiais neste
triste ranking. O estado de Minas Gerais já perdeu cerca de 70% de sua cobertura
vegetal nativa, o que, sem dúvida, é um fator de risco para as espécies que vivem
nas suas mais variadas formações vegetais. Minas apresenta áreas de Cerrado,
Caatinga e Mata Atlântica, o que o deixa em situação privilegiada para o estudo da
fauna e flora, mas essa riqueza está fortemente ameaçada pelas ações humanas. O
desmatamento contribui não apenas para a perda de ambientes, mas também para a
fragmentação de habitats. A fragmentação ocorre quando diversas porções de um
mesmo ambiente originalmente único se tornam desconectadas entre si em razão
dos desmatamentos. Em ambientes fragmentados, exemplares de uma mesma
população deparam-se com dificuldades para se encontrar, porque os habitats
ficam separados por áreas alteradas, como pastagens, plantações, áreas urbanas,
minerações, hidrelétricas, etc., acarretando vários efeitos negativos para a fauna em
geral e para os anfíbios. Como os ambientes entre os fragmentos não apresentam
condições adequadas para a ocupação por anfíbios, estes se tornam incapazes de
atravessá-los, principalmente devido à sua limitada capacidade de dispersão. A
separação de uma população em populações menores diminui as chances de sua
sobrevivência, porque não há chegada de indivíduos novos, o número de parceiros
sexuais é diminuído, aumentam os acasalamentos entre parentes, entre outros. Um
ambiente fragmentado sofre, ainda, os efeitos de borda. Isso significa que, quanto
maior o número de pequenos fragmentos, maior a área dos ambientes naturais que
estarão em contato com ambientes alterados, isto é, maior a área de borda dos
ambientes naturais. Esses locais podem ser invadidos por espécies de animais e de
vegetais que competem com as espécies originalmente ocorrentes no ambiente
íntegro, além de experimentarem aumento da exposição à luz solar, que resulta em
aumento da temperatura e diminuição da umidade. O desmatamento pode, ainda,
33

contribuir para o assoreamento de corpos d’água, locais de reprodução da maioria


das espécies de anuros.

Paisagem fragmentada: porções de mata separadas por ambientes criados pelo homem.

Outra causa importante para a diminuição ou desaparecimento de anfíbios anuros é a


introdução de espécies exóticas, ou seja, originárias de outros países ou regiões, que
acabam por se adaptar às condições locais e conseguem competir por recursos, predar
ou ainda transmitir doenças às espécies nativas. No Brasil, os principais problemas
relacionados a este tema são as introduções da rã-touro (Lithobates catesbeianus)
e de peixes usados em criações comerciais ou para pesca esportiva. A rã-touro é
originária da América do Norte e, devido ao seu tamanho, consegue se alimentar de
espécies nativas menores, podendo causar diminuições populacionais significativas.
Como a maior parte das espécies é menor que a rã-touro, seu potencial de interferir
nos ambientes nativos é bastante alto. Esse efeito já foi observado em populações
de Viçosa (MG) que convivem com rãs-touro introduzidas. A rã-touro também é
capaz de transmitir vírus a exemplares de espécies nativas, tornando-se importante
34

reservatório de doenças associadas aos anfíbios. Peixes exóticos costumam predar


ovos e girinos, tendo importante efeito sobre a distribuição de espécies de anfíbios
que se reproduzem em diferentes corpos d’água. A introdução de peixes onde não
existiam, ou onde só existiam peixes pequenos e/ou que não se alimentavam desses
recursos, gera um impacto severo sobre os anuros. Alguns deles também podem
transmitir doenças virais aos anfíbios.

Doenças, portanto, também são causas importantes de declínios de anuros,


apesar da forte imunidade natural desses animais a infecções. Fatores que agem
de forma a tornar os efeitos das doenças mais severos são aqueles relacionados ao
enfraquecimento dessa imunidade, como mudanças climáticas, alterações ambientais
e poluição. Dentre as doenças conhecidas, descobriu-se que um fungo chamado
Batrachochytrium dendrobatidis, causador da quitridiomicose, está associado a
algumas populações que foram severamente afetadas por declínios. Dessa maneira,
o fungo foi rapidamente apontado como a maior ameaça atual aos anfíbios anuros.
O fungo foi encontrado em populações de todos os continentes, causando grande
número de mortes em curtos períodos de tempo, principalmente em populações que
vivem em altitudes moderadas a elevadas e em riachos de corredeira. Isto porque
esse fungo encontra condições propícias para crescer e se reproduzir em locais frios
e úmidos. Não se conhece muito bem o mecanismo que leva o fungo a matar seus
hospedeiros. Ele pode interferir em funções primordiais da pele (vale lembrar que a
maior parte das espécies de anfíbios tem a pele como principal órgão respiratório) ou
produzir toxinas. Em girinos, a infecção pelo fungo pode resultar em malformação da
boca, interferindo na alimentação e, provavelmente, no desenvolvimento, taxas de
crescimento, competição com outros girinos e interação com predadores.

No Brasil, as pesquisas sobre a ocorrência e a distribuição de Batrachochytrium


dendrobatidis são muito recentes e ainda não é possível relacionar os declínios já
conhecidos com a infecção pelo fungo. Exemplares infectados de 16 espécies foram
encontrados em diferentes localidades da Mata Atlântica, tanto em áreas de altitude
quanto em baixadas, desde Pernambuco até o Rio Grande do Sul.

Apesar de preocupante, a presença do fungo não resulta, necessariamente, em


declínios de anfíbios. Os dados coletados até o momento permitem observar que
muitas populações diminuíram em áreas onde o fungo não foi encontrado, que não
são todos os anfíbios infectados que ficam doentes ou morrem, que existem espécies
e populações mais resistentes à infecção do que outras e que, mesmo em espécies
onde o fungo já foi encontrado, ele pode não ser a principal causa de declínios.
35

Portanto, ainda são necessárias mais pesquisas para se conhecer mais sobre os
mecanismos de infecção, distribuição geográfica e temporal do fungo e seu efetivo
papel na atual crise de biodiversidade relacionada aos anfíbios.

A poluição, principalmente da água, é, há muito tempo, reconhecida como uma


ameaça potencial aos anfíbios. É um grande desafio abordar formas de prevenir ou de
remediar os efeitos da poluição, primariamente porque a diversidade de compostos
químicos resultantes das atividades humanas é enorme. Os mais comuns são os
metais pesados (chumbo, níquel, mercúrio, etc.), rejeitos industriais, cinzas de carvão,
petróleo, esgotos doméstico e industrial, pesticidas e fertilizantes. A contaminação da
água por esses agentes causa o desaparecimento de anfíbios dos sítios reprodutivos,
porque eles passam a evitá-los ou morrem. Em outros casos, a reprodução não é
interrompida, mas o desenvolvimento dos ovos e girinos é comprometido. Nessa
situação, a energia empregada na reprodução não produz resultados, e isso interfere
no crescimento ou manutenção da população.

Além dos efeitos tóxicos diretos da poluição, ambientes terrestres e aquáticos


podem ser afetados pela chuva ácida, fenômeno resultante da reação química entre
moléculas de água da atmosfera e substâncias químicas lançadas no ar principalmente
pela queima do carvão ou pelas chaminés de indústrias. Os agentes poluidores mais
importantes na formação da chuva ácida são os óxidos de nitrogênio e o dióxido de
enxofre. O efeito imediato dessa reação química é a diminuição do pH da água da
chuva, que fica mais ácida e acaba por afetar o pH de rios, lagos e também das águas
subterrâneas, através da infiltração da chuva pelo solo. Em ambientes ácidos, com
pH inferior a 5,0, várias espécies aquáticas morrem. A acidificação do solo altera a
disponibilidade de nutrientes e afeta o crescimento de plantas, causando distúrbios
na vegetação das áreas naturais. A vegetação também pode ser diretamente afetada
pela própria água da chuva ou, no caso de áreas em altitudes elevadas, pela neblina
naturalmente constante, que se torna mais ácida.

Existem indícios fortes de que a chuva ácida tenha sido responsável por casos de
declínios na Estação Biológica de Paranapiacaba, na Serra do Mar de São Paulo.
Esta unidade de conservação é localizada na encosta da serra voltada para a região
de Cubatão, que abriga importante polo petroquímico. Até o final da década de
1970, os poluentes químicos produzidos pelas indústrias eram lançados no ar sem
nenhum controle. A chuva ácida causada pela poluição de Cubatão e carregada pelo
vento até o alto da serra destruiu parte da vegetação da reserva, incluindo grandes
árvores e bromélias, e acidificou o solo e as nascentes, indicando contaminação das
36

águas subterrâneas. A alteração do pH desses ambientes pode ter comprometido


as populações de espécies que se reproduzem em ambientes terrestres, riachos e
bromélias.

Com base em todas as informações apresentadas, torna-se claro que as principais


medidas para conservação de anfíbios são a proteção e recuperação de ambientes
nativos, a implantação e/ou manutenção de corredores ecológicos (trechos
de ambientes nativos interligando fragmentos anteriormente desconectados,
permitindo o deslocamento dos animais entre diferentes áreas), o controle de
espécies exóticas, incluindo programas de erradicação onde necessários, o apoio a
pesquisas sobre doenças (notadamente a quitridiomicose) e o controle da poluição.
Algumas medidas podem ser tomadas em nível local, como o cuidado com as águas, a
recuperação de matas ciliares, o apoio à averbação de reservas legais e a manutenção
cuidadosa de criadouros de rãs-touro e peixes.

Ambientes florestais conectados por corredores, permitindo o deslocamento da fauna.

Bibliografia: Cardoso & Haddad (1984); Heyer et al. (1988); Weygoldt (1989); Martins
et al. (1998); Eterovick & Sazima (2004); Carnaval et al. (2005); Eterovick et al. (2005);
Haddad & Prado (2005); Silvano & Segalla (2005); Carnaval et al. (2006); Toledo et
al. (2006); Canelas & Bertoluci (2007); Diniz-Filho et al. (2008); Leite et al. (2008);
Pimenta et al. (2008); Baêta & Silva (2009); Silva et al. (2009); Verdade et al. (2009);
Fonseca et al. (2011); São-Pedro & Feio (2011); Segalla et al. (2012); AmphibiaWeb
(2013); Brcko et al. (2013); Haddad et al. (2013); Pirani et al. (2013).
Aplastodiscus sp. (perereca-verde).
38

Glossário Ilustrado

Adaptado de Heyer et al. (1990).


39
40
41

Fichas das espécies

©Roberta Murta-Fonseca

Hypsiboas albomarginatus (perereca-verde).


42
FAMÍLIA BUFONIDAE
Rhinella crucifer (Wied-Neuwied, 1821).

Nomes populares: sapo, sapo-cururu.

Distribuição geográfica: Áreas de Mata Atlântica e de transição com o Cerrado nos estados
do Ceará, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro,
Brasil.

As populações da região de estudo e de outras localidades de Minas Gerais eram anteriormente


associadas a Rhinella pombali, agora considerada uma forma híbrida entre R. crucifer e R.
ornata. É aqui chamado R. crucifer por ser este o nome usado para estas populações até a
mudança para R. pombali; no entanto, são apresentadas as características desta forma híbrida.
Espécie de grande porte, com comprimento rostrocloacal (medida da ponta do focinho até
a cloaca) entre 54 e 92mm em machos e 74 e 118mm em fêmeas. Focinho arredondado em
vistas dorsal (vista de cima) e lateral. Cristas craniais (bordas ósseas localizadas no topo
ou nas laterais da cabeça) evidentes. Pele do dorso (superfície superior do corpo) áspera.
Glândulas parotoides (estruturas protuberantes atrás dos olhos, onde se concentram diversas
pequenas glândulas produtoras de substâncias tóxicas) normalmente ovoides, com menos
de 20% do comprimento rostrocloacal e sem subdivisões. Dedos e artelhos (dedos dos pés)
sem membranas interdigitais (pele fina entre os dedos ou artelhos). Pode apresentar linha
vertebral (ou seja, ao longo da coluna vertebral) escura no meio do corpo e, em vida, sempre
ocorrem manchas amareladas próximas à cloaca (abertura comum aos tratos digestório,
urinário e reprodutivo) e na superfície posterior das coxas.

Girinos pequenos, completamente pretos em vida. Cauda com ponta arredondada e


nadadeiras transparentes, com pequenos vasos sanguíneos evidentes e uma listra clara, bem
definida, ao longo da margem inferior da musculatura caudal. Olhos dorsais e pequenos,
narinas arredondadas. Espiráculo (pequena abertura externa por onde sai a água que passa
pelas brânquias) lateral e tubo anal (abertura externa do trato digestório) medial. Disco
oral (abertura bucal) emarginado lateralmente (com uma depressão na margem lateral do
disco oral), com fileira de papilas marginais (projeções de pele, normalmente arredondadas,
localizadas no entorno da abertura do disco oral) amplamente interrompida dorsal e
ventralmente. Poucas papilas submarginais (projeções de pele semelhantes às papilas
marginais, mas frequentemente menores e localizadas entre as papilas marginais e a boca)
dispostas em pequenas fileiras nas laterais e parte posterior do disco oral. Fórmula dentária
(expressão que indica o número, distribuição e continuidade das fileiras de dentículos no
disco oral) 2(2)/3 (ou seja, duas fileiras no lábio superior, sendo a segunda interrompida, e três
fileiras no lábio inferior).

Espécies correlatas: Dentre as espécies ocorrentes na região, Rhinella crucifer se assemelha a


R. rubescens e R. schneideri, das quais se separa pelo formato e tamanho da glândula parotoide
(formato cilíndrico em R. rubescens e quase triangular em R. schneideri; atinge entre 20 e
30% do comprimento rostrocloacal em R. rubescens e mais de 25% em R. schneideri). Difere
ainda de R. rubescens pela coloração das coxas e da região próxima à cloaca (sem manchas
amareladas em R. rubescens) e de R. schneideri pelas tíbias sem glândulas produtoras de
substâncias tóxicas (glândulas tibiais em R. schneideri).

História natural: Espécie terrícola (que vive sobre o solo) e noturna, encontrada tanto em
matas quanto em áreas abertas. O período reprodutivo vai de abril a setembro, durante o
qual os machos intensificam a atividade de vocalização, formando coros. A desova é feita na
forma de longos cordões gelatinosos presos à vegetação, em diversos tipos de corpos d’água
lênticos e lóticos, temporários ou permanentes, artificiais ou naturais. Os girinos ocorrem em
grandes cardumes e se alimentam de matéria em decomposição, geralmente no fundo do
corpo d’água, embora alguns indivíduos sejam frequentemente observados isolados, filtrando
partículas na superfície do corpo d’água.

Bibliografia: Baldissera et al. (2004); Brandão et al. (2007); Silveira et al. (2009); Lourenço et
al. (2010); Vallinoto et al. (2010); Pezzuti et al. (2011); Thomé et al. (2012).
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©Bruno Pimenta

©Tiago Pezzuti
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Rhinella rubescens (Lutz, 1925).

Nomes populares: sapo, sapo-cururu.

Distribuição geográfica: Cerrado do Brasil, nos estados de Goiás, Minas Gerais e


Mato Grosso do Sul.

Espécie de grande porte, com comprimento rostrocloacal de até 100mm em machos


e 120mm em fêmeas. Focinho subelíptico em vista dorsal e obtuso em vista lateral.
Cristas craniais completas e bem desenvolvidas. Pele do dorso áspera. Glândulas
parotoides compridas e estreitas, com formato cilíndrico, atingindo entre 20 e 30%
do comprimento rostrocloacal. Dorso castanho-avermelhado, principalmente em sua
porção posterior e nos membros, com pequenas manchas castanho-escuro dispersas.
Dedos e artelhos sem membranas interdigitais.

Girinos de tamanho médio, completamente pretos em vida. Cauda com ponta


arredondada e nadadeiras transparentes, com pequenos vasos sanguíneos
evidentes, sem listras ou manchas. Olhos dorsais de tamanho intermediário,
narinas arredondadas, espiráculo lateral e tubo anal medial. Disco oral emarginado
lateralmente, com fileira de papilas marginais amplamente interrompida dorsal
e ventralmente. Poucas papilas submarginais, dispostas em pequenas fileiras nas
laterais do disco oral. Fórmula dentária 2(2)/3.

Espécies correlatas: Espécie mais assemelhada a Rhinella crucifer e R. schneideri,


das quais difere pela forma das glândulas parotoides (ovoide em R. crucifer e quase
triangular em R. schneideri). Difere ainda de R. crucifer pela coloração das coxas e da
região próxima à cloaca (com manchas amareladas em R. crucifer). De R. schneideri, é
distinta pela ausência de glândula tibial (presente em R. schneideri).

História natural: Espécie terrícola e noturna, encontrada principalmente em


áreas abertas. O período reprodutivo vai de abril a setembro, quando os machos
apresentam maior atividade de vocalização. A reprodução acontece em riachos e
lagoas, permanentes ou temporários. Assim como em R. crucifer, a desova é feita na
água e em forma de cordões gelatinosos. Os girinos ocorrem em grandes cardumes
(>300 indivíduos), que se orientam contra a corrente e se alimentam no fundo dos
corpos d’água, principalmente durante o dia. À noite são observados inativos. São
registrados na estação seca do ano.

Bibliografia: Eterovick & Sazima (1999); Brandão et al. (2007); Cruz et al. (2009);
Vallinoto et al. (2010); Aoki et al. (2011); Pezzuti et al. (2011).
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©Tiago Pezzuti
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Rhinella schneideri (Werner, 1894).

Nomes populares: sapo, sapo-cururu.

Distribuição geográfica: No Brasil, do Ceará ao Rio Grande do Sul; interior do Paraguai


à região amazônica e leste da Bolívia; sudoeste, norte e centro da Argentina; norte
do Uruguai.

Espécie de grande porte, com comprimento rostrocloacal até 210mm (média de


130mm em machos e 150mm em fêmeas). Focinho arredondado em vista dorsal,
truncado em vista lateral. Cristas craniais completas e bem desenvolvidas. Glândulas
parotoides com mais de 25% do comprimento rostrocloacal e formato quase
triangular. Pele do dorso bastante granulosa (textura semelhante a pequenos grãos).
Coloração do dorso varia desde cinza com manchas negras até castanho com manchas
castanho-escuro. Glândulas produtoras de substâncias tóxicas também nas tíbias
(parte medial da perna, entre o joelho e o calcanhar), chamadas glândulas tibiais.

Girinos pequenos, completamente pretos em vida. Cauda com ponta arredondada


e nadadeiras translúcidas, com pequenos vasos sanguíneos evidentes e uma listra
longitudinal clara, bem definida, na margem inferior da musculatura caudal. Olhos
dorsais e pequenos, direcionados lateralmente. Narinas arredondadas, espiráculo
lateral e tubo anal medial. Disco oral emarginado lateralmente, com fileira de
papilas marginais amplamente interrompida dorsal e ventralmente. Poucas papilas
submarginais, dispostas em pequenas fileiras nas laterais do disco oral. Fórmula
dentária 2(2)/3.

Espécies correlatas: Rhinella schneideri pode ser confundida com R. crucifer e R.


rubescens, das quais é prontamente separada pelas glândulas tibiais e forma das
glândulas parotoides (ovoide em R. crucifer e cilíndricas em R. rubescens). Difere
ainda de R. crucifer pelo tamanho das glândulas parotoides (com menos de 20% do
comprimento rostrocloacal em R. crucifer).

História natural: Espécie terrícola e noturna, encontrada principalmente em áreas


abertas, incluindo ambientes modificados pela ação humana. A reprodução ocorre
no final da estação seca e começo da estação chuvosa, entre os meses de agosto
a novembro, e é explosiva, ou seja, um número muito grande de indivíduos ocupa
remansos de riachos, poças e lagoas, permanentes ou temporários, durante um curto
período de tempo, no início das chuvas, para se acasalar. Os ovos são depositados
em cordões gelatinosos. Os girinos ocorrem em grandes cardumes e, geralmente, se
alimentam de matéria em decomposição presente no fundo do corpo d’água, embora
alguns indivíduos sejam, frequentemente, observados isolados filtrando partículas na
superfície do corpo d’água.

Bibliografia: Brasileiro et al. (2005); Kwet et al. (2006); Rossa-Feres & Nomura (2006);
Brandão et al. (2007); Uetanabaro et al. (2008); Batista et al. (2011); Roberto et al.
(2013).
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©Bruno Pimenta
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FAMÍLIA BRACHYCEPHALIDAE

Ischnocnema aff. parva.

Nome popular: rãzinha.

Distribuição geográfica: Espécie ainda sem identificação. As espécies atualmente


pertencentes à série de Ischnocnema parva ocorrem na Mata Atlântica do Rio de
Janeiro e São Paulo. No presente estudo, foi encontrada em Conceição do Mato
Dentro e Alvorada de Minas. Sabe-se de sua ocorrência também em Barão de Cocais
e Caeté - MG.

As características morfológicas descritas a seguir foram obtidas a partir de


espécimes coletados e depositados em coleções de referência. Espécie de pequeno
porte, com comprimento rostrocloacal entre 16 e 23mm. Focinho arredondado em
vista dorsal e protruso em vista lateral. Metade superior do tímpano (membrana
auditiva, localizada após os olhos) pouco distinta. Pele do dorso lisa, com grânulos
(elevações arredondadas na pele) esparsos e um par de cristas glandulares (dobras
de pele lineares, formadas pelo acúmulo de pequenas glândulas) dorsolaterais.
Dorso castanho-avermelhado, podendo ocorrer duas manchas negras paralelas e
arredondadas na região escapular (região do dorso na altura dos ombros) e pontos
pretos nas pálpebras superiores. A maioria dos indivíduos apresenta linha vertebral
clara do focinho até a cloaca, duas faixas irregulares, interrompidas ou não, desde
as pálpebras superiores até a região sacral (região lombar, localizada no dorso na
junção entre o corpo e as pernas) e barras oblíquas nos flancos (região lateral do
corpo, entre os membros anteriores e posteriores). Faixa negra desde a ponta do
focinho, passando pelo olho e metade superior do tímpano até o ombro, com margem
superior branca. Dedo I com aproximadamente o mesmo tamanho do dedo II. Faixas
transversais castanho-avermelhadas nas pernas, marginadas de branco. Região da
cloaca, cotovelos, joelhos e calcanhares com manchas enegrecidas.

Espécies correlatas: Ischnocnema aff. parva é mais assemelhada a Haddadus


binotatus e a jovens de espécies do gênero Physalaemus. De H. binotatus, difere pelo
menor porte e tamanho do dedo I (cerca de duas vezes o tamanho do dedo II em H.
binotatus). Difere de todas as espécies de Physalaemus pelo menor porte e por não
apresentar faixa escura na lateral do corpo, da ponta do focinho ou olho até a região
inguinal (porção posterior do flanco, na junção entre o corpo e a perna).

História natural: Ischnocnema aff. parva é encontrada em todos os meses do ano,


vocalizando durante o dia e à noite. Ocupa folhiço ou ramos baixos de vegetação, em
áreas florestadas. As espécies do gênero Ischnocnema apresentam desova terrestre
e desenvolvimento direto, ou seja, dos ovos eclodem indivíduos semelhantes aos
adultos, sem fase larval aquática.

Bibliografia: Nascimento et al. (2005a); Hedges et al. (2008).


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©Roberta Murta-Fonseca

©Roberta Murta-Fonseca ©Roberta Murta-Fonseca


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FAMÍLIA CENTROLENIDAE

Vitreorana uranoscopa (Müller, 1924).

Nome popular: perereca-de-vidro.

Distribuição geográfica: Leste do Brasil, de Minas Gerais até norte do Rio Grande do
Sul; nordeste da Argentina.

Espécie de pequeno porte, com comprimento rostrocloacal médio de 27mm em


machos e 22mm em fêmeas. Focinho quase arredondado a semicircular em vista
dorsal e obtuso em vista lateral. Íris branca, pupilas elípticas e horizontais. Pele do
dorso lisa, com coloração verde-brilhante, salpicada de pintas brancas e negras.
Ventre translúcido. Discos adesivos (extremidades dilatadas dos dedos e artelhos
que permitem ao animal aderir a superfícies lisas) em forma de “T”. Apêndice
calcâneo (extensão de pele na ponta do calcanhar) de tamanho variável, mas sempre
presente. Margens externas dos braços, tarsos e pés crenulados (com extensões de
pele onduladas) de branco. Crista subcloacal (extensão de pele localizada abaixo da
cloaca) desenvolvida.

Girinos grandes, vermelhos ou esverdeados (quando mais desenvolvidos) em vida.


Olhos reduzidos (ausentes em parte do desenvolvimento) e narinas arredondadas
com grandes projeções nas margens internas (extensões de pele cobrindo parte
da abertura da narina). Espiráculo lateral e curto. Tubo anal medial, curto, fundido
à nadadeira ventral. Disco oral grande, com lábio posterior expandido e ampla
interrupção na fileira dorsal de papilas marginais. Fórmula dentária 2(2)/3.

Espécies correlatas: Difere das demais espécies de pererecas verdes que ocorrem na
região (Aplastodiscus sp., Hypsiboas albomarginatus e Phyllomedusa burmeisteri) pelo
menor tamanho, íris branca, pupilas elípticas e horizontais, discos adesivos em forma
de “T” e ventre translúcido (íris avermelhada em Aplastodiscus sp., acobreada em
H. albomarginatus e P. burmeisteri; pupilas arredondadas nestas espécies, à exceção
de P. burmeisteri, onde é elíptica e vertical; discos adesivos arredondados e ventres
opacos em todas estas espécies).

História natural: Espécie noturna e arborícola (capaz de escalar e ocupar extratos


verticais da vegetação, como touceiras de capim, arbustos, árvores, etc.) encontrada
na vegetação marginal de riachos de águas límpidas em áreas florestais. Apesar
de pouco abundante, costuma ser frequente nos locais onde ocorre. O período
reprodutivo estende-se de outubro a março, na estação chuvosa, quando os machos
vocalizam sobre folhas. As desovas são depositadas em folhas pendentes sobre
córregos no interior da mata. Após a eclosão, os girinos caem na água e completam
o desenvolvimento. Os girinos vivem enterrados sob folhas e areia nos remansos dos
riachos. São encontrados em estágios avançados de desenvolvimento na época seca
do ano, o que indica um desenvolvimento lento.

Bibliografia: Heyer et al. (1990); Cruz et al. (2009); Pezzuti et al. (2011); Savaris et al.
(2011); Haddad et al. (2013).
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©Tiago Pezzuti
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FAMÍLIA CRAUGASTORIDAE

Haddadus binotatus (Spix, 1824).

Nome popular: rãzinha-da-mata.

Distribuição geográfica: Mata Atlântica do sul da Bahia ao Rio Grande do Sul e oeste
do Mato Grosso do Sul e Paraná, Brasil.

Espécie de médio porte, com comprimento rostrocloacal entre 32 e 64mm (média de


39mm em machos e 57mm em fêmeas). Pele do dorso com finas cristas glandulares
longitudinais em número e comprimento variáveis. Coloração do dorso varia do bege
ao castanho-escuro, com duas pequenas manchas negras paralelas no meio do dorso.
Faces anteriores das coxas com colorido vermelho-alaranjado. Dedos e artelhos com
extremidades dilatadas. Nas mãos, dedo I cerca de duas vezes maior que o dedo II.

Espécies correlatas: Indivíduos jovens de Haddadus binotatus podem se assemelhar


a Ischnocnema aff. parva, da qual difere pela proporção entre os tamanhos dos dedos
I e II e pela ausência de manchas negras nas regiões sacral e da cloaca (dedos I e II com
aproximadamente o mesmo tamanho e regiões sacral e cloacal com manchas em I.
aff. parva).

História natural: Espécie terrícola de hábitos diurnos e noturnos, estritamente


florestal e comumente encontrada na serrapilheira (camada de folhas no chão,
também chamada de folhiço) na Mata Atlântica. O período reprodutivo ocorre nos
meses de setembro a maio. Machos podem ser encontrados vocalizando sobre folhas
e galhos a pouca altura do solo. A desova é terrestre e depositada sob troncos caídos.
Apresenta desenvolvimento direto, ou seja, dos ovos eclodem indivíduos semelhantes
ao adulto, sem fase larval aquática.

Bibliografia: Heyer et al. (1990); Izecksohn & Carvalho-e-Silva (2001).


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FAMÍLIA ODONTOPHRYNIDAE

Odontophrynus americanus (Duméril & Bibron, 1841).

Nome popular: sapo, sapo-sem-osso, sapo-boi-mocho.

Distribuição geográfica: No Brasil, ocorre nos estados de Minas Gerais e Mato Grosso
do Sul, além de toda a região sul; Uruguai, centro e norte da Argentina e Paraguai.

Espécie de porte médio, com corpo robusto e globoso e comprimento rostrocloacal


entre 41 e 53mm (média de 47mm em machos e 50mm em fêmeas). Focinho
arredondado em vista dorsal. Pele do dorso bastante granular e verrucosa (semelhante
a pequenos grãos e verrugas), de textura áspera ao toque. Coloração do dorso
varia de castanho-claro a castanho-escuro, com manchas irregulares, além de uma
linha vertebral bege que se estende desde o focinho até a altura da cloaca. Cristas
glandulares podem ocorrer atrás dos olhos e na região escapular. Lábio superior com
barras escuras e largas. Região gular (“papo”, ou assoalho da cavidade oral, onde
normalmente se localiza o saco vocal) enegrecida nos machos e clara nas fêmeas.

Girinos de tamanho médio, castanho-claros em vida. Cauda com ponta arredondada


e grandes manchas escuras também arredondadas, que, no músculo, se concentram
em sua margem superior. Olhos dorsais. Narinas elípticas e dorsais, com projeções
pouco desenvolvidas nas margens internas. Espiráculo lateral e curto. Tubo anal
destro (voltado para o lado direito do corpo), longo, fundido à nadadeira ventral.
Disco oral emarginado lateralmente, com fileira de papilas marginais dorsalmente
interrompida. Poucas papilas submarginais dispostas aleatoriamente nas laterais do
disco oral. Fórmula dentária 2(2)/3(1).

Espécies correlatas: Odontophrynus americanus é mais assemelhado a O. cultripes,


Proceratophrys boiei e P. cururu. Da primeira, é separado pelas cristas glandulares
atrás dos olhos e na região escapular (onde se situam grandes glândulas produtoras
de substâncias tóxicas em O. cultripes, respectivamente as glândulas pós-orbitais e
parotoides) e pelos membros sem glândulas globosas ou alongadas (encontradas
na tíbia, antebraço, tarso e pé de O. cultripes). De Proceratophrys boiei, difere
principalmente pelas pálpebras sem apêndices (expansões de pele sobre os olhos
semelhantes a pequenos chifres em P. boiei). Difere de P. cururu pelo padrão de
coloração dorsal e da região entre o lábio superior e os olhos (mancha em forma de
losango na região sacral e três barras verticais claras do lábio superior aos olhos em
P. cururu).

História natural: Espécie terrícola, semifossorial (que executa algumas atividades em


tocas subterrâneas) e noturna. Habita áreas abertas, próximas a poças e lagoas rasas.
O período reprodutivo acontece na estação chuvosa, entre os meses de setembro e
março, quando grande número de indivíduos se agrega em torno dos corpos d’água,
caracterizando comportamento explosivo. Os machos vocalizam no solo, entre a
vegetação, próximos a brejos, alagadiços e remansos de riachos ou nas suas partes
rasas. Os girinos têm hábito bentônico (permanecem sobre o fundo do corpo d’água
na maior parte do tempo) e são encontrados sobre a areia em remansos de riachos ou
pequenas poças temporárias.

Bibliografia: Eterovick & Sazima (2004); Uetabanaro et al. (2008); Cruz et al. (2009);
Caramaschi & Napoli (2012).
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©Tiago Pezzuti
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Odontophrynus cultripes Reinhardt & Lütken, 1862.

Nome popular: sapo, sapo-sem-osso, sapo-boi-mocho.

Distribuição geográfica: Brasil, nos estados de Minas Gerais, Goiás e São Paulo,
associado a formações de Cerrado e florestas estacionais semideciduais da Mata
Atlântica.

Espécie de porte médio, com corpo robusto e globoso, e comprimento rostrocloacal


entre 50 e 60mm em machos e 45 e 70mm em fêmeas. Focinho arredondado em
vista dorsal e vertical em vista lateral. Pele do dorso bastante granular e verrucosa,
de textura áspera ao toque. Coloração do dorso varia de castanho-claro a castanho-
escuro, com manchas irregulares. Glândulas parotoides grandes e ovoides, marrom-
avermelhadas, mais afastadas dos olhos que nas espécies de Rhinella, e glândulas
pós-orbitais (atrás dos olhos). Glândula globosa na tíbia e glândulas alongadas no
antebraço (parte medial do membro superior, entre o braço e a mão), tarso (parte
do pé entre o calcanhar e os artelhos) e pé. Pés com membranas interdigitais pouco
desenvolvidas e tubérculo metatarsal interno (calo na lateral interna do pé) alongado,
em forma de pá. Região gular castanho-escuro nos machos e clara nas fêmeas.

Girinos grandes, castanho-claros em vida. Cauda com ponta arredonda. Musculatura


e nadadeiras com grandes manchas escuras também arredondadas. Olhos dorsais.
Narinas elípticas e dorsais, com projeções pouco desenvolvidas nas margens internas.
Espiráculo lateral e curto. Tubo anal destro, curto e fundido à nadadeira ventral. Disco
oral emarginado lateralmente, com interrupção dorsal na fileira de papilas marginais.
Poucas papilas submarginais dispostas em pequenas fileiras nas laterais e lábio
anterior do disco oral. Fórmula dentária 2(2)/3(1).

Espécies correlatas: Dentre as espécies ocorrentes na região, as mais semelhantes


a Odontophrynus cultripes são O. americanus, Proceratophrys boiei e P. cururu, das
quais difere pelas glândulas parotoides, pós-orbitais, tibiais, nos antebraços e nos
pés (ausentes nestas espécies). Difere de P. boiei pelas pálpebras sem apêndices
(apêndices palpebrais semelhantes a pequenos chifres em P. boiei).

História natural: Espécie terrícola, semifossorial e noturna. Habita áreas abertas,


próximas a poças e lagoas rasas. O período reprodutivo acontece na estação chuvosa,
entre os meses de setembro e março. Os machos vocalizam no solo, entre a vegetação,
próximos a áreas inundadas ou mesmo em suas porções mais rasas. Não raro, em
períodos de chuvas intensas, os machos cantam enterrados e também durante o
dia. Os girinos têm hábito bentônico e são encontrados em grande abundância em
pequenos ambientes temporários (como poças e riachos).

Bibliografia: Uetabanaro et al. (2008); Pezzuti et al. (2011); Caramaschi & Napoli
(2012).
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©Tiago Pezzuti
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Proceratophrys boiei (Wied-Neuwied, 1824).

Nomes populares: sapo-de-chifres, sapo-boi.

Distribuição geográfica: Brasil, nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de
Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina, na Mata Atlântica e áreas de transição
com o Cerrado.

Espécie de porte médio, com comprimento rostrocloacal entre 39 e 62mm em


machos e 40 e 74mm em fêmeas. Focinho arredondado em vista dorsal e obtuso
em vista lateral. Apêndices desenvolvidos semelhantes a pequenos chifres sobre as
pálpebras superiores, chamados apêndices palpebrais. Cristas craniais acentuadas
sobre os cantos rostrais (ângulo formado entre a face superior e a face lateral da
cabeça, da ponta do focinho até o olho). Pele do dorso com textura uniformemente
rugosa (áspera ao toque), com cristas glandulares (chamadas cordões óculo-dorsais)
partindo dos apêndices palpebrais até próximo à cloaca. Coloração do dorso varia de
cinza a castanho.

Girinos pequenos, castanho-escuros em vida. Cauda com ponta aguda (em forma de
lança). Músculo com manchas angulares e listra escura, estreita e interrompida ao
longo da margem superior. Olhos dorsais. Narinas elípticas, dorsais, grandes, com
projeções pouco desenvolvidas nas margens internas. Espiráculo lateral e curto. Tubo
anal destro, curto, fundido à nadadeira ventral. Disco oral anteroventral, emarginado
lateralmente, com ampla interrupção dorsal na fileira de papilas marginais. Poucas
papilas submarginais nas laterais do disco oral, dispostas aleatoriamente. Fórmula
dentária 2(2)/3(1).

Espécies correlatas: As espécies mais semelhantes a Proceratophrys boiei ocorrentes


na região são Odontophrynus cultripes, O. americanus e P. cururu, das quais difere
principalmente pelos apêndices palpebrais semelhantes a pequenos chifres.

História natural: Espécie terrícola e noturna, que habita áreas florestais. O período
reprodutivo acontece na estação chuvosa, durante o qual os machos vocalizam, em
geral, no início da noite, sobre o folhiço, em áreas de mata próximas a riachos ou
brejos. A coloração dorsal e os apêndices tornam os indivíduos de P. boiei difíceis de
serem localizados, porque funcionam como camuflagem sobre as folhas secas caídas
no solo. Nos períodos de chuvas intensas, os machos podem vocalizar também
durante o dia. Os ovos são depositados diretamente na água. Os girinos possuem
hábito bentônico e atividade predominantemente noturna. Durante o dia escondem-
se debaixo de folhas e detritos no fundo dos corpos d’água.

Bibliografia: Bertoluci & Rodrigues (2002); Conte & Machado (2005); Haddad et al.
(2008); Prado & Pombal (2008); Pezzuti et al. (2011).
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©Tiago Pezzuti
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Proceratophrys cururu Eterovick & Sazima, 1998.

Nome popular: sapo.

Distribuição geográfica: Endêmico da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais, Brasil,


importante barreira geográfica entre os domínios da Mata Atlântica e do Cerrado,
entre a Serra do Cipó e o município de São Gonçalo do Rio Preto.

Espécie de porte médio, com comprimento rostrocloacal entre 36 e 43mm nos machos
e 47 e 54mm nas fêmeas. Focinho arredondado em vista dorsal e obtuso em vista
lateral. Pele do dorso áspera, coberta por tubérculos (pequenas verrugas). Dorso
com coloração castanha e desenho de contorno claro desde a região interorbital
(entre os olhos) até as pálpebras, em direção ao meio do dorso, formando um losango
logo abaixo da região sacral. Duas manchas triangulares e escuras também na região
interorbital. Três barras verticais claras de cada lado, do lábio superior até os olhos,
sendo que uma delas se divide em direção ao ventre.

Girinos de tamanho médio, cinza-claros em vida. Cauda com ponta arredondada


e músculo com manchas escuras também arredondadas. Olhos dorsais. Narinas
elípticas, dorsais, com projeções pouco desenvolvidas nas margens internas.
Espiráculo lateral e curto. Tubo anal destro, curto e fundido à nadadeira ventral.
Disco oral anteroventral, emarginado lateralmente, com ampla interrupção dorsal
©R
na fileira de papilas marginais. Poucas papilas submarginais nas laterais do disco oral,
dispostas em pequenas fileiras. Fórmula dentária 2/3(1).

Espécies correlatas: Proceratophrys cururu é mais assemelhada a Odontophrynus


cultripes, O. americanus e Proceratophrys boiei. Difere de O. cultripes pelo dorso sem
glândulas parotoides ou pós-orbitais e membros sem glândulas globosas ou alongadas
(encontradas em O. cultripes). Difere de O. americanus pelo padrão de colorido dorsal
e da região entre o lábio superior e os olhos (linha vertebral bege do focinho até a
cloaca e lábio superior com barras escuras e largas em O. americanus). Difere de P.
boiei pelas pálpebras superiores sem apêndices (apêndices palpebrais semelhantes a
pequenos chifres em P. boiei).

História natural: Espécie terrícola e de hábito noturno. A reprodução acontece em


riachos permanentes e temporários, entre o fim da estação seca (de julho a outubro)
e a estação chuvosa (novembro e dezembro). Os machos vocalizam enterrados ou
abrigados em frestas, raramente expostos. A desova é composta de ovos espalhados
e aderidos ao fundo rochoso no leito dos riachos. Os girinos possuem hábito bentônico
e são encontrados durante a noite, forrageando em áreas de remanso próximas à
vegetação marginal dos corpos d’água.

Bibliografia: Eterovick & Sazima (1998); Eterovick & Sazima (2004).


©Ronald Rezende de Carvalho Júnior
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©Rafael Campos ©Rafael Campos

©Tiago Pezzuti
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FAMÍLIA CYCLORAMPHIDAE

Thoropa megatympanum Caramaschi & Sazima, 1984.

Nome popular: rã-das-pedras.

Distribuição geográfica: Endêmico da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais, entre os


municípios de Brumadinho e Serranópolis de Minas.

Espécie de médio porte, com comprimento rostrocloacal entre 38 e 53mm nos


machos e 38 e 44mm nas fêmeas. Focinho arredondado em vistas dorsal e lateral.
Saco vocal pouco evidente. Tímpano grande, com diâmetro semelhante ao do olho.
Pele do dorso finamente rugosa, com grânulos e tubérculos de vários tamanhos nos
flancos, distribuídos irregularmente. Coloração do dorso varia de branco-amarelado a
amarelo-esverdeado, com manchas e barras escuras que não formam padrão definido,
lembrando mármore. Lábio superior com o mesmo padrão dorsal marmoreado.
Ventre pode ser de esbranquiçado a cinza, com membros rosados. Extremidades dos
dedos e artelhos pouco dilatadas. Machos possuem espinhos nupciais (projeções
agudas de queratina que auxiliam no amplexo) nos três primeiros dedos. Fraca prega
dérmica (extensão de pele linear) ao longo do tarso.

Girinos pequenos, de castanho-claros a castanho-escuros com manchas avermelhadas


no dorso. Cauda longa, com ponta aguda. Olhos dorsais grandes e salientes. Narinas
elípticas e dorsais, sem projeções nas margens internas. Espiráculo lateral e curto.
Tubo anal medial, longo e fundido à nadadeira ventral. Disco oral grande, ventral,
emarginado lateralmente, com ampla interrupção dorsal na fileira de papilas
marginais. Fórmula dentária 2/3(1).

Espécies correlatas: As espécies mais semelhantes a Thoropa megatympanum, na


região, são Hylodes otavioi e Crossodactylus bokermanni, das quais difere pelo lábio
superior manchado como mármore, tímpano com diâmetro semelhante ao do olho e
fraca prega dérmica apenas ao longo do tarso (lábio superior coberto por linha branca,
tímpano menor que o olho, tarso e pés com fímbrias bem desenvolvidas nessas
espécies). Difere ainda de H. otavioi pelo saco vocal pouco evidente, espinhos nupciais
nos dedos, extremidades dos dedos e artelhos pouco dilatadas e região dorsolateral
sem crista glandular (saco vocal duplo e lateral, bem expandido externamente,
dedos sem espinhos nupciais, extremidades dos dedos e artelhos dilatadas e cristas
glandulares dorsolaterais em H. otavioi).

História natural: Espécie noturna e saxícola (que vive sobre pedras), que habita
campos rupestres pedregosos. Durante o dia abriga-se sob pedras ou musgos e, à
noite, é encontrada sobre lajes úmidas próximas a riachos temporários com fundo
pedregoso. O período reprodutivo acontece entre os meses de outubro e janeiro,
durante a estação chuvosa. Nesse período, os machos vocalizam à noite, sob pedras
ou expostos e próximos à água. Os girinos, semiterrestres (vivem fora da água, mas
em ambiente constantemente úmido), são frequentemente encontrados aderidos às
rochas úmidas, próximas a riachos temporários, onde se alimentam por raspagem
da matéria orgânica. Durante o dia, escondem-se debaixo de folhas e detritos.
Apresentam um comportamento interessante de fuga, que consiste na movimentação
brusca da cauda robusta e saltos aleatórios, que os distanciam da fonte de ameaça.

Bibliografia: Caramaschi & Sazima (1984); Eterovick & Sazima (2004); Leite et al.
(2008); Pezzuti et al. (2011).
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©Tiago Pezzuti
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FAMÍLIA HYLIDAE

Aplastodiscus sp.

Nome popular: perereca-verde.

Distribuição geográfica: Espécie ainda sem identificação. No presente estudo, foi


encontrada em Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas, Minas Gerais, Brasil.

As características morfológicas descritas a seguir foram obtidas a partir de espécimes


coletados e depositados em coleções de referência. Espécie de médio porte, com
comprimento rostrocloacal de machos entre 31 e 35mm. Focinho arredondado a
subelíptico em vista dorsal e vertical em vista lateral. Íris avermelhada em vida. Pele
do dorso lisa, com coloração verde-brilhante e muitas pontuações enegrecidas desde
a ponta do focinho até a região sacral, mais numerosas na cabeça. Crista supracloacal
(extensão de pele localizada acima da cloaca) bem desenvolvida, em forma de “U
invertido”, branca ou amarelada e sem interrupções. Região abaixo da cloaca com
numerosos grânulos brancos bem desenvolvidos, formando milium cloacal. Apêndice
calcâneo com formato triangular. Tarsos e pés com prega dérmica esbranquiçada
pouco desenvolvida. Região ventral dos membros anteriores e posteriores, bem como
parte da região gular e torácica (região do peito), com coloração verde-azulada.

O girino ainda não é conhecido.

Espécies correlatas: Na região, as espécies de pererecas verdes são Aplastodiscus sp.,


Vitreorana uranoscopa, Hypsiboas albomarginatus e Phyllomedusa burmeisteri. Difere
de todas elas pela íris avermelhada em vida (branca em V. uranoscopa; acobreada em
H. albomarginatus e P. burmeisteri). De Vitreorana uranoscopa difere pelo maior porte
e discos adesivos arredondados (discos em forma de “T” em V. uranoscopa). Difere
de Hypsiboas albomarginatus pelo menor porte, coloração verde-azulada na região
inguinal e verde nas membranas interdigitais (coloração alaranjada na região inguinal
e membranas interdigitais dos pés em H. albomarginatus). Difere de Phyllomedusa
burmeisteri pelo menor porte e flancos sem manchas (manchas amarelas sobre fundo
azulado nos flancos em P. burmeisteri).

História natural: As poucas informações disponíveis sobre a espécie foram obtidas


através de observações pessoais dos autores. Espécie arborícola e noturna,
encontrada em clareiras de áreas florestais. Os machos vocalizam no chão lamacento,
sob touceiras de arbustos e gramíneas. O auge da atividade de vocalização acontece
durante a estação chuvosa, nos meses de novembro a janeiro. Dados sobre reprodução
e girinos ainda não estão disponíveis.
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66

Bokermannohyla alvarengai (Bokermann, 1956).


Nome popular: perereca.
Distribuição geográfica: Endêmica da Serra do Espinhaço, nos estados da Bahia e Minas
Gerais, Brasil.

Espécie de grande porte, com comprimento rostrocloacal entre 60 e 141mm em machos


e 78 e 87mm em fêmeas. Cabeça mais larga que longa. Focinho truncado em vista dorsal
e vertical em vista lateral. Saco vocal único e subgular (localizado sob a gula), não
expandido externamente. Machos com prepólex (projeção óssea em forma de espinho
correspondente a um dedo vestigial lateral ao dedo I) muito desenvolvido e antebraço
extremamente hipertrofiado. Pele do dorso com grânulos esparsos e coloração
semelhante a líquen sobre rochas, variando de castanho-claro a cinza, com manchas
escuras de formato irregular que possuem pontos centrais claros a uniformemente
cinzas. Superfícies dorsais das pernas com barras transversais escuras largas intercaladas
por faixas claras estreitas. Superfícies anterior e posterior das coxas sem barras. Margens
externas do antebraço e tarso crenuladas.

Girinos grandes, castanhos a acinzentados em vida, com duas manchas douradas


medianas dorsais: uma posterior à região interorbital e outra próxima à origem da
musculatura da cauda. Cauda com ponta aguda. Olhos dorsais e narinas elípticas com
projeções pouco desenvolvidas nas margens internas. Espiráculo lateral e tubo anal
destro. Disco oral emarginado lateroventralmente, com uma interrupção dorsal discreta
na fileira de papilas marginais. Poucas papilas submarginais nas laterais do disco oral.
Fórmula dentária 2(2)/5(1).

Espécies correlatas: As outras espécies com padrão dorsal liquenoso ocorrentes na área
são Bokermannohyla saxicola, Dendropsophus seniculus, Hypsiboas crepitans, H. lundii, H.
pardalis e Itapotihyla langsdorffii. Difere de B. saxicola, H. crepitans, H. lundii e H. pardalis
pelo maior porte, formato do focinho, machos com prepólex muito desenvolvido
e antebraço extremamente hipertrofiado e barras transversais escuras largas na
superfície dorsal da coxa (focinho arredondado em vista dorsal e levemente truncado
em vista lateral em H. crepitans; focinho arredondado em vistas dorsal e lateral nas
demais espécies; machos com prepólex menos desenvolvidos e antebraços levemente
hipertrofiados em todas essas espécies; barras transversais marrom-escuras estreitas
na superfície dorsal da coxa em B. saxicola; superfícies dorsais das coxas manchadas de
marrom-escuro, sem formar barras definidas em H. crepitans; barras transversais nas
pernas normalmente pouco definidas, confundindo-se com padrão de fundo liquenoso
em H. lundii e H. pardalis). Difere de D. seniculus e I. langsdorffii principalmente por
possuir prepólex e pelo saco vocal único e subgular, não expandido (sem prepólex
nestas espécies; saco vocal grande e expandido externamente em D. seniculus; pareados
e laterais em I. langsdorffii). Difere ainda de D. seniculus pelo maior porte e margens
externas dos membros com crenulações menos desenvolvidas (margens externas dos
membros amplamente crenuladas em D. seniculus).

História natural: Espécie saxícola e de hábito noturno. Comumente encontrada durante


o dia em repouso sobre rochas ou chão arenoso, exposta ao sol. A reprodução ocorre de
outubro a dezembro em riachos temporários localizados em campos rupestres. Os ovos
são depositados na forma de um amontoado frouxo no fundo pedregoso dos riachos. Os
girinos apresentam atividade predominantemente diurna e se alimentam de detritos e
algas sobre o fundo rochoso. Ao contrário das demais espécies do gênero que ocorrem na
região, possuem desenvolvimento rápido e são encontrados apenas na estação chuvosa.

Bibliografia: Sazima & Bokermann (1977); Eterovick & Sazima (2004); Lugli & Haddad
(2006); Leite et al. (2011); Pezzuti et al. (2011).
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©Tiago Pezzuti
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Bokermannohyla gr. circumdata (Cope, 1871).

Nome popular: perereca-da-coxa-listrada.

Distribuição geográfica: Espécie ainda não identificada. Encontrada, neste estudo,


nos municípios de Alvorada de Minas e Dom Joaquim. É provavelmente a mesma
espécie encontrada na Serra do Cipó.

As características morfológicas descritas a seguir foram obtidas a partir de espécimes


coletados e depositados em coleções de referência. Espécie de médio porte, com
comprimento rostrocloacal entre 52 e 71mm. Cabeça pouco mais larga que longa.
Focinho arredondado a truncado em vista dorsal, arredondado em vista lateral. Em
machos adultos, prepólex desenvolvido e antebraço hipertrofiado. Coloração do dorso
de castanho-claro a castanho com faixas transversais castanho-escuras. Flancos e
faces anterior, superior e posterior da coxa com faixas transversais castanho-escuro.
Antebraço com prega dérmica pouco desenvolvida.

Girinos de tamanho médio, de castanho-claros a castanho-escuros em vida, com


manchas escuras regularmente distribuídas. Cauda com ponta aguda e listras escuras
ao longo do músculo: uma no meio da musculatura, da junção entre corpo e cauda até
o primeiro terço da cauda, e outra na margem superior. Olhos dorsais e narinas elípticas
com projeções bem desenvolvidas nas margens internas. Espiráculo lateral, com
extremidade branca. Tubo anal destro. Disco oral emarginado lateroventralmente,
com interrupção dorsal na fileira de papilas marginais. Fórmula dentária 2(2)/3(1).

Espécies correlatas: As espécies mais assemelhadas a Bokermannohyla gr. circumdata


na região são B. nanuzae, B. saxicola e Hypsiboas faber. Difere de B. nanuzae pelo
maior tamanho corporal e pelas faixas transversais castanho-escuro no dorso e nas
faces anterior e posterior da coxa (ausentes em B. nanuzae). Difere de B. saxicola
pela cabeça pouco mais larga que longa e, principalmente, pelo padrão de coloração
dorsal (cabeça mais longa que larga e padrão dorsal castanho a amarelo, com muitas
manchas marrom-escuras de formas irregulares, conferindo algumas vezes aspecto
semelhante a líquen em B. saxicola). Difere de H. faber pelo menor tamanho e faixas
não bifurcadas nos flancos e pernas (bifurcadas em H. faber).

História natural: Espécie arborícola e de hábito noturno, que habita áreas florestadas
e se reproduz em poças ou remansos de riachos. A atividade reprodutiva tem seu auge
na estação chuvosa, e o local de oviposição ainda não é conhecido. Presume-se que
a desova seja colocada diretamente na água ou em pequenas cavidades no solo ou
sob troncos, próximos a riachos, que são posteriormente inundadas e permitem aos
girinos alcançarem o corpo d’água principal para completarem o desenvolvimento.
Os girinos são registrados ao longo de todo o ano em brejos, alagadiços e poças,
permanentes ou temporárias, associados a riachos. Possuem hábito bentônico e
atividade predominantemente noturna. Durante o dia, escondem-se debaixo de
folhas no fundo lamacento dos corpos d’água.

Bibliografia: Eterovick & Sazima (2004); Cruz et al. (2009); Napoli et al. (2011); Pezzuti
et al. (2011); Haddad et al. (2013).
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©Danielle Costa

©Tiago Pezzuti
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Bokermannohyla nanuzae (Bokermann & Sazima, 1973).

Nome popular: perereca.

Distribuição geográfica: Endêmica da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais, entre os


municípios de Nova Lima e São Gonçalo do Rio Preto.

Espécie de pequeno porte, com comprimento rostrocloacal médio de 42mm em


machos e 44mm em fêmeas. Cabeça mais longa que larga. Focinho arredondado em
vistas dorsal e lateral. Canto rostral bem marcado. Pele do dorso lisa, de coloração
castanho a castanho-claro com tons alaranjados. Linha vertebral negra eventualmente
presente, do meio da cabeça ao meio do dorso. Linha dorsolateral (entre e o dorso
e o flanco) preta ou marrom da ponta do focinho à região inguinal, contínua ou
interrompida (ausente em alguns espécimes). Flancos sem faixas transversais. Faixas
transversais marrom-escuras nas superfícies dorsais do antebraço e pernas. Faces
anterior e posterior da coxa sem faixas. Superfícies ocultas do corpo e das pernas
variando entre avermelhado e arroxeado. Machos adultos com prepólex, mas com
antebraço de mesma espessura que o braço. Prega dérmica do antebraço pode estar
ausente.

Girinos grandes, completamente pretos em vida, incluindo as nadadeiras. Indivíduos


recém-eclodidos são castanhos com manchas pretas no corpo e na cauda, que tem
ponta aguda. Olhos dorsais e narinas elípticas com projeções bem desenvolvidas
nas margens internas. Espiráculo lateral curto e com extremidade branca. Tubo anal
destro. Disco oral emarginado lateroventralmente, com fileiras curtas de dentículos
(estruturas de queratina) auxiliares e papilas submarginais nas laterais. Fórmula
dentária 2(2)/5(1).

Espécies correlatas: Bokermannohyla nanuzae é mais semelhante a B. gr. circumdata,


da qual pode ser separada pelo menor porte, cabeça mais longa que larga, linha
dorsolateral e flanco, faces anterior e posterior da coxa sem faixas transversais
(cabeça pouco mais larga que longa, sem linha dorsolateral e com faixas transversais
no flanco e superfícies anterior e posterior da coxa em B. gr. circumdata).

História natural: Espécie arborícola e de hábito noturno. A reprodução acontece


de outubro a fevereiro, em riachos permanentes de fundo pedregoso em campos
rupestres. Os machos vocalizam sobre a vegetação marginal das matas de galeria
(sendo por isso considerada espécie de hábitos florestais), no interior de bromélias
ou sobre pedras no leito dos riachos. A desova ainda não é conhecida. Os girinos têm
hábito predominantemente noturno, sendo encontrados nos remansos profundos.
Quando incomodados, se refugiam rapidamente debaixo de pedras ou raízes
submersas. Possuem desenvolvimento lento e são registrados ao longo de todo o
ano.

Bibliografia: Napoli & Pimenta (2003); Eterovick & Sazima (2004); Leite et al. (2008);
Haddad et al. (2013).
©Renata Pirani
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©Marina Walker ©Tiago Pezzuti

©Tiago Pezzuti
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Bokermannohyla saxicola (Bokermann, 1964).

Nome popular: perereca.

Distribuição geográfica: Endêmica da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais, entre os


municípios de Santa Luzia e Serranópolis de Minas.

Espécie de médio porte, com comprimento rostrocloacal médio de 54mm em


machos e 51mm em fêmeas. Cabeça mais longa que larga. Focinho arredondado
em vistas dorsal e lateral. Machos com prepólex pouco desenvolvido e antebraço
levemente hipertrofiado. Coloração do dorso varia de castanho a amarelo, com
muitas manchas marrom-escuras de formas irregulares, conferindo, algumas vezes,
aspecto semelhante a líquen. Flancos com manchas verticais marrom-escuras, bem
contrastadas com a coloração mais clara de fundo. Barras transversais castanhas,
estreitas e ramificadas na face dorsal das coxas, contrastando bastante com a
coloração mais clara de fundo. Antebraço com prega dérmica pouco desenvolvida.

Girinos muito grandes, castanho-esverdeados em vida e com grandes manchas


escuras regularmente distribuídas pelo corpo. Cauda com ponta aguda. Olhos dorsais
e narinas elípticas com projeções bem desenvolvidas nas margens internas. Espiráculo
lateral e tubo anal destro. Disco oral grande, emarginado lateroventralmente, com
fileiras curtas de dentículos auxiliares nas laterais. Fórmula dentária 3(1,3)/8-9(1).

Espécies correlatas: Bokermannohyla saxicola é mais semelhante a B. alvarengai


(devido ao aspecto liquenoso do dorso), B. gr. circumdata e B. nanuzae, diferindo de
todas estas pela coloração dorsal (de castanho-claro a cinza com manchas irregulares
em B. alvarengai; castanho-claro com faixas transversais castanho-escuro em B. gr.
circumdata; castanho a castanho-claro em B. nanuzae). Difere ainda de B. alvarengai
pelo menor porte, formato do focinho, machos com prepólex menos desenvolvido
e antebraço menos hipertrofiado e barras transversais estreitas na superfície dorsal
da coxa (focinho truncado em vista dorsal e vertical em vista lateral, machos com
prepólex muito desenvolvido e antebraço extremamente hipertrofiado e barras
transversais largas na superfície dorsal da coxa em B. alvarengai). Difere ainda de
B. gr. circumdata pela cabela mais longa que larga (mais larga que longa em B. gr.
circumdata) e de B. nanuzae pelas faixas transversais nas faces anterior e posterior da
coxa (ausentes em B. nanuzae).

História natural: Espécie saxícola, de hábito noturno e que ocorre em baixas


densidades. A reprodução acontece em córregos permanentes (ou temporários, em
raras ocasiões) de fundo pedregoso. Os machos vocalizam durante todo o ano (estação
seca e chuvosa) em riachos permanentes e, de dezembro a fevereiro, em riachos
temporários. Os ovos são depositados na forma de uma massa aproximadamente
circular aderida às rochas do córrego. Os girinos são registrados ao longo de todo
o ano. Nesses ambientes se desenvolvem lentamente e adquirem grande tamanho.
Possuem hábito bentônico e se alimentam durante a noite, tanto em áreas de
remanso quanto de correnteza moderada, sobre o fundo rochoso. Durante o dia, se
escondem em frestas e debaixo de pedras no fundo do riacho.

Bibliografia: Eterovick & Brandão (2001); Eterovick (2003); Eterovick & Sazima
(2004); Eterovick et al. (2009); Leite et al. (2011); Pezzuti et al. (2011).
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©Bruno Pimenta

©Tiago Pezzuti
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Dendropsophus branneri (Cochran, 1948).

Nome popular: pererequinha.

Distribuição geográfica: Do oeste do Maranhão, passando pelos estados do Ceará,


Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais, até o
Rio de Janeiro, Brasil.

Espécie de pequeno porte, com comprimento rostrocloacal médio de 18mm em


machos e 23mm em fêmeas. Cabeça tão larga quanto longa. Focinho levemente
arredondado em vista dorsal, truncado em vista lateral. Tímpano distinto. Pele do dorso
lisa, com coloração de rosada a castanho, geralmente com manchas semelhantes a
parênteses invertidos estendendo-se até região sacral. Mancha branco-prateada sob
o olho, geralmente bem evidente, estendendo-se sobre o lábio superior (reduzida em
alguns indivíduos). Em alguns exemplares, linha escura com margem superior branca
estendendo-se desde o canto rostral até a região sacral.

Girinos de tamanho médio, castanho-claros em preservativo, com listras escuras da


região lateral do disco oral até a junção entre corpo e cauda, passando pelos olhos.
Cauda longa, terminada em um flagelo (filamento longo e estreito) distinto. Olhos e
narinas laterais. Narinas elípticas, sem projeções nas margens internas e localizadas
na ponta do focinho. Espiráculo lateroventral e curto, com parede interna presente
como uma borda discreta. Tubo anal destro, curto, posicionado acima da margem
inferior da nadadeira ventral, com extremidade distal independente da nadadeira.
Disco oral anterior, reduzido, sem emarginações, papilas ou dentículos.

Espécies correlatas: Das espécies ocorrentes na região, Dendropsophus branneri


pode ser confundida com D. minutus e D. rubicundulus. Destas duas, D. branneri é
prontamente separada pelo padrão de colorido dorsal e pela mancha branca sob
o olho (coloração de castanha a bege, com manchas e/ou linhas em D. minutus;
coloração verde em D. rubicundulus; sem mancha branca sob o olho em D. minutus
e D. rubicundulus). Difere ainda de D. minutus pelo tímpano distinto (indistinto ou
perceptível sob a pele em D. minutus). Dendropsophus branneri compartilha com
Scinax fuscomarginatus a ocorrência de mancha branca sob o olho, mas é facilmente
distinta desta pela cabeça tão larga quanto longa, formato do focinho e padrão de
coloração dorsal (cabeça mais longa que larga, focinho longo e subelíptico em vista
dorsal e protruso em vista lateral e colorido dorsal de bege a castanho-claro em S.
fuscomarginatus).

História natural: Espécie de hábito noturno, encontrada sobre a vegetação arbustiva


e herbácea de áreas abertas. Os machos vocalizam durante todo o ano na vegetação
marginal de lagoas e brejos, permanentes ou temporários. Os ovos são depositados
diretamente na superfície da água. Os girinos possuem hábito nectônico (deslocam-
se ativamente pela coluna d’água) e são frequentemente encontrados em meio à
vegetação aquática das margens.

Bibliografia: Cochran (1954); Bastos & Pombal (1996); Cruz et al. (2004); Prado &
Pombal (2005); Haddad et al. (2008); Santana et al. (2008).
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©Tiago Pezzuti
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Dendropsophus elegans (Wied-Neuwied, 1824).

Nome popular: perereca-de-moldura.

Distribuição geográfica: Mata Atlântica, desde o nível do mar até cerca de 800m
de altitude, da Paraíba a Santa Catarina; em Minas Gerais, também em áreas de
transição entre Mata Atlântica e Cerrado.

Espécie de pequeno porte, com comprimento rostrocloacal médio de 26mm em


machos e 32mm em fêmeas. Focinho levemente arredondado a truncado em
vista dorsal e truncado em vista lateral. Pele do dorso lisa, com mancha castanho-
avermelhada de formato retangular ou de ampulheta, emoldurada por faixa branca
ou amarelada. A moldura pode ser completa, interrompida próximo aos olhos e/ou
região sacral, ou fragmentada. Pequena mancha circular sobre o cotovelo e sobre o
joelho e uma faixa sobre a face superior da tíbia, também brancas ou amareladas,
sempre contrastando com a coloração geral do corpo.

Girinos de tamanho médio, com corpo castanho-esverdeado, marmoreado por


manchas escuras irregulares em vida. Cauda terminada em flagelo distinto, com
listra clara abaixo do meio da musculatura. Olhos grandes, laterais. Narinas laterais,
elípticas, sem projeções nas margens internas e localizadas mais próximas do focinho
que dos olhos. Espiráculo lateroventral, curto, sem parede interna do tubo. Tubo anal
destro, curto, posicionado acima da margem inferior da nadadeira, com extremidade
distal independente da nadadeira. Disco oral anterior, reduzido, sem emarginações,
com interrupções dorsal e lateroventral na fileira de papilas marginais. Sem papilas
submarginais. Fórmula dentária 0/1 ou 0/0.

Espécies correlatas: O padrão de colorido bastante característico de Dendropsophus


elegans não é similar ao de nenhuma das espécies ocorrentes na região.

História natural: Espécie com populações bastante abundantes e hábito noturno,


que ocupa a vegetação arbustiva e herbácea, principalmente em áreas abertas e
ocasionalmente em florestas primárias e secundárias, próximas ou sobre corpos
d’água. A reprodução acontece durante a estação chuvosa, entre os meses de
outubro e março, quando grande número de indivíduos se agrega nos sítios
reprodutivos. No entanto, machos podem ser ouvidos ao longo do ano, enquanto
houver água nos sítios de ocorrência. Deposita os ovos diretamente na água de brejos
e alagadiços temporários ou permanentes. Os girinos possuem hábito nectônico e
são frequentemente encontrados em meio à vegetação aquática.

Bibliografia: Prado & Pombal (2005); Abrunhosa et al. (2006); Van Sluys et al. (2010);
Pezzuti et al. (2011).
©Bruno Pimenta
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©Tiago Pezzuti
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Dendropsophus minutus (Peters, 1872).

Nomes populares: pererequinha, perereca-ampulheta.

Distribuição geográfica: Todos os estados do Brasil e outros países da América do Sul


(Colômbia, Venezuela, Equador, Peru, Bolívia, Uruguai e Argentina).

Espécie de pequeno porte, com comprimento rostrocloacal entre 21 e 25mm em


machos e 23 e 38mm em fêmeas. Cabeça tão larga quanto longa. Focinho entre
arredondado e semicircular em vista dorsal, arredondado em vista lateral. Tímpano
indistinto ou perceptível apenas sob a pele. Pele do dorso lisa, com coloração
variando entre castanho, amarelo e bege e manchas de diversos formatos, sendo
comum uma mancha mais escura, inteira ou dividida, semelhante a uma ampulheta.
Podem também ocorrer linhas claras sobre o dorso. Face oculta das coxas pode ser
avermelhada ou alaranjada.

Girinos de tamanho médio, de castanho-esverdeados a amarelados em vida, alguns


com nadadeiras de coloração vermelha ou alaranjada. Cauda terminada em flagelo
distinto. Olhos grandes, laterais. Narinas laterais, arredondadas, sem projeções nas
margens internas e localizadas mais próximas do focinho que dos olhos. Espiráculo
lateral, curto, sem parede interna do tubo. Tubo anal destro, curto, posicionado
acima da margem inferior da nadadeira, com extremidade distal independente da
nadadeira. Disco oral anterior, reduzido, sem emarginações, com interrupção dorsal
na fileira de papilas marginais. Sem papilas submarginais. Fórmula dentária 0/1, 0/0
ou 1/2.

Espécies correlatas: Dendropsophus minutus é mais assemelhada a D. branneri e


D. rubicundulus, das quais difere primariamente pelo padrão de colorido dorsal e
pelo tímpano indistinto (coloração de rosada a castanho, geralmente com manchas
semelhantes a parênteses invertidos, estendendo-se até a região sacral em
D. branneri, e verde em D. rubicundulus; tímpano distinto nessas duas espécies). De
D. branneri difere ainda pelo maior tamanho corporal e pela região sob o olho sem
manchas (mancha branca sob o olho em D. branneri).

História natural: Espécie arborícola, de populações bastante abundantes e hábito


noturno, encontrada principalmente em áreas abertas. A reprodução acontece em
remansos de riachos, poças e brejos, temporários ou permanentes, entre os meses
de outubro e janeiro. Os machos vocalizam sobre a vegetação herbácea e arbustiva
às margens dos corpos d’água, onde formam grandes coros. A atividade reprodutiva
pode ser prolongada, durando enquanto houver água nos sítios de ocorrência. Os
girinos possuem hábito nectônico e são encontrados em meio à vegetação aquática
ou em áreas mais profundas, onde se sustentam na coluna d’água pela movimentação
constante do flagelo.

Bibliografia: Lutz (1973); Kwet et al. (2010); Pezzuti et al. (2011).


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©Tiago Pezzuti
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Dendropsophus rubicundulus (Reinhardt & Lutken, 1862).

Nome popular: pererequinha-verde.

Distribuição geográfica: Estados do Piauí e Ceará, passando pelo sul do Pará,


Tocantins, Bahia, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, até o centro de Minas
Gerais e São Paulo; Departamento de Santa Cruz, na Bolívia.

Espécie de pequeno porte, com comprimento rostrocloacal entre 18 e 23mm em


machos e 21 e 25mm em fêmeas. Focinho truncado ou arredondado em vista
dorsal e obtuso em vista lateral. Cabeça tão longa quanto larga. Tímpano distinto
e semicircular. Dorso esverdeado em vida, tornando-se rosado ou violeta quando
preservado. Flancos variando entre bege, rosa e castanho-claro. Linha dorsolateral
estreita marrom, marginada por linha estreita clara do olho até próximo à região
inguinal. Mãos com tubérculo palmar (calo na lateral da palma da mão, oposto ao
dedo I) e prepólex distintos.

Girinos de tamanho médio, castanho-avermelhados, com listras escuras da região


lateral do disco oral, passando pelos olhos, até a junção entre corpo e cauda. Cauda
longa, terminada em um flagelo distinto. Olhos laterais. Narinas elípticas, laterais,
sem projeções nas margens internas e localizadas na ponta do focinho. Espiráculo
lateroventral e curto, com parede interna do tubo presente como uma borda discreta.
Tubo anal destro, curto, posicionado acima da margem inferior da nadadeira ventral,
com extremidade distal independente da nadadeira. Disco oral anterior, reduzido,
sem emarginações, papilas ou dentículos.

Espécies correlatas: Espécie mais assemelhada a Dendropsophus branneri e D.


minutus, das quais difere, primeiramente, pelo padrão de coloração dorsal (coloração
de rosada a castanho, geralmente com manchas semelhantes a parênteses invertidos
estendendo-se até região sacral em D. branneri; coloração castanha a bege, com
manchas e/ou linhas em D. minutus). De D. branneri difere, ainda, pelo maior
tamanho corporal e pela região sob o olho sem manchas (mancha branca sob o olho
em D. branneri). De D. minutus, difere também pelo tímpano distinto (indistinto ou
perceptível apenas sob a pele nesta espécie).

História natural: Espécie noturna e arborícola, de populações abundantes,


encontrada principalmente em áreas abertas. Os machos vocalizam entre os meses
de outubro e janeiro sobre a vegetação herbácea e arbustiva às margens de brejos e
alagadiços permanentes ou temporários. Os ovos são depositados diretamente na
água. Os girinos possuem hábito nectônico e são frequentemente encontrados em
meio à vegetação aquática das margens.

Bibliografia: Napoli & Caramaschi (2000); Pezzuti et al. (2011).


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©Roberta Murta-Fonseca

©Tiago Pezzuti
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Dendropsophus seniculus (Cope, 1868).

Nome popular: pererequinha-do-brejo.

Distribuição geográfica: Estados do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo,
Bahia e Minas Gerais, no bioma da Mata Atlântica.

Espécie de pequeno porte, com comprimento rostrocloacal entre 29 e 36mm em machos e


36 e 43mm em fêmeas. Cabeça tão larga quanto longa. Focinho semicircular em vista dorsal
e arredondado em vista lateral. Saco vocal bilobado, subgular, desenvolvido e expandido
externamente. Pele do dorso com aspecto granular, levemente áspera ao toque, coloração
de cinza-pálido a castanho e padrão marmorizado semelhante a casca de árvore ou líquen,
com manchas irregulares marginadas por linhas pretas. Presença de patágio (extensão
de pele na região axilar, conectando o braço ao flanco). Barras transversais escuras pouco
distintas nas superfícies dorsais das coxas. Superfícies posteriores das coxas com colorido
uniforme marrom, sem barras ou manchas. Região posterior dos flancos e região inguinal
com coloração bem distinta de manchas negras sobre fundo branco. Ventre creme e região
ventral das coxas com coloração de violeta a castanho. Membros, dedos e artelhos com
margens crenuladas.

Girinos de tamanho médio, castanho-esverdeados com manchas escuras irregulares em


vida. Cauda terminada em flagelo distinto, com listra longitudinal clara abaixo do meio da
musculatura. Olhos grandes, laterais. Narinas elípticas, laterais, sem projeções nas margens
internas e localizadas mais próximas do focinho que dos olhos. Espiráculo lateroventral
curto, sem parede interna do tubo. Tubo anal destro e curto, posicionado acima da margem
inferior da nadadeira ventral e com extremidade distal independente da nadadeira. Disco
oral anterior reduzido, sem emarginações, com interrupções dorsal e lateroventral na fileira
de papilas marginais. Sem papilas submarginais. Fórmula dentária 0/1 ou 0/0.

Espécies correlatas: Devido ao padrão liquenoso do dorso, Dendropsophus seniculus pode


ser comparada a Bokermannohyla alvarengai, B. saxicola, Hypsiboas crepitans, H. lundii,
H. pardalis e Itapotihyla langsdorffii, das quais difere pelo menor porte, patágio e padrão
de colorido dorsal (coloração variando de castanho-claro a cinza com manchas escuras
de formato irregular, que possuem pontos claros centrais, a uniformemente cinza em B.
alvarengai; coloração variando de castanho a amarelo, com muitas manchas marrom-
escuras de formas irregulares em B. saxicola; dorso com mancha marrom-escuro em formato
de “X” sobre fundo semelhante a líquen ou mármore em H. crepitans e H. lundii; coloração
de fundo verde-acinzentado semelhante a líquen ou mármore, com manchas e barras
escuras em H. pardalis; coloração que varia do marrom-oliváceo ao cinza-esverdeado, com
padrão indefinido de manchas mais escuras em I. langsdorffii). Difere ainda de B. alvarengai,
B. saxicola, H. crepitans, H. lundii e H. pardalis por não possuir prepólex (presente nestas
espécies) e de I. langsdorffii pelo saco vocal bilobado e subgular (pareados e laterais em I.
langsdorffii).

História natural: Espécie de hábito noturno e arborícola, mais frequentemente encontrada


em bordas de mata e áreas abertas e, ocasionalmente, no interior de florestas. Reproduz-
se em poças permanentes e temporárias. A reprodução é explosiva, com grande número
de indivíduos formando coros logo após as primeiras chuvas fortes. Os machos vocalizam
no chão, em arbustos e até no alto de árvores, e a desova é depositada diretamente na
água. Os girinos possuem hábito nectônico e são frequentemente encontrados em meio à
vegetação aquática às margens dos corpos d’água.
Bibliografia: Bokermann (1968); Heyer et al. (1990); Gomes & Peixoto (1991); Bertoluci
(1998); Abrunhosa et al. (2006); Carvalho-e-Silva & Bertoluci (2010); Pezzuti et al. (2011);
Hepp et al. (2012).
©Danielle Costa
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© Felipe Carvalho de Souza Pinto © Felipe Carvalho de Souza Pinto

©Tiago Pezzuti
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Hypsiboas albomarginatus (Spix, 1824).

Nome popular: perereca-verde.

Distribuição geográfica: Região caribenha da Colômbia às Guianas, bacia Amazônica


e Mata Atlântica brasileira, de Pernambuco a Santa Catarina.

Espécie de grande porte, com comprimento rostrocloacal entre 44 e 55mm nos


machos e 52 e 61mm nas fêmeas. Focinho subelíptico em vista dorsal e arredondado
em vista lateral. Íris acobreada (à noite) ou prateada (de dia) em vida, com borda
posterior azul-turquesa. Pele do dorso lisa, com coloração verde-clara, normalmente
com numerosos pontos pretos e eventualmente com manchas brancas circulares.
Crista glandular desenvolvida da borda posterior do olho até o meio do flanco.
Braços, tarsos e pés com crenulações brancas a amareladas. Apêndices calcâneos
e crista supracloacal discretos. Região inguinal e membranas interdigitais dos pés
alaranjadas.

Girinos grandes, castanho-esverdeados, com faixa escura dos olhos até a ponta do
focinho. Cauda com ponta aguda e listras longitudinais escuras no músculo: uma no
meio da musculatura, desde a junção com o corpo até o primeiro terço da cauda, e
outra interrompida na margem dorsal (podendo formar barras em vista dorsal). Olhos
dorsais. Narinas grandes, elípticas, com projeções bem desenvolvidas nas margens
internas. Tubo anal destro e longo. Espiráculo lateral curto, abrindo-se no início do
terço posterior do corpo. Disco oral emarginado lateroventralmente, com interrupção
dorsal na fileira de papilas marginais. Poucas papilas submarginais e fileiras curtas de
dentículos auxiliares nas laterais do disco oral. Fórmula dentária 2(2)/4(1).

Espécies correlatas: Difere das outras espécies de pererecas verdes ocorrentes na


região pela coloração alaranjada nas membranas interdigitais dos pés e pela borda
posterior do olho azul-turquesa em vida. Difere de Aplastodiscus sp. e Vitreorana
uranoscopa pelo maior porte, sendo distinta desta também pelos discos adesivos
arredondados (em forma de “T” em V. uranoscopa) e opacidade da pele (transparente
no ventre de V. uranoscopa). Difere ainda de Aplastodiscus sp. pela íris acobreada
(avermelhada nesta espécie) e de Phyllomedusa burmeisteri pelo flanco verde e
sem manchas (manchas arredondadas amarelas sobre fundo azul no flanco de P.
burmeisteri).

História natural: Espécie noturna e de populações abundantes, encontrada em


áreas abertas. Os machos vocalizam empoleirados na vegetação marginal de poças,
lagoas, brejos e alagadiços, principalmente permanentes. O auge da atividade de
vocalização ocorre nos meses mais quentes e úmidos, mas é possível encontrar
machos vocalizando durante todo o ano. Os ovos são depositados diretamente na
água. Os girinos possuem hábito bentônico e são registrados ao longo de todo o ano.

Bibliografia: Lutz (1973); Hoogmoed (1979); Peixoto & Cruz (1983); Giasson & Haddad
(2007; 2008); Haddad et al. (2013).
©Bruno Pimenta85

©Danielle Costa

©Roberta Murta-Fonseca
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Hypsiboas albopunctatus (Spix, 1824).

Nome popular: perereca-cabrinha.

Distribuição geográfica: Estados do Tocantins e Bahia, além de todo o centro, sul e


sudeste do Brasil, nordeste da Argentina (nas Províncias de Corrientes e Missiones),
norte do Uruguai, leste da Bolivia (Santa Cruz, Beni e Pando) e leste do Paraguai.

Espécie de grande porte, com comprimento rostrocloacal médio de 63mm em


machos e 65mm em fêmeas. Cabeça mais longa que larga. Focinho subelíptico a
pontudo em vista dorsal, protruso em vista lateral. Pele do dorso lisa, com coloração
castanha, podendo ocorrer bandas transversais mais escuras e pontos esbranquiçados
dispersos. Crista glandular dorsolateral estreita e retilínea do olho até a região do
ombro. Barras ou pontos amarelos sobre fundo arroxeado ou marrom nos flancos e
faces ocultas das coxas. Lateral da cabeça, desde a ponta do focinho até o tímpano, e
margens dos membros coloridos de marrom. Lábio inferior coberto por uma estreita
linha branca ou amarelada. Margens externas dos antebraços e tíbias, tarsos e pés
com crenulações discretas, brancas a amareladas. Crista supracloacal colorida de
branco.

Girinos grandes, de castanho-claros a castanho-escuros, com pequenas manchas


escuras regularmente distribuídas pelo corpo. Ventre marmoreado com manchas
brancas. Cauda com metade posterior gradualmente escurecida e ponta aguda.
Olhos dorsais. Narinas grandes e elípticas, com projeções bem desenvolvidas nas
margens internas. Tubo anal destro e longo. Espiráculo lateral e longo, abrindo-se
no final do terço posterior do corpo. Disco oral emarginado lateroventralmente, com
interrupção dorsal na fileira de papilas marginais. Sem papilas submarginais. Fórmula
dentária 2(1,2)/3(1).

Espécies correlatas: Difere de todas as outras pererecas de grande porte ocorrentes


na região pelas barras ou pontos amarelos sobre fundo arroxeado ou marrom nos
flancos e faces ocultas das coxas e pelo lábio inferior colorido de branco ou amarelo
(característica compartilhada apenas com Phyllomedusa burmeisteri).

História natural: Espécie de hábito noturno, populações abundantes e considerada


generalista, adaptando-se bem a ambientes antropizados (modificados pela ação
do homem). É frequentemente encontrada empoleirada na vegetação próxima a
lagos e brejos, permanentes ou temporários, em áreas abertas. Os machos vocalizam
principalmente nos meses mais quentes e úmidos do ano, entre outubro e março. A
desova é depositada diretamente na água, próxima à vegetação marginal. Os girinos
possuem hábito bentônico e são registrados durante a noite alimentando-se nas
margens dos corpos d’água, ao longo de todo o ano.

Bibliografia: Lutz (1973); Heyer et al. (1990); Eterovick & Sazima (2004); Canelas &
Bertoluci (2007); Aquino et al. (2010); Pezzuti et al. (2011); Haddad et al. (2013).
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©Tiago Pezzuti
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Hypsiboas cipoensis (Lutz, 1968).

Nome popular: perereca-de-pijama.

Distribuição geográfica: Endêmica da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais, da Serra


do Cipó até o município de Serranópolis de Minas, em altitudes acima de 900m.

Espécie de pequeno porte, com comprimento rostrocloacal médio de 37mm nos


machos e 33mm nas fêmeas. Focinho curto, truncado em vista dorsal e arredondado
em vista lateral. Pele do dorso lisa, com quatro linhas longitudinais largas de cor
amarelada, intercaladas com três linhas estreitas marrom-escuras, todas bem
definidas. Linhas largas contornadas por finas linhas brancas ou amareladas, bem
marcadas. Membros também listrados. Dedos finos, com discos adesivos pequenos
e membranas interdigitais pouco desenvolvidas. Lábio inferior coberto por uma
estreita linha marrom-escura.

Girinos grandes, castanho-claros, com grandes manchas escuras regularmente


distribuídas pelo corpo e cauda. Cauda com ponta aguda e metade posterior
gradualmente escurecida. Olhos dorsais. Narinas grandes, elípticas, com projeções
bem desenvolvidas nas margens internas. Tubo anal destro e longo. Espiráculo lateral
e curto, abrindo-se no início do terço posterior do corpo. Disco oral emarginado
lateroventralmente, com interrupção dorsal na fileira de papilas marginais. Sem
papilas submarginais. Fórmula dentária 2(2)/3(1).

Espécies correlatas: Hypsiboas cipoensis difere de todas as espécies ocorrentes na


região (à exceção de H. polytaenius e Scinax squalirostris) pelo padrão de colorido
listrado no dorso e membros. Difere de H. polytaenius pelos dedos finos, discos
adesivos pequenos e pela ausência de apêndices calcâneos e crista supracloacal
(dedos grossos, discos grandes, apêndices e crista presentes em H. polytaenius).
Difere de Scinax squalirostris pelo formato do focinho e pelo lábio inferior coberto
por uma estreita linha marrom-escura (focinho longo e subelíptico em vista dorsal,
protruso em vista lateral, e lábio inferior sem coloração distinta do padrão do corpo
em S. squalirostris).

História natural: Espécie noturna, de populações pouco abundantes, mas


frequentemente encontrada sobre a vegetação em campos de altitude. Reproduz-
se em riachos permanentes e temporários de leito pedregoso, entre outubro e abril.
Machos vocalizam durante todo o ano, sobre galhos e folhas a cerca de 1m do solo
e 2,5m da água. A desova é depositada como uma massa de ovos aderida em torno
de hastes submersas de gramíneas. Os girinos possuem hábito bentônico, são ativos
durante a noite e se alimentam nas partes mais rasas dos corpos d’água. Durante o
dia se escondem entre a vegetação aquática em áreas mais profundas. Registrados
ao longo de todo ano.

Bibliografia: Cruz & Caramaschi (1998); Eterovick et al. (2002); Eterovick & Sazima
(2004); Leite et al. (2008); Caramaschi et al. (2009).
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©Tiago Pezzuti
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Hypsiboas crepitans (Wied-Neuwied, 1824).


Nome popular: perereca.

Distribuição geográfica: Cerrado e Mata Atlântica, da Paraíba ao Rio de Janeiro, abaixo de


1700 m de altitude; Panamá, Colômbia, Venezuela e Guianas.

Espécie de médio porte, com comprimento rostrocloacal entre 60 e 63mm nos machos e
59 e 75mm nas fêmeas. Cabeça pouco mais larga que longa. Focinho arredondado em vista
dorsal e levemente truncado em vista lateral. Saco vocal único, subgular. Pele do dorso lisa,
com mancha marrom-escura, algumas vezes lembrando um “X” entre os ombros e a região
sacral, sobre fundo castanho a acinzentado assemelhado a líquen. Prepólex e membranas
interdigitais das mãos pouco desenvolvidos. Antebraços em machos pouco mais espessos
que os braços. Superfícies dorsais das coxas manchadas de marrom-escuro, sem formar
barras definidas. Partes ocultas das coxas alaranjadas.

Girinos grandes, castanho-claros, com mancha clara dorsal próxima à junção entre corpo e
cauda. Cauda com ponta aguda e manchas arredondadas despigmentadas. Olhos dorsais e
narinas grandes, elípticas e com projeções bem desenvolvidas nas margens internas. Tubo
anal destro e longo. Espiráculo longo, abrindo-se no terço posterior do corpo. Disco oral
emarginado lateroventralmente, com interrupção dorsal na fileira de papilas marginais.
Poucas papilas submarginais e fileiras curtas de dentículos auxiliares nas laterais do disco
oral. Fórmula dentária 2(2)/4(1).

Espécies correlatas: As outras espécies com padrão dorsal liquenoso ocorrentes na área são
Bokermannohyla alvarengai, B. saxicola, Dendropsophus seniculus, Hypsiboas lundii, H. pardalis
e Itapotihyla langsdorffii. Difere de B. alvarengai pelo menor porte, formato do focinho
e machos com prepólex menos desenvolvido e antebraço pouco hipertrofiado (focinho
truncado em vista dorsal e vertical em vista lateral; machos com prepólex muito desenvolvido
e antebraço extremamente hipertrofiado em B. alvarengai). Difere de B. saxicola pela cabeça
pouco mais larga que longa, focinho levemente truncado em vista lateral e coloração do dorso
com mancha em forma de “X” (cabeça mais longa que larga, focinho arredondado em vista
lateral e dorso com colorido variando de castanho a amarelo, com muitas manchas marrom-
escuras de formas irregulares, em B. saxicola). Difere de B. alvarengai, B. saxicola, D. seniculus
e I. langsdorffii pelas superfícies dorsais das coxas manchadas de marrom-escuro, sem
formar barras definidas (barras transversais escuras largas na superfície dorsal da coxa em B.
alvarengai; barras transversais castanhas, estreitas e ramificadas na face dorsal das coxas em
B. saxicola; superfícies posteriores das coxas com colorido uniforme marrom, sem barras ou
manchas, em D. seniculus; barras transversais escuras nas coxas em I. langsdorffii). Difere de
D. seniculus e I. langsdorffii pela presença de prepólex em machos (ausente nessas espécies) e
de I. langsdorffii também pelo saco vocal único e subgular (pareados e laterais nessa espécie).
Difere de H. lundii e H. pardalis pela textura da pele, ausência de apêndices calcâneos, crista
supracloacal e crenulações nos antebraços, tarsos e pés e membranas interdigitais das mãos
pouco desenvolvidas (pele rugosa com poucas granulações em H. lundii e bastante rugosa em
H. pardalis; apêndices calcâneos, crista supracloacal e crenulações nos membros presentes;
membranas interdigitais muito desenvolvidas nas mãos nessas duas espécies). Difere ainda
de H. lundii pelo formato do focinho em vista lateral (arredondado em H. lundii).

História natural: Espécie arborícola de hábito noturno, encontrada principalmente em áreas


abertas na Mata Atlântica e Cerrado brasileiros. Os machos vocalizam tanto na estação
chuvosa como na seca, no solo ou sobre a vegetação marginal de brejos, lagoas, poças e
alagadiços, permanentes ou temporários. A desova é depositada em uma pequena piscina
natural nas margens lamacentas, que, com o aumento do volume de chuvas, é inundada e
permite que os girinos completem seu desenvolvimento no corpo d’água principal. Já foram
encontradas desovas em remansos de riachos e poças temporárias. Os girinos possuem
hábito bentônico e são registrados ao longo de todo o ano.

Bibliografia: Lutz (1973); Caramaschi & Napoli (2004); Ferreira et al. (2012); Pezzuti et al. (2011).
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©Bruno Pimenta

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Hypsiboas faber (Wied-Neuwied, 1821).

Nomes populares: sapo-ferreiro, sapo-martelo.

Distribuição geográfica: De Pernambuco ao Rio Grande do Sul, nos biomas da Mata


Atlântica e Cerrado; sudeste do Paraguai; província de Misiones, Argentina.

Espécie de médio porte, com comprimento rostrocloacal médio de 88mm em machos


e 89mm em fêmeas. Focinho arredondado em vistas dorsal e lateral. Pele do dorso lisa.
Coloração de marrom-claro a acinzentado em vida, com linha escura tênue do focinho
até a altura dos braços e, ocasionalmente, manchas marrons ou pretas no dorso e região
sacral. Prepólex bem desenvolvido em machos. Uma fraca prega dérmica no antebraço.
Membranas interdigitais das mãos e pés desenvolvidas, com coloração castanho-
alaranjada a amarelada. Flancos e pernas com barras estreitas castanhas que se bifurcam
ventralmente. Região posterior dos flancos e partes ocultas das pernas também castanho-
alaranjadas a amareladas. Região cloacal e margem externa da tíbia com coloração marrom
ou preta.

Girinos muito grandes, com padrão de cor variável ao longo do desenvolvimento:


indivíduos recém-eclodidos (ainda nas “panelas”) homogeneamente escuros; em estágios
intermediários de desenvolvimento, corpo castanho-acinzentado com metade posterior da
cauda gradualmente escurecida; em estágios mais tardios do desenvolvimento, castanho-
acinzentados ou castanho-escuros. Cauda com ponta aguda. Olhos dorsais, direcionados
lateralmente. Narinas elípticas, grandes, com projeções bem desenvolvidas nas margens
internas. Espiráculo curto, abrindo-se no terço posterior do corpo. Tubo anal destro e
longo. Disco oral emarginado lateroventralmente, com interrupção dorsal na fileira de
papilas marginais. Poucas papilas submarginais e fileiras curtas de dentículos auxiliares nas
laterais do disco oral. Fórmula dentária 2(2)/4(1).

Espécies correlatas: Hypsiboas faber é mais assemelhada a Bokermannohyla gr. circumdata


e H. crepitans. Difere de B. gr. circumdata pelo maior porte e faixas bifurcadas nos flancos
e pernas (não bifurcadas em B. gr. circumdata). De H. crepitans, difere também pelo maior
comprimento rostrocloacal, formato do focinho em vista lateral, dorso sem mancha entre
os ombros e a região sacral e prega dérmica no antebraço (focinho levemente truncado em
vista lateral, mancha dorsal presente e prega dérmica ausente em H. crepitans).

História natural: Espécie arborícola de hábito noturno, populações abundantes e hábitos


generalistas, que habita áreas florestais e abertas na Mata Atlântica e no Cerrado. Reproduz-
se entre dezembro e fevereiro nas margens lamacentas de remansos de riachos, lagoas,
açudes, brejos e alagadiços, onde os machos constroem “panelas” para a oviposição.
Os machos vocalizam durante a estação chuvosa, ao lado ou no interior das panelas,
que são defendidas de outros machos por meio da emissão de vocalizações agressivas
e, em casos nos quais o invasor não se retira do território do macho residente, estes se
envolvem em luta corporal. As lutas podem ter consequências sérias, porque os machos
utilizam o prepólex para golpear o oponente. O canto de anúncio é bem alto, podendo ser
percebido a distância, e se assemelha ao som produzido pelo bater do martelo em uma
bigorna. As fêmeas depositam as desovas apenas após vistoriarem o interior das panelas
e, eventualmente, realizarem alguma pequena “reforma” nas paredes da estrutura.
Numerosos ovos, pequenos e negros, são depositados como um filme na superfície da
água contida na panela. Após os períodos iniciais do desenvolvimento e inundação da
panela, os girinos alcançam o corpo d’água principal, onde atingem grande tamanho (são
os maiores girinos encontrados nesses ambientes). Possuem hábito bentônico e são muito
ativos durante a noite. Registrados ao longo de todo o ano.

Bibliografia: Martins & Haddad (1988); Heyer et al. (1990); Martins et al. (1998); Caramaschi
& Napoli (2004); Kwet et al. (2010); Pezzuti et al. (2011); Haddad et al. (2013).
©Bruno Pimenta
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Hypsiboas lundii (Burmeister, 1856).


Nome popular: perereca.

Distribuição geográfica: Cerrado e áreas de transição com a Mata Atlântica, nos estados
brasileiros de Minas Gerais, Goiás, São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Espécie de médio porte, com comprimento rostrocloacal entre 48 e 63mm nos machos e 58 e
70mm nas fêmeas. Focinho arredondado em vistas dorsal e lateral. Pele do dorso levemente
rugosa (áspera ao toque), com pequenos grânulos (verrugas arredondadas) esparsos. Dorso
com mancha marrom-escuro em formato de “X” sobre fundo semelhante a líquen. Barras
transversais nas pernas normalmente pouco definidas, confundindo-se com o padrão de
fundo liquenoso. Machos com antebraços pouco mais espessos que os braços. Prepólex,
apêndices calcâneos e crista supracloacal pouco desenvolvidos. Antebraços, mãos, tíbias e
pés discretamente crenulados.

Girinos grandes, acinzentados, com manchas escuras regularmente distribuídas pelo


corpo. Cauda com ponta aguda e músculo com manchas arredondadas despigmentadas.
Olhos dorsais. Narinas grandes, elípticas e com projeções bem desenvolvidas nas margens
internas. Tubo anal destro e longo. Espiráculo curto, com extremidade branca, abrindo-se
entre o terços médio e posterior do corpo. Disco oral emarginado lateroventralmente, com
interrupção dorsal na fileira de papilas marginais. Poucas papilas submarginais e fileiras
curtas de dentículos auxiliares nas laterais do disco oral. Fórmula dentária 2(2)/4(1).

Espécies correlatas: As outras espécies com padrão dorsal liquenoso ocorrentes na área
são Bokermannohyla alvarengai, B. saxicola, Dendropsophus seniculus, Hypsiboas crepitans,
H. pardalis e Itapotihyla langsdorffii. Difere de B. alvarengai e I. langsdorffii pelo menor porte.
Difere ainda de B. alvarengai pelo formato do focinho, antebraço pouco hipertrofiado e
prepólex pouco desenvolvido (focinho truncado em vista dorsal e vertical em vista lateral,
antebraço extremamente hipertrofiado e prepólex muito desenvolvido em B. alvarengai).
De I. langsdorffii difere também pelo saco vocal único e subgular (pareados e laterais em I.
langsdorffii). De B. saxicola pode ser separada pelo padrão de colorido dorsal e pelas barras
transversais nas pernas normalmente pouco definidas, confundindo-se com padrão de
fundo liquenoso (coloração do dorso variando de castanho a amarelo, com muitas manchas
marrom-escuras de formas irregulares e barras transversais marrom-escuras estreitas na
superfície dorsal da coxa em B. saxicola). Difere de D. seniculus pelo maior porte, formato
do focinho em vista dorsal, prepólex e margens externas dos membros com crenulações
discretas (focinho semicircular em vista dorsal, prepólex ausente e margens externas dos
membros amplamente crenuladas em D. seniculus). Difere de H. pardalis pela textura da pele,
pelos apêndices calcâneos, crista supracloacal, membranas interdigitais e crenulações nos
membros menos desenvolvidos (textura da pele bastante rugosa, apêndices calcâneos, crista
supracloacal, membranas interdigitais e crenulações nos membros muito desenvolvidos em
H. pardalis). Difere de H. crepitans pela textura da pele, formato do focinho em vista lateral,
presença de apêndices calcâneos e membranas interdigitais das mãos desenvolvidas (pele
de textura lisa, focinho levemente truncado em vista lateral, apêndices calcâneos ausentes
e membranas interdigitais das mãos pouco desenvolvidas em H. crepitans).

História natural: Espécie arborícola de hábito noturno, que habita matas de galeria. Apesar
das populações não serem tão abundantes quanto em outras espécies, H. lundii é frequente
nos locais onde ocorre, sendo normalmente encontrada sobre a vegetação marginal de
riachos e córregos. Os machos vocalizam ao longo de todo o ano, mas a reprodução ocorre
entre setembro e outubro, podendo também ocorrer outro breve período reprodutivo no
fim da estação chuvosa e início da seca (março e abril). À semelhança de H. faber, os machos
constroem “panelas” nas margens lamacentas para oviposição, e as defendem ativamente
pelo uso de vocalizações agressivas e, eventualmente, luta corporal. Os girinos possuem
hábito bentônico e quando ameaçados se escondem entre pedras, vegetação e detritos
acumulados nas margens.

Bibliografia: Bokermann & Sazima (1973); Caramaschi & Napoli (2004); Zina et al. (2007);
Pezzuti et al. (2011).
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©Bruno Pimenta

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Hypsiboas pardalis (Spix, 1824).

Nome popular: perereca-porco.

Distribuição geográfica: Mata Atlântica brasileira, nos estados de São Paulo, Minas Gerais,
Rio de Janeiro e Espírito Santo.

Espécie de médio porte, com comprimento rostrocloacal médio de 64mm em machos e 68mm
em fêmeas. Focinho arredondado em vista dorsal, vertical a obtuso em vista lateral. Dorso
rugoso com muitos grânulos esparsos e coloração de fundo verde-acinzentado semelhante
a líquen, com manchas e barras escuras. Barras transversais nas pernas normalmente pouco
definidas, confundindo-se com o padrão de fundo liquenoso. Machos com antebraços pouco
mais espessos que os braços. Prepólex, apêndices calcâneos e membranas interdigitais das
mãos e dos pés desenvolvidos. Margens externas do antebraço, mão, tarso e pé amplamente
crenuladas.

Girinos grandes, de castanho-claro a castanho-escuro em vida. Cauda com ponta aguda e


listras longitudinais escuras no músculo: uma no meio da musculatura, da junção entre corpo
e cauda até o primeiro terço da cauda, e outra na margem dorsal. Olhos dorsais. Narinas
elípticas com projeções bem desenvolvidas nas margens internas. Espiráculo lateral, tubo anal
destro. Disco oral emarginado lateroventralmente, com interrupção dorsal na fileira de papilas
marginais. Fórmula dentária 2(2)/3(1), raramente 2(2)/3, ou 2(1,2)/3(1).

Espécies correlatas: As outras espécies com padrão dorsal liquenoso ocorrentes na área são
Bokermannohyla alvarengai, B. saxicola, Dendropsophus seniculus, Hypsiboas crepitans, H. lundii
e Itapotihyla langsdorffii. Difere de B. alvarengai e I. langsdorffii pelo menor porte. Difere ainda
de B. alvarengai pelo focinho arredondado em vista dorsal, antebraço levemente hipertrofiado
e prepólex desenvolvido (focinho truncado em vista dorsal, antebraço extremamente
hipertrofiado e prepólex muito desenvolvido em H. alvarengai). De I. langsdorffii difere
também pelo saco vocal único e subgular (pareados e laterais em I. langsdorffii). De B. saxicola
pode ser separada pelo padrão de colorido dorsal e pelas barras transversais nas pernas
normalmente pouco definidas, confundindo-se com padrão de fundo liquenoso (coloração
do dorso variando de castanho a amarelo, com muitas manchas marrom-escuras de formas
irregulares e barras transversais marrom-escuras estreitas na superfície dorsal da coxa em
B. saxicola). Difere de D. seniculus pelo maior porte, focinho arredondado em vista dorsal e
prepólex (focinho semicircular em vista dorsal e prepólex ausente em D. seniculus). Difere de
H. crepitans e H. lundii pelo formato do focinho em vista lateral, textura da pele, apêndices
calcâneos, crista supracloacal, membranas interdigitais e crenulações nos membros (focinho,
em vista lateral, levemente truncado em H. crepitans e arredondado em H. lundii; textura
da pele lisa em H. crepitans e levemente rugosa em H. lundii; apêndices calcâneos, crista
supracloacal e crenulações nos membros ausentes em H. crepitans e menos desenvolvidos em
H. lundii).

História natural: Espécie noturna e arborícola, encontrada principalmente em áreas abertas


e bordas de mata. Reproduz-se em brejos e alagadiços temporários ou permanentes, entre
setembro e fevereiro. Machos vocalizam no solo ou nas porções rasas dos corpos d’água.
Normalmente, machos desta espécie constroem “panelas” no chão lamacento, nas quais as
fêmeas depositam as desovas após o amplexo. Entretanto, já foi também observado o hábito
de desovar no interior de bromélias que acumulam água entre as folhas. Os girinos possuem
hábito bentônico.

Bibliografia: Lutz (1960a; 1960b); Lutz (1973); Caramaschi & Napoli (2004); Moura et al. (2011);
Pezzuti et al. (2011).
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©Danielle Costa

©Tiago Pezzuti
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Hypsiboas polytaenius (Cope, 1870).

Nome popular: perereca-listrada, perereca-de-pijama.

Distribuição geográfica: Cerrado e Mata Atlântica das regiões serranas do Rio de


Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo, Brasil.

Espécie de pequeno porte, com comprimento rostrocloacal entre 27 e 31mm


em machos e 36 e 41mm em fêmeas. Focinho curto, truncado em vista dorsal e
arredondado em vista lateral. Pele do dorso lisa, com quatro faixas longitudinais
largas de cor castanha, intercaladas por três faixas estreitas marrons. Membros
também listrados, com o mesmo padrão dorsal. Dedos grossos, com discos adesivos
grandes e membranas interdigitais desenvolvidas. Apêndices calcâneos com contorno
esbranquiçado e crista supracloacal branca.

Girinos grandes, castanho-claros em vida, com pequenas manchas escuras


regularmente distribuídas pelo corpo. Cauda com ponta aguda e listras longitudinais
escuras no músculo: uma no meio da musculatura, da junção entre corpo e cauda até
o primeiro terço da cauda, e outra na margem dorsal. Olhos dorsais. Narinas elípticas,
com projeções bem desenvolvidas nas margens internas. Espiráculo lateral, tubo anal
destro. Disco oral emarginado lateroventralmente, com interrupção dorsal na fileira
de papilas marginais e poucas papilas submarginais nas laterais. Fórmula dentária
2(1,2)/3(1), ou 2(1,2)/3(1,2).

Espécies correlatas: Hypsiboas polytaenius difere de todas as espécies ocorrentes na


região (à exceção de H. cipoensis e Scinax squalirostris) pelo padrão de colorido listrado
no dorso e membros. Difere de H. cipoensis e S. squalirostris por possuir apêndices
calcâneos e crista supracloacal (ausentes nessas espécies). De H. cipoensis difere
também pelos dedos grossos, discos adesivos grandes e membranas interdigitais
desenvolvidas (dedos finos, discos pequenos e membranas interdigitais pouco
desenvolvidas em H. cipoensis). Difere ainda de Scinax squalirostris pelo formato do
focinho (focinho longo e subelíptico em vista dorsal, protruso em vista lateral em S.
squalirostris).

História natural: Espécie noturna, de populações abundantes, que habita áreas


abertas e florestais, naturais ou antropizadas. Durante a maior parte do ano, inclusive
nos meses mais frios e secos, machos vocalizam sobre a vegetação arbustiva próxima
a poças, brejos, alagadiços e lagoas, temporários ou permanentes, e eventualmente
remansos de riachos. No entanto, a reprodução ocorre principalmente no período
chuvoso, com pico da atividade de vocalização. A desova é depositada diretamente
na água. Os girinos possuem hábito bentônico e são frequentemente encontrados
alimentando-se nas margens dos corpos d’água. Registrados ao longo de todo o ano.

Bibliografia: Cruz & Caramaschi (1998); Caramaschi & Cruz (2000); Antunes et al.
(2008); Pinheiro et al. (2012).
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©Bruno Pimenta

©Tiago Pezzuti
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Itapotihyla langsdorffii (Duméril & Bibron, 1841).

Nome popular: perereca-castanhola, perereca-de-capacete.

Distribuição geográfica: No Brasil, Mata Atlântica e áreas de transição com o


Cerrado, do estado de Sergipe, passando por Minas Gerais, até o Rio Grande do Sul;
nordeste da Argentina.

Espécie de grande porte, com comprimento rostrocloacal entre 67 e 77mm nos machos
e 99 e 103mm nas fêmeas. Focinho quase semicircular em vista dorsal, arredondado
em vista lateral. Sacos vocais pareados e laterais (dividido em dois, localizados nas
laterais da cabeça, sob os cantos da boca). Pele do dorso rugosa, com tubérculos
espalhados principalmente nas bordas dos cantos rostrais, lábio inferior, laterais da
cabeça na altura do canto da boca, flancos e membros. Coloração dorsal semelhante a
líquen, que varia do marrom-oliváceo ao cinza-esverdeado, com padrão indefinido de
manchas mais escuras. Pode ocorrer uma mancha escura em forma de “W” entre os
olhos. Membros com barras transversais escuras. Apresenta crista subcloacal branca
e crenulações esbranquiçadas desenvolvidas nos membros. Membranas interdigitais
e discos adesivos bem desenvolvidos. Ventre esverdeado. Região de inserção dos
braços, região inguinal e superfícies ventrais das mãos e pés azul-esverdeadas.

Girinos grandes, castanho-esverdeados em vida. Cauda com ponta aguda e músculo


castanho-claro, com uma listra longitudinal preta ao longo da região mediana. Olhos
dorsais e narinas arredondadas, sem projeções nas margens internas. Espiráculo
lateral curto, sem parede interna e abrindo-se no terço médio do corpo. Tubo anal
destro e longo. Disco oral anteroventral, não emarginado, com interrupção dorsal
na fileira dupla de papilas marginais. Poucas papilas submarginais e fileiras curtas de
dentículos auxiliares nas laterais do disco oral. Fórmula dentária 2(2)/5-6(1).

Espécies correlatas: As outras espécies com padrão dorsal liquenoso ocorrentes na


área são Bokermannohyla alvarengai, B. saxicola, Dendropsophus seniculus, Hypsiboas
crepitans, H. lundii e H. pardalis. De todas elas, I. langsdorffii se separa pelos sacos
vocais pareados e laterais, lábio inferior com tubérculos e pela crista subcloacal
(saco vocal subgular e lábio sem tubérculos ou com tubérculos ocasionais nas outras
espécies; sem crista subcloacal em B. alvarengai, B. saxicola e D. seniculus; com
crista supracloacal em H. lundii e H. pardalis; nenhuma crista na região cloacal de
H. crepitans). Difere ainda de B. alvarengai, B. saxicola, H. crepitans, H. lundii e H.
pardalis pelos machos não possuírem prepólex (que ocorre em diferentes graus de
desenvolvimento nestas espécies).

História natural: Espécie noturna e arborícola, pouco frequente na região, que


habita a vegetação marginal de brejos, poças e lagoas temporárias ou permanentes
no interior de matas. A reprodução é explosiva e concentrada na transição entre as
estações seca e chuvosa, entre setembro e novembro. Nesse período, os machos
exibem o auge da atividade de vocalização. Os girinos aparentam ter hábito nectônico,
sendo observados próximos à superfície da água. No entanto, nadam até o fundo da
poça e retornam à superfície com frequência.

Bibliografia: Lutz (1973); Pimenta e Canedo (2007); Kleinsorge et al. (2009); Vrcibradic
et al. (2009); Cazelli & Moura (2012); Luiz et al. (2013).
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Phyllomedusa burmeisteri Boulenger, 1882.

Nomes populares: perereca-macaco, perereca-verde, perereca-das-folhagens.

Distribuição geográfica: Mata Atlântica da porção oriental do Brasil, nos estados de


São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia.

Espécie de médio porte, com comprimento rostroclocacal médio de 55mm em machos


e 60mm em fêmeas. Pele do dorso lisa, com coloração de verde-brilhante a verde-
escuro. Dedo I e artelho I opostos à palma da mão e planta do pé, respectivamente,
permitindo agarrar folhas e galhos. Pupilas verticais em formato de fenda. Glândulas
parotoides distintas e alongadas. Mãos sem membranas interdigitais e pés com
membranas vestigiais apenas dos artelhos III a V. Partes ocultas das pernas e flancos
com manchas amareladas sobre fundo azulado a arroxeado. Lábio inferior, margens
externas do antebraço, mão, tarso, pé e discos adesivos coloridos de branco.

Girinos grandes, com coloração em vida variando de castanho a cinza com tons
azulados. Cauda com ponta aguda e nadadeiras frequentemente marmoreadas de
preto à noite, sendo a ventral mais pigmentada que a dorsal. Olhos laterais. Narinas
elípticas, sem projeções nas margens internas. Espiráculo ventral abrindo-se no terço
médio do corpo. Tubo anal destro e curto, posicionado acima da margem inferior
da nadadeira e fundido à nadadeira ventral. Disco oral anterior, não emarginado,
com ampla interrupção dorsal e pequena interrupção ventral na fileira de papilas
marginais. Sem papilas submarginais. Fórmula dentária 2(2)/3(1).

Espécies correlatas: Difere das demais pererecas verdes ocorrentes na região


(Aplastodiscus sp., Vitreorana uranoscopa e Hypsiboas albomarginatus) pelo dedo I
e artelho I opostos à palma da mão e planta do pé, pupilas em formato de fenda,
glândulas parotoides, partes ocultas das pernas e flancos com manchas amareladas
sobre fundo azulado a arroxeado e discos adesivos coloridos de branco.

História natural: Espécie arborícola, de hábitos noturnos e populações abundantes,


que habita áreas abertas e florestas, além de bordas de mata. Os machos vocalizam
entre o fim da estação seca e início da chuvosa, de setembro a dezembro,
empoleirados sobre a vegetação marginal de poças, lagoas e remansos de riachos.
O amplexo também ocorre sobre a vegetação, acima da superfície da água, quando
a desova é depositada sobre uma folha que é dobrada pela fêmea, cobrindo os ovos.
Após a eclosão, os girinos caem na água e completam o desenvolvimento. Os girinos
possuem hábito nectônico e durante o dia são frequentemente encontrados em áreas
mais profundas do corpo d’água. Quando ameaçados, nadam rapidamente para o
fundo. Registrados ao longo da estação chuvosa.

Bibliografia: Funkhouser (1957); Pombal & Haddad (1992); Canelas & Bertoluci (2007);
Haddad et al. (2008); Pezzuti et al. (2011); Haddad et al. (2013).
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©Danielle Costa

©Tiago Pezzuti
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Scinax aff. perereca.

Nome popular: perereca.

Distribuição geográfica: Espécie ainda sem identificação. Sabe-se que ocorre em áreas
de Mata Atlântica e transição com o Cerrado, inclusive em Conceição do Mato Dentro.
No presente estudo, foi encontrada em Alvorada de Minas.

As características morfológicas descritas a seguir foram obtidas a partir de espécimes


coletados e depositados em coleções de referência. Espécie de pequeno porte, com
comprimento rostrocloacal entre 32 e 35mm em machos e 33 e 36mm em fêmeas.
Focinho quase arredondado em vista dorsal e levemente protruso em vista lateral. Canto
rostral pouco marcado. Pele do dorso finamente granulosa, variando entre amarelo,
castanho-claro e castanho-oliváceo, com faixas longitudinais pretas ou marrons, que
se unem na cabeça formando uma mancha entre os olhos. Manchas amarelas na face
posterior das coxas, ocasionalmente encontradas também na face anterior das coxas e
porção posterior dos flancos.

Girinos de tamanho médio, verde-amarelados em vida. Cauda alta com ponta aguda
e metade posterior gradualmente escurecida à noite. Olhos laterais. Narinas dorsais,
arredondadas, sem projeções nas margens internas, localizadas aproximadamente à
mesma distância do focinho e dos olhos. Espiráculo lateral e curto, com parede interna
fundida à parede do corpo e uma pequena extremidade livre. Tubo anal destro, curto,
posicionado acima da margem inferior da nadadeira ventral e fundido à nadadeira.
Disco oral anteroventral, emarginado ventralmente, com interrupção dorsal na fileira
de papilas marginais. Muitas papilas submarginais nas laterais do disco oral. Fórmula
dentária 2(2)/3(1) ou 2(2)/3(1,2).

Espécies correlatas: Scinax aff. perereca é mais assemelhada a S. aff. x-signatus, S.


curicica, S. eurydice e S. fuscovarius. Difere de S. curicica pelo maior porte, formato do
focinho, canto rostral pouco marcado e padrão de coloração dorsal (focinho subelíptico
em vista dorsal e arredondado em vista lateral, canto rostral bem marcado e dorso cinza
a castanho, com mancha interorbital estendendo-se em duas linhas longitudinais até a
região inguinal em S. curicica). Difere de S. eurydice e S. fuscovarius pelo menor porte e
padrão de colorido dorsal (com manchas dorsais em forma de parênteses invertidos em
S. eurydice e S. fuscovarius). Difere de S. aff. x-signatus pelo formato do focinho, pele
do dorso finamente granulosa e padrão de colorido dorsal e do canto rostral (focinho
arredondado em vistas dorsal e lateral, pele do dorso lisa e com linhas longitudinais,
mas sem mancha interorbital, e linha marrom-escura estreita sobre o canto rostral,
desde a ponta do focinho, passando pelo olho e acima do tímpano, até o ombro em S.
aff. x-signatus).

História natural: Espécie de hábito noturno, encontrada em áreas abertas ou florestais,


podendo ocupar também áreas antropizadas. A reprodução acontece no fim da estação
seca e estação chuvosa (setembro a abril), apesar de machos serem observados
vocalizando também em períodos secos. Os machos formam coros com grande número
de indivíduos vocalizando no chão e na vegetação marginal baixa de remansos de
riachos, lagoas, açudes e poças, temporários ou permanentes. Os girinos possuem
hábito nectônico e são encontrados em meio à vegetação aquática próxima às margens
ou em áreas mais profundas do corpo d’água.

Bibliografia: Canelas & Bertoluci (2007); Galdino et al. (2008); Bertoluci et al. (2009);
Cruz et al. (2009); Pezzuti et al. (2011); Moura et al. (2012).
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©Marina Walker

©Tiago Pezzuti
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Scinax aff. x-signatus.

Nome popular: perereca.

Distribuição geográfica: Espécie ainda sem identificação. No presente estudo foi


encontrada em Alvorada de Minas.

As características morfológicas descritas a seguir foram obtidas a partir de espécime


coletado e depositado em coleção de referência. O exemplar disponível, um macho,
tem comprimento rostrocloacal de 32 mm. Focinho arredondado em vistas dorsal e
lateral. Canto rostral pouco marcado. Saco vocal subgular e único. Pele do dorso lisa,
de coloração castanho-amarelada, com duas linhas longitudinais pouco definidas
desde a região pós-orbital até o meio do dorso. Linha estreita marrom-escura bem
evidente sobre o canto rostral, desde a ponta do focinho, passando pelo olho e acima
do tímpano, até o ombro, seguida por uma linha de manchas da mesma cor até o
meio do flanco. Superfícies dorsais dos braços e pernas com barras transversais
marrons pouco definidas.
O girino ainda não é conhecido.

Espécies correlatas: Scinax aff. x-signatus é mais próxima a S. aff. perereca, S. curicica,
S. eurydice e S. fuscovarius. Difere de todas estas espécies, à exceção de S. curicica,
pelo colorido dorsal com duas linhas longitudinais (dorso com dois pares de manchas
marrom-escuras em forma de parênteses invertidos em S. aff. perereca, S. eurydice
e S. fuscovarius). Difere de S. eurydice pela pele lisa do tarso (tarso com tubérculos
em S. eurydice). Difere também de S. curicica e S. eurydice pelo canto rostral pouco
marcado (bem marcado nestas espécies).

História natural: As poucas informações sobre história natural baseiam-se nas


condições em que o único exemplar capturado até o momento foi encontrado.
Espécie noturna, arborícola e generalista que ocorre em ambientes abertos. Foram
ouvidos vários machos vocalizando em junho, um dos meses mais secos e frios do ano
na região, na vegetação arbustiva às margens de uma lagoa.
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Scinax carnevallii (Caramaschi & Kisteumacher, 1989).

Nome popular: perereca.

Distribuição geográfica: Localidades da bacia do rio Doce, em Minas Gerais, desde a porção
sul da Serra do Espinhaço até o Parque Estadual do Rio Doce.

Espécie de pequeno porte, com comprimento rostrocloacal médio de 23mm em machos e


32mm em fêmeas. Cabeça tão larga quanto longa. Focinho truncado em vista dorsal e protruso
em vista lateral, com um tubérculo de formato cônico entre as narinas. Canto rostral bem
marcado. Saco vocal subgular e único. Pele do dorso rugosa, com vários tubérculos cônicos
de diferentes tamanhos, coloração castanha e manchas com vários tons de marrom sem
formar desenhos definidos. Duas ou três faixas verticais prateadas do olho ao lábio superior.
Braços e pernas com faixas transversais marrons. Prega dérmica discreta no antebraço e no
tarso, esta última crenulada. Região inguinal esbranquiçada com manchas pretas.

Girinos pequenos, castanho-claros em vida. Cauda com ponta aguda e grandes manchas
escuras arredondadas. Olhos dorsais. Narinas arredondadas, sem projeções nas margens
internas, dorsais e localizadas aproximadamente à mesma distância do focinho e dos olhos.
Espiráculo lateral e curto, com parede interna fundida à parede do corpo e uma pequena
extremidade livre. Tubo anal destro e longo, posicionado ao nível da margem inferior da
nadadeira ventral e fundido à nadadeira. Disco oral ventral, não emarginado, com lábio
posterior côncavo quando fechado. Interrupção dorsal na fileira de papilas marginais e
muitas papilas submarginais nas laterais do disco oral. Fórmula dentária 2(2)/3, ou 2(2)/3(1).

Espécies correlatas: Dentre as espécies ocorrentes na região, Scinax carnevallii pode ser
confundida com S. luizotavioi e S. machadoi. Difere de Scinax luizotavioi pela posição do
saco vocal, coloração dorsal castanha e margem externa do tarso fracamente crenulada
(saco vocal lateralizado, coloração dorsal dourada ou amarelada em vida e crenulações
desenvolvidas em S. luizotavioi). Difere de S. machadoi pelo canto rostral bem marcado,
saco vocal lateralizado e flanco sem linha estreita clara, do olho à região inguinal, e colorido
esbranquiçado com manchas pretas na região inguinal (canto rostral pouco marcado, saco
vocal subgular, flanco com linha estreita, variando entre branco e bege, do olho à região
inguinal, e manchas amarelas ou laranjas com bordas enegrecidas na região inguinal em S.
machadoi). Scinax carnevallii compartilha com Scinax sp. a ocorrência de tubérculo cônico
entre as narinas, mas é facilmente separada desta pelo formato do focinho, cor dos olhos
em vida e pela textura e coloração da pele do dorso (focinho pontudo em vista dorsal e
acuminado a arredondado em vista lateral, íris avermelhada em vida e pele do dorso lisa,
de coloração castanho-amarelada, algumas vezes com dois pares de manchas marrons mais
escuras em forma de parênteses invertidos, em Scinax sp.).

História natural: Espécie de hábitos noturnos e arborícola, encontrada sobre arbustos a


cerca de 50 centímetros do solo, em áreas próximas a riachos ou poças permanentes no
interior de matas. Apesar de não ser tão abundante, é frequente nos locais onde ocorre. É
comum ouvir machos vocalizando durante os meses mais frios do ano, entre maio e agosto.
A desova é depositada diretamente na água. Os girinos possuem hábito bentônico.

Bibliografia: Caramaschi & Kisteumacher (1989); Pezzuti et al. (2011); Haddad et al. (2013).
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©Danielle Costa
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Scinax curicica Pugliese, Pombal & Sazima, 2004.

Nome popular: perereca.

Distribuição geográfica: Endêmica da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais, entre os


municípios de Ouro Branco e Serranópolis de Minas.

Espécie de pequeno porte, com comprimento rostrocloacal entre 25 e 30mm nos


machos e 28 e 31mm nas fêmeas. Cabeça mais longa que larga. Focinho subelíptico em
vista dorsal e arredondado em vista lateral. Canto rostral bem marcado. Pele do dorso
lisa, com tubérculos esparsos e coloração castanha a cinza, com mancha interorbital
estendendo-se em duas linhas longitudinais (contínuas ou interrompidas) até a região
inguinal. Linha estreita marrom-escura sobre o canto rostral, desde a ponta do focinho,
passando pelo olho e acima do tímpano, até o ombro. Membranas interdigitais vestigiais
nas mãos. Superfície posterior da coxa com manchas irregulares. Manchas amarelas nas
faces ocultas das tíbias.

Girinos de tamanho médio, de cinza-claro a castanho-bronzeado em vida, com corpo


marmoreado por manchas escuras irregulares. Cauda alta, com ponta aguda e grandes
manchas escuras arredondadas, podendo apresentar a metade posterior gradualmente
escurecida à noite. Olhos laterais. Narinas dorsais arredondadas, sem projeções nas
margens internas e localizadas aproximadamente à mesma distância do focinho e
dos olhos. Espiráculo lateral e curto, com parede interna fundida à parede do corpo
e uma pequena extremidade livre. Tubo anal destro e curto, posicionado acima da
margem inferior da nadadeira ventral e fundido à nadadeira. Disco oral anteroventral,
emarginado ventralmente, com interrupção dorsal na fileira de papilas marginais.
Muitas papilas submarginais nas laterais do disco oral. Fórmula dentária 2(2)/3(1).

Espécies correlatas: Scinax curicica se assemelha a S. aff. perereca, S. aff. x-signatus,


S. eurydice e S. fuscovarius. Difere de S. aff. perereca e S. aff. x-signatus pelo formato
do focinho, canto rostral bem marcado e padrão de coloração dorsal (focinho quase
arredondado em vista dorsal e levemente protruso em vista lateral em S. aff. perereca e
arredondado em vistas dorsal e lateral em S. aff. x-signatus; canto rostral pouco marcado
em ambas; dorso variando entre amarelo, castanho-claro e castanho-oliváceo, com
faixas longitudinais pretas ou marrons, que se unem na cabeça formando uma mancha
entre os olhos em S. aff. perereca e com linhas longitudinais em S. aff. x-signatus).
Difere de S. eurydice e S. fuscovarius pelo menor porte e padrão de colorido dorsal (com
manchas dorsais em forma de parênteses invertidos em S. eurydice e S. fuscovarius).

História natural: Espécie arborícola de hábito noturno e populações relativamente


abundantes. Encontrada em áreas naturais abertas. A reprodução acontece
principalmente na estação chuvosa, mas também na estação seca, se houver água
suficiente para o desenvolvimento dos girinos. Os machos vocalizam sobre a vegetação
herbácea e arbustiva e, algumas vezes, no solo. As desovas são depositadas no fundo
de poças e brejos temporários e remansos de riachos temporários, geralmente sobre
vegetação submersa. Os girinos são nectônicos, têm hábito predominantemente diurno
e são encontrados em locais com vegetação aquática abundante. Girinos e jovens
recém-metamorfoseados ocorrem durante a maior parte do ano.

Bibliografia: Eterovick & Sazima (2004); Pugliese et al. (2004); Kopp & Eterovick (2006);
Leite et al. (2008); Pezzuti et al. (2011).
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©Tiago Pezzuti
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Scinax eurydice (Bokermann, 1968).

Nome popular: perereca-de-banheiro.

Distribuição geográfica: Brasil, nos estados de Alagoas, Bahia, Espírito Santo,


Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe.

Espécie de médio porte, com comprimento rostrocloacal médio de 53mm em machos


e 48mm em fêmeas. Focinho arredondado em vistas dorsal e lateral. Canto rostral
bem marcado. Pele do dorso lisa, de coloração marrom-esverdeada, com dois pares
de manchas marrons mais escuras em forma de parênteses invertidos. Linha estreita
marrom-escura sobre o canto rostral, desde a ponta do focinho, passando pelo olho
e acima do tímpano, até o ombro. Superfícies dorsais dos braços e pernas com barras
transversais marrons. Em vida, porções escondidas das pernas e região inguinal
coloridas de amarelo vivo. Tarso com tubérculos.

Girinos de tamanho médio, castanho-amarelados em vida, com pequenas manchas


escuras irregulares das narinas até o final do corpo, passando pelos olhos. Cauda alta
com ponta aguda. Olhos grandes, laterais. Narinas arredondadas, sem projeções
nas margens internas, dorsais e localizadas mais próximas do focinho que dos olhos.
Espiráculo lateral e curto, com parede interna fundida à parede do corpo e uma
pequena extremidade livre. Tubo anal destro e curto, posicionado acima da margem
inferior da nadadeira ventral e fundido à nadadeira. Disco oral anteroventral,
emarginado ventralmente, com interrupção dorsal na fileira de papilas marginais.
Muitas papilas submarginais nas laterais do disco oral. Fórmula dentária 2(2)/3(1). ©

Espécies correlatas: Scinax eurydice é mais próxima a S. aff. perereca, S. aff.


x-signatus, S. curicica e S. fuscovarius. Difere de todas essas espécies, à exceção de
S. fuscovarius, pelo colorido dorsal com dois pares de manchas marrom-escuras em
forma de parênteses invertidos. Difere de S. aff. perereca e S. curicica pelo formato do
focinho (focinho quase arredondado em vista dorsal e levemente protruso em vista
lateral na primeira; subelíptico em vista dorsal e arredondado em vista lateral em S.
curicica). Difere também de S. aff. perereca pelo canto rostral bem marcado (pouco
marcado nesta espécie). Difere de S. curicica também pelo maior porte. Difere de S.
aff. x-signatus e S. fuscovarius pelo formato do focinho, canto rostral bem marcado
e pelo tarso com tubérculos (focinho arredondado em vistas dorsal e lateral em S.
aff. x-signatus e quase arredondado em vista dorsal e protruso em vista lateral em S.
fuscovarius; canto rostral pouco marcado e tarso com pele lisa nestas espécies).

História natural: Espécie noturna, arborícola e generalista que ocorre em florestas


primárias e secundárias, bordas de mata e ambientes abertos. É comumente
encontrada em ambientes antropizados, inclusive dentro das casas. Os machos
vocalizam nos meses mais secos e frios do ano, entre maio e setembro, na vegetação
baixa próxima a poças, lagoas, brejos e alagadiços, temporários ou permanentes. A
desova é depositada diretamente na água. Os girinos possuem hábito nectônico.

Bibliografia: Bokermann (1968); Arzabe et al. (1998); Wogel et al. (2000); Caramaschi
& Cardoso (2006); Arzabe & Carvalho-e-Silva (2010); Nunes et al. (2010); Nunes &
Pombal (2011); Haddad et al. (2013).
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©Bruno Pimenta

©Bruno Pimenta

©Roberta Murta-Fonseca

©Tiago Pezzuti
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Scinax fuscomarginatus (Lutz, 1925).

Nome popular: perereca.

Distribuição geográfica: Sul, centro e leste do Brasil, leste da Bolívia, Paraguai e noroeste
da Argentina.

Espécie de pequeno porte, com comprimento rostrocloacal médio de 22mm em machos e


23mm em fêmeas. Cabeça mais longa que larga. Focinho longo e subelíptico em vista dorsal,
protruso em vista lateral. Pele do dorso lisa, com tubérculos esparsos, de coloração bege
a castanho-claro. Linha vertebral (às vezes pouco evidente) e mancha de formato variável
(normalmente triangular) entre os olhos. Flanco com uma ou duas faixas largas marrons, do
olho à região inguinal, e linha estreita marrom-escura sobre o canto rostral, desde a ponta do
focinho, passando pelo olho e acima do tímpano, até o ombro. Faixa branca ou prateada sob
o olho, do meio do lábio inferior até o ombro. Região gular dos machos amarelada.

Girinos de tamanho médio, de castanho-claros a dourados em vida. Indivíduos mais


desenvolvidos com listras estreitas e escuras, da região lateral do disco oral, passando pelos
olhos, até a junção entre corpo e cauda. Cauda alta com ponta aguda. Olhos laterais. Narinas
arredondadas, sem projeções nas margens internas, dorsais e localizadas aproximadamente
à mesma distância do focinho e dos olhos. Espiráculo lateral e curto, com parede interna
fundida à parede do corpo e uma pequena extremidade livre. Tubo anal destro, curto,
posicionado acima da margem inferior da nadadeira ventral e fundido à nadadeira. Disco
oral anteroventral, emarginado ventralmente, com interrupção dorsal na fileira de papilas
marginais. Muitas papilas submarginais nas laterais do disco oral. Fórmula dentária 2(2)/3(1).

Espécies correlatas: Scinax fuscomarginatus é mais assemelhada a S. squalirostris e Scinax


sp., devido ao focinho alongado, e a Dendropsophus branneri pela faixa branca sob o olho.
Da primeira, difere pelo padrão de colorido dorsal, faixa branca ou prateada sob o olho,
do meio do lábio inferior até o ombro, e partes ocultas das pernas sem coloração brilhante
(padrão dorsal listrado, região sob o olho sem faixas e coloração das partes ocultas das
pernas avermelhada em S. squalirostris). De Scinax sp., é separada pelo formato do focinho,
cor dos olhos em vida, coloração dorsal e presença de faixa branca sob o olho (focinho
pontudo em vista dorsal e acuminado a arredondado em vista lateral, íris avermelhada em
vida e dorso de coloração castanho-amarelada, algumas vezes com dois pares de manchas
marrons mais escuras em forma de parênteses invertidos, em Scinax sp.). Difere de D.
branneri principalmente devido a uma característica comum a todas as espécies de Scinax,
que consiste na ausência ou redução da membrana interdigital entre os artelhos I e II, pela
cabeça mais longa que larga e formato do focinho (membrana interdigital entre os artelhos
I e II desenvolvida, cabeça tão larga quanto longa, focinho levemente arredondado em vista
dorsal e truncado em vista lateral em D. branneri).

História natural: Espécie noturna de hábito arborícola e populações abundantes. Encontrada


em poças, brejos e alagadiços, temporários ou permanentes, sempre em áreas abertas. A
reprodução acontece na estação chuvosa, entre os meses de dezembro e março, quando
os machos vocalizam na vegetação marginal ou emersa dos corpos d’água. Os ovos são
depositados diretamente na água. Os girinos possuem hábito nectônico e são encontrados
em meio à vegetação aquática às margens dos corpos d’água. Registrados durante a estação
chuvosa.

Bibliografia: Lutz (1973); Toledo & Haddad (2005); Cardoso & Pombal (2010); Pezzuti et al. (2011).
©Danielle Costa 115

©Roberta Murta-Fonseca ©Roberta Murta-Fonseca

©Tiago Pezzuti
116

Scinax fuscovarius (Lutz, 1925).

Nome popular: perereca-de-banheiro.

Distribuição geográfica: No Brasil, ocorre nos estados do Mato Grosso, Tocantins, Goiás, Mato
Grosso do Sul, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul, nos biomas da Mata Atlântica, Cerrado e Pantanal; ocorrem
também no leste da Bolívia, Paraguai e norte da Argentina.

Espécie de médio porte, com comprimento rostrocloacal entre 41 e 47mm em machos e 44


e 48mm em fêmeas. Focinho quase arredondado em vista dorsal, protruso em vista lateral.
Canto rostral pouco marcado. Pele do dorso granular, com coloração pardo-amarelada e
faixas marrom-escuras, algumas em forma de parênteses invertidos. Membranas interdigitais
vestigiais nas mãos. Superfícies dorsais dos braços e pernas com barras transversais marrons.
Faces ocultas das pernas e região inguinal com coloração amarela brilhante, às vezes também
presente na superfície posterior do braço.

Girinos de tamanho médio, acinzentados ou prateados em vida, com corpo completamente


marmoreado por pequenas manchas escuras. Cauda alta com ponta aguda. Olhos laterais.
Narinas arredondadas, sem projeções nas margens internas, dorsais e localizadas mais
próximas do focinho que dos olhos. Espiráculo lateral e curto, com parede interna fundida
à parede do corpo e uma pequena extremidade livre. Tubo anal destro e curto, posicionado
acima da margem inferior da nadadeira ventral e fundido à nadadeira. Disco oral anteroventral,
emarginado ventralmente, com interrupção dorsal na fileira de papilas marginais. Muitas
papilas submarginais nas laterais do disco oral. Fórmula dentária 2(2)/3(1).

Espécies correlatas: Scinax fuscovarius é mais parecida com S. aff. perereca, S. aff. x-signatus,
S. curicica e S. eurydice. Difere de S. aff. perereca , S. aff. x-signatus e S. curicica principalmente
pelo padrão de colorido dorsal (variando entre amarelo, castanho-claro e castanho-oliváceo,
com faixas longitudinais pretas ou marrons, em S. aff. perereca; coloração castanho-amarelada,
com duas linhas longitudinais pouco definidas desde a região pós-orbital até o meio do dorso
em S. aff. x-signatus; coloração castanha a cinza, com mancha interorbital estendendo-se em
duas linhas longitudinais até a região inguinal em S. curicica). Difere de S. eurydice pelo formato
do focinho, canto rostral pouco marcado e pelo tarso com pele lisa (focinho arredondado em
vistas dorsal e lateral, canto rostral bem marcado e tarso com tubérculos em S. eurydice).
Difere também de S. curicica pelo maior porte e de S. aff. x-signatus pelo formato do focinho
(arredondado em vistas dorsal e lateral em S. aff. x-signatus).

História natural: Espécie de hábito noturno e arborícola, com populações abundantes.


Encontrada em áreas abertas. Adapta-se com facilidade a ambientes antropizados. A
reprodução acontece em brejos, poças ou riachos, temporários ou permanentes, cercados por
vegetação arbustiva. Os machos vocalizam sobre o chão, rochas ou na vegetação marginal, no
final da estação seca e estação chuvosa (setembro a março). As fêmeas depositam a desova no
fundo dos corpos d’água, com os ovos espalhados entre detritos vegetais. Os girinos possuem
hábito nectônico e são encontrados em meio à vegetação aquática próxima às margens dos
corpos d’água. Registrados durante a estação chuvosa.

Bibliografia: Lutz (1973); Eterovick & Sazima (2004); Cruz et al. (2009).
©Danielle 117
Costa

©Tiago Pezzuti
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Scinax luizotavioi (Caramaschi & Kisteumacher, 1989).

Nome popular: perereca.

Distribuição geográfica: Serra da Mantiqueira, no sul de Minas Gerais, porção sul da Serra do
Espinhaço e município de São José do Mantimento - MG.

Espécie de pequeno porte, com comprimento rostrocloacal médio de 22mm em machos


e 25mm em fêmeas. Cabeça tão larga quanto longa. Focinho subelíptico em vista dorsal e
protruso em vista lateral, com tubérculo cônico proeminente entre as narinas. Canto rostral
bem marcado. Saco vocal lateralizado. Pele do dorso rugosa, com vários tubérculos cônicos
de diferentes tamanhos, de colorido variando de amarelo vivo a dourado e sem desenhos
aparentes à noite. Mancha triangular entre os olhos e barras transversais pouco definidas nas
pernas. Crenulações nos antebraços, tarsos e pés.

Girinos pequenos, castanho-claros em vida. Cauda com ponta aguda, finamente reticulada e
com estreita listra longitudinal escura, interrompida na margem dorsal do músculo (podendo
formar barras em vista dorsal). Olhos dorsais. Narinas arredondadas, sem projeções nas
margens internas, dorsais e localizadas, aproximadamente, à mesma distância do focinho
e dos olhos. Espiráculo lateral e curto, com parede interna fundida à parede do corpo e
uma pequena extremidade livre. Tubo anal destro e longo, posicionado ao nível da margem
inferior da nadadeira ventral e fundido à nadadeira. Disco oral ventral, não emarginado, com
lábio posterior côncavo quando fechado. Interrupção dorsal na fileira de papilas marginais e
muitas papilas submarginais nas laterais do disco oral. Fórmula dentária 2(2)/3.

Espécies correlatas: Na região, as espécies mais semelhantes a Scinax luizotavioi são S.


carnevallii e S. machadoi, das quais difere prontamente pelo dorso de amarelo vivo a dourado
em vida e pela ausência de coloração brilhante na região inguinal (colorido esbranquiçado
com manchas pretas, na região inguinal, em S. carnevallii; manchas amarelas ou laranjas
com bordas enegrecidas em S. machadoi). Difere de S. carnevallii também pela posição do
saco vocal e crenulações nos membros (saco vocal lateralizado e membros sem crenulações
em S. luizotavioi). Difere ainda de S. machadoi pelo canto rostral bem marcado e flanco sem
linha estreita clara do olho à região inguinal (canto rostral pouco marcado e flanco com linha
variando de branco a bege em S. machadoi). Scinax luizotavioi compartilha com Scinax sp.
a ocorrência de tubérculo cônico entre as narinas, mas é facilmente separada desta pelo
formato do focinho, cor dos olhos em vida, posição do saco vocal e pela textura e coloração da
pele do dorso (focinho pontudo em vista dorsal e acuminado a arredondado em vista lateral,
íris avermelhada em vida, saco vocal subgular e pele do dorso lisa, de coloração castanho-
amarelada, algumas vezes com dois pares de manchas marrons mais escuras em forma de
parênteses invertidos, em Scinax sp.).

História natural: Espécie noturna e arborícola que habita áreas abertas, bordas de mata e
florestas, com populações abundantes. Reproduz-se em poças, lagoas artificiais e remansos
de riachos. Os machos vocalizam nos meses frios da estação seca, entre junho e agosto,
sobre a vegetação herbácea e arbustiva. Os girinos possuem hábito bentônico e são mais
ativos durante a noite, quando se alimentam sobre o fundo lamacento entre detritos e folhas.
São registrados ao longo de todo o ano.

Bibliografia: Caramaschi & Kisteumacher (1989); Cruz et al. (2009); Carvalho Jr. et al. (2010);
Pezzuti et al. (2011); Haddad et al. (2013).
©Tiago Pezzuti
120

Scinax machadoi (Bokermann & Sazima, 1973).

Nome popular: perereca.

Distribuição geográfica: Espécie endêmica da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais, com


distribuição conhecida apenas entre os municípios de Catas Altas e Conceição do Mato
Dentro.

Espécie de pequeno porte, com comprimento rostrocloacal médio de 26mm nos machos
e 21mm nas fêmeas. Focinho truncado em vista dorsal, arredondado a protruso em
vista lateral. Canto rostral pouco marcado. Saco vocal subgular e único. Pele do dorso
finamente granulada, com duas grandes manchas diagonais castanho-escuras sobre
fundo acinzentado a castanho-claro. Flanco com linha estreita, variando entre branco e
bege, do olho à região inguinal. Mancha triangular entre os olhos. Mancha amarela com
borda enegrecida na região inguinal e ocelos da mesma cor na face interna da tíbia. Braços
e pernas com faixas transversais de variados tons de marrom, às vezes pouco distintas.
Mãos sem membranas interdigitais.

Girinos de tamanho médio, castanho-claros em vida, com duas listras douradas


transversais: uma anterior aos olhos (na região do focinho) e outra próxima à junção
entre corpo e cauda. Cauda com ponta aguda. Olhos dorsais. Narinas arredondadas,
sem projeções nas margens internas, dorsais e localizadas aproximadamente à mesma
distância do focinho e dos olhos. Espiráculo lateral e curto, com parede interna fundida à
parede do corpo e uma pequena extremidade livre. Tubo anal destro e longo, posicionado
ao nível da margem inferior da nadadeira ventral e com extremidade distal independente
da nadadeira. Disco oral ventral grande, não emarginado, com lábio posterior côncavo
quando fechado. Fileira dupla de papilas marginais ao redor de todo o disco oral, sem
interrupções. Muitas papilas submarginais nas laterais do disco oral. Fórmula dentária
2(2)/3 ou 2(2)/3(1).

Espécies correlatas: Dentre as espécies da região, Scinax carnevallii e S. luizotavioi são


as mais assemelhadas a S. machadoi. De S. carnevallii e S. luizotavioi difere pelo canto
rostral pouco marcado, pela coloração do flanco e pela superfície lisa entre as narinas
(canto rostral bem marcado, tubérculo cônico entre as narinas e flanco sem linha estreita,
variando entre branco e bege, do olho à região inguinal nessas espécies). Difere ainda
de S. carnevallii pelo saco vocal subgular e pela coloração da região inguinal (saco vocal
lateralizado e região inguinal esbranquiçada com manchas pretas em S. carnevallii).
Difere de S. luizotavioi pelo colorido dorsal acinzentado a castanho-claro com manchas
diagonais castanho-escuras (dorso amarelo vivo a dourado, sem manchas aparentes, em
S. luizotavioi).

História natural: Espécie noturna e arborícola, pouco frequente na região e encontrada


em campos rupestres e matas. Reproduz-se na estação chuvosa, entre setembro e
dezembro. Os machos vocalizam na vegetação arbustiva marginal de riachos permanentes
encachoeirados, em posição horizontal e com o saco vocal pouco inflado, ao longo de todo
o ano. A desova é depositada em torno de raízes submersas nas margens dos riachos. Os
girinos possuem hábito bentônico e são encontrados alimentando-se em remansos, onde
se camuflam no substrato de cascalho. Registrados ao longo de todo o ano.

Bibliografia: Bokermann & Sazima (1973); Eterovick & Sazima (2004); Leite et al. (2008);
Pezzuti et al. (2011).
©Bruno Pimenta

©Thiago Silva-Soares

©Tiago Pezzuti
122

Scinax squalirostris (Lutz, 1925).

Nome popular: perereca-do-focinho-longo.

Distribuição geográfica: sul, sudeste e centro-oeste do Brasil, Paraguai, Uruguai,


Argentina e Bolívia.

Espécie de pequeno porte, com comprimento rostrocloacal médio de 25mm nos


machos e 27mm nas fêmeas. Cabeça mais longa que larga. Focinho longo e subelíptico
em vista dorsal, protruso em vista lateral. Canto rostral bem marcado. Pele do dorso
lisa, com coloração de fundo variando do castanho-claro ao acobreado. Destacam-se
duas faixas dorsolaterais variando entre branco e dourado desde as narinas, passando
pelo canto rostral e seguindo, mais largas após os olhos, até a região inguinal. Par de
faixas pouco mais estreitas, variando entre castanho e marrom-escuro, marginando
cada faixa dorsolateral. Pernas com padrão listrado semelhante ao do dorso. Flancos
e faces ocultas avermelhadas. Região gular dos machos amarelo-limão.

Girinos de tamanho médio, prateados ou dourados em vida. Cauda com ponta aguda
e metade posterior abruptamente escurecida. Olhos laterais. Narinas arredondadas,
sem projeções nas margens internas, dorsais e localizadas aproximadamente
à mesma distância do focinho e dos olhos. Espiráculo lateral e curto, com parede
interna fundida à parede do corpo e uma pequena extremidade livre. Tubo anal
destro e curto, posicionado acima da margem inferior da nadadeira ventral e fundido
à nadadeira. Disco oral anteroventral emarginado ventralmente, com interrupção
dorsal na fileira de papilas marginais. Muitas papilas submarginais nas laterais do
disco oral. Fórmula dentária 2(2)/3(1).

Espécies correlatas: Scinax squalirostris difere de todas as espécies ocorrentes na


região (à exceção de Hypsiboas cipoensis e H. polytaenius) pelo padrão de colorido
listrado no dorso e membros, além de se assemelhar a S. fuscomarginatus devido
ao focinho longo. Difere de H. cipoensis e H. polytaenius pelo formato do focinho
(truncado em vista dorsal e arredondado em vista lateral nessas espécies). Difere
ainda de H. polytaenius por não apresentar apêndices calcâneos e crista supracloacal
(presentes em H. polytaenius). Difere de S. fuscomarginatus pelo padrão de colorido
dorsal, região sob o olho sem faixas e coloração das partes ocultas das pernas (dorso
com coloração bege a castanho-claro, faixa branca ou prateada sob o olho, do meio
do lábio inferior até o ombro, e partes ocultas das pernas sem coloração brilhante em
S. fuscomarginatus).

História natural: Espécie noturna e arborícola, de populações abundantes, que


ocorre em áreas abertas naturais. Os machos vocalizam de outubro a fevereiro e,
ocasionalmente, na estação seca, sobre capins ou arbustos às margens de corpos
d’água permanentes ou temporários. Os ovos são depositados diretamente na
água. Os girinos possuem hábito nectônico e são encontrados em meio à vegetação
aquática próxima às margens dos corpos d’água.

Bibliografia: Lutz (1973); Eterovick & Sazima (2004); Cruz et al. (2009); Aquino et al.
(2010); Pezzuti et al. (2011).
123

©Tiago Pezzuti
124

Scinax sp.

Nome popular: perereca.

Distribuição geográfica: Espécie ainda sem identificação, assemelhada a Scinax


crospedospilus. No presente estudo foi encontrada em Conceição do Mato Dentro.

As características morfológicas descritas a seguir foram obtidas a partir de espécimes


coletados e depositados em coleções de referência. Espécie de médio porte, com
comprimento rostrocloacal entre 26 e 29 mm em machos. Focinho pontudo em vista
dorsal e acuminado a arredondado em vista lateral, com um tubérculo de formato
cônico entre as narinas. Canto rostral bem marcado. Íris avermelhada em vida. Saco
vocal subgular e único. Pele do dorso lisa, de coloração castanho-amarelada, algumas
vezes com dois pares de manchas marrons mais escuras em forma de parênteses
invertidos (um na região escapular e outro entre o meio do dorso e a região sacral).
Alguns exemplares apresentam as manchas formando duas linhas paralelas
longitudinais. Linha estreita marrom-escura sobre o canto rostral, desde as narinas,
passando pelo olho e acima do tímpano, bem evidente até o ombro, esmaecendo-
se gradualmente até a região inguinal. Superfícies dorsais dos braços e pernas com
barras transversais marrons pouco definidas. Região inguinal amarelada. Tarso com
tubérculos.
O girino ainda não é conhecido.

Espécies correlatas: Scinax sp. é mais próxima a S. carnevallii e S. luizotavioi, pela


presença de tubérculo cônico entre as narinas, e a S. fuscomarginatus devido ao
focinho alongado. De todas estas, é prontamente distinta pelo formato do focinho
e pelo tarso com tubérculos (focinho truncado em vista dorsal e protruso em vista
lateral em S. carnevallii; subelíptico em vista dorsal e protruso em vista lateral
em S. fuscomarginatus e S. luizotavioi; pele do tarso lisa nestas espécies). Difere
ainda de S. carnevallii e S. luizotavioi pela pele dorsal lisa (pele rugosa com vários
tubérculos cônicos de diferentes tamanhos nestas espécies). Difere de S. luizotavioi
pela posição do saco vocal, coloração dorsal castanho-amarelada e margem externa
dos membros sem crenulações (saco vocal lateralizado, coloração dorsal dourada ou
amarelada em vida e crenulações desenvolvidas em S. luizotavioi). Difere também de
S. fuscomarginatus pelo padrão de colorido sob o olho e nos flancos (com faixa branca
ou prateada sob o olho, do meio do lábio inferior até o ombro, e flanco com uma ou
duas faixas largas marrons, do olho à região inguinal, em S. fuscomarginatus).

História natural: As poucas informações sobre história natural baseiam-se nas


observações dos autores. Espécie noturna, arborícola e generalista que ocorre
em ambientes abertos. Machos foram encontrados vocalizando em novembro,
indicando atividade reprodutiva nos períodos mais chuvosos, na vegetação arbustiva
às margens de uma lagoa.
125
126

FAMÍLIA HYLODIDAE

Crossodactylus bokermanni Caramaschi & Sazima, 1985.

Nome popular: rãzinha-do-riacho.

Distribuição geográfica: Endêmica da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais, entre os


municípios de Ouro Branco e Serranópolis de Minas.
Espécie de pequeno porte, com comprimento rostrocloacal entre 19 e 25mm em machos e
21 e 28mm em fêmeas. Focinho arredondado em vistas dorsal e lateral, com canto rostral
bem marcado. Saco vocal único e subgular. Pele do dorso lisa, com grânulos concentrados
na região sacral e alguns espalhados pelo restante do corpo. Coloração do dorso varia de
cinza-amarelado a amarelo-oliváceo, às vezes com tons metálicos. Linha branca cobrindo o
lábio superior e outra linha branca no flanco, do meio do corpo até a região inguinal. Braços e
pernas com barras transversais marrom-escuras na maioria dos indivíduos. Dedo I com dois a
quatro espinhos nupciais, tanto em machos quanto em fêmeas. Tarso e artelhos com fímbrias
(projeções de pele na margem externa do tarso e margens dos artelhos) muito desenvolvidas
nos machos, reduzidas em fêmeas.
Girinos grandes, castanho-escuros em vida. Cauda com ponta aguda ou arredondada e
marmoreada com grandes manchas escuras arredondadas. Olhos dorsais. Narinas elípticas,
dorsais, com projeções pouco desenvolvidas nas margens internas. Espiráculo lateral e curto.
Intestino em espiral elíptica. Tubo anal destro e curto. Disco oral anteroventral, emarginado
lateroventralmente, com ampla interrupção dorsal na fileira de papilas marginais. Poucas
papilas submarginais dispostas em pequenas fileiras nas laterais e lábios. Fórmula dentária
2(2)/3(1).

Espécies correlatas: Espécie mais assemelhada a Hylodes otavioi e Thoropa megatympanum.


Difere de H. otavioi pelo focinho arredondado em vista dorsal, saco vocal único, linha branca
no flanco, do meio do corpo até a região inguinal, extremidades dos dedos e artelhos sem
dilatações, dedo I com espinhos nupciais e ausência de crista glandular dorsolateral (focinho
quase arredondado a subovoide em vista dorsal, saco vocal duplo, sem linha branca no flanco,
dedos e artelhos com extremidades dilatadas e dobras dérmicas granulares dorsolaterais em
H. otavioi). Difere de Thoropa megatympanum pela linha branca cobrindo o lábio superior,
tímpano com diâmetro menor que o do olho e pés com fímbrias desenvolvidas em machos
(lábio superior manchado como mármore, tímpano de diâmetro semelhante ao do olho e
fraca prega dérmica apenas ao longo do tarso em T. megatympanum).

História natural: Espécie diurna e saxícola, de populações relativamente abundantes, mas


pouco frequente na região. Habita riachos permanentes (e ocasionalmente temporários) com
corredeiras e fundo pedregoso, em florestas ciliares de Cerrado, campos rupestres e Mata
Atlântica. Os machos vocalizam durante a maior parte do ano, sobre o solo nas margens
ou sobre rochas e vegetação emersa. Nos períodos mais chuvosos, quando os riachos
apresentam grande volume de água, são encontrados em poças marginais, provavelmente
evitando as enxurradas. A desova é depositada em cavidades sob rochas debaixo d’água. Os
girinos possuem hábito bentônico e se alimentam sob raízes e barrancos, tanto em áreas de
remanso quanto de correnteza. Registrados ao longo de todo o ano.

Bibliografia: Caramaschi & Sazima (1985); Eterovick & Sazima (2004); Pimenta et al. (2008);
Pezzuti et al. (2011); Haddad et al. (2013).
©Bruno Pimenta
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©Vinícius São Pedro

©Tiago Pezzuti
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Hylodes otavioi Sazima & Bokermann, 1983.

Nome popular: rãzinha-do-riacho.

Distribuição geográfica: Endêmica da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais, com distribuição


restrita entre a Serra do Cipó e Conceição do Mato Dentro.

Espécie de porte médio, com comprimento rostrocloacal médio de 32mm em machos e


34mm em fêmeas. Focinho quase arredondado a subovoide em vista dorsal e acuminado em
vista lateral, com canto rostral bem marcado. Sacos vocais pareados e laterais. Pele do dorso
com textura finamente granulosa e coloração castanho-esverdeada. Faixa marrom-escura
desde a ponta do focinho, passando pela lateral da cabeça e flanco, até a região inguinal.
Linha branca cobrindo o lábio superior. Extremidades dos dedos e artelhos dilatadas. Pés
com fímbrias bem desenvolvidas em machos. Crista glandular dorsolateral, da pálpebra
superior até a região inguinal.

Girinos grandes, castanho-escuros em vida. Cauda com ponta aguda e duas listras
longitudinais escuras no músculo: uma no meio da musculatura, da junção entre corpo e
cauda até o primeiro terço da cauda; outra, contínua, na margem dorsal. Olhos dorsais.
Narinas elípticas, com projeções pouco desenvolvidas nas margens internas e dorsais.
Espiráculo lateral e curto. Intestino em espiral elíptica. Acúmulos de neuromastos
(células sensitivas) muito evidentes no ventre. Tubo anal destro e curto. Disco oral ventral,
emarginado lateroventralmente, com ampla interrupção dorsal na fileira bi ou trisseriada
(fileira composta por duas ou três linhas) de papilas marginais. Poucas papilas submarginais
dispostas em pequenas fileiras nas laterais do disco oral e lábios. Fórmula dentária 2(2)/3(1).

Espécies correlatas: Espécie mais assemelhada a Crossodactylus bokermanni e Thoropa


megatympanum, das quais difere pelo focinho quase arredondado a subovoide em vista
dorsal, saco vocal duplo e lateral, extremidades dilatadas dos dedos e artelhos e crista
glandular dorsolateral (focinho arredondado em vista dorsal, saco vocal único e subgular,
dedos e artelhos sem extremidades dilatadas ou pouco dilatadas e cristas glandulares
dorsolaterais ausentes em C. bokermanni e T. megatympanum). Difere ainda de Thoropa
megatympanum pela linha branca cobrindo o lábio superior, tímpano com diâmetro menor
do que o do olho e pés com fímbrias desenvolvidas em machos (lábio superior manchado
como mármore, tímpano de diâmetro semelhante ao do olho e fraca prega dérmica apenas
ao longo do tarso em T. megatympanum).

História natural: Espécie diurna e saxícola, pouco frequente na região, que habita riachos
permanentes com corredeiras e fundo pedregoso, em florestas ciliares de cerrado, campos
rupestres e Mata Atlântica. São bastante ariscos, cessando a vocalização (semelhante ao
trinar de um pássaro) assim que percebem a aproximação de predadores. Quando ameaçados,
saltam na água logo abaixo da corredeira, dificultando a localização. O período reprodutivo
acontece na estação chuvosa, entre os meses de novembro e fevereiro. Os machos vocalizam
durante o dia, sobre pedras emersas do leito do riacho ou nas margens, sempre ao lado
de corredeiras. A desova é depositada em cavidades sob rochas debaixo d’água. Os girinos
possuem hábito bentônico e são encontrados alimentando-se sob raízes e barrancos, tanto
em áreas de remanso quanto de correnteza fraca. Possuem desenvolvimento lento e são
registrados ao longo de todo o ano.

Bibliografia: Sazima & Bokermann (1983); Eterovick & Sazima (2004); Haddad et al. (2013).
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©Ronald Rezende de Carvalho Júnior

©Ronald Rezende de Carvalho Júnior

©Tiago Pezzuti
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FAMÍLIA LEPTODACTYLIDAE

Physalaemus crombiei Heyer & Wolf, 1989

Nome popular: rãzinha

Distribuição geográfica: Serra da Boa Vista (setor norte da Serra da Mantiqueira no Espírito
Santo), Parque Estadual do Rio Doce - MG, município de Sem-Peixe - MG e Serra do Espinhaço
entre os municípios de Ouro Branco e Conceição do Mato Dentro - MG.

Espécie de pequeno porte, com comprimento rostrocloacal médio de 21 mm em machos e


23 mm em fêmeas. Cabeça mais larga que comprida. Focinho subelíptico em vista dorsal e
arredondado em vista lateral. Pele do dorso lisa, com duas ou três manchas marrom-escuras
em forma de “V” invertido, conectadas ou não umas às outras, sobre fundo castanho a
marrom. Faixa marrom-escuro desde o focinho ou olho, passando por cima do tímpano e
pelo flanco, até a região inguinal. Mancha circular negra, chamada ocelo, cobrindo glândula
na região inguinal. Antebraços e pernas com faixas transversais marrom-escuro. Ventre
levemente rosáceo.

Girinos pequenos, castanho-claros em vida, sem manchas distintas no corpo ou cauda, que
são finamente reticulados. Cauda com ponta aguda. Olhos dorsais de tamanho intermediário.
Narinas dorsais, grandes, elípticas e com projeções pouco desenvolvidas nas margens
internas. Espiráculo lateral e curto. Tubo anal destro e longo. Disco oral anteroventral,
emarginado lateralmente, com ampla interrupção dorsal e discretas interrupções ventral e
lateroventral na fileira de papilas marginais. Sem papilas submarginais. Fórmula dentária
2(2)/3(1).

Espécies correlatas: As espécies que se assemelham a Physalaemus crombiei na região são


P. cuvieri, P. evangelistai, P. orophilus e Pseudopaludicola giarettai. De todas elas, P. crombiei
se distingue pelo padrão de desenho dorsal. Difere de P. cuvieri e P. evangelistai por não
apresentar tubérculo no tarso (presente nestas espécies). Difere ainda de P. cuvieri por não
possuir um par de manchas negras na região sacral (presentes em P. cuvieri) e de P. cuvieri e
P. orophilus pelas glândulas inguinais associadas a ocelos escuros (glândulas inguinais sem
ocelos nestas espécies). Difere também de P. evangelistai e P. orophilus pela cabeça mais
larga que comprida (mais comprida que larga em P. evangelistai e tão comprida quanto larga
em P. orophilus). De Pseudopaludicola giarettai, difere pelo maior porte e focinho subelíptico
em vista dorsal (focinho arredondado em vista dorsal em Ps. giarettai).

História natural: Espécie noturna e terrícola, que habita o folhiço em áreas florestadas.
Os machos vocalizam no chão durante todo o ano, com pico de atividade nos meses mais
quentes e úmidos (outubro a março). A reprodução ocorre em pequenas poças, normalmente
temporárias. Em todas as espécies do gênero Physalaemus, os ovos são depositados no
interior de um ninho de espuma, formado por um muco que é batido pelos pais com as
pernas durante a oviposição, em processo semelhante à fabricação de claras em neve. Em
P. crombiei, os ninhos podem ser colocados diretamente sobre a água ou no folhiço úmido.
Os girinos são bentônicos e se alimentam sobre o fundo lamacento das poças. Completam o
desenvolvimento em poucos meses e são encontrados apenas na estação chuvosa.

Bibliografia: Heyer & Wolf (1989); Nascimento et al. (2005b); Pupin et al. (2010), Pezzuti et
al. (2011); Haddad et al. (2013).
131
132

Physalaemus cuvieri Fitzinger, 1826.

Nome popular: rã-cachorro.

Distribuição geográfica: Ampla distribuição no Brasil, abrangendo quase todos os estados


(com exceção de Acre e Roraima) e os biomas da Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado e
Caatinga, além da província de Misiones, na Argentina, leste do Paraguai e Bolívia.

Espécie de médio porte, com comprimento rostrocloacal médio de 28mm em machos


e 31mm em fêmeas. Cabeça pouco mais larga que comprida. Focinho arredondado ou
subelíptico em vista dorsal e protruso em vista lateral. Dorso com pele lisa ou finamente
granular, às vezes com cristas glandulares longitudinais, apresentando desenhos e
coloração bastante variados, mas normalmente sobre fundo marrom. Um par de manchas
negras na região sacral. Flanco com faixa escura (variando de marrom a preto) desde o
focinho ou olho, passando por cima do tímpano e pelo flanco, até a região inguinal. Região
inguinal e faces internas das coxas laranja-avermelhado. Glândulas inguinais podem estar
presentes, mas nunca associadas a manchas ocelares. Presença de um tubérculo no tarso.

Girinos pequenos, acinzentados em vida. Cauda com ponta aguda, manchas arredondadas
escuras nas nadadeiras e manchas despigmentadas na musculatura. Olhos e narinas
dorsais grandes. Narinas elípticas, com projeções pouco desenvolvidas nas margens
internas. Espiráculo lateral e curto. Tubo anal destro e longo. Disco oral anteroventral,
emarginado lateralmente, com ampla interrupção dorsal e discretas interrupções ventral
e lateroventral na fileira de papilas marginais. Sem papilas submarginais. Fórmula
dentária 2(2)/3(1).

Espécies correlatas: As espécies que se assemelham a Physalaemus cuvieri na região


são P. crombiei, P. evangelistai, P. orophilus e Pseudopaludicola giarettai. De todas elas,
P. cuvieri se distingue pelo padrão de desenho dorsal e pelo par de manchas negras na
região sacral (região sacral sem manchas escuras nestas espécies). Difere de P. crombiei
e P. evangelistai pelas glândulas inguinais não associadas a ocelos escuros (glândulas
inguinais associadas a ocelos nestas espécies). Difere ainda de P. evangelistai e P. orophilus
pela cabeça pouco mais larga que comprida (mais comprida que larga em P. evangelistai
e tão comprida quanto larga em P. orophilus) e de P. crombiei e P. orophilus pelo tubérculo
no tarso (tarso sem tubérculo nestas espécies). De Pseudopaludicola giarettai, difere pelo
maior porte e pelo par de manchas escuras na região sacral (sem manchas na região sacral
em Ps. giarettai).

História natural: Espécie noturna e terrícola, de populações bastante abundantes,


que habita principalmente áreas abertas e folhiço em áreas florestadas. Adapta-se
bem a ambiente antropizados. A reprodução ocorre em poças, brejos e alagadiços de
diversos tamanhos, temporários ou permanentes, podendo ocupar, inclusive, os buracos
formados por pegadas de gado. Os machos vocalizam nas partes rasas dos corpos d’água,
mantendo o pulmão inflado para boiarem, ou no chão, entre outubro e fevereiro. A
vocalização se assemelha ao latido de um cachorro ou aos dizeres “foi-não-foi”, tornando
a espécie bastante conhecida de moradores de regiões rurais. A desova é depositada em
um ninho de espuma flutuante, geralmente aderido à vegetação marginal. Os girinos
são bentônicos, com hábito predominantemente diurno, e se alimentam sobre fundo
lamacento, próximos à vegetação aquática. São registrados ao longo de todo o ano.

Bibliografia: Eterovick & Sazima (2004); Nascimento et al. (2005b); Pezzuti et al. (2011);
Haddad et al. (2013).
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©Tiago Pezzuti
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Physalaemus evangelistai Bokermann, 1967.

Nome popular: rãzinha.

Distribuição geográfica: Endêmica da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais, entre os


municípios de Catas Altas e São Gonçalo do Rio Preto.

Espécie de pequeno porte, com comprimento rostrocloacal médio de 23mm em


machos e 22mm em fêmeas. Cabeça mais longa que larga. Focinho subelíptico em
vista dorsal, protruso em vista lateral. Pele do dorso com cristas dérmicas glandulares
longitudinais, coloração de fundo castanho-esverdeado, algumas manchas escuras
esparsas lembrando a forma de um ômega (Ω) e uma ou duas manchas escuras entre
os olhos. Flanco com faixa escura (variando de marrom a preto) desde o focinho ou
olho, passando por cima do tímpano e pelo flanco, até a região inguinal. Membros
com faixas transversais castanho-escuras sobre fundo castanho-claro. Região inguinal
e faces internas das coxas laranja-avermelhadas. Glândulas inguinais associadas a
manchas ocelares negras. Presença de um tubérculo no tarso.

Girinos pequenos, marrom-escuros em vida. Cauda com ponta arredondada, colorida


por manchas e pontos marrons esparsos. Olhos dorsais, pequenos. Narinas elípticas,
dorsais, mais próximas dos olhos que do focinho. Espiráculo lateral e curto. Tubo
anal medial longo, abrindo-se posteriormente e fundido à nadadeira ventral. Disco
oral ventral emarginado lateralmente, com ampla interrupção dorsal e discretas
interrupções lateroventrais na fileira de papilas marginais. Sem papilas submarginais.
Fórmula dentária 2(2)/3(1).

Espécies correlatas: As espécies que mais se assemelham a Physalaemus evangelistai


na região são P. crombiei, P. cuvieri, P. orophilus e Pseudopaludicola giarettai. De
todas elas, P. evangelistai se distingue pelo padrão de desenho dorsal. Difere de P.
cuvieri e P. orophilus pela cabeça mais comprida que larga e pelas glândulas inguinais
associadas a ocelos negros (cabeça pouco mais larga que comprida em P. cuvieri e tão
larga quanto comprida em P. orophilus; glândulas inguinais não associadas a ocelos
nestas espécies). Difere também de P. cuvieri por não apresentar um par de manchas
negras na região sacral (região sacral com manchas negras nesta espécie) e de P.
crombiei e P. orophilus pelo tubérculo no tarso (tarso sem tubérculo nestas espécies).
De Pseudopaludicola giarettai, difere pelo maior porte, focinho subelíptico em vista
dorsal e pelas glândulas inguinais associadas a ocelos negros (focinho arredondado
em vista dorsal e sem ocelos negros na região inguinal em Ps. giarettai).

História natural: Espécie terrícola de hábitos noturnos. A reprodução acontece


em poças e brejos temporários de áreas naturais abertas, cercados por vegetação
arbustiva, durante a estação chuvosa, entre outubro e fevereiro. Os machos vocalizam
no solo, próximos às margens, ou nas porções rasas dos corpos d’água, em meio à
densa vegetação herbácea. Formam coros com machos próximos entre si, que cantam
alternadamente, desde o crepúsculo até a madrugada. As fêmeas depositam a desova
em um ninho de espuma no solo nu, sobre detritos vegetais, sobre a água (ancorado
na base de tufos de capim), ou mesmo no interior de folhas caídas e dobradas.

Bibliografia: Bokermann (1967); Eterovick & Sazima (2004); Nascimento et al.


(2005b); Oliveira et al. (2013).
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©Thiago Silva-Soares

©Ronald Rezende de Carvalho Júnior


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Physalaemus orophilus Cassini, Cruz & Caramaschi, 2010.

Nome popular: rãzinha.

Distribuição geográfica: Endêmica da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais (apesar


da localização do município de Peçanha neste complexo montanhoso ser discutível),
entre os municípios de Mariana e Serro.

Espécie de pequeno porte, com comprimento rostrocloacal de 21 a 25mm em machos


e 26 a 28mm em fêmeas. Cabeça tão longa quanto larga. Focinho subelíptico em vista
dorsal, protruso em vista lateral. Pele do dorso lisa, com um par de cristas glandulares
dorsolaterais e coloração castanho-avermelhada. Mancha marrom em forma de seta
ou ponta de lança no meio do dorso e faixa interorbital também marrom, ambas
delineadas por linhas verde-azuladas estreitas. Linha vertebral estreita, castanho-
clara até a região sacral e esbranquiçada entre esta e a cloaca. Flanco com faixa
escura, variando de marrom a preto, desde o olho, passando pelo tímpano e flanco,
até a região inguinal, marginada superiormente por uma estreita linha avermelhada
(que coincide com a crista dorsolateral) e inferiormente por uma estreita linha verde-
azulada. Lateral da cabeça e porções mais baixas do flanco com pontuações verde-
azuladas. Membros com faixas transversais castanho-escuras sobre fundo castanho-
avermelhado. Faces posterior do antebraço e anterior da coxa marrons ou pretas.

O girino não é conhecido.

Espécies correlatas: Physalaemus orophilus é mais assemelhada a P. crombiei, P.


cuvieri, P. evangelistai, e Pseudopaludicola giarettai. De todas elas, P. orophilus difere
pela faixa escura no flanco marginada superiormente por linha estreita avermelhada e
inferiormente por linha estreita verde-azulada e pelas pontuações verde-azuladas na
lateral da cabeça e porções mais baixas do flanco. Difere de P. cuvieri e P. evangelistai
por não apresentar tubérculo no tarso (presente nestas espécies) e de Ps. giarettai
por não apresentar tubérculo hipertrofiado no antebraço (presente em Ps. giarettai).
Difere de P. crombiei e P. evangelistai pelas glândulas inguinais não associadas a ocelos
e de P. cuvieri por não possuir um par de manchas negras na região sacral (glândulas
inguinais associadas a ocelos em P. crombiei e P. evangelistai e par de manchas negras
na região sacral de P. cuvieri). Difere de P. crombiei e P. evangelistai pela cabeça tão
longa quanto larga (mais larga que longa em P. crombiei e mais longa que larga em P.
evangelistai). De Ps. giarettai, difere pelo maior porte e focinho subelíptico em vista
dorsal (focinho arredondado em vista dorsal em Ps. giarettai).

História natural: As poucas informações disponíveis sobre a espécie foram obtidas


através de observações pessoais dos autores. Espécie noturna e terrícola, encontrada
em brejos adjacentes a áreas florestais. Machos em atividade de vocalização foram
observados em janeiro e março, indicando reprodução durante os períodos mais
chuvosos do ano.

Bibliografia: Cassini et al. (2010).


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©Danielle Costa

©Danielle Costa
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Pseudopaludicola giarettai Carvalho, 2012.

Nome popular: rãzinha.

Distribuição geográfica: Conhecida dos municípios de Buritizeiro e Curvelo, associada


a fisionomias do Cerrado, e Conceição do Mato Dentro, em áreas transicionais entre
Cerrado e Mata Atlântica, Minas Gerais, Brasil.

Espécie de pequeno porte, com comprimento rostrocloacal médio de 17mm em


machos e 20mm em fêmeas. Focinho arredondado em vistas dorsal e lateral. Pele
do dorso lisa, com coloração castanho-claro. Tímpano indistinto externamente.
Manchas marrons irregulares no dorso e flancos. Granulações brancas na lateral da
cabeça e nos flancos. Membros castanho-claros. Região cloacal também granulada.
Tubérculo hipertrofiado no antebraço. Membranas interdigitais vestigiais nos pés.
Artelhos fimbriados. Uma faixa marrom-escura pouco definida na região interorbital.
Poucas faixas, com as mesmas características, nas superfícies dorsais das coxas.
Neste estudo, foram encontrados alguns exemplares com faixa marrom-escura no
flanco, desde o tímpano até a região inguinal.

O girino ainda não é conhecido.

Espécies correlatas: Das espécies ocorrentes na região, Pseudopaludicola giarettai


poderia ser confundida com Physalaemus cuvieri, P. crombiei, P. evangelistai e P.
orophilus, distinguindo-se de todas estas pelo menor porte e antebraço com tubérculo
hipertrofiado. Difere de P. cuvieri por não apresentar manchas escuras na região sacral
(presentes em P. cuvieri) e de P. crombiei, P. evangelistai e P. orophilus pelo focinho
arredondado em vista dorsal (focinho subelíptico em vista dorsal nestas espécies).
Difere também de P. crombiei e P. evangelistai por não apresentar ocelos escuros na
região inguinal (manchas ocelares escuras associadas a glândulas inguinais nestas
espécies).

História natural: Espécie diurna e terrícola, encontrada em áreas abertas. Os machos


vocalizam principalmente durante o dia, às margens de poças artificiais e remansos
de córregos de fundo argiloso ou lodoso.

Bibliografia: Carvalho (2012).


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©Tiago Pezzuti
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Leptodactylus aff. spixi.

Nome popular: rã-de-bigode.

Distribuição geográfica: No presente estudo, foi encontrada em Conceição do Mato


Dentro e Alvorada de Minas, Minas Gerais, Brasil.

Espécie ainda sem identificação. As características morfológicas descritas a seguir


foram obtidas a partir de espécimes coletados e depositados em coleções de
referência. Espécie de médio porte, com comprimento rostrocloacal entre 38 e 43mm.
Focinho subelíptico em vista dorsal, arredondado a acuminado em vista lateral.
Glândula distinta no canto da boca, próxima ao ombro. Pele do dorso lisa, com um
par de pregas brancas dorsolaterais, algumas vezes margeadas por uma fina linha
preta, sobre fundo castanho-claro. Mancha interocular e algumas manchas dorsais
de contorno castanho-escuro, todas pouco evidentes. Lábio superior com larga listra
branca, estendendo-se sob o tímpano até o ombro, margeada acima e abaixo por
faixas pretas do focinho ao tímpano. Pernas com barras transversais marrom-escuras.

O girino ainda não é conhecido.

Espécies correlatas: Espécie mais assemelhada a L. camaquara, L. jolyi e L.


mystacinus. De L. camaquara e L. jolyi pode ser diferida pelo padrão de colorido dorsal
(mancha dorsal clara, em forma de losango, e linha vertebral em L. camaquara; linha
vertebral com cristas glandulares longitudinais paralelas em L. jolyi). Difere ainda
de L. jolyi pela coloração da parte oculta das coxas e região inguinal igual à cor do
fundo (parte oculta das coxas e região inguinal com coloração amarelada em L.
jolyi). Difere de L. mystacinus pelo par de pregas dorsolaterais brancas e pelas barras
transversais contínuas e bem delimitadas nas pernas (dois a quatro pares de pregas
dorsolaterais margeadas ou cobertas por manchas pretas; barras transversais de
margens irregulares e normalmente interrompidas nas superfícies dorsais das pernas
em L. mystacinus).

História natural: As poucas informações disponíveis sobre a espécie foram obtidas


através de observações pessoais dos autores. Espécie terrícola e noturna, que se
reproduz na estação chuvosa. Os machos constroem uma câmara subterrânea, de
onde vocalizam. A desova é depositada em um ninho de espuma dentro da câmara,
onde ocorre a eclosão e as primeiras etapas do desenvolvimento dos girinos. Após
fortes chuvas, os girinos são carreados para poças adjacentes.
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©Danielle Costa
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Leptodactylus camaquara Sazima & Bokermann, 1978.

Nomes populares: rã, caçote.

Distribuição geográfica: Endêmica da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais, entre a Serra do


Cipó e o município de Serranópolis de Minas.

Espécie de pequeno porte, com comprimento rostrocloacal médio de 32mm em machos e


38mm em fêmeas. Focinho subelíptico em vista dorsal, de arredondado a acuminado em vista
lateral. Glândula distinta no canto da boca, próxima ao ombro. Pele do dorso lisa, variando de
acinzentado a pardo-escuro, com cristas glandulares longitudinais claras acompanhadas por
manchas irregulares de pardo-escuro a preto. Linha vertebral nítida, branca ou amarelada,
acompanhada por mancha clara em forma de losango. Antebraços com uma a duas barras
transversais. Coxas com duas a três, tíbia com três a seis e tarso com três a quatro barras
transversais, todas de coloração variando de pardo-escuro a preto. Nas pernas, as barras
escuras são intercaladas a barras estreitas marrom-claras.

Girinos pequenos, castanho-escuros em vida. Cauda com ponta arredondada e músculo


finamente reticulado por melanóforos (células pigmentadas de preto, extensamente
ramificadas), sendo gradualmente escurecido ao longo do seu comprimento. Olhos dorsais.
Narinas dorsais, arredondadas, sem projeções nas margens internas, localizadas mais próximas
do focinho que dos olhos. Espiráculo lateral e curto. Tubo anal medial e longo, fundido à
nadadeira ventral. Disco oral anteroventral, não emarginado, com ampla interrupção dorsal
na fileira de papilas marginais. Sem papilas submarginais. Fórmula dentária 2(2)/3(1).

Espécies correlatas: Leptodactylus camaquara é mais assemelhada a L. aff. spixi, L. fuscus, L.


jolyi e L. mystacinus, das quais se distingue pela mancha dorsal clara e em forma de losango,
delimitada por linhas glandulares (ausente nessas espécies). Difere de L. aff. spixi, L. fuscus e L.
mystacinus pelas pernas com barras claras estreitas alternadas a barras escuras largas (barras
escuras mais estreitas ou de largura semelhante às barras claras em L. aff. spixi e L. fuscus;
barras transversais de margens irregulares e normalmente interrompidas nas superfícies
dorsais das pernas em L. mystacinus). Difere de L. jolyi pelas barras transversais nas superfícies
dorsais das pernas e coloração da parte oculta das coxas e região inguinal igual à cor do fundo
(barras transversais restritas às superfícies anterior e posterior das pernas e parte oculta das
coxas e região inguinal com coloração amarelada em L. jolyi).

História natural: Espécie terrícola e predominantemente diurna, mas pode também ser ativa
à noite. A reprodução acontece no início da estação chuvosa (de outubro a dezembro), quando
os machos vocalizam em encostas encharcadas. A desova é depositada em ninho de espuma
no interior de tocas escavadas pelo macho sob pedras. As tocas, construídas às margens de
brejos e alagadiços pequenos, rasos, temporários e associados a campos limpos e campos
rupestres, são constituídas por um túnel que leva a uma câmara subterrânea, onde acontecem
o amplexo e a oviposição. Quando os ninhos são inundados por ocasião das chuvas, os girinos
são carreados para o brejo pelas enxurradas. Os girinos possuem hábito bentônico.

Bibliografia: Sazima & Bokermann (1978); Eterovick & Sazima (2004).


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©Felipe Carvalho de Souza Pinto

©Felipe Carvalho de Souza Pinto

©Tiago Pezzuti
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Leptodactylus fuscus (Schneider, 1799).

Nomes populares: rã-assoviadora, caçote.

Distribuição geográfica: Do Panamá à América do Sul a leste dos Andes. Ampla


distribuição no Brasil, sendo encontrada em todos os estados e biomas.

Espécie de porte médio, com comprimento rostrocloacal médio de 44mm em machos


e fêmeas. Focinho subelíptico em vista dorsal e arredondado a acuminado em vista
lateral, com extremidade clara nos machos. Região gular de machos com duas
manchas enegrecidas, correspondentes aos sacos vocais. Nas fêmeas, região gular
branca. Glândula distinta no canto da boca, próxima ao ombro. Pele do dorso com, ao
menos, seis cristas glandulares longitudinais e coloração variando de castanho-claro
a verde-escuro, com muitas manchas pequenas castanho-escuro. Pode apresentar
uma linha vertebral larga e clara. Tarso com fímbria na margem interna.

Girinos de tamanho médio, castanho-claros a castanho-escuros. Cauda com ponta


aguda e músculo marmoreado com manchas escuras arredondadas. Olhos dorsais.
Narinas dorsais, arredondadas, sem projeções nas margens internas, localizadas
mais próximas do focinho que dos olhos. Espiráculo lateral e curto. Tubo anal medial
longo, fundido à nadadeira ventral. Disco oral anteroventral não emarginado, com
ampla interrupção dorsal na fileira de papilas marginais. Sem papilas submarginais.
Fórmula dentária 2(2)/3(1).

Espécies correlatas: As espécies mais parecidas a Leptodactylus fuscus, na região,


são L. camaquara e L. jolyi. Difere de L. camaquara pela ausência de uma mancha
dorsal clara, em forma de losango (presente em L. camaquara). Difere de L. jolyi pelas
cristas glandulares dorsais com a mesma coloração de fundo, barras transversais nas
superfícies dorsais das pernas e coloração da parte oculta das coxas e região inguinal
iguais à cor do fundo (cristas glandulares dorsais brancas, barras transversais restritas
às superfícies anterior e posterior das pernas e parte oculta das coxas e região inguinal
com coloração amarelada em L. jolyi).

História natural: Espécie noturna e terrícola, que habita áreas abertas, parecendo
preferir aquelas modificadas pela ação humana (como pastagens). A reprodução
acontece durante a estação chuvosa, entre os meses de setembro e março, quando
os machos constroem câmaras subterrâneas em locais passíveis de inundação pelas
chuvas. Os machos vocalizam sobre o solo ou sob a vegetação rasteira, sempre
próximos às entradas de suas tocas. A desova é depositada em ninhos de espuma
no interior das câmaras, à semelhança de L. camaquara. Os girinos são bentônicos e
ocorrem em corpos d’água lênticos, temporários ou permanentes.

Bibliografia: Heyer et al. (1990); Izecksohn & Carvalho-e-Silva (2001); Eterovick &
Sazima (2004); Uetabanaro et al. (2008); Pezzuti et al. (2011).
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©Tiago Pezzuti
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Leptodactylus jolyi Sazima & Bokermann, 1978.

Nome popular: rã-de-bigode.

Distribuição geográfica: Brasil, nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás, nos biomas
da Mata Atlântica e do Cerrado.

Espécie de médio porte, com comprimento rostrocloacal médio de 47mm em machos


e 54mm em fêmeas. Focinho subelíptico em vista dorsal e arredondado a acuminado em
vista lateral, com a extremidade clara nos machos. Pele do dorso com cristas glandulares
longitudinais brancas e manchas circulares negras sobre fundo cinza-escuro a oliváceo.
Linha vertebral larga e amarelada da metade da cabeça até a região da cloaca. Faixa branca
da ponta do focinho, entre o canto rostral e o lábio superior, até o ombro. Cristas glandulares
dorsolaterais também brancas, da borda posterior do olho à região inguinal. Superfícies
anterior e posterior das pernas com barras transversais escuras. Superfícies dorsais com
pregas longitudinais esbranquiçadas e mesma coloração de fundo do dorso do corpo. Região
inguinal e parte oculta das coxas com coloração amarelada.

Girinos de tamanho médio, castanho-escuros em vida. Cauda com ponta aguda e listra
longitudinal clara, bem definida, logo abaixo do meio da musculatura caudal. Nadadeiras
finamente reticuladas por melanóforos. Olhos dorsais. Narinas dorsais, arredondadas,
sem projeções nas margens internas, localizadas mais próximas do focinho que dos olhos.
Espiráculo lateral e curto. Tubo anal medial e longo, fundido à nadadeira ventral. Disco
oral anteroventral, não emarginado, com ampla interrupção dorsal na fileira de papilas
marginais. Sem papilas submarginais. Fórmula dentária 2(2)/3(1).

Espécies correlatas: Leptodactylus jolyi é mais assemelhada a L. aff. spixi, L. camaquara,


L. fuscus e L. mystacinus, das quais pode ser separada pelas superfícies dorsais das pernas
sem barras transversais e coloração amarelada na parte oculta das coxas e região inguinal
(barras transversais também nas superfícies dorsais das pernas, ainda que interrompidas,
em L. mystacinus; coloração da parte oculta das coxas e região inguinal igual à cor do fundo
nessas espécies). Difere de L. camaquara e L. fuscus pelas cristas glandulares longitudinais
dorsais e dorsolaterais brancas (cristas glandulares dorsais com a mesma coloração de
fundo nessas espécies). Difere de L. aff. spixi, L. camaquara e L. mystacinus pelo padrão de
colorido dorsal (um par de pregas brancas dorsolaterais, algumas vezes margeadas por uma
fina linha preta, sobre fundo castanho-claro em L. aff. spixi; mancha dorsal clara e em forma
de losango, delimitada por linhas glandulares, em L. camaquara; dorso amarelado, cinza
ou alaranjado-castanho a cúpreo, geralmente com pontos pretos, e dois pares de pregas
dorsolaterais margeadas de preto em L. mystacinus).

História natural: Espécie terrícola de hábito principalmente noturno e populações


relativamente abundantes, que ocupa áreas abertas. É uma espécie comum em ambientes
antropizados. A reprodução acontece na estação chuvosa (outubro a fevereiro e,
ocasionalmente, em setembro). Os machos vocalizam no chão, entre tufos de capim ou
nas partes rasas de pequenas poças, alagadiços, lagoas ou brejos temporários, do final da
tarde até a noite. A desova é envolta em espuma e depositada em toca com túnel sinuoso,
escavada pelo macho. Os girinos saem do ninho pelo túnel quando a toca é inundada pelas
chuvas. Os girinos são bentônicos, com hábito predominantemente diurno e se alimentam
sobre fundo lamacento.

Bibliografia: Eterovick & Sazima (2004); Giaretta & Costa (2007); Pezzuti et al (2011); Haddad
et al. (2013).
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©Tiago Pezzuti

©Rafael pontes

©Tiago Pezzuti
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Leptodactylus labyrinthicus (Spix, 1824).

Nomes populares: rã-pimenta, gia.

Distribuição geográfica: Formações abertas tropicais e subtropicais no Brasil e leste do Paraguai,


incluindo grande parte do Cerrado, além de áreas de transição com a Mata Atlântica e enclaves
de Cerrado na Amazônia. No Brasil, ocorre no centro-oeste, sudeste (exceto Espírito Santo), sul e
estados da Bahia, Tocantins e Amazonas.

Espécie de grande porte, com comprimento rostrocloacal entre 117 e 188mm em machos e 124 e
166mm em fêmeas. Focinho quase arredondado em vistas dorsal e lateral. Glândula distinta no canto
da boca, próxima ao ombro. O dorso pode ser uniformemente claro ou escuro, ou com uma série de
pequenas marcas espalhadas, arredondadas e pouco definidas. Apresentam bandas escuras que
quase convergem na porção anterior do corpo e grandes manchas escuras posteriormente. Faixa
interorbital larga, irregular, com duas manchas escuras na região dos ombros e na região sacral,
que podem ser delineadas ou não. Lábio superior com padrão de barras verticais ou triangulares.
Machos em período reprodutivo com um espinho bem desenvolvido junto ao dedo I e espinhos no
peito. Um par de cristas glandulares longitudinais, normalmente da borda posterior dos olhos até o
meio do dorso. Cristas do flanco normalmente cobertas por uma linha de manchas escuras. Ventre
com manchas brancas assemelhadas a vermiculações na maioria dos exemplares. Nos flancos e
superfície anterior das coxas, vermiculações com coloração amarelada. Superfície dorsal das coxas
com barras transversais estreitas. Região inguinal e partes ocultas das coxas avermelhadas.

Girinos grandes, de acinzentados a castanho-escuros. Cauda com ponta aguda, gradualmente


escurecida ao longo do seu comprimento, com uma listra longitudinal escura contínua no meio
do músculo, até a metade da cauda, e outras duas nas margens dorsal e ventral. Olhos dorsais.
Narinas dorsais, elípticas e sem projeções nas margens internas. Espiráculo lateral e curto, com
parede interna fundida à parede do corpo e uma pequena extremidade livre. Tubo anal medial e
longo, com extremidade distal independente da nadadeira ventral. Disco oral anterior, emarginado
ventralmente, com ampla interrupção dorsal na fileira de papilas marginais. Poucas papilas
submarginais nas laterais do disco oral. Fórmula dentária 1/2(1).

Espécies correlatas: Dentre as espécies ocorrentes na região, Leptodactylus labyrinthicus tem


maior semelhança com L. latrans, da qual difere pelo maior porte, coloração dorsal, número de
cristas glandulares longitudinais, padrão de barras verticais ou triangulares no lábio superior, ventre
vermiculado e coloração avermelhada nas partes ocultas das coxas e região inguinal (coloração
dorsal de verde-oliva a castanho-bronze com ocelos marrom-escuros, três a quatro pares de
cristas glandulares longitudinais, lábio superior normalmente sem barras verticais ou triangulares,
ventre branco com marcas de cinza a marrom e coloração das partes ocultas e da região inguinal
esbranquiçada ou igual à coloração dorsal de fundo em L. latrans).

História natural: Espécie noturna e terrícola que ocorre principalmente em áreas abertas, mas
já foi também encontrada em matas primárias e secundárias. É boa colonizadora de ambientes
antropizados. Em muitas localidades, é utilizada como item alimentar, devido ao porte. Os
machos geralmente vocalizam nas partes rasas dos corpos d’água ou no solo próximo às margens,
em novembro e dezembro, e, ocasionalmente, também em setembro e outubro. Os ovos são
depositados em ninhos de espuma, fabricados à semelhança dos de Physalaemus, no interior de
depressões naturais ou escavadas pelos machos próximo a corpos d’água lênticos permanentes
ou temporários. Os girinos possuem hábito bentônico e são predadores de desovas e pequenos
girinos. Também se alimentam raspando detritos, algas e filtrando partículas na coluna d’água.
Desenvolvem-se muito rapidamente e são registrados apenas no período chuvoso.

Bibliografia: Eterovick & Sazima (2004); Heyer et al. (2004); Heyer (2005); Pezzuti et al. (2011);
Prado et al. (2011).
149

Comportamento de defesa.

©Tiago Pezzuti
150

Leptodactylus latrans (Steffen, 1815).

Nomes populares: rã-manteiga, caçote.

Distribuição geográfica: Amplamente distribuída no Brasil (excetuando-se os estados


do Acre, Rondônia, Roraima, Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte) e na América
do Sul a leste dos Andes.

Espécie de grande porte, com comprimento rostrocloacal entre 110 e 116mm nos machos
e 90 e 100mm nas fêmeas. Focinho arredondado em vista dorsal e obtuso em vista lateral.
Glândula distinta no canto da boca, próximo ao ombro. Pele do dorso lisa, com três a
quatro pares de cristas glandulares longitudinais, coloração verde-oliva a castanho-
bronze e manchas ocelares marrom-escuras. Mancha em forma de borboleta entre os
olhos. No período reprodutivo, machos podem apresentar um espinho arredondado
junto ao dedo I e outro semelhante na região do prepólex. Partes inferiores dos membros
e partes ocultas das coxas com manchas marrons de formato irregular.

Girinos grandes, variando homogeneamente de pretos a cinza-escuros em vida, incluindo


as nadadeiras. Cauda com ponta aguda. Olhos dorsais. Narinas dorsais e elípticas, sem
projeções nas margens internas. Espiráculo lateral e curto, abrindo-se no terço médio
do corpo. Tubo anal medial e longo, com extremidade distal independente da nadadeira
ventral. Disco oral anteroventral emarginado ventralmente, com ampla interrupção
dorsal na fileira bi ou trisseriada de papilas marginais. Sem papilas submarginais. Fórmula
dentária 2/3.

Espécies correlatas: Leptodactylus latrans é mais semelhante a L. labyrinthicus. Para as


diferenças entre as duas, vide informações apresentadas no texto sobre L. labyrinthicus.

História natural: Espécie terrícola e noturna, encontrada às margens de poças, brejos ou


remansos de riachos, permanentes ou temporários, em áreas abertas, mas podendo ser
encontrada também em clareiras e matas. É uma espécie bastante resistente a alterações
ambientais causadas pela ação do homem. Em muitas localidades, Leptodactylus latrans
é utilizado como item alimentar, devido ao porte. O período reprodutivo acontece no
fim da estação seca e estação chuvosa, entre os meses de setembro e fevereiro, durante
os quais os machos intensificam a atividade de vocalização. A desova é feita em um
ninho de espuma entre a vegetação marginal ou emersa, quando nas porções rasas do
corpo d’água. O macho pode permanecer vocalizando junto ao ninho de espuma para
protegê-lo de outros indivíduos que, eventualmente, o utilizam para nova oviposição. Os
girinos ocorrem em cardumes e geralmente se alimentam na superfície da coluna d’água.
A turbulência da superfície da água, causada pela intensa movimentação dos girinos,
chama atenção e pode ser vista a grandes distâncias. Possuem desenvolvimento rápido
e são registrados apenas na estação chuvosa. A fêmea exibe cuidado com os girinos,
acompanhando-os durante certo período do desenvolvimento, inclusive durante o dia,
mantendo o cardume unido e atacando predadores.

Bibliografia: Izecksohn & Carvalho-e-Silva (2001); Eterovick & Sazima (2004); Uetabanaro
et al. (2008); Pezzuti et al. (2011); Haddad et al. (2013).
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©Bruno Pimenta

©Felipe Carvalho de Queiroz

©Felipe Carvalho de Queiroz

©Tiago Pezzuti
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Leptodactylus mystacinus (Burmeister, 1861).

Nomes populares: rã-de-bigode; rã-assobiadora.

Distribuição geográfica: No Brasil, ocorre no centro-oeste, sudeste, sul e nos estados da


Bahia e Tocantins; sudeste da Bolívia, Uruguai, Paraguai e Argentina.

Espécie de médio porte, com comprimento rostrocloacal entre 44 e 60mm em machos e


50 e 65mm em fêmeas. Focinho arredondado em vista dorsal, protruso em vista lateral.
Glândula distinta no canto da boca, próxima ao ombro. Pele do dorso lisa, com coloração
variando de amarelado, cinza ou alaranjado-castanho a cúpreo, geralmente com pontos
pretos (principalmente na região sacral). Dois a quatro pares de cristas glandulares de cada
lado do corpo coloridas por faixas ou linhas de manchas pretas. Lábio superior com larga
listra branca, desde o focinho, passando sob o olho e o tímpano, até o ombro, margeada
acima e abaixo por faixas pretas. Barras transversais de margens irregulares e normalmente
interrompidas nas superfícies dorsais das pernas. Tubérculos brancos na superfície posterior
da tíbia.

Girinos grandes, castanho-escuros em vida. Cauda com ponta aguda, listra longitudinal
clara, bem definida, logo abaixo do meio da musculatura caudal, e nadadeiras com grandes
manchas arredondadas em suas margens. Olhos dorsais. Narinas dorsais, arredondadas,
sem projeções nas margens internas. Espiráculo lateral e curto. Tubo anal medial, curto
e fundido à nadadeira ventral. Disco oral anteroventral não emarginado, com ampla
interrupção dorsal na fileira de papilas marginais. Sem papilas submarginais. Fórmula
dentária 2(2)/3(1).

Espécies correlatas: Espécie mais assemelhada a Leptodactylus aff. spixi, L. camaquara e


L. jolyi, das quais difere pelo maior porte e tubérculos brancos na superfície posterior da
tíbia (ausentes nessas espécies). Difere de L. camaquara e L. jolyi pelo padrão de colorido
dorsal (mancha dorsal clara, em forma de losango, e linha vertebral em L. camaquara; linha
vertebral com cristas glandulares longitudinais paralelas em L. jolyi). Difere ainda de L.
jolyi pela coloração da parte oculta das coxas e região inguinal igual à cor do fundo (parte
oculta das coxas e região inguinal com coloração amarelada em L. jolyi). Difere de L. aff.
spixi pelos dois a quatro pares de cristas glandulares margeadas ou cobertas por manchas
pretas e pelas barras transversais de margens irregulares e normalmente interrompidas nas
superfícies dorsais das pernas (um par de cristas dorsolaterais brancas e barras transversais
bem delimitadas e contínuas nas superfícies dorsais das pernas em L. jolyi).

História natural: Espécie de hábito terrícola e principalmente noturna, vocalizando no


crepúsculo e à noite. Encontrada normalmente em áreas abertas. Reproduz-se na estação
chuvosa, entre outubro e janeiro. Os machos constroem uma câmara subterrânea entre a
vegetação ou debaixo de rochas, próxima a corpos d’água lênticos ou remansos de riachos,
temporários ou permanentes. A desova é depositada em um ninho de espuma dentro da
câmara subterrânea, onde ocorrem a eclosão e as primeiras etapas do desenvolvimento
dos girinos. Após fortes chuvas, os girinos, de hábito bentônico, são carreados para poças
adjacentes.

Bibliografia: Haddad et al. (2008); Uetabanaro et al. (2008); Kwet et al. (2010); Pezzuti et al. (2011).
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©Tiago Pezzuti
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FAMÍLIA MICROHYLIDAE

Chiasmocleis schubarti Bokermann, 1952.

Nome popular: rãzinha-da-mata.

Distribuição geográfica: Mata Atlântica do sul da Bahia ao Espírito Santo, além de


áreas interiores em Minas Gerais. O limite ocidental de sua distribuição era o Parque
Estadual do Rio Doce, em Marliéria - MG, mas a análise de exemplares depositados
em coleção revelou sua ocorrência também nos municípios de São José do Goiabal,
Rio Piracicaba, São Gonçalo do Rio Abaixo e Morro do Pilar. No presente estudo foi
encontrada em Alvorada de Minas.

Espécie de pequeno porte e corpo ovoide, com comprimento rostrocloacal médio de


27 mm em machos e 33 mm em fêmeas. Cabeça triangular, mais larga que longa.
Focinho arredondado em vista dorsal, obtuso a arredondado em vista lateral. Tímpano
ausente. Apresenta dobra pós-orbital (dobra de pele iniciada na margem posterior
do olho que se estende até o ombro). Pele do dorso lisa, com coloração cinza-
avermelhada uniforme. Pequenas pontuações brancas ou creme na lateral da cabeça,
flanco e superfícies ventrais dos braços e pernas. Peito e abdômen reticulados de
creme. Superfícies posteriores dos membros podem estar manchadas de castanho-
avermelhado ou amarelo. Dedos e artelhos fimbriados, com espinhos dérmicos nas
margens das fímbrias em machos. Linha branca estreita da superfície posterior da
coxa até a cloaca.
O girino ainda não é conhecido.

Espécies correlatas: A forma do corpo e da cabeça e o tímpano ausente a separam


prontamente das demais espécies, à exceção de Elachistocleis cesarii. Desta, C.
schubarti difere pela dobra pós-orbital, dedos e artelhos de machos com espinhos
dérmicos nas margens das fímbrias (ausentes em E. cesarii), ausência de dobra
occipital (dobra de pele atrás da cabeça) e de glândula distinta no canto da boca
(ambas presentes em E. cesarii).

História natural: Espécie noturna e fossorial (que passa a maior parte do tempo
em câmaras ou galerias subterrâneas), encontrada em áreas florestadas, incluindo
aquelas com alguma perturbação. Reproduz-se na estação quente e chuvosa do
ano, quando forma aglomerados reprodutivos em poças permanentes e temporárias
depois de chuvas fortes. Os machos vocalizam flutuando nas porções rasas ou
agarrados à vegetação emersa.

Bibliografia: Cruz et al. (1997); Forlani (2010); Frost (2013); Haddad et al. (2013). ©R
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©Ronald Rezende de Carvalho Júnior

©Ronald Rezende de Carvalho Júnior

©Ronald Rezende de Carvalho Júnior


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Elachistocleis cesarii (Miranda-Ribeiro, 1920).

Nome popular: sapo-guarda.

Distribuição geográfica: No Brasil, ocorre nas regiões nordeste (estados do Ceará,


Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe e Bahia), centro-oeste e sudeste.

Espécie de pequeno porte e corpo ovoide, com comprimento rostrocloacal médio


de 29mm em machos e 32mm em fêmeas. Cabeça triangular, mais larga que longa.
Presença de dobra pós-occipital. Focinho pontudo em vista dorsal, protruso em vista
lateral. Tímpano ausente. Glândula distinta no canto da boca, próxima ao ombro. Pele
do dorso lisa, com coloração cinza-escura e pequenas pontuações brancas. Ventre
branco ou amarelo, com manchas e reticulações acinzentadas.

Girinos de tamanho médio, castanho-escuros a avermelhados em vida. Cauda com


ponta aguda ou arredondada e listra longitudinal clara, bem definida, logo abaixo
do meio da musculatura caudal. Olhos laterais. Sem narinas até os estágios que
precedem a metamorfose. Espiráculo ventral e fundido ao tubo anal. Disco oral
não possui estruturas queratinizadas (dentículos e maxilas), mas apenas uma franja
dérmica (estrutura com diversos filamentos de extensões de pele) anterior à abertura.

Espécies correlatas: Elachistocleis cesarii pode ser confundida apenas com


Chiasmocleis schubarti, da qual é rapidamente separada pela presença de dobra
occipital e glândula distinta no canto da boca (ausentes em C. schubarti) e ausência
de dobra pós-orbital (presente em C. schubarti).

História natural: Espécie noturna e fossorial, encontrada em áreas abertas.


Reproduz-se na estação quente e chuvosa do ano, quando é comum encontrar
aglomerados de explosões reprodutivas, em áreas abertas, depois de chuvas fortes.
Os machos vocalizam nas porções rasas ou agarrados à vegetação emersa de corpos
d’água lênticos, temporários ou permanentes. Os girinos são nectônicos, noturnos, e
alimentam-se filtrando partículas suspensas nas partes rasas dos corpos d’água, em
meio à vegetação aquática. Registrados na estação chuvosa.

Bibliografia: Caramaschi (2010); Toledo et al. (2010); Pezzuti et al. (2011); Haddad et
al. (2013).
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©Tiago Pezzuti
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Chave de adultos
1.1. Extremidades dos dedos e artelhos sem discos adesivos (Figs. 1 e 2)....................2
1.2. Extremidades dos dedos e artelhos com discos adesivos (Figs. 3 e 4)................27

Figura 1 - Dedos sem discos Figura 2 - Artelhos sem discos Figura 3 - Dedos com discos Figura 4 - Artelhos com
adesivos nas extremidades. adesivos nas extremidades. adesivos nas extremidades. discos adesivos nas
extremidades.

2.1. Pele granulosa..................................................................................................3


2.2. Pele lisa ou pouco rugosa..................................................................................9

3.1. Glândulas parotoides presentes (Fig. 5).............................................................4


3.2. Glândulas parotoides ausentes..........................................................................7

4.1. Presença de glândulas pós-orbitais, além das parotoides (Fig. 6)...Odontophrynus cultripes
4.2. Não como acima...............................................................................................5

Figura 5 - Glândulas parotoides (seta superior) Figura 6 - Glândula pós-orbital.


e tibiais (seta inferior).
160

5.1. Presença de glândulas tibiais (Fig. 5).........................................Rhinella schneideri


5.2. Ausência de glândulas tibiais..............................................................................6

6.1. Glândulas parotoides ovoides, com menos de 20% do comprimento rostrocloacal;


manchas amareladas próximas à cloaca e na superfície posterior das
coxas................................................................................................Rhinella crucifer
6.2. Glândulas parotoides cilíndricas, com 20 a 30% do comprimento rostrocloacal;
coloração castanho-avermelhada, principalmente nos membros e na porção posterior
do dorso........................................................................................Rhinella rubescens

7.1. Apêndices palpebrais semelhantes a pequenos chifres (Fig. 7)...Proceratophrys boiei


7.2. Sem apêndices palpebrais..................................................................................8

Figura 7 - Apêndices palpebrais em forma de chifres. Figura 8 - Mancha em forma de losango na região sacral.

8.1. Dorso com desenho de contorno claro desde a região interorbital até a região
sacral, onde forma figura semelhante a um losango (Fig. 8)........Proceratophrys cururu
8.2. Dorso castanho com linha vertebral bege estendendo-se desde o focinho até a
altura da cloaca.................................................................Odontophrynus americanus

9.1. Cabeça pequena, corpo achatado de formato ovoide (Fig. 9)...............................10


9.2. Não como acima...............................................................................................11
161

Figura 9 - Cabeça pequena, corpo ovoide.

10.1. Focinho arredondado em vistas dorsal e lateral; presença de dobra pós-orbital;


coloração dorsal cinza-avermelhada; dedos e artelhos fimbriados, machos com espinhos
dérmicos nas margens das fímbrias; linha branca estreita da superfície posterior da coxa
até a cloaca................................................................................Chiasmocleis schubarti
10.2. Focinho pontudo em vista dorsal e protruso em vista lateral; presença de dobra
pós-occipital; glândula distinta no canto da boca, próxima ao ombro; coloração dorsal
cinza-escura..................................................................................Elachistocleis cesarii

11.1. Tímpano indistinto externamente; granulações brancas na lateral da cabeça e nos


flancos; tubérculo hipertrofiado no antebraço.......................Pseudopaludicola giarettai
11.2. Tímpano distinto externamente........................................................................12

12.1. Presença de faixa escura no flanco, do focinho ou olho até a região inguinal.......13
12.2. Sem faixa escura no flanco................................................................................17

13.1. Regiões inguinal e sacral sem manchas ocelares.................................................14


13.2. Manchas ocelares na região inguinal ou sacral (Figs. 10 e 11)...............................15

14.1. Extremidades dos dedos e dos artelhos sem dilatações; faixa escura do flanco
marginada superiormente por estreita linha avermelhada e inferiormente por estreita
linha verde-azulada; pontuações verde-azuladas na lateral da cabeça e nas partes mais
baixas do flanco; macho com saco vocal único e subgular............Physalaemus orophilus
14.2. Extremidades dos dedos e artelhos dilatadas; linha branca cobrindo o lábio
superior; machos com sacos vocais pareados e laterais e pés extensivamente
fimbriados............................................................................................Hylodes otavioi
162

15.1. Manchas ocelares na região inguinal (Fig. 10)....................................................16


15.2. Manchas ocelares na região sacral (Fig. 11)..............................Physalaemus cuvieri

Figura 10 - Manchas em forma de ocelos Figura 11 - Manchas em forma de ocelos


na região inguinal. na região sacral.

16.1. Cabeça mais larga que comprida; dorso com duas ou três manchas marrom-escuras
em forma de “V” invertido, conectadas ou não umas às outras..........Physalaemus crombiei
16.2. Cabeça mais comprida que larga; dorso com algumas manchas escuras esparsas
lembrando a forma de um ômega (Ω).....................................Physalaemus evangelistai

17.1. Dedos com extremidades em forma de “T”; dedo I maior que dedo II; par de
manchas na região dorsal (Fig. 12)..................................................Haddadus binotatus
17.2. Dedos sem extremidades em forma de “T”........................................................18

Figura 12 - Par de manchas na região dorsal.


163

18.1. Faixa branca na região do lábio superior...........................................................19


18.2. Não como acima.............................................................................................21

19.1. Lábio superior com listra branca, da ponta do focinho ao ombro; dois a quatro
espinhos nupciais no dedo I; dorso sem cristas glandulares; machos com pés
extensivamente fimbriados................................................Crossodactylus bokermanni
19.2. Lábio superior com larga listra branca, estendendo-se sob o tímpano até o ombro,
margeada acima e abaixo por faixas pretas do focinho ao tímpano...........................20

20.1. Um par de cristas glandulares dorsolaterais brancas; pernas com barras


transversais marrom-escuras...................................................Leptodactylus aff. spixii
20.2. Dois a quatro pares de cristas glandulares dorsolaterais coloridas por faixas ou
linhas de manchas pretas; barras transversais de margens irregulares e normalmente
interrompidas nas superfícies dorsais das pernas (Fig. 13); tubérculos brancos na
superfície posterior da tíbia..................................................Leptodactylus mystacinus

Figura 13 - Cristas glandulares dorsolaterais com faixas ou linhas de manchas pretas (setas superiores) e barras
transversais interrompidas e de margens irregulares nas superfícies dorsais das pernas (seta inferior).

21.1. Tímpano com diâmetro semelhante ao do olho (Fig.14); colorido dorsal e do


lábio superior lembrando mármore; machos com espinhos nupciais nos três primeiros
dedos; fraca prega dérmica ao longo do tarso.........................Thoropa megatympanum
21.2. Tímpano com diâmetro menor que o do olho (Fig. 15)......................................22
164

Figura 14 - Tímpano com diâmetro semelhante ao do olho. Figura 15 - Tímpano com diâmetro menor que o do olho.

22.1. Metade superior do tímpano indistinta; dedo I com tamanho aproximadamente


igual ao dedo II; região cloacal com manchas enegrecidas.........Ischnocnema aff. parva
22.2. Tímpano totalmente distinto; dedo I maior que o dedo II..................................23

23.1. Focinho subelíptico em vista dorsal e de arredondado a acuminado em vista


lateral; comprimento rostrocloacal até 60 mm.........................................................24
23.2. Focinho distinto do descrito acima; comprimento rostrocloacal mínimo de 80mm
em adultos..............................................................................................................26

24.1. Linha vertebral clara e nítida, acompanhada de mancha clara em forma de losango
(Fig. 16)...............................................................................Leptodactylus camaquara
24.2.Não como acima..............................................................................................25

Figura 16 - Linha vertebral nítida acompanhada por mancha em forma de losango (entre os braços).
165

25.1. Pelo menos seis cristas glandulares dorsais com a mesma coloração de fundo;
barras transversais nas superfícies dorsais das pernas; coloração da parte oculta das
coxas e região inguinal igual à cor do fundo...................................Leptodactylus fuscus
25.2. Cristas glandulares dorsais brancas; superfícies anterior e posterior das pernas
com barras transversais escuras, superfícies dorsais com pregas longitudinais
esbranquiçadas e mesma coloração de fundo do dorso do corpo; partes ocultas das
coxas e região inguinal com coloração amarelada.............................Leptodactylus jolyi

26.1. Focinho quase arredondado em vistas dorsal e lateral; faixa interorbital larga,
irregular; duas manchas escuras na região dos ombros e na região sacral, delineadas
ou não; lábio superior com padrão de barras verticais ou triangulares; região inguinal
e partes ocultas das coxas avermelhadas.............................Leptodactylus labyrinthicus
26.2. Focinho arredondado em vista dorsal (Fig. 17) e obtuso em vista lateral; dorso
com três a quatro pares de cristas glandulares longitudinais, coloração de verde-oliva a
castanho-bronze e manchas ocelares marrom-escuras; mancha em forma de borboleta
na região interorbital; partes inferiores dos membros e partes ocultas das coxas com
manchas marrons de formato irregular........................................Leptodactylus latrans

Figura 17 - Focinho arredondado em vista dorsal.

27.1. Padrão de colorido dorsal e dos membros verde...............................................28


27.2. Não como acima..............................................................................................31
166

28.1. Discos adesivos nas extremidades dos dedos em forma de “T” (mais largos que
compridos; Fig. 18)....................................................................Vitreorana uranoscopa
28.2. Discos adesivos nas extremidades dos dedos arredondados (Fig. 19)...............29

Figura 18 - Discos adesivos em forma de “T”. Figura 19 - Discos adesivos arredondados.

29.1. Íris avermelhada em vida; crista supracloacal bem desenvolvida, em forma de


“U invertido”, branca ou amarelada e sem interrupções. Região abaixo da cloaca com
milium cloacal; apêndice calcâneo com formato triangular; tarsos e pés com prega
dérmica esbranquiçada pouco desenvolvida......................................Aplastodiscus sp.
29.2. Íris acobreada ou prateada em vida; região abaixo da cloaca sem milium
cloacal.................................................................................................... ...............30

30.1. Dedo I e artelho I opostos à palma da mão e planta do pé, respectivamente;


pupilas verticais, em formato de fenda; glândulas parotoides distintas e alongadas;
mãos sem membranas interdigitais e pés com membranas vestigiais apenas dos
artelhos III a V; partes ocultas das pernas e flancos com manchas amareladas sobre
fundo azulado a arroxeado; lábio inferior, margens externas do antebraço, mão, tarso,
pé e discos adesivos coloridos de branco..............................Phyllomedusa burmeisteri
30.2. Íris acobreada (à noite) ou prateada (de dia) em vida, com borda posterior
azul-turquesa; crista glandular desenvolvida da borda posterior do olho até o meio
do flanco; braços, tarsos e pés com crenulações variando de brancas a amareladas;
apêndices calcâneos e crista supracloacal discretos; região inguinal e membranas
interdigitais dos pés alaranjadas..........................................Hypsiboas albomarginatus
167

31.1. Padrão de colorido dorsal assemelhado a líquen ou casca de árvore.................32


31.2. Não como acima.............................................................................................37

32.1. Apêndices calcâneos (Fig. 20) e crista supracloacal presentes...........................33


32.2. Sem apêndices calcâneos e crista supracloacal.................................................34

Figura 20 - Apêndice calcâneo.

33.1. Pele pouco rugosa; membranas interdigitais nas mãos e pés não atingem a base
do disco adesivo do dedo IV (Fig. 21); apêndices calcâneos, crista supracloacal e
crenulações nos membros pouco desenvolvidos.................................Hypsiboas lundii
33.2.Pele muito rugosa; membranas interdigitais nas mãos e pés atingem a base do
disco adesivo do dedo IV; apêndices calcâneos e crista supracloacal e crenulações nos
membros bem desenvolvidos (Fig. 22).............................................Hypsiboas pardalis

Figura 21 - Membrana interdigital sem atingir o disco Figura 22 - Membrana interdigital atingindo o disco
adesivo do dedo IV (vista dorsal). adesivo do dedo IV (vista ventral; seta superior); crenu-
lações bem desenvolvidas nos braços (seta inferior).
168

34.1. Presença de crista subcloacal; lábio inferior coberto por tubérculos; machos com
sacos vocais pareados e laterais, sem prepólex..........................Itapotihyla langsdorffii
34.2. Sem crista subcloacal; machos com saco vocal subgular; coloração dorsal
variando de cinza a acastanhada..............................................................................35

35.1. Cabeça mais larga do que longa.......................................................................36


35.2. Cabeça mais longa do que larga ou com largura e comprimento semelhantes...37

36.1. Pele do dorso com grânulos esparsos; focinho truncado em vista dorsal e
vertical em vista lateral (Fig. 23); machos com prepólex muito desenvolvido (Fig. 24)
e antebraço extremamente hipertrofiado..........................Bokermannohyla alvarengai
36.2. Pele do dorso lisa; focinho arredondado em vista dorsal e truncado em vista
lateral; machos com prepólex pouco desenvolvido (Fig. 25) e antebraço levemente
hipertrofiado................................................................................Hypsiboas crepitans

Fig. 23 - Focinho vertical em vista Fig. 24 - Prepólex muito desenvolvido. Fig. 25 - Prepólex pouco desenvolvido.
lateral.

37.1. Cabeça mais longa do que larga; focinho arredondado em vistas dorsal e lateral
(Fig. 26); machos com prepólex pouco desenvolvido..............Bokermannohyla saxicola
37.2. Cabeça tão larga quanto longa; focinho semicircular em vista dorsal e arredondado
em vista lateral; patágio na região axilar; machos sem prepólex....Dendropsophus seniculus
169

Fig. 26 - Focinho arredondado em vista lateral.

38.1. Padrão de colorido dorsal listrado....................................................................39


38.2. Não como acima.............................................................................................41

39.1. Cabeça mais longa que larga; focinho longo e subelíptico em vista dorsal (Fig. 27),
protruso em vista lateral.................................................................Scinax squalirostris
39.2. Focinho truncado em vista dorsal (Fig. 28) e arredondado em vista lateral........40

Figura 27 - Focinho longo e subelíptico em vista dorsal. Figura 28 - Focinho truncado em vista dorsal.

40.1. Dedos finos; discos adesivos pequenos; sem apêndices calcâneos e crista
supracloacal.................................................................................Hypsiboas cipoensis
40.2. Dedos grossos; discos grandes; apêndices calcâneos e crista supracloacal
presentes..................................................................................Hypsiboas polytaenius
170

41.1. Dorso com mancha castanho-avermelhada de formato retangular ou de


ampulheta, emoldurada por faixa branca ou amarelada. A moldura pode ser completa,
interrompida próximo aos olhos e/ou região sacral ou fragmentada...Dendropsophus elegans
41.2. Não como acima...........................................................................................42

42.1. Dorso com manchas em forma de parênteses invertidos................................43


42.2. Não como acima...........................................................................................45

43.1. Pele do tarso lisa; focinho quase arredondado em vista dorsal, protruso em vista
lateral; canto rostral pouco marcado.............................................Scinax fuscovarius
43.2. Tarso com tubérculos; canto rostral bem marcado.........................................44

44.1. Focinho arredondado em vistas dorsal e lateral; íris acobreada em vida; porções
escondidas das pernas e região inguinal coloridas de amarelo vivo.......Scinax eurydice
44.2. Focinho pontudo em vista dorsal e acuminado a arredondado em vista lateral,
com tubérculo cônico entre as narinas; íris avermelhada em vida; região inguinal
amarelada.................................................................................................Scinax sp.

45.1. Focinho com tubérculo cônico entre as narinas (Fig. 29).................................46


45.2. Focinho sem tubérculo cônico entre as narinas (Fig. 30).................................47

Figura 29 - Tubérculo cônico entre as narinas. Figura 30 - Focinho sem tubérculo cônico entre as narinas

46.1. Focinho truncado em vista dorsal; duas ou três faixas verticais prateadas
do olho ao lábio superior; braços e pernas com faixas transversais marrons;
região inguinal esbranquiçada com manchas pretas; machos com saco vocal
subgular.........................................................................................Scinax carnevallii
171

46.2. Focinho subelíptico em vista dorsal; dorso de amarelo vivo a dourado e sem
desenhos aparentes à noite; barras transversais pouco definidas nas pernas; machos
com saco vocal lateral.......................................................................Scinax luizotavioi

47.1. Mancha ou faixa branca/prateada sob o olho, bem distintas do padrão de colorido
geral do corpo..........................................................................................................48
47.2. Sem mancha ou faixa branca/prateada sob o olho.............................................49

48.1. Cabeça tão larga quanto longa; focinho levemente arredondado em vista
dorsal, truncado em vista lateral; membrana interdigital entre os artelhos I e II
desenvolvida...........................................................................Dendropsophus branneri
48.2. Cabeça mais longa que larga; focinho longo e subelíptico em vista dorsal,
protruso em vista lateral; membrana interdigital entre os artelhos I e II ausente ou
reduzida..................................................................................Scinax fuscomarginatus

49.1. Tímpano indistinto ou perceptível apenas sob a pele; dorso com mancha mais
escura, inteira ou dividida, semelhante a uma ampulheta; podem ocorrer linhas claras
sobre o dorso; face oculta das coxas avermelhada ou alaranjada....Dendropsophus minutus
49.2. Tímpano parcial ou completamente distinto.....................................................50

50.1. Dorso com coloração verde em vida; tubérculo palmar e prepólex distintos..........
........................................................................................Dendropsophus rubicundulus
50.2. Dorso com outros padrões de colorido.............................................................51

51.1. Flancos com pontos, linhas, faixas ou barras.....................................................52


51.2. Flancos sem pontos, linhas, faixas ou barras......................................................56

52.1. Flancos com linhas...........................................................................................53


52.2 Flancos com pontos, faixas ou barras.................................................................54

53.1. Flanco com linha estreita, variando entre branco e bege, do olho à região inguinal;
canto rostral pouco marcado; mancha amarela com borda enegrecida na região
inguinal e ocelos da mesma cor na face interna da tíbia........................Scinax machadoi
53.2. Flanco com linha de manchas marrom-escuras, contínua à linha sobre o canto
rostral, desde a ponta do focinho, passando pelo olho e acima do tímpano, até o
ombro; focinho arredondado em vistas dorsal e lateral; pele do dorso lisa, de coloração
castanho-amarelada, com duas linhas longitudinais pouco definidas desde a região
pós-orbital até o meio do dorso...............................................Scinax aff. x-signatus
172

54.1. Barras ou pontos amarelos sobre fundo arroxeado ou marrom nos flancos e faces
ocultas das coxas; crista glandular dorsolateral estreita e retilínea do olho até a região
do ombro; lábio inferior coberto por uma estreita linha branca ou amarelada; crista
supracloacal colorida de branco...........................................Hypsiboas albopunctatus
54.2. Flancos com faixas transversais castanhas a marrons.....................................55

55.1. Flancos com faixas transversais castanho-escuras não-bifurcadas; dorso de


castanho-claro a castanho com faixas transversais castanho-escuras........................
.................................................................................Bokermannohyla gr. circumdata
55.2. Flancos e pernas com barras estreitas castanhas que se bifurcam ventralmente;
dorso de marrom-claro a acinzentado em vida, com linha escura tênue do focinho
até a altura dos braços e, ocasionalmente, manchas marrons ou pretas no dorso e
região sacral; região cloacal e margem externa da tíbia com coloração marrom ou
preta................................................................................................Hypsiboas faber

56.1. Partes ocultas do corpo e das pernas com coloração avermelhada a


arroxeada; faces anterior e posterior da coxa sem faixas; machos adultos com
prepólex............................................................................Bokermannohyla nanuzae
56.2. Partes ocultas do corpo e/ou das pernas com coloração amarelada................57

57.1. Manchas amarelas na face posterior das coxas, ocasionalmente encontradas


também na face anterior das coxas e porção posterior dos flancos; canto rostral
pouco marcado; dorso com faixas longitudinais pretas ou marrons, que se unem na
cabeça formando uma mancha entre os olhos..............................Scinax aff. perereca
57.2. Manchas amarelas nas faces ocultas das tíbias; canto rostral bem marcado;
mancha interorbital estendendo-se em duas linhas longitudinais (contínuas ou
interrompidas), até a região inguinal; linha estreita marrom-escura sobre o canto
rostral, desde a ponta do focinho, passando pelo olho e acima do tímpano, até o
ombro................................................................................................Scinax curicica
173

Chave de girinos
1.1. Olhos dorsais (Fig. 1A e 1B)...............................................................................2

1.2. Olhos laterais (Fig. 2A e 2B)..............................................................................3

Figura 1 - Olhos dorsais. Figura 2 - Olhos laterais.


A: Em vista dorsal é possível visualizar qualquer A: Em vista dorsal não é possível visualizar o corpo
porção do corpo lateralmente aos olhos. lateralmente aos olhos.
B: Em vista ventral não é possível visualizar os olhos. B: Em vista ventral é possível visualizar os olhos.

2.1. Tubo ventral (tubo anal) destro (Fig. 3)..............................................................4


2.2. Tubo ventral (tubo anal) medial (Fig. 4).............................................................5

Figura 3 - Tubo ventral destro. Em vista Figura 4 - Tubo ventral medial. Em vista
ventral a abertura do tubo é posicionada do ventral a abertura do tubo é posicionada
lado direito do corpo. no eixo central do corpo ou da nadadeira
ventral.
174

3.1. Espiráculo lateral/lateroventral (Fig. 5)...............................................................6


3.2. Espiráculo ventral, independente (Fig. 6) ou fundido ao tubo ventral (Fig. 7)........7

Figura 5 - Espiráculo lateral/ lateroventral. Figura 6 - Espiráculo ventral, Figura 7 - Espiráculo ventral,
independente do tubo ventral. fundido ao tubo ventral.

4.1. Intestino em espiral circular (Fig. 8A); maxilas finamente serrilhadas; maxila
anterior com serrilhado comum (Fig. 8B)..................................................................8
4.2. Intestino em espiral elíptica (Fig. 9A); maxilas grosseiramente serrilhadas; maxila
anterior com o serrilhado mediano alongado (Fig. 9B)...............................................9

Figura 8A - Intestino em espiral circular. Figura 9A - Intestino em espiral elíptica.


Figura 8B - Maxila anterior com serrilhado comum. Figura 9B - Maxila anterior com o serrilhado mediano
alongado.
175

5.1. Disco oral com lábio posterior expandido (Fig. 10); girinos vermelhos em vida;
possuem habito fossorial........................................................Vitreorana uranoscopa
5.2. Disco oral sem lábio posterior expandido; girinos castanho/cinza/pretos em vida;
não possuem hábito fossorial................................................................................10

Figura 10 - Disco oral com lábio posterior expandido.

6.1. Disco oral comum, com muitas papilas submarginais nas laterais (Fig. 11);
extremidade distal do tubo ventral fundida à nadadeira ventral (Fig. 13).................11
6.2. Disco oral reduzido, com poucas ou sem papilas submarginais (Fig. 12);
extremidade distal do tubo ventral independente da nadadeira ventral (Fig. 14).....12

Figura 11 - Disco oral comum, Figura 12 - Disco oral Figura 13 - extremidade distal Figura 14 - extremidade distal
com muitas papilas submarginais reduzido, com poucas ou sem do tubo ventral fundida à do tubo ventral independente
nas laterais. papilas submarginais. nadadeira ventral. da nadadeira ventral.
176

7.1. Disco oral ausente, sem estruturas queratinizadas, com franja dérmica anterior
(Fig. 15).......................................................................................Elachistocleis cesarii
7.2. Disco oral presente e com estruturas queratinizadas (Fig. 16)...Phyllomedusa burmeisteri

Figura 15 - Disco oral ausente, sem estruturas Figura 16 - Disco oral presente e com estruturas
queratinizadas, apenas com uma franja dérmica queratinizadas.
anterior.

8.1. Fórmula dentária 2(2)/3(1); 2/3(1) ou 2(2)/3.......................................................13


8.2. Fórmula dentária diferente das descritas acima................................................14

9.1. Presença de neuromastos ventrais, anteriores à região do espiráculo (Fig 17);


músculo da cauda com listras longitudinais e sem manchas arredondadas (Fig. 18)...
..........................................................................................................Hylodes otavioi
9.2. Ausência de neuromastos ventrais, anteriores à região do espiráculo; músculo da
cauda sem listras longitudinais e com manchas arredondadas (Fig. 19).........................
........................................................................................Crossodactylus bokermanni

Figura 17 - Neuromastos ventrais, Figura 18 - Músculo da cauda com Figura 19 - Músculo da cauda
anteriores à região do espiráculo. listras longitudinais. sem listras longitudinais e com
manchas arredondadas.
177

10.1. Disco oral emarginado (Fig. 20)......................................................................15


10.2. Disco oral não emarginado (Fig. 21)...............................................................16

Figura 20 - Disco oral emarginado. Figura 21 - Disco oral não emarginado.

11.1. Coloração verde/amarelo em vida.........................................Scinax aff. perereca


11.2. Coloração castanho/cinza/prateado/dourado em vida.....................................17

12.1. Corpo triangular deprimido em vista lateral (Fig. 22); parede interna do tubo
do espiráculo presente como uma borda discreta (Fig. 24), nadadeira ventral pouco
convexa ou quase paralela ao eixo longitudinal do girino, nadadeiras não apresentam
coloração avermelhada/alaranjada em vida...........................................................18
12.2. Corpo triangular em vista lateral (Fig. 23); ausência de parede interna do tubo
do espiráculo (Fig. 25); nadadeira ventral convexa; nadadeiras podem apresentar
coloração avermelhada/alaranjada em vida...........................................................19

Figura 22 - Corpo triangular Figura 23 - Corpo triangular Figura 24 - parede interna do Figura 25 - tubo do
deprimido em vista lateral. em vista lateral. tubo do espiráculo presente espiráculo sem parede
como uma borda discreta. interna.
178

13.1. Disco oral não emarginado, com parte posterior côncava quando fechada e muitas
papilas submarginais aglomeradas nas laterais (Fig. 26)............................................20
13.2. Disco oral emarginado; parte posterior do disco oral não côncava quando fechada;
poucas papilas submarginais esparsas ou em pequenas fileiras quando presentes (Fig.
27)...........................................................................................................................21

Figura 26 - Disco oral não emarginado, com Figura 27 - Disco oral emarginado, com parte
parte posterior côncava quando fechada e posterior não côncava quando fechada e poucas
muitas papilas submarginais aglomeradas nas papilas submarginais esparsas ou em pequenas
laterais. fileiras, quando presentes.

14.1. Girinos homogeneamente pretos em vida, incluindo as nadadeiras; ausência de


manchas definidas e/ou listras no corpo e na cauda............Bokermannohyla nanuzae
14.2. Girinos castanhos, acinzentados ou esverdeados; presença de manchas e listras
de variados tipos, no corpo e/ou na cauda.................................................................22

15.1. Girinos homogeneamente pretos em vida, sem qualquer tipo de mancha distinta no
corpo e/ou nas nadadeiras; cauda de altura intermediária (altura entre 23% e 44% do seu
comprimento); ocorrem em cardumes......................................................................23
15.2. Girinos castanhos/acinzentados em vida, apresentando variados tipos de manchas
no corpo e/ou na cauda; cauda baixa (altura menor que 22% do comprimento); não
ocorrem em cardumes..............................................................................................24

16.1. Girinos pequenos (comprimento total menor que 35 mm); ponta da cauda
arredondada; músculo da cauda finamente reticulado (sem manchas distintas),
gradualmente escurecido ao longo do seu comprimento (Fig. 28); são encontrados
em pequenos e rasos brejos e alagadiços temporários, associados a campos limpos e
campos rupestres...................................................................Leptodacylus camaquara
179

16.2. Girinos de tamanho médio a grande (comprimento total de 36 a 70 mm); ponta da


cauda aguda; músculo da cauda com manchas arredondadas e/ou angulares, mantendo
o mesmo padrão ao longo da cauda (Fig. 29); ocorrem em poças/lagoas/brejos em
áreas abertas...........................................................................................................25

Figura 28 - cauda com ponta arredondada, Figura 29 - cauda com ponta aguda, músculo
músculo finamente reticulado e gradualmente finamente reticulado com manchas arredondadas
escurecido ao longo do seu comprimento. e/ou angulares, mantendo o mesmo padrão ao
longo da cauda.

17.1. Focinho inclinado e longo em vista lateral (Fig. 30); cauda longa (comprimento
maior que 70% do comprimento total) e de altura intermediária (altura entre 23% e 44%
do seu comprimento) (Fig. 31)...................................................Scinax fuscomarginatus
17.2. Focinho inclinado/arredondado/truncado e curto em vista lateral; cauda curta
(comprimento menor que 70% do comprimento total) e alta (altura maior que 44% do
seu comprimento) (Fig. 32)......................................................................................26

Figura 30 - Focinho inclinado e longo em Figura 31 - Cauda longa e de altura Figura 32 - Cauda curta e alta.
vista lateral. intermediária.
180

18.1. Nadadeiras na região do flagelo com a mesma coloração do restante da cauda


(Fig. 33); ausência de papilas marginais (Fig. 34); cauda longa; nadadeira ventral
paralela ao eixo longitudinal da cauda........Dendropsophus rubicundulus ou D. branneri
18.2. Nadadeiras translúcidas na região do flagelo (Fig. 35); presença de
papilas marginais; cauda com comprimento normal; nadadeira ventral pouco
convexa..................................................................................Dendropsophus elegans

Figura 33 - Nadadeiras na região do flagelo Figura 34 - Ausência de papilas marginais Figura 35 - Nadadeiras translúcidas na
com a mesma coloração do restante da no disco oral. região do flagelo, cauda com comprimento
cauda, cauda longa e nadadeira ventral normal, nadadeira ventral pouco convexa.
paralela ao eixo longitudinal da cauda.

19.1. Presença de interrupção lateroventral na fileira de papilas marginais (Fig. 36);


cauda com altura intermediária (altura entre 23 e 44% do seu comprimento); músculo
da cauda e nadadeiras com grandes manchas escuras arredondadas (Fig. 37)..............
............................................................................................Dendropsophus seniculus
19.2. Ausência de interrupção lateroventral na fileira de papilas marginais; cauda
alta (altura maior que 44% do seu comprimento); músculo da cauda e nadadeiras
reticulados por melanóforos e pequenas manchas escuras (Fig. 38).............................
..............................................................................................Dendropsophus minutus

Figura 36 - Presença de interrupção Figura 37 - Cauda com altura intermediária, Figura 38 - Cauda alta, músculo da cauda e nada-
lateroventral na fileira de papilas músculo da cauda e nadadeiras com deiras reticulados por melanóforos e pequenas
marginais grandes manchas escuras arredondadas. manchas escuras.
181

20.1. Disco oral grande (largura, quando fechado, maior que 45% da largura máxima
do corpo); fileira de papilas marginais bisseriada em todo o disco oral; ausência de
interrupções (Fig. 39); em vida, duas faixas douradas no corpo, uma anterior aos olhos,
na região do focinho, e outra próxima à junção corpo-cauda; ocorrem em riachos
permanentes com ou sem pequenas matas ciliares em áreas de altitude, em campos
rupestres..........................................................................................Scinax machadoi
20.2. Disco oral de tamanho médio (largura, quando fechado, entre 17 e 44% da
largura máxima do corpo); fileira de papilas marginais unisseriada em todo o disco
oral; interrupção dorsal presente (Fig. 40); em vida, ausência de faixas transversais
douradas no corpo; ocorrem em riachos e pequenos lagoas/brejos/alagados em áreas
florestais..................................................................................................................27

Figura 39 - Disco oral grande. Notar a fileira de Figura 40 - Disco oral de tamanho médio. Notar
papilas marginais bisseriada em todo o disco oral fileira de papilas marginais unisseriada em todo
e a ausência de interrupções. o disco oral com interrupção dorsal presente.

21.1. Disco oral emarginado lateralmente (Fig. 41)....................................................28


21.2. Disco oral emarginado lateroventralmente e/ou ventralmente (Fig. 42).............29

Figura 41 - Disco oral emarginado lateralmente. Figura 42 - Disco oral emarginado lateroventralmente
e/ou ventralmente.
182

22.1. Fórmula dentária 3(1,3)/8(1) ou 3(1,3)/9(1); disco oral grande (largura, quando
fechado, maior que 45% da largura máxima do corpo) (Fig. 43)..Bokermannohyla saxicola
22.2. Fórmula dentária diferente das descritas acima; disco oral de tamanho
médio a pequeno (largura, quando fechado, menor que 44% da largura máxima do
corpo)......................................................................................................................30

23.1. Papilas submarginais ausentes, fórmula dentária 2/3, coloração geral preta
incluindo as nadadeiras................................................................Leptodactylus latrans
23.2. Papilas submarginais presentes, fórmula dentária 2(2)/3, coloração geral preta
com nadadeiras translúcidas......................................................................................31

Figura 43 - Disco oral de Bokermannohyla saxicola.

24.1. Nadadeira dorsal originando-se no terço mediano da cauda; parede


interna do tubo do espiráculo ausente; fórmula dentária 2/3(1); possuem hábito
semiterrestre..........................................................................Thoropa megatympanum
24.2. Nadadeira dorsal originando-se no terço posterior do corpo, parede interna do
tubo do espiráculo presente como uma borda discreta, fórmula dentária 1/2(2) ou
2(2)/3(1); não possuem hábito semiterrestre..............................................................32

25.1. Presença de listra clara bem definida na musculatura da cauda, músculo da cauda
reticulado por melanóforos ou com manchas angulares.............................................33
25.2. Ausência de qualquer tipo de listra clara na musculatura da cauda; músculo da
cauda com manchas arredondadas.................................................Leptodactylus fuscus

26.1. Cauda com metade posterior abruptamente escurecida............Scinax squalirostris


26.2. Cauda com coloração homogênea ou com metade posterior gradualmente
escurecida..................................................Scinax fuscovarius, S. curicica ou S. eurydice
183

27.1. Olhos direcionados lateralmente; ausência de listra longitudinal escura na


margem dorsal do músculo; músculo da cauda marmoreado por manchas grandes
arredondadas...................................................................................Scinax carnevallii
27.2. Olhos direcionados dorsolateralmente; presença de listra longitudinal escura,
interrompida, na margem dorsal do músculo; músculo da cauda frequentemente sem
pintas, finamente reticulado por melanóforos...................................Scinax luizotavioi

28.1. Papilas submarginais presentes (Fig. 44)..........................................................34


28.2. Sem papilas submarginais...............................................................................35

Figura 44 - Presença de papilas marginais.

29.1. Corpo e cauda com grandes manchas escuras regularmente distribuídas; cauda
com metade posterior gradualmente escurecida............................Hypsiboas cipoensis
29.2. Corpo e cauda sem grandes manchas escuras regularmente distribuídas; cauda
com padrão de coloração homogêneo ao longo do seu comprimento.........................36

30.1. Disco oral não emarginado; narinas circulares, sem projeções nas margens
internas (Fig. 45); músculo da cauda apresenta uma listra longitudinal preta em toda
sua região mediana...................................................................Itapotihyla langsdorffii
30.2. Disco oral emarginado; narinas elípticas, com projeções nas margens internas
(Fig. 46); ausência de listra longitudinal preta do início ao fim da cauda....................37
184

Figura 45 - narinas circulares, sem projeções Figura 46 - narinas elípticas, com projeções nas
nas margens internas. margens internas.

31.1. Presença de listra longitudinal despigmentada na margem ventral da musculatura


caudal; nadadeira dorsal mais pigmentada que a ventral; abertura do espiráculo no
terço médio do corpo..............................................................................................38
31.2. Sem listra longitudinal despigmentada na margem ventral da musculatura caudal;
nadadeiras dorsal e ventral igualmente pigmentadas; abertura do espiráculo no terço
posterior do corpo..........................................................................Rhinella rubescens

32.1. Girinos grandes (comprimento total de 48 a 70 mm); disco oral anterior com
maxilas muito largas; fórmula dentária 1/2(2).....................Leptodactylus labyrinthicus
32.2. Girinos pequenos (comprimento total menor que 35 mm); disco oral ventral com
maxilas estreitas; fórmula dentária 2(2)/3(2).........................Physalaemus evangelistai

33.1. Girinos grandes (comprimento total de 48 a 70 mm); nadadeiras com manchas


arredondadas grandes em suas margens externas.................Leptodactylus mystacinus
33.2. Girinos de tamanho médio (comprimento total de 36 a 47 mm); nadadeiras
finamente reticuladas e/ou com manchas arredondadas pequenas em suas margens
externas.........................................................................................Leptodactylus jolyi

34.1. Girinos pequenos (comprimento total menor que 35 mm), castanho-escuros em


vida; músculo da cauda com manchas angulares e estreita listra longitudinal escura
interrompida em sua margem dorsal; narinas grandes (com diâmetro maior que 4,8%
do comprimento do corpo)...........................................................Proceratophrys boiei
34.2. Girinos de tamanho médio a grande (comprimento total de 36 a 70 mm), castanho-
claros ou acinzentados em vida; músculo da cauda com grandes manchas escuras
arredondadas e sem listra longitudinal escura interrompida em sua margem dorsal;
185

narinas de tamanho intermediário (com diâmetro entre 2,4% e 4,7% do comprimento


do corpo)................................................................................................................39

35.1. Olhos de tamanho intermediário (com diâmetro entre 15 e 34% da


largura do corpo); nadadeiras com manchas angulares; ocorrem em ambientes
florestais...................................................................................Physalaemus crombiei
35.2. Olhos grandes (com diâmetro de 34% da largura do corpo);
nadadeiras finamente reticuladas por melanóforos; ocorrem em ambientes
abertos........................................................................................Physalaemus cuvieri

36.1. Extremidade do espiráculo branca/despigmentada, membrana


dorsal do tubo ventral mais curta que a ventral (Fig. 47), girinos de tamanho
médio................................................................................Bokermannohyla gr. circumdata
36.2. Extremidade do espiráculo com a mesma coloração do corpo, membrana
dorsal do tubo ventral do mesmo tamanho que a ventral (Fig. 48), girinos
grandes..........................................................................................Hypsiboas pardalis

Figura 47 - membrana dorsal do tubo ventral Figura 48 - membrana dorsal do tubo ventral
mais curta que a ventral. do mesmo tamanho que a ventral.

37.1. Fórmula dentária 2(2)/5(1); em vida, presença de mancha clara dorsal,


mediana, posterior à região interorbital (Fig. 49); projeções nas margens internas
das narinas pouco desenvolvidas (Fig. 50); ocorre em riachos temporários
providos de rala vegetação marginal herbáceo-arbustiva, em meio a campo
rupestre............................................................................Bokermannohyla alvarengai
37.2. Outras fórmulas dentárias; ausência de mancha clara dorsal, mediana, posterior
à região interorbital; projeções nas margens internas das narinas bem desenvolvidas
(Fig. 51); ocorrem em outros tipos de ambientes......................................................40
186

Figura 49 - Presença de mancha clara Figura 50 - Projeções nas margens internas Figura 51 - Projeções nas margens internas
dorsal, mediana, posterior à região das narinas pouco desenvolvidas. das narinas bem desenvolvidas.
interorbital.

38.1. Olhos direcionados lateralmente; nadadeira dorsal originando-se no terço


anterior da cauda (Fig. 52); ocorre em lagoas permanentes em ambientes abertos,
frequentemente antropizados......................................................Rhinella schneideri
38.2. Olhos direcionados dorsolateralmente; nadadeira dorsal originando-se no terço
posterior do corpo (Fig. 53); ocorre em lagoas ou riachos permanentes relacionados
a ambientes florestais......................................................................Rhinella crucifer

Figura 52 - nadadeira dorsal originando-se no Figura 53 - nadadeira dorsal originando-se no


terço anterior da cauda. terço posterior do corpo.

39.1. Fórmula dentária 2/3(1); membranas dorsal e ventral do tubo ventral de mesmo
tamanho (Fig. 48); ponta da cauda aguda (Fig. 54)....................Proceratophrys cururu
39.2. Fórmula dentária 2(2)/3(1); membrana dorsal do tubo ventral mais curta que a
ventral (Fig. 47); ponta da cauda arredondada (Fig. 55)...........................................41
187

Figura 54 - Ponta da cauda aguda. Figura 55 - Ponta da cauda arredondada.

40.1. Fórmula dentária 2(1,2)/3(1) ou 2(1,2)/3(1,2)...................................................42


40.2. Fórmula dentária 2(2)/4(1)............................................................................43

41.1. Girinos grandes (comprimento total de 48 a 70 mm); papilas submarginais


dispostas em pequenas fileiras; maxila anterior em forma de “arco” (Fig. 56)...............
...........................................................................................Odontophrynus cultripes
41.2. Girinos de tamanho médio (comprimento total de 36 a 47 mm); papilas
submarginais dispostas aleatoriamente nas laterais do disco oral; maxila anterior em
forma de ‘M’ (Fig.57)........................................................Odontophrynus americanus

Figura 56 - Disco oral com papilas submarginais Figura 57 - Disco oral com papilas submarginais
dispostas em pequenas fileiras e maxila anterior dispostas aleatoriamente nas laterais e maxila
em forma de “arco”. anterior em forma de ‘M’.

42.1. Espiráculo longo; parede interna do tubo do espiráculo totalmente livre


da parede do corpo, de mesmo comprimento que a parede externa (Fig. 58);
papilas submarginais ausentes; metade posterior da cauda gradualmente
escurecida...........................................................................Hypsiboas albopunctatus
42.2. Espiráculo curto; parede interna do tubo do espiráculo fundida à parede do corpo,
com uma grande extremidade livre (Fig. 59), mais longa que a parede externa; uma
ou duas papilas submarginais; cauda com padrão homogêneo de coloração ao longo
do seu comprimento..........................................................Hypsiboas polytaenius
188

Figura 58 - Espiráculo longo com parede interna do tubo Figura 59 - Espiráculo curto com parede interna fundida
totalmente livre da parede do corpo e de mesmo comprimento à parede do corpo, com uma grande extremidade livre e
que a parede externa. mais longa que a parede externa.

43.1. Músculo da cauda com manchas arredondadas despigmentadas (Fig. 60)..........44


43.2. Músculo da cauda com outros tipos de manchas................................................45

Figura 60 - Músculo da cauda com manchas arredondadas despigmentadas.

44.1. Focinho inclinado em vista lateral (Fig. 61); presença de mancha clara dorsal,
mediana, próxima à região de origem da musculatura caudal (Fig. 63).........................
......................................................................................................Hypsiboas crepitans
44.2. Focinho arredondado em vista lateral (Fig. 62); ausência de mancha clara dorsal,
mediana, próxima à região de origem da musculatura caudal................Hypsiboas lundii
189

Figura 61 - Focinho inclinado Figura 62 - Focinho arredondado em Figura 63 - Mancha clara dorsal,
em vista lateral. vista lateral. mediana, próxima à região de origem da
musculatura caudal.

45.1. Girinos muito grandes (comprimento total maior que 70 mm); ausência de listra
interrompida na margem dorsal da musculatura da cauda (podendo formar barras em
vista dorsal); focinho inclinado em vista lateral.....................................Hypsiboas faber
45.2. Girinos grandes (comprimento total de 48 a 70 mm); presença de listra
interrompida na margem dorsal da musculatura da cauda (podendo formar barras em
vista dorsal); focinho arredondado em vista lateral................Hypsiboas albomarginatus
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